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Carrapatos - Quando eles representam perigo?

CARRAPATOS:

Quando eles representam perigo?

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Os carrapatos possuem quatro fases de desenvolvimento (OVO – LARVA – NINFA - ADULTO) e a reprodução geralmente ocorre quando as fêmeas que estão no corpo do hospedeiro vão para o solo e depositam seus ovos. A quantidade de ovos varia conforme a espécie. Dependendo da temperatura e umidade, as larvas eclodem entre duas semanas a alguns meses. No primeiro estágio, as ninfas possuem três pares de pernas. Essas ninfas procuram um hospedeiro para a primeira refeição e em seguida retornam ao chão e fazem a primeira ecdise, quando eclodem com quatro pares de pernas e procuram o segundo hospedeiro. Larvas de espécies que utilizam apenas um hospedeiro geralmente continuam aderidas indo ao solo apenas para postura. Por terem baixa mobilidade, os carrapatos geralmente sobem em grama alta, troncos de árvores ou mesmo construções para acessar o hospedeiro. Adultos precisam estar bem alimentados antes de conseguirem reproduzir.

Amblyomma sp.

É um carrapato trioxeno, ou seja, necessita de três hospedeiros para completar seu ciclo de vida. Apresenta apenas uma geração anual, pois as larvas apresentam um comportamento denominado de diapausa comportamental. Nesse período de diapausa, as larvas permanecem inativas até que fatores climáticos, particularmente o fotoperíodo, deem condições favoráveis para essas larvas saírem da diapausa e começarem a busca por hospedeiros. As fases imaturas desse carrapato ocorrem nos períodos de outono e inverno, e nos adultos ocorrem com maior frequência nos meses mais quentes do ano.

Ciclo biológico de Amblyomma sculptum. Fonte: Museu do Carrapato, Embrapa Gado de Corte

Algumas espécies de carrapatos são vetores de doenças como a febre maculosa, doença de Lyme, babesiose, tifo, entre outras. Essas doenças podem ter sérias complicações caso não sejam identificadas precocemente, levando ao resultado morte.

1. Febre maculosa

A febre maculosa é popularmente conhecida como doença do carrapato e corresponde a uma infecção transmitida pelo carrapato-estrela infectado pela bactéria Rickettsia rickettsii.

A transmissão acontece quando o carrapato se fixa no hospedeiro, transferindo a bactéria diretamente para a corrente sanguínea. No entanto, para que haja de fato a transmissão da doença, o carrapato precisa ficar de seis a 10 horas em contato. Principais sintomas: aparecimento de manchas vermelhas que não coçam nos punhos e tornozelos, febre acima de 39 graus, calafrios, dor abdominal, dor de cabeça intensa e dor muscular constante. 2. Doença de Lyme

A doença de Lyme afeta a América do Norte, especialmente os Estados Unidos da América e a Europa. Ela é transmitida pelo carrapato do gênero Ixodes, que pode transmitir a bactéria Borrelia burgdorferi para as pessoas. Principais sintomas: inchaço e vermelhidão local, dor de cabeça, dor muscular e nas articulações, febre, calafrios e rigidez na nuca. 3. Doença de Powassan

A doença de Powassan é uma doença rara que também pode ser transmitida pelo carrapato do gênero Ixodes. Principais sintomas: o vírus na corrente sanguínea pode ser assintomático ou causar sintomas leves como febre, dor de cabeça, vômitos e fraqueza. No entanto, esse vírus é mais conhecido por ser neuroinvasivo, resultando no aparecimento de sinais e sintomas graves, como a inflamação e inchaço do cérebro, conhecida como encefalite, ou inflamação do tecido que envolve o cérebro e a medula, recebendo o nome de meningite. Além disso, a presença desse vírus no sistema nervoso pode causar perda de coordenação, confusão mental, problemas para falar e perda da memória. 4. Babesiose

A babesiose é uma doença infecciosa transmitida através da mordida do carrapato infectado pela bactéria do gênero Babesia spp. Principais sintomas: a maioria dos casos são assintomáticos ou sintomáticos leves, de forma que muitas vezes a pessoa não sabe que esteve infectada. Nos casos em que existem sintomas, podem surgir até quatro semanas após o contato com o carrapato e a bactéria, havendo febre, dor de cabeça, calafrios, suor frio, dor muscular, cansaço excessivo e fraqueza. Em pessoas com o sistema imunológico debilitado, os sintomas podem ser mais graves, podendo ser notados aumento do fígado e do baço e anemia hemolítica. 5. Erliquiose

A erliquiose, também chamada de erliquiose humana monocítica, é causada pela bactéria Ehrlichia chaffeensis, que afeta diretamente as células sanguíneas, principalmente os monócitos e os macrófagos, interferindo no funcionamento do sistema imunológico. Principais sintomas: os sintomas de erliquiose podem surgir até 12 dias após a mordida do carrapato, resultando em febre, dor de cabeça, calafrios, dor muscular, cansaço excessivo, náuseas, vômitos e mal-estar geral. 6. Tularemia

Apesar de ser pouco frequente, a tularemia também pode ser transmitida pela mordida do carrapato infectado pela bactéria Francisella tularensis. Principais sintomas: os sintomas costumam aparecer de três a 14 dias após a mordida do carrapato, sendo notados a presença de uma pequena ferida na pele que demora para cicatrizar, febre alta, calafrios, dor no peito, dor de garganta e mal-estar geral. Manejo ambiental

O calor acelera todas as fases de vida livre do parasita. Durante o inverno, o deslocamento da fêmea é maior para a procura de locais apropriados para a oviposição. A umidade relativa do ar abaixo de 70% prejudica especialmente o período de embriogênese. As larvas possuem o corpo frágil e translucido após a eclosão, precisando de exposição ao ar para que após quatro a seis dias subam na vegetação atraídas pela luz em busca de seus hospedeiros. Embora busquem a luz, evitam a luz solar direta, preferindo ficar no lado abrigado das folhas.

Algumas técnicas permitem a coleta de carrapatos, como as armadilhas de CO2, arrasto

de flanela e visualização no ambiente. As armadilhas de CO2 consistem em um tecido branco com gelo seco. Ao sublimar o gelo, há a emissão de CO2 de forma constante, atraindo assim os carrapatos que estiverem por perto. A técnica de arrasto é feita com o auxílio de um pano branco (flanela) de aproximadamente um metro de largura por dois metros de comprimento. Esse pano é arrastado no solo sobre a vegetação, e na passagem, os carrapatos ficam presos ao tecido sendo posteriormente coletados. A visualização no ambiente consiste em andar por trilhas com especial atenção às pontas das folhas de plantas de pequeno porte e capim onde os carrapatos ficam à espreita de um hospedeiro.

Com base nesse conhecimento, fica fácil determinar protocolos para o controle da população de carrapatos. O primeiro passo em todos os serviços é verificar minuciosamente cada canto. Para isso podem ser utilizadas as técnicas de coleta mencionadas acima. Em seguida, é necessário limpar adequadamente todo o ambiente (construções) e eliminar as condições e estruturas que facilitem a proliferação. Vedar adequadamente trincas nas paredes, fendas e todas as frestas onde eles possam se abrigar, além de lavar todos os itens de decoração, como tapetes, forros de móveis, almofadas, casinha de cachorros etc.

Animais domésticos devem ser encaminhados para tratamento médico veterinário visando eliminar os carrapatos. É preciso ainda procurar por eventuais doenças que possam ter sido transmitidas. Em paralelo, devem ser aplicados produtos químicos específicos para o manejo de carrapatos nos locais onde forem encontrados, seguindo as indicações de rótulo do fabricante. Evite o excesso de pesticidas e lembre-se de garantir um intervalo de segurança entre o serviço e o retorno de pessoas e animais.

Heloísa Kuabara

Bióloga. Especialista em Entomologia Urbana

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