A admirável proeza de raimundo de sá

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ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.


INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.

INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.

COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte


ABRAÃO BATISTA

A ADMIRÁVEL PROEZA DE RAIMUNDO DE SÁ

1996



A humildade é a chave Que abre todo portão O humilde entra e sai deixando admiração Desanima o malfeitor Enquadrando a união.

O humilde é voluntário Como um homem de paz Sua palavra traduz todo bem que ele faz ninguém duvide daquele que não se mostra em cartaz.

Cedo ou tarde o sabido Toma pé da verdade O povo, que é humilde Digo com sinceridade Se atrai por quem merece Com rara capacidade.


O saber vem de nacença Não é como a instrução Que se apanha na escola Tal e qual a educação Quem é nobre, nasce feito Assim me disse Salomão.

A nobreza é pra quem sabe Mora junto da verdade O poder é pra quem pode Guarda-me esta verdade Sôbre a terra não existe Nenhum ser com igualdade. O viver é uma guerra De comer, e ser comido O homem só fica em pé Por ter outro, destruído Nossa vida é doutra vida Tenho isto concebido.


A humildade e perdão Nobreza e felicidade São qualidades que levam A outra realidade O homem que as cultiva Não sofre necessidade. Vou contra uma história De um homem de valor Daquele que, não letrado Sabe mais que um doutor Dos políticos ilustrados É maestro e professor.

No sertão da Paraíba Nasceu um certo menino Que mesmo antes de nascer Já trazia no destino Legislar para os pequenos Como informo e assino.


São José da Lagoa tapada Foi o canto onde nasceu O nome de Raimundo Sá Foi êsse que recebeu Mas não foi só na escola O que êle aprendeu

O seu pai, agricultor No roçado, trabalhava Raimundo Sá, também Como garoto, ajudava Naquela vida difícil Todo o seu tempo levava.

Da Paraíba, ele veio Para comercializar Joias, pratas, no Carirí Com o fim de enricar Mas viu que inda era pouco Para o que queria traçar.


Já se sentindo crescido Para São Paulo viajou E no povoado Flora Rica Ali mesmo se alojou Para plantar algodão Como alguém orientou.

No plantiode algodão Só ganhou bom dinheiro Também como mascate Pelo Vale do ribeiro Vendeu mercadorias Por ter um papo ligeiro.

Plantava algodão num dia E no outro ia vender Na hora da limpa, limpava Pois sabia compreender Que seu destino era outro Como vamos reconhecer


Dois anos e seis meses No plantio de algodão Juntou um bom dinheiro Além de outro quinhão Ganhando como mascate vendendo pelo sertão.

Voltou para o Cariri com um pensamento novo era um mascate de joias que se metia no povo vendendo e fazendo escola sem sofrer qualquer estorvo comprou um jeepe na praça mas pra ele não bastava na sua intimidade uma força iluminava chamando para o sucesso no espírito ele notava


Raimundo Sá comovido Com a sua intuição Prá Goiáz, resolveu Viajar com seu irmão Para tornar-se garimpeiro Batia-lhe o coração

Em Goiáz viu o sucesso Além de ser garimpador Com um jeepe transportava Garimpeiro e trabalhador Ganhando tanto dinheiro que se sentiu um doutor. Ora, para quem vivia No sufoco e aflição Agora tendo dinheiro Fartura, bolso e pão Só parecia a força do Padre Cícero Romão.


De Goiáz ia ao Pará: Motorista e garimpeiro... Mas no pensamento tinha A cidade de Juazeiro Pois antes de tudo, era Seu afilhado e romeiro. Pensava em Anápoles E Porto Nacional Mas a força de Juazeiro Era grande e capital Conquistadora daquele Que traz consigo, ideal.

De volta pra Juazeiro Raimundo Sá conheceu Maria Estela Lacerda Que depressa, êle, aprendeu Amar como a princesa Que tornou-se o espelho seu.


Casou-se o apaixonado Com sua bela mulher De noite ele contava O brinquedo bem-me-quer Passando as luas cheias Em perfume e laquer. Já casado e com recursos Se sentia um cidadão Sua fábrica de joias Era a admiração Pros romeiros da Paraíba De Alagoas e Maranhão. Raimundo Sá já podia O seu sonho realizar Entrar para a política E então se candidatar Fazer o bem para o povo E por ele ir legislar.


Dite e feito, Raimundo A vereador se elegeu Dedicou-se com poucos O povo o reconheceu A sua diplomacia Na câmara estabeleceu.

Foi eleito nove vezes Como um bom vereador Quatro vezes, presidente De câmaras, veja o senhor Em todos cargos da “mesa” Ele foi seu diretor. Analizando Raimundo Sá A gente tem a certeza Que ele, como político Alcançou uma proeza: Por nove vezes eleito Com garbo e realeza.


Não se encontra candidato Com repertório igual Nove vezes candidato E nove no pedestal Não foi enjeitado nunca Por não ter, êle, rival. Sua família para ele Está em primeiro lugar Depois vem a política No ponto de realizar Inigualável proeza Como se pode constatar.

A paz é o seu emblema Gravado no coração Se sente desatinado Por não atender um irmão Quando no seu caminho Seu pove estende a mão.


Tem no desentendimento O que pode achar ruim A falsidade pra ele Faz a amizade ter fim A esposa, é então É o seu anjo querubim. Raimundo Sá dá exemplo Como político audaz Aprendeu a ser eleito Nisto ele é um az Calado, vai ao comício Ensinando como se faz.

FIM



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