ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.
INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.
INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.
COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte
SALETE MARIA
A HISTÓRIA DE ZÉ LEITOR
JUAZEIRO DO NORTE 2009
Zé recebeu um convite Que nunca foi feito antes Pois era coisa de elite Ou de jovens estudantes Foi chamado a estudar Escrever, ler e contar Quanta coisa interessante! Ficou meio pensativo E disse para a mulher: “Inté hoje eu sobrevivo Sem sabê lê um papé Agora nessa idade Num tenho capacidade Vou andar de marcha à ré?” “Já não tenho condição De aprendê o bê-a-bá Tenho preocupação Vivo só pra trabaiá
Agora esta invenção Estudá, fazer lição Para mim isto não dá” A mulher disse: “José Tu tá com medo de quê? Sempre foi home de fé Vai agora esmorecê? Ta rejeitando a escola? É direito e não esmola Conforme ouvi dizê” “Além do mais hoje em dia Ninguém mais fica de lado Aqui pela cercania Tá todo mundo letrado Home, muié e minino Só tu não tá assitindo O Brasil Alfabetizado”
“O povo qué estudá Vai atrás e se concentra Não dá pra desanimá Na vida tudo se enfrenta O passado já passou O presente começou O futuro a gente inventa” “É mermo, tu tem razão -disse José, de repenteNum vou pagá um tostão Isto me deixa contente Vou apanhá um caderno O mais bonito e moderno E vou me dá de presente” “Vou estudá, tá na hora Vou tentá aprendê lê Se eu nunca fui à escola Não foi falta de querê
Desde cedo trabaiando Meu velho pai ajudando Levei a vida a sofrê” “Assim como eu, milhares Por este Brasil afora Basta olhá nos olhares Ninguém mais nos ignora Eu vou sim, tô na peleja Nada nos vem de bandeja É chegada a minha hora” “Vou tirá o atrasado Nunca é tarde pra aprendê Criança fui pro roçado Hoje não sei escrevê Mas sei que posso tentá É tempo de avançá Chega de teretetê” A mulher disse: “Você
Já tá falando bonito Mesmo não sabendo lê Nada do que tá escrito Já mostra que tem futuro Vejo que está seguro E em você acredito” “Sei que é um dereito seu Ter acesso aos estudo Do tanto que tu viveu O mundo mudou em tudo Vá, José, vá estudá Você só tem a ganhá Já é um homem sortudo” “Eu mermo sei lê um tico Sei fazê um bilhetinho As vezes até medito E sonho mais um pouquinho Se eu voltá a estudá
De tudo vou me alembrá E progrido ligeirinho” Zé ouvindo aquilo tudo De pressa se decidiu Deixou o olhar sisudo O coração consentiu: “Não custa nada tentá E é tão bom estudá” Pegou as coisas e saiu Então foi ele à escola Cheio de ansiedade Levava numa sacola Sonho e realidade Chegou na sala e entrou A professora falou: “Nossa, que felicidade!” “Seja bem vindo, amigo
Aproveite este momento Esta escola é um abrigo Tome logo seu assento Aqui todo mundo ensina Cada um é uma mina Carregada de talento” Cada um sabe um pouco Da vida que tá lá fora Antônio hoje está rouco De gritar que vende amora Maria, que é cozinheira Hoje viu João na feira Pertinho de onde ela mora” “Maria Lúcia é avó Joaquina se aposentou Eduarda é o xodó Porque nunca se casou Socorro é rezadeira Luís vai à gafieira
E Joana luta judô” “São todos gente madura Autoridades no lar Ninguém aqui tem frescura Todos querem estudar Falamos do dia-a-dia Um pouco da carestia E de tudo quanto há” José logo foi gostando Daquele novo ambiente Foi logo se enturmando Achando o povo decente Olhou em volta e sorriu À vontade se sentiu Pois “gente gosta é de gente” Pegou papel e caneta Ouviu a explicação
Lembrou da velha marreta E do surrado macacão As letras se embaralhavam Parece até que mangavam De sua concentração Espremendo bem a vista Ouviu tudo direitinho No quadro tinha uma lista De nomes bem bonitinho A professora feliz Usava um taco de giz E falava bem mansinho Tinha um “a” de avião Um “e” de escadaria Um “i” de informação Um “o” de ovo, havia Um “u” de uva, também E ele, como ninguém
Naquilo se envolvia Todo dia ele estudava Depois de ter trabalhado A professora falava E ele compenetrado Tinha muita explicação Depois vinha uma lição Do que fora ensinado Via os colegas dizerem Que queriam se formar Pra uma festa fazerem E muita gente chamar Ele até pensava nisso: “Imagine o rebuliço Que neste vai dá” Chegava em casa cansado Ligava a televisão Porém ficava espantado
Com tanta complicação Via que pouco entendia Pois como ainda não lia Tudo era confusão Viu a novela, o jornal Ouviu notícias do mundo Mas ao trocar de canal Adormeceu num segundo Sonhou com uma caneta Comandando este planeta E um papel branco de fundo “Vixe que coisa medonha Uma caneta falante Com uma cara risonha E em tamanho gigante” E a caneta dizia: “Olá, José!” e sorria E lhe dava um diamante
Sobressaltado acordou Achando aquilo estranho De um desenho lembrou Da forma, cor e tamanho Olhou para seu netinho Beijou-o devagarinho Saiu e foi tomar banho Achou que aquele sonho Tinha algo a lhe dizer Mas era muito medonho No jeito de aparecer Pra que caneta e papel Comandando uma babel Como podia entender? Foi trabalhar matutando E Ă noite foi estudar A professora falando
E ele só a pensar Na caneta e no papel Sobrevoando o céu Querendo lhe seqüestrar Nesta noite nada viu Que pudesse entreter Quando da sala saiu Sem nada ali entender A professora sentiu Que ele nada ouviu E foi sondar pra saber: “O que há com o senhor Que nada quis comentar Parece que não gostou Da aula, do ensinar” Ele disse: “não senhora Eu tava meio por fora Nada tenho a me queixar”
Ela insistiu: “o senhor Tava absorto, perdido Eu lhe peço, por favor Não se sinta preterido Se estiver desgostoso Ou quem sabe ansioso Pode se abrir comigo” “Não, senhora, Ave Maria A aula é muito boa Me desculpe eu não queria Ofender sua pessoa É que eu às vezes penso Este mundão é imenso E a vida da gente voa” “Eu tô aqui nesta idade Tentando aprendê lê Pois na minha mocidade Isto não podia sê
Vivia para o roçado Ganhando pouco, empregado Vivendo ao léu, a mercê” “Por isso mesmo o senhor Deve dar valor a vida Se viveu, se batalhou Se sofreu sua ferida Deve lembrar o poeta Que constrói a sua meta Na palavra proferida” Diga que “valeu a pena” Pois tudo vale na vida “Se a alma não é pequena” Nela tudo tem guarida Viva o daqui pra frente Vale viver o presente Desta vida comovida
Ele disse: “a senhora Tá coberta de razão O que disse só melhora O meu velho coração Vou, sim, aprendê a lê E um dia hei de escrever Um verso cheio de emoção” “Com muito afinco e prazer Meteu a fazer lição Queria logo aprender E abrir sua visão Dizia a sua mulher Agora eu boto fé Que serei um cidadão” No trabalho ele falava Do mundo que descobria O servente o olhava E muito pouco entendia Mexendo massa e cimento
Só via o mundo cinzento Por que tanta euforia? No caderno escrevia O próprio nome: J-O-S-É Em voz alta ele lia: “Jota, ó, ésse e é” Falava de sua história Do que tinha na memória Da vida como ela é Assim fazia progresso Mas as vezes se zangava Quando pegava um impresso E pouca coisa encontrava Do mundo em que ele vivia Pois toda coisa que lia De outro mundo falava Ficava desiludido
Com tanta dificuldade Sentava meio abatido Contava sua idade “Já tenho sessenta anos Eu nem posso fazê planos De ir para faculdade” Mas a mulher companheira Que um pouco sabia ler Dizia à sua maneira: “Zé, não se deixe abatê Tu lendo a tua vida Melhorando tua lida Já é bastante o crescê” Zé ouvia aquilo tudo E matutava, baixinho: “Nunca vou tê um canudo Sempre serei Zé Povinho Esse negócio de lê
Contá, falá, escrevê Não é bem o meu caminho” Mas ao mesmo tempo via Que muita coisa mudava Quando ia a padaria O troco ele contava Fazia atenta sondagem Lia toda embalagem Daquilo que ali comprava Ao tomar a condução Ia no transporte certo Ao receber um cartão Já entendia correto Uma ficha preenchia Um jornal ele já lia O mundo tava mais perto Mas algo ele queria E desejava fazer
Seria naquele dia Não podia mais conter Iria ele, afinal Ao cartório eleitoral Seu nome subscrever Queria votar, então E decidir seu destino Ao apertar o botão Não se sentir tão cretino Queria ver o seu nome Assinar seu sobrenome Na folha de papel fino E assim tudo se deu Ele se sentiu completo Vendo ali o nome seu E não mais “analfabeto” Que prazer ele sentia Ate chorou nesse dia
Olhando do piso ao teto Mas outro desejo tinha E queria realizar Faria uma cartinha Pra seu amor declarar Diria para Helena Sua esposa: “Pequena, não me canso de te amá” Queria deixar escrito O que nunca registrou Num texto muito bonito Falando só de amor Queria dizer a ela Igual se diz na novela: Você é a minha flor! Mas tinha aquela vergonha Podia parecer tolo
Tem coisa que a gente sonha E a vida passa o rolo Um homem da sua idade Falar de amor e saudade Só tendo cara de bolo Procurou a professora E falou do Ceará Da seca devastadora Que ele já viu por lá Disse que tinha um parente Que gostava de repente E lhe ensinou a gostar Disse que nas cantorias Dos cantadô de viola Sempre tinha uma magia Igualzinha a da escola As palavra vinham vindo E os verso iam saindo
La do fundo da cachola Falou que ouviu cordel Ser declamado na feira Um poeta, um menestrel Desses sem eira nem beira Ensinava o povo lê Sem grande esforço fazê Somente na gemedeira Disse que na sua terra Tem verso para quem qué E que lá tem uma serra Por nome de Assaré Onde um poeta roceiro O maió dos brasileiro Mal rabiscava um papé O poeta Patativa Que Deus o tenha no céu Foi uma ave nativa
Para o país um troféu Home de pouca leitura Mas de palavra segura Partiu envolto num véu A professora propôs: Que tal você recitar Hoje, amanhã ou depois Do poeta popular Um verso bem empolgado Pra lembrar do seu passado E também do seu lugar? Que tal você nos trazer Um cordel para leitura Para a gente conhecer Esta augusta criatura: Patativa do Assaré Que o mundo sabe quem é Cheio de força e candura
Zé ficou maravilhado E disse: Eu trago, sim Já estou emocionado É importante pra mim Lê algo que me encanta Que minha alma levanta Obrigado, meu Padim! E assim foi que se deu No final daquele ano Zé, logo que amanheceu, Já tava fazendo plano Mas suas pernas tremiam Os lábios estremeciam Era grande o desengano No trabalho mal falou E o companheiro sentiu Um aperto o sufocou
Sua voz ninguém ouviu Tava nervoso, coitado Não se achava preparado Pra tarefa que assumiu Chegando em casa de volta Da construção que fazia A mulher viu a revolta Pois seu olhar não mentia E disse: Ô meu José Onde anda a tua fé Que é tua garantia? Tá nervoso, acabrunhado Porque vai se apresentá Teu terno tá engomado Eu já vou me arrumá Quero vê tu recitando Lendo um verso e comentando Etecetera e coisa e tá
O medo se agigantava E José não quis comer Toda noite ele jantava Conversava como o quê Mas nesta noite, tadinho Mal bebeu um bucadinho Do chá que mandou fazê E então todos partiram Para a comemoração Os colegas consentiram Na tal apresentação José faria a leitura Dum cordel da criatura Mais famosa do sertão Na platéia a lhe sorrir A mulher e um vizinho Também estava ali
O servente “Seu Toninho” Os colegas orgulhosos Todos muito atenciosos Para ouvir o tal versinho Zé foi chamado e aplaudido Mas só Deus via a aflição Ela tava tão perdido Quase golfa o coração Mas mesmo assim começou Primeiro ele explicou Quem foi Patativa, então Disse que foi O Poeta Mais sagrado do nordeste Que sempre foi sua meta Falar do cabra da peste E que ficou conhecido Por ser cantado e lido Do litoral ao agreste
Sendo assim vou recitá Um poema conhecido Vaca Estrela e Boi Fubá Foi gravado e foi ouvido Um cantô do Ceará Em sua voz fez soá Em tom de pranto e gemido: I “ Seu dotô, me dê licença Pra minha história eu contá Se hoje eu tou na terra estranha E é bem triste o meu pená, Mas já fui muito feliz Vivendo no meu lugá Eu tinha cavalo bom, Gostava de campeá E todo dia aboiava Na portêra do currá
È ê ê ê Vaca Estrela Ô ô ô ô Boi Fubá II Eu sou fio do Nordeste, Não nego meu naturá Mas uma seca medonha Me tanjeu de lá pra cá La eu tinha meu gadinho Não é bom nem maginá Minha bela Vaca Estrela E o meu lindo Boi Fubá, Quando era de tardezinha Eu começava a aboiá Ê ê ê ê Vaca Estrela, Ô ô ô ô Boi Fubá III Aquela seca medonha Fez tudo se trapaiá;
Não nasceu capim no campo Para o gado sustentá, O sertão esturricou Fez os açude secá Morreu minha Vaca Estrela Se acabou meu Boi Fubá Perdi tudo quanto tinha Nunca mais pude aboiá Ê ê ê ê Vaca Estrela Ô ô ô ô Boi Fubá IV E hoje, nas terras do Su Longe no torrão natá Quando vejo em minha frente Uma boiada passá As água corre dos óio Começo logo a chorá Me lembro da Vaca Estrela Me lembro do Boi Fubá;
Com sodade do Nordeste Da vontade de aboiá Ê ê ê ê Vaca Estrela Ô ô ô ô Boi Fubá” Todos então aplaudiram A leitura emocionada Muitos ali nunca ouviram O som de uma toada Ficaram muito tocados Alguns choraram calados Naquela noite encantada A professora Luzia Disse: Que bela leitura Pois antes eu não sabia Da sua desenvoltura É bom a gente entender E ver um leitor nascer Ensinando outra cultura
Vejo que muito de v贸s Se desencantam ao ler Mas cabe sempre a n贸s Procurar lhes conhecer Pois 茅 preciso criar Formas de estimular E o neoleitor envolver Com um poema matuto Z茅 mostrou que sabe ler Ler a vida, ler o mundo Ler um texto e escrever Se reconhecer sujeito Ler e ficar satisfeito Por tudo ali entender Escolhendo a leitura Pelo autor e pelo tema Mostrou de forma segura
Que aprecia um poema Que fala do que lhe toca E emoção lhe provoca E faz a vida amena Eis uma boa lição Que Zé nos deu neste dia Sua apresentação Causa gosto e alegria Estimula a prosseguir A sonhar e evoluir Com muita fé e magia Zé, então, agradeceu A condição de aprendiz E tirou do bolso seu Um pedacinho de giz E disse: Quero escrevê Para meus colega lê O que meu coração diz
Do quadro se aproximou E rabiscou devagar A professora notou Que ele estava a chorar Uma frase desenhou Dizendo: “Eu nada sou Sem Helena a me amar” Uma colega foi lendo O que José escrevia Helena se comovendo Falar já não conseguia Toninho, o companheiro Decidiu-se bem ligeiro Que também aprenderia Falou para os presentes: Eu farei como José Estamos todos contentes
Vejo agora que da pé Vou também aprender ler Contar, falar, escrever E amar minha mulher Foi muito contagiante O momento da leitura A partir daquele instante Surgia nova postura Ficando ali declarado Brasil Alfabetizado? Pra todos literatura! E assim se deu então A história de Zé Leitor Não foi contada em vão Aqui fala o narrador O nosso objetivo É dizer que sem ter livro Não vale o que se plantou
E livro de toda cor Livro que fale de tudo N茫o s贸 livro de doutor Nem s贸 livro de estudo Livro para relaxar Para rir, para chorar Para cego e para mudo Que venha livro a m茫o-cheia Que venha livro de esquema Livros fartos para a ceia Livro de reza e poema Livro de gente modesta De guerra, luto e festa De romance e de cinema Livro para estimular A quem aprendeu a ler Livro para conquistar
Quem não sabia escrever Livro para abrir a mente Que deixe a gente contente E que se faça entender Que ninguém deixe de ler Porque não pode comprar Que o povo possa viver Literalmente a amar A nossa literatura Que representa a cultura De todo canto que há Assim então nós teremos Um Brasil maravilhado Pois todos nos já sabemos Como se deu no passado Poucos nesta terra liam E quanto menos sabiam Mas fácil eram enganados
Hoje com a educação Para jovem e adulto Não basta terem na mão Um livro de grande vulto É preciso estimular O prazer de estudar A partir do seu reduto Aos poucos se vai sabendo Que somos um universo Quando se vai conhecendo O valor que tem um verso Pois na terra de José Só se bota no papé Aquilo em que tá imerso Literatura em geral Deve se patrocinar Desde a cultura oral
Á mais moderna que há Um blog de poesia Pra se ler com alegria Quando já se chegou lá Por fim, que o Zé Leitor Possa servir de esperança E que cada professor Equilibre na balança Um pouco de seu saber E do que pode aprender Com velho, moço e criança Que a escola do mundo Mostre o seu conteúdo Pois o saber mais profundo Não se extrai só dum canudo Que a leitura da vida Possa ser a preferida Tal qual num cinema mudo
Zé Leitor é ficção Mas há na realidade Abrindo o coração Se vê José de verdade Querendo ler um cordel Ou rabiscando um papel No campo ou na cidade É só abrir a janela E ver a realidade Nem toda historia é novela Nem todo choro é saudade Nem todo texto se vende Nem toda obra se entende Nem todo velho é de idade Nem todo Leitor é Zé Nem toda obra é de arte Nem todo pé tem chulé
Nem toda pausa é enfarte Nem sempre o tempo é perdido Nem todo escritor é lido Nem tudo que trinca, parte Nem sempre a educação Corrigiu desigualdade Nem toda proposição Contempla a diversidade Nem todo alfabetizado Lê um texto emocionado Com amor e sinceridade Aqui fica o meu recado Eu que adoro cordel Se ficou interessado Por este simples papel Me manda uma carta, entao Pois ninguém escreve em vão Quando o limite é o céu!