ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.
INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.
INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.
COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte
ABRAÃO BATISTA
AVISO MISTERIOSO DA IMAGEM DA ROSA MÍSTICA QUE CHOROU LÁGRIMAS DE SANGUE EM FORTALEZA
No tempo que Noé fazia Sua arca da salvação O povo da sociedade O botava rente do chão Dizendo ser um maluco E que vivia da ilusão.
Moisés também sofreu de blefes e zombaria até o povo hebreu por várias vezes sorria porque não macreditavam no que o profeta dizia
Jônatas aprisionado No ventre duma baleia Por duvidar do Senhor Viu a coisa ficar feia E Pedro por desconfiar Dentro do mar quase arreia.
Jesus Cristo fez milagres Mas seu povo o desprezou Judas, por trinta moedas Aos romanos o entregou E quem dominava a terra Numa cruz o crucificou.
Portanto, caro leitor Peço a vossa atenção Para um caso misterioso que causou indagação a imagem que chorou sangue em Fortaleza da Assunção. Os jornais deram manchetes, A princípio, com ironia Mas depois viram que era Uma cousa que ninguém via - da imagem feita de gesso Dos olhos o sangue escorria.
Aos oito de dezembro O fenômeno aconteceu Perto do aeroporto Como se reconheceu Para ficar bem sabedor Leia o que se escreveu.
Foi dentro duma garagem Que a imagem então chorou O dono do apartamento Quase não acreditou E depressa para o padre A mesma imagem entregou. Frei domingos, capuchinho A imagem recebeu Colocou-a na igreja Como patrimônio seu Mas o povo curioso Para ali também correu.
Uns diziam: é milagre Da Virgem da Conceição É sinal da grande guerra Como houve lá no Japão Para nós esse é aiso Com grande revelação.
Outro ali, dizia: nada Isso deve ser mutreta Daqui a pouco vem o cofre completando a picareta, não acredito em comédia isso é coisa do capeta.
Credo em cruz! Uma velha Dizia bem agastada - isso é Nossa Senhora Que está muito enlutada Com a depravação do mundo Que está quase por nada.
Os fiéis faziam fila Somente para olhar Outros queriam ver aquela imagem chorar; outro tanto, fervoroso começou logo a cantar.
Um jornalista comentou: Um caso desse assim Aconteceu na Alemanha E no Japão como em fim Na Bélgica, bem semelhante, Foi dizendo para mim. Esse caso é um caso De parapsicologia Frei Domingos, na igreja Disse para a minha tia; Um hereje bravejando Daquele povo sorria.
Velho, criança, rapa Mulher, moça e anão Alejado e maltrapilho Engrossavam a multidão Uns empurrando os outros Quase dando em confusão.
- Diga que não é milagre?! Certo homem assim falou; - Só acredito se eu ver A estudante comentou - Mamãe, estou com fome; Uma criança então chorou E o povo naquela fila Murmurava com atenção - O número da residência É de causar admiração É o ano noventa e um Parece adivinhação
Mil novecentos e noventa e um É o número da residência Os mais velhos comentavam Fazendo a retiscência E eu para o leitor Faço minha referência. Agora nós vamos ter A tal guerra consumidora Guerra, fome e peste Situação aterradora Com morte repentina Tal e qual destruidora.
Agora o que se faz Com as imagens chorando? - Em Minas e em São Paulo Os jornais vêm apontando... Mas esta de Fortaleza É grave: está sangrando.
Ao leitor aqui eu dou A minha fraca opinião: Ou milagre, ou sem milagre Ela chamou atenção Portanto, descrevo agora Nossa real situação. Sei do poder de Deus O criador do infinito, Sei que tira o alimento Do vapor e do granito Sei da sua onipotência A sua fala é o meu grito.
Mesmo que esse caso Seja pura supertição Faz o povo repensar Para nova meditação Pensar nos abandonados Que morrem de inanição.
A imagem chora sangue Por se ter muita maldade As crianças lá nas ruas Sofrendo perversidades Os traficantes impunes Dominam todas cidades.
Chora sangue, o agricultor Que foi expulso da terra A criança assassinada No próprio ventre, encerra Lágrimas de sangue puro Chora o inocente na guerra.
Chora a virgem estrupada Chora a criança nua Chora Jesus quando observa As maldades aqui na rua Chora pela poluição Terra, mar, sol e a lua.
Chora sangue a viúva Que o advogado roubou Os despojos do marido Quando o outro o matou Chora Jesus pela igreja Que contra Ele pecou.
Chora a mulher grávida Que o marido lhe bateu Chora a virgem inocente Que o tarada abateu Também chora o sequestrado Que o sequestro escondeu. Chora o Kwait e o Panamá Todos na mesma razão Choram os negros da África Por sofrerem escravidão Choram na Índia as crianças Bengala Beche e Sudão.
Chora o Nordeste todo Por sofrer tantos maus tratos Chora o nosso agricultor Os sem terra e sem pratos Chora sangue o Amazonas Sob as quedas dos seus matos. Chora sangue a “Rosa Mística” Este poeta implora Talvez, este sangue Lave o mal que está lá fora Chora sangue para o mundo Chora sangue ó Senhora!
Chora sangue o sem teto Que na rua abandonado Chora sangue na prisão Aquele que é torturado Chora sangue, brasileiro Que sempre foi enganado.
Rosa Mística que chorou Pra mim diga a verdade Se teu chora não for choro Basta de tanta maldade Chora sangue o Brasil Dentro da realidade.
O homem tem afastado De Jesus a liderança No mundo tomou de conta A maldade e a vingança Quem ganha quer ganhar mais Só lembra de sua pança. Termino o meu verso Com certa indagação O que contei, se passou Com muita admiração Na capital Fortaleza Tal e qual a descrição.
FIM