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abolsamia 131 (mai/jun 2022)
X POWER XPS
MÁQUINA PARA CONTROLO ELÉTRICO DE INFESTANTES EM VINHAS E POMARES CHEGA A PORTUGAL PELA MÃO DA CNH PORTUGAL
Numa série de eventos realizados de Norte a Sul do país, a CNH Portugal colocou em demonstração um dos seus mais recentes equipamentos: a máquina de monda elétrica X Power XPS. Acompanhámos os trabalhos levados a cabo pelo concessionário Fialho, Correia e Lampreia, em Serpa, num olival em modo de produção biológico.
A investigação na área das tecnologias alternativas à monda química e mecânica tem vindo a sofrer grandes desenvolvimentos nos últimos anos. O controlo de infestantes através da eletricidade é a proposta que a CNH apresentou no mês de março em Portugal. A máquina X Power XPS foi desenvolvida pela alemã Zasso, empresa adquirida pelo Grupo CNH em 2020, e é o modelo proposto para trabalho em vinhas e pomares largos. Ao todo, existem mais dois modelos, para vinhas estreitas e serviços municipais.
Veja o vídeo aqui: https://www.youtube.com/channel/UCRKB6wfD6QlZmZ_ZhtLJU6Q
Como funciona?
A eletricidade de alta voltagem é fornecida à máquina por um gerador. A corrente elétrica passa através do aplicador para as plantas e depois para o solo. O circuito elétrico é fechado através de um segundo aplicador que toca noutras plantas ou no solo. A energia faz com que as plantas murchem por dentro, até às suas raízes.
Plantas com alto teor de água e com poucos caules e raízes comparativamente com a sua massa foliar requerem pouquíssima energia e são fáceis de tratar. As gramíneas, muito densas e lenhosas, ou plantas muito grandes exigem uma elevada carga de energia e aplicadores especiais. Nestes casos, métodos combinados como por exemplo, o corte, conseguem melhores resultados. As plantas com rizomas ficarão severamente enfraquecidas e irão necessitar de mais do que um tratamento.
O XPS é composto por uma unidade traseira e um conjunto de dois aplicadores laterais
XPS Q&A
Qual é o impacto na vida do solo?
Os primeiros testes preliminares foram conduzidos pela Zasso, em 2019. Em comparação com a área de controlo não tratada, os efeitos da aplicação do Xpower foram significativamente inferiores aos de um tratamento mecânico. Os testes realizados mostraram que, em condições realistas de dosagem e tratamento, não é possível encontrar efeitos duradouros significativos na microfauna, mesofauna e microrganismos.
Qual é o impacto na integridade das cepas da videira?
Durante a aplicação, os testes com o Instituto Francês do Vinho (IFV) confirmaram que a cepa da videira não é afetada porque está protegida pela sua casca de madeira.
É seguro para o operador?
A área de transformação de alta tensão, bem como as ligações de cabos e as três filas de elétrodos estão totalmente isoladas do resto do equipamento XPS: todas as peças são fixadas numa estrutura de base isolante feita de plástico reforçado com vidro, eliminando os riscos para o utilizador. O XPS está em total conformidade com as normas europeias de segurança em vigor.
ESPECIFICAÇÕES
- Disponível em versão dianteira ou traseira
- 8000 Volts
- Até 4 km/h de velocidade de trabalho
- 24 ou 36 kW com a opção Power Boost
- 1,52 - 4,85 m de largura de trabalho, dependendo da configuração
VANTAGENS?
EM COMPARAÇÃO COM A MONDA QUÍMICA:
• Ação rápida e duradoura: livre de resíduos e pode ser aplicada na maioria das condições meteorológicas.
• Não perde a sua eficácia em caso de chuva após a aplicação.
• O operador do XPS não é exposto a substâncias tóxicas.
• Nem o solo, nem a água, nem os insetos são afetados durante a aplicação.
• As aplicações XPower não estão sujeitas a restrições legais e podem ser aplicadas em todas as áreas como, por exemplo, ao longo de cursos de água.
• O XPower é uma ferramenta adicional útil para a isenção parcial ou total de herbicidas na produção de vinho ou de alimentos.
EM COMPARAÇÃO COM A MONDA NÃO-QUÍMICA:
• Ação sistémica até às raízes: outros métodos não químicos não são, em geral, sistémicos, provocando um novo crescimento.
• Sem impacto no solo: previne os riscos de erosão e não estimula o crescimento de infestantes.
• Integridade do solo: a energia segue diretamente para as raízes e não aquece o solo circundante nem o ambiente.
• Dinâmica otimizada: boa cobertura entre as videiras graças a um aplicador que articula em três pontos de rotação.
Testado por entidades independentes
O XPS foi testado em 2020 pelo Instituto Francês da Vinha (IFV) e também pelo DLR na Alemanha, com dois objetivos:
- Avaliar a eficácia da remoção elétrica de acordo com diferentes parâmetros como, por exemplo, a densidade de infestante e a sensibilidade de uma única espécie de infestante em velocidades de trabalho diferentes.
- Para analisar o impacto mecânico induzido pela utilização do braço aplicador no tronco, e da eletricidade na raiz da videira e a nível vegetativo.
Conclusão
Trabalhos em Serpa
O Olival da Risca, situado em Serpa, e propriedade de uma família suíça, foi um dos primeiros clientes a encomendar um X Power XPS, em Portugal. Também por isso, foi lá que decorreu a demonstração levada a cabo pelo concessionário Fialho, Correia e Lampreia.
Todos os 220 hectares da empresa que gere o Olival se encontram em modo de produção biológico e, por isso, toda a monda foi feita até agora por meios mecânicos. A verdade é que não só as perdas de árvores jovens, relacionadas com o afinamento dos intercepas e com a destreza dos operadores, como também a persistência do escalracho, que teima em manter-se monda após monda, e o impacto na vida do solo levaram os responsáveis a pensarem em novas soluções.
Alfred Zhender, de 40 anos e um dos proprietários e responsável pela gestão executiva, estava “há já alguns anos” em contacto com a Zasso, que na altura ainda não tinha o produto finalizado. A aquisição da fabricante alemã pelo Grupo CNH facilitou o crescimento e também o avanço final para que a máquina chegasse, finalmente, a Serpa. “Não a utilizaremos em todos os hectares, pelo menos para já. Queremos que trabalhe sobretudo no olival jovem, para minimizar perdas, e nas zonas mais afetadas pelo escalracho, que esperamos que vá enfraquecendo com as aplicações sucessivas.
A velocidade de trabalho, até 4 km/h, é o principal motivo para que não esteja planeada a utilização da máquina na totalidade dos hectares do Olival da Risca, ainda que os resultados do estudo no reduzido impacto na vida do solo quando em comparação com os métodos mecânicos possam vir a alterar os planos iniciais.
TEXTO: SEBASTIÃO MARQUES