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Carla Conti de Freitas
GESTÃO DO CONHECIMENTO E FORMAÇÃO DE PROFESSORES Percursos e desaos do Observatório de Ideias
GESTÃO DO CONHECIMENTO E FORMAÇÃO DE PROFESSORES Percursos e desaos do Observatório de Ideias
EDITORA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS Presidente Haroldo Reimer (Reitor) Vice-Presidente Ivano Alessandro Devilla (Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação) Coordenadora Geral Elisabete Tomomi Kowata Revisão Técnica Thalita Gabriele Lacerda Ribeiro Revisão Linguística Michelly Avelar Projeto Gráfico e Capa Adriana da Costa Almeida Conselho Editorial Carla Conti de Freitas (UEG) Claude Valentin Rene Detienne (UEG) Eduardo Soares de Oliveira (UEG) Joelma Abadia Marciano de Paula (UEG) Juliana Alves de Araújo Bottechia (UEG) Marcelo Duarte Porto (UEG) Maria Aurora Neta (UEG) Murilo Mendonça Oliveira de Souza (UEG) Robson Mendonça Pereira (UEG) Vandervilson Alves Carneiro (UEG)
Carla Conti de Freitas
GESTÃO DO CONHECIMENTO E FORMAÇÃO DE PROFESSORES Percursos e desaos do Observatório de Ideias
Anápolis-GO | 2017
Anápolis-GO | 2017 © 2017, Editora UEG © 2017, Organizadores A reprodução não autorizada desta publicação, por qualquer meio, seja total ou parcial, constitui violação da Lei nº 9.610/98. Depósito legal na Biblioteca Nacional, conforme decreto nº 1.825, de 20 de dezembro de 1907. Catalogação na Fonte Comissão Técnica do Sistema Integrado de Bibliotecas Regionais (SIBRE) Universidade Estadual de Goiás
G393 Gestão do conhecimento e formação de professores: percursos e desafios do Observatório de Ideias / Carla Conti de Freitas [et al.]. – Anápolis: UEG, 2017. 102 p. ISBN: 978-85-5582-042-7 1. Gestão do conhecimento. 2. Educação. 3. Letras. 4. Linguística. I. Freitas, Carla Conti de. II. Título. CDU 658:37 Esta obra foi financiada com verba proveniente da Universidade Estadual de Goiás/ProBip/Pró-Projetos. A exatidão das referências, a revisão gramatical e as ideias expressas e/ou defendidas nos textos são de inteira responsabilidade do autor.
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À guisa de um prefácio
Armando Malheiro da Silva1
1. Além do prazer que tive em aceitar o convite da Professora Carla Conti para prefaciar este livro, devo sublinhar o dever que senti pela simples razão de o eixo em torno do qual gira a obra – o Observatório das Ideias da Universidade Estadual de Goiás – foi o foco directo de dois pós-doutoramentos realizados na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, de duas docentes dessa instituição académica brasileira que eu acompanhei com o maior interesse e expectativa. Partiu-se de uma ideia que foi preciso desenhar e burilar para ser implantada e hoje essa ideia não só está materializada num projecto concreto, como gera frutos que o livro em pauta recenseia, sistematiza e discute. A temática do Observatório como projecto de pós-doutoramento já tinha surgido antes por proposta da Doutora Marici Gramacho Sakata, pesquisadora do TECSI – Laboratório de Tecnologia e Sistemas de Informação da Faculdade de Economia e Administração FEA – Universidade de São Paulo, Brasil, que concebeu e montou o Observatório USP CONTECSI2 e na sequencia desse trabalho exploratório 1 Universidade do Porto. 2 Ver Observatório USP CONTECSI. Url: http://www.tecsi.fea.usp.br/?q=visaoglobal-observatorio [acesso em 31-1-2018]. E ainda Sakata, Marici Cristine
publicou um artigo seminal, imprescindível para que se entenda não apenas a gênese do Observatório, mas o que o diferencia de outras estruturas normais na atividade cientifico-técnica como o Laboratório. A escolha clara e intencional para escopo de projetos de pósdoutoramento de temas que não configuram o formato tradicional de uma pesquisa de doutoramento constitui uma marca vincada e específica da concepção defendida na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e, mais concretamente, no Departamento de Ciências da Comunicação e da Informação, no sentido de valorizar, como alternativa a projetos de pesquisa que prossigam ou amplifiquem o trabalho desenvolvido em nível de doutoramento, propostas voltadas para a implementação de iniciativas com elevado interesse para a instituição a que se acha vinculado o pós-doutorando e que tendam a atrair recursos humanos, a provocar impacto concreto interno e externo e a promover efeitos multiplicadores de inestimável valia. As duas modalidades são possíveis, mas cabe reconhecer que a preferência dos candidatos está cada vez mais maioritária no que toca a projetos híbridos em que havendo, naturalmente, lugar para a pesquisa propriamente dita, sobreleva a dimensão do desenho e da implementação de “produtos” duradouros e reprodutivos. Ora, como se pode hoje ir vendo o que se passa com os Observatórios que, saídos de pósdoutoramentos na FLUP, se mantêm ativos e em expansão, não resta dúvida sobre a oportunidade e a utilidade de abrir a pós-graduação universitária a ações que envolvem a cooperação interinstitucional e amarram a academia às comunidades, às empresas e às pessoas, as mais diversas e espalhadas pelas sete partidas do Mundo. Não é, pois, despropositado enfatizar, aqui, a estratégia que vimos seguindo e que permite alguma inovação acadêmica nesta matéria específica dos pós-doutoramentos: introduzir uma dinâmica Gramacho; Silva, Armando Malheiro da; Riccio, Edson Luiz; e Capobianco, Maria Ligia. Construção do Observatório USP CONTECSI: análise de dinâmica científica e impacto nacional e internacional de um congresso acadêmico. Prisma. Com, Porto (20) 2013. P. 71-111. Url: http://ojs.letras.up.pt/index.php/prismacom/issue/view/148 (acedido em 31-1-2018).
de conhecer-fazer, que obrigue os pós-doutores a vincularem-se organicamente a essas iniciativas e a gerar impactos concretos na sociedade. Uma estratégia que faz claramente o “gancho” com a prática de extensão universitária muito expandida no Brasil e, consequentemente, centraliza como imprescindível a vocação social e empreendedora da Universidade Pública. 2. Seria redundante reproduzir a análise conceitual que o artigo atrás citado de Marici Sakata e outros inclui e oferece a todos quantos queiram entender os sentidos que o termo Observatório foi possuindo e acumulando. Mas é, em contraponto, oportuno sublinhar uma distinção que se torna pertinente cada vez mais hoje, quando assistimos, tanto na academia, como fora dela, a um uso muito generalizado e assaz ligeiro dos termos Observatório e Laboratório. Esta preocupação agrava-se no campo das Ciências Sociais, onde nos situamos, e onde a introdução de ambos tem ocorrido com euforia e precipitação. Fique, pois, claro que o Observatório pode e deve ser entendido como instrumento de monitoramento, isto é, de observação contínua e critica, de análise cientifica de comportamentos e acções e de desenho prospectivo de estudos monográficos sobre segmentos abrangidos e explorados pelo processo global de observação. Em contrapartida, o Laboratório teve na sua gênese outra vocação e mesmo que estendamos o conceito para o campo próprio das Ciências Sociais não devemos pactuar com alterações semânticas excessivas ou esdrúxulas!... Laboratório deve manter a natureza de espaço de experimentação e/ou de teste e criação de descobertas teórico-aplicadas. Com alguma liberdade, tolerável, os Lab’s podem configurar-se, também, como espaços de formação científica. E outra dimensão, recentemente trabalhada por um colega da Universidade Estadual de Goiás, campus de Quirinópolis3, tem a ver com a interdisciplinaridade e a necessidade de incluir num Laboratório “inter-temático” disciplinas diferentes que através de seus especialistas abraçam a exploração 3 Ver Santos, Gilberto Celestino dos. Abordagens integrativas das Ciências na Universidade. Prisma.Com. Porto (30) 2016. ISSN 1646.3153.Url: http://ojs.letras. up.pt/index.php/prismacom/article/view/1819/1655 (acedido em 28-2-2018).
sistemática de projetos comuns com reflexo e retorno para a comunidade local, regional, nacional e internacional. Esta abreviada distinção conceitual deixa perceber que entre Observatório e Laboratório há um nexo estreito que importa realçar e reforçar na prática. Na ante-câmara do desenvolvimento científico e do planejamento correto da inovação convém situar de forma adequada e permanente a prática regular da observação, porque ela ao ser instituída e interiorizada pelas instituições respectivas gera um manancial riquíssimo de matéria-prima útil e necessária ao trabalho especificamente laboratorial. No livro que estas linhas visam apresentar o foco como se percebe claramente no titulo está no Observatório e a panóplia de abordagens que é capaz de gerar, mas a distinção conceitual exposta não é despropositada, aqui, porque é fundamental que a generalização e aplicação do “figurino observatorial” não sofra deturpações, nem constrangimentos que o tolham ou que matem o seu indiscutível potencial.
3. Melhor se avaliará a oportunidade ou não do ponto precedente através da panorâmica breve do conteúdo do livro, que se derrama por seis capítulos. O capítulo primeiro de Luma Cristina Ferreira de Oliveira e de Carla Conti de Freitas incide, natural e acertadamente, sobre o Observatório de Ideias da UEG e como este instrumento, nascido de um projecto de pós-doutoramento como atrás se referiu com utilidade visível na gestão do conhecimento em Educação e na formação de professores de línguas. Diferentemente do caso USP-Contecsi em que a construção do Observatório incidiu diretamente sobre um evento cientifico e, por extensão, sobre a importantíssima problemática da comunicação cientifica e sua relação estreita com um amplo espectro empresarial e com a comunidade em geral, o Observatório de Ideias nasceu para monitorar e agregar a informação/conhecimento que a Universidade Estadual de Goiás vem gerando e acumulando num sector muito estra-
tégico e acarinhado que é o da Educação, com particular incidência na formação continua de docentes de línguas, onde cabe naturalmente o inglês e o valor capital que este tipo de idiomas tem para a valorização profissional e a internacionalização do estudante brasileiro. Neste capítulo as Autoras mostram alem do referencial teórico fundamental que embasa o projeto como o Observatório de Ideias é uma plataforma digital dinâmica segmentada em diversas rubricas que abrangem uma atividade consistente da UEG e aberta a novas experiências e idealizações. No capitulo segundo de Cristiane Ribeiro Magalhães e Carla Conti de Freitas, intitulado Publicações científicas no Obsrevatório de Ideias da UEG: caminhos para a Gestão da Informação em Educação e Formação de Professores, dá-se início à importante função de destaque das funcionalidades estratégicas do Observatório, relevando o cariz de “repositório” que muito naturalmente foi conferido à plataforma. No desenho inicial do projecto apareceu logo a preocupação de recuperação pública das atas ou anais e de outras publicações de eventos realizados, como complemento decisivo da formação docente. E as Autoras deste capítulo empenham-se em destacar quatro publicações selecionadas – a ColetâneaLuso-Brasileira, a Revista de Educação, Linguagem e Literatura, a Revista Pedagógica e publicações da Rede Internacional de Escolas Criativas – e discutir seu pleno cabimento no Observatório de Ideias. No capítulo terceiro, Shirley Alves Machado e Carla Conti de Freitas abordam um tópico inevitável e imprescindível: a relação umbilical da Extensão Universitária com o Observatório de Ideias, tendo em vista a ampliação de espaços destinados à formação de professores. É assaz útil a consulta dos dados quantitativos e qualitativos revelados e se é plausível que a extensão na UEG antecede o Observatório das Ideias, parece evidente que a visibilidade dessa fulcral atividade universitária encontrou na plataforma digital criada um espelho vital. E convém acrescentar como essa visibilidade se amplia através de elementos basilares como o de auscultar os alunos em entrevista semi-estruturada e dar conta publicamente do seu empenho e satisfação. É que a extensão universitária brasileira faz-se com o pensamento na comunidade, mas a força-motriz do seu êxito
assenta na participação de todos, com ênfase para os alunos, desta forma sensibilizados para a relevância do seu papel cívico e social. No capítulo quarto, Elizane Nascimento Moreira, Marlene Barbosa de Freitas Barbosa de Freitas Reis e Fabiana Cristina Pessoni Albino reflectem sobre o contributo das Tecnologias da Informação e Comunicação para a difusão do conhecimento no ensino superior e fazem-no a partir do trabalho de pesquisa desenvolvido pelo “Núcleo de Pesquisa: Gestão da Informação, Educação e Formação no Observatório de Ideias da Universidade Estadual de Goiás/Inhumas” coordenado por uma das Autoras. Aborda-se, aqui, uma potencial função do Observatório que é a de promover e difundir a pesquisa e o interessante é perceber como o Observatório de Ideias, criação recente, está já a facilitar este desiderato. Mas o estudo em pauta deteve-se especialmente na questão candente do “!etramento digital” e como os discentes da UEG, campus Inhumas, estão a usar a internet em sua vida académica. Os resultados obtidos são parciais e incipientes, uma vez que o estudo recaiu apenas sobre alunos de Pedagogia e Letras, mas estimulam francamente que se explore mais este filão temático. No capítulo quinto, Natacha Katiusca dos Santos Desingrini e Marlene Barbosa de Freitas Reis fixam-se relação virtuosa entre pesquisa e geração de conhecimento, trazendo para este eixo o modo de pensar e conceber dos professores académicos da UEG-Inhumas. De forma mais clara o objectivo geral do capitulo visa analisar em que medida os projectos de pesquisa desenvolvidos no Câmpus Inhumas ajudam a aprimorar o conhecimento dos professores e académicos implicados nesse processo formativo. O que as Autoras, afinal, acabam por mostrar é que os docentes universitários reconhecem e valorizam o papel da pesquisa científica no desempenho pedagógico e formativo, desde que ela seja um empreendimento que começa na gruduação e envolva ativamente educador e educando. Por último, o capitulo seis, intitulado Observatório de Ideias e Núcleo de Pesquisa: a construção e divulgação de conhecimento, por Ecinele Pereira Nascimento e Marlene Barbosa de Freitas Reis, teve como objetivo central “analisar em que medida os conhecimentos gerados e
produzidos na pesquisa e extensão da UEG Câmpus Inhumas contribuem para a autoformação e heteroformação do professor pesquisador e extensionista, particularmente no que diz respeito à sua percepção sobre a utilização do Núcleo de Pesquisas e Observatório de Ideias para divulgação desses conhecimentos” (p. 105). E os resultados da pesquisa, que envolveu levantamento bibliográfico, reuniões com a orientadora e equipa dos projetos analisados e ainda entrevista semi-estruturada aos docentes da UEG-Inhumas, pautam-se numa conclusão saliente: “as opiniões dos docentes entrevistados foram unânimes em relação à importância deste meio de comunicação [o Observatório de Ideias, plataforma digital] para divulgação das açoes realizadas pela universidade. Entretanto, vimos que se faz necessário um esforço e estratégia para maior divulgação destes, tanto no Campus Inhumas, quanto nos demais Campus da UEG e em outros espaços virtuais da área” (p. 122-123). O interessante das considerações finais do último capítulo é o impulso realçado e partilhado pelos docentes entrevistados para que se efective um avanço na iniciativa em estudo. Tanto o Observatório, como o Núcleo de Pesquisa precisam ser mais difundidos, mais conhecidos e mais apropriados por todos, desde docentes, discentes e cidadãos em geral, espalhados não apenas regional, mas também nacionalmente. Não é ambição desmesurada!... É propósito natural e legítimo, porque na Era da Informação em que vivemos qualquer iniciativa , em especial, as que fazem sentido e valem mesmo a pena, como aquela a que este livro consagra, urgem sempre serem de alcance e âmbito global.
APRESENTAÇÃO
Percursos e desafios do Observatório de Ideias
Carla Conti de Freitas1
F
oi numa manhã fria do outono português, em 2013, que começou o percurso do Observatório de Ideias, um produto, uma ação e um instrumento de e para a formação de professores. A pesquisa intitulada A Gestão do conhecimento e a formação de professores: aspectos inovativos das atividades da universidade (2014-2015), desenvolvida na Universidade Estadual de Goiás (UEG), representou o início desta história de trazer, para a área de licenciatura, conceitos e práticas de outras ciências com as quais me envolvi no período de doutoramento e pósdoutoramento. Naquele mês, estava em Portugal para participar de um evento científico, finalizando as atividades do doutorado que terminaria dois meses depois e, ao mesmo tempo, me preparando para o ingresso no Estágio Pós-doutoral na Universidade do Porto. Naquela oportunidade, pude conhecer a Faculdade de Letras da referida universidade, o programa Informação e Comunicação em Plataformas Digitais e estreitar ainda mais os laços que se tornaram fraternos com o Professor Armando Malheiro, que me acompanhou e orientou no Estágio Pós-doutoral naquela instituição. Do início do percurso do Observatório e em decorrência da pesquisa sobre os aspectos inovativos da universidade, destaco dois 1 Universidade Estadual de Goiás.
trabalhos realizados em parceria com professores e alunos dos cursos de Letras e Pedagogia da UEG Câmpus Inhumas. O primeiro, relacionado aos estudos sobre eventos científicos, motivados pela experiência de Marici Sakata (USP/Contecsi), e a importância do registro do conhecimento produzido por uma área, para que ele possa ser compartilhado, constituindo uma rede de saberes construídos e socializados. Neste caso, o ENFOPLE – Encontro de Formação de Professores de Línguas Estrangeiras – foi o objeto de estudo e pesquisa de Iniciação Científica, da aluna Aline Prado. O segundo, relacionado à criação de um curso de pós-graduação lato sensu, com foco na formação de professores, voltado para discussões que também consideram a ecologia dos saberes enfatizando a complexidade e a transdisciplinaridade na formação de professores, resultando em uma parceria com a Rede Internacional de Escolas Criativas (RIEC), pelas mãos dos professores Marilza Suanno e João Henrique Suanno. Concomitante ao desenvolvimento dessas ações, e já era verão em Portugal, concretizou-se, como produto final do Estágio Pós-doutoral, o Observatório de Ideias, materializado em uma plataforma digital, com a função de integrar os conhecimentos produzidos na área de Letras, minha área da formação inicial, e em outras áreas de formação de professores, e torná-los disponíveis para outros pesquisadores e professores. Uma característica fundamental desta plataforma é o seu caráter colaborativo, uma vez que o conteúdo disponibilizado vem de várias mãos e de diversos lugares, construindo e ampliando a rede de pesquisadores sobre a formação de professores. Concluído o período de realização da pesquisa sobre Gestão do conhecimento e a formação de professores: aspectos inovativos das atividades da universidade, mas não encerradas as discussões e com as novas demandas de pesquisas que surgiram das sementes germinadas, iniciei a pesquisa intitulada A gestão do conhecimento e a formação de professores: desdobramentos do Observatório de Ideias da UEG (2016-2017), reafirmando as ações que o Observatório promoveu e explicitando seu alcance. Ainda com o desafio de trazer os conceitos da gestão do conhecimento para a área das licenciaturas, foram desenvolvidas, neste
período, outras frentes de atuação do Observatório, como a da Professora Marlene Reis que desenvolveu o Estágio Pós-doutoral, também em terras lusitanas, sobre um importante tema: a relação da pesquisa com a formação inicial de professores, acrescentando às funções do Observatório, a de guardar e informar sobre as pesquisas realizadas pelos professores da área de licenciatura que atuam na UEG Câmpus Inhumas e seus parceiros de outras instituições, constituindo assim o Núcleo de pesquisa, cujas atividades são apresentadas em capítulos deste livro. Este não foi o único desdobramento do Observatório nesta fase. As ações de extensão, também entendidas como espaço de formação de professores, passam a ser consideradas na plataforma e trazem experiências de formação realizadas na UEG Câmpus Inhumas. Cada espaço do Observatório carrega várias histórias de agentes interessados em, ao divulgar as suas práticas e os seus estudos, contribuir com e para a formação de professores. Dentre as ações de extensão, relacionadas ao Observatório, menciono o Projeto Meninas da Vila, do qual destaco o trabalho desenvolvido por Shirley Alves, bolsista de Iniciação Científica, o English for kids, idealizado e realizado por Giuliana Brossi e Marise Pires e a Revista Pedagógica, de Andrea Kochmann e o grupo GEFOPI, parceiros de outros Câmpus da UEG, como de São Luis, Jussara e Luziânia. Na fase atual, encontra-se em andamento a pesquisa Multiletramentos na formação de professores: questões emergentes da contemporaneidade (2018-2019) que surgiu de uma, entre as tantas discussões no Observatório. Desta vez, nos interessa um dos desdobramentos do Observatório que recai sobre aqueles que, desde a primeira ideia, são o nosso maior interesse: o professor em formação. Assim, voltarmos a nossa atenção para o desenvolvimento da capacidade de leitura e de relacionamento dos professores com e nas plataformas digitais. Explicitados os percursos, cabe-nos agora lidar com os desafios. O mais emergente é estudar as práticas de multiletramentos advindas das experiências com o Observatório. Os outros desafios, só as nossas práticas sociais poderão nos mostrar, consideradas as diversidades de cultura e de linguagem que nos cercam e que exigem novas leituras.
SUMÁRIO
Capítulo 1 A atuação do Observatório de Ideias da UEG como ferramenta para a gestão do conhecimento em educação e formação de professores de línguas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 Luma Cristina Ferreira de Oliveira; Carla Conti de Freitas
Capítulo 2 Publicações científicas no Observatório de Ideias da UEG: caminhos para a gestão da informação em educação e formação de professores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 Cristiane Ribeiro Magalhães; Carla Conti de Freitas
Capítulo 3 A extensão universitária no Observatório de Ideias da UEG: ampliando os espaços para a formação de professores. . . . . . . . . 39 Shirley Alves Machado; Carla Conti de Freitas
Capítulo 4 As contribuições das tecnologias da informação e comunicação na divulgação do conhecimento no ensino superior. . . . . . . . . . 49 Elizane Nascimento Moreira; Marlene Barbosa de Freitas Reis Fabiana Cristina Pessoni Albino
Capítulo 5 O papel da pesquisa na geração do conhecimento: a concepcção de professores e alunos da Universidade Estadual de Goiás – Câmpus Inhumas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 Natacha Katiuscia dos Santos Desingrini; Marlene Barbosa de Freitas Reis
Capítulo 6 Observatório de Ideias e núcleo de pesquisa: a construção e a divulgação de conhecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 Ecinele Pereira Nascimento; Marlene Barbosa de Freitas Reis
CAPÍTULO 1
A atuação do Observatório de Ideias da UEG como ferramenta para a gestão do conhecimento em educação e formação de professores de línguas1 Luma Cristina Ferreira de Oliveira Carla Conti de Freitas2
E
ste capítulo apresenta um estudo realizado a partir do projeto de pesquisa intitulado A Gestão do Conhecimento e Formação de Professores: desdobramentos do Observatório de Ideias da UEG sobre o Observatório de Ideias da UEG, doravante Observatório, considerando a criação de Observatórios em diferentes instituições como ferramentas para a gestão do conhecimento, especialmente, em educação e formação de professores (FREITAS, 2013; 2015). A referida pesquisa procurou destacar como as instituições lidam e se mobilizam para disseminar o conhecimento que elas produzem, levando em consideração que a gestão do conhecimento na área de educação e formação necessita de ampliação (SILVA, 2006; 2013). A proposta de Observatórios é a de divulgar para a comunidade os estudos de uma determinada área, nesse caso na área da educação (FREITAS, 2016). Desta forma, trata-se de uma plataforma digital, 1 Uma primeira versão deste estudo foi publicada nos Anais do XII ENFOPLE (Encontro de Formatação de Professores de Língua Estrangeira). Inhumas: UEG, 2016, p. 227-230. 2 Professora Pesquisadora – Programa de Bolsa de Incentivo à Pesquisa e Produção Científica (PROBIP/UEG).
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Gestão do conhecimento e formação de professores
espaço que permite recolher, produzir, tratar e divulgar informações, pesquisas e ações que geram novos conhecimentos para determinada área. Para Oliveira e Freitas (2016, p. 17), os Observatórios podem ser considerados como espaços para armazenar o conhecimento que é produzido nas instituições e como ferramentas de tecnologias da informação e comunicação (TICs), para a divulgação do conhecimento produzido nas instituições de ensino que tem utilizado as TICs tanto para aprimorar suas metodologias de aula, como para criar novos conteúdos, ou para agilizar o acesso a informação e destacar questões cotidianas, utilizando-se de diferentes plataformas como sites institucionais, de notícias, educativos, redes sociais, correio eletrônico, jogos, entre outros. Os Observatórios podem ser considerados como um canal de troca de informações, que é válido tanto para o relacionamento entre a instituição e os alunos, quanto para o relacionamento entre a instituição e a comunidade local e global. (OLIVEIRA; FREITAS, 2016, p. 17)
Neste sentido, buscamos destacar, neste capítulo, como uma instituição de ensino superior lida e se mobiliza para disseminar o conhecimento que produz, considerando a necessidade de se ampliar as ações de gestão do conhecimento na área de educação e formação de professores, por meio do estudo sobre a atuação do Observatório, vinculado aos cursos de licenciatura ofertados pelo Câmpus Inhumas, com a colaboração de outros Câmpus da UEG e instituições parceiras. Entendemos que esse estudo traz à discussão um tema importante na formação de professores, pois os alunos dos cursos de licenciatura, também responsáveis por acompanhar e manter esse canal de informação e comunicação são professores em formação e o envolvimento deles com as atividades da instituição contribuem para uma formação mais ampla já que considera o uso de tecnologia da informação e da comunicação na instituição de ensino. (OLIVEIRA; FREITAS, 2016, p. 19)
A atuação do Observatório de Ideias da UEG
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Este capítulo está organizado em três seções: uma breve introdução e referencial teórico, a descrição e análise do Observatório e a sua relação com a formação de professores. O desafio da gestão do conhecimento e a formação de professores de línguas O estudo sobre a gestão do conhecimento é mais comum na área de Administração, Economia e Ciência da Informação, por isso, tratase de um grande desafio para a licenciatura, pois não tem sido comum o desenvolvimento de estratégias e ferramentas para registro, armazenamento e disseminação de conhecimentos produzidos pela área. Os estudos da área de educação e formação de professores são divulgados em eventos e publicações científicas, mas ainda não há uma grande preocupação em fazer com que o conhecimento produzido seja disponibilizado de forma a promover novas pesquisas e produções. Para Freitas, Silva e Ferreira (2016), a gestão de conhecimento produzido na universidade tem reflexo imediato na produção de novos conhecimentos, pois traz à tona o que a universidade produz e disponibiliza para novas pesquisas. A área de educação e formação de professores requer urgência na solução de problemas relacionados ao ensino e às demandas da sociedade em rápida mudança, por isso, a disponibilização do conhecimento produzido torna-se necessário e urgente. O acesso às novas formas e práticas pode contribuir com inovações em diferentes contextos, pois ampliam a compreensão e a criação de novas atividades de ensino, pesquisa e extensão que podem gerar soluções de problemas, possibilitando inovações na área de educação e formação de professores, tendo a tecnologia da informação e da comunicação como um importante instrumento para efetivação de novos modelos. A atuação do Observatório visa servir como fonte de pesquisa e de divulgação do que é feito pelos professores e alunos na área de educação e formação de professores. A experiência do professor em formação com plataformas digitais permite a ele se formar um educador mais prepa-
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Gestão do conhecimento e formação de professores
rado para a utilização desses tipos de plataformas, até mesmo para pesquisas, além de o uso delas auxiliá-los na divulgação dos próprios trabalhos agregando conhecimentos e experiência nesta área. O Observatório de Ideias da UEG/Câmpus Inhumas: construindo uma experiência em gestão do conhecimento Para este estudo, optamos por um estudo de caso e realizamos uma pesquisa qualitativa (FLICK, 2009). Para isso, descrevemos o Observatório e buscamos analisar se esta ferramenta de tecnologia da informação e da comunicação pode contribuir com a formação dos alunos que utilizam essa ferramenta uma vez que são professores em formação. O Observatório de Ideias da UEG/Câmpus Inhumas O Observatório de Ideias da UEG é o produto final de uma pesquisa desenvolvida no Estágio Pós-doutoral na Faculdade de Letras, Departamento de Jornalismo e Ciências da Computação, da Universidade do Porto sobre gestão da informação relacionada à educação e formação de professores. O Observatório organiza e disponibiliza as informações SAIBA MAIS Acesse o QR Code relacionadas às atividades como os eventos ou o link: https://bit.ly/2txBV9q científicos, cursos de pós-graduação e pesquisas que podem atender também às demandas de outros estudos e pesquisas. As informações estão organizadas e sistematizadas no sítio www.observatorioueg.com.br, que se constitui em um espaço para disseminação e expansão da informação nessa área de conhecimento. O objetivo do Observatório é ser um espaço para a pesquisa e reflexão sobre temas relacionados à educação e formação de professores, considerando que o Câmpus Inhumas abriga dois cursos de Graduação: Pedagogia e Letras com habilitação em Língua Portuguesa, Língua Inglesa e respectivas Literaturas.
A atuação do Observatório de Ideias da UEG
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Os usuários da plataforma do Observatório podem utilizar o conteúdo de suas publicações para se orientarem sobre assuntos como eventos, projetos de ensino, de iniciação à docência, pós-graduação, pesquisa, extensão, entre outros. Cada área de interesse aparece em uma página. A partir da análise da construção do Observatório, podemos considerar que ele apresenta as seguintes páginas, descritas no Quadro 1, a seguir.
Quadro 1 – Descrição das páginas que compõem Observatório de Ideias da UEG Página Inicial ou Home
Primeiro contato dos usuários com o site
Observatório
Descreve a história do Observatório.
Galeria
Registro de imagens das atividades do Câmpus ou de atividades que contaram com a participação dos alunos da instituição.
Formação Inicial
Armazena e disponibiliza as atividades do PIBID – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência e de incentivo, de valorização e de aprimoramento do processo de formação de docentes para a educação básica.
Formação Continuada
Agrega duas páginas: Pós Graduação e Núcleo de Pesquisa.
Publicações
Revistas Científicas e Livros.
Eventos
Apresenta as informações sobre os eventos promovidos pela instituição e possibilita a inscrição e publicação vinculadas a cada evento.
Fonte: www.observatorioueg.com.br
Desde a criação do Observatório, houve uma ampliação da página das Publicações que inclui revistas científicas e livros advindos das parcerias com pesquisadores de outros Câmpus, de Grupos de estudos
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Gestão do conhecimento e formação de professores
SAIBA MAIS Acesse o QR Code ou o link: https://bit.ly/2lA1F0q
e pesquisa como GEFOPI3 e EGESI4, e de outras instituições como Universidade de Porto.
As atividades de produção de conteúdo, publicação e acompanhamento do Observatório são atividades exclusivas dos professores e dos alunos. Ao se envolver em atividades dessa natureza, os alunos tem a oportunidade de conhecer e vivenciar a universidade em situações diferentes das experimentadas durante o período de aula, pois a ferramenta visa divulgar e facilitar a busca por informações que sejam pertinentes às pesquisas e às áreas de estudo. A manutenção do Observatório se faz necessária porque ele se caracteriza como um instrumento de interação e comunicação com o objetivo apresentar os conhecimentos da área, promover e disseminar a produção científica. Além disso, promove a organização e participação em eventos científicos e também amplia o relacionamento dos alunos com a instituição, ampliando também a presença da instituição na comunidade. Daqui para frente, quais os rumos do Observatório? Este capítulo buscou mostrar novas experiências com as ferramentas da tecnologia da informação e da comunicação para a formação de professores, pois este estudo sobre o Observatório mostra que a ferramenta ajuda o aluno a compreender melhor a formação de professores, a importância da realização de pesquisas que são instrumentos para a construção de conhecimento e da divulgação dela, que na mídia brasileira não tem muito espaço para divulgação, conhecendo uma parte do trabalho da Universidade que o aluno provavelmente não conheceria se 3 GEFOPI – Grupo de Pesquisa e Estudos em Formação de Professores e Interdisciplinaridade – UEG 4 EGESI – Grupo de Pesquisa em Estratégias em Gestão, Educação e Sistema de Informação – UEG/CNPQ.
A atuação do Observatório de Ideias da UEG
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não estivesse ligado a esse trabalho e isso mostra o vasto campo da profissão que muitas pessoas nem sabem que existe. Ao concluir esse texto, reafirmamos que o Observatório contribui na formação de professores, além de a relação entre a instituição e a comunidade interna e externa ser intensificada, tornando os assuntos do meio acadêmico mais conhecidos e a comunicação com a comunidade interna e externa mais efetiva. Ao longo do trabalho com o Observatório, percebeu-se que o conhecimento dos alunos sobre tais atividades contribui para a formação deles como professores na medida em que amplia a compreensão sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação na instituição de ensino e seu conhecimento sobre a realidade educacional agrega relevância desse aprendizado para a sua formação. Referências FLICK, U. Introdução à pesquisa qualitativa. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed. 2009 FREITAS, Carla Conti de. Gestão do conhecimento e a formação de professores: aspectos inovativos das atividades da universidade. Projeto de Pesquisa: UEG, 2013. ______. A implantação do Observatório de Ideias da UEG. Anais do 12th CONTECSI, International Conference on Information Systems and Technology Management. São Paulo: USP, 2015. ______. Gestão do Conhecimento e a formação de professores: desdobramentos do Observatório de Ideias da UEG. In: SILVA, A. M; FREITAS, C.C; ALMEIDA, F. S.; FRANCO, M. J. B. Gestão da Informação, Políticas Públicas e Territórios. Porto: Universidade do Porto, 2016, p. 109-124. ______; SILVA, Valéria Rosa; FERREIRA, Patrícia Maria. Aspectos inovativos do curso de pós-graduação lato sensu em Transdisciplinaridade e Interdisciplinaridade na educação e suas contribuições para a formação de professores. In: SUANNO, M.; FREITAS, C.C. Razão sensível e complexidade na formação de professores. Anápolis: UEG, 2016. OLIVEIRA, Luma; FREITAS, Carla Conti de. A atuação de observatórios como ferramentas para a gestão do conhecimento em educação e formação de professores. Anais do XII ENFOPLE, Encontro de Formatação de Professores de Língua Estrangeira. Inhumas: UEG, 2016, p. 227-230.
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SILVA, Armando M. A informação: da compreensão do fenômeno e construção do objeto científico. Porto/Portugal: Edições Afrontamento, 2006. ______. A gestão da informação como área transversal e interdisciplinar: Diferentes perspectivas e a importância estratégica da tipologia informacional. In: SILVA, A. M; FREITAS, C.C; ALMEIDA, F. S.; FRANCO, M. J. B Gestão da Informação, Inovação e Logística. Coleção Luso-brasileira IV. Goiânia: SENAI/FATESG, 2013.
CAPÍTULO 2
Publicações científicas no Observatório de Ideias da UEG: caminhos para a gestão da informação em educação e formação de professores1 Cristiane Ribeiro Magalhães Carla Conti de Freitas2
O
Observatório de Ideias da UEG, doravante Observatório, se configura como um canal de comunicação que possibilita a divulgação e difusão do conhecimento criado no Câmpus Inhumas da UEG, em áreas relacionadas às atividades dos cursos oferecidos, estabelecendo um relacionamento entre os pesquisadores e socializando as informações para que novas pesquisas possam ser realizadas. A implantação do Observatório foi fruto do Estágio Pós Doutoral na Faculdade de Letras, Departamento de Jornalismo e Ciências da Computação, da Universidade do Porto, da segunda autora, de onde se destacam dois aspectos: concretiza uma parceria entre pesquisadores a partir da disponibilização das informações oriundas de trabalhos já realizados e estabelece uma condição formal de cooperação entre as instituições para a realização de pesquisas futuras, nas áreas e Gestão da Informação, Educação e Formação de Professores (FREITAS; SILVA, 2015; FREITAS, 2016). 1 A primeira versão deste texto foi publicada nos Anais do XV Encontro Nacional de Editores Científicos, Florianópolis/SC, 2015. 2 Professora Pesquisadora – Programa de Bolsa de Incentivo à Pesquisa e Produção Científica (PROBIP/UEG).
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Gestão do conhecimento e formação de professores
A criação e implantação do Observatório foi motivada pela necessidade de organizar e disponibilizar as informações sobre as atividades como eventos, cursos, estágios e publicações realizadas a partir de pesquisas desenvolvidas na UEG. Como aponta Sakata (2013, p. 9), observatório pode ser entendido como um gênero de laboratório que reúne, verifica e sintetiza dados e depoimentos, informações e fórum de discussão, [...] um espaço de pesquisa de processos e aplicações e de geração de conhecimento e/ou informação. (SAKATA, 2013, p. 9)
Nesse sentido, o Observatório apresenta à comunidade científica a produção de conhecimento na área de educação e formação de professores e possibilita a realização de outras pesquisas a partir da socialização das informações e do relacionamento entre os pesquisadores de diferentes instituições (SILVA, 2006; 2013). Para isso, o Observatório disponibiliza as informações em um portal cujo endereço é www. observatorioueg.com.br. Como desdobramentos do Observatório, podem-se considerar: (a) registro, análise e divulgação das atividades de pesquisa, extensão e ensino, como os estágios, relacionadas às áreas de atuação da UEG/ Câmpus Inhumas como a formação de professores e profissionais da educação; (b) registro da história de eventos científicos realizados e promovidos pela UEG e análise do papel destes na criação e na difusão do conhecimento produzido na universidade e nas parcerias estabelecidas a partir de seus pesquisadores; (c) divulgação das publicações científicas organizadas e/ou editadas por professores e pesquisadores vinculados a projetos de pesquisa cadastrados na instituição. Para este capítulo, será considerado o terceiro desdobramento mencionado acima que se refere às publicações científicas disponibilizadas no Observatório: os volumes da Coletânea Luso-brasileira, a Revista de Educação, Linguagem e Literatura – REVELLI, a Revista Pedagógica e as publicações relacionadas à Rede Internacional de Escolas Criativas – RIEC. Esse estudo sobre as publicações científicas relacionadas à gestão da informação na área de Educação e de Formação compõe as ações do
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projeto de pesquisa intitulado “A Gestão do conhecimento e a formação de professores: aspectos inovativos das atividades da Universidade” (FREITAS, 2013) que destaca as informações/conhecimentos sobre a formação docente decorrentes das atividades desenvolvidas no Câmpus Inhumas e/ou por pesquisadores vinculados as suas pesquisas. Desta forma, o objetivo desse capítulo é discutir como as publicações científicas relacionadas aos projetos de pesquisa da UEG/Câmpus Inhumas exemplificam o esforço para a gestão da informação/do conhecimento criado na área de educação e formação de professores, contribuindo para a divulgação e disseminação do conhecimento produzido na área, em uma perspectiva transdisciplinar. Este capítulo está organizado em três seções. A primeira introduz o conceito de observatório e contextualiza a importância da gestão do conhecimento. Na segunda, descreve-se a história das publicações disponíveis no Observatório e a construção delas com o intuito de difundir o conhecimento produzido no local e o construído a partir da cooperação e integração de pesquisadores. Em seguida, como resultados desse estudo, apresentam-se as informações e as análises sobre a importância dessas publicações no processo de construção e disseminação do conhecimento nessa área que nos possibilitam uma reflexão sobre as políticas de incentivo às publicações em contraponto às exigências institucionais, considerando as atividades que se relacionam à formação de professores e que representam as atividades de ensino, pesquisa e extensão simultaneamente. As publicações no Observatório de Ideias O Observatório compõe-se de informações advindas de investigações que se preocupam com o aprofundamento da compreensão de um grupo social ou de uma organização, o que caracteriza uma abordagem qualitativa, capaz de incorporar a questão do significado e da intencionalidade. Neste sentido, o Observatório é o produto e ao mesmo tempo o objeto de estudo cuja construção se dá a partir de diversos instrumentos de pesquisa, considerando que “ao decidir pela utilização de docu-
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mentos em um estudo, deve-se sempre vê-los como meios de comunicação” (FLICK, 2009, p. 230). A composição do Observatório envolveu quatro etapas: (a) seleção dos eventos científicos, dos cursos de pós-graduação, dos estágios e das publicações; (b) coleta e o registro das informações sobre as atividades selecionadas, considerando os registros existentes e os relatos dos participantes de cada evento, curso, estágio ou publicação; (c) criação do sítio do Observatório e a sua composição a partir das informações obtidas nas etapas anteriores; (d) análise do papel das atividades na criação e na difusão do conhecimento produzido na universidade e nas parcerias estabelecidas a partir de seus pesquisadores. Considerando que esse capítulo objetiva tratar das atividades relacionadas às publicações, destaca-se que os links para as publicações consideradas nesse estudo foram inseridos no Observatório e as publicações seguiram as etapas definidas para cada atividade do Observatório, especialmente a última que trata da análise do papel das atividades na criação e na difusão do conhecimento produzido na universidade e nas parcerias estabelecidas a partir de seus pesquisadores. Diante disso, quatro publicações foram consideradas: 1) Coletânea Luso-Brasileira; 2) Revista de Educação, Linguagem e Literatura – REVELLI; 3) Revista Pedagógica, do GEFOPI; e 4) Publicações relacionadas à Rede Internacional de Escolas Criativas – RIEC. As referidas publicações são descritas e as informações disponibilizadas e analisadas para que, a partir da compreensão do papel dessas publicações para a difusão do conhecimento na área de educação e formação de professores, novas ações possam ser provocadas para o aprimoramento dos produtos e maior alcance desse conhecimento entre os estudiosos e pesquisadores da área. Construindo o espaço para as publicações A disponibilização das publicações científicas no Observatório representa uma atividade inovadora no que diz respeito à divulgação do conhecimento da área. São consideradas as publicações dos grupos de
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pesquisas e pesquisadores vinculados à UEG, desde que estejam de acordo com o escopo inicial do Observatório. Coletânea Luso-Brasileira A Coletânea Luso-brasileira foi criada em 2010 como produto do Grupo de Pesquisa da UEG, denominado Estratégia, Gestão da Educação e Sistema de Informação – EGESI, devidamente cadastrado no CNPQ. O referido grupo agrega pesquisadores de diferentes instituições como UEG, USP, UFRJ, e Universidade do Porto (UP) que se dedicam ao estudo da gestão da informação/conhecimento nas áreas de Educação, priorizando a educação à distância e a formação/capacitação de recursos humanos. A Coletânea é composta por oito volumes publicados no período de 2010 a 2017 Os dois primeiros volumes registram a cooperação entre a SAIBA MAIS Acesse o QR Code UEG e a Universidade da Beira Interior ou o link: https://bit.ly/2KfvzpC (UBI) e os volumes seguintes reforçam as ações de cooperação entre as instituições vinculadas ao grupo de pesquisa e a Universidade do Porto (UP). A edição de cada volume considerou uma temática prioritária dos pesquisadores em cada ano e buscou, no exercício de cooperação e integração entre as instituições e pesquisadores, parcerias que tornaram a Coletânea um documento internacional de estudo sobre a gestão da informação/conhecimento. Dentre as informações coletadas sobre essa publicação, consideramos os seguintes aspectos, objetos de análise: temática e áreas de estudo; editoria e parcerias; e, desdobramentos e pesquisas geradas. Quanto à temática e as áreas de estudos, apresentam-se os seguintes temas motivadores de cada edição: (1) Cooperação entre Empresas, Clusters, Rede de Negócios e Inovação Tecnológica; (2) Governança Estratégica, Redes de Negócios e Meio ambiente: Fundamentos e Aplicações; (3) Educação, Gestão da Informação e Sustentabilidade; (4) Gestão da Informação, Inovação e Logística; (5) Gestão da Informação, Cooperação em Redes e Competitividade; (6) Management Information: select papers from Coletânea Luso-Brasileira; (7) Gestão da Infor-
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mação, Políticas públicas e territórios; (8) Gestão da Informação, Cultura Organizacional e Inteligência Emocional. A Coletânea Luso-Brasileira foi editada pela Universidade da Beira Interior (vol. 1), Universidade Estadual de Goiás (vol. 2 e vol. 8), Universidade do Porto (vol. 3 a 7) e, ao longo deste tempo, possibilitou novos desdobramentos e pesquisas agregadas às atividades do grupo de pesquisa como a criação de novos grupos de pesquisa e projetos de pós-graduação. O Observatório disponibiliza os volumes da Coletânea na íntegra e garante acesso livre e gratuito ao conteúdo das obras. Revista de Educação, Linguagem e Literatura – REVELLI A Revista de Educação, Linguagem e Literatura (REVELLI) foi criada em 2009. É um periódico de acesso aberto semestral que publica trabalhos inéditos, resultados de estudos e pesquisas, relacionados às áreas de Educação, Linguagem e Literatura. Com o objetivo de tornar-se uma fonte de pesquisa em formato digital, com textos completos, para pesquisadores, professores, alunos e demais interessados, em 2013, adotou o sistema OJS e tornou-se um periódico eletrônico. Com isso, a REVELLI se destacou na área de Ensino, obtendo a classificação B1 e na área de Letras e Linguística, obtendo a classificação B2 pelo sistema Qualis/Capes (2016). SAIBA MAIS Acesse o QR Code ou o link: https://bit.ly/2MpyOYb
A Revista é um instrumento para a divulgação do conhecimento produzido por pesquisadores de diferentes instituições do país e do exterior nessa área, fortalecendo as pesquisas desenvolvidas e motivando a cooperação entre as instituições e os pesquisadores. Sua classificação no sistema Qualis/Capes reflete a importância do periódico para a disseminação do conhecimento e para a consolidação de projetos futuros na Universidade. A partir de 2016, propôs-se a publicar, além das duas edições anuais, dois dossiês temáticos como expresso no Quadro 01.
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Quadro 1 – Dossiês temáticos publicados pela REVELLI Ano/ Edição
Título
2016 v.8 n. 1
Tópicos Especiais em Educação e Linguagem http://www.revista.ueg.br/index.php/revelli/issue/view/224
2016 v.8 n. 3
Práticas de Letramento em Ensino de Línguas na Educação Básica http://www.revista.ueg.br/index.php/revelli/issue/view/271
2017 v.9 n. 2
Educação Inclusiva e a Formação de Professores: uma diversidade de olhares http://www.revista.ueg.br/index.php/revelli/issue/view/342
2017 v.9 n. 4
Ensino e Formação de Professores de Língua Estrangeira para Crianças http://www.revista.ueg.br/index.php/revelli/issue/view/361
Fonte: www.revista.ueg.br/index.php/revelli
RevistaPedagógica – Grupo de Estudos em Formação de Professores e Interdisciplinaridade – GEFOPI As revistas do GEFOPI foram incluídas no acervo do Observatório e marcam uma importante parceria entre professores, pesquisadores e alunos de diferentes Câmpus da UEG e de outras instituições de ensino superior. Essa publicação vinculada à produção do referido grupo de pesquisa é construído coletivamente e as temáticas priorizam assuntos atuais e relevantes para as discussões sobre a formação de professores. A coordenadora do GEFOPI e responsável pela edição da Revista Pedagógica expressou: Conheço o observatório já há algum tempo e percebi que o mesmo poderia ser uma forma de dar visibilidade aos trabalhos que o GEFOPI tem produzido. Ao ser convidada a publicar no Observatório, movimentei o grupo para organizar os links que já tínhamos de publicação para encaminhar ao espaço do Observatório. Mas, muito mais do que socializar nossos links, ganhamos publicização das “Revistas Pedagógicas” que até então eram impressas e com poucos exemplares
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Gestão do conhecimento e formação de professores
distribuídos, o que tornava sua veiculação bem restrita. As 20 edições da Revista Pedagógicas podem ser visualizadas por todo o Brasil e internacionalmente também. Isso coloca o GEFOPI em destaque. As produções não podem ser restritas e, por isso, o espaço do Observatório, para o nosso grupo é de grande estima, pois possibilitou para os componentes do grupo ter uma ferramenta de SAIBA MAIS Acesse o QR Code divulgação das produções, bem como de ou o link: https://bit.ly/2Kf1vKG acesso a outras produções que fomentam a formação docente. Não podemos fugir do que está posto. As mídias estão inseridas em maior ou menor grau, em todos os espaços de formação e atuação docente. Sejamos, como diz Prensky, nativos ou migrantes digitais, as mídias estão postas para nós. E o Observatório, enquanto uma mídia educacional, tem nos proporcionado crescimento na formação e na atuação docente. (Relato coordenadora GEFOPI, em 28/05/17).
Rede Internacional de Escolas Criativas – RIEC As produções relacionadas à RIEC e as suas parcerias, entre elas a com o Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Transdisciplinaridade e Interdisciplinaridade na Educação e aos eventos promovidos em parcerias com diferentes universidades geraram muitas publicações que tratam de temas SAIBA MAIS Acesse o QR Code relacionados à RIEC e aos estudos sobre ou o link: complexidade e transdisciplinaridade. https://bit.ly/2Mu1K12 Algumas delas estão disponíveis no sítio do Observatório, como os livros “Veredas Escolares: partilhando experiências criativas de ensino aprendizagem do CEPAE/UFG”, volumes 1 e 2, “Complexidade, Interdisciplinaridade e Transdisciplinaridade na Educação Superior”; “Razão Sensível e Complexidade na Formação de Professores”; Projetos Criativos na Prática Pedagógica”.
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No futuro, mais publicações O Observatório permite a reflexão sobre a relação entre as atividades da universidade, motivando outros estudos bem como a relevância dos eventos e das publicações científicas para a construção e difusão do conhecimento na área de educação. A médio e longo prazo, a disseminação das informações das pesquisas por meio do Observatório poderá gerar novas pesquisas e publicações, além de contribuir e fortalecer o conhecimento na região. As etapas descritas se referem às “Publicações”, constantes no Observatório, e destacam o caráter interdisciplinar e contínuo desse recurso que poderá garantir a ampliação e divulgação das informações. Além disso, a inclusão das publicações no Observatório permite uma análise cientométrica e leituras sobre a produtividade interna e externa à UEG. Nesse sentido, esse estudo aponta para a necessidade de políticas para publicações científicas, que garantam as condições humanas e financeiras para que pesquisadores divulguem suas pesquisas que sejam mais coerentes com a realidade e necessidade das diferentes áreas de conhecimento. Referências FLICK, U. Introdução à pesquisa qualitativa (3 ed.). Porto Alegre: Artmed, 2009. FREITAS, Carla Conti de. A gestão do conhecimento e a formação de professores: aspectos inovativos das atividades da universidade. Projeto de Pesquisa. Anápolis: UEG, 2013. FREITAS, Carla Conti de; SILVA, Armando M. A implantação do “Observatório de Ideias da UEG – Gestão da Informação em Educação e Formação”. Anais 12th CONTECSI. São Paulo, USP, 2015. ______. Gestão do Conhecimento e a formação de professores: desdobramentos do Observatório de Ideias da UEG. In: SILVA, A. M.; FREITAS, C. C; ALMEIDA, F. S.; FRANCO, M. J. B. Gestão da Informação, Políticas Públicas e Territórios. Porto: Universidade do Porto, 2016, p. 109-124. SAKATA, M. C. G.; SILVA, Armando Malheiro; RICCIO, E. L.; COPABIANCO, L. Construção do Observatório da USP CONTECSI: Análise da dinâmica científica e impacto nacional e internacional de um congresso acadêmico. Revista Prisma. São Paulo: USP, 2013.
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SILVA, Armando Malheiro. A informação: da compreensão do fenômeno e construção do objeto científico. Porto/Portugal: Afrontamento, 2006. ______. A gestão da informação como área transversal e interdisciplinar: Diferentes perspectivas e a importância estratégica da tipologia informacional. In: SILVA, A. M; FREITAS, C.C; ALMEIDA, F. S.; FRANCO, M. J. B. Gestão da Informação, Inovação e Logística. Coleção Luso-brasileira IV. Goiânia: SENAI/FATESG, 2013.
CAPÍTULO 3
A extensão universitária no Observatório de Ideias da UEG: ampliando os espaços para a formação de professores Shirley Alves Machado Carla Conti de Freitas1
E
sse capítulo intitulado A extensão universitária no Observatório de Ideias da UEG: ampliando os espaços para formação de professores apresenta um estudo que compõe o projeto de pesquisa A gestão do conhecimento e a formação de professores: desdobramentos do Observatório de Ideias da UEG, doravante Observatório, que trata da gestão do conhecimento relacionada à educação e formação de professores. O Observatório contribui para a área de educação e formação de professores, na medida em que se constitui em um espaço para produzir e divulgar as pesquisas e as ações que geram novos conhecimentos para a área (FREITAS, 2013; 2015; FREITAS; SILVA, 2015). Considera-se como embasamento teórico os estudos sobre a gestão da informação/conhecimento (SILVA, 2006; 2013), observatório (FREITAS, SILVA, 2015; SAKATA, 2013) e extensão universitária (LACERDA, 2008; KOCHMANN, 2017). O desenvolvimento desse capítulo justifica-se pela necessidade de promover estudos e pesquisas sobre a formação de professores em diferentes espaços e atividades da universidade, ampliando a concepção de formação de professores ao 1 Professora Pesquisadora – Programa de Bolsa de Incentivo à Pesquisa e Produção Científica (PROBIP/UEG).
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considerar que a participação e o envolvimento de alunos dos cursos de licenciatura em ações de extensão têm contribuído com o resultado apresentado por esses alunos durante o curso, no processo de formação inicial de professores. Neste sentido, esse capítulo se propõe a discutir a participação de alunos do curso de Letras como colaboradores em ações de extensão a partir da descrição e análise da atuação dos professores em formação no projeto de extensão denominado Meninas da Vila. Os objetivos desse estudo são: descrever o espaço para as ações extencionistas no Observatório; analisar a formação inicial de professores em ações de extensão; descrever e analisar a atuação de alunos do curso de Letras em ações de extensão durante o processo de formação inicial de professores, considerando os que atuaram como colaboradores no Meninas da Vila, no período de 2015 a 2017. Para a realização desta pesquisa, optamos por uma pesquisa qualitativa e se propõe desenvolver um estudo de caso. Como instrumentos de pesquisa serão utilizados documentos, entrevistas e observação direta (FLICK, 2009). O objeto de estudo é a formação inicial de professores de línguas em ações de extensão universitária. Dentre os documentos considerados, citamos: projetos das ações de extensão realizadas na UEG Câmpus Inhumas e os relatórios dos anos de 2015 a 2107 do Meninas da Vila, disponíveis na coordenação de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis. Em seguida, realizamos uma entrevista semi-estruturada com os alunos do curso de Letras que atuaram como colaboradores em uma das ações de extensão, denominada Projeto Meninas da Vila, nos anos 2015 a 2017. Além disso, consideramos as notas das observações realizadas pela pesquisadora e pela coordenadora do projeto, no decorrer da ação de extensão analisada. As etapas incluem a apresentação e descrição das ações de extensão universitária no Observatório. Em seguida, apresentamos e analisamos a atuação de professores em formação inicial no Meninas da Vila, ação de extensão, considerada nesta pesquisa. Por fim, a análise das entrevistas realizadas com os professores em formação inicial que atuaram
A extensão universitária no Observatório de Ideias da ueg
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como colaboradores na referida ação de extensão de onde se destacam a importância das experiências com extensão universitária durante o curso de Letras. Para isso, este capítulo está organizado da seguinte forma: uma breve introdução, a apresentação e descrição das ações de extensão no Observatório e a descrição e análise da atuação de professores em formação inicial no Meninas da Vila. Por fim, as considerações sobre a importância do registro e disponibilização das ações de extensão no Observatório por meio do caso estudado. Observatório de Ideias da UEG O Observatório se constitui em um espaço para divulgar as pesquisas e as ações que geram novos conhecimentos para a área e contribui para a área de educação e formação de professores. O Observatório foi implantado como recurso para organizar e disponibilizar as informações sobre as atividades da universidade como eventos, cursos, estágios e pesquisas realizadas na UEG/Câmpus Inhumas (FREITAS, 2015). O Observatório se constitui em um espaço onde os alunos, professores em formação inicial, podem conhecer as diferentes pesquisas, publicações e atividades extensionistas, aproximando assim os alunos das diversas atividades da universidade e da interação entre elas. No Observatório, os professores podem divulgar os conhecimentos produzidos nos eventos científicos ou nas pesquisas, trazendo, para os professores em formação inicial, diversas possibilidades de estudos e pesquisas, tornando-se uma ferramenta importante na universidade para a formação de professores, cujo objetivo é consolidar, aprimorar, viabilizar e propor um melhor desenvolvimento dos projetos.
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Gestão do conhecimento e formação de professores
A extensão universitária no Observatório de Ideias A extensão universitária no Observatório é um espaço onde se apresentam os projetos já realizados, no intuito de discutir e criar novos projetos. É um caminho no qual os professores em formação inicial podem conviver com a realidade para aperfeiçoar sua formação acadêmica, pois a extensão universitária vai além da sala de aula e faz com que professores em formação inicial aprendam a produzir pesquisando e trocando ideias com outros professores ou colegas. Por meio do Observatório, os professores em formação inicial podem se informar sobre os eventos, atividades artísticas e científicas, cursos, palestras e, além disso, dar continuidade às pesquisas. Para uma melhor compreensão sobre as ações de extensão e a participação dos professores em formação inicial que atuaram como colaboradores, consideramos os cursos e projetos de extensão realizados em 2014, 2015, 2016 e 2017. Em 2014, ocorreu o Curso de Português Básico. Em 2015, foram três cursos: o Curso de Formação Docente de Ensino de Língua Inglesa para criança, Curso de Laboratório de Língua Inglesa, Curso de Português Básico. Em 2016, foram cinco cursos: Curso de Libras, Curso de Inglês para Adultos, Curso de Inglês para Jovens, Curso de Inglês Avançado, Curso de Português Básico. Em 2017, foram oito cursos: Curso de para atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, Curso de Latim Vivo: língua e cultura, Curso de English for Kids: comunidade e empoderamento social, Curso de Metodologia para Ensino da Língua Inglesa, Curso de Inglês para Adultos 2, Curso de Inglês Jovem Básico 2, Curso de Linguagem Teatral e Educação Escolar, Curso de Inglês Avançado. O Gráfico 1 demonstra o número de cursos e de alunos colaboradores por ano. Houve, entre 2014 e 2017, um significativo aumento no número de alunos dos cursos de licenciatura, ou seja, de professores em formação inicial, que atuaram como colaboradores nos cursos. Isso significa que atuaram juntamente com o professor proponente da ação de extensão, possibilitando uma experiência de atuação na universidade e na comunidade.
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Gráfico 1 – Cursos e alunos colaboradores por ano. 11 9 7 5 3 1 0
Fonte: Relatórios de ações de extensão
Em relação aos projetos, também consideramos para esta pesquisa as propostas e o número de alunos, professores em formação inicial, que atuaram como colaboradores entre 2014 e 2017. Os projetos de 2014 foram Projeto de Efeito Borboleta e Projeto de Tópicos Especiais em Educação Infantil. Em 2015, foram Projeto de formação em Transdisciplinaridade na Educação, Projeto Efeito Borboleta, Projeto Literatura Popular Diálogo e convergência, Projeto Meninas da Vila, Projeto Dimensões do Discurso. Em 2016, Projeto Centro de Idiomas e Projeto Meninas da Vila. Em 2017, foram cinco projetos, sendo Projeto História e Literatura, Projeto Dimensões do Discurso, Projeto Meninas da Vila, Projeto Ensino de língua inglesa para criança, Projeto Centro de Idiomas.
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Gestão do conhecimento e formação de professores
Gráfico 2 – Número de projetos e alunos colaboradores 10 8 6 4
2 0
2014
2015
PROJETO
2016
2017
ALUNOS COLABORADORES
Fonte: Relatório de ações de extensão
As ações de extensão em forma de projetos, cursos ou eventos apresentam relação com a comunidade e resultam ou apresentam diferentes finais como publicações, apresentações exposições. Dentre os projetos descritos, este capítulo considerou o Meninas da Vila para uma análise qualitativa da participação dos professores em formação inicial em ações de extensão universitária. A escolha por esse projeto em detrimento dos outros se deu por dois motivos. Primeiro, por ser o único projeto executado de forma ininterrupta de 2015 a 2017. Segundo, por ser o projeto de atuação das pesquisadoras. Meninas da Vila O Meninas da Vila é um projeto de extensão que se iniciou em 2015 para meninas de 12 a 15 anos. A motivação para o desenvolvimento desse projeto foi oportunizar às meninas participantes um conjunto de SAIBA MAIS Acesse o QR Code experiências, visando, via o empoderaou o link: https://bit.ly/2yQDbto mento feminino, ressignificar a atuação na comunidade onde vivem. O projeto está organizado em oficinas de Língua Inglesa, Artes, Músicas, Design Sustentável, Produção de texto e Esportes. Cada oficina acontece uma vez por semana com a duração de uma ou duas horas e cada partici-
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pante opta pelas oficinas de seu interesse (CAMILO; FREITAS, 2015). Essas oficinas possibilitaram a experiência com a extensão universitária por parte dos professores em formação inicial, alunos do curso de Letras e de Pedagogia. As informações sobre o projeto foram registradas por meio das anotações da pesquisadora no ambiente onde foram desenvolvidas as oficinas e as entrevistas com colaboradores do projeto. As oficinas foram realizadas nas dependências da UEG Câmpus Inhumas e ofertadas por colaboradores (professores em formação) e voluntários que são professores da UEG ou pessoas da comunidade. Foram inscritas nas oficinas vinte meninas em 2015, trinta e oito em 2016 e vinte e cinco em 2017. Quanto à participação dos professores em formação inicial que atuaram como colaboradores registramos sete em 2015, nove em 2016 e cinco em 2017. No Gráfico 3, a seguir, percebemos o desenvolvimento do Meninas da Vila ao longo dos três anos, considerando o número de professores em formação inicial que aturaram como colaboradores nas oficinas do referido projeto de extensão.
Gráfico 3 – Número de alunos que atuaram como colaboradores no Meninas da Vila 4 3 2 1 0
2015 ingles
2016 violao
2017 design
jiu jitsu
teatro
Fonte: Relatório de ações extensionistas
Para a análise das informações sobre a participação de alunos dos cursos de licenciatura em ações de extensão, foi realizada uma entre-
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Gestão do conhecimento e formação de professores
vista com colaboradores do Meninas da Vila, alunos dos cursos de Letras e Pedagogia. As entrevistas foram realizadas na UEG Câmpus Inhumas, gravadas e transcritas. A entrevista foi considerada semi-estruturada, ou seja, apresentou um roteiro, mas possibilitou a inserção de novas informações a critério da pesquisadora e dos participantes (FLICK, 2009), conforme Quadro 1. Quadro 1 – Roteiro da entrevista semi-estruturada Em que sentido, a participação no projeto de extensão Meninas da Vila contribuiu para sua formação? Como você vê a formação inicial de professores em projetos de extensão como o projeto Meninas da Vila? Fonte: a pesquisadora
Para compreender a participação dos alunos do curso de Letras e de Pedagogia no Meninas da Vila e a importância desta experiência na formação inicial de professores, analisamos as respostas dadas à entrevista e percebemos que para os alunos que atuaram como colaboradores, a experiência contribuiu positivamente com o processo de formação de professores, pois permitiu conhecer melhor a comunidade e lidar de perto com as crianças/jovens e as especificidades do trabalho com eles, como expresso nos trechos a seguir: Foi uma experiência muito boa enquanto futuro professor pode me auxiliar a mexer com a heterogeneidade das crianças (Participante 2) Foi uma satisfação participar e poder observar o trabalho que foi realizado na universidade de abrir a porta para a comunidade e da gente enquanto intelectuais desenvolver uma perspectiva de intelectual orgânico, de estar na Praxis educativa, diretamente nas relações sociais da comunidade mais carente da circunvizinhança da universidade (Participante 1)
A extensão universitária no Observatório de Ideias da ueg
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O projeto de extensão foi algo novo que surgiu na minha vida porque eu nunca tinha participado. Então fui convidada a participar, de início fiquei receosa porque não tinha livro didático a seguir. Então eu tinha que planejar as aulas de acordo com a faixa etária das alunas, isso me proporcionou um certo medo no início, mas no decorrer das aulas eu pude perceber que o projeto Meninas da Vila contribuiu de forma significativa pra minha vida porque eu pude obter mais conhecimento, mais experiência que me fizeram crescer profissionalmente. (Participante 3)
Nesse sentido, a participação no Meninas da Vila amplia a visão de mundo dos professores em formação, contribuindo para uma melhor formação acadêmica, do desenvolvimento profissional, fortalecendo seus conhecimentos teóricos e práticos. Compreendemos que foi promovida a convivência na realidade social, com o desenvolvendo de trabalho em equipe, oportunizando o professor em formação a participar das atividades. Isso contribuiu para que os professores em formação inicial desenvolvessem suas habilidades e competências. Diante disso, podemos perceber a dimensão que tem a participação em ação de extensão na vida do aluno da universidade. Ações de extensão como ações de formação de professores: considerações finais As ações de extensão precisam ser entendidas como espaço de formação para professor. A inserção das ações de extensão no Observatório contribuiu para as discussões, para novas pesquisas e entendimentos dessa prática na universidade, pois expressa a disponibilidade de novas pesquisas e de novas formas de olhar e compreender as práticas de formação de professores. Percebemos a partir das entrevistas com os alunos colaboradores da ação de extensão pesquisada, que a extensão universitária amplia a condição formação de professores. Muitas vezes, a participação dos alunos nas ações de extensão se dá apenas como participantes e não como colaboradores das atividades e esse papel deve ser mais explorado como espaço de formação de professores. Nesse sentido, o registro, a análise e a publicação no Observatório motiva e
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amplia o conhecimento sobre a extensão universitária e sua importância na formação inicial de professores. Referências CAMILO, K. F.; FREITAS, C. C. Espaços de leitura do projeto Meninas da Vila: uma reflexão sobre sustentabilidade. Anais do XI Encontro sobre Formação de Professores de Línguas Estrangeiras. Universidade Estadual de Goias/Câmpus Inhumas (www.anais.ueg.br/enfople), 2015, p. 105-113. FLICK, U. Introdução à pesquisa qualitativa. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed. 2009. FREITAS, Carla Conti de. Gestão do conhecimento e a formação de professores: aspectos inovativos das atividades da universidade. Projeto de Pesquisa. Anápolis: UEG, 2013. ______; SILVA, A. M.. A implantação do Observatório de Ideias da UEG. Anais do 12th CONTECSI, International Conference on Information Systems and Technology Management. São Paulo: USP, 2015. LACERDA, A. L.; WEBER, C.; PORTO, M.; SILVA, R. A. da A. Importância dos eventos científicos na formação acadêmica:estudantes de biblioteconomia. Revista ACG: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v. 13, n. 1, p.130-144, jan./jun., 2008. SAKATA, M. C. G.; SILVA, A. M.; RICCIO, E. L.; COPABIANCO, L. Construção do Observatório da USP CONTECSI: Análise da dinâmica científica e impacto nacional e internacional de um congresso acadêmico. Revista Prisma. São Paulo: USP, 2013. SILVA, A. M. A informação: da compreensão do fenômeno e construção do objeto científico. Porto/Portugal: Afrontamento, 2006. ______. A Gestão da Informação como Área Transversal e Interdisciplinar: Diferentes perspectivas e a importância estratégica da “tipologia informacional. Coletânea Luso-Brasileira 4. Goiânia: Senai/Fatesg., 2013.
CAPÍTULO 4
As contribuições das tecnologias da informação e comunicação na divulgação do conhecimento no ensino superior Elizane Nascimento Moreira Marlene Barbosa de Freitas Reis Fabiana Cristina Pessoni Albino
E
ste capítulo é decorrente de reflexões sobre o projeto de pesquisa Núcleo de Pesquisa: Gestão da Informação, Educação e Formação no Observatório de Ideias da Universidade Estadual de Goiás/Inhumas, desenvolvido na Universidade Estadual de Goiás (UEG), Câmpus Inhumas, no período de 2015 a 2017. A questão problematizadora que norteou nosso estudo foi: como as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) podem contribuir para o processo de divulgação e construção do conhecimento no ensino superior? Desse modo, apresentamos como objetivo coletar informações sobre gestão e produção de conhecimento com a utilização de recursos tecnológicos na construção e formação no processo de saber. Sendo assim, nossa busca foi permeada pela curiosidade em relação ao acesso aos sites disponibilizados pela própria Universidade no que se refere à pesquisa; bem como em relação à forma como alunos e professores têm se posicionado frente à utilização da tecnologia no Câmpus. A pesquisa foi realizada na UEG Câmpus Inhumas, partindo da criação, implementação e utilização do Núcleo de Pesquisa em Gestão da Informação, Educação e Formação no Observatório de Ideias da
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Universidade Estadual de Goiás pelos alunos e docentes deste Câmpus. Segundo Reis (2015, p. 5): A implantação e inserção do Núcleo de Pesquisa em Gestão da Informação, Educação e Formação no Observatório de Ideias da Universidade Estadual de Goiás, disponibilizado em www. observatorioueg.com.br teve como propósito fomentar o processo de busca de informações registradas e divulgadas a partir das atividades de pesquisa e extensão desenvolvidas no Câmpus de Inhumas. A disponibilização dessas informações constitui-se num processo contínuo de formação científica, pois reconhecemos a Universidade como uma instituição difusora, e, como espaço de geração de conhecimentos.
Percebemos que a implantação do Observatório de Ideias e do Núcleo de Pesquisa, apresenta em seus fundamentos a intenção de divulgar e disponibilizar as pesquisas realizadas no Câmpus Inhumas. Trata-se de um SAIBA MAIS Acesse o QR Code espaço virtual disponível não apenas para a ou o link: comunidade acadêmica local, mas a todos https://bit.ly/2Munc69 que tiverem o interesse em ampliar conhecimentos, ou mesmo de buscar textos relacionados ao trabalho desenvolvido no Câmpus. Este trabalho se justificou pelo fato de que, com o avanço da tecnologia nos últimos tempos, presenciamos suas possibilidades como um recurso para os meios de comunicação. Além disso, o uso das tecnologias vem cada dia mais se tornando uma prática de acesso diário entre os internautas, possibilitando aos pesquisadores, educadores e alunos um recurso para a busca de informações. Apresentamos como objetivo geral, analisar a importância do uso da internet como espaço digital na produção e divulgação de conhecimento na UEG. Como objetivo específico: compreender de que forma a tecnologia é usada na universidade, bem como identificar quais são as dificuldades encontradas pelos alunos no uso da internet como ferramenta na divulgação de conhecimento na academia.
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A metodologia utilizada neste estudo esteve pautada em estudos bibliográficos, bem como na pesquisa empírica. Para realizá-la, utilizamos autores, como: Castells (2003), Cortella (2011), Coscarelli (2014), Severino (2000), Mollica (2007), Triviños (1987), Kenski (2007, 2012), dentre outros. Como instrumento de coleta de dados, realizamos entrevista semiestruturada com acadêmicos do curso de Letras e de Pedagogia do Câmpus Inhumas na intenção de identificar a frequência do uso da internet na universidade; se utilizam deste recurso fora do âmbito acadêmico e qual intenção e opinião de todos os pesquisados sobre os recursos tecnológicos que hoje fazem parte de sua educação escolar. Conforme Triviños (1987, p. 146), “a entrevista semiestruturada valoriza a presença do investigador, oferece todas as perspectivas possíveis para que o informante alcance a liberdade e a espontaneidade necessárias, enriquecendo a investigação”. Ainda de acordo o autor, esse tipo de entrevista possibilita o esclarecimento de pontos “escuros” dos dados, sempre apoiados em teorias e hipóteses que fazem parte do interesse da investigação. É necessário ressaltar a importância da pesquisa em todos os aspectos educacionais na universidade. Nesse sentido, conceitos como: a internet, letramento digital, inclusão digital, vem sendo largamente utilizados no âmbito acadêmico para tratar de questões relacionadas não apenas às pesquisas desenvolvidas nas universidades, mas também em relação aos instrumentos utilizados para que estas sejam realizadas. É importante perceber que, nos últimos anos, as pesquisas apontam para um grande crescimento no que se refere ao uso das tecnologias na educação. Sobre esta questão, Kenski (2012) esclarece que: Em nossas relações cotidianas não podemos deixar de sentir que as tecnologias transformam o modo como nós dispomos, compreendemos e representamos o tempo e o espaço à nossa volta. Sem nos darmos conta, o mundo tecnológico invade nossa
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vida e nos ajuda a viver com necessidades e exigências de atualidade (KENSKI, 2012, p.31).
As considerações desta autora nos mostram como o uso das tecnologias tem transformado nosso cotidiano, e, nesta perspectiva, há que se compreender os usos destas no meio acadêmico. Sendo assim, nesta pesquisa situamos nossas buscas no meio acadêmico, para pudéssemos compreender como e quando os acadêmicos do Câmpus Inhumas têm utilizado a internet como ferramenta na construção do aprendizado. O uso da tecnologia como um processo formativo Para compreendermos os conceitos que fundamentam esta pesquisa, acreditamos que seja necessário entender os sentidos que permeiam o uso da tecnologia nos múltiplos espaços sociais. Desse modo, estudamos questões sobre: letramento digital, conhecimento, informação, técnica, tecnologia, para que possamos entender a perspectiva dos usos e relações dos alunos com estas as ferramentas tecnológicas. Para Castells (2003) a tecnologia tem sido utilizada no processamento das informações, já que ela tem sido o meio pelo qual a mensagem circula. Segundo este autor: O processamento da informação é focalizado na melhoria da tecnologia do processamento da informação como fonte de produtividade, em um círculo virtuoso de interação entre as fontes de conhecimentos tecnológicos e a aplicação da tecnologia para melhorar a geração de conhecimentos e o processamento da informação: é por isso que, voltando a moda popular, chamo esse novo modo de desenvolvimento de informacional, constituído pelo surgimento de um novo paradigma tecnológico baseado na tecnologia da informação (CASTELLS, 2003, p. 54).
Entendemos que a crescente evolução e utilização das novas tecnologias no mundo têm provocado uma transformação na sociedade. Isso se dá pelo fato de que, cada dia mais, as pessoas têm buscado informação e
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conhecimento. Sendo assim, acreditamos que a internet tornou-se instrumento de uso diário, tendo em vista a infinidade de conceitos e informações que podemos encontrar no universo digital. Para Castells (2003): a internet é uma tecnologia particularmente maleável, suscetível de ser profundamente alterada por sua prática social, e conducente a toda a uma série de resultados sociais potenciais – a serem descobertos por experiência, não proclamados de antemão (CASTELLS, 2003, p.10).
Partindo das considerações deste autor, Reis (2015) esclarece que o espaço da internet é fundamental para o processo do conhecimento, tendo em vista que a tecnologia amplifica as possibilidades de acesso dos mais diversos conteúdos, redefinindo e dando novos contornos e possibilidades para os usos que se faz do conhecimento proposto. Diante disso, é preciso compreender a importância da tecnologia, da técnica; uma vez que elas contribuem para o processo de ampliação do conhecimento. Se fizermos uma rápida busca pelo significado das palavras técnica e tecnologia, veremos que elas têm a mesma raiz: verbo grego Tictein, que significa “criar, produzir e conceber dar à luz”. Sobre este assunto, Kenski (2012) afirma que: A evolução tecnológica conduziu o desenvolvimento humano para usos que vão da memória fluida dos relatos orais às interfaces, como as memórias tecnológicas registradas nos equipamentos eletrônicos de última geração. A tecnologia moderna reestrutura ainda mais profundamente a consciência e a memória, impondo uma nova ordem nos nossos modos de compreender e de agir sobre o mundo (KENSKI, 2012, p. 32).
Sabemos que o uso da tecnologia está contribuindo cada vez mais com o desenvolvimento de diversos setores da sociedade. Percebemos que no âmbito da educação superior, o uso da internet como ferramenta de divulgação do conhecimento tem sido fundamental, uma vez que a internet nos permite o acesso a diversos sites educacionais, bem como a artigos e bibliotecas digitais. Segundo Souza (2008, p. 1), “o avanço
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tecnológico tem invadido as mais diversas instâncias da vida humana, causando mudanças profundas na dinâmica da denominada Sociedade da Informação”. Para Kenski (2012) o uso do ambiente virtual como fonte de pesquisa no espaço acadêmico é importante, porque: Nesse ambiente, a possibilidade de acesso a outros locais de aprendizagem, bibliotecas, museus, centros de pesquisas, entre outros, com os quais alunos e professores podem interagir e aprender modificar toda a dinâmica das relações de ensino aprendizagem (KENSKI, 2012, p.50).
As considerações desta autora nos mostram que a evolução tecnológica tem conduzido os indivíduos a uma (inter) relação, ou mesmo, interação com as interfaces registradas nos equipamentos eletrônicos. Sendo assim, é preciso considerar que, conforme considerações de Kenski (2012), tais equipamentos, são máquinas que necessitam do homem para movimentar suas memórias, mas que possuem uma infinidade de informações registradas no que chamamos de espaço virtual (internet). Neste sentido, a internet, como uma evolução tecnológica, vem sendo cada vez mais utilizada nos espaços acadêmicos como ferramenta de busca para melhor compreensão de conteúdos. Exemplo disso são as vídeo-aulas educacionais, pesquisas e trabalhos que facilitam o desenvolvimento do aluno na academia. Kenski (2012) enfatiza como o uso contínuo das tecnologias tem mudado radicalmente o nosso cotidiano. As tecnologias estão repletas de técnicas, umas de fácil aprendizado que geralmente são repassadas de geração para geração fazendo parte da vivência diária “hábitos e costumes” das pessoas, e outras mais complexas que necessitam de conhecimentos aprofundados na área. As técnicas são importantes em nosso meio, desde a antiguidade, pois no contexto histórico as técnicas são fundamentais para demarcar a evolução do homem. Assim, pois, para que houvesse sobrevivência no mundo, o homem utilizou de seu pensamento lógico e do raciocínio para
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realizar algumas metas para facilitar suas necessidades humanas na época. Levando em conta que as técnicas são importantes para nosso meio e contribuem para a evolução do conhecimento, consideramos que as tecnologias invadem o cotidiano das pessoas. O que percebemos, hoje, é que na era digital não precisamos nem sair de casa para estudar, um banco de uma praça, um hospital, onde é possível o acesso à internet, é possível também realizar leituras do conteúdo disponível nas redes. Em reflexões sobre a o uso da tecnologia na construção do conhecimento é importante nos atentar para o fato de que se trata de mais um instrumento e, como tal, não deve ser observado como salvação. É preciso considerar que as pessoas devem buscar compreender os usos que podemos fazer desta ferramenta; que é preciso buscar, hoje, numa formação, não apenas a instrumentalização, mas não ignorar o uso de tais ferramentas. Levando-se em consideração o uso frequente da internet nos espaços educativos e, no caso desta pesquisa, nos espaços acadêmicos, acreditamos que tal uso leva ao que chamamos de letramento digital. Para Ribeiro (2012) ao realizar reflexões acerca da linguagem e seus pressupostos, esclarece que as relações entre linguagem, tecnologias e educação vêm sendo discutidas por pesquisadores de diversos lugares do mundo e no Brasil, gerando inúmeros trabalhos, publicações e, principalmente, criando espaços para discussão desses temas, abarcando diferentes teorias e modelos de comunicação e aprendizagem. Desse modo, a autora abre precedentes para que o letramento digital seja discutido de forma mais ampla, tendo em vista que ela diz respeito aos usos de ferramentas tecnológicas no âmbito educacional. Segundo Soares (2003), letrar é ensinar a ler e escrever num contexto em que a vida social do aluno seja levada em consideração, sendo assim, a leitura e a escrita devem fazer sentido para o indivíduo. O letramento é, portanto, ir além das técnicas de alfabetização focadas nas relações entre fonemas e grafemas.
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De acordo com Kleiman (2008, p.15), o letramento começou a ser usado nos “meios acadêmicos como tentativa de separar os estudos sobre o impacto social da escrita dos estudos sobre a alfabetização, cujas conotações destacam as competências individuais no uso e na prática da escrita”. Neste sentido, segundo Soares (2003, p. 15) letrar “é mais que alfabetizar, é ensinar ler e escrever dentro de um contexto no qual a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida das pessoas”. Partimos, pois, da perspectiva de que o letramento diz respeito à leitura para práticas sociais e, que, se as questões tecnológicas têm feito parte do nosso cotidiano, há que se considerar que o letramento digital faz parte desta proposta de práticas sociais. Ainda segundo Soares (1998, p. 18), “a condição letrada está associada a alteração em determinados grupos sociais, em relação a efeitos de natureza social, cultural, político, econômico e linguística relacionados à utilização da língua escrita”. Partindo desta lógica, o letramento digital: [...] diz respeito às práticas sociais de leitura e produção de textos em ambientes digitais, isto é, ao uso de textos em ambientes propiciados pelo computador ou por dispositivos móveis, tais como celulares e tablets, em plataformas como e-mails, redes sociais na web, entre outras (COSCARELLI; RIBEIRO, 2014b).
Para que o indivíduo seja um letrado digital ativo, ele precisa saber usar as tecnologias digitais de forma eficiente. Desse modo, deve interagir socialmente com as tecnologias digitais da informação e comunicação por meio do mundo digital hoje e tentar resolver problemas do dia a dia, fazendo com que este recurso se torne construtivo para sua própria coleta de conhecimento em quanto indivíduo na sociedade em vive. Para Goulart (2014): Na concepção de letramento delineada, as novas tecnologias da informação se incorporam de várias maneiras, ao espectro de conhecimento dos diferentes sujeitos e de segmentos sociais,
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também de forma descontinua e heterogenia. A escrita como um saber, um modo de conhecer, para além de uma tecnologia, se mostra cada vez mais necessário para que a constituição e o uso de novos gêneros do discurso, implicados naquelas tecnologias, sejam feitos de modo tão crítico quanto se espera que sejam as atividades de leitura e escrita mais sedimentadas em suportes textuais tradicionais, como livros, jornais, revistas, embalagens, entre outros (GOULART, 2014, p.53).
As concepções deste autor nos mostram que a percepção de letramento digital vai ao encontro de uma nova perspectiva de leitura e escrita que levam em consideração os usos da tecnologia, o que permite a constituição de novos gêneros textuais. Desse modo, há que se considerar que, a princípio, o conceito de letramento surgiu de forma atrelada aos usos dos gêneros textuais que circulam na sociedade. Segundo Coscarelli e Ribeiro (2014): É difícil estabelecer um parâmetro único para avaliar o letramento digital. Há inúmeras habilidades que deveriam ser, se não dominadas, pelo menos familiares aos letrados digitais, mas cada contexto pode demandar diferentes usos do computador. É importante, no entanto, que os indivíduos tenham desenvolvido habilidades básicas que lhes permitam aprimorar outras, sempre que isso for necessário (COSCARELLI; RIBEIRO, 2014b)
As concepções das autoras acerca do letramento digital nos mostram que diversas habilidades devem fazer parte do cotidiano dos indivíduos considerados letrados digitais. Habilidades que dizem respeito aos usos dos ambientes digitais. Estes, por sua vez, conforme Coscarelli e Ribeiro (2014) apresentam informações que utilizam-se de diferentes elementos linguísticos: frases, mas também animações, vídeos, sons, cores, ícones. Desse modo, as habilidades necessárias para a formação do letrado digital, levam em consideração a capacidade de ler e produzir textos explorando essas linguagens.
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Para Coscarelli (2014), o letramento digital, hoje, precisa fazer parte do cotidiano das pessoas, pois a utilização do espaço digital ainda é um grande desafio para quem dimensiona e promove a educação. Portanto, nossa educação não pode se esquivar dos avanços tecnológicos que o mundo nos proporciona. Sendo assim, educadores devem estar atentos em relação às novas tecnologias que mudam a todo o momento. Diante desta premissa, é preciso compreender que a utilização do espaço digital ainda é um grande desafio, principalmente quando nos referimos à construção do conhecimento. É importante que fique claro que, neste estudo, destacamos o uso de espaços virtuais como lócus de divulgação do conhecimento. Haja vista, que educação, comunicação e conhecimento estão atrelados numa relação dialógica. De acordo com Hargreaves (2003, p. 33) vivemos em um mundo onde o fluxo de informação é intenso, e está em permanente mudança, e “onde o conhecimento é um recurso flexível, fluido, sempre em expansão e em mudança”. O que nos leva ao entendimento da necessidade do letramento digital no meio acadêmico. Acreditamos que o indivíduo letrado digitalmente, poderá acessar as diversas bibliotecas digitais disponíveis no espaço virtual/digital. E, no caso deste estudo, mais especificamente, ao espaço criado pela UEG Câmpus Inhumas para divulgação do conhecimento produzido pelos alunos e professores deste Câmpus. Demo (1997, p.02), demonstra que o “interesse está voltado a fundamentar a importância da pesquisa para a educação, querendo chegar até o ponto de tornar a pesquisa uma maneira própria de aprender. Nessa nova maneira de aprender, o aluno passa de objeto do ensino para parceiro de trabalho, assumindo-se sujeito do processo de aprender”. Por isso, entendemos que se faz necessário difundir este canal de comunicação, que visa possibilitar o acesso e integração conjunta com o saber e o conhecimento, utilizando meios e recursos, entre a pesquisa e a educação, possibilitando aos pesquisadores e educadores, uma plena socialização com informação que podem mudar a realidade vigente e na qual somos protagonistas.
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Percebemos que “o impacto da tecnologia da informação e comunicação está provocando mudanças graduais, muitas vezes radicais no trabalho, na educação, e de modo geral” (COSTARELLI, 2014, p 20). Conhecimento, portanto, é adquirido, como cultura do ser humano. Assim, há que se considerar que o uso das ferramentas tecnológicas e o acesso às informações por meio destas ferramentas, mais especificamente, da internet, possibilitam aos acadêmicos maiores facilidades para que as pesquisas sejam realizadas. Assim, entendemos que se faz necessário difundir e ampliar este importante canal de comunicação, que visa possibilitar o acesso e integração conjunta com o saber e o conhecimento. A busca por utilizar estes meios e recursos, possibilita aos pesquisadores e educadores uma plena socialização com informações que podem mudar a realidade vigente e na qual somos protagonistas. O que revelam os dados pesquisa O que revelam os da dados da pesquisa A pesquisa empírica foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas com 22 (vinte e dois) alunos do curso de Pedagogia e Letras, no Câmpus Inhumas, durante os meses de março e abril do ano de 2016. Apresentamos como objetivo conhecer e hábito dos discentes sobre o uso da internet em sua vida acadêmica. Inicialmente, procuramos identificar os entrevistados, com dados que nos permitiram separá-los por faixa etária (embora alguns não tenham declarado a idade) e curso. Gráfico 1 – Faixa etária por curso 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
não declarou Fonte: as autoras
n Pedagogia acima de 50
25 a 50 anos
18 a 25 anos
n Letras
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Após a identificação da idade, questionamos como a internet é utilizada pelos alunos na universidade. As respostas variaram, em média, conforme a idade dos entrevistados: aqueles que possuem entre 18 e 25 anos, disseram que a utilizam para fazer pesquisas. Já na faixa etária entre 25 a 50 anos, as respostas foram diferentes: a maioria não possui este hábito. Apenas duas pessoas desta faixa etária responderam que usam a internet como fonte de conhecimento e pesquisas acadêmicas. Em um dos depoimentos coletados, o qual denominamos E13, o discente pontuou: “utilizo a internet para realizar pesquisas que favoreçam o meu aprendizado, para tirar dúvidas, ler textos, artigos, entre outras coisas”. A resposta deste discente mostra que o uso da tecnologia, mais especificamente da internet, faz parte de seu cotidiano; tendo em vista seu uso para realização de buscas relacionadas à sua formação acadêmica e profissional. Sobre esta questão, Pereira (2014, p.20) afirma que “o impacto da tecnologia da informação e da comunicação está provocando mudanças graduais, porém, muitas vezes, radicais no trabalho, na educação e, de um modo mais geral, em nosso estilo de vida”. Durante nossa entrevista, questionamos ainda sobre a importância do uso da internet como espaço digital na produção e divulgação de conhecimento na UEG. Neste caso, buscávamos compreender como os entrevistados analisavam e/ou utilizavam como fonte de conhecimento o Observatório de Ideias da Universidade Estadual de Goiás. As respostas obtidas a este questionamento mostram que a maioria dos entrevistados reconhece a importância do uso desta ferramenta não apenas para conhecer as pesquisas desenvolvidas pelos docentes, mas como forma de ampliar o conhecimento, uma vez que trata-se de um ambiente virtual em que se encontram textos de variados assuntos acadêmicos. De acordo com a entrevistada E7, “a tecnologia está presente em todos os setores da sociedade, a universidade também tem que disponibilizar conhecimentos utilizando essas tecnologias”. A partir desta
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resposta, a discente esclarece que o uso da internet é importante tanto para a pesquisa quanto para divulgação dela. Nessa mesma perspectiva, o discente E12 afirmou que: “acho muito importante, pois a internet hoje é o meio mais utilizado por todos, e onde temos acesso a tudo”. Podemos encontrar reforço desse pensamento nas palavras de Kenski (2007, p. 34), quando a autora afirma que “essas novas tecnologias digitais ampliaram de forma considerável a velocidade e a potência da capacidade de registrar, estocar e representar a informação escrita, sonora e visual”. Na terceira pergunta, procuramos abordar a questão do acesso à internet no Câmpus. Neste caso, notamos que a maioria das respostas apontou para uma significativa dificuldade para acessar a internet no Câmpus. O discente E9 afirmou: Encontro dificuldade sim, o sinal do wi-fi não é suficiente para atender a todos, mas, o laboratório de informática tem melhorado e não está tão lento quanto antes, mas as vezes para de funcionar e não tem alguém preparado para resolver esses problemas.
Corroborando com essa opinião, o discente E4 afirma que: “no laboratório não (há dificuldade), mas quando temos que usar o wi-fi vejo algumas dificuldades, às vezes não funciona ou está muito lenta”. A mesma opinião é apresentada pelo discente E7: “sim. O sinal de internet é muito fraco, não sendo aproveitado dentro de sala”. Para finalizar as entrevistas, questionamos sobre a contribuição da tecnologia ajudar no desenvolvimento da educação digital dentro da universidade. Os entrevistados foram unânimes em responder que sim, que contribui para o desenvolvimento da aprendizagem, bem como para a realização dos trabalhos acadêmicos. Sobre este assunto, algumas das respostas que obtivemos foram: “com certeza (...) as tecnologias são muito benéficas se usadas com propósito e objetivos específicos” (E1); “sim, sem sombras de dúvidas (...) a tecnologia é um fator que favorece e muito a nós estudantes, assim também como nossos professores” (E5); “sim, pois usando as tecnolo-
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gias dentro da Universidade, é possível depois, levá-las para trabalhar com os alunos dentro da sala de aula” (E21). Segundo Kenski (2012, p. 71): “a internet potencializa as possibilidades de acesso às informações e comunicação da escola com todo o mundo. Por meio da “rede das redes”, a escola pode integrar-se ao universo digital para concretizar diferentes objetivos educacionais”. Assim, entendemos que o uso da tecnologia em geral, e especialmente da internet, vem sendo apontada como um instrumento facilitador na construção do conhecimento, tendo em vista a infinidade de possibilidades oferecidas nos ambientes virtuais. Considerações finais A realização desta pesquisa possibilitou-nos compreender, do ponto de vista teórico, as questões relacionadas ao uso da tecnologia no âmbito educacional, bem como entender como a vida cotidiana das pessoas tem sido afetada pelo uso de tais ferramentas. Notamos que o letramento digital é um termo que tem sido utilizado para ampliar o entendimento do uso de tais ferramentas na produção do conhecimento. Nesse sentido, como o letramento diz respeito à formação do leitor para práticas sociais; notamos que o letramento digital leva em consideração as práticas sociais de um mundo tecnológico; de ferramentas que vem sendo cada vez mais utilizadas. Assim sendo, entendemos que se faz necessário difundir este canal de comunicação que visa possibilitar o acesso e integração conjunta com o saber e o conhecimento, buscando utilizar meios e recursos, entre a pesquisa e a educação, possibilitando aos pesquisadores uma plena socialização com informações que podem mudar a realidade vigente e, na qual, somos protagonistas no sentido de que nós mesmo temos a liberdade de busca no ambiente digital. Segundo Kenski (2012), para todas as demais atividades que realizamos precisamos de produtos e equipamentos resultantes de estudo, planejamento e construção específicos, na busca de melhores formas de viver.
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Por isso, acreditamos que nosso interesse em pesquisar como o uso da internet pode tornar-se uma prática necessária, principalmente na universidade por ser local de produção e de divulgação de conhecimentos. Neste sentido, Castells (2003, p.01) reforça que “a internet e as tecnologias digitais fizeram emergir um novo paradigma social, descrito por alguns autores, como sociedade da informação ou sociedade em rede alicerçada no poder da informação”. Por meio desta pesquisa, acreditamos que contribuímos com Universidade no sentido de facilitar o acesso à internet para os alunos. Vimos, ainda, que, conforme as dificuldades apontadas, faz-se necessário que se otimizasse o sinal de internet no sentido de possibilitar o uso desta ferramenta como possibilidade pedagógica dentro das salas de aula. Desse modo, notamos que após a realização das entrevistas, bem como, por meio da socialização desta pesquisa em eventos locais, notamos que os alunos passaram a visitar mais o Observatório de Ideias no sentido de buscar o conhecimento produzido pelo professores e alunos do Câmpus. Referências CASTELLS, Manuel. A Galáxia da Internet: Reflexões sobre internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003. CORTELLA, Mario Sergio. A Escola e o Conhecimento: Fundamentos epistemológicos e políticos. 12 ed. ver. e ampl. São Paulo: Editora Cortez, 2008. COSCARELLI, Carla Coscarelli, Ana Elisa Ribeiro. Letramento Digital: aspectos e possibilidades pedagógicas. (organizadoras). 3. Ed. Belo Horizonte: Ceale/Autêntica editora, 2014a. COSCARELLI, Carla V.; RIBEIRO, Ana E. Letramento Digital. In: FRADE, Isabel C. A. S.; VAL, Maria G. C.; BREGUNCI, Maria G. C. (Orgs.). Glossário CEALE*. Termos de Alfabetização, Leitura e Escrita para Educadores. Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita – CEALE. Faculdade de Educação da UFMG. Belo Horizonte: 2014b. DEMO, Pedro. Educar pela Pesquisa. Campinas, SP: Autoras Associados, 1997.
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CAPÍTULO 5
O papel da pesquisa na geração do conhecimento: a concepcção de professores e alunos da Universidade Estadual de Goiás – Câmpus Inhumas Natacha Katiuscia dos Santos Desingrini Marlene Barbosa de Freitas Reis
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ste capítulo apresenta o resultado de uma pesquisa desenvolvida na Universidade Estadual de Goiás e tem como questão problematizadora: “Qual o papel da pesquisa na geração e divulgação de conhecimento para os docentes e discentes da UEG, Câmpus Inhumas?” O objetivo geral é analisar em que medida os projetos de pesquisas desenvolvidos no Câmpus em epígrafe podem contribuir para o aprimoramento do conhecimento dos professores e alunos envolvidos nesse processo formativo. Na sequência, os seguintes objetivos específicos são: 1) Mapear e caracterizar temas e objetos de conhecimento que estão sendo desenvolvidos nos projetos de pesquisa; 2) Identificar, a partir da percepção dos docentes e acadêmicos, pontos significativos dos projetos de pesquisa, bem como as possíveis vinculações com o processo formativo. Sobre os procedimentos metodológicos, utilizou-se de um levantamento bibliográfico, mediante a revisão da literatura disponível. Em seguida, efetuou-se uma pesquisa empírica com a finalidade de analisar os projetos de pesquisas cadastrados no Câmpus supracitado.
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Inicialmente, foi realizado um mapeamento e a caracterização de todos os projetos de pesquisa em vigência no ano de 2015, buscando verificar as áreas do conhecimento e os temas que vêm sendo estudados pelos pesquisadores. Logo após, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com professores e alunos que participavam de projetos de pesquisa a fim de reconhecer os pontos significativos desses projetos e mensurar a contribuição deles para o processo formativo. O interesse em pesquisar este tema decorreu da minha participação como voluntária em um projeto de pesquisa intitulado “Núcleo de pesquisa: Gestão da Informação, Educação e Formação no Observatório de Ideias da Universidade Estadual de Goiás/Inhumas. A partir desta experiência, foi possível aproximar da temática, o que instigou minha curiosidade e vontade de aprofundar no assunto. De modo que o resultado deste trabalho possa contribuir para que educadores e pesquisadores que se interessam por pesquisa tenham mais uma fonte para a obtenção de conhecimento desta área. Pesquisa: um componente necessário para a formação docente e acadêmica Entende-se por pesquisa, neste trabalho, um procedimento racional e sistemático de grande importância e que apresente algo novo a fim de que se aprofunde ou se modifique o objeto investigado, no sentido de que se amplie os conhecimentos, suscite dúvidas, ou evidencie as respostas para quem é destinada. Para que a pesquisa científica favoreça no processo formativo, é necessário que ela seja inserida desde a graduação. Acredita-se que ela faz associações entre o aprendizado, suas reflexões e práticas pedagógicas, conduzindo o educador e o educando a refletir e repensar a sua própria, tornando-a reflexiva. Nesse sentido, afirma Assis e Bonifácio (2011, p. 45): O incremento da atividade de pesquisa desde a formação inicial, mais precisamente no curso de graduação, favorecerá a formação de professores que pesquisam e produzem conhecimento
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sobre sua prática profissional e que desenvolvem, portanto, uma prática reflexiva. (ASSIS E BONIFACIO, 2011, p. 45).
Em relação à formação do docente, Silva (2011) afirma que houve vários desafios encontrados durante a formação dela, e um desses desafios foi a compreensão da relação entre teoria e prática. Segundo a autora (2011, p.21) “abordar, analisar, pesquisar ou problematizar a formação docente é, em alguma medida, discutir a questão da relação entre teoria e prática”, conforme será abordada de forma sucinta no item abaixo. Articulando teoria e prática por meio da Pesquisa A relação teoria e prática ainda se constitui um tema controverso na educação. Assim sendo, julgou-se pertinente discutir a sua relação com o gerar do conhecimento. É necessário que o profissional aprenda a articular a sua própria relação teoria e prática com o saber, para que construa sua identidade profissional e para que, a partir do aprimoramento de seus conhecimentos, consiga ser um agente transformador na sociedade. Segundo Trópia e Caldeira (2011, p.372), “todo processo de aprender constitui uma construção de si mesmo, uma construção da identidade do sujeito”. Para Bandeira (2006), a teoria deve possibilitar ao indivíduo condições para que ele reflita sobre suas práticas, bem como as institucionalizadas, uma vez que a formação da identidade profissional está inteiramente ligada à formação continuada em uma relação teórica e prática. Nessa mesma perspectiva Pimenta e Lima (2004, p.43) afirmam que o papel da teoria: (...) é iluminar e oferecer instrumentos e esquemas para análise e investigação que permitem questionar as práticas institucionalizadas e as ações dos sujeitos e, ao mesmo tempo, colocar elas próprias em questionamento, uma vez que as teorias são explicáveis sempre provisórias da realidade (PIMENTA; LIMA, 2004, p. 43).
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O educador se encontra em uma posição que lhe possibilita contribuir para transformação do mundo e do próprio sujeito que o pratica e usufruir de oportunidades não só para transformar, como também para completar o mundo e se completar. Mas para que esse processo ocorra de forma positiva, é necessário que o professor busque incessantemente o conhecimento, uma vez que a formação desse profissional não se encerra após sua graduação, pelo contrário, ela é continua. Para que o profissional atue com autonomia e consiga refletir sobre suas práticas, agir como um ser ativo e que se apresente com capacidade de intervir na realidade social, é necessário que ele aprenda, através da pesquisa, a fazer articulações entre teoria e prática. Nessa perspectiva Silva (2011), acredita que a pesquisa: (...) é concebida como elemento articulador entre teoria e prática, na medida em que o professor, ao realizar uma pesquisa, articula saberes e fazeres docentes. Por meio desse instrumental, darse-ia ainda a construção da autonomia do professor, o que promoveria um novo status da formação, contribuindo para sua profissionalização (SILVA, 2011, p.149).
Assim, essa articulação move a óptica para que se enxergue a educação como um instrumento imprescindível na/para a formação total do homem. Sendo assim, é necessário que as Unidades de EnsinoSuperior (academias) compreendam a educação como prática social com o intuito de capacitar melhor os alunos para lidarem com problemas concretos, individuais e coletivos. Entende-se que a pesquisa permite a difusão do conhecimento científico e é articuladora entre a teoria e a prática. Ao fazer esse movimento de integração teórico-prática, consequentemente, o indivíduo passa a refletir com criticidade sobre suas próprias práticas e sob a realidade onde se encontra. Isto possibilita que ele haja como um agente transformador da sociedade em que está inserido. Essa associação, portanto, possibilita ao educador aprender a lidar melhor com os problemas por ele encontrados.
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O papel da Universidade na formação dos professores Assis e Bonifácio (2011) acreditam que a Universidade faz parte de uma comunidade e, sendo assim, deve formar profissionais de todas as áreas que atendam aos anseios e necessidades sociais onde ela está inserida. Além da formação, esse universo deve proporcionar todos os meios capazes para conscientizar esses profissionais de que, junto a essa capacitação, deve haver também, e de igual modo, a capacidade para agir, intervir, interagir na realidade ali. Não apenas ser notada como uma instituição de nível superior. Conforme apontam Freiberger e Berbel (2012, p. 2), os estudos no Brasil, na educação básica e também no ensino superior, ainda prevalece uma educação instrucionista, “em que o repasse de informações e conteúdos de ensino é predominante, não deixando muito espaço para o estudante desenvolver sua capacidade de reflexão crítica, o pensamento autônomo e o espírito cientifico e investigativo”. Assim sendo, verificou-se que, nas instituições de ensino, o foco está em apenas transmitir informações e conhecimentos e, não em construir o conhecimento juntamente com os alunos. Conforme frisam Freiberger e Berbel (2012), muitas universidades estão trabalhando na formação de professores com uma visão fragmentada de ensino e pesquisa. Em suas matrizes curriculares, revelam um grande abismo entre a teoria e a prática que deveria ser o foco principal. Ao notar-se a necessidade de integrar os conteúdos disciplinares, pedagógicos com a realidade prática que será enfrentada, e buscando trabalhar de forma interdisciplinar, promoveria possibilidades para que o acadêmico use da versatilidade própria para argumentar, questionar, se contrapor, pensar criticamente, com autonomia e criatividade. Certamente que o resultado seria honroso. Segundo os autores Assis e Bonifácio (2011, p.39), as universidades devem ser “associadas com a investigação científica, com o desenvolvimento cultural e científico voltado para os problemas nacionais e regionais”. Com isso, entende-se que as Universidades precisam formar profissionais capazes de, além de refletir sobre suas práticas, tenham
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autonomia de compreender a sociedade onde estão inseridos e, assim, intervir na realidade em que se encontram. Segundo Amaral (2003, p.168) um professor deve “(...) saber transformar o conhecimento produzido pela pesquisa em matéria de ensino, transitar no contexto curricular e histórico social, (...) buscar participação do aluno na produção do conhecimento”. Sabe-se que esses são os desafios encontrados nesse contexto contemporâneo. E, para que o aluno seja participante e, não apenas, reprodutor na produção do conhecimento, é necessário que a Universidade estabeleça relações entre ensino, pesquisa e extensão, articulando-os para que se consiga mudanças significativas nos processos de ensino-aprendizagem, visando dar subsídios à atuação do docente e discente na sociedade onde está (DIAS, 2009). A associação do ensino, da pesquisa e da extensão na Universidade Quando os alunos chegam às Universidades, se deparam com uma realidade totalmente diferente da que estavam acostumados. Em virtude disso, é importante incentivá-los a buscar uma formação de qualidade, propiciando-lhes momentos em que podem pesquisar, apresentar e contribuir para a comunidade a sua volta. Bonifácio e Assis concordam que a Universidade enquanto formadora de profissionais, precisa oferecer a possibilidade de o aluno adquirir o conhecimento para uma formação mais ampla, não apenas na sala de aula, por meio do ensino, como também participando de projetos extensionistas e de iniciação científica (ASSIS E BONIFÀCIO, 2011, p. 41).
Desse modo, entende-se que ao concretizar essa indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão contribui-se para uma formação profissional mais rica, que possibilita ao aluno experienciar, também, indissociabilidade entre a teoria e a prática, pois ele terá contato direto com o meio em que está inserido.
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Os projetos de extensão na Universidade funcionam como forma de promover o acesso da comunidade universitária local à diversas formas de informação e de conhecimentos relacionados às diversas áreas de conhecimento. Nesse caso, compartilha-se com Reis (2015) que a atividade de extensão universitária “é um processo de articulação entre ensino e pesquisa, (...) tem a finalidade de promover ações integradoras, articulando teoria e prática dos saberes necessários para a transformação da sociedade” (REIS, 2015, p. 11). Sendo assim, os projetos de pesquisa é que se transformam em projetos de extensão, por isso, a importância dessa associação, um está vinculado ao outro. Ocasionados pelas rápidas mudanças que caracterizam a sociedade contemporânea, pode-se considerar que o conhecimento, na mesma proporção, é velozmente mutável. Os profissionais devem buscar sempre atualizá-los. Com isso, a universidade não pode se prender apenas aos aspectos disciplinares, mas usar esse espaço para gerar um processo de ensino e aprendizagem vinculado com suas vivências em meio à sociedade. Nesse sentido, Dias acredita que o (...) ensino com extensão e pesquisa aponta para a formação contextualizada aos problemas e demandas da sociedade contemporânea, como parte intrínseca da essência do que constitui o processo formativo, promovendo uma nova referência para o processo pedagógico e para a dinâmica da relação professor aluno, na medida em que se compreende as atividades de pesquisa e extensão como expedientes vitais ao processo de ensino-aprendizagem na graduação vinculados á vivência do/no real, numa relação dialética entre teoria e pratica (DIAS, 2009, p.43).
Com isso, entende-se que o conhecimento gerado e aprimorado na Universidade não deve percorrer apenas dentro dela, mas, sim, levado para a comunidade, buscando contribuir na resolução dos problemas enfrentados por ela. O aluno deve compreender que essa associação é extremamente importante no seu processo de ensino-aprendizagem. Aí está concretizada a relação dialética entre a teoria e a prática.
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Professor crítico-reflexivo: um movimento indispensável Para que ocorra uma boa formação profissional, o ensino aplicado deve ser integrado à pesquisa. O novo aprendiz traz consigo seus conhecimentos prévios como ponto inicial. Por meio de questionamentos e problematizações, ele será levado a refletir e indagar sobre sua nova realidade, bem como os conhecimentos gerados por esta articulação. Assim, será levado ao espírito científico e ao pensamento crítico/reflexivo. Dias (2009) defende a importância de se possibilitar que os alunos vivam experiências significativas, que os permita refletir sobre as problemáticas que se encontram na atualidade de modo que ao se formar perceba a relevância dos conhecimentos produzidos e acumulados, seja capaz de construir uma formação acadêmica que compreenda as necessidades sociais de sua comunidade. Segundo Assis e Bonifácio (2011, p. 40), “dialogar com a realidade talvez seja a definição mais adequada de pesquisa porque a compreende como um princípio científico e educativo”. Entende-se que a pesquisa busca contribuir na formação de professores e para o progresso do conhecimento. À medida que o indivíduo desenvolve uma pesquisa, ele adquire um olhar mais crítico e reflexivo, tendo em vista que a “produção científica atua como promotora do conhecimento” (ASSIS E BONIFÁCIO, 2011, p. 44). Para que isso ocorra, é fundamental que o “professor acadêmico” desperte em seus alunos a vontade de participar de projetos de pesquisa motivados pela busca de novos conhecimentos. Neste sentido, Assis e Bonifácio afirmam que: A produção científica é a parte indispensável no processo de formação de professores, constitui-se como uma forma de formar o aluno um profissional crítico e reflexivo e, acima de tudo, que esteja apto para agir e transformar a sua realidade, quando necessário (ASSIS E BONIFÀCIO, 2011, p. 45).
Sendo assim, compreende-se a importância de se trabalhar atividades que envolvam a pesquisa desde o curso de graduação, uma vez que estas promovem o conhecimento e também contribuem para que os
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professores desenvolvam uma prática reflexiva. Dias (2009, p.46) defende que ao “falarmos em produção do conhecimento, parece que sempre nos referimos a pesquisa como seu sinônimo”. Com isso, percebe-se que a pesquisa deve ser um fator indispensável no processo de aprendizagem, uma vez que ela pode ser a via que incentivará o indivíduo a participar da reconstrução e aprimoramento dos conhecimentos e assim levá-lo para uma aprendizagem de qualidade. Sendo assim, entende-se a formação de professores conforme Moura (2003, p. 137): “é que este [o professor] ao formar também se forma” e um professor só consegue essa façanha se refletir sobre suas práticas pedagógicas. É necessário que ele faça esse movimento contínuo de pensar nas suas atitudes enquanto professor pesquisador, investigador, assim se formará continuamente. Paulo Freire destaca que: Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses fazeres se encontram um no corpo do outro Enquanto ensino contínuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade. (FREIRE, 2011, p. 30)
Com isso, compreende-se que o ensino está ligado à pesquisa, de maneira que ao ensinar, o professor estará sempre buscando novos conhecimentos. Ao respeitar os saberes dos alunos, o indivíduo se educa ao educar e tem a oportunidade de conhecer novos conceitos e fazeres que contribuirão para ampliar seus conhecimentos na medida em que pesquisa. Para Amaral (2003), existem vários desafios encontrados pelo profissional da educação na realidade de seu cotidiano, então é fundamental que ele faça esse movimento reflexivo, buscando subsídios teóricos para conseguir a construção de novos conhecimentos e, assim, buscar novas alternativas para superar esses desafios. Comunga-se com o autor quando ele propõe que a pesquisa, quando vinculada às práticas pedagógicas, propicia aos indivíduos a articulação entre a teoria e a
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prática. Ao investigar, o indivíduo se apropria de novos conhecimentos que perpassam a sua própria prática, levando-o a conhecer a realidade da formação continuada. A pesquisa como geração de conhecimento na UEG Câmpus Inhumas Buscou-se nesta pesquisa mapear e caracterizar os temas/objetos de conhecimento que estão sendo desenvolvidos nos projetos de pesquisa em questão referente ao ano de 2015. Segundo o Projeto Pedagógico do Curso (PPC) de Pedagogia da UEG Câmpus Inhumas, são oferecidas 15 linhas de pesquisa. Nota-se que as linhas mais investigadas na Universidade é a de Formação Docente e Práticas Pedagógicas com cinco projetos. Na sequência, tem-se: Educação e Diversidade; e Ensino de Língua Portuguesa, com três; Gestão do Conhecimento e Ensino de Língua Portuguesa, com dois. O restante, há um projeto de pesquisa cada. Vale lembrar que Linguagem, Discurso e Sociedade, Educação, Cultura e Movimentos Sociais, e Educação Infantil não possuem projetos de pesquisa cadastrados no ano de 2015. Sendo onze projetos vinculados ao curso de Pedagogia e nove no curso de Letras. A partir da coleta de dados, identificou-se que, na UEG/Câmpus Inhumas, possuía, em 2015, vinte projetos de pesquisa em vigência, com a participação de 17 professores e apenas seis projetos com o envolvimento de alunos na iniciação científica. Foram entrevistados dez professores da UEG/Câmpus Inhumas. Dentre eles, estão coordenadores de curso, coordenadora de pesquisa, diretora e professores com projetos de pesquisa vigentes em 2015 e cinco alunos envolvidos neles, sendo que um é voluntário e os outros bolsistas do Programa Próprio de Bolsas de Iniciação Científica da Universidade. Após a coleta e organização de dados, foi possível perceber as concepções que os professores e alunos da UEG Câmpus Inhumas tem sobre pesquisa, conhecimento, ensino, extensão, entre outros. Apresentamos, a seguir, a análise dos dados levantados.
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Da pesquisa com bolsistas Ao realizar as entrevistas com os bolsistas, foi possível identificar que a maioria deles acredita que conhecimento é tudo aquilo que se sabe que se adquiri ao logo da vida, independentemente, de sua origem, seja religiosa, familiar, escolar ou cultural. Entendem que a pesquisa significa produção de conhecimento, ou seja, buscar investigar o objeto de estudo com propriedade, investigar respostas para as problemáticas levantadas por meio de diversas metodologias, com muita clareza, pautadas em um referencial cabível. Ao serem questionados, sobre a formação deles após participar na iniciação científica, todos responderam haver percebido uma grande evolução na escrita e na oralidade. Esse avanço possibilitou a participação em eventos científicos nos quais tiveram a oportunidade de ampliar e socializar os conhecimentos produzidos, oportunizando a eles compreenderem melhor as metodologias científicas, bem como aprimorarem as suas produções acadêmicas. Da pesquisa com Docentes Ao analisar as respostas apresentadas pelos professores, entendeuse que a maioria acredita que o suporte que a UEG oferece aos professores e alunos que se interessam por pesquisa pode e deve ser melhorado no sentido de aumentar o número de bolsistas bem como oferecer melhores condições de estudo aos pesquisadores. Apesar de citarem alguns avanços, ressaltam a necessidade premente de melhorias. Os professores acreditam que a pesquisa deve fazer parte desde o ingresso do aluno na universidade. Acreditam, também, que quanto mais cedo o aluno participar dessa atividade, melhor será a formação dele, pois a pesquisa deve ocorrer desde o início da formação. Apesar de todos os professores defenderem que a Universidade oferece a associação entre pesquisa e extensão, muitos demonstraram insatisfação. Alegaram que há algumas limitações físicas, materiais e humanas. Na perspectiva dos docentes, embora haja um esforço para melhorar essa associação, o número de projetos de pesquisa realizados no Câmpus
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Inhumas é muito maior que os projetos de extensão. Ao todo, são vinte projetos de pesquisa e apenas oito de extensão. O ideal é que dos projetos de pesquisa originassem projetos de extensão, buscando assim atender à comunidade. Nas concepções de graduação propostas pela UEG em seu PPI (2011), destaca-se que: o processo de ensino-aprendizagem que leva o discente se tornar sujeito do seu próprio processo de autoconhecimento, de aprendizagem, de formação, etc.; (...) A articulação – graduação, pós graduação (stricto e lato sensu), cursos sequenciais, licenciaturas parceladas, associados à pesquisa e à extensão; Articulação entre a teoria e prática; Formação efetiva a partir da realidade social (PPI, 2011, p. 20).
Entende-se que para se obter uma formação de qualidade, é fundamental que no decorrer da graduação a Universidade deixe de ser apenas um espaço de transmissão e veja o aluno como sujeito no processo de ensino aprendizagem, capaz de construir e produzir conhecimento. É dever dela propiciar ao aluno condição de desenvolvimento tal que seja possível a ele fazer a associação entre ensino, pesquisa e extensão, para que consiga articular-se entre a teoria e a prática para, futuramente, agir de forma efetiva e contribuir para a melhoria da sociedade. Ao serem questionados sobre se a pesquisa na Universidade necessitaria de melhorias, os entrevistados apontaram que é necessário aprimorar o suporte estrutural e incentivo financeiro. Nesse sentido, um melhor suporte para a participação em eventos e ampliação das concessões de bolsas para os alunos. De acordo com o PPI (2011 p. 22), a Universidade deve propiciar nos cursos de graduação “referenciais teóricos-básicos que possibilitem o trâmite em múltiplas direções, instrumentalizando o indivíduo para atuar de forma criativa em situações imprevisíveis”, possibilitando que o indivíduo desenvolva habilidades intelectuais que o capacite para construir uma base sólida para a contínua aquisição de novos conhecimentos. Assim,
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a aquisição de conhecimentos deve ir além da aplicação imediata, impulsionando o sujeito, em sua dimensão individual e social, a criar e responder a desafios. Em vez de ser apenas o usuário, que deve ser capaz de gera e aperfeiçoar tecnologias e processos. Torna-se necessário desenvolver a habilidade de aprender e recriar permanentemente, retomando o sentido de uma educação de continuada (PPI, 2011, p. 22).
Diante disso, entendeu-se que, ao impulsionar os alunos em suas capacidades individuais, sociais e de criatividade, ele será capaz de desenvolver suas habilidades, e fazer sempre esse movimento contínuo, de aprender, criar, recriar a fim de se estabelecer uma formação contínua e uma educação de qualidade. Sendo assim, também, entendeu-se que isso só seria possível garantindo a indissocialidade entre ensino, pesquisa e extensão. É necessário, portanto, que haja envolvimento dos alunos em projetos de pesquisa, pois não se faz pesquisa sem iniciação científica. Acredita-se que a associação entre ensino, pesquisa e extensão seja fundamental na formação do aluno, “pois quando é bem articulada, conduz a mudanças significativas nos processos de ensino e de aprendizagem, fundamentando didática e pedagogicamente a formação profissional (PPI, 2011, p. 29)”. Deste modo, entende-se que as ações de pesquisa e extensão devem fazer parte da estrutura curricular da Universidade. Segundo o PPI (2011, p. 30), a articulação entre o ensino, a pesquisa e a extensão “deve ser uma tarefa de todos os docentes da Universidade, em todos os momentos ou em todas as disciplinas em que se fazem presentes, na condução do processo pedagógico de ensino e de aprendizagem”. Logo, cabe ao professor criar situações de aprendizagem em suas disciplinas, articulando sempre o ensino, a pesquisa e a extensão. Da pesquisa com bolsistas e docentes No campo da percepção macro da UEG, conforme o PPI, a pesquisa realizada na Universidade objetiva “a produção do saber e tem
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na investigação cientifica o suporte para a resolução de questões pertinentes à melhoria de qualidade de vida da sociedade (PPI, 2011, p. 45)”. Em contrapartida, no relato dos professores entrevistados, ficou evidente que a pesquisa é fundamental na formação tanto dos professores quanto dos alunos e é importante para o amadurecimento intelectual e para toda forma de desenvolvimento e de aprendizagem do aluno na Universidade. É a via que possibilita um aprofundamento nos conhecimentos e uma construção mais sólida e mais comprometida com as questões sociais, uma vez que aproxima os pesquisadores da realidade pesquisada. Segundo os alunos entrevistados, a pesquisa é importante para a formação do conhecimento, de conceitos e também para auxiliar nas reflexões. Notou-se que todos que os professores acreditam que as contribuições são grandes tanto para eles quanto para os alunos, pois, todos crescem. Crêem que a pesquisa promove uma maior interação entre o sujeito e o conhecimento. Para os alunos, a pesquisa possibilita a construção do saber, por meio da relação do conhecimento teórico e o contexto empírico. A busca do conhecimento através da pesquisa leva o profissional à formação continuada, essencial em sua práxis. De acordo com o PPI (2011), a iniciação científica é um instrumento de formação de recursos humanos qualificados e tem por objetivos estimular a vocação cientifica, (...) fornece ao discente uma orientação no intuito de integrar ensino e pesquisa de forma indissociável, possibilita aprofundamentos de sua formação, com conseqüente aumento em sua captação profissional (PPI, 2011, p. 46).
A iniciação científica possibilita aos alunos e docentes desenvolverem suas habilidades, à medida que se aprofundam nos conhecimentos. Durante o processo formativo, observou-se que os alunos envolvidos, melhoraram sua oralidade, escrita, desenvoltura e sua criticidade. Ambos, professores e alunos, acreditam que a pesquisa contribui para a formação de um profissional crítico e reflexivo. Segundo os
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docentes, quando o aluno ingressa na pesquisa, ele passa a ter mais condições de escrita, leitura e análises, aproximando-o das reflexões entre teoria e prática. Por outro lado, os alunos enfatizaram a contribuição para a formação do conhecimento e, consequentemente, a apreensão de novos conceitos, idéias, e informações pertinentes à educação e à formação em geral. Segundo o PPI (2011, p. 28), “o professor reflexivo utiliza a sua prática como reflexão, com bases teóricas e, assim, a reflexão estrutura a ação. (...) A reflexão tem como objetivo a integração de melhores conhecimentos e melhor atuação”. Portanto, articular a teoria e a prática gera a atitude possível de refletir e, assim, se estrutura melhor as ações, uma vez que é através de questionamentos que o indivíduo consegue ter autonomia nas suas próprias práticas. A divulgação do que se faz ou se está realizando na Universidade é uma questão que merece ser salientada. Esta investigação focou este problema e alicerçada nas respostas obtidas entre os entrevistados, constatou-se que a SAIBA MAIS Acesse o QR Code maior parte dos professores acredita que a ou o link: https://bit.ly/2tJhfdY divulgação pode e deve ser melhorada. Para a eficácia dos projetos, é necessário que haja envolvimento dos alunos. Para os alunos, as divulgações dos projetos na instituição, vem crescendo gradativamente, porém, não consideram ainda satisfatória para o âmbito universitário. Segundo a maioria dos alunos entrevistados, a divulgação mais precisa das pesquisas realizadas pelo corpo docente aconteceu após o Simpósio de Pesquisa e Extensão, o I SIMPEX, realizado em 2015. Ficou claro também que cinco dos professores entrevistados, citaram um avanço nessa divulgação a partir do SIMPEX (Simpósio de Pesquisa e Extensão), resultado de uma das ações do Estágio de Pósdoutorado da segunda autora deste capítulo, que ocorreu na IV Semana de Integração, em Junho de 2015. Segundo Reis (2015), o SIMPEX: Consiste em um evento cientifico de abrangência internacional, cuja finalidade é integrar e promover o intercâmbio entre a
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produção científica de acadêmicos, egressos, professores dos cursos de Letras e Pedagogia e comunidade em geral, em uma perspectiva integradora e interdisciplinar, objetivando a formação profissional diante dos desafios educacionais contemporâneo. (REIS, 2015, p.16)
Notou-se que a criação desse evento proporcionou uma divulgação mais eficaz porque foram apresentados os vinte projetos de pesquisa e os oito projetos de extensão, em um momento de diálogo, aberto para perguntas. Segundo Reis (2015), “o momento proporcionou um amplo diálogo entre os pesquisadores e participantes em geral sobre os projetos apresentados” (REIS, 2015, p.18). Segundo o PPI (2011), o docente da UEG deve “desafiar os discentes em projetos de investigação de saberes já proclamados, ou na produção cientifica de novos conhecimentos, (...) comprometer-se com a produção científica (PPI, 2001, p. 33)”. O ensino da pesquisa e da extensão devem ser articulados no cotidiano dos alunos e terem vista na matriz curricular da Universidade, disseminando os resultados para a sociedade. Constatou-se, nesta pesquisa, a partir dos dados obtidos pelas entrevistas, que a quantidade de projetos de pesquisa, desenvolvidos na UEG/ Câmpus Inhumas, em 2015, contava com um número muito pequeno de alunos envolvidos, de vinte projetos, em apenas seis tem a participação de alunos de iniciação científica. Considerou-se um número muito pequeno, uma vez que acredita-se que a pesquisa sem a participação de alunos tem um fim em si mesma, não age de forma integradora, mas, sim, apenas para atender aos interesses pessoais do investigador. Identificou-se que a UEG/ Câmpus Inhumas busca a associação entre ensino, pesquisa e extensão, mas precisa ser melhorada, assim como a divulgação desses projetos, pois muitos alunos ainda não tem conhecimento do que acontece na Universidade. Considerações Finais Ao finalizar este capítulo, é possível considerar que a pesquisa é fundamental na formação continuada dos professores, bem como na
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inicial dos alunos. Ficou claro que não há como desvincular a pesquisa do processo de formação profissional do professor. O ato de pesquisar deve sempre estar presente na vida de educadores e alunos, constituindo-se em uma ação transformadora. Para tanto, entendemos que não se dicotomize teoria e prática, mas, pelo contrário, que haja um assimilar unilateral dessa verdade porque, certamente, ela conduzirá o sujeito (seja aluno ou professor) a buscar uma formação continuada, que por sua vez, promoverá o ato de pensar e refletir sobre as práticas com mais criticidade. Vale salientar aqui, que apesar das dificuldades encontradas, a UEG/Câmpus Inhumas tem procurado considerar a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. O ideal seria que, em todos os projetos de pesquisa, houvesse o envolvimento de alunos para que, a partir daí, os projetos de pesquisa de transformem e se transfigurem em projetos de extensão para atender à comunidade e cumprir a sua real função relacionada à produção e à socialização dos conhecimentos. Identificou-se, através da percepção dos docentes e alunos participantes de projetos de pesquisa que, quando o aluno tem a oportunidade de participar de um projeto de iniciação científica, ele amplia e aprimora seus conhecimentos à medida que faz as leituras diferenciadas. Com isso, ele agrega ao conhecimento apenas empírico, novos dados, novos saberes, gerando, a partir daí, um aluno, um profissional e, também, uma pessoa mais crítica e mais reflexiva. À medida que os projetos de pesquisa dialogam com a área da formação, os docentes e os acadêmicos desenvolvem seu senso investigativo e reflexivo, bem como outras inúmeras habilidades, como a criatividade, a interpretação, a leitura, a oralidade e a escrita, gerando no indivíduo novas formas de lidar com os problemas que advirão, tanto na área profissional, como também na sua vida pessoal. Sendo assim, consideramos de suma importância a participação dos alunos em projetos de pesquisa, uma vez que se faz necessário para que o indivíduo se torne crítico e reflexivo, para assim exercer sua profissão com autonomia e uma formação de qualidade.
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CAPÍTULO 6
Observatório de Ideias e Núcleo de Pesquisa: a construção e a divulgação de conhecimento Ecinele Pereira Nascimento Marlene Barbosa de Freitas Reis
E
ste capítulo apresenta uma pesquisa desenvolvida na Universidade Estadual de Goiás (UEG), Câmpus Inhumas, no período de 2015 a 2017, com o título Núcleo de Pesquisa: Gestão da Informação, Educação e Formação no Observatório de Ideias da UEG/Inhumas. A questão que norteou esta investigação foi a seguinte: em que medida os conhecimentos gerados SAIBA MAIS e produzidos na pesquisa e extensão da Acesse o QR Code ou o link: UEG/Câmpus Inhumas contribuem para https://bit.ly/2Munc69 a autoformação e heteroformação do professor pesquisador e extensionista? Partimos do reconhecimento de que vivemos tempos de acelerada evolução tecnológica e isso nos leva à necessidade de buscar o desenvolvimento de uma aprendizagem interativa que, segundo Demo (2000), se torna mais facilmente realizável por meio de espaços digitais, nos quais esse conhecimento possa ser veiculado. Desse modo, buscamos discutir e refletir sobre a importância do uso consciente e crítico da tecnologia e da internet na construção do conhecimento e gestão da informação. Assim, a construção das reflexões ora expostas, parte da perspectiva de que é na educação e por
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meio dela que os instrumentos tecnológicos mais variados podem ser melhor aproveitados. A criação do Observatório de Ideias da UEG (Observatório) e do Núcleo de Pesquisa da UEG/Câmpus Inhumas apresenta-se como resposta a essa necessidade, posto que, de acordo com Reis (2015), o Observatório tem como principal eixo temático a Gestão da Informação em Educação e Formação, organizando e disponibilizando as informações relacionadas às atividades desenvolvidas nos eventos científicos, cursos de pós-graduação, entre outros. Essa importância se amplia, de acordo com Freitas (2016), devido ao: [...] seu alcance e a diversidade de ações relacionadas à educação e a formação de professores desenvolvidas por professores pesquisadores e ao esforço coletivo de gerar uma ferramenta que pudesse contribuir no exercício de fazer a gestão do conhecimento gerado nas áreas de educação e formação. [...] destacando os desdobramentos que as atividades registradas inicialmente apresentam e as novas atividades decorrentes das já existentes. Chamamos de atividades, nesse contexto, as ações de pesquisa, de ensino e de extensão que geram produtos como eventos, publicações e cursos, por exemplo, que são considerados espaços privilegiados para a criação e disseminação de conhecimentos que precisam ser organizados, selecionados e disponibilizados para que a comunidade possa utilizá-los e, principalmente, a partir deles gerar novos conhecimentos (FREITAS, 2016, p.110)
Em consonância com as considerações desta autora, Reis (2015) esclarece ainda que o Núcleo de Pesquisa constitui-se num espaço destinado à divulgação e socialização do conhecimento produzido a partir das pesquisas e dos projetos de extensão realizados na UEG/Câmpus Inhumas, o que contribui para a garantia do princípio básico da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
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Nesse sentido, o objetivo central desta pesquisa foi analisar em que medida os conhecimentos gerados e produzidos na pesquisa e extensão da UEG/Câmpus Inhumas contribuem para a autoformação e heteroformação do professor pesquisador e extensionista, particularmente no que diz respeito à sua percepção sobre a utilização do Observatório e do Núcleo de Pesquisas para divulgação desses conhecimentos. Metodologia Para realizar este estudo utilizamos da abordagem qualitativa sem, entretanto, desprezar os dados quantitativos. Seguindo o cronograma elaborado inicialmente, desenvolvemos a pesquisa em etapas: a primeira composta de levantamento bibliográfico, principalmente de autores como Castells (2003), Cortella (2008), Demo (2000), Freitas (2016), Hargreaves (2003), Kenski (2007), Lüdke e André (1986), Reis (2014) e Santos (2005); reuniões com a orientadora e a equipe do projeto em que eram realizadas discussões, reflexões, fichamentos e produção de textos para participação em eventos científicos; e, por último, a realização da pesquisa empírica com o levantamento de dados por meio de entrevista semiestruturada com os docentes da UEG/Câmpus Inhumas. Desse modo, nos inteiramos a respeito da percepção dos docentes da UEG/Câmpus Inhumas sobre a utilização do Núcleo de Pesquisa e Observatório para divulgação dos conhecimentos produzidos a partir dos projetos de pesquisa e extensão em desenvolvimento, no período desta pesquisa. Resultados e discussão Para Castells (2003, p.10), a internet é uma tecnologia particularmente maleável, “suscetível de ser profundamente alterada por sua prática social, e conducente a toda a uma série de resultados sociais potenciais – a serem descobertos por experiência, não proclamados de antemão”. Assim, entendemos que se faz necessário difundir e ampliar este importante canal de comunicação, que visa possibilitar o acesso e integração conjunta com o saber e o conhecimento. A busca por utilizar estes meios e recursos,
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possibilita-nos uma plena socialização de informações que podem mudar a realidade vigente e na qual somos protagonistas. Nessa direção, a UEG/Câmpus Inhumas contribui efetivamente com a divulgação dos conhecimentos construídos, razão de ser da própria pesquisa, uma vez que esta serve aos seus propósitos tendo em vista que se tornam acessíveis. Desse modo, vemos, na criação do Observatório e do Núcleo de Pesquisa, ferramentas que servem não apenas ao próprio Câmpus, mas a toda comunidade acadêmica e à sociedade em geral, uma vez que é um portal de fácil acesso1. De acordo com as informações disponíveis no sítio do Observatório, O Observatório organiza e disponibiliza as informações relacionadas às atividades como os eventos científicos, cursos de pósgraduação e pesquisas que podem atender também às demandas de outros estudos e pesquisas. As informações estão organizadas e sistematizadas neste portal institucional, que se constitui em um espaço para disseminação e expansão da informação nessa área de conhecimento. (www.observatorioueg.com.br)
Para os alunos, bem como para docentes locais ou de outras comunidades acadêmicas, encontrar todas essas informações num só espaço virtual torna-se uma ferramenta facilitadora e extremamente útil. Conforme Hargreaves (2003, p. 33), a internet é como um mundo em que “o conhecimento é um recurso flexível, fluido, sempre em expansão e mudança”, viabilizando aos interessados informações que abrem oportunidades de acesso à formação continuada. O Núcleo de Pesquisa foi, de acordo com Reis (2015), [...] criado em 2015, está vinculado ao Observatório das Ideias da UEG e tem como objetivo estimular o desenvolvimento de pesquisas na Universidade Estadual de Goiás, constituir um espaço para a produção acadêmica e reflexão sobre temas rela1 www.observatorio.ueg.br
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cionados à Educação e aos Estudos da Linguagem. Considerando que o Câmpus Inhumas abriga dois cursos de Graduação, quais sejam: Licenciatura em Pedagogia e Licenciatura em Letras com habilitação em Língua Portuguesa, Língua Inglesa e respectivas Literaturas, o Núcleo de Pesquisa apresenta linhas multidisciplinares que dialogam com o tema da Educação, do Ensino de Línguas e de Literatura (REIS, 2015, p. 9).
Portanto, o Núcleo de Pesquisas contribui para acrescentar a docentes e discentes, oportunidade de aprendizado e crescimento, além de estender essa mesma possibilidade aos interessados da área em âmbito mundial, por estar disponível na rede (internet). Ao mesmo tempo em que faz valer um objetivo primordial da pesquisa, disseminando o conhecimento produzido, impedindo que ele fique limitado ao seu local de construção. A universidade é local de fonte e produção constante de pesquisa e construção de conhecimento. Portanto, nada mais apropriado que esta disponibilize o que é produzido em seu âmbito. Acreditamos que a universidade contribui com o entendimento de que esses conhecimentos devem ser socializados, disponibilizados, e de forma claramente acessíveis. Conforme pontua Reis (2014), isso se aplica particularmente à Universidade por ter o papel de lócus da produção e difusão de conhecimento. Assim, esta não deve abrir mão do que a tecnologia tem a oferecer no sentido de facilitar e viabilizar a divulgação em larga escala dos conhecimentos produzidos em seu âmbito. De acordo com Freitas (2016, p. 109), os Observatórios já são “comuns em algumas áreas do conhecimento, mas um recurso novo para a área de educação e formação de professores”. Desse modo, olhar a realidade sob esse prisma agrega ainda mais valor e importância ao Observatório de Ideias, posto que, no que se refere à educação e formação de professores, notamos que tem sido significativa a participação e produção em pesquisas na área, além do desenvolvimento e avanço em projetos, cursos e eventos na extensão universitária. Por isso, percebemos um estímulo para novos projetos de pesquisa, acrescentando saberes que podem, por meio do portal, ir muito além dos muros da univer-
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sidade, avançando limites que não podem ser medidos. Conforme afirma Demo (2000, p.127), é preciso passar “da aprendizagem linear para a hipermídia, saindo da estocagem de informação para atingir o nível da interação, no ambiente da hipermídia, onde uma informação pode puxar a outra em sentido exponencial”. A docência não é uma atividade estática, pelo contrário, está sempre em processo de aperfeiçoamento, de aprendizagem, de mudança, o que exige uma formação qualificada e que inclua tanto a teoria quanto a prática, portanto, práxis. A responsabilidade de ensinar-aprender é tão valiosa que reveste o preparo acadêmico– científico do docente do maior zelo possível para o exercício da profissão. O professor dialógico, mediador, transformador, consciente da importância de seu papel, tem também, a certeza da necessidade de seu próprio crescimento, da contínua aprendizagem e da responsabilidade de aprimorar conhecimentos. Portanto, acreditamos que a existência de uma ferramenta digital como o Observatório de Ideias, pode contribuir, significativamente, para o processo formativo do seu usuário. Consideramos as concepções de Farias (2011), ao elucidar o espírito pesquisador, crítico e reflexivo do professor, uma vez que ele não pode ser apenas reprodutor, mas também um produtor de conhecimentos. Só assim, poderá ser um agente de mudança social. Para esta autora: A formação configura-se como atividade humana inteligente, de caráter dinâmico, que reclama ações complexas e não lineares. Trata-se, pois, de um processo no qual o professor deve ser envolvido de modo ativo, precisando continuamente desenvolver atitude de questionamento, reflexão, experimentação e interação que fomentem a mudança. Implica, pois, romper de forma radical com práticas formativas, cujos parâmetros fixos e predeterminados, derivados de processos estanques e conclusivos, negam os professores como sujeitos produtores de conhecimento (FARIAS et. al., 2011, p. 68).
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Outra característica do professor mediador é que ele se reconhece como um ser inacabado, que nunca está pronto, mas em constante construção. Isso o aproxima dos alunos, pois não se vê superior a eles, mesmo possuindo mais experiência e conhecimentos específicos da área com a qual trabalha, conforme nos alerta Freire (2009, p.136): “seria impossível saber-se inacabado e não se abrir ao mundo e aos outros à procura de explicação, de respostas a múltiplas perguntas. O fechamento ao mundo e aos outros se torna transgressão ao impulso natural da incompletude”. Partindo deste pressuposto, o professor que demonstra estar em constante aprendizagem inspira seus alunos a valorizarem o conhecimento. Como mediador, ele desafia seus alunos a buscarem o saber, fazendo com que se reconheçam capazes e, nesta busca, “ao ensinar-lhe certo conteúdo, desafiá-lo a que se vá percebendo na e pela própria prática, sujeito capaz de saber (FREIRE, 2009, p.124). A par disso, acreditamos que a contribuição de conhecimentos produzidos por meio da pesquisa, seus resultados e sua divulgação, educadores e educandos poderão construir uma realidade mais crítica e humanizada, isto é, uma “ação transformadora consciente, que é exclusiva do ser humano e a chamamos trabalho ou práxis; é consciência de um agir intencional que tem por finalidade a alteração da realidade”, conforme pontua Cortella (2008, p. 37). Ressaltamos, portanto, a importância da postura do professor, tendo em vista que ele é, antes de tudo, alguém que está em processo constante de construção de conhecimento. Segundo as considerações de Cortella (2008, p. 148), “só é um bom ensinante quem for um bom aprendente. Se, professores e professoras que somos, não formos bons aprendentes não conseguiremos ser bons ensinantes”. Partindo de uma perspectiva da prática docente dinâmica, produtiva e investigadora, enfatizamos nesta pesquisa a necessidade de o professor estar em constante busca por conhecimento. Sobre este assunto, Demo (2000, p.38), esclarece que “só conseguimos aprender
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bem, quando estamos por inteiro engajados no processo, como sujeitos comprometidos e autônomos”. Podemos entender que somente um professor que ama aprender poderá formar alunos amantes do aprendizado. Somente tendo um pensamento autônomo, poderá contribuir para formar outros também autônomos. Alunos pesquisadores só serão formados e influenciados à pesquisa por professores pesquisadores. Muito mais do que instruir ou treinar, o professor tem a responsabilidade de ensinar a aprender. Em conformidade com as considerações de Demo (2000, p. 114): “o aluno terá sua melhor chance, se puder desenvolver-se sob os olhos atentos de um professor que é a própria imagem de quem... aprende a aprender”. Consideramos fundamental conhecer o posicionamento dos docentes da UEG/Câmpus Inhumas a respeito do uso da tecnologia digital e, particularmente, do Núcleo de Pesquisa e Observatório de Ideias como ferramentas para publicação e veiculação dos conhecimentos produzidos em nosso meio acadêmico. Entendemos que, uma vez que o uso de tais ferramentas constituam um hábito entre docentes e discentes da instituição, mais facilmente, os conhecimentos poderão ser veiculados e, consequentemente, mais significativos no processo formativo. A partir destas reflexões notamos que tanto a pesquisa bibliográfica quanto a empírica, apontaram para a mesma direção: a importância da pesquisa e da extensão na formação do docente. Nesta mesma direção, vimos o fato de a universidade ter papel fundamental nesse processo e, no caso específico desta pesquisa, que o Observatório de Ideias e o Núcleo de Pesquisa 2, se apresentam como ferramentas importantes e facilitadoras neste processo, cumprindo o importante e necessário papel de tornar público e acessível os resultados desses esforços. Dos resultados da pesquisa empírica Para a realização da pesquisa empírica, realizamos entrevistas gravadas em áudio e, posteriormente, as transcrevemos. Isso foi feito nos meses 2 www.observatorio.ueg.br
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de fevereiro e março do ano de 2016 e possibilitou a análise de pontos importantes para conclusão desta pesquisa, como veremos a seguir. Os vinte docentes com projetos de pesquisa que atuam na UEG/ Câmpus Inhumas foram convidados a participar da pesquisa, mas dez responderam à entrevista. Denominamos os entrevistados como E1 (entrevistado 1) e, assim sucessivamente, obedecendo a ordem cronológica de realização das entrevistas. As questões propostas objetivaram conhecer a percepção desses sujeitos sobre o objeto da pesquisa, isto é, o Observatório de Ideias e do Núcleo de Pesquisa como ferramenta na Gestão da Informação, Educação e Formação na UEG/Câmpus Inhumas. Na primeira questão, buscamos saber dos docentes qual a importância dada por eles à pesquisa e extensão em sua formação pessoal e profissional. As respostas foram unânimes em salientar que ambos são fundamentais, pois formam o tripé da estrutura acadêmica, que fica incompleta se faltar algum de seus pilares: ensino– pesquisa– extensão. Um dos sujeitos entrevistados (E8)3 afirmou que: Para o profissional de educação, principalmente o atual no âmbito da Universidade, é de grande importância, pois é através da pesquisa e da extensão que este profissional está em constante aprendizado, renovando a cada dia seus conceitos epistemológicos por meio da imersão em novas dicotomias e/ou vertentes linguísticas que emergem no campo dos saberes.
Notamos que, os poucos docentes que afirmaram não terem tido a oportunidade de vivenciarem a experiência de pesquisa e extensão em seu preparo acadêmico, sentiram um déficit e, uma vez na docência, buscaram repor e compensar essa falta, envolvendo-se de forma intensa em projetos de pesquisa e extensão. Eis as considerações de um deles: A importância de vivenciar eventos de extensão e coordenar um projeto de pesquisa, além de conviver com colegas e alunos 3 Entrevista realizada pela pesquisadora nodia 28/03/2016
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pesquisadores, e ser participante voluntário de diversas pesquisas acadêmico-científicas, sem dúvida, são experiências que enriquecem sobremaneira minha formação profissional, como docente, nutrindo meu desempenho no ensino. E, também, é claro, tornando uma pessoa melhor (E6)4.
As respostas se alinham com os conceitos de Pesquisa e Extensão adotados pela UEG, publicados no sítio institucional5: A Pesquisa desenvolvida na Universidade objetiva a produção do saber e tem na investigação científica o suporte para a resolução de questões pertinentes à melhoria da qualidade de vida da sociedade; [...] A Universidade Estadual de Goiás conceitua a Extensão Universitária como o processo educativo, cultural e científico que articula o Ensino e a Pesquisa, de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre a universidade e a sociedade, cuja relação estabelece o fluxo de troca de saberes sistematizados, acadêmico e popular, que tem como consequências a produção do conhecimento resultante do confronto com a realidade, com a democratização do conhecimento acadêmico e a participação efetiva da comunidade na atuação da Universidade.
As considerações dos entrevistados, em consonância com a pesquisa teórica, esclarecem-nos sobre a indissociabilidade entre ensino– pesquisa– extensão, deixando claro não tratar-se apenas do cumprimento de uma exigência acadêmica, mas de uma realidade prática e necessária para que se cumpra tanto o papel social da universidade quanto para que a formação dos alunos seja, de fato, eficaz e efetiva. Na pergunta seguinte, questionamos sobre as dificuldades ou limitações enfrentadas pelos docentes para o exercício da prática da pesquisa e extensão em seu cotidiano docente na UEG/Câmpus Inhumas. As opiniões variaram no que diz respeito à infraestrutura encontrada no Câmpus. Alguns afirmaram que esta é suficiente e não se apre4 Entrevista realizada pela pesquisadora no dia 25/03/2016 5 http://www.cdn.ueg.br/e http://www.pre.ueg.br/
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senta como fator dificultador; outros entendem que ainda é preciso melhorar no que se refere a esta questão. Um dos entrevistados considerou que há falta de interesse por parte de uma parcela dos docentes, sendo que este entrevistado (E3)6 pontuou que “não falta incentivo por parte da própria universidade, para quem queira pleitear os projetos”. Houve ainda referência à burocracia na submissão dos projetos, o que levaria a um desestímulo para o envolvimento em projetos. Mas o fator mais mencionado nas entrevistas foi a questão da falta de tempo, principalmente para os professores que não trabalham em sistema de dedicação exclusiva, pois dependem de completar sua carga horária em outras instituições. A comunicação entre os coordenadores-docentes-discentes foi outro aspecto citado como um problema percebido na UEG/Câmpus Inhumas, principalmente após a realização do I SIMPEX (Simpósio de Pesquisa e Extensão). Este evento aconteceu em 2015 e teve como principal objetivo apresentar à comunidade acadêmica todos os projetos de pesquisa e extensão em vigor. Segundo a maior parte dos entrevistados, após a realização deste evento, houve maior procura e interesse por parte dos alunos pelos referidos projetos. O SIMPEX foi um marco na história da divulgação e socialização dos conhecimentos produzidos na pesquisa e extensão na UEG/Câmpus Inhumas e é um evento que passou a fazer parte do calendário do Câmpus. Nas palavras de um dos entrevistados (E4)7: [...] a divulgação por conta do 1º Simpósio de Pesquisa e Extensão do Câmpus Inhumas, que aconteceu ano passado, em 2015, foi um trampolim para melhorar as informações e divulgar essas informações a respeito do que é desenvolvido tanto na pesquisa, quanto na extensão no Câmpus, então isso favoreceu muito, e a gente percebe que a partir daí, os próprios acadêmicos estão
6 Entrevista realizada pela pesquisadora no dia 29/02/2016 7 Entrevista realizada pela pesquisadora no dia 29/02/2016
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mais interessados em procurar os professores e ver o que eles estão pesquisando.
Na sequência da entrevista, procuramos conhecer a opinião dos docentes sobre a importância da divulgação dos conhecimentos produzidos na UEG/Câmpus Inhumas referentes à pesquisa e extensão. Sobre este assunto, os entrevistados foram unânimes em afirmar que há muito sendo produzido em nosso meio e que essa divulgação é fundamental, pois os discentes só vão perceber a importância da pesquisa e extensão na medida em que ela for uma realidade para os docentes. Um dos entrevistados (E5)8 mencionou que, para essa divulgação “hoje nós temos os canais virtuais da UEG, os sites [...] uma iniciativa positiva”. Essa afirmação corrobora com a fala de outro entrevistado (E6), que mencionou o fato de que antes “a gente trabalhava em gavetinhas, cada professor desenvolvia seu projeto, guardava na sua gavetinha, e o conhecimento ficava ali, preso [...]”, e acrescenta que: [...] a partir de 2015, com a proposta da criação do 1º Simpósio de Pesquisa e Extensão do Câmpus Inhumas, essa divulgação dos conhecimentos, ela tem se tornado muito mais rica e produtiva junto aos docentes e junto aos acadêmicos. E nós temos hoje, além disso, (...) o Observatório de Ideias [...].
Os depoimentos dos entrevistados estão de acordo com as considerações de Reis (2014) ao afirmar que o que acontece em grande parte das vezes é que o conhecimento produzido por meio da pesquisa e extensão nas universidades tem ficado ‘engavetado’, não sendo divulgado e disponibilizado nem no próprio ambiente em que é produzido, e menos ainda à sociedade em geral. Esse fato, por si só, já contraria a própria razão da produção de conhecimento, pois este deve servir como contribuição na continuidade dessa produção, deve servir para ajudar pesquisadores e estudiosos em seus trabalhos, e na aplicação de suas descobertas para solução de problemas.
8 Entrevista realizada pela pesquisadora no dia 22/03/2016
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Nesse enfoque, o Observatório de Ideias e o Núcleo de Pesquisa se apresentam como resposta e suprimento a essa necessidade, pois disponibilizam no portal www.observatorioueg.com.br, as informações relacionadas às atividades realizadas pela universidade como os eventos científicos, cursos de pós-graduação, pesquisas, entre outros. Desta forma, o Núcleo de Pesquisa compõe o Observatório de Ideias, constitui-se num espaço destinado à divulgação e informação dos conhecimentos produzidos a partir das pesquisas realizadas na UEG/ Câmpus Inhumas e propõe-se, portanto, a ser uma ferramenta na construção de conhecimentos dos docentes e discentes da UEG e na divulgação dos mesmos para toda a comunidade ligada à Educação. Ao serem questionados sobre o conhecimento ou não do Observatório de Ideias e o Núcleo de Pesquisa, e seu hábito em acessá-lo, alcançamos o seguinte resultado.
Gráfico 1 – Conhecimento ou não do Observatório de Ideias e o Núcleo de Pesquisa 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
Conhecem
Tem hábito de acessar Sim
Acessam no mínimo 1 vez por semana
Não
Fonte: Elaboração própria
Com exceção de um docente que não opinou por não conhecer o portal, todos os demais entrevistados afirmaram entender que o Observatório e o Núcleo contribuem efetivamente para a divulgação dos conhecimentos produzidos na pesquisa e extensão da UEG/ Câmpus
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Inhumas, o que consideramos como um indício de que o portal está, gradativamente, se tornando uma importante fonte de material para pesquisa em nosso meio acadêmico e caminhando para alcançar mais plenamente o objetivo para o qual foi criado. Finalizando nossa entrevista, abrimos a oportunidade para que os docentes deixassem alguma sugestão relativa ao assunto abordado e quase a totalidade dos entrevistados mencionou a necessidade de uma maior e mais expressiva divulgação do portal. De acordo com um dos docentes (E3): “[...] dedicar tempo para dar publicidade a ele, (...) o que falta, às vezes, é divulgar mais esse instrumento, popularizar mais o conhecimento sobre a ferramenta, divulgar mais esse recurso”. Uma sugestão foi relacionada ao SIMPEX, no sentido de que ele continue sendo espaço de divulgação, produção e socialização do que se produz na pesquisa e extensão. Chamou-nos atenção a afirmação do E6: “Não sei se é possível a criação de links para acesso direto aos anais dos eventos realizados no Câmpus Inhumas, como o da REVELLI9, pois algumas pessoas têm expressado suas dificuldades para acessá-los”. Outra sugestão que se refere às condições de trabalho foi destacada pela entrevistada (E8): “Que o nosso sistema de internet funcionasse adequadamente, pois a maioria das vezes o acesso ao Observatório é feito em outros locais, como por exemplo, em casa”.
Os relatos dos entrevistados apontaram para a constatação de que vivemos em um mundo e um tempo tecnológico e informatizado e que há grande influência desse fato em todas as áreas da vida, o que inclui de maneira acentuada a Educação. De acordo com Kenski (2007, p.47), [...] em relação à educação, as redes de comunicações trazem novas e diferenciadas possibilidades para que as pessoas possam se relacionar com os conhecimentos e aprender. Já não se trata
9 http://www.revista.ueg.br/index.php/revelli/index
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apenas de um novo recurso a ser incorporado à sala de aula, mas de uma verdadeira transformação, que transcende até mesmo os espaços físicos em que ocorre a educação. A dinâmica e a infinita capacidade de estruturação das redes colocam todos os participantes de um momento educacional em conexão, aprendendo juntos, discutindo em igualdade de condições, e isso é revolucionário.
Isso se aplica particularmente à universidade por ter o papel de lócus da produção e difusão de conhecimento. Nesse sentido, de acordo com Reis (2014), ela não pode abrir mão do que a tecnologia tem a oferecer no sentido de facilitar e viabilizar a divulgação em larga escala dos conhecimentos produzidos em seu meio. Considerações finais O objetivo central desta pesquisa foi analisar em que medida os conhecimentos gerados e produzidos na pesquisa e extensão da UEG Câmpus Inhumas contribuem para a autoformação e heteroformação do professor pesquisador e extensionista, particularmente no que diz respeito à sua percepção sobre a utilização do Núcleo de Pesquisas e Observatório de Ideias para divulgação desses conhecimentos. Por meio da pesquisa empírica, notamos que as opiniões dos docentes entrevistados foram unânimes em relação à importância deste meio de comunicação que foi criado para divulgação das ações realizadas pela universidade. Entretanto, vimos que se faz necessário um esforço e estratégia para maior divulgação destes, tanto no Câmpus Inhumas quanto nos demais Câmpus da UEG e em outros espaços virtuais da área. Os dados colhidos nas entrevistas mostraram ainda que os docentes da UEG/Câmpus Inhumas entendem como fundamental o papel da pesquisa e extensão na formação acadêmica juntamente com o ensino. Consideram ainda que, à parte das dificuldades encontradas individualmente no que diz respeito ao envolvimento nessas atividades de
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pesquisa e extensão, os conhecimentos produzidos na universidade precisam ser divulgados para que possam cumprir seu papel social. É importante, ainda, salientar que as reuniões de orientação, discussões e reflexões acerca do tema, bem como as leituras, foram fundamentais para a produção de textos sobre o assunto da pesquisa. Constatamos que tais atividades possibilitaram a participação em eventos científicos da área, que, sem dúvida foram muito importantes, tanto para o desenvolvimento da pesquisa quanto para o crescimento e experiências pessoais dos envolvidos. Fica a convicção fundamentada não só na teoria, mas também no que pudemos vislumbrar, na prática, que um projeto tão importante precisa continuar, evoluir e aprofundar-se. Precisa permanecer e ser constantemente alimentado, além de ser amplamente divulgado, primeiramente na própria comunidade UEG alcançando, ainda, todos os seus Câmpus; depois, toda a comunidade acadêmica, em especial aquelas que são comprometidas com a Educação, com as licenciaturas, além de profissionais da educação, conscientes da constante necessidade de investimento em sua formação continuada. Entendemos que os resultados desta pesquisa e os objetivos propostos para o desenvolvimento da mesma foram alcançados. No que se refere à experiência de participar de um projeto de pesquisa, ressaltamos que foi fundamental e acrescentou muito à nossa experiência pessoal, acadêmica e, acreditamos que, também na construção de um futuro profissional, uma vez que a visão e compreensão da necessidade e importância da pesquisa entranharam-se em nossa maneira de ver e pensar não só a educação, mas a própria vida. Referências CASTELLS, Manuel. A Galáxia da Internet: Reflexões sobre a Internet, os Negócios e a Sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor: 2003. CORTELLA, Mario Sérgio. A Escola e o Conhecimento: fundamentos epistemológicos e políticos. 12 ed. rev. e ampl. São Paulo: Cortez, 2008.
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DEMO, Pedro. Educação e Conhecimento: relação necessária, insuficiente e controversa. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. FARIAS, Isabel Maria Sabino de; et.al. Didática e Docência: aprendendo a profissão. 3 ed.Brasília: Liber Livro,2011. FREIRE. Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 39 ed. São Paulo:Paz e Terra, 2009. FREITAS, Carla Conti de. A gestão do conhecimento e a formação de professores: desdobramentos do Observatório de Ideias da UEG in SILVA, Armando Malheiro da (Org.). Gestão da informação, políticas públicas e territórios. Porto (Portugal): Universidade do Porto, 2016. HARGREAVES, Andy. O Ensino na Sociedade do Conhecimento: a educação na era da insegurança. Coleção Currículos, Políticas e Práticas. Porto: Porto Editora, 2003. KENSKI, Vani Moreira. Educação e Tecnologias: O novo ritmo da informação. Campinas, SP: Papirus, 2007. LÜDKE, Menga; ANDRÉ, E. D. A. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. REIS, Marlene Barbosa de Freitas. Projeto de Pesquisa Científica. Universidade Estadual de Goiás. Goiás: 2014. (impresso) REIS, Marlene B. de Freitas. Relatório Final de Estágio Pós-Doutoral. Universidade do Porto, Portugal, 2015 (impresso). SANTOS, Boaventura de Sousa. A Universidade no Século XXI: para uma reforma democrática e emancipatória da Universidade. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2005. UEG.http://www.cdn.ueg.br/arquivos/legislacao/conteudocompartilhado/1713/ ResCsU_2011_011.pdf em 08/04/2016 às 12:42 (Pesquisa) UEG. http://www.pre.ueg.br/conteudo/6433_apresentacaox em 05/04/2016 às 16:48 (Extensão) UEG. http://www.observatorioueg.com.br/post/campus-inhumas/observatorio. html acessado em 08/04/2017, às 18:45h
SOBRE OS AUTORES
CARLA CONTI DE FREITAS – Graduada em Letras Português Inglês (1995), Mestre em Letras e Linguística pela Universidade Federal de Goiás (2003), Especialista em Psicopedagogia, Avaliação Institucional e Docência Universitária. Doutora em Politicas Públicas, Estratégia e Desenvolvimento, UFRJ/UEG, (2013) e Pós-Doutorado na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Atua como Docente e Diretora do Câmpus Inhumas da Universidade Estadual de Goiás e docente do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Língua, Literatura e Interculturalidade (POSLLI/UEG). Tem experiência na área de Letras e com temas como abordagem transdisciplinar, formação de professores e multiletramentos. Email: carlacontif@gmail.com CRISTIANE RIBEIRO MAGALHÃES – Atualmente é aluna especial do programa de pós-graduação stricto sensu em Língua, Literatura e Interculturalidade - POSLLI. Possui graduação em Letras - Português e Inglês pela Universidade Estadual de Goiás (2012) e está cursando Complementação Pedagógica pela Faculdade Educacional da Lapa, na modalidade a distância (2017) e o curso de Pedagogia (UEG). Possui Pós graduação Lato Sensu em Novas Tecnologias da Educação pela Escola Superior Aberta no Brasil (2014); em Docência Universitária pela instituição Pós-graduação a Distância (2016); e, em andamento, em Lingua(gem), cultura e ensino (UEG). Possui também, curso de Inglês Básico, Intermediário e Avançado pela OLY Escola de Línguas e atualmente iniciou seus estudos em Francês (OLY Escola de Línguas).
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Gestão do conhecimento e formação de professores
Hoje é Técnica do Laboratório de Informática da Universidade Estadual de Goiás (UEG - Campus Inhumas-GO). Atua como professora voluntária no Centro de Idiomas (UEG) em especial, no Projeto “English for Kids”. É Professora de Informática Educacional na Escola Amor Perfeito, para a Educação Infantil e Anos Iniciais do ensino fundamental. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Informática Educacional e Inglês. Tenho interesse nas áreas de tecnologias na educação, tanto em laboratórios quanto ministrando aulas, Língua Inglesa e Língua Portuguesa. ECINELE PEREIRA NASCIMENTO – Licenciatura em Pedagogia, da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Câmpus Inhumas. Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica do CNPq/UEG no período de 2015-2016. E-mail: ecinele@gmail.com ELIZANE NASCIMENTO MOREIRA – Licenciatura em Pedagogia, da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Câmpus Inhumas. Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica BIC/UEG no período de 2015-2016. E-mail: elizanemoreira@outlook.com.br FABIANA CRISTINA PESSONI ALBINO – Mestre em Educação, Linguagem e Tecnologias pela Universidade Estadual de Goiás (PPG-IELT/UEG); especialista em Mídias na Educação, pela UFG (2013); Graduada em Letras Português/Inglês, pela UEG (2003); professora da rede estadual de educação – SEDUCE-GO; professora da Universidade Estadual de Goiás – UEG, Câmpus Inhumas. E-mail: fabianapessoni@gmail.com LUMA CRISTINA FERREIRA DE OLIVEIRA – Graduada em Letras pela Universidade Estadual de Goiás. Atua nos temas Tecnologia Digital na Educação, Tecnologia de Informação e Comunicação na formação de professores de línguas. Email: lumacrsitina22k@hotmail.com
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MARLENE BARBOSA DE FREITAS REIS – Pós-doutora em Gestão da Informação e Conhecimento pela Universidade do Porto, Portugal (2015). Doutora em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento pela UFRJ (2013). Mestre em Ciências da Educação Superior pela Universidad de La Habana – Cuba (2003). Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Goiás (1989). Professora no curso de Graduação em Pedagogia do Câmpus Inhumas e Docente do quadro permanente do Programa Interdisciplinar em Educação, Linguagem e Tecnologias (PPG-IELT), da Universidade Estadual de Goiás. Membro do grupo de pesquisa Formação de professores e saberes pedagógicos, cadastrado no Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil, CNPq E-mail: marlenebfreis@hotmail.com NATACHA KATIUSCIA DOS SANTOS DESINGRINI – Graduada em Pedagogia em 2015 pela UEG – Câmpus Inhumas. Especialista em Transdisciplinaridade e Interdisciplinaridade na Educação pela UEG, Câmpus Inhumas. Professora na Rede Estadual de Ensino de Inhumas. Participante do Programa de Iniciação Científica Voluntária da UEG no período de 2015-2016. E-mail: natykatiuscia@gmail.com SHIRLEY ALVES MACHADO – Graduada em Letras Português/ Inglês (UEG, 2017). Cursa pós-graduação Lato Sensu em Linguagem, Cultura e Ensino (UEG). Bolsista de extensão no projeto “Meninas da Vila” (UEG, 2016). Bolsista de Iniciação Científica (PIBIC/UEG, 2016-2017). Professora na Rede Estadual de Educação de Goiás. Tem experiência na área de Letras, em formação de professores e ensino de Inglês para crianças.
SOBRE O LIVRO Formato: 16x22,5cm Tipologia: Adobe Garamond Pro Papel de Miolo: Off-Set 90g Papel de Capa: Triplex 250g Número de Páginas: 102 Suporte do livro: Impresso Tiragem: Impressão: TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS BR-153 – Quadra Área, Km 99 – 75. 132-903 – Anápolis-GO www. ueg. br / Fone: (62) 3328-1181 2017 Impresso no Brasil / Printed in Brazil
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ique, pois, claro que o Observatório pode e deve ser entendido como instrumento de monitoramento, isto é, de observação contínua e critica, de análise cienti ca de comportamentos e acções e de desenho prospectivo de estudos monográ cos sobre segmentos abrangidos e explorados pelo processo global de observação. Em contrapartida, o Laboratório teve na sua gênese outra vocação e mesmo que estendamos o conceito para o campo próprio das Ciências Sociais não devemos pactuar com alterações semânticas excessivas ou esdrúxulas!... Laboratório deve manter a natureza de espaço de experimentação e/ou de teste e criação de descobertas teórico-aplicadas. Com alguma liberdade, tolerável, os Lab's podem con gurar-se, também, como espaços de formação cientí ca. Armando Malheiro da Silva Universidade do Porto
ISBN: 978-85-5582-042-7