ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.
INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.
INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.
COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte
DONA MUDINHA
COMPARANDO E RECORDANDO RECORDANDO E COMPARANDO
Fui criada no sertão No roçado acostumada Escutando o trovão E o batê da inchada, Correndo pelas campinas E ouvindo as passarada. Hoje moro na cidade Vendo tanto ribuliço, Zuada pra todo lado Num me acostumo cum isso, Cum todo esse baruio Pra mim, é um sacrifiço. Eu vivo me arrescordando Cuma era bom lá nos mato Agente tinnha socêgp Num vivia im subrisarto, Aqui se veve com medo Dos ladrão e dos assarto.
Num posso mi acustumá Cum essas coisa de agora É tudo bem, deferente Dos tempo véio de ótrora Na cidade inté e só, Já nace fóra de hora. As cumida do sertão Era tudo naturá, Os alimento num tinha Sabô artificiá, Ai cunzinhava cum lenha Gais butano? Nem pensá. Hoje tudo é mais muderno Tudo é fácil de fazê, Mas num tinha aqueles gôsto Qui tinha os dicumê, Das panelinha di barro Qui hoje já nem si vê.
Os leite fazia gôsto Era puro, saborôso, Num era esses leite fraco Disbotado e disgostôso, Os leite lá do sertão Era forte e mais gostoso Tem um tá frango de granja Ninguém sabe Cuma é feito. O pinto cum quinze dia Já é um galo prefeito. Dizem qui quem come muito Si rebola de má jeito. Esse frango é feito só Sem coperação do macho A galinha não sei Cuma, Faz todo esse cambalhacho Deixando os pobe galo Cum a morá lá im baxo.
Às coisas mudaro tanto Dum certo tempo pra cá, Essa tá televisão Acabô de iscuiambá Trazendo as perdição Pra dento de nosso lá Inté mermo as duença Já mudaro os nome dela Rematirmo hoje é artrite, Sarampim hoje é rubela Num sei si vermeidão Inda é irizipela Si a pessoa tava fraca Sem fôrça pta trabaiá Si dizia isbilitada Istafa é o nome atuá, Dordói é conjuntivite E gastura é má istá.
Tem uns nome isquisito Um tá labirintite O qui era intiriça Hoje o nome é epatite E as duença do estambo, Tem o nome de gastriti. As coisa mudaro tanto Já si vê gente pelada Os pograma de TV Hoje num iscondi nada, Muié, home, tudo num É aquela misturada Antigamente as muié Era tudo bem vistida Os bum-bum Cuma diz heje, Era coisa iscundida Num si andava amostrando Cum essas dança ixibida
Si vê os home tombem Entrando no rebolado Eles já estão disfilando Cumpretamente pelado Agora, home e muié Tá tudo do mermo lado. Inté mermo nas Igreja A mudança foi totá Os pade já tão dançando Na hora di celebrá Os povo tudo acumpanha, Dançando mode animá. Acho inté muito bunito Toda essa animação Porém num posso isquecê, As antiga devoção E aquelas missa qui eu via, Celebrá lá no sertão.
Agente vai vendo as coisas Cuma tão mudernizada, Tem um cumputadô Qui é coisa incapêtada Diz tudo o qui você faiz, Num si pode iscondê nada. Diz adonde você mora A sua idade tombem Só aperta uns Butão, Diz tudo qui você tem, Nunca vi tão fofoquêro, Num considera ninguém. Pelo jeito que to vendo, Cum essas tranfoimação Nóis vamo sê pogramado, Pur essas cumputação, Tudo cheio de Butão.
Si as coisas tão assim, Vou tê qui mi acustumá Cum essas modernidade Eu num tê jeito qui dá É entrá no mermo barco E aprendê a remá. Hoje tudo é natura Ninguém liga pra o qui vê O tempo é deferente Agente tem qui aprendê Vivê a vida presente E a passade isquecê. Porém vivo a rescordá O meu quirido sertão Aquele tempo passado Eu guardo no coração Ficô a grande sordade E a dôce rescordação.
FIM