ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.
INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.
INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.
COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte
ENÉIAS TAVARES SANTOS
A MULHER DE QUATRO METROS QUE ANDA DE FEIRA EM FEIRA
Atenção caros leitores Cuidado, muito cuidado, Pois muito caso assombroso Nestes dias tem se dado, E continuando assim Brevemente chega o fim Deste mundo desgraçado! Nosso mundo está de um jeito Que ninguém mais admira. A Fome, a Doença, a Guerra, (A vaidade está na mira) Muitos casos vêm se dando Mas o povo está pensando Que tudo isto è mentira, Apareceu uma negra No Estado da Bahia Com uma trouxa na cabeça Cheia de patifaria, Só sendo ela a Besta-Fera Que viria no fim da Era Que o Padre Cícero dizia
Agora anda uma mulher Da praia para o sertão Com quatro metros de altura E uma mala na mão, É ligeira que è danada E em qualquer uma estrada Corre mais que um caminhão. Ela anda de feira em feira Pra todo mundo sorrindo E se alguèm diz qualquer coisa Faz que não está ouvindo, Mas isto é uma esparrela Quem pegar na mala dela Passa tres dias dormindo. Na mala dela tem tudo Que o povo tem inventando: Tem maiô e tem biquini, Tem vestido decotado, Tem brinco tem bracelim, Tem perfume bom e ruim E tem cangote raspado.
Tem short e tem mini-saia, Tem óculos demasiados, Esmalte preto pra unha, Maconha pra os viciados, Sua mala está lotada, Tem até calça apertada Pra vestir nos transviados. Já foi vista esta mulher Quase que no mundo inteiro, Um dia está na Bahia Outro no Rio de Janeiro, Ao depois no Maranhão, Quando se pensa que não Ela já vem do estrangeiro. Um pescador avistou-a Nas praias de Pernambuco, Fez logo o Pelo-Sinal, Ela disse: − Está caduco?... Veja como é minha escala!... Quando ela abriu a mala O homem ficou maluco.
Na feira de Arapiraca Ela apareceu tambèm Tão veloz que parecia Que ia puchando cem, Ninguém sabe o que ela fez Que a feira durante um mês Não prestou mais pra ninguém. Lá na Feira de Itabuna Encontrou um rapazinho, Ela olhando para ele Disse: − venha cá mocinho, Me leve esta mala preta Que eu lhe dou boa gorjeta E lhe ajudo no caminho. O rapaz pegou a mala E nenhum peso sentiu, Colocou-a na cabeça E na estrada seguiu, Mas grande sono o pegou O rapaz cambaleou E a mala no chão caiu.
Nisso o rapaz acordou-se E perguntou: − Está vazia... A mulher respondeu: − Não! E olhava ele e sorria. O rapaz tremeu a fala E a mulher abriu a mala E mostrou o que trazia. Na mala tinha um caderno De uma grossura estupenda. Disse ela; − O que não presta Está aqui na minha Agenda, Tendo o nome no caderno: ‘’O CABRA VAI PRO INFERNO E NÃO TME QUEM O DEFENDA’’. O rapaz estupefato Viu a mulher se abaixar Em direção à maleta E o seu caderno apanhar, Dizendo a êle: − Eu vou ler E você vai me dizer Quem pode mais se salvar.
Os nomes dos Cabeludos Estão aqui no caderno E nenhum escapará Pois isto é Decreto Eterno, Já na Lista os coloquei E a todos eu registrei No Cartório do Inferno! A moça de Mini-Saia, O corpo todo de fora, O seu dia chegará Já vem perto, não demora Pra não ser tão indecente Vai levar espeto quente Queimando de hora em hora. Fumadores de Maconha, Beberrões inverterados, Changozeiros, Cartomantes, Rapazinhos transviados E até rico avarento Esses a qualquer momento Receberão seus chamados.
Homem que abandona os filhos E pega mulher estranha Já botei nome aqui Essa alma Já está ganha Conforme o Decreto Eterno Esse vai para o inferno Pra Satanás tirar banha! Mulher que corta o cabelo E deixa a unha crescer Satanas vai montar nela Para todo mundo ver, Pois dele eu não me esqueci E o nome já escrevi, Ninguém a pode valer. Filho que abandona os pais Indo em trilha diferente Esse là vai ser pelado Num tacho de água-fervente, Sua estupidez se encerra E em cima desta terra Não fica um pra semente.
O Padre Namorador O nome está aqui também, Esse vai pra o Inferno Arrastado por um trem, E o caso vai ser preto Ele vai levar espeto Pra sèculos sem fim, Amém! Mulher que deixa o marido E foge com um gaiato O nome está no caderno, Olhe aqui... vê que é exato?... Vai deitar, sem haver rogo, Em uma cama de fogo Com um CÂO dos pés de pato. Motorista e Cobrador Que a ninguèm dão atenção Esses serão amarrados Cada um em um mourão, Vão receber espeto quente Por detrás e pela frente Sem ninguém ter compaixão.
Sujeito Contrabandista Que nega a Pátria e ao Imposto Esse leva todo dia Cem bofetadas no rosto E de cristel de pimenta Todo mês leva noventa, Chega até causar desgosto. Quem compra na venda alheia E depois não quer pagar Vão botar nele um sela Pra Satanâs se montar, O sujeito pula e chora, Mas vai receber espora E não adianta gritar. Cada ditado que existe Seja velho ou seja novo, Que seja feio ou bonito O seu inventor não louvo, O cabra tem que pagar Os ditados que inventar Para corromper o povo.
Nisso ela fechou o livro E na maleta guardou E pôs ela na cabeça Do rapaz e caminhou, Mas deu-lhe um sono pesado Que ele caiu para um lado... Não viu o que se passou. Passou três dias dormindo Acordou sem direção Perdido dentro do mato Sem ter orientação, Muitos dias caminouh Até que por fim chegou Em Mata de São João. A mulher de quatro metros Não foi vista mais ali, Mas ela está viajando Já foi vista em Murici, Tenham cuidado vocês Que daqui pro fim do mês Ela baixa por aqui.
T - enha toda precaução, A – vise a quem for errado, V – á cuidando em sua vida, A – minha deixe de lado, R – espeite a quem escreveu E – squeça algum erro meu S – enão vai ser condenado.
FIM