ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.
INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.
INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.
COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte
POETA MARANHテグ
APELO DO TRABALHADOR RURAL
Seu doutor que agora tá, nas alturas do poder. Desculpe eu lhe perguntar, mas eu preciso entender a quem pertenceu a terra? Desde o vale a grande serra, antes do dono primeiro? Para passar escritura com carimbo e assinatura como agora é costumeiro?
Se a reforma agrária tem, correta finalidade, de forma que me convém, me diga toda a verdade se é pra repartir a terra, por que é que ela se emperra em tamanha burocracia? Se existe mesmo vontade por que tal dificuldade nessa tal democracia.
Enquanto eu estou aqui, sem querer me deslocar, por que não vem repartir pra que eu possa aqui ficar? Lhe pergunto com respeito: será que eu vou ter direito, de receber meu quinhão, somente quando eu sair e pra cidade seguir sem nenhuma condição?
Se eu for morar na cidade, lá não sei nada fazer não terei felicidade mas posso a coisa aprender. E mesmo com sofrimento, pode chegar o momento de eu ter vida melhorada. E o que seu doutor fará? Com a terra que aqui ficar no serão abandonada?
E quando isso acontecer como é que fica a cidade? Sem legume pra manter tão grande sociedade? Seu doutor vai consegui? Botar para produzir? Quem foi desacostumado? E já vive na cidade? mesmo na promiscuidade na favela viciado?
Faça um teste de experimento e chegue lá na favela, onde só tem sofrimento, e toda aquela mazela Mande voltar para roça, para ficar de mão grossa, e na enxada trabalhar, não tem quem queira voltar e seu douto vai constatar, que só foi se atrapalhar.
Ninguém quer mais o sertão, porque lá filhos e filhas, foram criados e estão, noutras diferentes trilhas, e aqui não mais se acostuma, e seu doutor não se apruma e pra cá também não vem. E essa terra abandonada, não vai mais produzir nada e eu sei que assim não convém. E se eu tiver que sair, da terra que não é minha. Quem é que vai produzir? Feijão, arroz e farinha? Seu doutor que tem poder, queira agora me atender, pois esse mal nos consome. Me ajude a ficar aqui porque se não conseguir, na cidade chega a fome.
Eu quero ficar aqui, lidando na agricultura, para a cidade suprir, de alimento com fartura. Mas pra isso acontecer, seu doutor tem que ceder, dessa terra um bom pedaço. Faça logo a tal reforma, pois não existe outra forma e deixe o resto que eu faço.
CADÊ NOSSO ASSENTAMENTO
Bom dia vá se acentando e vá dizendo o que quer enquanto sai um café a gente vai conversando seu doutor já vem dinovo? Pra dizer que nosso povo no patrão deve votar? Sei que não é diferente vai dizer pra nossa gente não promete pra faltar.
Seu doutô na outra vez na campanha eleitorá também vei me procurá dizendo que o camponês depois de dada a vitória ia mudar toda estória para tudo melhorá e agora veja direito tá tudo do mesmo jeito e a gente ainda a esperá.
A tá da reforma agrária que o senhor nos prometeu nada disso aconteceu e minha pequena área que eu pensava em receber não posso compreender ficou somente em conversa ainda sou moradô do patrão vivo a favô o que não falta é promessa.
Promessa de candidato falando em tal conjuntura dizendo que a agricultura precisa de novo trato esse tal de assentamento não me sai do pensamento e seu doutor não se emperra em dizer vou trabalhar pra depois solucionar o problema do sem terra. E aqui nesse pé de serra nós votemo no senhô na campanha que passô e ainda estamo sem terra e agora vem me dizer que pretende resorvê é esse seu pensamento mas eu não quero votá sem primeiro acreditá nesse tal de assentamento.
Pra que eu possa acreditar na palavra do senhô precisa que seu dotô não me peça pra votá pois para ser mais izato palavra de candidato nem mesmo com juramento is nunca vi candidato cumprir o primeiro trato cadê nosso assentamento? Palavra de candidato quando fala com eleitô eu me lembro seu dotô não se parece contrato pois meu voto foi perdido nós ficamos esquecidos e o trato foi com o vento ainda sou moradô do patrão vivo a favô cadê nosso assentamento?
Quando eu vejo um candidato no palanque discursando eu fico ali só pensando será que aquilo é izato? Se vejo o povo aplaudindo eu de cá fico sorrindo e cá no meu pensamento eu digo com seriedade aquilo não é verdade cadê nosso assentamento?
Se o senhô me aparecesse prometdo me ajudá sem do voto precisá talvez eu me convencesse pois quem não é candidato pode ser que cumpra um trato mesmo sem ter juramento mas se alguém pede meu voto no meu caderno eu anoto cadê nosso assentamento?
Num tá vendo a C.P.I? De Paulo César Faria tamanha espatifaria que acontece por aí como posso acreditá? Em quem se candidatá sabendo seu pensamento? Não pensa noutra opição senão na corrupição cadê nosso assentamento? FIM