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EDITORIAL

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Será que alguma feira voltará a ser igual?

Editorial Colaborativo: Sebastião Marques, Catarina Gusmão e Rui Reis

Começámos o ano com a visita e reportagem na FIMA, Saragoça. Não há por onde fugir… o desabafo mais ouvido nos corredores da feira de Saragoça durante o primeiro dia foi: “isto sem tratores…” E é verdade que foi estranho. Mais ainda porque a notícia do cancelamento do SIMA, Salão de Paris, ainda estava fresca. No entanto, o público foi aumentando de dia para dia e o entusiasmo geral também. Se foi a mesma coisa? Não, mas será que alguma feira voltará a ser igual? Também não nos parece. E a FIMA terá de fazer a sua autorreflexão: continuar igual? Mudar para Madrid? Apostar na especialização? Os dois anteriores? Ao dia de hoje ninguém terá uma varinha mágica, mas os sinais de necessidade de mudança estiveram lá para quem os tenha querido ver.

Por falar em eventos inovadores, voltámos a marcar presença na World FIRA, feira de robôs agrícolas realizada em Toulouse. Ainda que de pequena dimensão – contou com 2500 visitantes – há alguns indicadores muito positivos: o tema é inovador e relevante para a agricultura europeia e mundial e está em crescimento assinalável – em 2020 existiam 216 robôs no mercado e estima-se que sejam 2500 em 2030; o público: além de vir aumentando consistentemente, atrai a atenção de todo o tipo de empresas e profissionais altamente qualificados e de todas as fases da cadeia; o envolvimento academia-empresas-organizações estatais na conceção e realização; a organização: antes da feira existe muita facilidade em organizar encontros e reuniões com qualquer pessoa/ empresa que esteja presente, a duração da feira (três dias), o mix de oferta prático/ teórico/oportunidades de networking; Além disso, voltou a contar com uma presença portuguesa bastante significativa. Desde o voo de partida de Lisboa, até à espera no aeroporto de Toulouse, os encontros com

portugueses a visitar a feira foram constantes. Ao nível de expositores, depois de no ano anterior o INESCTEC se ter destacado com um stand, este ano, também a Herculano, a Joper Tomix, e o SFCOLAB optaram por ter o seu espaço.

Por cá, temos a FNA em junho (a Agroglobal será em 2025) e um sem número de feiras agrícolas nacionais e regionais bem como os encontros das Gincanas, Passeios de Tratores, concursos como o Tractor Power Race, etc, que vão juntando os grandes apreciadores do setor. Ainda este mês de março realiza-se a Agro (Braga) –de 21 a 24 de março, a Ovibeja – de 30 de abril a 5 de maio, e a Expoflorestal (bienal) no final de maio – de 24 a 26. Nas edições de maio e julho daremos conta destes importantes eventos para o nosso setor.

Aproveitámos ainda o início deste ano para analisar a performance do mercado de equipamentos agrícolas em Portugal durante o ano 2023, contando com a opinião de oito especialistas da área dos tratores e dois da área dos reboques agrícolas.

A fechar, desde o início do ano, o Velho Continente tem sido palco de intensos protestos por parte de agricultores que clamam por melhores condições de trabalho, políticas agrícolas mais favoráveis e a continuação de apoios que as grandes potências agrícolas europeias ameaçaram retirar. Apesar de o epicentro dos protestos estar localizado no eixo França, Bélgica, Alemanha, Itália e Espanha, a verdade é que Portugal, também não escapou à onda de descontentamento que varre o setor. Em Portugal, os agricultores têm expressado preocupações semelhantes. A Europa parece encaminhar-se para uma “economia de guerra” que, por definição, tem consequências na política agrícola. Com eleições europeias e nacionais à porta, veremos como se altera o cenário nos próximos tempos.

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