ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.
INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.
INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.
COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte
PEDRO BANDEIRA
ARTESテグS DE JUAZEIRO
1970
Desperta cidade linda Glória da nossa nação Escuta um poeta nato Falando da exposição Dizendo ao Rio de Janeiro O que tem no Juàzeiro Do Padre Cícero Romão. Juàzeiro em artesão É grande e milionário E eu sem examinar Nada direi ao contrário E aqui começo a dizer O que sabemos fazer Sem precisar maquinário.
Faca, revolver, espingarda, Cano grosso e cano fino, Pistola, foice, machado, Trinchete tipo colino, Peixeira feita com arte, Cravinote, bacamarte, E mosquetão baca de sino.
Juázeiro é a cidade Que cresce porque tem sorte Na indústria é gigantêsca Na educação é forte Arborizada e bonita E é feliz quem visita O Juázeiro do Norte. Nossa cidade é poética Romântica e hospitaleira Bons clubes, lindas piscinas, Doce vida domingueira, E agora levando a voz Para dizer o que nós Fabricamos em madeira.
Em madeira nós fazemos Dois de ouro, Lampeão, Apito, santo, oratório, Cinzeiro, mão-de-pilão, Côcho, cabaça, gamela, Cabo, coronha, janela, Têrço, rosário e portão.
Centro, Mari Bonita, Metro, régua, tabaqueiro, Mesa, cadeira, tripé, Pilão de pizar tempeiro, E antes que alguém mande A escultura do grande Fundador do Juàzeiro.
Quem fizer uma visita A Igreja dos Franciscanos, Ao museu do Padre Cícero A Matriz os Salesianos Sente tanta sensatez Que vem prá passar um mês Se agrada e passa dez anos. Temos mais de vinte praças, Bons colégios, matadouro, Somos primeiro lugar Em fabricação de ouro, E agora procuro rima Para dizer com estima O que fazemos em couro.
Em couro fazemos roupa Do vaqueiro entrar no mato, Saia, blusa pra mulher Com tudo do artesanato, Cela, cilha, rabichola, Camisa para viola, Peitoral, loro e sapato. Funda, pelêgo, carreia, Manta, cinturão, esteira, Cuchim, coroa, murcêga, Bainha para peixeira, Bolsa, depósito prá bala, Chicote, chibata, mala, Chapéu, rédia e cartucheira. Em couro ainda fazemos Rabicho, peia, arrieira, Babicacho, arreiador, Marra, cabresto, culeira, Cinta, chinela, ginête, Corda, valisa, tapête, Alpargata e focinheira.
Sem falar nas grandes fábricas Que enriquecem o Ceará, Como a Coca-Cola e Fanta, No triângulo “CRAJUBÁ” Eletromáquina, ICASA, A CIROL, a INBOPLASA, E a CARIRI S. A. A estátua do Padre Cícero É em quem mais me aferro, Fica na serra do Horto Me dá perdão quando erro, Peço a ele inspiração Para dizer a nação O que fazemos em ferro.
Em ferro e metal fazemos Martelo, prego, armador, Bride, estribo, cortadeira, Lavanca, pá, cavador, Ferrolho, porta, suvela, Dobradiça, taramela, Serra, escópo e vasador.
Chuncho, esfera, marcador, Punhal, cabide, chocalho, Enxada, pêso, balança, Botijão, marreta, malho, Trinco, rosêta de espora, O relógio que marca a hora Do descanço e do trabalho. Juàzeiro tem dez bancos Cinco feiras semanais, Noventa grupos escolares, Bôas rádios, bons jornais Antes que a veia malandre Eu vou explicar em flandre O que Juàzeiro faz. Em flandre fazemos lata, Lamparina, açucareira, Bule, bacia, caneco, Caçarola, frigideira, Candeeiro, aguardor, Friso, grampo, pegador, Funil, copo e ratoeira,
Em flandre ainda fazemos Coisa muito mais bonita, Brinquêdo em todo modêlo Que só quem ver acredita, Chamador, cofre, leiteira, Luva, abraçador, peneira, Concha, fivela e marmita.
Os nossos pontos turísticos São belos e naturais. Lions, Rotary, Câmara Júnior, SENAI, CITELC, hospitais Clubes sociais, hotéis, CANAL 2. E breve o 10 Pegando limpos de mais. Em ouro fazemos cruz, Têrço, rosário, anelão, Anel, aliança, broche, Trancelim, letra, cordão, Volta, colar e pulseira, Medalha, abotoadeira, Chave, chaveiro e botão.
Aliança prá noivado, Figa, sino, coração, Berloque, ague-nos-dei, Bracelêta, medalhão, Fivela para sapato E encartucho no retrato Do Padre Cícero Romão.
Juàzeiro tem cinemas, Ruas saudosas e bôas Visitado por Bahia, Pernanbuco e Alagôas, Parece uma capital E sua vista anual É mais de cem mil pessoas.
Em sisal, palha e agave Fazemos rêde sem nó Trança, coberta, esteirão, Saco, patuá, ioió, Chapéu, relho, espanador, Arupemba, abanador, Barbante, corda e bornó.
Em bebidas temos vinho, Guaraná e aguardente, Cajuina S. GERALDO, Nosso futebol é quente E quem visita o Romeirão Vê a administração De um Prefeito prá frente. Em barro fazemos prato, Forno, papeiro, panela, Testo, pote, garrafão, Jarra, roseira, gamela, Touro, vaca, coelho, gato, Urso, elefante, cavalo, Porquinho, filtro e tigela.
Em flores fazemos todas Flores artificiais... Nossa rendeira é mais típica, Tudo de renda ela faz, Prá frente vamos marchando Só que estamos precisando Das ajudas federais.
Em pólvora, fazemos todos Festejos do Cariri; Em óleos aproveitamos Mamona, algodão, piqui, Andú, milho, amendoim, Mandióca, gergelim, Tomateira e buriti.
Em cimento fabricamos Lousa, mosáico, cruzeiro, Viga, poste, armário, pedra, Porta-jóia, fugareiro, Banco, banca, balde, busto, E exportamos sem susto De nós para o mundo inteiro.
Em cipó fazemos tudo Sem precisar de ensaio, Cadeiras, arcos, balões, Para as noites do mês de maio, Lindos arranjos prá flôres, Jequí, cestão, bastidores, Caçuá, cesta e balaio.
Juàzeiro é a Cidade Que cresce desde do início, Os nossos artistas fazem Sem encontrar sacrifício Viveiro, caricatura, Gaiola, xilogravura, Talismã e artifício.
Fabricamos os melhores Instrumentos musicais, Sanfona, harmônica, pandeiro. Caixa, contra-baixo, jaz, Violão pra qualquer farra, Bandolim, banjo, guitarra, Reco-reco e outros mais. Juàzeiro tem boêmio, Artista, compositor, Tocador de violino, Rebeca, citra, bangô, Epentista, violeiro, Sambista, cancioneiro, Romancista e trovador.
Em gêsso nós fabricamos Forro, em alta quantidade, Pia, estátua, imagem, santo, Moldura da antiguidade, E em ótimo acabamento Tem o mini-monumento Do Fundador da Cidade. Temos cento e vinte mil Habitantes na cidade Dezoito mil residências Rica coletividade, Bar, restaurante, tabernas, Cobertas pelas lanternas, Da nossa eletricidade. Juàzeiro em muitas coisas Não se humilha a ninguém Ônibus, taxe, via aérea, Misto, caminhão e trem. E temos como documento O terceiro monumento Que o globo da terra tem.
Temos o tiro e a guarda, Assegurando a cidade O segundo Batalhão Justiça, lei e verdade, Loiras, morenas, rosadas Bailarinas delicadas Adossando a sociedade.
Nossos políticos são bons Ninguém trabalha prá si Nosso prefeito é dinâmico Quase o melhor que já vi, E para melhor conforto Temos o aeroporto Mais belo do Cariri.
Tudo que nós fabricamos Tem bastante exportação Vendendo a todos estados Da nossa federação E prá crescer o valor Vendemos ao exterior Prestigiando a nação.
Em folclore Juàzeiro É capital nordestina, É onde a literatura De Cordel sabe e ensina, Juàzeiro a madrugada É uma rosa orvalhada Na vastidão da compina.
Juázeiro do Comércio Desenvolvido e potente Do amigo Aderson Borges Da A. C. J. Presidente Associação Comercial Que na festa artesenal Brilhou mais que toda gente. Juàzeiro que cresceu, E diz consigo, não caio Juàzeiro dos “Bezerras” Do Dr. Mauro Sampaio, Do suor do próprio punho Das festas do mês de junho E das rezas do mês de Maio.
Juàzeiro dos Poétas Das noites de lua clara Comparar-te com o Rio Só o poeta compara, Teus filhos não te esquecem Teus novenários parecem As festas da Guanabara.
Teus professôres são muitos Teu nome é mais brasileiro Eu te quero, eu te adoro, Eu te amo Oh! Juàzeiro Se eu pudesse, eu ti arrancava Ti suspendia e botava Dentro do Rio de Janeiro.
Digo assim porque estimo As duas lindas cidades Vim de lá por precisão Volto por necessidade Sinto alegrias e pesares Parto alcatifando os ares Dos aviões das saudades.
Niterói e Guanabara: O isqueiro e o Cigarro, Se eu pudesse ficaria Morando no mesmo jarro Olhando essa carioca Cheirosa como pipoca Torrada em caco de barro.
No Juàzeiro da gente As noites são mais nubladas No Rio a neve é mais baixa Tem mais gente nas calçadas Não tem grota, nem regato, Só o mar tira o retrato Destas morenas queimadas.
Guanabara, terra boa Que a civilidade veste, Povo meigo, gente esbelta, Te adorei, passei no teste Estou que em mim, não confio Não sei se fico no Rio Ou se volto ao meu Nordeste.
Não fico porque sou fraco, E só parto porque sou forte Vou mais meu livreto fica Provando que tive sorte Ficam aqui neste papel Eu e a cópia fiel Do Juàzeiro do Norte. FIM