CADERNO DE HAICAIS * Antonio Cabral Filho – Rio de Janeiro, 18 de Setembro de 2013. 001 Caminho do mar: A navalha no meu rosto Corta que nem gelo. 002 Cai na tarde quente, Um temporal repentino: Chuva de cristal. 003 Floresce a verbena, Um arco-íris de cores: Abelhinhas ávidas. 004 Achei um haicai, Com os braços cheios de flores: No cartão, seu nome. 005 Flores de verão, Mas só na Praia das Rosas: Cupido senil. 006 Tarde das cigarras, Concertos às seis e meia: Fim do expediente. 007 Só pego carona No “Cometa de Papel”: Energia eólica. 008 Cinzas de vulcão, Lembram-me poeira cósmica: Sem tréguas no Chile. 009 Não conhece o mar, Sequer o fluxo das águas: Homem do sertão. 010 Criança de rua: Berço esplêndido nenhum, Sequer mãe gentil. 011 No vôo da gaivota, Avisos ao lavrador: Encerrou-se o dia. 012 Vou no trem da vida, Rumo a destino ignorado:
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Condutor divino. 013 Acordei aos gritos: Já raiou o fim do mundo! Coisa do 18. 014 No meio da chuva Sem capa nem pai nem mãe: Sujeito real. 015 Seu laço de fita Abalou meu coração: Paixão virtual. 016 Meu troféu maior Foi o beijo que me deste: Romance furtivo. 017 Neva no sertão, O som do cincerro avisa: Tropa vem aí. 018 O pincel na mão Pinta Nijinski na tela: No jardim, silêncio... 019 Sob um céu de chumbo, A estas horas da tarde: Raios de sóis rubros. 020 Estrelas reluzem, Sob o clarão das paixões: Corações em festa. 021 Madrugada rubra: A bandeira vai subindo, Pintando meus sonhos. 022 No fogo de palha, Labaredas se enovelam: Pétalas de rosas. 023 No cinzeiro cheio, A prova do que serão: Só quero aplaudir... 024 Saiu a trabalho, Operário João de barro: Pássaro sem teto. 025