ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.
INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.
INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.
COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte
WILLIAN BRITO
A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
A professora Carmela Passou pra nós do mestrado, Uma tarefa comprida Sobre um tema complicado, A evolução do trabalho Eis em verso o resultado. Não vou abordar aqui O tema da escravidão Fato horrendo, que macula Toda civilização Tratarei sobre esse tema Numa outra ocasião.
Vou começar dos ofícios Da era medieval, Onde toda produção Tinha origem artesanal, Cada mestre era um artista E uma escola sem igual.
Pra regular cada ofício Havia as corporações Que ditavam, regras, éticas, Julgavam quaisquer questões, Ainda os “Pedreiros Livres” Guardam algumas tradições. Pra se aprender um ofício Se começa aprendiz, Depois virava ajudante, Se ficava por um triz Da obra-prima de mestre, Pro obreiro ser feliz.
Cada mestre controlava Sua indústria sem padrão, Detinha o conhecimento E os meios de produção, Determinava o horário, Controlava a situação.
Com o tal mercantilismo A coisa pega a mudar, O burguês endinheirado Que se aventura no mar, Deseja mercadorias Pra poder negociar.
O burguês vai controlar O ritmo da produção, Fornecer matéria-prima Arbitrar preço e padrão Nesse “putting out system” O burguês vira patrão.
A família toda ajuda Mas se não dá vencimento As encomendas maiores Do comércio em crescimento Se contrata qualquer um, Vinga o assalariamento.
Nos anos 1700 Com o ouro do Brasil A Inglaterra vê progressos Que nenhum país já viu, Máquinas entram na história E surge o mundo fabril. Dá-se forma cruel A desruralização, E as vilas sem estrutura Recebendo a migração Viram guetos miseráveis A base da produção.
O trabalho é tão penoso Que dói n’alma recordar, 14 horas por dia, Galpões imundos, sem ar, E as crianças trabalhando Pra poder se alimentar.
Nesse cenário sombrio De brutais explorações Adam Smith publica <<A riqueza das Nações>> E Marx <<O capital>> Prova das contradições.
Mais que caldeiras e teares Marca essa era afinal A divisão aumentada Entre obreiro e capital, Para o primeiro o trabalho, Pro outro lucro e coisas e tal.
Se Adam Smith propôs Segmentar o labor, Taylor foi até extremos, Partiu e cronometrou. A ele deve o operário Gerente e supervisor.
Veio Ford decidido A produzir com vantagem E aprendendo com Taylor A enfrentar a “vadiagem” Superou o próprio mestre Com a linha de montagem. Com o avanço da ciência E da tecnologia Surge o aço e o petróleo, Novas formas de energia Carro e eletrodoméstico Se tornam uma pandemia.
Mas como diz Wallerstein Sobre a acumulação Pra que ela seja máxima Exige uma relação De altos preços nas vendas Custos vis na produção.
Mas e que custos são esses? Wallerstein dá a lição; É o custo do trabalho, E o custo de transação, E por fim da segurança Que é o custo de proteção.
Nunca faltou quem gastasse Tempo e criatividade Pra agradar o capital Atrás duma novidade Que aumente a “mais valia” E a própria desigualdade.
Com o avanço das pesquisas Da corrida espacial, Com a onda da informática, Comunicação global, Aumenta cada vez mais A exploração laboral.
Máquinas inteligentes Deixam de ser ferramentas, Substituem operários Nessa era de 90, E o desemprego do mundo É a coisa que mais aumenta. O capital produtivo Migra pra especulação, As altas taxas de juro Dão mais remuneração, Embora acabem gerando Mil e uma convulsão.
Se o cenário é recessivo E o emprego vira luxo O capital aproveita Pra botar o pé-no-bucho De todo trabalhador Nortista, gringo ou gaúcho.
Cresce em tudo que é país Um movimento orquestrado, É o neoliberalismo Que quer tudo escancarado, Nada de legislação, Se possível, nem Estado.
Nessa onda gigantesca Dão-se as privatizações, O patrimônio dos povos Passam para os tubarões Que quanto mais rico ficam, Mais aumentam as demissões. O movimento operário É duramente afetado, Nos quatro cantos do mundo Ele é torpedeado, Alguns fazem concessões Outros são eliminados.
Pra crise que em todo mundo Tornou-se uma epidemia, Uns receitam Toyotismo, Outros reengenharia, E a tal produção enxuta 1 Prescrevem todos os dias.
O que é certo é o que conheço Desse ano de 2000, Diverso do outro século Festivo e primaveril, Tá mais pra triste e pra sério, Pra outronal e senil.
Se o trabalho agora está Escasso e precarizado, Os direitos sociais Caminham pro mesmo estado, Se explora o trabalhador, Se condena o aposentado.
Mas tudo que é humano Tem suas contradição, Nada há de ser pra sempre É o que prova a evolução, O tal neoliberalismo Não há de ser exceção.
Pesquisar sobre esse tema Ajudou-me a entender Que na história todos temos Um trabalho pra fazer Que não dá pra transferir, Tô trabalhando, e você? FIM