Show de graças e as bicharada de exu

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ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.


INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.

INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.

COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte


VICENTE ANTÔNIO BATISTA

SHOW DE GRAÇAS E AS BICHARADA DE EXU

PERNAMBUCO 1991



Escrevo versos na raça Sem orgulho no meu peito Porque no nosso Exu Tem artista de todo jeito Tem bichos que toca e canta Pra ninguem botar defeito Eu falo publicamente Sem mentira e sem engano Sobre os bichos que toca e canta No Exu Pernambucano Tudo que faço é bem feito E nunca entrei pelo cano Pixilinga tem um conjunto E sua equipe musical O rato toca guitarra E acha um som muito legal E encanta Roberto Carlos Tudo isso é normal


O rato toca e canta Sua guitarra bem afinada O sofreu bate pandeiro Bem-te-vi só faz zoada Jacaré bebe cachaça E sibito dança lambada Na minha terra é assim Todo mundo se rebola Camaleão bate zabumba Carneiro toca viola O disessete sabe ler E nunca foi na escola Os bichos ficam tocando Suas músicas de amor Fazendo shows bonitos Multiplicando seu valor Enquanto isso eu vou falar Nos bichos trabalhador


Jegue preto doutor raiz Que vende casca de pau Macela e jatobar Imburana e pedra de sal Catuaba da legitima Pra queles que passar mau O nico vende carne Torsinho alcatra e corredor Pá de gado pra fazer caldo Para o homem trabalhador Vende cerveja e cachaça E tira gosto de bom sabor Camelo sobe em poste Pra fazer instalação Instala energia nas casas Afim de arranjar o pão Todos bichos do Exu Tem sua profissão


Urubu não trabalha E nem quer ir a escola Ele prefere andar atraz Igualmente a rabichola Perambulando pelas ruas Casando fecho de mola O bisouro e motorista É muito trabalhador Ele também arada terra Dirigindo um trator Para mostrar na sua terra Que bisouro tem valor Besta braba também dirigi Porque sua natureza estima Deixa o povo muito alegre Principalmente as meninas E veve pra cima e pra baixo Dirigindo sua belina


Coelho joga baralho Com outros aviciados E quando começa a ganhar Fica muito animado Mais quando perde coelho diz Agora tô atolado Exu cidade alegre E o dentista é um pacu Estraindo dente do povo Na cidade de Exu Eu aqui no momento Também lembrei de tu Em nossa terra tem de tudo Aonde nasceu o baião Tem poeta e reportista E tocador de violão Na nossa cidade o bode é Um grande tabelião


Canário derruba boi Ele também é açogueiro Compra animal e troca A qualquer um cavaleiro Canário é muito econômico E sabe ganhar dinheiro Lobo filma todo caso Que se passa no sertão Lobo entrevistando Com muita satisfação Entrevista qualquer pessoa E passa na televisão Ratinho porteiro de clube Que espera o povo chegar Diz o ratinho aqui só entra Só aqueles que pagar Por favor não me empurre Deixe de me pertubar


Pra gente sobreviver Não carece tanta ganança Mais pra gente adoecer Tanto faz o velho como a criança Cavalo velho tá pelair Motorista da ambulância O louro foi sam cristão Que balançou a corda do sino Tamanduar já foi padre Também gostava de menino O peba trabalha na sucata De Vicente Marculino Juriti no calçamento Trabalhando muito afoito Juriti ganha e gasta Com cigarro café e biscoito Trabalhando esforçado Com seu Zé Vicente oito


Rolinha bate tijolo Cavando barro no chão Carrega água descausso Vestido em um calção Rolinha diz que só trabalha Porque tem precisão Roncador é bodegueiro Pelos freguês sendo mandado E vende do que precisa Aos velhos aposentados Roncador só vende a vista Porque detesta vender fiado Mucuim é fazendeiro O seu olhar não se mistura Ele gosta de carne de boi Que tenha pouca gordura Mucuim bebe serveja E tira gosto com tanajura


Boião joga basquete Piolho chuta de pé Piolho também trabalha Em sorvete e picolé O barrão na cabeçada Imitando o rei Pelé Caboré joga cinuca Canta e dança lambada Junto com seus amigos Até as cinco da madrugada Caboré é amigo de todos Da nossa linda morada Caboré canta em seresta E gosta de tomar um mé Abraçando as gatinhas Que a seu lado tivé Caboré disse que adora Saúde, dinheiro e mulher


Borrego vive alegre Na fazenda união Ele não gosta de briga Mais não injeita confusão Borrego bem equipado Tem parença de lampião Gatinho arada terra Lar no sitio interoz Ele de lar não escuta E nem ouse a minha voz Gatinho está distante Lembrando de todos nós Os pássaros também trabalha O vivim é um pedreiro Trabalha com dedica Um construtor impeleiteiro O vivim se aretava Quando não saia dinheiro


Barata carrega saco E faz entrega todo dia A barata sempre trabalha Se distraindo com alegria É trabalhando honestamente Com nosso amigo Garcia Cascavél dirigi a D 20 Da prefeitura municipal Ele já deu muita carona Ao cachoeira bardol E guará ajeita relógio Também pula carnaval Gia preta também é outro Chapiado do sertão Carrega saco na cabeça De milho mamona e feijão Gia preta no Exu Tem muita desposição


Musum verde alumínio Lá no rio de janeiro Ele é crediarista E um grande brasileiro Musum só volta do rio Trazendo muito dinheiro Tizio e jabuti São dois engraxante aprovado Que trabalha os dois unidos Descolando o seu trocado Daqui vai um ALÔR Pra nosso amigo Fernando Obrigado meus ovintes Senhores e cidadão Aqui eu findo de falar Nós bichos do meu sertão Lembrança pra Zé Caraí E o chapiado do chão


Ducão é um chapiado Que tem força como gigante Pega cento e vinte kilo Pois não tem quem alevante Ducão joga nas costa E vai deixar no timorante Desculpe minha brincadeiras De seu colega companheiro Sou poeta e sou artista Sem troféu e sem dinheiro O meu planeta vive oculto No eterno nevueiro A vida me encontrou Feio pobre só não surdo Sem condições financeira Um pouco gago e quase mudo E aprendi comigo mesmo O que posso saber de tudo


Neste cantinho parou foi tudo Cilenciou atÊ o vento Eu vou saindo pelo um instante E voltarei a qualquer momento Deus abençoe as mulheres bonitas E as feias se tiver tempo

FIM



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