15 10 15 em escola do pantanal de ms, alunos só voltam para casa no fim de semana

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15/10/2015 16h40 - Atualizado em 15/10/2015 16h40

Em escola do Pantanal de MS, alunos só voltam para casa no fim de semana Escola tem 55 alunos, mas capacidade para 60. Cidade mais próxima fica há três horas de barco. Do G1 MS com informações da TV Morena

Do G1 MS com informações da TV Morena

Alunos vão para escola e voltam para casa apenas no fim de semana (Foto: Reprodução/TV Morena) FACEBOOK

No Pantanal sul-mato-grossense cerca de 50 crianças aprendem de um jeito diferente. Como muitos dos pequenos pantaneiros moram em locais isolados, às margens do rio Paraguai, eles vão para a escola e só retornam para casa no fim de semana. Segundo a instituição, esta é uma forma de aprender e descobrir sem precisar deixar as origens. As crianças ficam na escola de segunda-feira a sexta-feira. Hoje, segundo a instituição, são 55 alunos, mas a capacidade é para 60. A cidade mais próxima do local é Corumbá, a 415 km de Campo Grande, mas para chegar até lá demora entre duas e três horas de barco. José Teófilo de Oliveira Júnior é isqueiro e leva a filha para escola em um barco. A filha dele é uma das poucas que é levada para a escola todos os dias, isso porque eles moram perto do local. “Tive a oportunidade de estudar só até a terceira série, porque onde eu morava só tinha até a terceira série e a professora foi embora. O colégio [da filha] é bom, oportunidade que eu não tive. Ela vai poder crescer, ter uma profissão”, contou o pai. “Se não tivesse essa escola onde ela estudaria? Só


em Corumbá, e quanto tempo de barco? Daqui até lá são três horas, teria que morar lá e aqui ela pode vir todo dia, ir e voltar e fica com os pais”, desabafou Júnior. Para as crianças que vivem na escola, a primeira atividade do dia é um café da manhã farto de alimentos. Em seguida, eles são alinhados para cantar o hino e depois seguem para as atividades escolares. Há tempo para lazer também. A coordenadora pedagógica da escola, Francisca Renata Oliveira, disse que é mineira e trabalha na instituição desde 2012. “Me formei e recebi o e-mail divulgando a vaga aqui, precisava de pedagogo recémCafé da manhã é primeira atividade das crianças

formado, eu vim”, revelou a coordenadora. “A preocupação não só o ensino escolar,

mas também é preparar para cidadania. E por estarem distantes das famílias, a escola tem uma preocupação muito grande em não só ensinar a ler e escrever, mas educar de uma forma completa, desde o refeitório, aos alojamentos, eles aprendem a cuidar dos pertences deles, aprendem questões que aprenderiam em casa de higiene”, disse Francisca.

História Em 11 anos, muita coisa mudou no Pantanal. A escola Jatobazinho, por exemplo, foi construída depois que uma empresária assistiu uma reportagem da TV Morena em que crianças catavam iscas e estavam longe das escolas. Ela construiu o colégio na fazenda dela e hoje tem espaço para 60 alunos. Breno Soares, de 14 anos, começou tarde na escola porque na fazenda onde vivia não tinha colégio perto, e deixar a família para ir para Corumbá não era uma opção. Hoje ele é um dos alunos mais aplicados. “Antes eu não estudava, ficava na fazenda e minha mãe soube que teve essa escola, ela me mandou pra cá, aí eu fiquei aqui, eu gostei muito. Aprendi um monte de coisa, a ter amigo, fazer amizade, e um pouco com história, da guerra do Paraguai”, disse o adolescente. O menino ainda revelou que sonhava em ser jogador de futebol, como muitos meninos, mas, segundo ele, como está pensando em seu futuro a vontade agora é de melhorar o mundo ajudando as pessoas. Ele pensa em fazer uma comunidade para ajudar crianças a estudar.

http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2015/10/em-escola-do-pantanal-de-msalunos-so-voltam-para-casa-no-fim-de-semana.html


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