ABIM | REGISTRO Nº 083-J
Jornal
O CONFRADE ÓRGÃO DA ACADEMIA GOIANA MAÇÔNICA DE LETRAS ANO 3 – NÚMERO 9
SETEMBRO / OUTUBRO 2021
GOIÂNIA-GO
editorial
OS CAMINHOS DA LITERATURA
O
s caminhos da literatura são sempre incertos e difíceis os caminhos da arte, especialmente aqueles que envolvem a arte literária. Em países como o nosso, proliferam as instituições mas com duração efêmera, ou então, embora não extintas, fadadas a um imobilismo frustrante, uma inatividade que beira à morte, ficando destinadas, então, então, ao esquecimento, ao silêncio da beira da morte. Não foi o que aconteceu com a ACADEMIA GOIANA MAÇÔNICA DE LETRAS, que em 2021 comemora seu terceiro ano. Criada com amor e fervor, desfruta de invejável surto de atividades e produções literárias, dando azo a que seus nobres integrantes produzam e exponham o resultado de suas reflexões em produções literárias de alto nível e valor cultural. A grande maioria de seus membros não apenas colabora escrevendo em órgãos de publicação diária ou semanal, mensal ou trimestral, mas, indo mais além, publicando livros. Mais de sessenta escritores, entre acadêmicos e colaboradores, se encontram nesta lista de publicação livresca. E o que mais importa não é a vaidade de se declarar autor editado, ou o sucesso editorial e financeiro da obra. A primeira hipótese não se enquadra nos princípios maçônicos, visto que a vaidade é um dos vícios maiores para os quais deve o obreiro da Arte Real cavar masmorras e a segunda hipótese, em nosso país é uma verdadeira quimera. Em Goiás e no Brasil, viver-se dos ganhos com direitos autorais ainda é algo distante, um horizonte sempre fugidio. Importa, todavia, ressaltar o enorme contributo, seja literário, seja hu-
mano, que um trabalho literário pode oferecer, na ampliação dos conhecimentos de quem o lê, no forte auxílio na construção de um alicerce seguro e firma para a vida e a formação psíquica de cada um. E é isto que estamos fazendo, dia após dia, número após número de nossas edições, sempre na busca denodada do aperfeiçoamento, motivo e inspiração de nosso esforço e trabalho. É uma jornada permanente, em que vamos de aprendizes a mestres, cada vez mais buscando o conhecimento, a luz, a sabedoria e a verdade libertadora. E como é prazeroso vermos nascer, a cada período, mais um número de nosso CONFRADE, veículo de comunicação e transferência de experiências, noções e conceitos firmes sobre os fatos e acontecimentos da vida, tão necessários nesta caminhada planetária. Em meio ao dilúvio das ondas destruidoras de opiniões tendenciosas e impatrióticas, vai o nosso Jornal, qual arca de Noé, conduzindo os irmãos e amigos através deste mar bravio, sãos e salvos, embora a fúria das águas rugindo lá fora. É missão, que, tendo como arma a força do pensamento expresso nas letras, busca e vai atingindo, pouco a pouco, o cume do monte Ararat, de cujo topo a pomba da palavra livre e convincente mostrará que já podemos descer e pisar em terra firme. A força das ideias expressas nas letras é o mais poderoso instrumento de destruição ou de construção. E nós, como maçons, pedreiros livres, sempre teremos, como objetivo construir, edificar. É o que estamos fazendo. E, mais uma vez, AVANTE! Equipe editoral
Especialistas em morar +55 62 3238-2300 +55 62 99968-7815 Rua 132 nº 45, Setor Sul – Goiânia-GO CEP 74093-210 | +55 62 3238-2321
JORNAL DA AGML
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reflexão
O NECESSÁRIO DIÁRIO
É
Múcio Bonifácio Guimarães | Cadeira nº 30
tempo de reflexão sobre o novo modo de vida do cidadão no mundo. Vivemos em uma época de transição entre os preceitos e modus de vida de um passado não tão distante, regado pela proximidade e amor às coisas tangíveis e principalmente no enxergar da vida sobre o que é família, sua formação e atividades do dia a dia, sejam essas de natureza profissional, educacional ou de voluntariado. Tamanha assimetria entre o novo e o antigo, nos obrigam a reavaliar nossos métodos de agir, planejar e viver em sociedade. Temos a necessidade – e essa é imediata – de evoluir e mudar para poder sobreviver neste novo porvir. Nossos filhos e netos, futuro da nação, alguns neste tempo já como gestores e exercendo a liderança, têm novos
conceitos mais líquidos de convivência, aprendizado, família, hierarquia e liderança. Conviver com essa nova filosofia de vida é realmente um grande desafio para as gerações mais experientes, porém nunca foi tão importante e imediato que gerações anteriores com sua experiência, entendam que tudo mudou. Nessa mudança, as gerações mais experientes têm a obrigação de construir as pontes e caminhos necessários para que o novo assuma e possa manter o legado e essência das instituições e família. Tenho certeza que muitos se perguntam e até se inclinam a não aceitar as mudanças impostas às famílias, empresas, instituições e demais organizações da sociedade, mas também é necessário lembrar aos que não acei-
O entendimento entre as gerações para a evolução social tam tais mudanças, que nós somos os principais atores da atual geração a pensar e agir diferente das gerações anteriores. Fomos nós, os mais experientes, que vimos a necessidade de se aproximar dos filhos, lhes dando voz, oportunidade e força de decidirem seus destinos, opinarem na condução das famílias, serem mais livres ao receberem, assim que nascem, tecnologia com acesso a todo conteúdo sobre o mundo e a vida. Tudo isso influenciou no modo destes verem a sociedade, seus pais, patrões, professores e a si próprios. Tamanha a liberdade e super proteção nossa aos filhos e netos, que se criou uma nova formação e essa evoluiu de tal forma que é notadamente perceptível a disparidade entre os novos e os antigos,
se assim podemos chamar, os mais experientes de vida. Diante do atual momento evolucionista que temos na sociedade e da forma como essa evolução vem afetando diretamente a Maçonaria, por ter em seus quadros a maioria de Irmãos das gerações mais experientes ou antigas (nós pertencentes às mesmas), temos a obrigação de entender o tempo atual e preparar os terrenos para a evolução que criamos por meio da nossa descendência. O Grande Oriente do Brasil, atento a essas novas oportunidades e experiências, vem de forma organizada e muito sútil, preparando esse caminho e demonstrando os motivos de termos chegado aos 200 anos – e mais: estamos no caminho dos 400 anos com a mesma força, importância e disposição!
comemoração
PARABÉNS À NOSSA ACADEMIA GOIANA MAÇÔNICA DE LETRAS!
Grão-Mestre da Grande Loja do Estado de Goiás
Tito Souza do Amaral | Colaborador Grécia antiga, em um jardim que, segundo a mitologia, pertencera a Academo, um herói ático. Aquela escola de filosofia teria sido então a primeira “academia” de que se tem notícia. Para ser um dos 40 imortais da AGML é necessário que o membro seja maçom regular, integrante de uma potência maçônica também regular, que, em suas atividades profanas se dedique a qualquer ramo do conhecimento. Não por acaso, entre seus membros se encontram operadores do direito, engenheiros, filósofos, administradores, historiadores, economistas, professores, comunicadores, médicos, analista de sistemas e químico. Como se vê, trata-se de um colegiado bastante heterodoxo, como deve ser uma academia. Os objetivos principais da AGML são a promoção de palestras, conferências, reuniões e simpósios literários, principalmente de cunho maçônico. A produção literária da AGML tem sido substanciosa, especialmente neste tempo de pandemia que assola a
Suba o primeiro degrau com fé. Não é necessário que você veja toda a escada. Apenas dê o primeiro passo. (Martin Luther King)
Em 25 de outubro de 2018, portanto há 3 anos, os grão-mestres da GLEG e do GOB-GO, estimados irmãos Adolfo Valadares e Luiz Carlos Coelho, incentivados por vários irmãos, houveram por bem fazer renascer das cinzas a Academia Goiana Maçônica de Letras (AGML). Vislumbraram que era por demais importante a maçonaria goiana ter um lugar destinado ao pensamento e à expressão dele. Naquele dia, foi aprovado o Estatuto e eleita a nova diretoria, tendo como presidente, João Batista Fagundes, e secretário, José Mariano Lopes Fonseca, sendo eles, após dois anos, reeleitos por aclamação e continuam no exercício dos mandatos. O termo academia vem de Platão, que fundou, em 387 A.C., uma escola de filosofia em Atenas, na
humanidade, e foram muitos os artigos e ensaios produzidos pelos acadêmicos que trouxeram luz e alento aos seus leitores. Então, a AGML tem muito o que comemorar nesta data. E assim sendo, nossas efusivas congratulações àqueles irmãos que ousaram dar o primeiro passo e subiram o primeiro degrau mesmo sem ver a escada toda. Eles, certamente, estão sentindo hoje que valeu a fé no futuro. Sabem que estão construindo um legado de conhecimento que deixarão para as gerações futuras e que lhes servirá de exemplo. Que o GADU ilumine cada vez mais a Academia Goiana Maçônica de Letras para que ela continue a produzir e a irradiar conhecimento.
sensibilização
CONTROLE, DESCONTROLE E PROTEÇÃO MENTAL Mauro Marcondes | Cadeira nº 19 alimenta do negativismo natural do processo evolutivo, que permeia nosso planeta escola, induzindo-nos as ações desairosas e consequentemente a prática do mal. E para que estejamos em contínua vibração benfazeja, se faz necessário que, conscientemente e utilizando a flanela da consciência esclarecida, limpemos o vaso do coração todos os dias, retirando dele as energias desagregadoras e perniciosas, como: ódio, rancor, cólera, inveja, preconceito e outros que fazem parte do nosso cotidiano. Assim, permitiremos que o bem se instale em nosso coração, para que o receber e enviar energias Divinas, seja exercício contínuo e duradouro.
Jornal O CONFRADE ÓRGÃO OFICIAL DA ACADEMIA GOIANA MAÇÔNICA DE LETRAS Registro na ABIN nº 083-J Palácio Maçônico “Násseri Gabriel” – GOB-GO Goiânia-Goiás – Fone: (62) 3211-1010
expediente
Quando estamos vibrando no diapasão voltado para o equilíbrio mental, todas as nossas células obedecem e se enquadram aos ditames naturais do cosmo, permitindo que, de forma equilibrada façamos parte do todo, propiciando-nos ações físicas e mentais em um processo contínuo de ajuste e reajuste que naturalmente desenvolvem antídotos que nos protegem e nos fortalecem. Mas quando deixamos que os miasmas do coração, de forma consciente ou inconsciente perturbem e até controlam nossos passos e pensamentos, criamos uma couraça que impede a captação das vibrações benfazejas que nos rodeiam e esta couraça constituída de energias desagregadoras, aceita e se
Presidente: João Batista Fagundes – Cadeira nº 16 Editor/design: José Mariano L. Fonseca – Cadeira nº 06 Colaboradores: Absai Gomes Brito / Guilherme Freire Fonseca Conselho Editorial: Anderson Lima da Silveira Luiz Antônio Signates Freitas / Alexandre A. Giffoni Júnior Programação/editoração: Adriana Almeida Coordenação gráfica: Gráfica Poder – 62. 98190-5857 Tiragem desta edição: 500 exemplares Divulgação: Físico / Digital [http://agml.com.br/] A direção do Jornal não se responsabiliza por conceitos emitidos em matérias publicadas.
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Educação & ensino
A EDUCAÇÃO DOS PAIS VAI MAU – COM
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Carlos André Pereira Nunes | Cadeira nº 10
ertamente, algumas pessoas – ao lerem esse título – já me excomungaram em uma inquisição educacional; já fizeram uma petição ao órgão responsável pela Língua Portuguesa, na Organização das Nações Unidas, para que eu seja julgado no Tribunal de Nuremberg, por apologia ao desvio gráfico; já me enviaram até para expiação no fogo do inferno do analfabetismo gramatical, não é? Esses famosos apressadinhos, leitores apenas dos títulos de textos, devem estar pensando o seguinte: “Como pode? Ele é um professor de português! Ele não pode confundir MAL (com l) com MAU (com u)! ” Pois é, leitor.... Você – que já está acostumado às minhas provocações – certamente sabe que eu, em uma filosofia egípcio-linguística, propus a seguinte indagação: DECIFRA-ME OU TE DEVORO! Você – que é politizado e letrado – sabe que eu jamais poderia – como gramático e, portanto, como orientador da morfossintaxe lusitano-tupiniquim – ser displicente; que eu jamais poderia deixar de adequar meu texto à modalidade escrita e formal de linguagem. Você – que lê este blog para refletir comigo sobre as funções sintáticas e sobre as classes gramaticais aplicadas ao texto e ao contexto – sabe que o MAL (com L) pode funcionar como conjunção temporal (Mal ela chegou, eu saí), como substantivo (O mal nunca vence) ou, ainda, como advérbio (A educação vai mal). Você – que tem como um dos seus melhores adjetivos conhecer os adjetivos – sabe que essa classe gramatical representa a palavra MAU (com U): O mau pai destrói o filho ou o pai é mau. Mas, mesmo você, aí com uma pulga atrás da orelha, deve estar pensando no porquê do título... no porquê do MAU (com U)! Pois bem, leitor! Já explico: Na última semana, em um congresso sobre inovação educacional, do qual
participei como palestrante, na Ordem dos Advogados do Brasil, foi feio a mim um pedido de reflexão sobre o papel da família na educação dos filhos. O jovem advogado vaticinou uma solicitação (... ele já conhecia a minha crítica ácida a qualquer espécie de ignorância na formação pedagógica!) Ele pediu para que eu acessasse uma reportagem, de 2016, que falava sobre a crítica de alguns pais a uma propaganda de um banco brasileiro. Leia a manchete:
CONAR ABRE PROCESSO PARA JULGAR DIGITAU COM U DE COMERCIAL DO ITAÚ.
Na reportagem, falava-se que os pais haviam acionado o CONAR, em razão de a propaganda do banco descrito acima ensinar as crianças a escrever ‘errado’. Bom é lembrar que o CONAR é o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária. Trata-se de uma organização não governamental que visa a promover a liberdade de expressão e a defender as prerrogativas constitucionais da propaganda comercial, bem como a impedir que a propaganda enganosa ou abusiva cause constrangimento ao consumidor. Veja só, Leitor... vejo só... Alguns pais – ressentidos – como diria o filósofo Luiz Felipe Pondé, em A Era do Ressentimento, representaram contra o banco citado, com o fito de que ele fosse punido, de forma a ter propaganda retirada do ar, em razão do ‘erro’, ao escrever digitau (com u)! Leitor, leitor... Eu confesso que – às vezes – tenho um sentimento melancólico e desencorajado em relação aos rumos da educação brasileira, o que é ratificado quando leio comportamentos infantis daqueles, cuja responsabilidade é a instrução dos infantes. É lamentável ter clara a ideia de que, no Brasil, o processo educacional ainda seja visto com absoluto amadorismo, não só por parte do Estado como também por parte da família: os
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U
MESMO!
dois entes constitucionalmente responsáveis pela educação. É angustiante ter a percepção de que, em uma terra em que há tanta inteligência latente, como afirma o sociólogo francês Edgar Morin; em que há clarividência de potencial humano para liderar os rumos do Planeta, conforme já declarou o antropólogo (também da Gália), Lévi Strauss, haja tanta falta de leitura... haja tanto analfabetismo funcional... Ler é muito mais do que ler! Ler é compreender o gênero textual; é dominar os mecanismos e os recursos linguísticos responsáveis pela construção do tecido comunicativo; é ter a percepção dos diversos semas e fazer releituras deles. Enfim, ler é adequar a humanidade do texto à humanidade do leitor! Somente quem faz isso é que – verdadeiramente– lê! Infelizmente, os cavaleiros da alfabetização (até bem-intencionados, eu acho...embora, de boas intenções, o inferno e o sistema educacional já estejam cheios) não compreenderam, nem a linguagem, nem a intencionalidade discursiva da propaganda. Não compreenderam o aspecto linguístico, porque não se trata de um erro. Sim! Não se trata de um erro, ou de uma mera substituiçãot do L por U. Trata-se da formação de um bom neologismo que ratifica a função metalinguística de comunicação (aquela que centraliza a comunicação no código). Quem vir a propaganda, perceberá logo que a agência responsável (que se chama África) teve a ideia de que se soletrasse a palavra D I G I T A U (com U), de maneira a que o termo fosse remetido apenas ao Banco Itaú. Para os idealizadores do texto, naquela propaganda, e somente naquela propaganda, D I G I T A U seria grafada com U. Isso significa que houve restrição, do que se pode depreender estar implícita a ideia de um neologismo para atender apenas àquele gênero textual, apenas àquela propaganda. Ademais, esse neologismo, embora motivado por intenções mercadológicas
reflexão
A VITÓRIA
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Adolfo Ribeiro Valadares | Cadeira nº 07
vitória é uma conquista que por direito e merecimento nos pertence. É a recompensa de esforços e trabalhos que exigem constância, paciência e força de vontade. Podemos atingi-la pela competição, na obtenção de um lugar privilegiado na sociedade, na perspectiva de poder, fama, luxo e conforto. Há vários tipos de vitoriosos: os egoístas, que só pensam em si; os orgulhosos, que desprezam os menos dotados; os filantropos e cientistas, que procuram beneficiar a humanidade. Deparamos-nos, ainda, com a vitória negativa; dos malfeitores e desonestos, que ufanam-se quando bem sucedidos em suas baixezas. Tivemos na antiguidade, a ação dos tiranos, que invadiam outros países, exterminando e escravizando os vencidos, ordenando os saques e o espólio de seus pertences. Triste vitória! A par de todas, a mais difícil é a vitória sobre nossos próprios impulsos.
Somos vitoriosos quando portadores da concórdia, da paz, do auxílio ao próximo; quando curados de uma grave enfermidade; quando concluímos nossos estudos; quando bem sucedidos no trabalho; quando passamos num concurso ou vencemos uma competição esportiva; quando deixamos um vício ou recebemos uma graça. Vitoriosos são os pais que conseguem criar e educar dignamente seus filhos. Para vencermos na vida e recebermos os louros da vitória, precisamos fortalecer a alma, o caráter, ou seja, vencermos a nós mesmos. As dificuldades terrestres são enormes e seus obstáculos impõem grande esforço de todos nós, que estamos em trânsito no Planeta. Mais cedo ou mais tarde, atingiremos o final da jornada. Viver é uma arte. Só o fato de estarmos vivos é uma vitória. Contudo, devemos levar até o fim a tocha da fé, da coragem e do amor, para iluminarmos o caminho e recebermos o nosso troféu. No Podium, o Grande Arquiteto do Universo estará nos esperando.
(é claro), é formado por um belíssimo processo de formação de signos, constante da Última Flor do Lácio: a composição por aglutinação! O neologismo D I G I T A U é a fusão da expressão digital do Itaú. Percebeu? Ora, caso os pais questionassem o aspecto mercadológico da propaganda, em razão de ter uma filosofia de esquerda etc, deveriam fazê-lo por um viés mais inteligente, de reconhecimento da eficácia da construção linguística como forma de dominação do pensamento etc etc etc. Não poderiam ser tão simplistas e apontarem ingenuamente o recurso da propaganda como um simples erro gráfico. Leitor, ainda há mais: Se você for verificar a lógica de intencionalidade discursiva, aí é que você ficará verdadeiramente envergonhado pela atitude dos pais, e quererá mudar-se para a Dinamarca! A propaganda, motivo do fricote, deve ser interpretada dentro de um sistema hermenêutico– sistemático que leve em conta as ações do Banco em relação ao intenso estímulo à leitura: esse banco possui um programa específico, no site, para incentivo ao gosto por livros. Mais importante: há que se levar em conta também a reflexão trazida pela propaganda sobre as habilidades da geração Y (digital) e os desafios em relação ao não gasto de papel. Por fim, há que se refletir linguisticamente sobre o fenômeno da vocalização da consoante lateral L, na variante do português do Brasil. Bom é lembrar que aqui na Terra do Brasileiro Jobim, mesmo se escrevendo a palavra canaL, pronuncia-se canaU. Entendeu, leitor? Por óbvio, como linguista, não faço apologia a desmandos e a artificialismos linguísticos! O meu e o seu compromissos (bem como o da família e o do Estado) deve ser no sentido da plena alfabetização; do letramento; da percepção libertadora do ato comunicativo, nas palavras de mestre Paulo Freire. É mister ter a consciência de que, no Brasil, a culpa pela má-educação não é apenas do Estado: ela também tem sido da família! Portanto, não se pode negar que a educação dos pais vai maU, com U mesmo! Até a próxima!
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artigo
MAÇONS QUE FIZERAM A HISTÓRIA DA MAÇONARIA EM GOIÁS
João Batista Fagundes | Cadeira nº 16
G
abriel Elias Neto, já falecido, nasceu no dia 20 de abril de 1921, na cidade de São José do Rio Preto – SP. Filho de Elias Gabriel e Mahiba Elias Gabriel. Casado com Georgete Rabani Gabriel, tendo os filhos Eliete, Elias, Jorge, Eleonora e Osmar.. Foi comerciante em sua terra natal. Mudou-se posteriormente para Nova Granada, cidade do mesmo Estado de São Paulo. Depois juntamente com seus pais mudaram para Goiânia, onde continuou na atividade comercial. Em Goiânia foi vereador de 1959 a 1962, juntamente com Boaventura Moreira de Andrade, Iris Rezende Machado, Brasil Limongi, Helí Mesquita, Nion Albernaz, José Luiz Bittencourt, Messias de Souza Costa, e outros. Foi Deputado Estadual, Vice-Prefeito na primeira administração de Iris Rezende Machado. Iniciado no 25 de novembro de 1948, na Loja Ordem e Progresso n° 61, de Nova Granada – SP, jurisdição da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo. Mudando para o Estado de Goiás, em 18 de março de 1952 filiou-se na Loja Educação e Moral n° 8, no Veneralato de Samuelino Fernandes de Castro. Na Loja Educação e Moral foi Venerável Mestre por dois períodos, de 1953/1955. Foi Deputado do Grão-Mestre Lafaiette Teixeira França. O Deputado do Grão-Mestre Gabriel foi Genésio Barreto de Lima, da Loja Adonhiram n° 11. Na Grande Loja exerceu os cargos de Grande Mestre de Cerimônias, Grande Orador e Grande 1º Vigilante. Em sua administração foi fundada e instalada, no dia 30 de agosto de 1958, a Loja Paz Universal n° 17. A Instalação ocorreu no Templo da Loja Adonhiram n° 11, contando com a participação de vários irmãos, dentre outros de Lafayette Teixeira França, José Viana Alves, Dimas Pina de Novais, José Duarte, Tenor Natali Ortenci, Divino José de Oliveira e João Gonçalves Borges, este foi eleito o primeiro Venerável Mestre daquela Loja. Era irmão carnal de Násseri Gabriel, primeiro Grão-Mestre do Grande Oriente do Estado de Goiás. Nessa oportunidade, o Soberano Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil, Cyro Werneck de Sou-
za e Silva, juntamente com os dois Grão-Mestres de Goiás (Grande Loja e Grande Oriente), assinaram um Tratado de Mútuo Reconhecimento e Fraternal Amizade e Estreita Colaboração entre as duas Potências Maçônicas goianas. Encerrado seu mandato Gabriel volta para Loja Educação e Moral nº 8, sendo eleito 1º Vigilante, (1964/1965), na administração do Venerável Mestre Vicente Manoel Pinto.
Gabriel Elias Neto foi o terceiro Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado de Goiás – Período de 1957/1960
Em 1965, pediu sua carta de Quite Placet. Os irmãos insistentemente tentaram demover-lhe da pretensão, inclusive pedindo à Grande Loja o seu parecer sobre o assunto. Esta, na sua decisão, recomendou observar o cumprimento do direito Constitucional vigente alegado pelo requerente. A Loja Educação e Moral então lhe concedeu o Quite Placet, no dia 04 de junho de 1965. O ilustre irmão Gabriel Elias Neto prestou relevantes serviços na Loja Educação e Moral por mais de 13 anos seguidos, ou seja, de 18 de março de 1952 até 04 de junho de 1965.
Gabriel filiou-se na Loja Paz Universal nº 17, dia 20 de junho de 1966, juntamente com os irmãos Sebastião Bento Gonçalves, Francisco Costa Mesquita e Antenor Freitas Leal, conforme consta da ata n° 306 daquela oficina. Ajudou na fundação da Loja Maçônica Mahatma João Racy nº 28, no dia 22.06.68. No ano de 1970, depois de quatro anos de bons serviços prestados à Loja Paz Universal, pediu o Quite Placet e filiou-se na Loja Liberdade e União, do Grande Oriente do Estado de Goiás, em 21 de maio de 1971. Não obstante às suas atividades na nova Potência Maçônica, não deixou de ser um grande frequentador das Lojas da Grande Loja. Foi membro Honorário de várias Lojas da Grande Loja. Um dos fundadores da Loja Elias Gabriel, nela filiou-se no dia 11.07.86. Posteriormente, Gabriel Elias Neto ajudou a fundar a Loja “Capela Aparecidense”, Oriente de Aparecida de Goiânia. Essas duas Lojas jurisdicionadas ao Grande Oriente. Foi Vice-Prefeito de Goiânia, na administração de Iris Rezende Machado, de 1967 a 1970. Com o afastamento de Iris Rezende da Prefeitura, cassado pela Revolução em outubro de 1969, Gabriel Elias Neto, também perdeu o cargo. Gabriel exerceu ainda os cargos de Deputado Estadual e Secretário do Município de Goiânia e de Serviços Sociais do Estado de Goiás. Fundou a creche Luz. Amor e Vida e Maternidade Irmã Celina. Participou da Fundação da FAMA, do Colégio Libertas e do Pecúlio Maçônico do Estado de Goiás. Em Anápolis participou da fundação do Abrigo de Idosos. Teve participação política na fundação da Faculdade Federal de Farmácia e na criação da Universidade Federal de Goiás, em 14/12/1960. Recebeu os títulos de cidadão Goiano, Goianiense, de Araguacema e de Colinas de Goiás. Faleceu no dia 21 de outubro de 1999. FUNDAÇÃO DO GR ANDE ORIENTE DO ESTADO DE GOIÁS Da fundação da primeira Loja Maçônica em Goiás, que foi a Azilo da Razão, na Cidade de Goiás, em 01/08/1835, até a década de 1930, apenas duas outras Lojas
crônica
COMO VIVÍAMOS SEM O CELULAR
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Carlos Alberto Barros de Castro | Cadeira nº 33
m meados do ano 2000, eu era sócio proprietário da Empresa “ POLITEC INFORMÁTICA”, com cerca de 7.000 funcionários. Nesta época eu recebi uma correspondência da NEGÓCIO EDITORA, juntamente com um exemplar do livro “AH, SE EU SOUBESSE A 25 ANOS ATRAS”, com participação de personalidades americanas. Nesta correspondência era descrito o motivo do livro e a intenção de editar um com personalidades brasileiras, motivo pelo qual me convidava para participar do mesmo. Em maio de 2001, recebemos um exemplar do livro “AH, SE EU SOUBESSE... BRASIL” com a participação de 157 personalidades brasileiras. Este fato muito me honrou estar no meio de per-
sonalidades como Emilio Odebrecht, Horácio Lafer, Ives Gandra, Ivo Pitangui, José Paulo Lemann, Mailson da Nobrega, Cmte Rolim, Ozires Silva, e tantos outros. A seguir o texto publicado nas páginas 59 e 60 do livro. “Eu estudei engenharia civil no período 196569, e em 1967 fiz um curso de programação em computador. Naquela época só existia calculadora manual facit e as famosas réguas de cálculo. Para executar um cálculo de uma estrutura simples levávamos um dia inteiro, e era necessário ter uma grande noção de ordem de grandeza para não errar. Da mesma forma, gastava muito tempo usando teodolitos para fechar um perímetro nas aulas de topografia. Na programação de computadores
foram fundadas no Estado, sendo a Loja Paz e Amor III, em Catalão e a Loja Paz e Amor IV, em Ipameri. De 1934 a 1940 foram fundadas mais nove Lojas. Esse surto de crescimento de maçonaria em Goiás coincidiu com a fundação da cidade de Goiânia, que se constitui, portanto, um divisor na história da maçonaria goiana. Junto com Goiânia surgiu a Loja Liberdade e União, em 24 de junho de 1937. Foram das colunas dessa Loja que fermentaram as ideias da criação do Grande Oriente do Estado de Goiás. Os entraves para a criação do Grande Oriente no Estado de Goiás eram muitos. Um dos entraves era a inexistência de três ritos diferentes em Goiás, como exigia a legislação do Grande Oriente, á época. Para contornar esse empecilho a Loja Liberdade e União propiciou com seus próprios membros a criação da Loja Ordem e Progresso II, no ano de 1946, trabalhando no rito moderno (ou francês). Com esse mesmo propósito foi criada a Loja Asilo da Acácia no ano de 1948, que adotou o rito Adonhiramita. Afastado um dos principais óbices, estava aberto o caminho para a criação do Grande Oriente em Goiás, que ainda durou muito tempo. Do ano de 1948 a 1957, várias reuniões foram realizadas e algumas comissões foram formadas, com o intuito de viabilizar a criação do Grande Oriente em Goiás, sem alcançar resultados positivos. Mas, após cada reunião e com a soma do trabalho das comissões, passos preciosos foram dados rumo a criação do Grande Oriente em Goiás. Uma reunião realizada em junho de 1957, abriu definitivamente o caminho. O assunto fervilhou nas Lojas, criando um clima bastante favorável, até que em 26/10/1957, finalmente foi criado o Grande Oriente em Goiás, com a presença de representantes das trinta Lojas então existentes no Estado. Násseri Gabriel foi o grande guerreiro dessa gloriosa luta. Sem a sua tenacidade e abnegação, certamente o Grande Oriente do Estado de Goiás ainda teria adiada por algum tempo a sua fundação. Násseri Gabriel assumiu o comando interino e realizou a primeira eleição, sendo ele próprio eleito Grão-Mestre e Waltrudes Cunha o Grão-Mestre Adjunto. Násseri Gabriel, o primeiro Grão-Mestre do Grande Oriente, era irmão carnal de Gabriel Elias Neto, o terceiro Grão-Mestre da Grande Loja. Foi no transcorrer do mandato de Gabriel Elias Neto (1957/1960), que ocorreu a fundação do Grande Oriente foi fundado em Goiás. Aos 78 anos de idade, Gabriel Elias Neto, passou ao Oriente Eterno em 21 de outubro de 1999.
ainda era pior: dispúnhamos de computadores de segunda geração, com 9,6 Kbytes de memória e linguagem de máquina. Com toda certeza, se naquela época dispuséssemos da tecnologia de computadores pessoais, palm’s, GPS, internet etc. o nosso aprendizado teria sido outro completamente diferente. Por outro lado, fazemos uma reflexão muito importante: a ausência de tecnologia nos obrigou a um conhecimento de base profundo, que nos tem facilitado, hoje, a absorção de tecnologia com muita facilidade. E aí vem a grande pergunta: será que teríamos hoje o mesmo conhecimento se não tivéssemos passado pelas dificuldades iniciais? Podemos afirmar com convicção: o nosso aprendizado, sem a tecnologia existente hoje, desenvolveu em nós um raciocínio logico muito apurado, o que foi de grande valia para a nossa atividade empresarial na área de informatica.” Em função da alta velocidade de inovação em novas tecnologias, o tema continua atual. Como exemplo podemos pensar: como vivíamos a 25 anos atrás sem o celular.
JORNAL DA AGML
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opinião
VARRENDO DEBAIXO DO TAPETE
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Adelman Soares Asevêdo | Colaborador
autoconhecimento é de valor inestimável para o desenvolvimento do ser humano. Quanta coisa descobrimos sobre nós mesmos, quantos caminhos se descortinam aos nossos olhos. É verdade que nos deparamos com facetas difíceis de ser encaradas. O nosso lado sombrio. Todos nós o temos e quase todos nós o recalcamos, escondemo -lo para que nem nós, nem os outros o reconheçam. No processo de autoconhecimento, inevitavelmente entramos em contato com isso. Reconhecer o nosso lado demoníaco é, em princípio, moralmente tenso. Entretanto, é uma realidade nossa e, desde que descoberta, passa a ser uma verdade inegável. A aceitação disso nos engrandece e faz com que as coisas mudem de figura. Passamos a possuir-nos mais e utilizar desse manancial para o engrandecimento da nossa personalidade. Assim, inapelavelmente, a nossa atitude geral diante da vida se transforma. Aquilo que condenávamos no outro, encontramos em nós mesmos, e isso nos torna mais humanos. Poderemos, a partir dessa experiência, compreender e aceitar melhor os nossos semelhantes. Quando, através de algum processo de autoconhecimento (conheço bem o da psicoterapia), mergulhamos em nós, estamos empreendendo um caminho sem retorno. Não se pode mais parar. A busca é infindável. Pode parecer pessimista essa confirmação; entretanto, o conhecer-se a si mesmo é tão envolvente que nos enriquece de energia interior. De certa forma,
apossamo-nos de centelhas de conhecimento que emocionalmente nos revela de um valor superior. Nesse caminhar, deparamo-nos constantemente com o sofrimento, a impressão de que assim se vai para o polo oposto ao caminho da felicidade. Mas não é assim. Pelo contrário, superar o próprio sofrimento, conviver, despertar e romper os nossos limites aproxima-nos da plenitude. Inicialmente, entramos em contato com nossas afigurações de mesquinhez, nossas lembranças desagradáveis, nossos monstros do passado, que nos cerceiam no presente. Se formos bem honestos na nossa busca, iremos reconhecer muita coisa que de forma oculta nos amarra e amordaça. Como Cristo, descemos aos infernos e no inferno nos vemos. Mas nós não somos apenas o nosso lado mau. Somos também ele. Sem ele não seríamos inteiros. Reconhecemos também coisas maravilhosas de nós mesmos que viviam escondidas, subterraneamente, por defesas inconscientes nossas, contra a exposição ao mundo cruel em que vemos. É possível que descubramos muitas coisas da nossa história e possamos fazer um inventário delas, lembranças... lembranças... Mas tudo não acaba aí. Nosso questionamento continua. Nossa vida de relação com os outros passa a se esclarecer. Quantas intenções veladas por trás de nossas atitudes e de nossos ideais, por mais nobres que eles sejam. Quantos interesses escusos se esclarecem cobertos por uma fachada de bondade e
altruísmo. Isso talvez nos faça sentir pequenos, moralmente diminuídos diante de nossos olhos, mas humanos, verdadeiramente humanos. A partir daí podemos nos tornar mais honestos conosco e mais verdadeiros com os outros. A psicoterapia, um processo de autoconhecimento, não existe apenas em função de pessoas ditas psiquicamente perturbadas”. É mais que isso. Ela se encarrega de auxiliar as pessoas em suas verdadeiras buscas interiores. Auxilia o indivíduo na sua vida de relação com as outras pessoas, ajuda-o a encontrar a sua segurança. Questiona-o, sempre, em suas fortalezas e suas fraquezas, ajuda-o a reconhecer e transpor (à medida que encontra segurança) os seus próprios limites. Humaniza a pessoa. Entretanto, não é um processo que se passa suavemente. Por vezes é sofrido, doloroso. Afinal, reconhecer em mim o que antes negara e só via nos outros não é um bálsamo aliviante. Leva-me a reconhecer-me como realmente sou. À medida que vou seguindo, vou me transformando. É o momento de tomarmos cuidado, pois podemos correr o risco de achar que somos os possuidores de tais verdades e, no entanto, são elas que nos possuem. Exige-se do terapeuta, nesses momentos, acuidade, clareza e cuidado. É também um terreno perigoso para ele. Nesses momentos tem-se que ser enfático ao esclarecer que as luzes que brilham aos nossos olhos podem estar a nos ofuscar a visão. É preciso que nos afastemos um pouco, descontaminemo-nos da aura de afetos que tais fenômenos possuem, reflitamos com paciência até que possamos nos apropriar, agora sim, de nova forma, das verdades, sabedoria e valores, aí presentes. Quando tal acontece, tornamo-nos mais irmanados com todos os homens, com o universo. Podemos dizer que a casa está preparada e limpa, até foi varrido debaixo do tapete. Esse fato possibilita constante renovação e mudanças dinâmicas em nosso mundo interno.
artigo
REFLEXÕES SOBRE A ESCOLÁSTICA E ARTE GÓTIDA – I
Inspirado nos conceitos de Erwin Panofsky
Heitor Rosa | Cadeira nº 28
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Idade Média introduziu dois riquíssimos conceitos que até aos dias atuais são motivos e estudo e debates: a arquitetura gótica e a escolástica, que nasceram de forma não casual, ao coincidirem no tempo e no espaço. Resumidamente, o termo escolástico foi atribuído ao ensino, filosofia e cultura dos séculos XII ao XIV. O homem letrado –o clérigo, dedicava-se completamente a escrever e ensinar: daí os termos “escolástico” e “escolástica” (école, scholar). Essa prática cultural foi desenvolvida graças à erudição beneditina e chegou ao auge com os dominicanos e franciscanos. Os primórdios da escolástica coincidem com o início da arquitetura gótica, cujo idealizador foi o Abade Suger, ao projetar a igreja de Saint Denis (Paris), primeira catedral gótica (1135). Os dois assuntos são enciclopédicos e constituem as bases mais importantes ao estudo sobre a Idade Média. No século XIII, duas grandes figuras foram fundamentais para o prestígio escolástico: Bonaventura e Tomás de Aquino, cujo apogeu diminuiu com a morte de S.Luís (Luois IX) em 1270 e de ambos eclesiásticos em 1274.
C L A R E Z A E M NOM E DA C L A R E Z A : O GÓT ICO No sec. XIII Tomás de Aquino contribuiu, com a Sumula, para a sistema-
tização das obras literárias, como a divisão de capítulos, seção, parágrafos, etc, orientando a organização precisa de um livro. A escrita nos pergaminhos, era totalmente cursiva sem pontuação, vírgulas ou parágrafos. A disciplina redacional de Tomás, tornou clara a referência do texto. Na idade média não havia e nem seria possível, a ideia de escolarizar a população com hoje a entendemos, nem havia meios para isso. Não havia escolas, a não ser no ambiente das catedrais e, menos ainda, livros. Dessa forma, o homem comum e até mesmo os membros da realeza e cortesãos eram praticamente analfabetos. A cultura (leitura, escrita, domínio dos textos filosóficos e bíblicos,etc) era do domínio do clero e universidades, também majoritariamente eclesiásticas. Toda cultura religiosa, que era o saber mais importante, e a leiga, eram adquiridas na Igreja (auctoritates) por meio dos sermões, e era esta a maneira mais comum de ensinar a Bíblia ao povo, e aí incluímos os arquitetos e os mestres pedreiros. Os livros bíblicos canônicos constituíam as “provas essenciais e irrefutáveis”– proprie et ex necessitate ; as doutrinas dos papas eram verdades “prováveis”, e os pensamentos filosóficos eram considerados “não essenciais”. Ensinava-se um aprendizado teórico destinado à reflexões. Havia sem dúvida, no meio erudito
eclesiástico e filosófico, grandes conflitos teológicos em relação à busca da verdade. O conflito entre a fé e a razão veio a ser definido por Abelardo, segundo o qual essas contradições eram devidas a erros de grafia, tradução, entre outros. Era preciso lembrar que “a Lei, embora de origem divina, havia sido escrita pelo homem”. Tomás de Aquino ao recomendar a “clareza pela clareza”, queria que se tornasse inteligível a organização de um texto, a obra literária, a clareza das esculturas, a clareza (claridade) arquitetônica, a clareza nas artes plásticas e na música. Citemos como exemplos, que foi nessa época (sec. XIII – Paris) que a notação musical tornou-se mais clara quando se atribui valores às notas (semibreve, mínima, semínima, etc). A pintura e escultura tornaram-se mais explícitas, como podemos notar a diferença entre as artes realizadas no século XI em comparação às dos séculos XIII e XIV. Dante Alighieri representa bem essa tendência ao escrever a Comédia (mais tarde adjetivada de Divina) pelos princípios tomistas, dando-lhe a forma trinitária (Inferno, Purgatório e Paraíso), ou seja, uma divisão didaticamente compreensível. Deve-se notar também a fachada escultural gótica da catedral de Chartres e sua diferença com os precursores românicos. A produção do belo, em qualquer manifestação da inteligência (letras, ar-
tes, arquitetura,etc), estimula a sensibilidade, o prazer e o raciocínio, e daí “os sentidos exultam ante coisas bem proporcionadas, pois os sentidos são uma espécie de razão” (T. Aquino). Essa nova forma de pensar e de construir, restringia-se a uma região num raio até 150 km de Paris. É nesse espaço que a escolástica se desloca dos mosteiros para a urbis: escolas catedrais, universidades e os “studia”das ordens mendicantes. O apogeu escolástico (sec XIII) coincidiu com o apogeu gótico, representado pela catedral de Chartres, sob o reinado de Luis IX – São Luís (1226– 1270), período contemporâneo de vários filósofos tais como: Alberto, o Grande; S. Bonaventura, Sto Tomás de Aquino e Guilherme d’Auvergne, além de Mestres Construtores: Libergier, Jean Le Loup, Hugues Libergier, Jean d’Orbais entre outros. Em sua época, é claro, a arquitetura não se denominava gótica. Nem passava pela mente dos arquitetos e mestres de obras tal denominação.O termo “Gótico”só apareceu na chamada renascença, no século XVI, com Giorgio Vasari (Arezzo 1511-Florença 1574), considerado o criador da História da Arte ou pelo menos o primeiro a historiá-la. Em sua obra Le vitte de più Eccellenti Pittori, Scultori e Architettori (1550),usa pela primeira vez, o termo “gótico”. (continua na próxima edição)
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falando francamente
MUITO ESTRANHO, ESTRANHÍSSIMO: FALANDO FRANCAMENTE Aparecido José dos Santos | Cadeira nº 31
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stá acontecendo um fenômeno, no mínimo, estranho, neste ano! Eu faço caminhada quase toda à tarde, aqui no Setor São Caetano, junto ao Centro Universitário Montes Belos, em são Luís de Montes Belos. Venho aqui para caminhar e para curtir a Natureza, a beleza da Serra, observar os bandos de garças boiadeiras regressando para o seu ninhal que fica daqui a uns 15 km, à beira da rodovia São Luís/Aurilândia. Elas voam em forma de seta sempre se revezando de posição de comando do voo. Acho lindo, lindo, vê-las margeando a Serra, sempre no mesmo horário 18h30min. Em tempo de Primavera e começo do Verão, outra coisa de que gosto muito é de ouvir o cântico das cigarras zunindo no espaço num volume forte e alto incompatível com o seu tamanho. Nesta época, são centenas delas cantando em quase todas as árvores do Setor e da Serra. Numa sinfonia interminável e eu andando, ouvindo e pensando.
Pensando coisas banais: tipo como pode um inseto daquele tamanho produzir um som tão forte e alto fazendo um rasgo no espaço, sem ao menos oscilar na tonalidade, incrível. A uns 200m abaixo de onde caminho, fica o Lago Municipal, uma represa do Ribeirão Santana. Se transformou num cartão postal da Cidade, lindo demais e às de manhã e à tardes, fica assim de gente caminhado lá, ponto de encontro da sociedade. Eu prefiro ao Setor São Caetano porque é muito mais tranquilo, não tem ninguém para atrapalhar a meditação da gente. Nesta época de véspera de chuva, centenas de sapos de diversos tamanhos e espécie (falo isso com base na variedade do coaxar), forma verdadeira orquestra de repercussão. É outra terapia caminhar e ouvi-los. Penso que um dia ainda farei uma casa perto de um brejo só para dormir ouvindo o coaxar desses bichinhos tão feios mas tão organi-
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zados quando resolvem chamar chuvas: cantam em harmonia perfeita. Lembro-me de quando criança, ouvir meu pai fazer uma caçoada envolvendo dois compadres dele, era o seguinte: “os dois compadres vindo da roça à tarde e ouvido a natureza se manifestar no horário da Ave Maria, um dos compadres saiu com esta: – É compadre, a chuva não tarda pra chegar! – Por que, compadre? – Tá escutando não? O Caburé está cantando. – Caburé não é Deus, compadre! Se fosse sapo!.. Riram e seguiram. Fico caminhando e ouvindo as cigarras, que também são profetizadoras de chuva, os sapos dos brejos do Santana, Caburé parece que não tem mais por aqui, não ouço o canto de um faz muito tempo. Mas neste ano, caro leitor (Ecológico), está acontecendo um fenômeno muito estranho, estranhíssimo, diria José Dias, personagem de Machado de Assis: Até hoje (dia 03 de outubro), as cigarras não estão cantando e os sapos também não. Estou muito preocupado com isso. Será o que aconteceu com eles? por que não estão cantando, se já até choveu umas três chuvas e eles não cantam? São criaturas do Criador do Mundo e seu silêncio pode ser o prenúncio de algum fenômeno que pode estar preste a acontece. Sei não! Estou, estou muito preocupado! Francamente, até a próxima.
reflexão
O DESAFIO DA RETOMADA
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Antônio Leite | Colaborador
pós mais de um ano e meio afastados de nossas atividades habituais, começamos a vislumbrar reais perspectivas de retorno das reuniões de maçonaria. Nossas Lojas Simbólicas reativam seus trabalhos e os irmãos que estão protegidos pela indispensável e segura vacinação, podem se reencontrar após o isolamento a que ficamos submetidos como, à época, uma das poucas medidas protetivas. Nos Corpos Filosóficos do Rito Escocês Antigo e Aceito, não está sendo diferente. Vamos, gradualmente, retornando às nossas rotinas. É uma situação alvissareira. O contato interpessoal, tão importante na vida em sociedade, é, na nossa prática, baseada na transmissão de ensinamentos através de lendas, sinais, toques e palavras também na transmissão oral, indispensável ao sucesso de nossos trabalhos. Não há que se prescindir da insubstituível lição que se ministra presencialmente, protegida pelas colunas de nossos templos e pela zelosa vigília de nossos guardas. Essa garantia de um ambiente indevassável, discreto e seguro, onde se podem trocar ideias, falar abertamente sobre quaisquer assuntos, é pedra angular da nossa Ordem e garantia de nossas liberdades mais essenciais. Resguardados pela segurança de estarmos entre irmãos e cientes de que nossas opiniões serão mantidas sob a proteção de um compromisso de discrição e zelo, podemos, e muito, contribuir para a solução de vários problemas que atingem o país, a sociedade e a nossa fraternidade. Entretanto, esse tsunami chamado epidemia de corona vírus que, em poucas semanas abalou o mundo, as sociedades, as pessoas e suas formas de se relacionarem e está deixando em seu rastro, uma transformação profunda, sob qualquer perspectiva que se analise. Vamos aqui, nos ater a um ponto que tem me chamado a atenção. Como ficarão os maçons e a maçonaria após todas estas transformações? Antes de mais nada, penso que as muitas mudanças que ocorreram são irreversíveis. A começar pela otimização da gestão de Lojas e Corpos Filosóficos. Papéis desnecessários, trânsito físico de documentos, quitação de taxas com cheques ou em espécie, estão praticamente abolidos. Esse é um ganho de qualidade e eficiência que não só precisa ser reconhecido, como
incrementado. Nós nos tornamos mais ágeis e capazes de responder com mais precisão e personalização às nossas demandas. Outra porta que se abriu foi aquela que trouxe para dentro de nossa prática, os que estavam, por qualquer motivo, afastados dos nossos trabalhos. O que inicialmente era para contornar as ausências impostas pelo isolamento social, revelou-se um poderoso mecanismo de agregação e aproximação. Enfermos, viajantes, os que cuidam de familiares doentes, os que não podem se deslocar, encontraram nas reuniões virtuais, a oportunidade de se fazerem presentes, de participarem e darem sua contribuição. Muitos foram os momentos de reencontro e aproximação proporcionados pelas tecnologias de reuniões à distância, conseguidos com uso de ferramentas digitais cada vez mais acessíveis, baratas e fáceis de usar. Mesmo aqueles que não estavam familiarizados com seu uso, rapidamente descobriram-nas e aprenderam a manuseá-las e, acima de tudo, empregaram com força e vigor as facilidades que a tecnologia nos vem trazendo cada vez mais. Porém, ficam alguns questionamentos, os quais julgo importante trazer para –discussão e abrir para o debate, uma vez que, por inescapável, essa discussão precisa permear entre nós, notadamente entre os que no momento, estão investidos no encargo de nos liderar e conduzir os destinos e o futuro de nossa Ordem e nossos Corpos Filosóficos. Todos temos responsabilidade sobre o futuro da maçonaria. Há que se destacar que muitas das práticas que nossos rituais preceituam, exigem privacidade e reserva, por serem em sua essência a alma mater de nossa doutrina, transmitida há mais de dois séculos e de forma reservada. Certas passagens de nossa prática não podem ser feitas sob a proteção incerta das ferramentas digitais de reunião. É indispensável que continuem sendo realizadas com o cuidado, o respeito e a discrição que as preservam e as tornam místicas e as fazem transcender as sensações físicas, nos colocando em contato direto com a metafísica que só quem vivenciou as emoções da iniciação maçônica e as elevações de graus, pode testemunhar. Outro ponto importante em nossa opinião, diz respeito ao inestimável valor que tem o relacionamento
Delegado Litúrgico e Membro Efetivo do Supremo Conselho do Brasil do Grau 33 para o Rito Escocês Antigo e Aceito interpessoal. Aquilo a que chamamos de “olhar no olho”. Tem, sem sombra de dúvida, nos tem feito falta o contato, o aperto de mão, o estar juntos. Não há nada que possa substituir o abraço fraterno, o exprimir a alegria do encontro, a calor do convívio entre semelhantes. E, indo além, o contrapeso ao pantanoso e movediço ambiente das redes ditas sociais. O desafio que temos pela frente é encontrar o necessário equilíbrio entre tradição e modernidade, entre o que pode ser praticado de forma mais liberal e o que precisa e deve continuar sendo transmitido e ensinado exclusivamente aos iniciados. Invoco aqui uma lição latina que tem como síntese a frase “in medium virtus” – a virtude está no meio. Fundamental pois, encontrar o equilíbrio, a medida certa. É chegado o momento de questionar, debater, discutir, mudar práticas e hábitos, com um dos pés plantado em nossas mais nobres e antigas tradições, mas sem perder de vista que o mundo, a sociedade e os homens mudam, evoluem, progridem e que, a maçonaria precisa se manter atualizada, vigilante e dinâmica para que prossiga sempre em sua marcha rumo ao progresso e ao aperfeiçoamento do homem e da humanidade. Estão aí, o desafio, a oportunidade. O momento é agora. Não se pode mais deixar como está. O desafio está lançado. Tenho certeza de que saberemos dar as respostas que nos estão sendo cobradas. Não há mais espaço ou tempo para omissão.
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artigo
FRAGMENTOS DA SUBLIME ORDEM – II
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Isaias Costa Dias | Cadeira nº 24
palavra solidariedade tem origem no francês solidarité e se caracteriza por um processo de via única, na qual doamos, mas sem esperar reciprocidade. Daí a solidariedade a revelar-se como uma atitude de caráter emergencial, que não provoca mudança positiva no receptor, mas na própria situação de fato, comumente manifestada pelo vínculo social através da família, da religião, dos costumes, e que no mais das vezes são revelados nos atos caritativos em situações de calamidades públicas, como por exemplo, nas enchentes, nos desabamentos e terremotos, etc. Segundo vem exarado no Velho e do Novo Testamento Bíblico, o princípio da igualdade decorre da própria lei natural na qual todos os homens são iguais. E nessa expectativa ilusória do passado, do presente e até escatológica, para o G.A.D.U. todos os seus filhos são vistos e concebidos por igual, sem quaisquer discrimen, haja vista que, se o homem seguir as leis da natureza também estará seguindo as leis do G.A.D.U. Ademais, porque dotado de corpo, mente, alma e espírito o homem, que seja livre e de bons costumes, pode conhecer a felicidade mediante o ingresso na Maçonaria, quando passa a conhecer o outro lado da vida: a Razão, a Verdade, e a Humildade. Razão, a lei universal é sensível a todos os homens, conferindo-lhe um novo olhar, um sentimento melhor da vida, inclusive o de melhor poder servir aos demais semelhantes. Verdade, o sentimento de nos alegramos em encontra-la e decliná-las em nossas ações. Humildade, porque o Iniciado passa a perceber que somos todos iguais, aqui chegando pelo
nascimento e dessa vida terrena partindo através da morte física, a morte material, mas prevalente o lado espiritual, aliás, como bem alude o mestre Zachary, a saber: “No início da jornada espiritual, a mente do aspirante é receptiva do divino (327), porque é influenciada por professores externos, compreende ensinamentos externos e aspira aos ideais mentais do desenvolvimento espiritual (328), Zachary F. Landsdowne, in O Apocalipse de São João – O Caminho para a Iniciação da Alma, Editora Madras, São Paulo, 20210, Capítulo 12, p. 113. Por fim, cabe assentar a Maçonaria mantem-se hígida, no tempo e no espaço, sempre em estreita observância do preceito da igualdade pois, como já dito antes, a “Maçonaria está sempre de portas abertas para quaisquer dos cidadãos, que tenham interesse de ingressar e conhecer os sublimes mistérios da Ordem”. Segundo a literatura, a fidelidade é o termo com origem no latim fidelis, que significa uma atitude de quem tem compromisso com aquilo que assume. No linguajar do homem comum, a “palavra empenhada”, o antigo “fio do bigode”. Ter fidelidade é uma expressão usada para nominar aquilo que tem constância. Fidelidade é também uma observância rigorosa da verdade, ou seja, da exatidão na reprodução de um texto, de uma entrevista ou de uma narração. Aliás, a história registra a fidelidade como uma atitude já presente nos costumes e nas tradições desde a Idade Média. Teria origem no comportamento dos homens vassalos, que tinham compromisso de fidelidade com o Senhor Feudal, em troca de algum benefício. Noutro falar, a fidelidade está posta como
uma das características que deve ter o Maçon, até porque por ser uno, infinito e indivisível, o G.A.D.U. não desiste, não abandona os seus filhos, e por esse mesmo fundamento, há de reinar o princípio de fidelidade do Maçon ao G.A.D.U. A Maçonaria exige de seus adeptos o respeito às Leis do País onde vive e trabalha e cria sua família. Vale dizer, seus princípios adotados jamais poderão conflitar de testilha com as obrigações legais e morais de seus membros como cidadãos. A Loja constitui a base sagrada da Maçonaria. Pode-se afirmar, é a célula-mater que estabelece toda a estrutura de uma Potência, também conhecida como Obediência. Assim, entende-se por Loja Simbólica aquelas células que administram os três Primeiros Graus da Maçonaria, consistentes nos chamados Graus Simbólicos (Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçônico). Observe-se, a Loja Maçônica pode adotar um dos Ritos assim reconhecidos pelo Grande Oriente do Brasil (GOB): Rito Adoniramita; Rito Brasileiro; Rito Escocês Antigo e Aceito, composto de 33 (trinta e três) Graus; Rito Francês Moderno; Rito Alemão; e Rito de York. Na Maçonaria – alude Rizzardo da Camino “Duas são as partes essenciais: a “espiritual”, que respeita a Deus e a “material”, que se traduz no culto ao Amor fraterno. A Maçonaria apresenta um culto a Deus: ela o tem presente por meio dos símbolos, sendo o Livro Sagrado, um deles. O Amor fraterno, esse, sim, é cultivado, exercitado e positivado. Crer em Deus e amar o seu Irmão fazem do Iniciado um maçon. Rizzardo da Camino, in Rito Escocês Antigo e Aceito – 1º. ao 33º, Editora Madras, São Paulo, 2016, págs. 12/13. Por fim, os trabalhos de uma Loja Simbólica são caracterizados como administrativo ou iniciático, e se efetivam mediante permanentes Instruções do Grau, além do estudo e prática da Filosofia Maçônica. Trabalhar maçônicamente é necessário, para vencermos nossas paixões, elevar o nosso Oriente e glorificar o G.A.D.U.
política
MOVIMENTOS MAÇÔNICOS NA LUTA PELA DEMOCRACIA — I Breno Boss Cachapuz Caiado | Cadeira nº 04
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uando Thomas Hobbes, em 1.651, escreveu em seu livro “Leviatã”, que o “homem é o lobo do homem”, ele quis dizer que sem um contrato social, de união civil e de paz, o ser humano invariavelmente torna-se capaz de destruir e violentar seu semelhante para dominá-lo. Obviamente que precisamos de uma organização social, eminentemente na forma de Estado democrático, para vivermos em harmonia, com respeito ao direito do próximo, em mesmas condições de igualdade para todos. Entretanto, observamos nos governos ditatoriais e autoritários, que o poder é detido por alguns em proveito do próprio grupo dominante, não havendo liberdades e acatamento das opiniões dos cidadãos ou exclusivamente em prol dos interesses gerais. Assim ocorreu na União Soviética (de Josef Stalin de 1922 a 1953 e posteriormente com seus sucessores até a década de 1.980), no Iraque (com Saddam Hussein), na Síria (com Bashar Hafez al-Assad), Coréia do Norte (com Kim Il-sung), Nicarágua (com Daniel Ortega), Cuba (com Fidel Castro e sua família), além das violentas ditaduras islâmicas distribuídas no Oriente Médio, África e Ásia, hodiernamente. Engana-se quem pensa que a ditadura ou o autoritarismo melhora uma comunidade, elimina os ilícitos, traz de-
senvolvimento e torna a sociedade mais igualitária e justa. Os tristes exemplos estão por todo tempo de existência da humanidade, sendo bem visíveis ainda nos dias atuais. É sabido que o maçom é um homem livre e de bons costumes, tendo como seus maiores princípios a liberdade, igualdade e fraternidade. O verdadeiro maçom defende a liberdade de crença, religião, cor e raça, além do respeito às leis, o direito, a pátria e a família, conforme relembrado pelo 1º. Vig.: na abertura dos nossos trabalhos. E a Maçonaria sempre combateu o autoritarismo e cultivou a democracia, sendo responsável pelos maiores movimentos democráticos da humanidade, na defesa da liberdade e igualdade do mundo moderno. A declaração de independência dos Estados Unidos da América, que ocorreu em 1.776, foi escrita pelo maçom Thomas Jefferson. A libertação dos EUA teve como seus principais líderes os MM.: MM.: Benjamin Franklin e George Washington, sendo este último o primeiro presidente daquele país. Na declaração de independência dos EUA, os princípios de liberdade, igualdade e fraternidade disseminados pela maçonaria estão bem visíveis e são a base da democracia americana.
Independência dos EUA, Revolução Francesa, Inconfidência Mineira, Independência do Brasil e Proclamação da República No dia 4 de Fevereiro de 1789, George Washington foi eleito o primeiro presidente dos Estados Unidos, tendo a cerimonia de juramento de posse do sido dirigida por Robert Livingston, grão mestre da Grande Loja de Nova York. O comandante da Tropa da Guarda foi outro maçom, o general Jacob Morton e o maçom Morgan Lewis, foi o genral comandante da escolta de Washington. A Bíblia utilizada na solenidade para o juramento foi a da loja maçônica São João, de Nova York, sendo que George Washington, quando tomou posse na presidência, era o venerável mestre da loja maçônica Alexandria, da Virgínia (in https://www.freemason.pt/a-maconaria-e-a-independencia-americana/). Esse foi um dos primeiros e certamente o maior dos movimentos democráticos da era moderna, tendo inclusive influenciado na Revolução Francesa, ocorrida em 14 de julho de 1.789, com a “queda da Bastilha”. Naquele dia a população francesa exclamava pelas ruas de Paris: “liberté, égalité, fraternité”, sendo essa expressão maçônica inscrita e imortalizada no Arco do Triunfo. Tenório de Albuquerque afirma: “Em todos os movimentos para assegurar aos povos a Liberdade, interveio poderosamente a Maçonaria; no mais das vezes, como organizadora (...) Decididamente a
Maçonaria empenhou-se na luta, no final do Século XVIII, em defesa da Liberdade e do Cidadão, do princípio de Igualdade social e jurídica, batalhando com destemor para anular privilégios sociais. Organizou clubes, associações artísticas, para difundir os seus princípios, para desfazer os desequilíbrios sociais (...) A Revolução Francesa foi conseqüência de uma época de opressão, de privilégios excessivos de alguns com sacrifício, com escravização de milhões. Entrou em efervescência a reação do povo explorado. A Maçonaria colocou-se, como devia, ao lado dos oprimidos contra os opressores. Os maçons lutaram com denodo. Unidos pelo ideal de Liberdade, orientaram o grande movimento de redenção. A Revolução Francesa... foi um triunfo da Maçonaria” (ALBUQUERQUE, A. T. C. de. O Que é a Maçonaria. Rio de Janeiro: Editora Aurora. 1967). No mesmo ano da Revolução Francesa (1.789), os ideais maçônicos da democracia americana inspiraram os inconfidentes mineiros de Ouro Preto. Claudio Manuel da Costa, Thomaz Antônio Gonzaga, José Álvares Maciel, Padre Rolim, Inácio José de Alvarenga (membros da elite intelectual, econômica e social mineira) e o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, integravam a irmandade. (continua na próxima edição)
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crônica
AQUELA NEGRA Filadelfo Borges de Lima | Cadeira nº 08 Pelo menos uma vez por mês, uma mulher negra, moradora não sei em que bairro da nossa cidade (Rio Verde), chama no interfone da casa onde resido. Não raramente ela o faz na hora do almoço e quer ser atendida pela minha esposa, senhora Ilsa. Esta, com paciência, vai ao seu encontro. A pobre negra diz que
lamenta incomodá-la, mas está precisando de tantos reais para pagar o mototáxis a fim de retornar à sua residência. É preciso interrompê-la porque não cessa de falar. Satisfeita por ganhar o que solicitara, agradece e se retira. É grosseira e agride com palavras, principalmente se estiver sob efeito de drogas. Glaucia é o
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QUEM FOI MARIE JOSEPH GABRIEL ANTOINE JOGAND PAGÈS PARA A MAÇONARIA Anestor Porfírio da Silva | Cadeira nº 32
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arselha, uma linda metrópole localizada na costa sudeste da França, banhada pelo Mar Mediterrâneo, privilegiada pelos encantos da natureza daquela região é o lugar onde, em 21 de março de 1854, teve início uma história que ficou inesquecível, construída por Marie Joseph Gabriel Antoine Jogand Pagès, jornalista e escritor que conseguiu alcançar a imortalidade com a fama de ser um dos mais nefastos mentirosos, falso e conspirador contra a maçonaria e o clero do catolicismo. Quando Joseph Gabriel veio ao mundo, seus pais apostaram em seu futuro como homem de bem e até que conseguiram algum êxito enquanto detinham sobre ele o pátrio poder guiando-o rumo a uma boa formação moral e intelectual. Todavia, quando atingiu a maioridade, preferiu deixar para trás os bons ensinamentos que lhe foram transmitidos pelos seus pais e seguir pelo caminho do falso jornalismo e da também espúria literatura acreditando que nessa rota, com temas sensacionalistas, capazes de aguçar a curiosidade de seus leitores, pudesse construir mais rapidamente sua fama e ganhar, com mais facilidade, muito dinheiro. Iniciou sua vida profissional quando ainda era bastante jovem com a fundação do jornal “La Marotte” o qual, após pouco tempo de atividade, teve o direito de funcionamento proibido por haver cometido crime de “violação de decência”, em cujo processo judicial foi condenado a oito anos de prisão. Porém, para escapar do cumprimento da pena fugiu para a Suíça antes de ser preso. Na mesma trajetória intencionalmente traçada, Joseph Gabriel, entendendo que não lhe era um bom negócio manter sua verdadeira identidade ante as falsas afirmações que fazia contra pessoas e instituições, achou por bem esconder-se atrás de pseudônimos para não ser reconhecido e identificado até mesmo pelos seus pais, que eram pessoas de comportamento ilibado, que sem dúvida iriam discordar do estilo farsante de seus trabalhos e, como de consequência, também não pactuariam com o filho quanto ao gosto amargo de suas manifestações escritas, cujos efeitos sempre tinham como causa as acusações improcedentes que elas continham. Após ter sido anistiado da condenação de que foi alvo, na França, voltou da Suíça tendo, daí em diante, com 25 anos de idade e já fazendo uso do nome falso de Léo Taxil, se dedicado à prática contumaz e vexatória de uma espécie de falatório escrito, preconceituoso, antiético, em infamante tom acusativo, sem fundamentação na verdade, do qual se valia para atingir a honra e a dignidade do clero católico e, posteriormente, da maçonaria. Dr. Bataille, Dr. Charles Hacks, Paul Regis, Adolphe Ricoux e Samuel Paul Rosen também eram pseudônimos usados por Joseph Gabriel. Nas várias obras anticatólicas que escreveu, entre elas “La prostitution contemporaine”, “Les pornografes sacrès: confession et confesseurs”, Léo Taxil classificou a hierarquia eclesiástica como hedonista e sádica, além de ter lançado dezenas de acusações quanto a com-
portamentos relacionados à prática de homossexualismo por parte de impreciso número de sacerdotes, os quais, segundo ele, tais membros afrontavam os dogmas do catolicismo e a dignidade dos demais que estavam a representar sua própria organização sacerdotal, o que se tornava mais desmoralizante e vergonhoso por ser do conhecimento do alto clero da Igreja Católica e aquele poder eclesiástico nada fazer. Seus conhecimentos e sua dedicação à arte de falar e de escrever o aproximaram da maçonaria que viu nele um candidato ideal para enriquecer suas colunas como jornalista e escritor. Os contatos nesse sentido foram se estreitando até que no ano de 1885 ocorreu sua iniciação. Tal ato redundou em erro fatal da mencionada instituição, pois, em assim agindo, permitiu que em seu seio mergulhasse Léo Taxil, um elemento visionário, ambicioso, que sonhava com uma carreira que lhe rendesse dinheiro fácil, vaidoso, infiel, pois não valorava a palavra empenhada, falso e o que era pior: à frente de tudo isso, vislumbrava-se a enganosa imagem de um homem sério, inteligente, de boa aparência, de boa conversa, capaz de ludibriar com facilidade os que, imbuídos de boa-fé, com ele se relacionassem. Porém, sua permanência como membro regular da Ordem Maçônica não passou do grau de aprendiz, pois no ano seguinte foi expulso dos quadros da maçonaria pelo cometimento de alguns crimes de difamação e um de plágio de texto, ou seja, ele se apropriou de matéria escrita por outra pessoa como se fosse de sua autoria. Léo Taxil não se conformou com o que lhe havia acontecido e, como era de se esperar, com o seu orgulho ferido reagiu fortemente contra a maçonaria tornando-se, daquele dia em diante, um de seus mais algozes perseguidores ao se transformar em escritor antimaçônico. Desde então ele assumiu o posto de principal instigador da sociedade e da Igreja contra a maçonaria porque a maneira tão bem arquitetada como narrava suas falsas afirmações tinha como base de convencimento o fato de ele sustentar que todos os seus relatos eram o espelho daquilo que havia presenciado dentro das Lojas durante o tempo em que foi maçom regular. De início, escreveu ele que havia deixado a referida ordem porque os maçons se constituíam em uma sociedade secreta, que tinha por fim: a) promover culto ao satanás e que seu protetor era Lúcifer; b) levar a efeito sacrifícios sangrentos; c) adorar um ídolo com a cabeça de um bode, definido como “Baphomet”; d) dominar o mundo sob a inspiração de uma ordem satânica de nome “Palladium”; e) ocultar as piores misérias morais; f) incentivar seus seguidores
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seu nome, mas não há, provavelmente, quem a chame de dona Glaucia. As mulheres da sua condição social são tratadas só pelo prenome. Se uma mulher branca e de posição social muito melhor do que a de Glaucia me dissesse que pretendia falar com dona Ilsa, a esta eu diria assim: Uma senhora quer falar com você. Sendo negra, pedinte e ou drogada, assim lhe falaria: Uma negra quer falar com você. Ninguém nasce preconceituoso, aprende-se a sê-lo. Quero me corrigir e o farei. Na próxima oportunidade de avistar-me com Glaucia a tratarei por dona Glaucia. Assim estarei a praticar um ato cristão e maçônico. Ela é vítima de uma sociedade injusta.
ao vício e ao assassinato; g) maquinar contra a Igreja Católica; h) praticar ritual de incorporação de espíritos do mal em pessoas; i) etc.. Ao tempo em que toda a fúria de Léo Taxil era lançada contra a maçonaria através de panfletos, matérias jornalísticas e livros, esta contava com pouco mais de cento e sessenta anos de existência desde que se tornou uma instituição especulativa e se achava circunscrita a algumas poucas regiões da Europa, enquanto que o catolicismo já era uma religião milenar espalhada por todos os países civilizados e foi essa dita religião, através de seu alto clero, como principal interessada no combate ao progresso da maçonaria, que cuidou de promover a divulgação, entre os fiéis do catolicismo, das levianas e infundadas afirmações de Léo Taxil. Isso, sem dúvida, maculou a imagem dos maçons como membros de seita satânica afastada do caminho do bem e da salvação espiritual. Anos depois, quando Léo Taxil, incomodado pelos efeitos irreparáveis que suas pesadas acusações vinham causando, viu-se vítima de seus próprios ataques pelo remorso que sobre si abateu e que só o libertou depois de confessar que tudo o que havia escrito de denúncias com excesso de linguagem contra a maçonaria não passava de uma piada de mau gosto e esse, sem dúvida, foi mais um escândalo que ele próprio acabou produzindo contra sua honra e reputação, pois, sem querer, declarou-se um homem mentiroso. No momento em que Léo Taxil começou a revelar que suas afirmações antimaçônicas não tinham procedência, ele se encontrava presente em uma palestra dirigida a certo segmento organizado da sociedade francesa, no dia 19 de abril de 1897. Naquela ocasião, quando fazia uso da palavra, Léo enfatizou que o “Palladium” era uma invenção sua e que ele já o havia destruído. Seu semblante cínico e irônico naquele momento foi tão visível que causou impacto, constrangimento e revolta entre os presentes, vez que, até então, o tinham como detentor de verdade insofismável e inconteste em tudo o que havia escrito e construído de forma negativa sobre a maçonaria. Eles o qualificaram de homem falso, acusaram-no de pessoa não grata e o obrigaram a deixar o recinto pelas portas de emergência para não ser agredido. A Igreja Católica, em função de outros argumentos por ela levantados em desfavor dos maçons, não quis veicular entre seus fiéis os desmentidos de Léo Taxil, apesar de ter sido muito eficiente da vez em que disseminou em seu seio as mentiras fabricadas contra a maçonaria, as quais, segundo o autor, foram engendradas e publicadas com o objetivo de vingança. Sua mais famosa farsa antimaçônica foi, certamente, a obra intitulada “A Fraude de Taxil”, publicada em 1.890. Marie Joseph Gabriel Antoine Jogand Pagès faleceu em 31 de março de 1.907, em Sceaux, na França, não se sabe se em paz com sua consciência, mas gozando de boa estabilidade financeira, fruto da vendagem das obras constituídas de afirmações inverídicas e mentirosas que ele produziu, principalmente, contra a maçonaria e a Igreja Católica.
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tempo de estudo
A CÂMARA DO MEIO Paranahyba Santana | Cadeira nº 25 “A porta do lado do meio estava na parte direita da casa; e subiam por um caracol ao andar do meio e deste para o terceiro” (Reis I, 6, 8.)
Noutra versão bíblica:
“A porta que levava à câmara do meio estava no lado sul da casa e por um caracol se subia ao segundo andar e deste para o terceiro”
“A Câmara do Meio é o nome do lugar onde os Mestres se reúnem, mas pode significar também a própria reunião dos Mestres, daí aceitar-se como correta a expressão – os Mestres estão reunidos em Câmara do Meio. Se quisermos apontar o local da reunião, diremos que eles estão reunidos na Câmara do Meio”. Câmara do Meio é o título dado à Loja de Mestre na Moderna Maçonaria. Esta concepção começou a fazer parte do especulativo maçônico após o aparecimento (do Terceiro Grau em 1724 e sacramentado na segunda Constituição de Anderson em 1738 relativa à Primeira Grande Loja (dos Modernos) em Londres. Geograficamente, o lado direito da casa, sob o ponto de vista do Átrio, corresponde ao Sul, ou Meio-Dia, enquanto que em relação ao termo “caracol” inserido nos textos bíblicos, evidentemente se refere à Escada em Caracol, cujo emblema possui alto valor simbólico já que esta “escada”, de acesso lateral para “câmara”, representa a dificuldade e a sinuosidade que o Obreiro tem que passar para atingir a Câmara do Meio, o aperfeiçoamento, que neste caso sugere o Santo dos Santos do Templo de Jerusalém. A bem da verdade, a alegoria “escada/câmara” alude ao elo que existe entre o “meio-dia”, a juventude, e o final da jornada à “meia-noite”, a maturidade e morte – o Mestre que ingressa no Oriente. É desta a relação maçônica existente, entre a lenda da construção do Templo de Jerusalém e a Loja, mais especificamente ao Oriente da Oficina, que se explica o porquê de só se permitir o ingresso no Oriente em Loja aberta àquele que já tenha atingido a plenitude no simbolismo universal maçônico – o Mestre. Graças também a esta alegoria maçônica é que os Companheiros no Templo, em Loja, ocupam sempre a Coluna do Sul, já que pelo texto bíblico que dá origem ao apólogo, a porta que leva à Câmara do Meio, a Loja de Mestre, simbolicamente está situada no Sul. Diga-se ainda, de passagem, que na alegoria do Templo o mesmo era um conjunto constituído por três partes – a primeira se denominava Ulam, o átrio, onde se formava a assembleia; a segunda chamada Hikal (diz-se Heikal), onde os sacerdotes desempenhavam as suas funções e por fim a terceira, nomeada Debir, o santuário, onde era depositada a Arca de Aliança. Com o advento da criação do grau de Mestre e por extensão da Lenda do Terceiro Grau, cujo anfiteatro se dá no lendário Templo de Jerusalém, é que se desenvolveria
o arcabouço doutrinário e filosófico do simbolismo da Moderna Maçonaria que passaria, definitivamente, a associar especulativamente o aprimoramento do Homem com a construção do Templo interior – a Obra perfeita dedicada a “Deus”. Daí a relação metafísica incondicional e sucessiva entre os três Graus cuja jornada parte do Ocidente em direção à Luz do Oriente – Intuição, Análise e Síntese. Como uma Loja, quando se relacionar ao título distintivo dado para uma corporação maçônica, só existe em trabalhos abertos após a abertura do Livro da Lei, a sessão maçônica aberta no Terceiro Grau adquire por extensão, o rótulo convencional de Câmara do Meio. Nossos manuais, como o Rito Escocês Antigo e Aceito, nos falam pouco sobre a Câmara do Meio. Diz-nos que a Loja de Mestres Maçons tem esta denominação e fala de sua decoração: sombria, obscura, triste. Faz referência a reunião dos Mestres para lamentar a perda de alguém que se destacou por sua coragem, fidelidade e coerência. Para alcançar a Câmara do Meio é necessário, em primeiro lugar, que o Candidato aceite o lema imposto por Sócrates “Conhece-te a ti mesmo”; em segundo lugar abraçar a humildade que fazia que o grande filósofo dissesse: “Eu sei que nada sei”; em terceiro lugar, tenha subido os degraus da Escada de Jacó com coragem e, ao mudar de residência, do Norte para o Sul, tenha, com destemor, galgado os três, mais os cinco e mais os setes degraus da Escada em Caracol, e chegado à porta que lhe foi aberta para que entrasse na Câmara do Meio. A Câmara do Meio por ser um local lutuoso, precisa de um Templo especial, cujas paredes devem ser pretas, onde se veem lágrimas e caveiras sobre tíbias cruzadas. A Câmara do Meio é a imagem do grande laboratório onde se operam as transformações infinitas. Nada começa sem a morte. O grão perece para que o vegetal se desenvolva. A Câmara do Meio é a perda das ilusões por meio de práticas herméticas, que transforma o centro dos conhecimentos que passam do cérebro ao coração. O conhecimento do coração é a comunicação direta sem intermediários, mais ou menos opaca, em direção ao manancial de toda a vida. Um caminho para a luz, o eco da palavra perdida. âmara do Meio seria a corruptela de “piso do meio”, mencionado no Livro de Reis, capítulo VI, 8. A expressão “Câmara do Meio” consta nos mais antigos Rituais. “No meio do Esquadro e Compasso” seria o seu exato significado. “Entre a Terra e o Céu.” O “meio” é o centro ideal. Ascender à “Câmara do Meio” é dirigir-se ao centro da “Roda”, ao eixo imóvel. É escapar à agitação do mundo profano. Os iniciados em marcha sobre os raios da Roda em direção ao centro. A “Câmara do Meio” é a quinta essência dos alquimistas, o ponto de interseção dos dois braços da Cruz, o cume da “Pedra Cúbica Pontiaguda”. Nós ascendemos por 15 marchas divididas em três grupos: 3, 5 e 7. Esses números correspondem ao Aprendiz, Companheiro e Mestre.
ciência & saúde
FAÇO EXERCÍCIOS FÍSICOS ROTINEIRAMENTE E ESQUEÇO DO PULMÃO? Bráulio Brasil | Colaborador, Fisioterapeuta Intensivista
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treinamento físico é fundamental para a otimização do desempenho do exercício, seja para ganho de força e potência, seja para prevenir lesões musculoesqueléticas e complicações do imobilismo. O benefícios do condicionamento cardiovascular tem como foco maximizar a capacidade de nutrição muscular, evitando o desgaste excessivo, que compromete o desempenho de forma consciente.
No entanto, poucos dão atenção ao treinamento respiratório. Seus benefícios estão associados a um maior suprimento de oxigênio aos tecidos, proporcionando um desempenho físico diferenciado. O sistema respiratório e seus centros reguladores controlam os níveis de oxigênio (O2) e dióxido de carbono (CO2), que é liberado em níveis mais elevados em surtos de atividade ou atividade sustentada por um longo período.
9 O primeiro Livro dos Reis (VI, 5, 6, 8) fala da construção do Templo pelo rei Salomão; depois de ter mencionado o pórtico, denominando o “Lugar santo” (Hikal, diz-se Heikal) e o “Lugar muito santo” (Debhir), isto é, a câmara mais profunda do Templo. Ascendia-se ao andar do meio por uma escada de caracol. Assim, na Bíblia, há três câmaras e a do meio não é mais do que uma peça central. A tradição maçônica modificou totalmente os dados bíblicos poetizando-os, da mesma forma que tirou de dados bíblicos a lenda de Hiram, que não figura na Bíblia. É assim que ela se inspirou da escada em espiral para dar-lhe uma significação e uma destinação especificamente maçônicas, no Rito Emulação, no 2º Grau. Enfim, O nome “meio” dá uma ideia de situação geográfica, pois uma Loja obedece a Rosa dos Ventos: O Oriente é o lugar mais “alto”, atingido por degraus e nele está o VM:.; descendo alguns degraus ingressa-se na Câmara do Meio que se compõe de três planos denominados, Col:. do Sul, Col:. do Norte e Pav:. de Mos:., sobre o qual ergue-se o Al:. Dos Jjur:.. Após as Colunas “B” e “J”, vêm o Setentrião, à esquerda de quem ingressa no Templo; à direita vem o Nascente. No conceito primário, a Câmara é única e possui características próprias; só tem assento, o VM:. e os dois VVig:.; os demais MM:. ficam em pé, ao redor do Al:. Dos JJur:.; toda ornamentação é em negro e notam-se variados símbolos da morte, a escuridão é quase total, há apenas uma luminosidade para que se possa vislumbrar objetos e pessoas. Os MM:. Vestem Balandrau e capuz; a rigor, ninguém se dá a conhecer. Os Trabalhos na Câmara do Meio do Grau de Maçom são iniciáticos e obedecem, rigorosamente, o que dispõe a “Lenda de Hiram Abif”. A sessão é denominada de “exaltação”, quando são exaltados os CCom:. que já venceram a etapa para essa passagem. Na Maçonaria Simbólica, existem apenas três Graus (Aprendiz, Companheiro e Mestre); atingir o mestrado é atingir a plenitude maçônica simbólica. Ao atingir o mestrado, o Iniciado terá a plena certeza de que é digno de partilhar dos trabalhos constantes dos Maçons, na guerra, em que, sob a égide do Grande Arquiteto do Universo, empenham todos os seus esforços e todo o seu amor em prol da humanidade. Sua responsabilidade estará aumentada; se a Ordem lhe assegura, por toda parte passagem e proteção, ela espera, também, o seu esforço contínuo, o seu trabalho ininterrupto, em favor da libertação das inteligências oprimidas, e a sua coragem, a toda prova, quando precisar se arriscar para salvar os seus Irmãos. O Mestre deve irradiar, por toda a parte a luz que recebeu; deve procurar, na sociedade profana, os corações bem formados, as inteligências livres, os espíritos elevados, que fugindo dos preconceitos e da vida fácil, buscam uma vida nova e podem se tornar elementos úteis e poderosos para a difusão dos princípios maçônicos; deve aprender a dominar‐se e fugir de todo sectarismo. Sendo amigo da Sabedoria, deve guardar sempre, o equilíbrio mental, que caracteriza o ser são de espírito. Não se constrói um edifício, apoiando‐o sobre uma única coluna; assim, o Mestre deve saber, no seu trabalho de construção moral e intelectual, equilibrar, sempre, os ensinamentos da razão com os sentimentos do coração.
Estudos recentes sugerem que os músculos inspiratórios podem interferir na realização de exercícios físicos, principalmente quando sua capacidade física é baixa, levando a fadiga precoce dos músculos esqueléticos e pouca performance. O treinamento muscular inspiratório (TMI) é uma modalidade terapêutica que supera a resistência contra os músculos responsáveis pela expansão pulmonar. Esse esforço deve ser controlado, específico e repetido em intervalos regulares. O TMI se fundamenta em três pilares: a sobrecarga imposta ao músculo; a especificidade do treino; a reversibilidade da atrofia muscular. O TMI deve estar prescrito por profissional habilitado e deve fazer parte da sua atividade física. Com a pandemia do coronavírus, as discussões sobre o desempenho da função pulmonar, promoveu estratégias específicas e eficazes para qualquer público orientado. Saúde é vida!
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crônica
A BURCA
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Getúlio Targino Lima | Cadeira nº 13
aía meio despercebido do supermercado, onde fora tirar um dinheirinho no caixa eletrônico, quando passou por mim, empurrando um carrinho de compras, um senhor idoso, cabelos brancos e um chapeuzinho daqueles atuais, de abas pequenas. Dei uns três passos quando ouvi: Professor Getulio Targino!!! Parei e me aproximei daquele senhor que, amavelmente, me recordou histórias do tempo em que morei em Porto Nacional, jogando futebol de botão com Jamil Pereira de Macedo, desembargador aposentado do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás e seu ex-Presidente. Depois de todas aquelas interessantíssimas histórias, com nomes e datas certas, arrematou: O senhor foi meu professor no curso de Direito da Católica. Formei-me em 1969 e o senhor foi nosso paraninfo, e foi se retirando lentamente. Viajei no tempo. Naquela época era professor na Católica e na Federal.
Há quatro anos na Católica e três na Federal, mas era um menino, no verdor dos meus vinte e sete anos. Experiências como esta, graças a Deus, tenho quase todos os dias. Fazendo aquilo de que gosto e depois de mais de meio século servindo à advocacia pública e privada e meio século de ligação e serviço no magistério superior estes encontros se tornam quase que diários e sempre são extremamente gratificantes. Ex-alunos estão entre os colegas advogados, assessores, procuradores municipais, estaduais e federais, promotores, procuradores de justiça, juízes, desembargadores e ministros. E eu me sinto honrado e feliz por haver, de alguma forma, contribuído para estas carreiras. Assim, mesmo com os desencantos de uma justiça às vezes tardia, vou caminhando em frente, sempre acreditando que tempos melhores virão. Por isto, quedei, pasmo, com a notícia que fervilhou nos jornais e nas
mídias sociais: uma advogada foi repreendida por um desembargador da justiça do trabalho, quando se encaminhava para fazer sua sustentação oral ante a Corte, porque estaria se trajando de forma inadequada, indecorosa mesmo, para a Corte perante a qual se apresentava. E se recusou a permanecer no local dada a ofensa que segundo ele estaria sofrendo. Foi preciso que colegas outros oferecessem paletós para cobrirem os braços nus da desditosa advogada. Meu primeiro passo foi ver a foto da colega, vestida como estava no dia do julgamento. Aí foi que o espanto se escancarou de vez. A advogada vestia um vestido longo, daqueles que vão até aos pés, cobrindo-os. Inteiriço, o vestido subia pelo corpo passando pela cintura e até o busto, tudo completa e totalmente coberto.Somente nos ombros afinava-se em alças, de modo que os braços pendiam, nus. Esta era a grave ofensa, que acutilava o pudor do magistrado. Isto é sintomático. Revela autoritarismo impróprio e desnecessário e um claro desrespeito à advocacia. Um excessivo e mal enfocado respeito à sacralidade do tribunal e da justiça. Esta não se situa nos braços cobertos ou descobertos.
artigo
CHAVALIER D’EON: HOMEM OU MULHER? Jefferson Soares de Carvalho | Cadeira nº 15
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harles Geneviève Louis Auguste André Timothée d’Éon de Beaumont, Chevalier D’Eon, nasceu em 1728, formado em Direito, é considerado um grande erudito e um dos melhores espadachins da sua época. Torna-se administrador fiscal do intendente de Paris, publica dois livros – sobre administração política e a História da Fazenda – que lhe trazem fama. Em 1755, torna-se espião do rei Luís XV. Até 1762, é ministro plenipotenciário em São Petersburgo. Capitão dos Dragões no Regimento d’Autchamp, participa com distinção na Guerra dos Sete Anos. É enviado à Inglaterra, como secretário da Embaixada para redigir o tratado de paz. Enquanto o conde de Guerchy, embaixador em Londres, não chegava, d’Eon é indicado ministro plenipotenciário. É feito Cavaleiro da Ordem Militar de Saint-Louis e incumbido de um levantamento das defesas inglesas, visando uma invasão francesa. D’Eon faz sucesso na alta sociedade inglesa, preza da amizade dos políticos, é recebido em audiência pelo rei e a rainha. Leva uma vida de alto padrão e grandes despesas. O governo francês questiona seus gastos e diz que terá de renunciar ao cargo de plenipotenciário e assumir o posto de secretário do embaixador. Ofendido, escreve cartas impertinentes e hostis aos superiores. Recebe ordem de voltar para a França, assim que o embaixador chegar. Era o fim de sua carreira, talvez seu exílio ou mesmo prisão por insubordinação na Bastilha. O conde de Guerchy chega e pede que ele regresse. D’Eon se recusa, diz que nomeado pelo rei, só acataria uma ordem do rei. As autoridades francesas não sabem que d’Eon é espião do rei, com cartas e instruções secretas comprometedoras. Enquanto tiver esses documentos, terá garantida sua liberdade e segurança. Temia-se que vendesse os documentos, principalmente o plano de invasão, o que causaria uma guerra ou a queda da monarquia francesa ou o pior escândalo do reinado de Luís XV. Há uma tentativa de extraditá-lo, o governo inglês decide ele poderia ficar no país. Em um jantar na embaixada francesa, d’Eon é envenenado com ópio em seu vinho e só escapa porque não bebeu muito. Em
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1764, publica Lettres, mémoires, et négociations, sobre o processo de Ordem de Regresso, mas deixa de fora os documentos secretos, era uma sutil ameaça de que poderia publicá-las. O rei aprova a abertura de um processo por calúnia quanto à tentativa de assassinato. No processo, Vergy, espião francês, diz que Guerchy, não só tentou envenená-lo, como ordenara a sua morte. O governo francês abre negociações para reaverem os documentos. Lhe é concedida uma pensão vitalícia anual, que continuasse com o título de Chevalier, capitão dos Dragões e que não seria processado, mas não poderia voltar à França. Continuou como a melhor fonte francesa de informações acerca da política britânica. Mas sabia que sua situação era frágil e estava praticamente falido. Quer voltar para a França, com dignidade e respeito. Foi iniciado na Maçonaria em 18/5/1768 ou em janeiro de 1769, na Loja Imortalidade nº 376, foi exaltado em janeiro de 1769 e Junior Warner, Venerável Mestre Adjunto, de 1769/1770. Em 1770, resolve espalhar o boato que é mulher. Se o público acreditasse que era uma mulher, maior seria a pressão para solucionar sua situação. Seria uma heroína que se vestira de homem por patriotismo, a serviço do rei. A estória toma conta dos jornais, ridicularizam a Maçonaria por haver iniciado uma mulher e mostram charge com ele vestido metade mulher e metade homem com um avental maçônico. Uma bolsa de aposta é aberta, que cresce assustadoramente. D’Eon se enfurece por seu corpo e seu sexo ser objeto de baixas discussões, se recusa a comprovar o seu sexo por ser desonroso e começa a temer por sua vida. Informa que há um complô para afastar os Hannover da sucessão do rei Jorge III. Jean Drouer, secretário particular de Broglie, vai a Londres, confirma a informação e diz que o próprio d’Eon lhe confidenciara ser mulher. Com a morte de Luís XV, inicia negociações, quer uma pensão vitalícia, pagamento de suas dívidas, que admitissem publicamente que tentaram assassiná-lo, que suas ações foram justificáveis, que não era um fora-da-lei e que fosse reconhecido como mulher. O governo aceita as exigências, d’Eon entrega os do-
Aliás, nunca vi nenhuma estátua da justiça em que os braços da deusa estejam cobertos completamente. O enfoque é outro. A urgência é diversa. A necessidade bem diferente. A sacralidade dos ambientes e do exercício profissional de quem distribui o direito fazendo justiça está na seriedade e celeridade do julgamento, para não termos que ver processos durando trinta anos; na isenção do julgador; na autoridade moral de quem decide; na absoluta ausência de corrupção, e, principalmente, na ausência da síndrome de ser deus, que ainda ataca e influencia muitos. É sempre bom lembrar que entre o advogado e o juiz, de qualquer instância, não existe hierarquia, devendo-se, ambos, mútuo respeito. Que a beca é prerrogativa do advogado, assim como a toga é do juiz. A não ser que, com estes extremos ridículos de pudor, estejamos desejando que as advogadas compareçam aos tribunais vestindo a burca, roupa que envolve a mulher totalmente, deixando, com um telinha fina, apenas os olhos... Isto é ridículo e a justiça goiana e a brasileira não merecem tal vexame.
cumentos secretos. Após mais alta corte de Londres, declara-lo mulher, em 1777, chega à França, causa sensação, é uma das mulheres mais famosas e notáveis do século. No Palais Royal, são vendidas canções, panfletos e impressos satirizando-o. Na Comédie Italienne é encenada uma peça sobre o caso d’Eon. É recebido por Benjamin Franklin e Voltaire. Luiz XVI proíbe-o, apesar de protestar, de se vestir como homem. Passa a ser um fundamentalista católico, o que o leva a uma enorme produção literária que embora não publicada, prova seu espírito imaginativo e genialidade. Grande número de seus manuscritos estão no Museu Britânico. Pede para ir lutar na Independência Americana, lhe é negado e, de 1779/1785, vive em Tonnerre, quando retorna a Londres. Com a Revolução Francesa, pede sua volta ao exército e que lhe dessem o comando de um regimento de mulheres. O governo autoriza seu retorno. Com a Inglaterra em guerra com a França e sem dinheiro, não pode partir. Passa a viver no limite da pobreza, na companhia da viúva Sra. Cole. Põe a venda sua enorme biblioteca e participa de duelos de exibição. Em 1804, é preso por dívidas por 5 meses. Assina um contrato, com o qual paga os credores, para publicação de sua autobiografia que nunca foi publicada. Morre em 21/5/1810. Ao preparar o corpo para o velório, a Sra. Cole verifica que possuía órgãos masculinos. Um grupo, após exame, determina que d’Eon possuía um corpo de homem normal. Historicamente, é um homem muito ferido. Sua vocação era a de agente do serviço secreto de uma nação cercada de inimigos. Foi um soldado que ganhou distinção no campo e foi ferido várias vezes. Como estadista e diplomata, evitou grandes perigos para seu país. Tinha conhecimento de intrigas políticas e internacionais que às vezes frustrava correndo todos os riscos. Jamais se casara, nunca teve um envolvimento, nem se soube que tenha tido qualquer relação sexual com uma mulher ou um homem. Sua mudança de gênero não foi fruto de uma compulsão, mas uma decisão intelectual, após leituras e reflexões cuidadosas. Foi causada por sua alienação da vida política francesa. Sua carreira de diplomata e espião terminara e ele procurava recuperar sua honra, sua dignidade e regenerar sua própria alma. Nos 32 anos em que viveu como mulher, desenvolveu uma ideologia pioneira sobre a identidade de gênero, que chamou “feminismo cristão”. Suas novas ideias sobre a masculinidade e a feminilidade lhe proporcionaram a justificativa para permanecer mulher mesmo após a queda do Antigo Regime. Tornou-se um exemplo importante na luta das mulheres do século XVIII.
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tecnologia & educação
OS NOVOS DESAFIOS DO EDUCADOR COM AS TECNOLOGIAS DIGITAIS NO CONTEXTO DA PANDEMIA – I José Mariano Lopes Fonseca | Cadeira nº 06 A escolha em abordar tal questão, ressurge do advento da pandemia da COVID 19, ter transformado a forma do ensino e da aprendizagem, antes presencial, que passou a ser remota, pegando praticamente quase todo sistema educacional despreparado para enfrentar tais mudanças. No contexto, escolar o educador não teve outra alternativa de não fazer uso das aulas on-line um instrumento das suas atividades com os alunos que, exigiu dele o domínio das TICs para sua prática pedagógicas remotas. No âmbito dessas considerações cabe destacar que as TICs estão estruturadas da seguinte forma: no primeiro momento discorre sobre educação on-line, no segundo instante aborda a educação remota no Brasil e no terceiro disserta sobre os novos desafios do educador no contexto da pandemia. Este estudo resultou de uma análise bibliográfica criteriosa e minuciosa sobre a educação no contexto da pandemia do COVID 19 no Brasil. EDUCAÇÃO ONLINE A educação online é um recurso que já faz parte em todo mundo, só que agora com o COVID 19, adquiriu ainda mais importância devido construir um vinculo entre alunos, professores e outros profissionais da educação. Tal educação se fundamenta no uso das tecnologias digitais. Deste modo, Moran ( 2009, apud CARMINATT 2012,p. 61) O modelo WEB foca o conteúdo disponibilização pela internet e por CD ou DVD também. Além do material na WEB os alunos costumam ter material impresso por disciplina ou modulo. Os ambientes principais de aprendizagem são o Moodle, o BlackBoard e o Teleduc, algumas instituições têm o seu próprio ambiente digital de aprendizagem, começa se presencial com os alunos, para orientações, duvidas e manutenção de vínculos afetivos.
Cabe destaca que a educação online, tem se propagada de forma acelerada em tempo de pandemia, pois possibilita edificar um processo de aprendizagem através do uso de diversos programas e outros recursos, que estão sendo usados no contexto educacional para os professores desenvolverem atividade remota com os estudantes como ilustra o quadro 1 a seguir : Nome
Principal utilização
Algumas funcionalidades
Sistema Moodle
Organização da disciplina e de Cursos e aulas On-Line
O programa permite a criação de cursos "on-line", páginas de disciplinas, grupos de trabalho e comunidades de aprendizagem, estando disponível em 75 línguas diferentes. A plataforma é gratuita e riquíssima, aceitando vídeos, arquivos diversos.
Google Classroom
Organização da disciplina e de Cursos e aulas On-Line
O Google Sala de aula (Google Classroom) é um serviço grátis para professores e alunos. A turma, depois de conectada, passa a organizar as tarefas online. O programa permite a criação de cursos "on-line", páginas de disciplinas, grupos de trabalho e comunidades de aprendizagem.
YouTube
Transmissão de aulas e repositório de vídeos
Plataforma de compartilhamento de vídeos e de transmissão de conteúdo (ao vivo – “Lives” ou gravados). O docente pode criar o “seu canal” e ser acompanhado pelos discentes, já acostumados com a plataforma
Transmissão de aulas e informações em grupos fechados
Mais destinado ao Ensino Médio e à Educação Superior, o docente pode criar um “Grupo Fechado”, onde ele realiza perguntas iniciais de identificação dos usuários. Nessa plataforma, o docente pode incluir conteúdos e realizar “lives” (aulas on-line), que já ficam automaticamente gravadas.
Transmissão on-line e videoconferência
Estúdio on-line gratuito para lives com um ou mais profissionais. Ele pode ser relacionado ao YouTube ou ao Facebook. Possui uma versão paga, com maiores aplicações, mas a gratuita auxilia nas atividades docentes.
Transmissão on-line e videoconferência
O Open Broadcaster Software, que pode ser traduzido como Software de Transmissão Aberta realiza a mesma atividade que o Stream Yard, mas pode realizar gravação ou transmissão on-line. Ou seja, diferentemente do StreamYard, o docente baixará um aplicativo no seu computador, onde poderá realizar as atividades de transmissão ou gravação.
StreamYard
OBS Estúdio
Nome Google Drive
Google Meet
Jitsi
Principal utilização
Algumas funcionalidades
Armazenamento de arquivos nas nuvens
Além de economizar o espaço do equipamento tecnológico, o Google Drive permite o compartilhamento de arquivos pela internet para os alunos. Por exemplo, após carregar o arquivo para a “nuvem” da internet, o docente pode criar um link compartilhável. Até 15 Gb de memória o Google Drive é gratuito. Excelente ferramenta de criação de arquivos de recuperação.
Videoconferências
Aplicativo para fazer videoconferências on-line, com diversos participantes, até 100 na versão gratuita, tendo o tempo máximo de 60 minutos por reunião, nessa versão. Existe uma versão paga, quando o tempo é livre e a quantidade de participantes aumenta para 250.
Meet Videoconferências
Aplicativo para fazer videoconferências on-line, gratuito, que funciona dentro do Moodle. Possui as mesmas funcionalidades do Google Meet.
Fonte: extraído de educação hibrida em tempos de pandemia (2020, p.4 -5).
As escolas na atualidade em virtude do COVID 19 não possui outra alternativa se não fazer uso da educação online, uma vez que o isolamento social não é uma escola e, sim uma imposição. Imposta pela pandemia, tornando assim em um importante instrumento de ensino e aprendizagem. Portanto a educação online constitui-se para toda comunidade escolar um recurso valioso, já que representa não apenas uma inovação digital que utiliza-se da internet para desenvolver a aprendizagem. Nesse contexto Passini et.al 2020, p.7 concebem que: Em meio a um turbilhão de problemas, a educação deverá ser uma potencializadora da esperança humana, capaz de continuar auxiliando para a modificação de condutas, sempre para o bem da sociedade, em busca de nos fazermos sujeitos melhores. Uma crise sanitária é superada, também, por uma maior educação. Os instrumentos tecnológicos estão aí para nos auxiliar e diminuir as distâncias.
Portanto, a educação no contexto da pandemia do COVID 19, é natural que a educação online se consolida cada vez mais. E importante ressalta que a educação online veio para ficar, mesmo após o fim da pandemia, com a volta das aulas presenciais, continuará sendo uma alternativa do processo de ensino e aprendizagem, para incrementar as atividades desenvolvidas em sala de aulas. Assim, SCHIMITT E Pereira (2007, apud CARMINATT 2012, p.18) concebe que, O processo ensino aprendizagem tem o principal para tornar-se mais ativo, dinâmico e personalizado por meio de Ambientais Virtuais de Aprendizagem. Essas mídias, em evolução, utilizam o ciberespaço para promover a interação com o conteúdo a ser aprendido. [...] Nesses ambientes, a tecnologia é apenas um meio, pois a ênfase deve estar na proposta, no conteúdo pedagógico e no desenvolvimento do processo educativo.
A educação online na pandemia representa o principal recurso de interação entre o educador e o educando, estimula o desenvolvimento do dialogo mesmo de forma virtual, fazendo-se imprescindível para aprendizagem do aluno, nesse aspecto Palloff e Pratt (2002, p.38) argumentam que é por meio dos relacionamentos e da interação que o conhecimento é fundamentalmente produzido na sala de aula on-line. A comunidade de aprendizagem toma uma nova proporção em tal ambiente e, como consequencia, deve ser estimulada e desenvolvida a fim de ser um veículo eficaz para a educação.
Como se ver, a educação online, não acontece de forma presencial e sim de modo remoto, portanto distinto do modelo tradicional até então predominante, isto é, sala de aula com os alunos. Entretanto, apesar da educação remota, professores e estudantes se encontrarem separados, no entanto estão em interação por meio do uso das TICs, em especial no espaço WEB, ou seja, a internet. Todavia este ambiente de aprendizagem não ocorre em plenitude por não ser capaz de preencher uma relação presencial. Nesse contexto (SALMON, 2002, p.27), afirma que o ambiente de aprendizagem apenas pela tecnologia online, não garante os processos de ensino e de aprendizagem aconteçam. Há que existir a mediação, a interação, a colaboração. Enfim, a educação online é de suma relevância no contexto educacional da pandemia do COVID 19, por representa um recurso valioso e indispensável para o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem. (continua na próxima edição)
JORNAL DA AGML
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artigo
MAÇONARIA... PILARES E GARGALOS – II
E
Cristiano Leandro de Souza | Colaborador
ntretanto, em nossos trabalhos, nunca devemos, tendenciar proposituras e nem influenciar ou induzir resultados, seria um suicídio. A imparcialidade, a descrição, a empatia, devem imperar em loja. O comprometimento dos irmãos para com a loja é tudo. A pontualidade com os compromissos assumidos e a participação nos acontecimentos e eventos, promoções e representatividade devem ser priorizados. Devemos ser maçons dentro e fora da loja. A loja não é só o venerável e diretoria. Todos são a Loja, um só corpo.Os encargos e afazeres laboriais, não serem somente dos carregadores de piano”. Se não cumprirem esses compromissos, é melhor fazer uma reflexão a respeito. Os maçons nunca podem ter comportamento do filosofismo hitleriano, não deve haver grupos étnicos, racial de cor ou de classe social;devendo ser gente, gostar de gente, misturar com gente. Ao deixar cargos, devem contribuir com a loja em tudo que for preciso.A formação de GRUPINHOS em loja, será um desastre. Por incrível que pareça, o que lamentamos profundamente, ainda existem maçons que se blindam com o invólucro da soberba, do preconceito, permanecendo hermeticamente fechados em sua pequenez, achando-se a última bolacha do pacote. Sonegam até um simples cumprimento à irmãos.Sabendo que esta postura e atitude trará males profundos ao seu próprio âmago e à sua alma, com prejuízos a sua saúde e ao seu bem estar.(Tudo que se planta colhe). Nunca pensar em serem os donos da loja, ou achar que cargos são vitalícios. Não somos uma raça geneticamente com o genótipo e fenótipo para ser cruel e perverso. Somos modificados, polidos e lapidados. O nosso caráter, nossa ética e nosso eu interior é que são moldados, para sermos melhores e mais perfeitos como gente. Vale ressaltar que quem não da exemplo, não é exemplo, não é um modelo para ser espelhado, copiado.
Lembrando que simpatia, gera simpatia, ódio gera ódio, gentileza gera gentileza...quem visita,será visitado...e quem é visto,sempre será lembrado. O calendário de eventos de uma loja, reiteramos:deve estar no rol das prioridades dos irmãos do quadro. As vezes haveremos de postergar algum compromisso particular, de pouca importância em detrimento aos da ordem. O venerável mestre e diretoria para fomentar e dinamizar os trabalhos, é mister, que devem empoderar e energizar os irmãos com fluidos positivos e salutares, para o aflorar da aura, da egrégora e da auto estima, consequentemente o fluir do magnetismo pessoal, em todos os membros, transcendendo, incorrendo, otimizando e notabilizando o prenuncio de profícuos trabalhos para a loja,gerindo-a com autoridade, porém, sem autoritarismo. Em algumas lojas, ainda imperam, características, culturas individuais, hábitos ou atitudes não maçônicas, os quais, podem distorcer, nodoar, macular, denegrir, deturpar, os propósitos e objetivos de uma loja perfeita. Algumas minúcias, picuinhas, às vezes, são praticadas imperceptivelmente, que podem causar mal estar, entre os componentes da divina ordem. Portanto, devemos ser paradigmas, modelos, exemplos, em loja e na sociedade. Despir das vaidades, da inveja, do preconceito, da soberba, da ganância, da prepotência, da arrogância, do ódio, rancor, perversidade, mágoas, violência e tirania. Não dar chance ao azar... Hodiernamente, preocupa-se muito, com a oratória e pouco fala-se de escutatória. Devemos falar pouco e ouvir mais. Deus dotou-nos, com uma só boca e dois ouvidos... Não somos os donos da verdade e nem de cargos em loja,porque “atrás do morro tem morro” e que o mundo da muitas voltas... E que nada acontece por acaso... E tudo na vida tem a sua razão de ser. Não devemos permitir a formação de grupos antagônicos
opinião
MAÇONARIA UMA ESCOLA DE PODER
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Igor Junqueira Cabral | Colaborador
esde o mais longínquo século XVIII a maçonaria é alvo de especulações quanto sua atividade, seus segredos e seus assuntos tratados entre colunas, todo esse conjunto constituí o universo cultural da maçonaria. Ao longo dos anos a historiografia carece de mais trabalhos, sobretudo acadêmicos que tratam do tema maçônico, os últimos tratam dos inúmeros processos que diretamente ou não, verdades ou mitos em que a maçonaria teria atuado: Revolução Francesa, Revolução América, processos de Independência e República do Brasil, dentre outros. O que tratamos então aqui são ações maçônicas ao longo da história onde o que se torna evidente são as relações de poder que marcam as ações dos grupos maçônicos nas mais variadas instancias sociais. Sendo assim pressupomos que a temática da maçonaria dentro da historiografia, parte da necessidade de compreensão das frequentes e consideráveis relações de poder que acompanharam a atuação das lojas nas mais vastas regiões brasileiras desde o sécu-
lo XIX. Um exemplo importante para tratarmos deste assunto tange ao abolicionismo, pratica adotada por inúmeras lojas sobretudo no Rio de Janeiro, que consistia na compra e alforria de negros escravizados, outro aspecto a salutar corresponde a assistência prestada nos dias atuais pela AMEM (Associação Maçônica de Assistência Social – antes: Associação Maçônica da Erradicação da Mendicância), ações realizadas em épocas totalmente distintas porem demonstram o papel social da maçonaria para com a sociedade. Pois bem a função social da maçonaria nunca foi segredo entre colunas, mas o que leva uma instituição voltar-se aos interesses coletivos ao longo dos anos? Acredito que a resposta não encontraremos na maçonaria mas sim na Ordem DeMolay, uma vez que em uma reunião da organização paramaçônica fica claro o objetivo da instituição, “formar cidadãos que estarão prontos para tornar o mundo no futuro em um lugar melhor”, podemos concluir que o papel destes meninos (DeMolays) são o projeto de nação que
SETEMBRO / OUTUBRO – 2021 aos nossos princípios e objetivos. Os membros da instituição devem ter cautela ao auferir uma critica, todavia, toda critica deve ser considerada. Porém nas criticas atuais persistem mitos, personalidades, contradições, e desinformação técnica. Podendo haver maldade, vingança e perversidade. Todavia ao fazê-la, deve ser somente criticas construtivas. Sabendo que em loja e entre irmãos, não deve haver batalhas, contendas e disputas. Não devemos permitir clima insalubre, o qual poderá tornar-se letal para o ambiente. A loja e membros, devem ser protagonistas da inovação e modernidade, uma vez que a evolução do mundo assim exige. No que tange, ao aspecto ambiental, tanto intrínsecos ou extrínsecos, devemo-nos, persuadirmos, varrendo tudo que for maléfico para fora. Cultuar as boas práticas ambientais e ecológicas, onde quer que estejamos. Adotar a pratica constante de atividades físicas e convertermos para uma alimentação saudável. Entretanto, não adotar procedimentos torpes que incide ao caminho do mal. Focar somente em atitudes benévolas que norteiam-nos a praticar o bem. Ao longo de nossa trajetória maçônica, observamos uma diversidade de comentários, alcunhas pejorativas com o finco e a guisa de macular, denegrir, injuriar a imagem de irmãos e do venerável mestre. Tais como: miserável mestre, vulnerável mestre,insuportável mestre, proprietário mestre, desagradável mestre, chefe, dono da loja, dentre outros. Essas crueldades nem de brincadeira, não devemos admitir. Sabemos que somos uma plêiade de homens seletos e inteligentes e nossa conduta e postura deverá ser exemplar. E os valores, familiares, éticos e morais,serem nossos eternos companheiros, e o respeito uma pratica constante. A ordem é sagrada, e como tal, o venerável é seu legitimo representante, sendo,o que é místico é sagrado e venerado, respeitado e não profanado. Vale ressaltar que os cargos em loja não são remunerados e para exercê-los, devem estar extremamente preparados, ungidos com óleo precioso e imbuídos de amor. Lembrando-se que cargos em loja, somente para quem faz acontecer. Nunca buscar o poder pelo poder... mas buscar o poder, sempre para servir.
a maçonaria almejou desde o século XVIII ainda na Europa revolucionaria. Francoise Souza, em um capitulo de um livro publicado em 2015 fala que a maçonaria “ao configurar um modelo de sociabilidade próprio baseado na filantropia,na rede de solidariedade entre os pares, nos juramentos e rituais que criam laços de pertencimento, percebe-se, na maçonaria, a existência de mecanismos próprios de dominação”, eu vejo que não é apenas isso a maçonaria esta ai a tantos anos sobrevivendo não devido suas ações filantrópicas mas sobretudo que em seu seio há um projeto maior que é constituir uma sociedade mais igualitária, isso transcreve-se em seus rituais que buscam acima de tudo expressar fortemente o patriotismo que deve alicerçar as vontades do maçom. Quando Pensamos na Ordem DeMolay, esse projeto alcança um parâmetro educacional, uma formação onde um jovem entra aos 12 anos e ao atingir a maioridade esta pronto para assumir dignamente qualquer posto da sociedade. Mas o que isso tudo tem a ver com poder? Ora, basicamente tudo, já que estamos formando lideres, seja dentro da Maçonaria ou nas organizações vinculadas a ela, o objetivo é um só ocupar os espaços ímpares da sociedade e a partir disso trazer a mudança.
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SETEMBRO / OUTUBRO – 2021
reflexão
GRADATIVAMENTE A MAÇONARIA SE REFAZ
C
Charles Wellington de Matos Pinheiro | Cadeira nº 39
hico Xavier, um dos maiores exemplos de amor ao próximo e ao espiritismo baseado nos ensinamentos de Alan Kardec, nos deixou essa assertiva: “Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora a fazer um novo fim.” Claro que o contexto da frase se baseia nos ensinamentos defendidos pela ciência espírita iniciada no século XIX, mas será que podemos trazer isso para nossa realidade atual? Passamos mais de um ano impedidos de realizar nossas sessões maçônicas presenciais. Tivemos que nos reinventar com os meios virtuais para não cairmos no isolamento total de nossos irmãos, perdemos nossa ritualística, nossa convivência, e nos adaptamos a tentar, e assim continuar nosso trabalho na arte real. Agora, gradativamente, estamos voltando, e como uma máquina que passa muito tempo parada num
canto de um depósito, que foi lentamente sendo envolvida pela ferrugem e de repente precisa voltar à sua função, assim também nós estamos tirando o pó dos nossos aventais e dos ternos, e recomeçando nossos trabalhos. Contudo são muitos obstáculos a vencer: o comodismo de ficar em casa, a falta de treino semanal da nossa ritualística, o medo, a resistência dos irmãos, a preguiça, entre outros vícios que juramos combater um dia na nossa iniciação. Então é momento de nos reinventarmos, é momento de buscarmos as forças internas que estão guardadas em nós para recomeçar. Aliás eu arriscaria a dizer que a palavra de ordem nesse momento é determinação. Sim, a determinação será o diferencial que teremos para esse recomeço, pois sem ela não haverá vontade, e sem a vontade não haverá ação, e sem ação não há realização. Não podemos nos esquecer que o
13 maçom é um ser inspirado para a realização, para a execução, para o fazer, logo, parafraseando o filósofo René Descartes no seu clássico “Cogito ergo sum”, ou “Penso, logo existo”, faço uma adaptação dizendo: Realizo, logo sou maçom. Sim, precisamos nos inspirar, e com os cuidados necessários para esse momento, voltar aos nossos templos para trabalhar, para produzir. Não poderemos voltar ao estágio de antes, pois a realidade de agora em nada se parece com o passado, estamos num mundo diferente, cheio de perdas, cheio de dúvidas e incertezas. Estamos no “novo normal”, e dele não escaparemos. E como nos ensinou o apóstolo do espiritismo, precisamos começar a fazer um novo fim, um novo mundo, um novo normal, e dentro dele, uma nova maçonaria. Não nova na sua ritualística, filosofia e essência, mas nova na determinação, na vontade, na certeza de que como construtores sociais, pedreiros do caráter e filhos de um Deus trabalhador, nosso Grande Arquiteto do Universo, construtor dos mundos e de tudo que nele há, poderemos reconstruir nossa ordem, ressurgir como a semente de trigo morta, que no seio da terra dá vida à nova planta que no seu broto cresce em direção a luz. Sic transit gloria mundi! (Toda glória do mundo é transitória!)
crônica
SE ESSA RUA FOSSE MINHA, EU MANDAVA LADRILHAR
Membro fundador da Academia Cearense de Literatura Popular, e correspondente das Academias Maçonicas de Letras da Bahia e de Mogi das Cruzes
Hélio Pereira Leite | Colaborador
A
o acordar comecei o dia pensando na rua onde eu nasci, na cidade Fortaleza, Estado do Ceará, que tem como patrono Joaquim Gonçalves Ledo, no mínimo o paladino da Independência do Brasi, senão o verdadeiro patriarca na minha humilde visão. Porém somente fiquei sabendo que foi Gonçalves Ledo, após ingressar na Ordem Maçônica, ou seja, até meus 26 anos de idade não tive a menor curiosidade em saber quem teria sido o patrono de minha rua, onde pisei, repisei, passei, caminhei no decorrer do dia e na volta de minhas ligações noturnas. Posteriormente, a partir de 2009, quando passei a pesquisar sobre as ruas de Fortaleza com nomes de maçons do passado, verifiquei que a minha rua teve outras denominações: rua dos Guajerus e Demétrio Menezes e o atual Gonçalves Ledo. Neste caso mudou de patrono para melhor, como maçom assim penso. Por que as ruas mudam de nome? Gustavo Barroso, escritor cearense, no seu livro “Coração de Menino”, editado em 1939, cita um pensamento de seu pai, que dizia: “Os nomes das ruas duma cidade, refletem a sua vida e resumem a sua história. É um erro, senão mesmo um crime, muda-las a cada passo, sobretudo para homenagear individualidades passageiras. Destroe-se a tradição que deve ser sagrada, porque é a alma duma pátria. Não pode haver pátria sem tradição.” Pesquisado no doutor google sobre o porque da mudança de nomes de ruas, encontrei uma informação interessante. Uma autoridade pública municipal, não identificada no texto da matéria, ao ser
perguntado por um reporter “ como nasce uma rua”, respondeu: “Uma teoria é a de que elas surjam no cruzamento de duas ruas maiores. Uma avenida e uma rua de maior expressão tendem a gerar filhas mais bem de vida. Duas ruas sem estrutura tendem a gerar um carreiro, que um dia pode evoluir um pouco e se transformar em uma rua mais ou menos. Ela demora a ganhar nome, como algumas famílias demoram a registrar os filhos no Cartório. “A grande rua já tem nome antes de nascer. Tem título de nobreza, é avenida. Guarda-se dinheiro para os seus cuidados. Seu desenho é projetado, esse filho planejado vai nascer em berço de asfalto, com dupla camada, manilhamento, meio-fio, sinalização e anteparo. Pobre rua de periferia, um rebento sem espera, quando viu já era, cresceu sem estudo, cobre-se de mato, tortuosa viela que um dia vem a ser lavada pela enxurrada. Não tem pai que a reconheça, bastardas, chamam-na C, A ouB; 3, 1 ou 2. “As ruas são como as pessoas. Com certeza. Nascem, crescem, às vezes morrem. Algumas evoluem com relação ao patrimônio, ganham asfalto. A maioria se quebra ao longo do tempo e as mais desgraçadas viram sarjetas, transformam-se em uma só valeta. Nas mais miseráveis, os moradores pisam com as ponta dos pés para não sujar os calçados, da mesma maneira como se estivessem cheias de dejetos humanos. Andam nelas como que com pena, para não machucá-la mais. Já nas mais bem recapadas, com camada dupla de asfalto, calça-se o melhor sapato. Anda-se com orgulho como se ao lado de um ricaço. Asfalto dá status.
“Existem ruas abandonadas, esquecidas, remendadas, remediadas. Como as pessoas. Existem ruas dignas, simpáticas, terrificantes. Metidas. Tapetes. De pó. De anti-pó. Tem aquelas com muito cascalhio e aquelas nas quais rola muito cascalho. “Assim como as ruas, algumas pessoas nascem e são usadas como caminho por outras pessoas. A semelhança definitiva entre ruas e a vida é a constatação de que ambas estao de passagem pelo mundo. Que durante um certo tempo levam a algum lugar. Quem um dia nascem. E que a certa altura, acabam.” Talvez por isso o célebre cronista carioca João do Rio, falecido em 25 de junho de 1921, em uma de suas crônicas “A Rua” disse que as ruas têm alma. Seu nome de batismo era João Paulo Barreto, mas foi com o seu pseudônimo que se fez na literatura nacional e que o levou, à Academia de Letras. Nesta crônica, João do Rio destaca que as ruas nascem da necessidade de alargamento das grandes colméias sociais, de interesses comerciais dizem. Um belo dia, alinha-se um tarrascal, corta-se um trecho de chácara, aterra-se lameiro e aí está: nasceu uma rua. Nasceu para evoluir, para ensaiar os primeiros passos, para balbuciar, crescer, criar individualidade. “Algumas dão para malandras, outras para austeras; umas são pretenciosas, outras riem dos transeuntes e o destino as conduz como conduz o homem misteriosamente, fazendo-as nascer sob uma boa estrela ou sob um signo mau, dando-lhes glórias e sofrimentos, matando-as ao cabo de um certo tempo. “Oh! sim, as ruas têm alma! Há ruas honestas, ruas ambíguas, ruas sinistras,
ruas nobres, delicadas, trágicas, depravadas, puras, infames, ruas sem história, ruas tão velhas que bastam para contar a evolução de uma cidade inteira, ruas guerreiras, revoltosas, medrosas, spleenéticas, snobs, ruas aristocráticas, ruas amorosas, ruas covardes, que ficam sem pinga de sangue.” No entanto, existem cidades cujas ruas não têm denominações, como Goiânia e Brasília. Porém as cidades mais antigas, todas elas denominam suas ruas com nomes de pessoas notáveis, com acidentes geográficos, com datas históricas, etc. Contudo, a grande maioria dos habitantes de uma cidade antiga não sabe quem foi o patrono de sua rua, onde nasceu, viveu ou morou por algum tempo, isto porque as escolas não estimulam seus alunos a descobrirem informações sobre o nome de sua rua, embora em alguns estados, como o Estado de São Paulo, os alunos estejam sendo estimulados a realizarem pesquisa sobre a rua onde moram. O fato é que, por não conhecermos a origem de nossas ruas não lhes damos o merecido valor, não cuidamos dela, não valorizamos ela, não mantemos ela limpa e formosa, pelo contrário, nos quedamos inertes à espera do poder público para delas cuidarem. Assim também são as nossas praças, outrora pontos de encontro da nossa sociedade, e agora servindo tão somente para pontos de prostituição e de drogados, ou seja, a praça há muito deixou de ser do povo. O magnífico texto de autoria do Sapientíssimo Irmão Helio Leite Leite, ora reproduzido, nos traz à lembrança às nossas Ruas e Logradouros Alagoanovenses.
JORNAL DA AGML
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SETEMBRO / OUTUBRO – 2021
galeria poética
CADA DIA... ... COM SEU CUIDADO João Batista da Silva Paiva
PASSO A PASSO
Colaborador
Anderson Lima da Silveira Cadeira nº 02
Quando aqui cheguei, saindo da escuridão Disse-me um operário, nem bucha ou esfregão Dispensamos a limpeza, aqui neste saguão? Higiene em todos os cantos, comecemos no coração. Vi pedras espalhadas, chamando minha atenção Em posição de destaque, aguçando minha visão É convite à um tropeço, parece contradição! A queda sempre ensina, na busca da perfeição.
No Ocidente e no Oriente, vivendo em união Palavras, sinais e símbolos, indicam a rotação Na altura da cintura, um manto de proteção Define a ordem interna, aponta uma vocação.
Ainda incomodado, sem ter muita noção Percebi desconfiado, me lembra uma construção! Tudo alinhado e medido, régua e compasso na mão Tem corda, martelo e prumo, na escola da razão.
Olhando para cima e para baixo, ou em qualquer posição A luz comanda o ritmo, dos meus passos no chão Ninguém trabalha sozinho, abomina-se a solidão O título de maior prestígio, ostenta o selo de irmão.
O BEM DA VIDA Getulio Targino Lima Cadeira nº 13
O bem da vida está na própria vida Que, exuberante, exibe seu fulgor, Mesmo quando reabre uma ferida Do que antes nos fora um grande amor. O bem da vida está na perseguida Conquista que buscamos com ardor. Também está na nota colorida Com que a natura canta seu louvor. O bem da vida está na aprendizagem Que nos retoca com carinho a imagem Que às vezes projetamos distorcida. E é assim que, após tanto conceito, O que se tira é que, de qualquer jeito, O bem da vida está na própria vida.
É... Cada dia com seu cuidado Iniciando pelas coisas pequenas E nas grandes, tem as centenas E, também, com o nosso estado Seja físico, mental ou espiritual E, são tantos incidentes e acidentes Se damos conta, são habituais Se envelhece, podem ser constantes Aquí um exemplo, não me constranjo Em busca de uma chave perdida Um tropicão e queda a mim foi fatal No caminho pegou-me distraída Ainda bem, só escoriações, nada mal E a tal chave, foi achada por um Anjo
QUANTA BOBAGEM Carlos Roberto Neri Matos | Cadeira nº 35
Quanta bobagem, somos todos feitos de barro, Pois viemos do pó, ora que muitos pensam que vivem sós, Ficam no mundo a cultuar suas empáfias e aos demais querendo pisar, sem se darem conta que vão pagar a verdadeira conta noutro limiar. Quanta bobagem quererem se diferenciar, Afinal seu sangue é da mesma cor Pois que também sentem dor igual A qualquer homem que vive neste lugar. Isto posto, é de dar dó ver como essas criaturas Se iludem no seu mundo fantasioso, De que podem fazer o que quiserem para poder se beneficiar,
Sendo que na realidade não passam de caricatos Que um dia encontrarão o Criador a lhes julgar. Triste será a realidade quando tarde à beira da morte, Alguns consortes perceberem que de nada adiantou, Suas vidas ardilosas a todos pisar a fim de enriquecerem, E nesta hora, alguns até poderão rogar perdão, Mas é bem certo que não o terão, não de nós, Pois caberá apenas a Um, na sua infinita bondade, ter esse condão!
JORNAL DA AGML
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OLHAR DE INFINITUDE
galeria poética
NEÓFITO, NOVA PLANTA
Getulio Targino Lima Cadeira nº 13
Adilson Zotovici | Colaborador
Ah! Esse teu olhar de infinitude, Como que a perguntar sobre a existência, É muito além de tudo que já pude Suportar nos meus dias de carência.
Prudente, bom ferramental Planta-se fruto ansiado, Cuja semente, um igual Trouxe pra ser cultivado
Ele me diz que pode mas me ilude Quanto ao tempo, momento e permanência. E, brincando demais com a juventude, Se esquece de comigo ter clemência.
Feito peneira natural Com algum tempo passado Na leira, se grão incurial, Vê-se seu viço cessado Não exubera broto temporal Mesmo em canteiro regado E nunca prospera afinal
Ah! Esse teu olhar promete tudo E eu o vejo falar mas fico mudo, Sem requerer da sorte o que preciso. PECADO José Eduardo de Miranda Colaborador
Peco, pela originalidade De ser, quem eu sou
À Arte Real é esperado Raiz profunda, visceral Do Verdadeiro iniciado!
Assim passam-se os dias no desejo De que ele sobre mim pouse, sem pejo, E eu possa entrar de vez no paraíso.
Autêntico
Suposto transgressor Do prenúncio da regularidade de estar, e viver, Contrariando às normas que definem O certo, o errado, E o padrão, Astucioso, Construído para conformar Um contexto socioexistencial Que sobreleva a falsa aparência Daquele que se veste, Do que não é, Fala, O que não sabe, E vende, O que não entrega Mortificando a vida diária De todos os que não encontram correspondência Com a hipocrisia, Das falsas verdades E com a mediocridade Dos pérfidos conceitos Profanados pelo infrator Da lógica de vida Que define a felicidade Como um direito dever incondicional, Universal, de cada um, E de todos, sem distinção.
TERNAS LEMBRANÇAS Castro Filho | Cadeira nº 14
Todos os dias, ao cair da tarde”, uma saudade imensa o meu peito invade. Projeto-me ao passado... Começo em dias mais próximos e me vou deixando levar flu tu an do nas brumas do tempo! O ruído das ruas, o roncar dos motores... Todos os sons da cidade, aos poucos, silenciam-se aos meus ouvidos. E, su a ve men te, do fundo das minhas recordações, vão-se erguendo, docemente, os acordes maviosos de uma enternecedora e suave Ave-Maria. De olhos cerrados, deixo-me envolver pela terna carícia da angelical melodia. E, va ga ro sa men te, me aparecem na mente
Saudosos versos de Augusto Rios: “Perdem-se pelo azul nuvens rosadas, Nuvens mimosas, de mimosas cores, Meigas irmãs dos sonhos promissores, Aos poucos, vão fugindo dispersadas”. Tudo triste! Abro os olhos e retorno ao presente: Julho vai ao meio. E, na antecipação do mês seguinte, agosto, cercado de crendices, o horizonte, em sua aparente calma, alcochoa-se de nuvens plúmbeas, quais estas que, agora, toldam o cinzento céu de minha alma!
JORNAL DA AGML
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ciência & medicina
DIAGNÓSTICOS E TRATAMENTOS DAS DOENÇAS DA COLUNA VERTEBRAL Rogério Safatle | Cadeira nº 34
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erca de 90% das dores crônicas na coluna podem ser amenizadas por meio de procedimentos não cirúrgicos e exercícios de reabilitação adequados. Estima-se que no país um em cada três brasileiros sofram de dores crônicas, sendo as dores na coluna uma das mais frequentes. Apesar de ser motivo de dedicação de médicos e pesquisadores em todo o mundo, o tratamento da lombalgia (dor na região da coluna lombar) continua sendo um grande desafio para o sistema de saúde, tanto em termos de gestão eficaz quanto de custo. Quando se fala em dores na coluna, é importante destacar que são inúmeras as possibilidades de tratamento e cuidados de reabilitação para que o paciente não precise enfrentar uma cirurgia para resolver o problema. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que 90% das pessoas sofrem ao menos um episódio de dor nas costas durante suas vidas. Mais do que isso, neste exato momento, estima-se que quase 50% da população mundial esteja com dores na região que vai do pescoço até o cóccix (que é o final da coluna). Dessas pessoas, cerca de 60% sequer possuem um diagnóstico preciso de suas dores e, portanto, também não são tratados de forma adequada. Em países industrializados, a lombalgia é a principal causa de incapacidade em pessoas abaixo de 45 anos. A cada ano, cerca de 5 a 10% do afastamento do trabalho é devido à lombalgia – considerada a segunda causa mais comum de visita médica entre todas as doenças crônicas e líder absoluta em custos. Estima-se que de 75 a 90% dos custos com o afastamento do trabalho está relacionado aos doentes com dores crônicas. Os neurocirurgiões realizam procedimentos minimamente invasivos (sem cortes e sem cirurgia) como
bloqueios transforaminal, facetário ou articular, denervação por radiofrequencia, discectomia percutânea, vertebroplastia, ozonioterapia e entre muitos outros. Estes podem ser usados no tratamento de diversas doenças como: inflamação dos nervos próximos à coluna, hérnias de disco, artrose da coluna, problemas dos discos entre as vértebras, fraturas vertebrais, inflamações articulares e outras. SI NA L DE A LE RTA – Muitas lesões nas costas acontecem no ambiente de trabalho, tanto pelos esforços mal executados ou repetitivos, quanto pela má postura durante as horas em frente ao computador (pandemia e home office). Nessas situações, o indivíduo pode sentir a dor nas costas logo depois de levantar um objeto pesado de forma inadequada, após girar a coluna de forma repentina ou até mesmo apenas por sentar-se em uma mesma posição por um longo período de tempo. Quando esse tipo de lesão ocorre, em boa parte dos casos as estruturas em sua coluna já estavam alteradas ou fragilizadas. A dor é um sinal de alerta. Se as medidas de tratamento apropriadas forem tomadas, esse desconforto normalmente vai embora. Se os sintomas forem ignorados, os danos podem ser de difícil tratamento e permanentes. A perda de tônus muscular secundário ao sedentarismo, má postura e obesidade podem colocar pressão excessiva sobre as estruturas da coluna, causando lesões. Da mesma forma, os atletas e praticantes de algumas atividades esportivas, mesmo com a musculatura mais forte, imprimem repetidamente maior tensão sobre a coluna, o que pode acabar favorecendo também o surgimento de lesões.
opinião
COMUNICAR É GERAR AÇÃO Michael Winetzki | Colaborador Organizações e profissionais tem a necessidade cada vez maior de inovar, ampliar horizontes, expandir fronteiras e mercados, para participarem do processo de acirrada competição que caracteriza essa nova era de globalização. Porém em função da pandemia muitas atividades laborais passaram a ser realizar em “home office” ou através de meios eletrônicos e audiovisuais como o Zoom, Meet e outros. Na nossa Ordem não foi diferente. Devido as restrições impostas às reuniões presenciais há cerca de um ano e meio, as Lojas bem como as recém-criadas Lojas Maçônicas Virtuais vem realizando inúmeras “lives” trazendo mais informações e instruções à Maçonaria do que ocorreu em qualquer outro momento. Milhares de palestras foram realizadas e surgiram, em todos os estados do país notáveis e eruditos irmãos palestrantes que enriqueceram o nosso conhecimento com seus ensinamentos. Mas nem todas as palestras tiveram o mesmo padrão de qualidade. Na verdade, a despeito do domínio do tema pelos apresentadores faltou a muitos a técnica da comunicação. Novas ideias são criadas a cada momento em todos os setores da atividade humana e sua aplicação tem possibilitado a melhoria das condições de vida de pessoas e de países, quer na atividade empresarial, quer no trabalho voluntário como o desenvolvido pela maçonaria, por clubes de serviço e ONGs. Porém conhecimentos e boas ideias de nada valem se não puderem ser transmitidas de maneira interessante, objetiva, precisa e clara. Isto demanda a habilidade de COMUNICAR. O processo de comunicação é fundamental na transmissão das informações e na mobilização de
pessoas. Além disso, quem as transmite de forma articulada, eloquente e objetiva adquire respeitabilidade e credibilidade, valorizando-se profissionalmente, destacando-se em seu meio. Aristóteles ensina que a retórica (a arte da oratória) tem por finalidade persuadir, convencer. Levar o interlocutor, a aderir às ideias de quem fala através de argumentos plausíveis e verossímeis, embalados numa linda mensagem (eloquência). Há, entretanto, diferença entre eloquência e retórica. Eloquência é o dom, a arte ou no dizer de Ruy: – “é o privilégio divino da palavra na sua expressão mais fina, mais natural, mais bela. É a evidência alada, a inspiração resplandecente, a convicção eletrizada...”, ele próprio o maior exemplo brasileiro de eloquência. Já retórica é ciência, é o conjunto de regras concernentes à eloquência, ou segundo o mesmo Ruy: – “é o esforço...para suprir a eloquência dos que não a tem...” (Ruy Barbosa, discurso na OAB, 1911) Quem fala busca a mente e o coração do ouvinte para levá-lo a um novo patamar de compreensão mesmo quando executa um papel social tal como palestrante, professor, executivo, especialista, ou transmissor de alguma informação oportuna ou importante, ou seja, o conteúdo da fala apresenta sempre um propósito, ensinar, motivar, transmitir informações, expor ideias, ensinar técnicas ou vender produtos ou serviços. Comunicar não é simplesmente falar. Comunicar é gerar ação através da linguagem e mensagem. Para que ocorra a interação esperada entre o orador e a assistência, alguns requisitos devem ser preenchidos ou controlados, tais como a influência de
SETEMBRO / OUTUBRO – 2021 As estruturas que mais causam dores nas costas são os discos intervertebrais, articulações facetárias, raízes nervosas, vértebras (ossos) e os músculos e ligamentos em volta da coluna. É imprescindível um diagnóstico correto para um tratamento eficaz. Toda avaliação médica da coluna deve levar em conta eventuais sinais de alerta. Nesses casos, o médico verifica se, por trás do incômodo gerado pela dor, existe alguma patologia que implique num maior perigo à saúde do paciente. A suspeita de um tumor, infecção, fratura ou desordem nervosa grave irá mudar a forma como a dor nas costas será investigada e tratada. Os exames da coluna que podem ser solicitados incluem o raio-X, tomografia computadorizada, ressonância magnética, cintilografia, PET CT, além de exames laboratoriais. Quando pensamos em dores crônicas, diversos fatores podem estar envolvidos. A maior parte das dores crônicas na coluna é decorrente de sobrecarga mecânica ou do processo natural de envelhecimento. Entretanto, as mesmas também podem ser causadas por doenças graves como tumores, infecções, doenças reumatológicas ou autoimunes. O importante é que o paciente, ao vivenciar um episódio de dor nas costas, procure um médico qualificado para diagnosticar com precisão o seu problema e dar o correto encaminhamento ao seu caso. DIC A S PA R A E V I TA R A S D OR E S NA CO LU NA – Manter um peso saudável; Não fumar; Não beber; Manter as costas e os músculos abdominais fortes e flexíveis; Praticar atividade física regularmente; Usar postura adequada ao deitar, sentar e levantar; Aprender a maneira correta de levantar ou carregar objetos pesados; Evitar manter a mesma postura por muitas horas. SI NA IS DE A LE RTA PA R A D OR E S NA S COSTA S – Fraqueza muscular; Anestesia ou “dormência” em membros inferiores (coxas, pernas e pés); Controle de urina e fezes alterado; Dor que “corre” abaixo do quadril, joelho até o tornozelo; Dor lombar há mais de um mês; Aparecimento de dor lombar nunca experimentada, após os 65 anos; Uso de corticóides ou presença de osteoporose; Uso de drogas; Dor noturna ou que não melhora ao repouso; Acidente ou trauma.
condições externas (som, multimídia) ou psicológicas (nervosismo, tensão, ansiedade) mas, principalmente, o código da linguagem entre o emissor e o receptor deve ser comum a ambos. Não adianta fazer a melhor palestra do mundo em alemão perfeito, se a plateia só entende português. Houve emissão porque efetivamente se falou; houve recepção porque todos ouviram, mas não houve comunicação porque o meio, ou a linguagem, não era inteligível. Não apenas a linguagem deve ser comum, mas é necessário que os códigos de linguagem entre receptor e emissor possam ser percebidos da mesma forma por ambas as partes. Por exemplo: “Galo massacra o Diabo Rubro no Brinco da Princesa” – é uma frase só entendida por um fanático pelo futebol, ao passo que:” vamos realizar uma nefrectomia radical” dificilmente será compreendida por quem não é médico. Por isso, ao falar para grupos heterogêneos, evite na medida do possível o jargão profissional, que só é aceitável, e até desejável, quando se fala para grupos específicos, como é o caso da maçonaria. Porém como a maior parte das palestras e gravada e permanece disponível na rede evite revelar aquilo que juramos preservar quando da iniciação. Falar para o público, quer presencialmente, quer por meios eletrônicos, envolve também certo grau de imprevisibilidade e requer criatividade em função de determinadas condições não controláveis como perguntas ao orador, auditório hostil, fatos supervenientes, lapsos de memória e outros. Sugiro a leitura do livro “Falando e Convencendo, um manual de oratória e persuasão”, de minha autoria, para melhorar a sua técnica de oratória e comunicação. O e-book pode ser baixado no endereço eletrônico a seguir por apenas R$ 15,00 e o valor é sempre aplicado em beneficência. Você também pode fazer a doação de pelo menos uma cesta básica para uma instituição de sua cidade, enviar uma foto e lhe enviarei o e-book gratuitamente. Obtenha o livro em https://space.hotmart.com/michaelwinetzki
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tempo de estudo
OS OPOSTOS NA FILOSOFIA E NA MAÇONARIA
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Paulo Marra | Cadeira nº 17
erto dia ouvindo a canção de Lulu Santos, “Certas Coisas”, percebi que a letra é baseada em contrários ou opostos, tais como – noite e dia, silêncios e sons, não e sim…, disso, lembrei-me dos contrários em Sócrates, (470 – 399 aC) e Platão, (428/7 – 347/6 aC), presentes em várias obras desses filósofos. A partir dessa conexão, decidi tentar fazer uma análise da referida canção com a essência dos contrários de Sócrates e Platão e abordar a questão da vida e da morte para a Maçonaria e um dos grandes desafios do Aprendiz Maçom, que é a dualidade. Trata-se de uma canção de amor, cujo inicio é assim – “não existiria sons/ se não houvesse o silêncio/ não haveria luz senão houvesse a escuridão/ “a vida é mesmo assim/ dia e noite/ não e sim”/. No restante da música, autor tenta declarar o amor por alguém, mas, tem dificuldades em expressar o amor que sente – “eu te amo calado/ como quem ouve uma sinfonia/ de silêncios e de luz/ nós somos medo e desejo/ somos feitos de silêncios e sons/ tem certas coisas que não sei dizer... Depreendi, que quando se quer expressar o amor, não há lugar para contrários.
O S CON T R ÁR IO S /OP O ST O S E M S ÓC R AT E S E P L ATÃO No livro Platão, existe uma parte que contextualiza o dia da morte de Sócrates, condenado a ingerir “cicuta”, planta venenosa utilizada em execuções na Grécia antiga. O Diálogo denominado “Fédon”ou “Da alma” (p.132), evidencia as reflexões de Sócrates sobre a “imortalidade da alma”. A seguir, a transcrição do diálogo com um de seus discípulos, Cebes, para destacar os métodos socráticos da maiêutica (parto de ideias) e da ironia. – “Ao menos disse Sócrates – não existiria ninguém, nem mesmo um poeta cômico, que ao ouvir-me agora, declarasse que sou um charlatão e falo a respeito de coisas que não me interessam. Se esta é a tua opinião devemos analisá-la bem. Veremos em princípio, se as almas dos mortos se encontram ou não no Hades (inferno). É uma opinião muito antiga de que as almas, ao deixarem este mundo, vão para o Hades, e que dali voltam para a Terra e retornam à vida após haverem passado pela morte regressam à vida, deduz-se necessariamente que as almas estão no Hades durante esse tempo, porque não voltariam ao mundo se não existissem, i.e., uma prova que existem, já que os vivos nascem dos mortos”… “… Desse modo observar-se-á se todas as coisas nascem da mesma forma, isto é, de suas contrárias, quando possuem contrárias. Por exemplo – o belo é o contrário do feio, o justo do injusto e assim por diante. Vejamos, então, se é absolutamente necessário que as coisas que possuem seu contrário, como quando uma coisa cresce é necessário que tem sido menor para depois crescer. E quando se torna menor, é necessário que haja sido maior para ter podido diminuir… “de igual maneira, a força provém da debilidade, e a rapidez da lentidão… Então, quando algo se torna pior, não é porque antes era melhor? e quando se torna mais justo, não é porque antes era mais injusto?” P R I NC ÍP IO DA GE R AÇÃO OU N E XO NO P E NSA M E N T O S O C R ÁT ICO “… entre esses dois contrários não existe um nexo, gerações de um ao outro ao um? uma coisa grande e outra menor, o nexo ou relação é o crescimento e a diminuição, chamamos a uma coisa crescer e à outra diminuir. Portanto, isso é suficiente. Obtivemos assim, o princípio geral da geração, segundo o qual das coisas contrárias nascem aquelas que lhes são opostas. “… o mesmo acontece com aquilo que se chama mesclar, separar, esquentar, esfriar, e todas as outras coisas. E ainda que às vezes não tenhamos palavras para exprimir essas transformações, vemos pela experiência que as coisas nascem umas das outras e que passam de uma para outra por meio de um intermediário”. Então – indagou Sócrates – a vida também possui seu contrário, como o sono e a vigília? – Com certeza – respondeu Cebes
– Qual o contrário da vida? – A morte – E essas duas coisas, por conseguinte, não nasce uma da outra pelo fato de serem contrárias, e não há entre elas duas gerações? – Correto – Quanto a mim – acrescentou Sócrates – dir-te-ei a combinação dos dois contrários a que acabo de me referir e a passagem de um para o outro, e tu me explicarás a outra combinação. Digo, então, do sono nasce a vigília, o sono, que a passagem da vigília para o sono é a sonolência e do sono para a vigília, o despertar. Está claro? – Muito claro – Diz-nos, agora, a COMBINAÇÃO DA VIDA E DA MORTE. Não afirmamos que a morte é o contrário da vida? – Afirmamos – E que se originam uma da outra? – Sim – Então, o que se origina da morte? – Fora de dúvida, a vida – Assim, de tudo o que é morto, se origina tudo que é vivo? – Estou de acordo – E, portanto, nossas almas ‘vão e estão no Hades após a morte’? – Parece natural – Enfim, das duas gerações que aqui temos, não há ao menos uma que dá lugar a dúvidas? Porque a palavra “morte” não dá. Não é mesmo? –É – Então, como faremos? Não admitiremos para a morte a virtude de produzir seu contrário, ou diremos que quanto a isto a natureza é manca? Não é absolutamente necessário que a morte tenha seu contrário? – E qual é o seu contrário? – Renascer – Renascer, se existe um regresso da morte à vida – disse Sócrates –, é esse regresso da morte à vida – disse Sócrates –, é esse regresso. Por esse motivo nos persuadiremos de que os vivos nascem dos mortos, como estes daqueles, prova incontestável de que as almas dos mortos existem em algum lugar de que retornam à vida. V I DA E MORT E PA R A A M AÇONA R I A Quando o Candidato é conduzido à Câmara de Reflexões, a venda lhe é retirada e na penumbra, vislumbra o recinto; uma mesa tosca; alguns papéis, caneta e tinteiro, inscrições nas paredes, alguns objetos estranhos; uma ampulheta medindo o tempo; silêncio absoluto; um odor de mofo; um crânio, algumas tíbias, símbolos mortuários. Teias de aranha dão ao ambiente um caráter lúgubre. Qual a reação do Candidato? De temor? De curiosidade? A resposta, oportunamente, é solicitada, e o Candidato, não sabendo exatamente porquê daquela passagem, titubeia e dá uma resposta vaga. Na Iniciação, a permanência na Câmara de Reflexão (é denominada também de Câmara de Reflexões, no plural, pois são sucessivas as reflexões que o Candidato é chamado a fazer) pode ser considerada como a parte principal, pois a preparação psicológica não tem interferência de qualquer pessoa; trata-se de uma autorreflexão que ocorre sem qualquer orientação; o Candidato é levado a refletir isoladamente. Segundo os princípios Maçônicos, “ninguém pode ser reconhecido como Maçom enquanto continuar servo das paixões, escravo das suas crenças e cego pelos bens do mundo.” Esta é uma reflexão que é colocada durante a cerimônia de Iniciação, ou seja, após a viagem pelo elemento terra, o Candidato nasce para uma nova vida. Nenhum Maçom pode vencer a morte se não desbastar a pedra bruta que há em si ou seja, se ele não sepultar os estados aflitivos, os instintos egoístas. Para isso, terá de morrer para o mundo profano. A
compreensão do desbastar a pedra bruta significa lapidar-se; brilhar; fazer com que aflore dentro de si os dons do espírito que estão adormecidos e sem brilho, ocasionados pelo egoísmo, pelo orgulho, pela ambição e por tantos outros valores que o leva a temer a morte sem que perceba. Todos os Maçons tentam aprender a desbastar a pedra bruta usando o maço e o cinzel, mas não compreendem que devem ir além desse gesto que há em cada Iniciação de um profano. Precisa trabalhar seu interior no significado do VITRIOL (visita ao interior da Terra para encontrar a Pedra Oculta) na compreensão do lapidar até fazer brilhar o diamante que há em cada um de nós. Que essa lapidação não seja só um gesto simbólico, mas uma busca incessante pelo brilho da alma, aflorando do seu interior o amor, o perdão, a humildade, a mansidão, a serenidade, tolerância, entre tantas outras virtudes que emanam de dentro de si, fazendo dele um homem polido e virtuoso. O medo da morte física é causado pelo apego incontrolável do homem pela vida, pelos bens materiais, esquecendo-se ele de que nada se leva, ou seja, tudo o que construiu nesse mundo fica, nada é dele, nada lhe pertence. Veio do pó e ao pó retornará. O que se leva são as boas ações, as virtudes, os dons do espírito, tornando-o um homem de paz e de luz. A Maçonaria aceita que o Maçom, após sua morte física, adentra em um Oriente Eterno, local místico, situado em outro plano, totalmente desconhecido. A partida não é mais que um avanço de alguns dias, alguns anos talvez, sobre a viagem que todos nós devemos realizar em direção ao Oriente Eterno, a nossa pátria comum, o infinito. O ser humano na sua vida espiritual, é infinito. O MISTÉRIO DA DUALIDADE À UNICIDADE NA ORDEM MAÇÔNICA A realidade é permeada pela dualidade e na Ordem Maçônica não é diferente. Dualismo (dualidade) pode ser definido como sendo um sistema religioso ou filosófico que admite a coexistência de dois princípios opostos. Dual = relativo a dois, portanto, caracteriza a função do número dois (2), significando, de um lado, a duplicidade, e de outro, o antagonismo. A vida contém dualismos que representam o equilíbrio. Pode-se pensar que viver seria muito monótono se não surgissem momentos alternativos. Segundo Jorge Adoum – “a Unidade é o Reino de Deus em nós e manifesta-se no corpo em diversidade por meio da dualidade, como o bem e o mal, e que a Unidade não pode ser aprendida senão, sentida e da diversidade pode-se retornar à Unidade pelos seguintes caminhos – o Pensamento concentrado, a Devoção, a Sabedoria e a Ação, que quando combinados produzirão melhor efeito.” Embora tudo seja UM na realidade e essência, tudo se manifesta e aparece como dois – dualismo, como : positivo e negativo; macho e fêmea; dia e noite; céu e terra; mal e bem; frio e calor. No interior do homem existem dois princípios que as religiões chamam de bem e mal. Uma vez que estes dois princípios retornem à Lei Divina onde não há nem bem nem mal, o homem então, volve à Unidade. Um pensamento puro, uma sincera devoção, uma razão sábia e um serviço desinteressado, colocam na mão do homem todas as chaves do Reino Interno para que possa voltar ao Éden da Unidade de um modo consciente. Este é o Ideal Maçônico. Finalizando, desde o Grau Um temos um caminho a trilhar, como numa viagem – das trevas para a luz, da ignorância para o conhecimento e da morte para a imortalidade. De acordo com um ditado egípcio – A morte é a passagem para uma nova vida. Tem certas coisas que não sabemos dizer.
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ESTILO DE VIDA SAÚDÁVEL
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Joás de França Barros | Cadeira nº 29
stilo de vida é a forma pela qual uma pessoa ou um grupo de pessoas vivencia o mundo e, em consequência, se comporta e faz escolhas. Estilo de vida saudável torna-se uma necessidade essencial, diante das agruras da pandemia que assola o mundo. Envolve práticas cotidianas e escolhas particulares, tais como, habitação, alimentação, uso do corpo, vestuário, aparência, hábitos de trabalho, lazer, prática religiosa, arte, organização do espaço e do tempo, convívio social, etc. Estilo de vida saudável inclui a saúde preventiva, boa nutrição e controle do peso, recreação, exercícios regulares,
evitando substâncias nocivas ao organismo. Um estilo de vida saudável começa com exercício físico regular, dormir bem, banho de sol, cuidado com a alimentação e se preocupar menos. Pensando sobre essas reflexões, trago um pouquinho de mim. Mudei meu estilo de vida há uma década apenas. Eliminei a bebida alcoólica, o fumo já não fumava mesmo, passei a prática quase diária de atividade física, musculação, caminhada e ciclismo, eliminando o sedentarismo, a gordura e o mau humor, tornando-me saudável, alegre e comunicativo. Passei a amar mais ainda a cultura e hoje, com muita honra, inte-
gro uma das mais respeitadas Instituições, a AGML. Eu entendi que precisava inserir em minha vida comportamentos de pessoas que tinham um estilo de vida que eu queria ter, então comecei a me exercitar, praticando corrida na rua, a ter alimentação mais balanceada e consegui melhoras em meu corpo, consequentemente em minha autoestima. Isso tudo me deixava bem disposto e muito feliz e, com mais disposição, trabalhava mais e melhor e, com isso, consegui melhorar minha performance. Aprendi que se tem uma coisa que não muda é seu cuidado com sua
artigo
UM RECORTE NO TEMPO PARA NOS FAZER RECORDAR UMA LONGA VIAGEM – I Marcus David Cavalcante | Colaborador
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ra noite fria e seca no interior goiano, aquele homem andava só, descalço, peito nu e com duas ferramentas nas mãos. O cerrado era iluminado com o prata gasto de um meia lua quase se apagando, os galhos secos se quebravam debaixo de seus pés, seus passos eram firmes, e ao longe fazendo-o parar antes do próximo passo ouviu-se uma voz rasgando o vazio: – Quem vem lá? Bradou... O que vindes aqui fazer? Voltou a voz a bradar com ainda mais força e vigor... Firme, sem gritar de volta mas consciente do que respondia devolveu o homem depois de já ter respondido as outras questões no mesmo tom: “Vencer minhas paixões, submeter minhas vontades e fazer novos progressos na Maçonaria...” Aquilo que é ou não é maçônico... Certa feita, um Maçom postou em uma rede social privativa para alguns membros da ordem, um vídeo editado pela Polícia Militar de seu estado, onde militares cantavam e dançavam ao som de “Happy”, música do artista norte americano Pharrel Willians. No mesmo dia da postagem algumas manifestações em desfavor do vídeo surgiram, alguns Mestres Maçons se sentiram incomodados com o vídeo e até o classificaram como de conteúdo NÃO MAÇÔNICO. Naquele mesmo dia um Companheiro Maçom questionou as adjetivações negativas atribuídas à manifestação cultural lançada pela instituição e publicada no grupo, mesmo sabendo que pela forma ela até poderia incomodar, mesmo que muito pouco, o que lhe movimentava era o fato de que pelo conteúdo essa manifestação esbanjava ensinamento... O recorte daquela longa viagem lhe tomou a mente, voltou a ouvir as respostas que fluíram de sua boca como verdades... Naquele dia algo o tirou do eixo, ele o Companheiro lapidava aquela pedra com a ajuda de um tradutor online, via-a polida e com um profundo brilho filosófico incutido, a letra da música falava em “parar e pensar para refletir”, falava das arestas que apareceriam em forma de “más notícias”, e ainda mais, de como ressignificar estes momentos ruins “trabalhando a positividade”. A mensagem trazia mais, “não perca seu tempo com negatividades, seja feliz, feliz de verdade” pois “nada pode derrubar” o ser que consegue consolidar sua felicidade em si, trabalhando o seu comportamento individual e como você absorve e filtra todos os acontecimentos do seu cotidiano. O Companheiro se preguntava se a partir daquela experiência a classificação de SER OU NÃO SER MAÇÔNICO obedeceria ao crivo de observação
preguiçosa de alguns Mestres Maçons com títulos e histórias a contar que não cabiam no pobre avental branco de aba dobrada. “Vencer minhas paixões...” Um dia ele descobriria que um Mestre nunca pode aposentar suas ferramentas, e que deixá-las guardadas em uma caixa de amostra recoberta de ouro não as permitiriam o malho constante que pudesse garantir a eficiência de suas reais finalidades. A maçonaria é um instituição filosófica, simbólica e em seus muitos símbolos estão presentes a constante busca pelo saber, a constante construção de novos significantes presentes em alegorias que transmitem mensagens das mais diversas, e se existe um ser humano que não pode se desvencilhar dessa infinita busca pelos novos significados este homem é reconhecido como livre e de bons costumes, traja avental em sua constante lapidação de vida e conhecido como Maçom. “Mantenha-se em alto nível e não se deixe ser derrubado!” Esta é uma das frases mais marcantes da música que embalava os policiais militares daquela corporação, e eles conseguiam transmitir a alegria necessária nesta que era uma mensagem positiva de final de ano para a sociedade onde atuavam como a mão forte do estado. Era essa a mensagem trazida pela canção interpretada, e era exatamente o que o Companheiro queria entender, qual seria ali o teor de NÃO MAÇÔNICO daquele conteúdo? Era essa a filosofia de suas ponderações, mas ali ele por fim guardou um ensinamento, que ele repetiu em silêncio para os vazios ao lado de seu assento: “ao Companheiro não é permitido aprender aquilo que o Mestre não quer aprender”. E na coluna do Sul, sem golpe de malhete ele se calou. Deixando indignados Mestres do Oriente e outros que gritavam de fora das portas do Templo sempre que tinham uma chance. “... submeter minhas vontades...” Meus irmãos, do ponto de vista hierárquico administrativo, acreditem, aquele companheiro jamais se deixou desconhecer do respeito apregoado dentro de nossa ordem, mas ele encerrou seus trabalhos na coluna do Sul profundamente incomodado com a preguiça de seus Mestres em aprender, e pior ainda, com a desconstrução filosófica do sentido maçônico em alegorias que não encontramos dentro dos Templos, mas que são partes integrantes de nossa jornada de obreiros incansáveis. Ao Mestre que quer se destacar pelo ser Mestre reservo minha tristeza, pois o Mestre Maçom nada mais é que o aprimoramento filosófico e histórico de um certo aprendiz e um certo companheiro, e ainda mais, o tempo de maçonaria é respei-
imagem, com seu corpo, MENTE e com sua saúde. Quanto mais você se cuida, mais energia você ganha para não só ter conquistas, mas desfrutá-las! Por isso eu sempre falo sobre a importância de cuidar da estética, que vai muito além de tratar da aparência para os homens e a celulite e uma gordura localizada acolá para as mulheres. A estética cuida da imagem com a qual você se sente bem, integra positivamente seu estilo de vida, agregando saúde, bem-estar e satisfação pessoal. Meus Diletos Irmãos e Confrades, busquemos melhor estilo de vida.
tado e inapagável, verdade, mas paremos de usar isso como moeda de valor maçônico, pois desconstruir uma manifestação cultural, e sim de cunho e alcance maçônico em razão de defender a sua condição de Mestre é tão somente prova de que esse Mestre ainda tem muito a aprender sobre Maçonaria. Meus irmãos, o Mestre Maçom não é um ser completamente formado e detentor de todo o saber maçônico, e me perdoem os Mestres Instalados, o último grau simbólico, ou mesmo os inspetores do grau 33, último grau filosófico, todos nós independente de nossas insígnias, só somos verdadeiros Maçons enquanto nos debruçamos sobre o lapidar as pedras, e sempre começando em nós mesmos, no conhecimento que temos em detrimento do que tínhamos ontem, pois a própria filosofia nos ensina que essa chama que arde nos altares de nossas luzes nunca mais serão as mesmas chamas a cada milionésimo de segundo que se passa enquanto queima, pois a chama que queima é outra em razão da constante mutação dos conhecimentos da vida e do mundo onde estamos inseridos que servem de oxigênio para esse fogo. Aquele companheiro viu Mestres Maçons decidindo arbitrariamente o que é e o que não é maçônico sem se debruçarem sobre o tema, sem se importarem em ouvir o mancebo “recém incorporado ao grupo” pois suas histórias não permitiriam isso, mas com base em nossos Landmarks, sejam os 25 de Albert Mackey ou os 5 resumidos de Albert Pike, e nas atribuições dos mestres maçons em loja previstas em todos os códigos normativos da ordem, não existe essa prerrogativa de se determinar o que é maçônico e o que não é maçônico meus irmãos, seja dentro de loja ou em ambientes menos formais, mas composto pelos irmãos do quadro. O MAÇÔNICO está de fato fora do alcance dos vícios, esta é um adjetivação próxima da perfeição da ordem, tem ligação com os aspectos mais plurais e formativos de nossa filosofia e se distancia por completo de uma decisão hierárquica, não é elegível, temporária ou um conceito de aceitação da ampla maioria, o MAÇÔNICO é um passo a frente na descoberta do Maçom, e nunca um passo atrás no achismo coberto de vaidades. “... e fazer novos progressos na maçonaria...” Sentado naquela cadeira firme sem ninguém ladeando os flancos, o Companheiro não percebeu o tempo passar, já ostentava o avental de Mestre Maçom e se perguntava o que havia ainda naquele tempo reservado a título de aprendizagem daquele evento, ele entendia que já passava da hora de trancafiar em masmorras o vício do não gostei muito difundido dentro de Loja, o famoso “não quero assim e não deve ser assim”. O obreiro da ordem trabalha em busca do saber de direito, pelo valor maçônico primário do lapidar antes de fazer calar aqueles que precisam da luz ao invés da repreensão por oposição ao que se pensa, lembremos que sempre pisamos, dentro e fora de Loja, em um pavimento constantemente mosaico, uma representação clara de que o divergente não pode ser entendido como não maçônico tão somente pelo fato de ser divergente.
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tempo de estudo
E X C E R TO?
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Absaí Gomes Brito | Cadeira nº 18
alar sobre EXCERTO, trechos, fragmentos e extratos, a respeito da origem e situação hoje da Maçonaria, não é matéria simples para um pequeno pesquisador, mas para aqueles que vivem pesquisando nossas origens e posição atual, gastando tempo e espaço, através de pesquisas profundas em bibliotecas públicas e ou particulares, principalmente naquelas fechadas com o passar de anos e até séculos. Nós, Maçons, de qualquer grau ou posição, passamos pelo Ritual de Iniciação, recebendo as Instruções preliminares do Grau 1 – Aprendiz Maçom, que é a diretriz que deveria nos acompanhar durante nossa trajetória maçônica. Com o passar do tempo, porém, nos acomodamos, deixando de lado os en-sinos primários, para nos ocupar de graus superiores, esquecendo-se da base, que é fundamental para o nosso dia a dia. Para muitos, passados alguns anos, as primeiras Instruções ficam no esca-ninho do esquecimento, quando deveriam estar sempre presentes, pois é a essência daquilo que nos deve guiar e orientar no futuro. Assim, para nos avivar a memória, vamos nos ater a trechos, fragmentos e extratos de Rituais e autores diversos, com o objetivo de clarear nossas mentes, tirando do lado escuro aquilo que lá está escondido ou guardado. Diz o Ritual de Instruções do R.E.A.A., editado e aprovado pelo Colégio de Grão-Mestres da Maçonaria Brasileira, em 1977, do Grande Oriente do Distrito Federal: “Se mais nos aprofundarmos ainda, descobriremos que há três coisas neces-sárias em toda obra inteligente: a primeira é o nosso plano ou projeto: a segunda, a energia ou força que nos propomos dedicar à nossa tarefa: a terceira o instrumento real com que executamos o trabalho. Claramente se vê que estes três elementos se simbolizam graficamente por nossos Instrumentos de Trabalho, porque traçamos o nosso plano com a Régua de 24 polegadas, aplicamos a nossa força por meio do Maço e com o Cinzel realmente levamos o trabalho ao fim. Conclui-se, portanto, que esses três utensílios são arquétipos de toda a possível variedade de instrumentos pertencentes a três classes”. A Régua de 24 polegadas tem como função medir a longitude, que é a base das medidas de toda atividade da vida humana, sendo o primeiro Instrumento de Trabalho dado ao Aprendiz para seus trabalho iniciais.
O Maço é a demonstração da força e é executado pelo Venerável Mestre na direção dos trabalhos, demonstrando autoridade e domínio, mostrando que simbolicamente todo Maçom deve conduzir um Maço nas mãos, marchando triunfante em direção ao futuro promissor que se avizinha. O Cinzel é o terceiro Instrumento dado ao Aprendiz e deve ter seu corte preparado para a finalidade planejada, sendo resistente ao ponto de suportar as batidas que receber das várias espécies de Maços. “Já que estudamos os três Instrumentos de Trabalho separadamente, conve-niente comparar e comprovar as funções de cada um. No princípio ficamos pasmados ante as diferenças fundamentais e radicais existentes entre a função da Régua de 24 polegadas e as do Maço e do Cinzel. O primeiro é essencialmente um instrumento estático, os outros são dinâmicos. Aquele indica o caminho, estes o percorrem. A Régia de 24 polegadas só se pode empregar bem quando está estacionária; ao passo que os outros instrumentos só são úteis quando se põem em movimento. A Régua é rígida, inflexível e fixa; além disso, o seu comprimento está determinado de uma vez para sempre; o Maço e o Cinzel são essencialmente móveis, flexíveis e capazes de se adaptar infinitamente às necessidades do traba-lho e do operário. A Régua é impessoal, enquanto no Maço e no Cinzel se coaduna a personalidade do indivíduo que com eles trabalha”. Continuando com as Instruções aos Aprendizes, veremos outras informa-ções que nos servem como orientadoras para seguir subindo a escala hierárquica maçônica. Nossa Loja tem a forma de um quadrilongo; seu comprimento é do Oriente ao Ocidente; sua largura, de Norte ao Sul; sua profundidade, da Superfície ao centro da Terra, e sua altura, da Terra ao Céu. Esta tão vasta extensão mostra a universalidade da Instituição e que a Caridade dos Maçons não tem limites. A Loja é orientada do Oriente ao Ocidente (Leste/Oeste). O Culto Divino e os Templos antigos vieram dessa forma e as Lojas devem seguir essa mesma orientação. Portanto: o Sol nasce no Oriente e se oculta no Ocidente. A civilização e a ciência vieram do Oriente, espalhando benéficas influências para o Ocidente. A doutrina da Fraternidade e do Amor, também veio do Oriente. Assim, nossas Lojas, repre-sentadas pelo
Trechos – Fragmentos – Extratos Templo de Salomão, são orientadas do Oriente para o Ocidente. Seguindo nossos estudos, lembramos que nossas Lojas são sustentadas por três Colunas: SABEDORIA. FORÇA e BELEZA. “A SABEDORIA deve nos orientar no caminho da vida; a FORÇA nos anima a sustentar em todas as dificuldades e a BELEZA, adornar todas as nossas ações, nosso caráter e nosso espírito. O Universo é o Templo da Divindade, a quem servimos; a Sabedoria, a Força e a Beleza estão em volta de seu Trono, co-mo pilares de suas obras. E sua Sabedoria é infinita; sua Força onipotente e sua Beleza manifestam-se em toda a Natureza pela simetria e pela ordem. Em sua base, centro e todo se destacam três símbolos, muito conhecidos do mundo profano: Fé, ESPERANÇA e CARIDADE, virtudes teologais que devem ornar o espírito e o coração de qualquer ser humano, principalmente no maçom, que não se esquecerá, jamais, de depositar fé no Grande Arquiteto do Universo; Esperança, no aperfeiçoamento moral e Caridade para com seus semelhantes.” Continuando nossos estudos, encontramos no interior de nossa Loja Maçônica: Ornamentos, Paramentos e Joias. São Ornamentos: o Pavimento Mosaico, a Estrela Flamejante e a Orla Dentada; – O Pavimento Mosaico, com seus quadros brancos e pretos, nos mostra que apesar da diversidade do antagonismo de todas as coisas da Natureza, em tudo reside a mais perfeita harmonia; – A Estrela Flamejante representa a principal Luz da Loja. Simboliza o Sol, Glória do Criador, e nos dá o exemplo da maior e da melhor virtude, que deve encher o coração do maçom: a Caridade; – A Orla Dentada, mostra-nos o princípio da atração universal, simbolizada no Amor. O Paramento da Loja é constituído pelo Livro da Lei, Compasso e Esquadro. O Livro da Lei Sagrada representa o Código de Moral, que cada um de nós respeita e segue. O Compasso e o Esquadro, que só se mostram unidos em Loja, representam a medida justa que deve presidir a todas as nossas ações, as quais não podem se afastar da justiça nem da retidão, que regem todos os atos de um verdadeiro maçom. Temos ainda na Loja três Joias móveis e três fixas. As móveis: o Esquadro, o Nível e o Prumo, assim chamados
porque são transferidas, regularmente, aos novos Veneráveis e Vigilantes, com a passagem da Administração. As fixas são a Prancheta da Loja, a Pedra Bruta e a Pedra Polida. A Prancheta da Loja serve para o Mestre desenhar e traçar, o que simbolicamente exprime que o Mestre guia os Aprendizes, no trabalho indicado por ela, traçando o caminho que eles devem seguir para o aperfeiçoamento, a fim de po-derem progredir nos trabalhos da Arte Real. A Pedra Bruta serve para nela trabalharem os Aprendizes marcando-a e desbastando-a, até que seja julgada polida pelo Mestre da Loja. A Pedra Bruta é o material retirado da jazida, no estado da natureza, até que, pela constância e traba-lho do Obreiro, fique na devida forma, para poder entrar na construção do edifício. A Pedra Polida ou Cúbica é o material perfeitamente trabalhado, de linha e ângulos retos, que o Compasso e o Esquadro mostram estar talhada de acordo com as exigências da Arte. As características de um bom Maçom são: Virtude, Honra e Bondade. Que embora banidas de outras sociedades devem, sempre, ser encontradas no co-ração dos Maçons. Continuando nosso trabalho, vamos transcrever o que nos ensina o Ritual de Instruções de Aprendiz, quando fala a respeito dos deveres do Maçom: “Honrar e venerar o Grande Arquiteto do Universo, a quem agradece, sempre, as boas ações que pratica para com o próximo e os bens que lhe couberem em partilha; tratar todos os homens, sem distinção de classe e raça, com os seus iguais e irmãos; combater a ambição, o orgulho, o erro e os preconceitos; lutar contra a ignorância, a mentira, o fanatismo e a superstição, que são os flagelos causadores de todos os males que afligem a Humanidade e entravam o progresso; praticar a Justiça recíproca como verdadeira salvaguarda dos direitos e dos interesses de todos, e a tolerância, que deixa cada um o direito de escolher e seguir a sua religião e suas opiniões; deplorar os que erram, esforçando-se, porém, para reconduzi-los ao verdadeiro caminho; enfim, ir em socorro do infortúnio e da aflição. O Maçom cumprirá todos esses deveres, porque tem a Fé, que lhe dá coragem; a perseverança, que vence os obstáculos, e o devotamento, que leva a fazer o Bem, mesmo com risco de sua vida e sem esperar outra recompensa que a tranquilidade da consciência.”
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MAÇONARIA, ECONOMIA E O PAPEL DO ESTADO
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Gesmar José Vieira | Cadeira nº 20
os dia atuais, na Maçonaria e fora dela um dos grandes debates é sobre quanto do dinheiro de cada um, os cidadãos brasileiros, deve ser gasto pelo Estado e quanto deve ficar para ser gasto com as famílias. Nunca se deve esquecer a verdade fundamental: o Estado não tem outra fonte de recursos além do dinheiro que cada um, o cidadão brasileiro, ganha com o seu trabalho no dia a dia. Os grandes estadistas, os economistas e os estudiosos de assuntos de economia, finanças e planejamento econômico, não cansam de afirmar, e isto é a lógica, “se o Estado deseja ganhar mais dinheiro, ele só pode fazê-lo tomando emprestada a poupança do cidadão ou cobrando dele mais tributos”. Não se deve pensar que alguém irá pagar e se for, esse alguém será o cidadão. Os maiores economistas liberais, nas suas falas sempre vaticinavam que não existe essa coisa de dinheiro público: existe apenas o dinheiro daqueles que pagam impostos. O crescimento e o desenvolvimento não virão das invenções de mais e mais
programas generosos de gastos públicos, mas dos investimentos gerados. Cada um de nós, os cidadãos, não ficamos mais ricos pelo simples fato de abrir mais uma conta em um banco e nenhum país se tornou próspero por cobrar mais impostos de seus cidadãos, além de sua capacidade de pagar. É dever do Estado garantir que cada centavo arrecadado com a tributação, seja gasto bem e de forma sábia. Os partidos políticos que governam devem se dedicar à boa economia doméstica ou fazer com que cada cidadão tenha acesso à renda de forma digna. Isto é administrar melhor a política fiscal e a política monetária. São tarefas daqueles que administram o Estado e de todos os partidos políticos: proteger a carteira do cidadão e os serviços públicos. Estas tarefas devem e podem ser conciliadas, e para isto os administradores, os políticos e os guardiões da lei devem cultivar a ética, a moral e os bons costumes. Os recursos são escassos e não existe “almoço de graça”. Como seria bom se todos pudessem afir-
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mar: gaste mais nisso, gaste mais naquilo. Todas as pessoas possuem causas favoritas e cada um tem a sua; porém, alguém tem que fazer a conta. A empresa, o pai de família, a dona de casa e, mais do que todos, o governo, já que o recurso por ele utilizado vem do bolso do cidadão, daquele que paga impostos. Sendo a Maçonaria “uma sociedade fraterna que admite todo homem livre e de bons costumes”, que além de outros atributos possuem “o firme propósito de tratar sempre de ir em busca da perfeição, aniquilando seus vícios e trabalhando para a constante evolução de suas virtudes, fica evidente a obrigação dos maçons em participar ativamente de debates que tenham como foco um de seus atributos: o livre exercício das capacidades humanas e do engajamento político-social. O lema, ou o símbolo, “Liberdade, Igualdade, Fraternidade” deve continuar sendo um de seus principais landmarks. Todos devem lembrar que os princípios tendem a reforçar o cumprimento de suas responsabilidades públicas e privadas e, que a “Maçonaria induz seus membros a uma profunda e sincera reforma de si mesmos, ao contrário de ideologias que pretendem transformar a sociedade, com uma sincera esperança de que, o progresso individual contribuirá, necessariamente, para a posterior melhora e progresso da Humanidade”, principalmente nos aspectos econômicos, objeto desta reflexão.
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UMA INSTITUIÇÃO VANGUARDISTA Guilherme Freire Fonseca | Colaborador “Ser vanguarda, é ser considerada a parcela mais consciente e combativa, ou de ideias mais avançadas, de qualquer grupo social. Por extensão um grupo de indivíduos que por seus conhecimentos ou por uma tendência natural, exerce papel de precursor ou pioneiro em determinado movimento cultural, literatura, música, arquitetura, científico e entre outros. Enquanto a centralidade da política social está ligada à ideia de viver bem no Estado. Nesse caso, a busca de elementos que estabeleçam formas de compensação para as pessoas em desvantagem social, econômica e política tem sido fundamental. Estado e organizações da sociedade civil vêm desenvolvendo políticas públicas que possam fornecer políticas de compensação, capazes de melhorar a vida de pessoas socialmente vulneráveis”.
Com essa visão e de forma muito aligeira inicialmente e, partindo da primícia, que justiça social tem como finalidade a integração entre os povos e está associado às desigualdades sociais e às ações voltadas para a resolução desse problema. Portanto, cabe realçar que a política e a justiça social incidem na combinação do “Estado e instituições não governamentais” em procurar mecanismos para dirimir e compensar as desigualdades sociais suscitadas pelo mercado do mundo econômico-político e pelas diferenças sociais que vai-se configurando no seio da sociedade em cada época.
Todavia, o caráter iniciático e simbólico da maçonaria é um poço de desafios que necessitam de um desvelamento a cada tempo, com reflexões e estudos epistemológicos para balizarmos nossas respostas, além de uma melhor compreensão, quando deparamos com os acontecimentos atualmente tanto no “Estado quanto nas instituições não governamentais”. Dito isto, creio que o nosso olhar possa ganhar o universo, porém nunca perder a dimensão da sua amplitude em quaisquer tempos, corroborando com o entrelaçamento da abordagem apresentada, cabe destacar que parte do ocorrido em uma “sessão magna de iniciação de um novo grupo de obreiros da Loja Maçônica Conciliação no dia 18 de maio de 1921, localizada na cidade do Recife”, no templo apinhado de familiares “profanos”, que participavam da parte pública da cerimônia quando, Alberto Roberto da Costa – Orador da Loja, depois de expor suas reflexões inerentes à magnitude do ato, e da relevância da Maçonaria, evidencia e enfatiza no decorrer do seu discurso, uma conceituação magnífica a respeito da Maçonaria: Não devemos compreender a Maçonaria como uma simples sociedade de auxilio mútuo, tal qual ficou e esta reduzida, não obstantes todos os dispositivos das nossas leis, sabiamente elaboradas, e a braços com as negativas que nulificam a sua força e o seu dever [...] A ordem compete assumir a vanguarda dos grandes movimentos sociais, impondo o regime da justiça e da equidade, regulando todas as
manifestações e imprimindo á atividade maçônica uma feição proveitosa e cheia de exemplos alevantados que possam robustecer a nossa fé e guiar com segurança os destinos das lojas ou da Ordem. (COSTA, 1921, p.31).
Diante do pronunciamento desse maçom, somos forçados a mergulhar na origem da maçonaria, retomar valores, princípios e suas finalidades, pois fica estabelecida uma nova visão que perpassam tempos, ou seja, do “ponto de vista institucional a Maçonaria não deveria contentar-se somente em ser uma entidade de ajuda entre os seus filiados”. Sobretudo, a missão desta instituição deveria ser “mais ampla suplantando esta perspectiva que, muitas vezes, se limitava a expedientes internos”, destaca Silva (2013). Continua o autor, a Maçonaria deveria ter então uma atuação social e política no meio “profano”, direcionando as suas posições na defesa da justiça e da igualdade, sendo estes dois elementos dimensões importantes de apoio aos movimentos a que ela deveria aderir, pela postura crítica da instituição e pelo seu eco eloquente que circunda e tomam os mais diferentes espaços na sociedade. [...] Ao contrário dessa ideia e, na tentativa de instaurar outra perspectiva de compreensão sobre a Maçonaria observamos nas palavras de Alberto Costa a preocupação em desconstruir e avançar sobre as formas simplistas de apresentação tanto do ideal maçônico, quanto do seu significado [...].
Politicas sociais e seu caráter iniciático e simbólico Por fim, com base nos estudos apontados pelos autores, têm-se uma compreensão da instituição como aspecto importante o seu compromisso sociopolítico. Além da dimensão do seu espaço interno dos templos, que podem extrapolar e ter uma finalidade maior, para agenciamento de temas que vão ao encontro de defesa que, “de alguma maneira, pudesse ser pensados pelas pessoas que não se encontravam vinculados institucionalmente, mas que pudessem de alguma forma, sentir a presença e a ação maçônica” sem perde de vista a dimensão do princípio de equidade, garantido liberdades fundamentais para todos; igualdade de oportunidades; manutenção de desigualdades apenas para favorecer os mais desfavorecidos, dando a cada cidadão o direito assegurar as liberdades políticas e os direitos básicos, sobretudo oferecer transparência na esfera pública e privada das oportunidades sociais. Por outro lado, até parece que o tempo não passou, faz-se presente a necessidade de recorrer à origem da palavra “advanced guard”, como se designava, abram caminhos e recoloquem aqueles tijolinhos para enxergar melhor a direção desse futuro sombrio presente nesse século, bem como, enxergar com olhos do verdadeiro maçom Alberto Roberto da Costa lá de 1921, quando explicita que a ordem necessita ser vanguarda em quaisquer tempos, impondo o regime da justiça e da equidade com antecedência.
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ESCREVER COMO HEMINGWAY? ESTUDE JORNALISMO!
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Hélio Moreira | Cadeira nº 27
urante o século vinte, na minha visão, dois escritores eletrizaram a moderna literatura norteamericana: Scott Fitzgerald e Ernest Hemingway. Embora haja que se reconhecer que houve muitos outros grandes escritores que serão sempre lembrados, porém, estes dois eram casos diferentes, pois, suas histórias de vida os aproximaram (ambos boêmios), tornando-os amigos e, no final, separou-os. Por ocasião do primeiro encontro dos dois (em um bar) Fitzgerald já era autor consagrado, principalmente depois da edição do seu livro “Great Gatsby – Grande Gatsby”, porém, Hemingway viria a mudar o estilo da literatura, suas histórias falam das suas experiências pessoais com a guerra, o amor, sexo, dinheiro e, também, religião. É preciso lembrar que embora fosse um gênio, Hemingway teve que percorrer um longo caminho de aprendizado até atingir quase que a perfeição como contador de histórias; é sobre esta fase de aprendizado que pretendo discutir com meus leitores. Após terminar os estudos preliminares (high school) na sua cidade natal, subúrbios de Chicago, no estado de Ilinois, onde, aliás, ele publicara algumas histórias ficcionais no jornal da escola, conseguiu, com a ajuda de um tio, uma vaga no jornal “Kansas City Star”, na cidade de Kansas City, no estado de Missouri, em outubro de 1917, para onde se mudou, com apenas 18 anos de idade. Naquele jornal, como ele contou muitos anos depois, teve a sorte de trabalhar sob as ordens de Clarence Wellington, naquela época o editor chefe da redação,
cuja reputação entre os jornalistas era o de ser exigente com seus repórteres, exigindo a manutenção da uniformidade estilística da escrita do jornal, obrigando-os a seguirem os seus “110 mandamentos estilísticos do Star”. Estes mandamentos eram o guia para cada sentença e cada parágrafo que o repórter escrevia; Hemingway, desde o inicio, aderiu a estas regras estilísticas; conhecê-las era para o jornalista o que para o soldado era entender de armas de guerra e estes princípios foram por ele considerados em toda sua escrita futura, como afirmou em entrevista em 1954, logo após ter ganhado o prêmio Nobel de Literatura. Hemingway trabalhou naquele jornal por apenas seis meses, este tempo foi o suficiente para ele adquirir experiência com o mundo real da criminalidade, da violência, da emoção e, sobretudo, com a ansiedade da humanidade, pois, sua atividade era cobrir a movimentação na chefatura de policia e nos hospitais. Escrevia suas reportagens como se fossem mini-contos, utilizando-se das regras do “Star”: estilo sucinto, colocando, somente, sentenças necessárias, poucos adjetivos, especialmente os extravagantes, como esplêndido, magnificente, deslumbrante, etc.; alguns destes escritos, ou seus
personagens, foram aproveitados mais tarde em suas publicações, como no livro de contos “In our time – Em nosso tempo”. Não cabe aqui transcrever todas as 110 regras do jornal, porém, cito algumas que Hemingway incorporou na sua vida de escritor: Use sentenças curtas; escreva o primeiro parágrafo do artigo com poucas palavras; use linguagem vigorosa, seja positivo, nunca negativo (ao invés de dizer que “alguma coisa não é”, diga o que “aquela coisa é”); não perca tempo e palavras, vá direto ao ponto; examine cada palavra como se a estivesse vendo pela primeira vez; ao escrever sobre o horário do acontecimento, coloque em primeiro lugar o horário porque segura mais a sua frase (“09h30min desta manhã” e não “Nesta manhã as 09h30min”). Depois da experiência que adquiriu em Kansas City e principalmente com as
lições que aprendeu como repórter, passou, segundo disse algumas vezes, a capturar com maior facilidade o que a vida permitia que fosse testemunha; usou o ouvido de repórter para escutar outras pessoas e transformar estas experiências em histórias que passou a contar. Certa feita pediram-lhe para definir um bom escritor; “primeiro há que se decidir sobre o que se vai escrever, ao invés de escrever sobre o que ele leu, escreva sobre o que ele viveu”; a coisa mais difícil para se fazer no mundo, emendou ele, “é escrever uma história sobre determinada criatura humana, pois, primeiro você precisa conhecer a criatura, depois você precisa saber como escrever, colocar as duas coisas juntas levarão a vida inteira para aprender”. Outra das suas preocupações, aliás, aprendidas no jornal, era evitar, sempre que possível, o eco das palavras nos textos; no entanto o crítico literário Andrew Wilson, discute esta sentença no seu conto “Kerensky, o lutador”: “No tamanho, Léo era a pessoa certa para dar murros, porém isto nunca iria acontecer com Léo”. O eco da palavra Leo reverbera na frase. Pode não seguir as regras do jornal, porém, ficará mais poético, penso eu. Uma pérola da genialidade do artista da escrita, ao ser desafiado: – Hemingway, você corta as palavras ditas supérfluas nos seus textos, então escreva uma história em seis palavras: “Para venda: sapatos infantis, nunca usados”.
tempo de estudo
MAÇONARIA E O ISLAMISMO – III Glaicon Guimarães Portilho | Colaborador C A R AC T E R ÍST IC A M AÇONA R I A – A Maçonaria Universal não é uma religião e sim uma fraternidade iniciática e simbólica, que oculta seu conhecimento em alegorias e se explica em símbolos, devotada ao progresso espiritual, intelectual e cultural da humanidade. A motivação do maçom em fazer o bem e ajudar as pessoas em dificuldades está fundamentada exclusivamente em seu desejo de servir, desvinculado de qualquer benefício futuro dado por alguma divindade. Isso resultou na tolerância da Maçonaria com todas as religiões, permitindo trabalhar lado a lado com irmãos de diferentes credos. A tolerância religiosa é muito semelhante ao que acontece no Islâ, onde a tolerância com o “O Povo do Livro” (Cristãos) é um dos mandamentos de Alah. Na mesa do Livro de uma Loja Maçônica figuram todos os livros sagrados de todas as religiões: a Bíblia, a Torá, o Alcorão e outros. A BE RT U R A D O L I V RO DA LE I NO S GR AUS SI M B ÓL ICO S NO A LCOR ÃO GRAU 1 – APRENDIZ – “EM NOME DE DEUS, O MISERICORDIOSO, O MISERICORDIADOR: Jamais alcançareis a virtude a não ser que façais caridade com o que mais apreciardes, e sabeis que toda a caridade que fazeis, Deus bem o sabe!” (Alcorão 3:92) GRAU 2 – COMPANHEIRO – “ EM NOME DE DEUS, O MISERICORDIOSO, O MISERICORDIADOR: E apegai-vos a todo vínculo de Deus, e não vos dividais;
Recordai-vos das Suas mercês para convosco, portanto, éreis adversários mútuos e Ele conciliou vossos corações e, mercê de Sua Graça, convertestes-vos em verdadeiros irmãos; e quando estivestes a beira do abismo infernal, dele vos salvou. Assim Deus vos elucida Suas Leis para que vos ilumineis.” (Alcorão 3:103) GRAU 3 – MESTRE – “EM NOME DE DEUS, O MISERICORDIOSO, O MISERICORDIADOR: Toda alma provará o sabor da morte e, no Dia da ressureição, sereis recompensados integralmente pelos vossos atos; quem for afastado do fogo infernal e introduzido no Paraíso, triunfará. O que é a vida terrena, senão um prazer ilusório? “(Alcorão 3:185) Não é intuito deste trabalho fazer qualquer interpretação das suras ou mesmo um estudo comparativo entre a mensagem do Alcorão e da Bíblia, apesar do Grau 3 ser bem explicito. Por fim, não há incompatibilidade entre Maçonaria e o Islamismo. Os ideais éticos dos maçons são totalmente compatíveis com a moral islâmica e com o que é recomendado pelo Alcorão. A Maçonaria é a instituição mais compatível, dentre todas, como que é recomendado pelo Profeta Mohamed. Somente os radicais fundamentalistas e extremistas, podem rejeitar as ideias liberais da Maçonaria; por ignorância, desvio psico-comportamental, com a própria religião que juraram professar.
Abertura dos trabalhos em Lojas Simbólicas no Alcorão A Maçonaria está para o muçulmano assim como está para o cristão: dependente da ausência da intolerância e fanatismo por parte do fiel, e da ausência de ignorância por parte dos demais. O sucesso da Maçonaria sempre deveu-se ao fato de sua união ser baseada nos pontos comuns e sua riqueza nos pontos diferentes. Enquanto os diversos Ritos proporcionam ao maçom participar daquilo que se identifica, cujos valores compartilha, todos os membros dessas instituições se sentem integrantes de uma única família, e constroem a fraternidade sobre os LANDMARKS que tornam todos iguais: a crença em um SER supremo e na imortalidade da alma. O Islâ é uma religião pacífica e tolerante, completamente compatível com a ética maçônica e a tolerância que sempre caracterizou nossa Ordem. A Liberdade religioso é assegurada no Alcorão: “Se teu Senhor quisesse, teria feito dos humanos uma só nação; porém, jamais cessarão de divergir entre si.” (Alcorão 2:256) Religião não é futebol! Não tem que ter rivalidade. Deve-se parar de discutir e se agredir mutuamente. As semelhanças das religiões são maiores do que as divergências. Onde existir diferenças, vamos praticar a compreensão e o respeito. Onde existir semelhanças, que são muito maiores, vamos SOMAR. O mundo não precisa de um discurso que dividem e sim de ações que unam.
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ÓDIO E INTOLERÂNCIA NAS REDES SOCIAIS
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Lindonor Ribeiro dos Santos | Colaborador
sociedade e o cotidiano da maioria dos humanos foram tomados por uma gama de produtos eletroeletrônicos que ampliaram as possibilidades de interação entre os sujeitos e fomentaram uma via de posicionamento em relação ao exercício da cidadania e ao ativismo político. Nesse contexto, é natural que existam relações de comunhão e conflito, haja vista, que numa sociedade plural e democrática deva se preservar a convivência pacífica entre visões diferentes de mundo. No entanto, tornam-se cada vez mais necessárias ações que visem a compreensão e a sensibilização para os valores democráticos, principalmente os da tolerância com as diferenças e o respeito às liberdades e garantias individuais. Apenas desta forma crê-se que a barbárie não tomará o lugar da civilidade. As redes sociais digitais, em sua configuração particular, explicitaram a emergência de produção e de circulação de enunciados de protesto, portanto, situações de enfrentamento, lutas políticas e ideológicas. Evidencia-se, assim, o potencial dessas redes sociais de se constituírem como espaços contemporâneos para publicizar a produção dos próprios sujeitos envolvidos no evento como alternativa a outras mídias como, por exemplo, jornais e revistas, pertencentes às grandes empresas de comunicação que, por vezes, corroboram os interesses de uma classe hegemônica representante do discurso oficial. O motivo que nos levou a estudar essa temática é a preocupação com os rumos que a sociedade brasileira está tomando a partir das redes sociais digitais, tendo em vista que pelas próprias redes sociais percebe-se o crescimento dos discursos de ódio e intolerâncias, o que já é evidente nos processos de mudanças no comportamento das pessoas. O nosso objetivo é contribuir para a compreensão dos reflexos das redes sociais digitais. Toma-se a Internet como lócus de pesquisa, e questiona-se: em que medida o ódio e a intolerância nas redes sociais digitais se constituem um risco frente ao estado democrático de direito. Para isso, o referido estudo apresentará abordagem qualitativa e se utilizará de pesquisa a respeito das redes e mídias sociais, com base nas discussões dos grandes temas. Adota-se a perspectiva teórica materialista histórica dialética para nortear as discussões, alicerçadas no entendimento de que as sociedades humanas existem num determinado espaço, num determinado tempo, em que os grupos sociais as constituem mutáveis e que tudo – instituições, leis, visões de mundo, é provisório, passageiro e está em constante dinamismo e, potencialmente, pode ser transformado. Esse estudo está dividido em duas seções. Numa primeira, são apresentadas breves considerações sobre as redes sociais digitais, a fim de compreender a estrutura das redes e a articulação com o ódio e a intolerância. Na segunda seção
centra-se a discussão de como o ódio e a intolerância nas redes sociais digitais se constituem um risco frente ao Estado Democrático de Direito. De acordo com os estudos, “nas redes sociais, é possível expressar o seu ódio, dar a ele uma dimensão pública, receber aplausos pelos seus amigos e seguidores e se sentir de alguma coisa validado”. Ou seja, as redes sociais produzem uma espécie de validação do seu ódio, que era muito mais difícil antes de elas existirem e se tornarem tão importantes na vida das pessoas. Em decorrência da incidência de ações e posições intolerantes na rede, também aumentam os crimes de ódio, muitos, na forma de discurso do ódio. Os casos de crimes cibernéticos de ódio possuem como características o ataque principalmente às minorias na forma de misoginia, xenofobia, racismo, homofobia, intolerância religiosa, etc. De fato, é nas redes sociais digitais a incidência maior de discursos odiosos já percebido atualmente. De acordo com a avaliação da Intolerância, no ciberespaço são dez as principais formas mais evidenciadas: Aparência, Classe social, Deficiência, Homofobia, Misoginia, Política, Idade/geração, Racismo, Religião e Xenofobia As semelhanças com os modelos fascistas de Estado também são muitas, uma vez que o autoritarismo que os caracteriza promove a perseguição, o preconceito com aqueles que não se alinham ao tipo idealizado imposto e a construção de dogmas pautados no senso comum. Nas palavras de psicólogos, para o mal, como o praticado pelos nazistas, não seria uma fatalidade, mas uma possibilidade da liberdade humana. Um mal sem motivos, sem raízes e sem explicação. Um mal inédito que, além de monstruoso, banal e burocrático, ao mesmo tempo era sistemático e eficiente. O discurso do ódio, atualmente amplificado pelas redes sociais digitais, ganha projeção a partir da ação de hakers, são sujeitos que propagam mensagens preconceituosas, geralmente contra as minorias sociais tendo como base o racismo, as diferenças religiosas, étnicas ou de nacionalidade, realiza importante distinção do ponto de vista conceitual circunscrevendo o fenômeno de massa. Para nós, como psicólogo e forma, podemos classificar aquelas manifestações odiosas, ao que se refere à modalidade velada do discurso do ódio. Para mim e para outros profissionais da área, o discurso do ódio é a “prática social que reutiliza da linguagem e da comunicação para promover violência aos grupos, classes e categorias, ou ainda, a sujeitos que pertencem a estas coletividades, sendo algo que pode estar relacionado ao desrespeito à diferença e à identidade”. Nas redes sociais digitais, este tipo de discurso realiza-se pautado em estereótipos e estigmas sociais como se fosse uma disputa na qual quanto mais odioso o discurso, mais aceito
e prestigiado é o emissor por grupos de pessoas que compartilham de suas ideias. “Parece haver um ‘ganho’ para quem incita ódio em redes sociais, e este ganho é a visibilidade, popularidade, reputação e influência. Tais fatores estão ligados a questões de pertencimento ao grupo ou afirmação de identidade. Uma pesquisa na ferramenta de busca Google, revela milhares de temas e entradas aproximadamente, quando se procura “discurso do ódio”, contra outras centenas de entradas quando se busca “discurso de intolerância”. A diferença no número de buscas demonstra o interesse maior pelo tema “discurso do ódio”. Ou seja, há um número expressivo e representativo de pessoas que possuem o tem como interesse. As reflexões que contribuem para pensar que “se o ódio irrompe no seio da sociedade civilizada em seu estágio tecnológico e, em nossa época, no ápice de tecnologia que é o digital, é porque, de algum modo, ele é parte dessa sociedade”. Nessa direção, as informações extraídas das redes da Intolerância do site Comunica Que Muda o tempo todo, corrobora a necessidade de analisar ódio e intolerância partir do materialismo histórico e dialético, compreendendo os indivíduos nas suas condições concretas de vida. Os estudos monitorou, por meio da plataforma das redes, nas sites sociais digitais, nos últimos meses, os comentários a partir de dez tipos diferentes de intolerância: em relação à aparência das pessoas, às classes sociais, às deficiências, homofobia, misoginia, política, idade/ geração, racismo, religião e xenofobia. A primeira edição dos nossos estudos monitorou também alguns meses, ou anos antes. O documento traça um panorama de como ocorre o discurso de ódio na Internet brasileira, uma ferramenta fundamental para entender a intolerância nas redes sociais digitais. A seguir são reproduzidos alguns resultados da pesquisa de nossos estudos. Esses resultados procuram traduzir e sintetizar os tipos de intolerância pesquisados. Foram capturadas e analisadas centenas menções. A grande maioria das postagens captadas são do Twitter, que representa mais investigação do levantamento. O Instagram é a rede que vem na sequência, com maior visão. Vale destacar que a maioria dos dados do Facebook não são públicos, o que impede que boa parte dos comentários seja captada. A grande diferença nesse espaço de estudos ficou por conta da intolerância política, maioria na primeira edição – mais de milhares de entradas, mas que sofreu uma queda brusca nos anos anteriores, caindo muito, o que sugere cansaço para o debate político em boa parte dos internautas. Por outro lado, alguns tipos de intolerância apresentaram melhoras consideráveis em seus índices, ainda que a maior parte das menções continue negativa. Foi o caso, por exemplo, da homofobia, em
SETEMBRO / OUTUBRO – 2021 que os comentários negativos passaram de 50% no primeiro estudo para quase 100%, em 2021. Outros destaques foram o preconceito sobre classe social, com as menções negativas passando de 50% para 80%, e a xenofobia, de 85% para 100%,índice muito alto. A maior diferença com relação ao primeiro estudo – e que ajuda a explicar a queda no número total de menções captadas – ocorreu com o tema intolerância política. Em momentos atuais, comentários, enquanto que esse número caiu muito em relação a temas atuais como pandemia, etc. Muito dessa queda tem relação direta com o momento político do período analisado. Assim, em 2021, o tipo de intolerância que obteve o maior número de comentários foi relacionado às pessoas com a sexualidade e deficiência, com milhares menções, sendo 90,1% negativas. Não que haja intolerância propriamente com as pessoas que têm deficiência ou ativistas do sexo, mas os internautas usam outros termos como demente, retardado e débil mental para atacar essas categorias de pessoas. Há uma persistência de traços que são históricos e estruturais no Brasil, aprofundando o já existente capacitismo. Outros tipos de intolerância com porcentagens altas de postagens negativas foram sobre idade/geração, e religião. Somando todo o monitoramento, 100% das menções foram consideradas negativas e apenas algumas menções positivas. A primeira conclusão a que se chega neste estudo, é a constatação de uma acentuada insensatez, falta de respeito, de valores básicos, e incitação a diversos tipos de delitos e crimes. A intransigência e o radicalismo nas redes sociais digitais devem ser rebatidos por quem acredita que estas devem servir à promoção da liberdade de opinião, ao pluralismo e ao debate democrático de ideias e não à reprodução de outras formas de alienação e ao desrespeito aos direitos humanos. A luta por direitos humanos deve se fazer presente em uma perspectiva de totalidade, como uma forma para empreender uma luta anticapitalista, antirracista e antipatriarcal. Discurso de ódio e intolerância na Internet precisa ser visto como uma violação de Direitos Humanos, mas também como um risco à construção de uma esfera pública virtual democrática, plural. Esse tipo de violações de direitos nas redes sociais digitais pode silenciar opiniões e pontos de vista diferentes. E calar aqueles que já sofrem violações de direitos, cotidianamente, como o caso de LGBTQIs, negros, quilombolas, mulheres, indígenas, pessoas com deficiência, dentre outros segmentos populacionais historicamente subalternizados. Por isso, compreender a dinâmica de funcionamento das redes sociais digitais e seus filtros é algo indispensável à adoção de uma postura crítica e equilibrada diante das polêmicas reproduzidas diariamente pela Internet. Este é um dos desafios da democracia no século XXI. Esse estudo foi coordenado por mim,com auxílio de pesquisas com meus alunos de psicologia. Agradeço á aqueles que saibam com os debates entender melhor que nenhuma discriminação e ou preconceitos pode melhorar o Pais e as comunidades.
JORNAL DA AGML
SETEMBRO / OUTUBRO – 2021
reflexão
O QUE É LIBERDADE?
P
Hamilton Rios de Araújo | Cadeira nº 37
alavra que expressa uma condição ao indivíduo e o remete à sensibilidade de posições e prática de ações nos dias de hoje, levando-o ao raciocínio que possui direito de fazer escolhas, de acordo com a própria vontade ou com base em sua própria independência, seu livre-arbítrio na tomada de decisões de maneira consciente.
“A prisão não são as grades, e a liberdade não é a rua; existem homens presos na rua e livres na prisão. É uma questão de consciência.” Mahatma Gandhi.
A palavra liberdade assumida nos atuais dias que vivemos dá a máxima importância e expressiva clareza na busca dos objetivos. É a expressão que os povos definem o maior de seus anseios, suas ambições e suas aspirações para um futuro com visão e buscando alcançar o verdadeiro significado, ampliando a mente ou, melhor ainda, nos remete a pensar sempre na frente, pois o tempo passa depressa e temos que estar lado a lado com ele! Refletindo na essência da palavra liberdade, observa-se que é indispensável e primordial que cada ser humano saiba com a maior amplitude possível o que se deve buscar e entender por liberdade nos aspectos fundamentais, já que ela como princípio, lhe marca e substancia sua posição dentro do ambiente e firmação pessoal que devemos sempre perseguir. Se em verdade procura obter conhecimento que não admite subterfúgios ou imprecisão que a liberdade é e deve representar para a vida, é preciso vinculá-la muito estreitamente ao dever e à responsabilidade individual que são termos de grande conteúdo moral, constituindo a alavanca que move os atos do ser humano, prevenindo-os do excesso, sempre prejudicial à independência e à liberdade de quem nele incorre. O homem considerado espécie superior às demais que povoam o globo terrestre, nasce livre, embora raramente se dê conta até o momento em
que sua consciência direciona para a necessidade de praticá-la como único recurso de desenvolver as funções primordiais da vida e o objetivo que cada um deve atingir como ser racional e espiritual. “Quando é preciso escolher entre liberdade e erudição, quem não dirá que prefere mil vezes a primeira?” Mahatma Gandhi
A erudição/leitura na busca do conhecimento e/ou cultura, propicia o grande agente equilibrador das ações humanas, fazendo um Ser Humano mais livre. O conhecimento confere maior liberdade a quem sabe usar dela com cautela e inteligência, já a ignorância a reduz, como também a reduzem os erros e as faltas praticadas, que em alguns casos, em excesso sem que perceba, desenvolve um cerceamento da própria liberdade que deve ser atribuída a si mesmo. Atos equivocados diminuem a liberdade individual. Liberdade concebida em sua totalidade, importância e conteúdo, que percebidos e compreendidos pela humanidade na dosagem de usá-la, conservá-la e defendê-la, promovem a afirmação na alma dos homens no seu verdadeiro e sublime conceito, propiciando à humanidade dar um grande passo adiante. Liberdade mal conduzida, principalmente a levada pela confiança, por um deslize de temperamento é como se fosse a quebra de um cristal precioso. De igual modo aconteceria se, na oportunidade de participar de uma instituição que tem como princípios a ética e a moral nos visse em uma condição de nos privar da oportunidade por causa de uma má atuação ou de um desses momentos irrefletidos que geram desagrados. Dessa forma, o mau comportamento consequentemente é motivo de constante diminuição da liberdade individual e o conhecimento é o gerador de equilíbrio das ações humanas, portanto, ampliar os domínios da consciência e faz o ser mais livre, ou seja, aumenta o direito de maior
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liberdade, mesmo que condicionado esse direito às diretivas de seu pensamento. Indivíduos livres e de bons costumes tomam decisões durante toda existência, valores ou regras eternas não existem, mas, nos guia e tornam mais importantes nossas decisões. Assim nasce o Maçom que adentra a loja maçônica carregado de esperanças e confiante em dias melhores. Um dia percebe que se encontra entre seres humanos com posturas e convicções baseadas na premissa do triângulo Liberdade, Fraternidade e Igualdade, porém, certos de que nem todos sustentam o mesmo nível, às vezes nos deixando perdidos e, vagando a esmo procurando o caminho a ser seguido, buscando a evolução espiritual e caminhando sempre para frente. Percebemos que a maioria dos jovens maçons, Aprendizes e Companheiros, têm os mesmos anseios e buscam os mesmos ideais. Os mais antigos, intitulados Mestres, dividem-se em dois direcionamentos, ou seja, os que retêm conhecimento para si e muitos são de fácil relacionamento pessoal e boa fala, e outros que compartilham conhecimentos, mas são mal entendidos, pois são os cobradores de postura e atitudes, colocando-os em uma jornada reflexiva que alguns Aprendizes e Companheiros não fazem questão interrompendo sua caminhada, pois a direção nem sempre está clara e convidativa a seguir o rumo buscado e atrativo, outros se envaidecem somente pelo título de Maçom e os que iniciam a caminhada, pois os embasamentos familiares modelam seu perfil e o qualifica a empreender e seguir a maravilhosa jornada maçônica. Sabemos que experiência e habilidade se sobrepõem à juventude e a intriga. Experiência vem com a idade. Sabedoria vem com a experiência. Concluindo, a liberdade é um estado importante da vida de qualquer um, e como sabemos e podemos ver, é muito complexa. Muitas vezes, esse valor é confrontado com outros igualmente importantes, como saúde e segurança. Por esse motivo, os líderes precisam tomar decisões sobre o grau de liberdade que permite o relacionamento. Nos dias de hoje, a intenção é maximizar a liberdade de todos, garantindo o bem comum do indivíduo, prevenindo a discriminação ou agressão. No entanto, a luta pela liberdade ainda não foi vencida e exige um grande esforço de todos.
artigo
A contribuição do educador universitário do Século XXI à sociedade brasileira, por meio da inserção de valores em sua disciplina – III Carlos Augusto F. de Viveiros | In memoriam (Texto escrito em dezembro de 2020) O ser humano vive a construção de sua própria identidade, que pressupõe a liberdade e a autonomia, para tornar-se sujeito, a partir das dependências que alimenta, necessita ou tolera, como exemplo, da família, da escola, da linguagem, da cultura, da sociedade etc. (PETRAGLIA, 2011, p.70)
Com a promulgação da Lei nº 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que dedica o Capitulo IV a educação superior, proporcionou a grande expansão do ensino superior no Brasil e possibilita o rompimento com o processo de ensino tradicional ao permitir a construção de diferentes experiências e reflexões sobre a formação e a prática docente no ensino superior. A Lei nº 9.394/96, em seu capitulo IV – DA EDUCAÇÃO SUPERIOR, os artigos 43 dispõe: CAPÍTULO IV – DA EDUCAÇÃO SUPERIOR – Art. 43. A educação superior tem por finalidade: I – estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo;
II – formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua; III – incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive; IV – promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação; V – suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada geração; VI – estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade;
VII – promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição; VIII – atuar em favor da universalização e do aprimoramento da educação básica, mediante a formação e a capacitação de profissionais, a realização de pesquisas pedagógicas e o desenvolvimento de atividades de extensão que aproximem os dois níveis escolares.
Segundo Diniz (2018) não dá para separar a corrupção da educação, pois os países com maiores índices de educação e igualdades tendem a ter menos índices de corrupção, tendo em vista que a mesma poderá ser desconstruída através da educação. Sendo o homem o centro da ordem social, que ao mesmo tempo são protagonistas e expectadores dos pequenos fatos do cotidiano e dos grandes dramas mundiais, através da educação poderá intervir supletivamente no processo de transformação de uma sociedade mais ética, em busca de um mundo melhor, tendo em vista que todos estão inseridos no contexto global. (continua na próxima edição)
JORNAL DA AGML
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SETEMBRO / OUTUBRO – 2021
opinião
PERSPECTIVAS PARA O FUTURO!
S
Francisco Feitosa | Colaborador
e ignorarmos a história de nossos antepassados, impossível será entendermos e valorizarmos os frutos colhidos no presente e, por consequência, estaremos condenando as gerações vindouras a um futuro incerto! Somos a única instituição no mundo capaz de se apresentar diante da história como agentes catalisadores da mudança, pois entendemos que tais mudanças, antes de serem impostas no mundo, devem brotar no íntimo de cada um, à guisa do que disse, o ilustre Mahtama Ghandi: “Seja você a mudança que você quer ver no mundo!” A Maçonaria em seu hercúleo e altruístico trabalho de tornar feliz a humanidade, vem através dos tempos derrubando bastilhas, dizimando feudos, emancipando povos e livrando a humanidade dos grilhões da ignorância. Nada disso se pôde realizar, sem antes garimpar no seio da sociedade, pessoas livres e de bons costumes, e forjar em seu íntimo os valores de sua excelsa doutrina. O Irmão Gottfried Joseph Gabriel Findel (18281905), escritor e editor maçônico alemão, autor da obra literária “A História da Maçonaria desde sua ascensão até os dias atuais”, sua principal obra, publicada em 1865, traduzida em diversos idiomas, assim defina nossa augusta Ordem: “uma associação que reúne, numa mesma família, todos os homens de boa vontade, sob a bandeira da igualdade e da amizade fraterna, e que lhes propõe, como finalidade, o exercício da influência moral sobre o resto do mundo”. Apesar de sua origem se perder nas brumas dos tempos, optamos, neste ensaio, apontar para o início da Idade Contemporânea. Sob a trilogia maçônica da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, surgiu um dos episódios mais importantes da história da humanidade – a Revolução Francesa. Inspirada nas ideias do Iluminismo, através da difusão das Obras literárias de maçons como Voltaire, Rousseau e Montesquieu, tal movimento dominou o mundo das ideias na Europa durante o século XVIII, inspirando a proclamação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, documento que estabelecia a liberdade e a igualdade de todos perante a lei. Nos primeiros anos do século XIX, nos Estados Unidos, um fato muito importante, também, ocorria: a criação do primeiro Supremo Conselho do REAA. Na Europa, de então, enquanto a Maçonaria inglesa defendia a monarquia parlamentar constitucional, nossos Irmãos franceses, também, contrários ao absolutismo, defendia o sistema republicano, e foi sob a bandeira rubra da Maçonaria Francesa que os movimentos libertários chegariam à América, trazidos por Lojas Maçônicas, das quais destacamos a especial participação da Loja Sociedade dos Cavaleiros Racionais, em Cádis, no Sul da Espanha.
MEMBROS DA ACADEMIA GOIANA MAÇÔNICA DE LETRAS Cadeira
Grande Bibliotecário do Supremo Conselho do Grau 33 do REAA da Maçonaria para a República Federativa do Brasil
Membros
Nessas Lojas foram iniciados diversos próceres da independência das colônias espanholas, patriotas americanos da estirpe de Bernardo O’Higgins – o Libertador do Chile; Simon Bolívar – o Libertador; José de San Martin – o Protetor do Peru, unidos a outro não menos valoroso como Francisco Miranda – precursor da independência da América Espanhola. Esses ilustres maçons, quando em retorno à América, fundaram Lojas Maçônicas, que foram denominadas “Lojas de Lautaro”. As Lojas Lautarinas iniciavam, assim, o seu trabalho pela liberdade da América Espanhola. Permita aqui citar os nomes de nossos Irmãos equatorianos, que receberam a “Luz Maçônica” através do Malhete do ilustre Irmão Francisco Miranda: Carlos Montúfar, ilustre militar; Vicente Rocafuerte y Bejarano – 2º Presidente da República do Equador (1835-39), este, filho desta encantadora cidade de Guayaquil – “A Pérola do Pacífico”. Após vinte e sete anos de luta, toda a América-latina estava livre do jugo espanhol, com a vitória na batalha de Ayacucho, em 1824, no Peru, comandada pelo Irmão Antônio José Sucre, que dois anos antes, já havia se saído vencedor na “Batalha de Pichincha”, em Quito, assegurando a libertação do Equador e integrando esta província na Grande Colômbia. No Brasil, maçons como Gonçalves Ledo e José Bonifácio, dentre outros ilustres, sob a influência dos movimentos libertários, destacaram-se como artífices da Independência do Brasil. A influência de tais movimentos, também, ficou evidente na Conjuração Mineira e na maior Revolução já ocorrida em terras brasileiras, a Farroupilha. O Irmão Ledo deixou um grande legado à Maçonaria Brasileira, com a criação das primeiras Lojas maçônicas a trabalhar no REAA, no Brasil. A Bonifácio, além de ter sido o 1º Grão-Mestre do, hoje, Grande Oriente do Brasil, coube-lhe a honra de ser o 2º Soberano Grande Comendador, do nosso Supremo Conselho, sucedendo ninguém mais do que o ilustre maçom Montezuma, seu fundador e 1º Soberano Grande Comendador. Hoje, colhemos os frutos dos hercúleos esforços desses abnegados Irmãos que, sob a bandeira da liberdade, cumpriram seu sagrado juramento de tornar feliz a humanidade. A manutenção da liberdade é uma tarefa diária do maçom. No Preâmbulo do Estatuto de nosso Supremo Conselho, em meio a Declaração de Princípios, promulga-se, entre outras, a prática da justiça, a defesa da liberdade sob todos os aspectos, e o trabalho incessante pela felicidade humana e por sua emancipação progressista e pacífica. E ratifica: “No intuito de elevar o homem aos seus próprios olhos e torna-lo digno de sua missão aqui na Terra, a Maçonaria erige, em dogma, a “Liberdade” que Deus, o Grande Arquiteto do Universo, lhe deu como o mais precio-
Cadeira
Membros
so dos bens e patrimônio da Humanidade Inteira, que ninguém tem o direito de obscurecer ou de apagar, pois é a fonte dos sentimentos de honra e dignidade, conquistado palmo a palmo”. “Pari-passu” aos acontecimentos, o REAA se expandiu enormemente, com o surgimento de diversos Supremos Conselhos por todo o mundo maçônico, em especial na América Latina, onde tornou-se o Rito mais difundido. Através de seus excelsos ensinamentos, calcados na Tradição das Idades, o maçom exercita incessantemente o desbastar da Pedra Bruta, ampliando sua consciência da Verdade, preparando-se para futuro desafios. Ao lançarmos os olhos para o futuro, vislumbramos um horizonte de grandes realizações e alimentamos a esperança de um mundo mais justo e digno para as gerações vindouras. Tal esperança está fundamentada em verdadeiras ações, como: o investimento do aperfeiçoamento moral dos maçons do REAA e, em muito especial, de nossos jovens, a exemplo de quando o nosso Supremo Conselho, há 41 anos, trouxe para o Brasil e patrocina até os dias atuais, as Ordens Paramaçônicas “DeMolay” e “Filhas de Jó”, instituições formadoras de novos líderes. O mundo passa por um momento controverso, cuja inversão de valores impera no seio da sociedade, sintomas próprios de uma transição cíclica da história da humanidade, assim como já se vivenciou, no final do século XVIII, culminando com a eclosão da Revolução Francesa, com a imprescindível participação de muitos de nossos Irmãos, mudando os rumos da história. Nossa perspectiva não está pautada no acaso, mas em ações fundamentadas na semeadura, em solo fértil. Sob a ótica de Ghandi, acreditamos sim na transformação do mundo, e para tanto, continuaremos a investir na transformação do homem, através de seu aprimoramento moral e intelectual! Finalizando, destacamos um dos principais objetivos da Ordem Maçônica, o de tornar feliz a humanidade, através das palavras do ilustre maçom e escritor brasileiro, Rizzardo da Camino: “A história da Maçonaria não é uma história do homem, mas sim, as histórias daqueles que se preocuparam com a valorização do homem, dentro de uma sociedade; não valorização econômica; não valorização técnica; não valorização religiosa, mas a valorização natural do homem, para que ele possa, descobrindo as suas potencialidades, realizar-se e ser feliz”. Francisco Feitosa é escritor e acadêmico. Exerce o cargo de Grande Bibliotecário do Supremo Conselho do Grau 33 do REAA da Maçonaria para a República Federativa do Brasil, desde 2011. Editor Responsável das Revistas Maçônicas Astréa News, Arte Real e Amem-Notícias.
Cadeira
Membros
10
Carlos André Pereira Nunes
carlosandre@carlosandre.com.br
24
Isaias Costa Dias
isaiascdmc@hotmail.com
11
Aníbal Silva
arcell@bol.com.br
25
Paranahyba Santana
paranasan@gmail.com
12
Alexandre A. Giffoni Júnior
agiffoni@outlook.com
26
Aírton Batista de Andrade
airtonbandrade@gmail.com
13
Getúlio Targino Lima
gv@hotmail.com
27
Hélio Moreira
drhmoreira@gmail.com
14
Sebastião de O. Castro Filho
castrofilho.o@gmail.com
28
Heitor Rosa
heitorrosas@gmail.com quintinobocaiuva@hotmail.com
01
Lícínio Leal Barbosa
liciniobarbosa@uol.com.br
15
Jefferson Soares de Carvalho
Jcarv57@yhroo.com.br
29
Joás de Franca Barros
02
Anderson Lima Silveira
Professoranderson.pucgo@gmail.com
16
João Batista Fagundes
fagundesadv@hotmail.com
30
Mucio Bonifácio Guimaraes
03
Aidenor Aires Pereira
literjur@terra.com.br
17
Paulo Roberto Marra
marra.paulo@gmail.com
31
Aparecido José dos Santos
ajsaparecido09 @homail.com
04
Breno Boss Cachapuz Caiado
brenocaiado@hotmail.com
18
Absai Gomes Brito
brito.absai@gmail.com
32
Anestor Porfirio Da Silva
silvanaestor001@gmail.com
05
Luís Carlos de Castro Coelho
Luiscoelho.adv20@gmail.com
19
Mauro Marcondes da Costa
mauromarcondes.costa@gmail.com
33
Carlos A. Barros de Castro
barros@polipar.com.br
06
José Mariano Lopes Fonseca
josemarianolopesfonseca@hotmail.com
20
Gesmar José Vieira
gesmarjv@uol.com.br
34
Rogério Safatle Barros
rogeriosafatle@uol.com.br
07
Adolfo Ribeiro Valadares
adolfovaladares@gmail.com
21
Adegmar José Ferreira
adegmarjferreira@uol.com.br
35
Carlos Roberto Neri Matos
carlosrnerim@gmail.com
08
Filadelfo Borges de Lima
filadelfoborgesdelima@gmail.com
22
Joveny S. C. de Oliveira
jaqueline5oficio@gmail.com
37
Hamilton Rios de Araújo
relacoesinteriores@gleg.com.br
09
Luiz Antônio Signates Freitas
signates@gmail.com
23
Genserico Barbo de Siqueira
irtd.anapolis@gmail.com
39
Charles W. de Matos Pinheiro
charleswellingtonpinheiro@yahoo.com.br
JORNAL DA AGML
SETEMBRO / OUTUBRO – 2021
crônica
A VELA
U
Anderson Lima da Silveira |
ma vela queimava lentamente, bem na minha frente. A falta de energia tornou-se comum na minha região. Quando o calor e a estiagem persistem, somos tomados de assalto por fortes pancadas de vento e chuva. Repentinamente as posições se inverteram e era a vela que me observava. Eu sentia os seus olhos e o franzir da sua testa sobre o meu rosto. Um calor aconchegante tomou conta do ambiente e os barulhos do meu entorno tornaram-se quase imperceptíveis. Numa fração de segundos, perguntei-me: Estou ficando louco? O que está acontecendo? Meu corpo respondia a todos os meus comandos e não percebi nada de extraordinário. Mesmo um pouco assustado, decidi continuar a experiência. Uma pergunta se formou na minha cabeça: “Você já imaginou o mundo sem luz?”. Não esperava uma pergunta… muito menos algo tão metafísico!
Cadeira nº 02 Antes que eu pudesse raciocinar e tentar responder, conteúdos em forma de narrativa começaram a se desenhar em minha mente, as ideias se apresentavam prontas, muito vivas, tais como: “O mundo das formas talvez não existisse ou fosse vazio, sem medidas ou ângulos… Os sons e os ritmos não se encontrariam, não demarcariam começo nem fim, nem mesmo significados… As correspondências e diferenças seriam muito pálidas, ou até mesmo não se efetivassem, estabelecendo um sentido desconhecido para a memória… Conheceriámos o passado e o presente? Nossa identidade se constituíria a partir do intangível ou por sensações fugidias… Seríamos capazes de viver a alteridade, alcançaríamos o sentido do outro? Fiquei atônito, precisava respirar. Levantei-me, dei alguns passos, bebi água e molhei a minha nuca no banheiro. Meu interior se revolvia enquanto meus sentidos voltavam aos poucos. Cada palavra que se
reflexão
DESENVOLVIMENTO DA VIDA ESPIRITUAL Licínio Leal Barbosa | Cadeira nº 01 “A Maçonaria está ligada profundamente ao desenvolvimento da vida espiritual do mundo, desde sempre”. E prosseguia, ilustrativo: “Por que eu digo desde sempre?” – indagava. “Porque, --– respondia, a seguir -, desde a mais remota antiguidade, – e há mesmo um calendário maçônico que começa há 4.000 anos/quarenta séculos -, todo o desenvolvimento histórico da humanidade pode, sem nenhuma dúvida, ser devidamente
acompanhado através da evolução se não de uma organização maçônica como a dos séculos modernos, tal como nós a entendemos, mas com o espírito da Maçonaria, que vem, portanto, desde os primórdios da organização humana” (in “Formação Histórica da Maçonaria”, Vol. I, edição da “Academia Brasileira Maçônica de Letras”, Rio-RJ, p.. 209/223. o longevo presidente da Casa de Machado de Assis continuava a discorrer, com a segurança de
artigo
ACADEMIA: TEMPLO DE SABEDORIA Alexandre Avelino Giffoni Júnior | Cadeira nº 12 “... E aqui está quem é maior do que Salomão.” Jesus, Mateus, 12:38-42.
Na tradição maçônica, a sabedoria é representada por Salomão. A construção dos templos maçônicos é um esforço conjunto para se recordarem as lendas da construção do Templo, em Jerusalém. A cadeira do Venerável Mestre é o trono de Salomão e situa-se no Oriente, onde nasce o sol, a luz do conhecimento e da sabedoria. A síntese e o conjunto do conhecimento humano apresentam-se no conteúdo dos ritos, lendas e símbolos da maçonaria, em um belo poema de exaltação à verdade, um cântico que celebra a vida. As relações entre as pessoas devem ser justas e perfeitas. O teto do templo é a abóboda celeste e abraça a humanidade inteira. Nesse cenário, nascem as Academias Maçônicas de Letras, que têm se ampliado para as Artes e Ofícios, os mais diversos. São o produto moderno de um sonho antigo, nascido da iniciativa de Platão nos jardins de Atenas. A Academia é espaço ideal para que as faíscas do conhecimento se façam no entrechoque das espadas, no debate entre mentes privilegiadas, nascido do estudo e da pesquisa cuidadosa de seus membros. A Bíblia relata que “Deus concedeu a Salomão sabedoria e inteligência extraordinárias, e mente aberta como as praias do mar! (I Reis 5:9). O Criador concede a Salomão um “coração sábio e capaz de discernir”
(Idem, 3:12), ou seja: uma mente sábia e inteligente. Esse rei sábio nos ensina que a sabedoria é uma construção pessoal e social. Em Provérbios, 4, o filho aprende com o pai a buscar o conhecimento para tornar-se sábio e obter entendimento, buscar a instrução e amar a sabedoria. A instrução se dá através dos processos educativos de ensino e aprendizagem, processos históricos e culturais. Modernamente, a Academia passa a ser o espaço de produção de conhecimento novo, de desenvolvimento científico e tecnológico, de desenvolvimento das Artes e da Filosofia: as universidades e as escolas são as academias para o desenvolvimento humano. No entanto, a experiência humana tem demonstrado que esse conhecimento não basta. O ser humano descobriu que o desenvolvimento da personalidade não é apenas cognitivo, mas também afetivo, emocional. Mais ainda: os cientistas descobrem que a emoção precede e deflagra os processos cognitivos. A inteligência pode moldar o aço frio das baionetas e as ogivas das bombas assassinas. Mas a sabedoria que nasce do coração, pode construir as escolas e nelas ensinar o amor. O cálculo enregelado que divisa o lucro na venda de vacinas e dos cuidados da saúde, não conseguirá diminuir o brilho das almas abnegadas de cientistas que desenvolvem o conhecimento da vida e beneficiam as populações do planeta.
25 apresentou a mim fazia sentido, embora eu soubesse que minha capacidade de elaborar alguma resposta ou contraponto fosse mínima. Sentei-me novamente, no mesmo lugar. Olhei para a vela e o processo se reiniciou, agora muito suave e quase sussurado… “Meu amigo, sei que você me vê e escuta, sou muito simples, comum, quase insignificante, mas carrego um grande mistério, quem sabe a maior de todas as verdades, sou uma das portadoras da luz. Realmente não sou nada, o que importa é o que eu carrego. No plano em que vocês se encontram, existência e luz são praticamente a mesma coisa… Achei por bem fazer essa visita, aliás, estamos sempre visitando vocês, na verdade, estamos dentro de cada um de vocês… Lembre-se desse nosso encontro, fale dele para outras pessoas, sem medo… Os efeitos serão surpreendentes e transformadores. Nunca foi tão importante, como agora, dar esse salto, virar essa chave… Foi bom estar com você, prossiga seu caminho”. Fiquei ainda um bom tempo sentado onde estava. Imaginei ter ficado ali, naquela situação, por um longo período. Olhei no relógio e percebi que haviam passados apenas 20 minutos… Ainda não consigo explicar o que aconteceu, sei que muita coisa mudou dentro de mim e que me sinto ansioso para viver novamente uma experiência semelhante.
um maçonólogo, sobre as diversas fases da Maçonaria, remontando ao período inorgânico que, em Israel, se identifica com o primeiro templo de Salomão, em cuja construção se destacam as figuras míticas de HIRAM e ADONHIRAN; passando pela Idade Média, quando surge o termo Maçom (pedreiro, em Francês), nas corporações de artes e ofícios, preconícios dos sindicatos que surgiriam, embrionariamente, em fins do século XIX, e se consolidariam, ganhando inclusive forte expressão política, na segunda metade do século XX. Situa, após, ATHAYDE, a sublime Instituição, no Reino Unido, onde os pedreiros livres se arregimentaram em Lojas e se institucionalizaram na Grande Loja da Inglaterra, sob os preceitos da Constituição de Anderson de 1717, e dos inalteráveis Landmarks. (Excerto de texto adaptado, 2021)
A humanidade conseguiu alcançar o discernimento do que é bom para a se alcançar a felicidade. O amor e a caridade já podem ser estudados nos laboratórios e prescritos como processos terapêuticos, além do bem social que proporcionam. Pessoas e nações já podem praticar essa sabedoria. A boa nova de Jesus penetra as academias como um novo alento para a sobrevivência humana. De forma concreta e não dogmática: uma espécie de raciocínio e lógica que promovem uma fé sólida e inquestionável. Assim, o ser humano começa a moldar uma nova fase para o planeta Terra. As novas gerações têm demonstrado isso. Que as nossas Academias se tornem, cada vez mais, templos da sabedoria: a inteligência com amor.
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MAÇONARIA E SUSTENTABILIDADE – III José Eduardo Miranda | Colaborador O acontecimento marcante para a sistematização do desenvolvimento sustentável ocorreu em 1983, quando a ONU indicou a então primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, para coordenar a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, encarregada pelo aprofundamento de propostas mundiais na área ambiental. Quatro anos depois, em 1987, a comissão apresentou o Relatório Brundtland, conhecido no Brasil como Nosso Futuro Comum. O documento, inovador para as políticas públicas em matéria ambiental, apontou, de maneira contumaz, à incompatibilidade entre os padrões de produção e consumo, deixando em evidência a necessidade de estabelecimento de uma nova relação “ser humano-meio ambiente”. Ao contrário de defender a estagnação do crescimento econômico, o Relatório orientou sua conciliação com as questões ambientais e sociais. (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1991, p. 46) Foi a partir do trabalho liderado por Gro Harlem Brundtland, que se passou a difundir a noção de desenvolvimento sustentável, como a prática indispensável à combinação entre o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental, e ambos, com o fim da pobreza do mundo. Posteriormente, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a ECO-92, realizada em 1992, na cidade do Rio de Janeiro, assinou-se a Agenda 21, que transformou o conceito de desenvolvimento sustentável num princípio de conscientização da população sobre os problemas de degradação ambiental, constatação da fragilidade das minorias e preocupação pelas classes menos favorecidas. Verifica-se, neste contexto, que um exercício de empatia é fundamental tanto para a defesa do meio ambiente natural, como à transformação socioeconômica,
pois é justamente pela efetivação no reconhecimento de um, sobre a situação-condição do outro, que a população passa a compreender a diversidade, convivendo melhor com aquilo que não lhe é similar. Mais recentemente, em 2015, sob o lema de ‘não deixar ninguém para trás’, os 193 países membros das Nações Unidas firmaram a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, instituída com o propósito de elevar o desenvolvimento do mundo e melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas. Para alicerçar este escopo, a ONU, pautada nos 5Ps da sustentabilidade, Pessoas, Prosperidade, Paz, Parcerias, e Planeta, delineou os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), utilizando-os como um “apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade”. (ONU, 2015) Procurando aproximar a sociedade das preocupações socioambientais, a ONU simplificou a descrição dos 17 ODS definidos pela Agenda 2030, os quais constam enumerados da seguinte forma (ONU, 2015): 1. Erradicação da pobreza; 2. Fome zero e agricultura sustentável; 3. Saúde e bem-estar; 4. Educação de qualidade; 5. Igualdade de gênero; 6. Água potável e saneamento; 7. Energia limpa e acessível; 8. Trabalho descente e crescimento econômico; 9. Indústria, inovação e infraestrutura; 10. Redução das desigualdades; 11. Cidades e comunidades sustentáveis; 12. Consumo e produção responsáveis; 13. Ação contra mudança global do clima; 14. Vida na água; 15. Vida terrestre; 16. Paz, justiça e instituições eficazes; 17. Parcerias e meios de implementação Muito embora cada um deles possa ser examinado com independência e autonomia, todos os ODS estão interligados, de maneira que a ausência de um interfere na efetividade do outro. Por isto, a ONU recomen-
crônica DIÁRIO TARDIO 4: NOS DIAS DA PANDEMIA Aidenor Aires | Cadeira nº 03 Entre as muitas pestes que puseram à prova a capacidade de resistência e adaptação do ser humano a amais glamorosa é a Covide. Não chegou em veleiros orientais nem em caravanas da Rota da Seda. Nem mesmo das trincheiras das escaramuças da guerra. Exigente, preferiu as caravanas aéreas, os transatlânticos e os ressortes. Não que deixasse de lado os peregrinos, os pedestres nas ruas. Não se esqueceu dos asilos, onde demoram os restolhos da produção e do mercado, a que chamamos velhos, também ditos, da “melhor idade”. O qualificativo só serve a quem não chegou lá. Ninguém se gaba de haver perdido um corpo atlético, o entusiasmo, a crença no futuro, a permanente libido que as forças permitem realização. Ninguém está satisfeito, a menos que estoico, ou com ingresso garantido para entrar em um dos céus que se criou para distrair a morte. Além dos senhores e senhorinhas com um pé no porto chamado silêncio, há aqueles que carregam enfermidades modernas, tornados longevos para sustentar as novos especialidades médicas e os laboratórios farmacêuticos. Tome fisioterapia, cirurgias, remendos plásticos, implantes, pontes, transplantes. Há muitos meios de adiar a morte, mesmo que o corpo e a alma roguem por devolver sua carcaça de sonho e carbono endereço o organomineral. O semimorto é um produto precioso e tem uma sobreduração muito lucrativa. Morrer não é coisa de moda. Essa gente é a preferida da Covide. Além de ser uma pandemia bem distribuída, a Covide desfruta de um mundo rico de conexões. Está nas ruas, nas conversas dos botequins virtuais, nas reuniões on-line, nas “lives”, nas festas do fausto dos endinheirados, protegidos por testes eficientes, refúgios paradisíacos, ver-
mífugos bovinos, fármacos improváveis, benzeduras, peregrinações, simpatias e mezinhas avoengas. Nisto a pandemia se iguala a suas predecessoras. Entretanto, esta nova edição da peste conta com uma face bem diferente: o isolamento. Pode-se evitar o contato do semelhante, manter distância e, mesmo assim, continuar vendo e conversando pelos recursos tecnológicos em vigor. Para uns é um sossego estar longe de tantos chatos e inconvenientes que assolam o dia a dia. Mas isso é mais ou menos inútil, porque é difícil se livrar dos chatos irrecuperáveis, obra-regras que povoam as redes sociais. Todos têm um conselho, uma advertência, uma prescrição. Não se pode descuidar dos procuradores de Cristo, dos políticos, todos propagandistas de credos que nunca ajudaram o homem a ser melhor. Incômodo a mais não poder são os que censuram os costumes, as pequenas desobediências, as irreverências e risíveis ou postagens chulas. Seria de muito pessimismo, que não fica muito bem a este escriba, sempre amoroso da fé das névoas confortáveis das utopias. Supondo que o leitor chegou até aqui neste texto e se encoraja a ir adiante, há coisas boas de se considerar. O fato de que mesmo altivos, orgulhosos e destemidos, somos criaturas muito frágeis. Mesmo disfarçados, temos medo. Não acreditamos nas promissórias que pagamos aos deuses e seus epígonos para as paragens ajardinadas, onde correm rios de leite com ribanceiras de cuscuz. Esta expressão aprendi com meus parentes no sertão, todos já tornados ao sagrado leito da greda irremediável. Só se levantam em retratos nas paredes e na lembrança dos que ainda estão vivos. Não podemos exigir que os companheiros de jornada sejam todos castos, todos crentes, hígidos e felizes. A dor é
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Da fenomenologia do justo e perfeito à contribuição do maçom para o alcance dos objetivos de desenvolvimento sustentável definidos pela ONU dou 169 metas subordinadas à uma ação conjunta, que prescinde diferentes níveis de governo, organizações, entidades econômicas, e a sociedade, como um único elemento que tem alcance internacional, nacional, regional e local. Não obstante todas as inciativas político-internacionais que dilatam a concepção do desenvolvimento sustentável, o emprego inadequado do termo sustentabilidade ainda é corrente no Brasil. Por lamento, não são raras as situações que a expressão protagoniza o roteiro de intervenção de todos aqueles que flamulam bandeiras unicamente na defesa do meio ambiente natural, derrogando a importância das pessoas no processo de sustentação social e econômica. Consequentemente, articula-se o desenvolvimento sustentável como fruto de uma ‘agir corriqueiro’, intrínseco ao que provoca, ou poderia provocar, afetação à natureza. Preleciona-se, destarte, que a sustentabilidade interrelacionada exclusivamente à consignação de políticas públicas e ações administrativas, e jurídicas, de fiscalização e sancionamento pelo inadequado uso dos recursos naturais, desvela a essência em si mesma da insustentabilidade, pois o ambiental não pode ser seccionado do econômico, e estes, do social e do cultural. “A boa qualidade do amanhã, mais do que nunca, está condicionada a interação do humano com os fatores preponderantes ao desenvolvimento. Urge, assim, que o homem se posicione diante dos diferentes prodígios que se operam no contexto em que se encontre inserido, e, na medida em que projeta a majoração de sua condição de vida, estabeleça uma forma de agir própria ao estabelecimento de uma postura ecologicamente correta, economicamente viável, socialmente justa e culturalmente aceita”. (MIRANDA e CORRÊA LIMA, 2008, p.168) (continua na próxima edição)
bagagem que impede o voo, que nos ancora à terra. Vejo como impiedade as censuras, as recomendações daqueles que deitam aulas e sabenças. E nesse rol incluo os donos de alguma autoridade, os que pensam levar o rebanho das pessoas para melhor aprisco. Esconjuro os artistas irônicos, cômicos que zombam da peste, dos mal ajambrados hospitais de campanha e das compras superfaturadas. As pestes sempre foram usadas pelos espertinhos. Não acho que seja tempo do riso, das ironias ferinas, seja em textos bem tecidos, em letras maquiadas, ou em pilhérias. O sofrimento não concede recreio. Afinal, ninguém pode ser juiz de causa tão dolorosa. Felizes os que não tiveram um parente, um aderente asfixiando-se em um casebre, galopando numa ambulância num mefítico corredor de emergência, ou desenganado com respiração emprestada, sem o olhar do filho, da mãe ou ser amado, até a última força que dá o alívio de morrer. Nem as exéquias dos féretros desacompanhados, despejados em valas inominadas. Olho, daqui da minha condição de grupo de risco, embora ninguém esteja a salvo, compreensão e piedade dos que ignoram essas comezinhas sofrências da carne. Nunca anjos e demônios. Anjos também se despetalam, perdem asas e caem; os demônios padecem de eterna sede de paraíso onde já gozou das regalias de anjo. Mesmo que eu não esteja no depois da peste e falte muitos companheiros que me precederam na irrenunciável viajem. Tenho boa projeção. A maioria dos que ora vivem, dão entrevistas, fazem lives (laives) e sorriem da praga distante estarão lá, no “aquele” depois. Alguns olharão para o tempo passado, computarão os mortos. Outros, reunirão seus lutos, esperarão o porvir etéreo, convictos de haver aprendido a lição dolorosa. E talvez nos últimos dias, quando a peste for perdendo seu vigor e esmaecendo, pensarão que de alguma coisa serviu. Uma lição, um projeto de casa, um pequeno sítio com uma tênue nascente. Fazer um filho, abraçar o outro amado e fazer planos. É certo que as pestes não chegam todos os dias. E passados os dias do horror, os que vão viver, sempre encontrarão motivos para sonhar e seguir adiante.
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CADEIRA Nº 1
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CADEIRA Nº 5
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CADEIRA Nº 6
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CADEIRA Nº 7
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CADEIRA Nº 8
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CADEIRA Nº 9
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Licínio Leal Barbosa
Anderson Lima Silveira
Aidenor Aires Pereira
Breno Boss Cachapuz Caiado
Luís Carlos de Castro Coelho
José Mariano Lopes Fonseca
Adolfo Ribeiro Valadares
Filadelfo Borges de Lima
Luiz Antônio Signates Freit″as
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CADEIRA Nº 13
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Carlos André Pereira Nunes
Getúlio Targino Lima
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CADEIRA Nº 25
Paranahyba Santana
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Airton Batista de Andrade
CADEIRA Nº 14
Castro Filho
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CADEIRA Nº 27
Hélio Moreira
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CADEIRA Nº 15
1
Jefferson Soares de Carvalho
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CADEIRA Nº 28
Heitor Rosa
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CADEIRA Nº 16
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CADEIRA Nº 18
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João Batista Fagundes
Absaí Gomes Brito
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CADEIRA Nº 29
1
Joás de Franca Barros
CADEIRA Nº 30
1
Múcio Bonifácio Guimarães
CADEIRA Nº 19
1
Mauro Marcondes da Costa
CADEIRA Nº 21
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CADEIRA Nº 31
1
Aparecido José dos Santos
1
Adegmar José Ferreira
CADEIRA Nº 23
1
Genserico Barbo de Siqueira
R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS
I N M E MOR IA M
João Asmar
CADEIRA Nº 24
1
Carlos Augusto F. Viveiros
[ Publicações In memoriam ]
galeria poética / uma história de amor
A ROSA DA PRENDA Airton Batista de Andrade | Cadeira nº 26
Nessa manhã e bem cedinho Levantei muito animado Fui buscar no escaninho Um papel lá guardado
Lembrei da Festa de Julho Tradicional em Bela Vista Torrão que me dá orgulho Local da primeira conquista
O tabuleiro com a rosa O festeiro mandou entregar Na mesa e a toda prosa Passamos a saborear
Queria uma inspiração Para escrever um poema Que tocasse o coração Da minha paixão morena
O salão, a igreja e a novena E após a missa o leilão Arrematar prenda grande ou pequena Conforme situação
Enquanto isso, a rosa Comecei despetalar Perdi a voz nessa prosa E concentrei meu olhar
Esse foi um desafio Que coloquei para mim Vou enfrentar esse frio E escrever lá no jardim
O salão todo enfeitado E já encerrada a novena Eu todo entusiasmado Tendo ao lado a morena
Numa pétala estava escrito Com agulha o nosso nome Eis que nesse instante bendito Nasceu um amor que jamais some!
A rosa da prenda é ela Tão maravilhosa e pura Minha morena é tão bela E eu... uma feliz criatura
E agora, o que faço? Buscar a inspiração! Cada palavra que caço Vai tocar no coração?
Ela colocou uma prenda Por mim já arrematada! Um tabuleiro com renda E uma rosa vermelha perfumada
Nosso amor é tão intenso Brilha como um tesouro Perfuma como incenso Ele é o nosso ancoradouro
Essa é uma história de vida Escrita em forma de poema Dedicada à minha querida Rosa da prenda, à morena!
JORNAL DA AGML
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GALERIA | AGML EM PLENA EFEVERSCÊNCIA.. PARABÉNS!
registro ABIN
confraria celestial Mas – o que é um pormenor de ausência. Faz diferença? “Choras os que não devias chorar. O homem desperto nem pelos mortos nem pelos vivos se enluta" – KRISHNA instrui Arjuna, no Bhágavad Gita. A gente morre é para provar que viveu. Só o epitáfio é fórmula lapidar. (...) Alegremo-nos, suspensas ingentes lâmpadas. E: “Sobe a luz sobre o justo e dá-se ao teso coração alegria!” – desfere então o salmo. As pessoas não morrem, ficam encantadas. GUIMARÃES ROSA