Do direito de ser gay ou condenando a homofobia

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ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.


INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.

INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.

COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte


SALETE MARIA

DO DIREITO DE SER GAY OU CONDENANDO A HOMOFOBIA



Diante do Tribunal Zeca expôs a questão “sou um homossexual E peço vossa atenção O que deve ser julgado E d’uma vez extirpado É o ódio; o amor, não! Não está em discussão A minha intimidade Aqui a acusação Pesa contra a insanidade De quem ousa decretar Que é proibido amar Invocando a divindade Meu direito de ser gay Não me pode ser negado Pois não ajo contra a lei Quando ouso ser amado


Por alguém do mesmo sexo Por mais que seja complexo Esquisito ou estranhado Sou eu, pois, um cidadão Que trabalha e contribui Com esta grande nação E que dela não se exclui Mereço todo o respeito Sou sujeito de direito Que avança e evolui O que temos que julgar É a tal da homofobia Que está a provocar Mortes pela cercania Privando gente decente De viver alegremente Entre nós, em harmonia


Não podemos conceber Que a injustiça impere Temos que nos envolver Pois toda morte nos fere Todo gay é ser humano Todo ser é nosso “hermano” Se pensa assim, não tolere Não seja condescendente Cúmplice ou co-autor Muito menos conivente Com tais atos de horror Se você tem consciência Denuncie a violência Seja lá contra quem for Não me chame de demente Anormal ou acintoso Nem tampouco de indecente Pecador ou monstruoso


Ouse atacar injustiças Reveja suas premissas Não sou eu o criminoso! O que há de errado em mim? E que você não suporta? Tente escrever outro fim Para a velha história torta Um defensor de direito Não dormirá satisfeito Omisso, fechando a porta! A diferença existe Não adiante negar Pra que este dedo em riste Sempre a me apontar?! Vá julgando a minha vida E escondendo a ferida Que tu não ousas curar!


Em toda a Humanidade Houve gente como eu Vítima da iniqüidade Quanto inocente morreu! Em nome de um modelo Que sempre imprimiu um selo Separando tu e eu Foi assim com outros seres Igualmente “diferentes” Ante os “podres poderes” Continuaram silentes? Mulheres, negros, judeus Anciãos, crentes, ateus São todos eles doentes? Suplico, reflitam mais Sobre vossas posições Examinem os anais Das vossas “convicções”


Vejam que todos perdemos Que Justiça defendemos Admitindo exceções? Repito: eu sou um gay Veado, homossexual! Sou eu um fora-da-lei? Delinqüente, marginal? Tenho direito a viver? Ou minha sina é morrer Sob a lâmina de um punhal? Digam, senhores jurados! E povo da minha terra! Quem deve ser condenado? É este que aqui vos berra? Ou a tal homofobia? Que mata à luz do dia Vai à missa, ora e enterra?


Eu quero finalizar Pedindo para os doutores Comecem a se indagar Olhem-se nos corredores Quem não conhece um gay? São todos foras da lei? Ou há algum entre os senhores? Quem nunca teve um colega Quem sabe até um parente Aquele a quem você nega O direito de ser gente De existir, ser feliz Ser dono do seu nariz E levar a vida contente? Vamos, pensem um segundo! Antes do seu veredito Quem aqui criou o mundo?


E tudo o que “está escrito”? Não é este o argumento? Que lhes serve de cimento Sobre o que tenho dito? Deixo agora com vocês O direito de julgar Não é mais a minha vez Fale quem quiser falar Condenada a homofobia Quem sabe por mais um dia Muitos possam respirar Sendo ela absolvida Certamente ouvirão Dizer que mais uma vida Foi ceifada no sertão E também no litoral Onde gay não é igual A qualquer um cidadão


Data vĂŞnia, meus senhores Mas isto ĂŠ covardia Onde eu for, onde tu fores Sempre dor e agonia Ponham um ponto final Sou um homossexual Tenho direito ao meu dia! FIM



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