Revista ACIM - junho 2018

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PALAVRA DO PRESIDENTE

O Brasil não precisa parar... Mesmo tendo trabalhado desde o início

atendimento de saúde, transporte pú-

tidades, está cansada da velha política,

de janeiro, só a partir de maio o empresá-

blico e até aulas. A população também

do excesso de gastos públicos e da inefi-

rio e o trabalhador começarão a ganhar

enfrentou falta de gás, de alimentos e

ciência e gigantismo do Estado. Chega

dinheiro para eles próprios. É que antes,

até os animais sofreram, com milhares

de corrupção, de desperdício e de má

nos 153 primeiros dias do ano, o brasilei-

deles mortos por falta de alimentação.

gestão.

ro trabalhou para pagar impostos, que

Foi mais de uma semana de paralisação,

Isso não significa que os brasileiros não

somarão R$ 879 bilhões, segundo o Im-

o suficiente para causar o caos, com em-

devem clamar por mudanças. Pelo con-

postômetro. Isso torna o Brasil um dos

presas sem estoque, sem funcionários

trário, este ano traz renovação de espe-

países com a maior carga tributária do

por falta de transporte e mais uma série

ranças, afinal, é ano de eleger presidente

mundo e, lamentavelmente, sem a de-

de problemas.

da República, senadores, deputados e

vida correspondência na qualidade dos

E o que se viu foi uma população, por

governadores. É hora de cobrar políti-

serviços públicos. Não a toa há tanta ine-

certo período, solidária às reivindicações

cas públicas mais eficientes e a realiza-

ficiência na gestão de dinheiro público.

dos caminhoneiros, ainda que os pre-

ção das reformas, tão necessárias para o

E, claro, sobram reivindicações da popu-

juízos sejam incontáveis e ultrapassem

crescimento do país e que permitirão a

lação, como a paralisação dos caminho-

bilhões. No caso dos combustíveis, os

redução dos impostos. E depois de cum-

neiros. A greve, aliás, foi legítima, afinal

impostos representam cerca de metade

prida a missão de votar, os brasileiros

o custo com combustíveis, que foi uma

do valor final. O momento foi uma opor-

precisarão acompanhar os gestores pú-

das principais reivindicações da catego-

tunidade para se discutir em todas as ro-

blicos e continuar defendendo a bandei-

ria, tem alto impacto em toda a cadeia

das de conversas e grupos de Whatsapp

ra de um Estado mais eficiente e menor.

produtiva. Com a greve e milhares de

o tanto que o Estado brasileiro tem sido

caminhoneiros parados e sem o trans-

ineficiente ao longo dos anos.

porte de cargas, o Brasil parou. Por fal-

A população, como reforça um comu-

ta de combustível, foi preciso restringir

nicado emitido pela ACIM e outras en-

// Michel Felippe Soares é presidente da Associação Comercial e Empresarial de Maringá (ACIM) Revista ACIM /

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índice //

REPORTAGEM ENTREVISTA // 8

DE CAPA // 16

Produção // 24

30 “No meu caminho, ouvi de algumas pessoas que eu não seria capaz. Não acreditei, porque não são elas que vão falar o que é impossível. Se é impossível, tenho que descobrir sozinho”. A frase é do campeão olímpico Nalbert Bitencourt, entrevistado principal da edição

Apoio Intitucional

As vendas na concessionária New Agro cresceram mais de 40% no primeiro trimestre, comemora o diretor Mário Antônio Garibaldi Filho; confiantes na retomada da economia, empresários locais de vários segmentos investem milhões de reais em ampliação

Ao adotar manufatura enxuta, empresas reduzem estoque e desperdício de tempo e de recursos humanos; foi o que fez a Vedacubo Retentores, que diminuiu o tempo de produção e a fila de espera entre os clientes e aumentou o faturamento, diz o diretor Ronaldo Medeiros


mercado // 38

Copa do Mundo // 34

A Ativa Atacado começou a se preparar para as vendas de artigos para a Copa do Mundo em fevereiro, conta o gerente, Lucas Dias de Oliveira; com o campeonato mundial, lojistas já registram venda extra de TVs e bares terão programação especial

negócios // 42

Geisa Cristina Bruniera, da Don Supreme, produz bolos, doces, tortas, salgados e massa sem glúten e sem lactose; de olho em veganos e vegetarianos, há um mercado crescente de empreendedores, que inclui até uma recém-aberta indústria de cosméticos

Para ajudar um cliente, o Hangar 44, de Ronaldo Cechella, prestou atendimento na Argentina, a mil quilômetros de Maringá; empresas que comercializam produtos e peças para praticantes de motociclismo e ciclistas se esmeram no atendimento e em agradar os clientes

ano 55 edição 586 junho/2018 nossa capa: On7 fotos da capa: Ricardo Lopes e banco de imagens Revista ACIM /

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entrevista // Nalbert Bitencourt

A jornada de um líder O campeão olímpico Nalbert Bitencourt fala sobre os desafios de ser líder, como lidou com derrotas e arrisca um palpite sobre a Seleção Brasileira na Copa do Mundo // por Rosângela Gris

Liderança se aprende ou é nata? Ninguém nasce líder. Lógico que há pessoas com talento para liderança, Junho 2018

com pré-disposição a serem líderes, mas, na minha opinião, qualquer um pode se tornar líder. É mais uma questão de atitude e exemplo. Fui capitão da seleção por oito anos. Recebi a tarja de capitão aos 23 anos, dificilmente aos 23 anos alguém é um líder formado, ainda tem muito a aprender. Como foi a sua trajetória para se tornar um líder? Antes de mais nada você precisa ser exemplo, ter disciplina e ser visto com bons olhos. A partir disso, desenvolve outras qualidades que são importantes para o líder. Estar presente nos momentos de pressão e de dificuldades, na minha opinião, é muito importante. Nos momentos que vai tudo bem, principalmente no esporte, o líder não é tão necessário. Mas no momento da derrota e da pressão, o líder tem que se fazer presente e colocar sempre a equipe em primeiro lugar, jamais os objetivos individuais em função dos coletivos. Quem tem isso em mente está credenciado a conquistar a liderança. Liderança não se compra nem pega emprestado,

Ganhar uma medalha de ouro olímpica é o ponto máximo da carreira de qualquer atleta. Mas para Nalbert Bitencourt a conquista teve um sabor ainda mais especial. Em março de 2004, faltando cinco meses para os Jogos Olímpicos de Atenas, o atleta sofreu uma ruptura no ombro esquerdo e precisou correr contra o tempo para estar em quadra. Não à toa a experiência é o ponto alto da palestra ‘A Jornada de um líder’ que o ex-atleta ministra país afora. Em tom bem-humorado, ele detalha o doloroso e árduo processo de recuperação e superação. “Aquele sorriso ali foi só para a foto”, revela, aos risos, quando surge no telão da palestra feita na ACIM a imagem de um Nalbert à beira da piscina, em mais um dia de fisioterapia. Convidado para o lançamento da 8ª edição dos Jogos dos Jovens Empreendedores do Paraná (Jojep’s), no mês passado, o ex-atleta falou ainda da sua experiência como líder da Seleção Brasileira - por oito anos usou a tarja de capitão – e da trajetória profissional. O evento teve a realização do Copejem. Nalbert deixou o vôlei profissional em 2010. Foi o primeiro jogador campeão mundial em três categorias: infanto-juvenil (1991, aos 17 anos); juvenil (1993, aos 19 anos) e adulto (2002, aos 28 anos). Confira a entrevista:

conquista-se no dia a dia com atitude. Como líder e capitão da seleção, qual foi o momento mais delicado? Foram vários. Um deles foi quando perdemos as Olimpíadas de Sydney para a Argentina. Eu era capitão e precisávamos levantar a autoestima da equipe. Felizmente conseguimos fazer isso rapidamente e construir uma mentalidade vencedora. No Mundial de 2002 haviam questões importantes de time que tínhamos que resolver durante a competição, e minha presença era muito importante. Em 2003, no Pan-Americano, quando sofremos uma derrota inesperada [para a Venezuela], tivemos que transformar aquela derrota em algo positivo para a sequência do trabalho. Mas o momento mais difícil foi antes das Olimpíadas de Atenas, quando operei o ombro. Por causa da minha recuperação, não podia estar presencialmente exercendo a minha função de capitão, mas, mesmo dos bastidores, os jogadores tinham que sentir: ‘nosso capitão está aqui, não

Não acredite em quem fala que você não é capaz. No meu caminho, ouvi de algumas pessoas que eu não seria capaz. Não acreditei, porque não são elas que vão falar o que é impossível. Se é impossível, tenho que descobrir sozinho


Quem é? Nalbert Bitencourt O QUE FAZ? Ex-jogador de vôlei, comentarista esportivo e palestrante

Walter Fernandes

É destaque por? Campeão olímpico e mundial com a Seleção Brasileira de Vôlei

estamos desamparados’. Ainda assim, tinha que delegar e achar líderes que pudessem assumir o papel que eu fazia em quadra. Então também é função do líder investir na formação de sucessores? Sem dúvida. De qualquer maneira, quando você é exemplo e tem credibilidade inspira novos valores e líderes. E quando você inspira alguém de forma positiva, está formando, mesmo que indiretamente, um novo líder. Além disso, a palavra e a atitude dispensadas aos mais jovens em um momento importante são determinantes nessa função. A verdade é que, mesmo não estando presente, pode-se deixar um legado para outras gerações, e isso é muito valioso também. Na minha opinião, o último estágio de liderança, é quando sua marca reverbera na equipe, mesmo você não estando mais presente ou diretamente envolvido.

Qual o seu legado à seleção brasileira? Fui capitão de uma seleção que venceu tudo. Eu era só um símbolo, era o capitão em um time cheio de capitães. Tínhamos harmonia e poder de multiplicar os talentos individuais nas atuações coletivas. Talvez esse tenha sido o maior legado: de que vários bons jogadores podem formar um time excepcional. Em quais líderes você buscou inspiração? Cada um tem seu jeito de liderar e comandar, mas inspiração e mentores a gente sempre tem. Tive o exemplo do Carlão, que era o capitão da seleção quando cheguei. Era um cara extremamente determinado, que deixava a vida em quadra, tanto nos treinos quanto nos jogos. Outro foi o norte-americano Karch Kiraly, maior jogador de todos os tempos. Não tive contato com ele, mas suas atitudes como jogador me inspiravam muito,

queria ser como ele. Também tive o exemplo diário do Bernardinho. Falando em Bernardinho, em um momento crucial, você ouviu dele que não desistiria de você. O quanto isso foi importante na sua recuperação para as Olimpíadas de Atenas? O mais importante de todo esse processo foi ouvir que ele não ia desistir de mim. Em um momento como aquele, você precisa de apoio e de suporte. Na ocasião, estava extremamente fragilizado e temeroso, mesmo sendo um jogador forte, consagrado e de alto nível. Precisava de suporte para superar aquele momento e o primeiro apoio foi ele quem deu. Como aprendeu a superar as derrotas e a lidar com elas? Quando você é apaixonado, sente aquele frio na barriga e quer fazer Revista ACIM /

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” O quanto a coletividade é importante para alcançar o sucesso tanto no esporte como nas empresas? Estamos ligados a outras pessoas, e essas conexões são fundamentais. Quem entende que não está sozinho, que há sempre alguém para ajudar e para ser ajudado, certamente vai decolar porque quem sabe trabalhar em equipe multiplica os talentos e vê os resultados. Afinal, é mais fácil ter cinco pessoas pensando e vibrando na mesma direção do que uma só. Tem algum arrependimento na trajetória? Lógico que com a experiência e a cabeça que tenho hoje, não teria feito algumas coisas. Fiz algumas escolhas e tomei decisões que descobri depois que não eram as melhores. Mas faz parte da vida. Talvez me arrependesse ainda mais se não tivesse feito. Se não tivesse cometido esses erros, talvez tivesse sido até melhor, mas entendo que fiz tudo consciente, acreditando que a decisão era a correta naquele momento. Entre tantas conquistas, alguma foi mais especial? O título olímpico em Atenas [em 2004]. Por todo o drama vivido, que se transformou numa história de vida para mim. E o Mundial em 2002, porque ao vencer aquele campeonato me tornei o primeiro jogador na história a vencer três campeonatos mundiais em três categoriais. Essa é uma marca muito importante para mim. Junho 2018

cobrir sozinho. Enquanto achar que é possível, vou fazer. Temos que seguir em frente e não esmorecer com as dificuldades.

sempre o melhor, sabe que a derrota é só parte do processo. Não encara a derrota como fracasso, mas entende que dá para tirar muitas lições daquilo. Foi dessa forma que encarei várias derrotas. Foram duras e doídas? Com certeza. Mas e o próximo passo? O próximo passo é o mais importante para virar o jogo.

E como tem sido a experiência de contar sua trajetória para empreendedores? É muito legal. Sei que falo muita coisa que vai passar desapercebida, que a pessoa não vai lembrar. Mas se puder deixar uma mensagem para cada um, já terá sido uma jornada de êxito.

Posso muitas vezes não ter feito o melhor trabalho ou ter sido brilhante, mas o sentimento de que poderia ter feito melhor tive poucas vezes na vida, porque sempre me preparo e treino muito, independente do trabalho que vou desempenhar

Quando você jogava, sua rotina de treino era intensa. Como é agora na função de palestrante e comentarista? Tenho como lema: se você fizer mais ou menos, o resultado será mais ou menos. Tudo o que a gente se predispõe a fazer, tem que fazer com intensidade para que os resultados sejam os melhores. A pior coisa é quando se entrega um resultado e fica com a sensação de que poderia ter feito melhor, é o pior sentimento. Posso muitas vezes não ter feito o melhor trabalho ou ter sido brilhante, mas o sentimento de que poderia ter feito melhor tive poucas vezes na vida porque sempre me preparo e treino muito, independente do trabalho que vou desempenhar.

O esporte é para muitos, especialmente crianças, uma aposta para ter sucesso na vida. Que conselho dá para quem pensa em seguir carreira de jogador de vôlei? Treine e sonhe muito. Não desista com as derrotas que possam aparecer. Não acredite em quem fala que você não é capaz. No meu caminho, ouvi de algumas pessoas que eu não seria capaz. Não acreditei, porque não são elas que vão falar o que é impossível. Se é impossível, tenho que des-

Tem algum palpite para a Copa do Mundo? Acredito que o Brasil chega forte e com todas as possibilidades de ganhar. Pode até ser que não vença, porque em um campeonato com tantos times fortes, isso pode acontecer. E também porque o futebol é um esporte que, às vezes, mesmo jogando melhor o resultado pode ser adverso. Mas acredito demais no trabalho do técnico Tite e na camisa do Brasil. Essa é uma seleção forte, convicta e totalmente preparada para vencer, diferente daquela do 7 a 1 contra a Alemanha.



CAPITAL DE // GIRO

Walter Fernandes

Sleep Inn Maringá

Pertencente ao grupo Atlantica Hotels, o Sleep In Maringá começou a funcionar no final de abril. Localizado próximo ao Aeroporto Regional Silvio Name Júnior, o hotel se enquadra na categoria econômica. São 149 apartamentos, divididos nas categorias superior e standard, com opção para um ou dois hóspedes. O Sleep In Maringá também oferece opção para famílias com apartamentos conjugados. O hotel conta com academia e duas salas de reunião que acomodam oito pessoas cada. Por serem moduláveis, as salas podem ser adaptadas em uma só. A gastronomia do hotel é assinada pelo Della Re Buffet e Eventos e oferece café da manhã como cortesia, além de almoço e jantar. O Sleep In Maringá fica na avenida Doutor Vladimir Babkov, 565, e o telefone é (44) 3123-0000.

Iniciada a duplicação da Carlos Borges Já estão em andamento as obras de duplicação da avenida Carlos Borges, no Conjunto Borga Gato, em Maringá. A ordem de serviço foi assinada em 8 de maio pelo prefeito Ulisses Maia. O consórcio Extracon/Contersolo venceu a licitação com a proposta de R$ 12 milhões e é o responsável pela execução do projeto que envolve 3,2 quilômetros no trecho entre o cruzamento com a avenida Luiz Teixeira Mendes e a rua Pioneiro Exaltino Pereira Boa Sorte. O prazo de execução da pavimentação asfáltica, drenagem de águas pluviais, implantação de ciclovia e sinalização é de 420 dias. A duplicação da avenida ocupará uma faixa de 36 metros de largura. Serão duas pistas de nove metros, contendo duas faixas de rolamento e uma de estacionamento; canteiro central de oito metros; faixa de ciclovia e calçadas nas laterais das pistas. Haverá semáforos para transposição da via nos cruzamentos e retornos, além de binários com pontos de ligação nas vias paralelas.

Junho 2018


Divulgação

Mil cartas de crédito A Noroeste Garantias chegou a mil cartas de garantia concedidas. O montante garantido em operações de crédito passou de R$ 37 milhões. Empresários atendidos em 63 municípios da região podem requisitar aval para empréstimos de até R$ 100 mil. E, com isso, as instituições financeiras credenciadas cobram menos juros pela operação, já que em caso de inadimplência, quem paga é a Noroeste. O tíquete médio das operações é de R$ 35 mil. Cerca de 70% dos projetos têm aprovada a emissão da carta de garantia. Para recorrer à instituição, o empresário precisa pagar apenas uma taxa única de filiação, conforme o porte da empresa, a partir de R$ 110. Hoje a Noroeste Garantias é a segunda sociedade garantidora de crédito do Brasil, de um total de 11, em número de operações. O fundo garantidor soma R$ 15 milhões aportados pelo Sebrae e Sicoob. A sede da Noroeste fica no prédio da ACIM.

Expoingá supera edição passada A 46ª edição da Expoingá, feira agropecuária realizada de 3 a 14 de maio, atingiu R$ 569 milhões em negócios e recebeu 625 mil visitantes. Com um dia a mais de programação, o volume financeiro da feira cresceu 25% e o público aumentou 10%, na comparação com 2017. Neste ano, houve participação de 1.386 expositores. Além da Feiarte, que trouxe artesanato de 12 países, a Feira trouxe 32 shows com artistas nacionais e atrações como o Museu do Videogame. O segmento de indústria e comércio contou com sete revendas de automóveis e seis de máquinas e implementos agrícolas. Cooperativas da região e quatro instituições financeiras também marcaram presença. Durante a feira, foram realizados 146 eventos, incluindo encontros, seminários, fóruns, debates, workshops, cursos e oficinas, atingindo diversos públicos. Nos dias em que não houve cobrança de ingresso, mais de 60 toneladas de alimentos e 46 mil itens de higiene pessoal e agasalhos foram arrecadados. Divulgação

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AEN

CAPITAL DE // GIRO

Comando Regional da PM tem nova sede O 3º Comando Regional da PM (3º CRPM) ganhou nova sede em Maringá. O prédio, construído em um terreno doado pelo Centro Universitário de Maringá (Unicesumar), foi inaugurado em 4 de maio. O imóvel abriga os setores administrativos que coordenam a atuação de sete unidades operacionais da PM subordinadas ao comando, responsável pelo atendimento a 1,5 milhão de pessoas de 116 municípios paranaenses. “Isso significa mais conforto e mais qualidade para os policiais que trabalharão aqui. Além disso, a unidade tem mais espaço e condições até para receber os prefeitos e políticos da região”, destacou a comandante-geral da Polícia Militar, coronel Audilene Rosa de Paula Dias Rocha, na solenidade de inauguração.

Líder de empregos no interior Maringá abriu 2.281 vagas com carteira assinada no primeiro quadrimestre. Só em abril, foram gerados 517 postos de trabalho, como resultado de 6.030 admissões e 5.513 demissões. O saldo alcançado pela cidade entre janeiro e abril foi o melhor do interior do Paraná. Apenas Curitiba, com a criação de 7.872 vagas, teve melhor desempenho, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego. O setor de serviços, com 1.607 novas vagas, é o que apresentou melhor desempenho no acumulado do ano, representando 70% do total, seguido pela construção civil (17%) e o comércio (9%). “Estes são os setores que ficam entre os mais representativos no PIB de Maringá. No Brasil, cerca de 76% do PIB nacional é do setor de serviços, sendo também o maior gerador de empregos formais do país”, diz a diretora executiva do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá (Codem), Juliana Franco Afonso.

Maringá Mais Segura Iniciativa do Núcleo de Segurança Eletrônica, da ACIM, está funcionando na cidade o projeto Maringá Mais Segura. O serviço oferecido por empresas do núcleo é voltado a moradores e comerciantes que desejam compartilhar câmeras de vigilância instaladas na fachada do comércio ou na frente da casa. Além de acompanhar as imagens, os vizinhos podem enviá-las para os outros por meio de um aplicativo, e o conteúdo fica à disposição das polícias Civil e Federal. Lançado no início do ano, o projeto conta com quase 200 câmeras instaladas, mas até fim do ano mais de dois mil equipamentos devem estar em uso. A expectativa é que nos próximos meses a Guarda Municipal e a Polícia Militar de Maringá também façam uso das imagens. O serviço pode ser contratado por vizinhos, no mínimo dois, custando R$ 50 por mês, sem investimento de instalação. Os usuários recebem login e senha para acessar a plataforma pela internet. As imagens ficam armazenadas em nuvem por um período e podem ser baixadas. Junho 2018


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reportagem // CAPA

À espera de dias melhores, empresas retomam investimentos Indústria, shopping e hotel estão entre os setores que estão investindo milhões de reais em ampliação de olho na retomada econômica; melhora das cotações das commodities traz ânimo extra para concessionárias // por Rosângela Gris Walter Fernandes

// 200 postos de trabalho Com a desocupação de imóveis vizinhos, Reginaldo Navarro decidiu ampliar o shopping Center Brasil, que ganhará 70 lojas; ele também investiu na ampliação do CIC HM Junho 2018


Walter Fernandes

// Mercado está estável No ápice da crise, Roni Silva, da Natural One, abriu uma loja em Londrina e em abril inaugurou a terceira loja em Maringá

O cenário é, sim, bem diferente ao de dois anos atrás, quando o país estava afundado na pior recessão econômica da história. Mas ainda muito longe do desejado. Os indicadores de atividade econômica dos primeiros meses de 2018 ficaram abaixo do previsto, apontando para uma recuperação mais lenta do que o esperado. As projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) passaram a ser revisadas para baixo, e o próprio governo reduziu de 2,97% para 2,5% a previsão de crescimento da economia este ano. No mês passado, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, surpreendeu o mercado financeiro ao anunciar a manutenção da taxa de juros em 6,5% ao ano. Com a medida, o Copom colocou fim a um ciclo de 12 cortes consecutivos na Selic, que se iniciou em outubro de 2016 – na época, a taxa chegou a 14,25%. E embora o saldo de empregos formais no Brasil nos quatro primeiros meses deste ano ultrapasse 330 mil vagas, o índice de desemprego ainda é elevado, afetando a confiança e o consumo. Ainda assim, há aqueles que veem o ‘copo meio cheio’ e se preparam para os dias melhores – que, certamente, virão. Em Maringá, os sinais desse otimismo se traduzem na forma de investimentos em expansão e remodelação dos negócios, na abertura de unidades, aumento de produção e geração de novas vagas de empregos. O empresário Reginaldo Calefi Navarro faz parte des-

se grupo. Quando os imóveis vizinhos foram desocupados – consequência da recessão econômica – ele viu uma oportunidade. “Era aquele o momento. Quanto tempo poderia levar para que esses espaços ficassem vagos novamente? Possivelmente anos. Não poderia deixar passar”, diz sobre a decisão de locar a área vaga para ampliar em dois mil metros o Shopping Center Brasil, localizado na região central de Maringá. Com previsão de conclusão entre julho e agosto, a obra disponibilizará 40 novos espaços no térreo do shopping – área reservada para o varejo. No mezanino serão mais 30 espaços voltados para o setor de serviços. “Do total dessa nova área, 70% está negociada para locação”, revela Navarro, que é administrador e sublocatário do shopping onde, atualmente, estão instalados 120 lojistas em 200 espaços. Sem revelar o custo do projeto de ampliação, Navarro diz que parte do investimento foi feito com recursos próprios. O restante veio de financiamento com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Foi onde encontrei as taxas mais atrativas e que cabiam no orçamento”, explica. Essa também foi a estratégia adotada pelo empresário para a execução do projeto de ampliação do Shopping CIC HM em cerca de mil metros quadrados. O prédio, que Revista ACIM /

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reportagem // CAPA Walter Fernandes

// Conclusão no início de 2019 Shopping Avenida Center está recebendo R$ 10 milhões de investimentos, entre a praça de alimentação e cinema; na foto o superintendente Wesley Barreto Lima

fica na rua Santos Dumont, ganhou recentemente 20 novos espaços, alguns ainda ociosos. “Por causa da localização, a ociosidade no CIC HM costuma ser um pouco maior”, diz. Ainda assim, ele mantém o otimismo. “Estimativas econômicas diziam que começaríamos a sair da crise em 2018, retomaríamos o crescimento e chegaríamos bem em 2020. Estou me preparando para dias melhores”, destaca o empresário. “Fiz o investimento no Center Brasil por uma questão de oportunidade. Já no CIC HM, que é um imóvel próprio, fiz por acreditar na recuperação da economia”, completa. O grupo liderado por Navarro administra, além do CIC HM e Center Brasil, outros dois shoppings varejistas: o Moda Shopping e Bazar Shopping. Juntos, os empreendimentos geram 1,2 mil empregos diretos. Com as expansões recentes, a expectativa Junho 2018

é de abertura de 200 novos postos de trabalho. Nova loja Há cerca de dois meses, a Natural One entrou para a lista de grifes presentes no Maringá Park. Inaugurada no início de abril, a loja é a quarta do empresário Roni Silva, sendo a terceira em Maringá. Há pouco mais de dois anos, a marca também abriu uma unidade no shopping Catuaí em Londrina. “Surgiram oportunidades e aproveitamos”, resume o empresário, ao comentar a decisão de inaugurar duas unidades em períodos de recessão e estagnação da economia brasileira. “Entre 2014 e 2016 não era uma época favorável, mas abrimos a loja em Londrina porque devido à instabilidade econômica, conseguimos condições melhores para essa ampliação”.

No caso do Maringá Park, pesou também o prestígio do shopping, conhecido pela baixa vacância. “Fazia tempo que queríamos estar lá, mas era difícil aparecer um espaço com as condições adequadas. No ano passado surgiu”, conta o empresário. A loja esportiva fica no primeiro piso, próxima às escadas de acesso ao estacionamento. Também é passagem quase obrigatória para quem entra pela porta principal e acessa a escada rolante para os pisos superiores. Outro ponto que contou a favor da abertura do novo empreendimento foi o fluxo e perfil dos consumidores do shopping, voltado ao público AB. “Dentre o mix ofertado nas outras lojas, selecionamos as marcas e os produtos que atendam esse perfil até para não atrapalhar nossa outra loja que está a 400 metros de distância”, diz, referindo-se à unidade do Avenida Center, que está há 15


Divulgação

// Primeira etapa foi concluída Investimentos na expansão e revitalização do Svhopping Cidade somam R$ 30 milhões, o que inclui nova fachada, novos sanitários, fraldário e melhorias na praça de alimentação

anos no mercado. Embora o cenário ainda não seja o esperado, Silva avalia que 2018 trouxe melhora e ao menos estabilidade. “Teve o momento de queda e agora estabilizou. A ecovnomia ainda não reagiu da forma que imaginávamos. A retomada do crescimento está lenta., mas o mercado está estável”, diz. Silva diz que, apesar do pouco tempo, a avaliação do desempenho da loja de Maringá Park é positiva. “Está dentro do nosso planejamento”, afirma o empresário que, para divulgar a nova loja, usa as mesmas estratégias das demais. “A nossa divulgação é basicamente em rede social. É o canal que tem dado resultado com o nosso público”. O proprietário da Natural One ensina que o caminho para o sucesso é acompanhar o mercado. “Penso como consumidor, consulto índices econômicos, analiso o cenário do

meu negócio e a concorrência. É preciso estar sempre atento para fazer o negócio dar certo”, ensina. Inovação e renovação Em breve os clientes do Shopping Avenida Center terão mais opções na praça de alimentação. Pelo menos sete novas operações gastronômicas estão previstas para os próximos meses. “Não posso revelar os nomes, mas posso adiantar que são marcas renomadas e algumas aguardadas em Maringá”, afirma o superintendente Wesley Barreto Lima. As novas operações fazem parte do projeto de inovação e renovação do shopping. Estão previstos investimentos de R$ 10 milhões nas adequações em execução há alguns meses e que devem ser concluídas no começo de 2019. “Normalmente a concepção é que na crise é preciso recuar. O shopping

entende que é preciso se preparar para quando houver uma melhora na economia. Por isso, iniciamos há alguns meses a remodelação e temos um planejamento de melhorias para os próximos cinco anos”, revela o superintendente. Entre as mudanças executadas estão a ampliação e a remodelação da praça de alimentação. O espaço gastronômico ficou maior com a ‘incorporação’ da área antes destinada ao varejo. “Não teve aumento de área construída. Readequamos espaços onde tinham lojas para ampliar a praça de alimentação, já que o setor de serviços está entre os que mais crescem e geram empregos”, explica Lima. Além da reforma estrutural, foi desenvolvido novo conceito visando dar mais conforto e comodidade aos clientes que, agora, contam com espaço para recarga de celular. Em Revista ACIM /

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reportagem // CAPA Walter Fernandes

// 2,5 mil pontos de venda Recco Lingerie instalará nova fábrica em Munhoz de Mello, aproveitando profissionais que perderam o emprego lá durante a crise; na foto, a analista Mariana Sabaine Pinheiro

breve, também terão à disposição o serviço de wi-fi em toda a área do shopping – atualmente restrito ao piso superior. As salas de cinema foram reformadas e agora há opção de sala VIP. “Queremos oferecer aos consumidores uma experiência que integre compras, cultura, lazer, gastronomia e entretenimento”, resume Lima. Expansão e revitalização Assim como o Avenida Center, o Shopping Cidade Maringá está em obras. A primeira etapa do projeto de expansão e revitalização foi concluída em dezembro. Melhorias também foram feitas em sanitários e fraldário, possibilitando a abertura do Espaço Família. O novo acesso pela avenida Colombo e a nova fachada são outros destaques. A atual etapa da construção se concentra na praça de alimentação, Junho 2018

que ganhará novos piso, iluminação, decoração e lojas. “Esse conjunto de melhorias proporcionará um novo momento para o shopping e novas experiências para os clientes”, explica a superintendente Edilene Dimov. Ao todo, os investimentos somam R$ 30 milhões. Hospedagem e eventos Inaugurado em 15 de maio, o Nobile Suítes Maringá reforça a posição da cidade de polo econômico. “Acreditamos no crescimento e desenvolvimento de Maringá pelo seu potencial, estrutura e qualidade de vida”, destaca o arquiteto Talles Mesquita, do Grupo Concretiza, sem revelar o valor do investimento. Entre diretos e indiretos, o hotel gerou 100 empregos. O empreendimento levou dois anos e sete meses para ser erguido na PR-317, na saída para Campo Mourão. São 126

apartamentos, divididos nas categorias superior, luxo e master. Há opção de quartos conjugados para as famílias. Projetado dentro das normas de acessibilidade, o hotel é totalmente adaptado a pessoas com deficiência. A gastronomia é assinada pelo Restaurante Maia’s, que oferece culinária tanto no room service como nas refeições coletivas no café da manhã, jantar e almoço. Os hóspedes dispõem ainda de piscina e estacionamento gratuito. O diferencial é a área de eventos, composta por seis salas com capacidade para 280 a 800 pessoas. O Nobile Suítes oferece serviço especializado, com equipe para a organização desde pequenas reuniões de negócios, passando por seminários e coquetéis, bem como eventos sociais como casamentos e confraternizações.


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Junho 2018

Walter Fernandes

Fabricação ampliada No caso da Recco Lingerie não foi o otimismo em relação ao futuro que fez a diretoria investir na abertura de uma nova fábrica. “A empresa sentiu a necessidade de expandir a produção por causa da demanda pelos nossos produtos”, explica a analista de Recursos Humanos, Mariana Sabaine Pinheiro. Já a escolha de Munhoz de Mello como sede da nova unidade está ligada aos reflexos da crise, uma vez que muitas facções fecharam as portas nos dois últimos anos por causa da recessão econômica. “Fizemos um estudo e identificamos lá tanto mão de obra qualificada desempregada como imóveis com infraestrutura adequada. Alugamos um espaço, fizemos adequações e estamos em fase de montagem de estrutura”, diz a analista. O processo de seleção de 12 colaboradores que vão atuar na fábrica também está praticamente concluído. Antes de iniciar as atividades, possivelmente até o fim deste mês, o grupo deve passar por treinamento. “As peças fabricadas vão completar a produção da matriz para atender tanto o mercado nacional quanto o internacional”, diz Mariana. A Recco Lingerie conta com 25 lojas próprias, mais de 2,5 mil pontos de venda, franquias e representantes espalhados pelo país, além de exportar para mais de 15 países. De acordo com Mariana, a empresa não precisou fazer cortes no quadro de colaboradores mesmo no auge da crise – o grupo tem atualmente 650 profissionais, sendo que 400 estão na linha de produção. “Nossas vendas ficaram estáveis. O que ocorreu foi que alguns clientes compraram menos neste período de crise, mas não deixaram de comprar”, afirma a analista, atribuindo essa estabilidade à qualidade dos produtos da Recco.

// Depois de anos de queda Mário Antônio Garibaldi Filho, da New Agro: “estamos vendendo cerca de dez colheitadeiras e 20 tratores por mês”

Euforia no campo reflete nas concessionárias Enquanto uns setores ainda esperam por dias melhores, há aqueles que têm muito a comemorar, como o mercado de máquinas e implementos agrícolas. Na concessionária New Agro, em Maringá, as vendas no primeiro trimestre de 2018 cresceram mais de 40% no comparativo com período igual de 2017. “Estamos vendendo cerca de dez colheitadeiras e 20 tratores por mês”, comemora o diretor comercial, Mário Antônio Garibaldi Filho. Depois de três anos consecu-

tivos de queda, o setor retomou a curva de crescimento no segundo semestre de 2017. O clima ruim ficou para trás graças à colheita excepcional das principais culturas no ano passado. “Com a alta dos preços das commodities, especialmente da soja, os produtores voltaram a investir em tecnologia no intuito de reduzir custos operacionais e com pessoal. Essa é uma tendência mundial, o Brasil é que está um pouco atrasado”, diz Garibaldi Filho. Além da boa rentabilidade dos


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// 42 picapes na Expoingá Ford Center vendeu 25% a mais desde o início deste ano, segundo o gerente Alex Antônio da Silva

grãos – a saca de soja está cotada a R$ 76 e a de milho a R$ 32 -, os produtores têm à disposição linhas de financiamento com taxas atrativas. “O governo sempre ajuda por meio do BNDES”, ressalta o gerente da New Agro. A euforia só não é maior porque o movimento de clientes na concessionária diminuiu um pouco no último mês. O gerente atribui essa queda à preocupação com o milho safrinha, afetado pelas condições climáticas. “Como não choveu o suficiente, haverá uma quebra. E por isso alguns produtores colocaram o pé no freio”, comenta. Veículos novos Quem também tem motivos para comemorar - após uma sequência

negativa - é o setor automotivo. O volume de vendas de veículos novos no Brasil registrou no primeiro trimestre de 2018 crescimento de 12% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Em algumas concessionárias o desempenho foi bem mais significativo, como na Ford Center. O gerente de Vendas Diretas, Alex Antônio da Silva, calcula aumento médio de 25% no volume de negócios fechados desde o início do ano. “Só na Expoingá vendemos 42 picapes”, comemora, referindo-se à participação da empresa na feira agropecuária realizada em maio no Parque de Exposições Francis-

co Feio Ribeiro, em Maringá. O bom momento de vendas também está relacionado à safra agrícola recorde e à queda da taxa de juro. Outro fator importante foram as mudanças feitas pelo governo na modalidade PCD. Pessoas com deficiência agora podem pedir pela internet a isenção de tributos na compra do carro zero. Antes para solicitar os descontos dos impostos sobre Produtos Industrializados (IPI) e sobre Operações Financeiras (IOF), era necessário ir a uma unidade da Receita Federal. “Com essa facilidade, as vendas dessa modalidade cresceram 30% aproximadamente”, revela o gerente, confiante que a curva crescente se manterá nos próximos meses.

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Produção // Walter Fernandes

// Desperdício pequeno Produção exagerada de estoque prejudicou o fluxo de caixa e a entrega dos produtos da Vedacubo; problemas foram resolvidos com a implantação de manufatura enxuta, segundo Ronaldo Medeiros

Manufatura enxuta para maximizar resultados Empresas que adotam conceito de produção que surgiu na Toyota comemoram resultados; redução de estoque, desperdício de tempo e de recursos humanos estão entre os ganhos de quem adota a metodologia // por Fernanda Bertola Com o mercado interno a todo vapor em meados de 2010 e a demanda crescente, na Vedacubo Retentores não se pensou em outra coisa: investir e contratar mais mão de obra para ampliar o estoque. A estratégia, no entanto, mostrou-se um engano para a empresa que fabrica peças de vedação, implementos agrícolas e equipamentos industriais, A Vedacubo, fundada em 1992, viveu o ápice da dificuldade em 2013. A produção focada em gerar estoque fez o setor comercial tirar o pé do acelerador e o lead time, que era o grande diferencial da empresa, tornou-se um complicador. O consumidor, que recebia o pedido em até uma semana, passou a enfrentar uma fila que beirou os 30 dias. “O departamento comercial alegava que não conseguia vender mais e a produção alegava dificuldade de Junho 2018

entrega. A empresa investia em máquinas e gente, mas não adiantava. O fluxo de caixa estava estourado e só enxugávamos gelo”, conta o diretor Ronaldo Medeiros. O quase colapso foi resolvido com a implantação de uma filosofia de gestão disseminada na indústria: o lean manufacturing, ou manufatura enxuta, que ajuda evitar desperdícios. A implantação aconteceu entre 2013 e 2014, após a contratação de uma consultoria. A mudança foi drástica. Antes para compensar o tempo de troca de matrizes para a fabricação de itens, ordenava-se a fabricação de 5 mil peças quando a necessidade era 1 mil. Depois a formação de estoque saiu de cena – além disso, o processo produtivo ganhou agilidade com esquema semanal e instalação de painéis. “Vale mais


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// Mão de obra “Pior do que não usar pessoal qualificado, é utilizar pessoas com qualificação em processos que não exijam suas expertises”, pontua o consultor Paulo Uchikawa

a pena trocar mais vezes as matrizes para produzir peças vendidas do que gastar tempo e dinheiro fabricando estoque, que perdia lucratividade parado”, diz Medeiros. Em menos de um mês, o faturamento aumentou cerca de 50% e o tempo de espera diminuiu para 15 dias, chegando a dez, após 60 dias, até voltar a sete dias ou menos, dependendo do produto. Passou até a ‘sobrar’ tempo no chão de fábrica, o que exigiu mais do setor comercial, que foi remodelado. “Diminuíram a pressão no fluxo de caixa e a compra de matéria-prima por mês. Também reduzimos o quadro de 56 para 30 funcionários”, comenta Medeiros. Para o diretor, se não fosse a manufatura enxuta, a empresa teria se tornado insolvente na crise. “Com o sistema implantado, conseguimos nos adequar rápido às mudanças. Como o desperdício é muito pequeno, isso nos permite remanejar e flexibilizar preços. No método antigo,

fatalmente teríamos falido.” Atualmente, a empresa passa por um processo de melhoria contínua. Já é possível formar o que Medeiros chama de pulmão de produtos, sem sufocar a produção. “Mantenho um pulmão de 10% dos produtos mais procurados para atender alguns clientes. E trabalhamos com estoque intermediário de itens semiacabados”, explica. Conceito e métodos As principais características da fábrica da Toyota na fase de recuperação do Japão, após a Segunda Guerra, eram mão de obra multifuncional e qualificada, flexibilização da mecanização, controle visual e de qualidade na produção, fabricação apenas de itens necessários e uso de pesquisas de mercado. “Tudo o que estamos fazendo é observar uma linha do tempo, a partir do momento que o cliente nos faz um pedido até o ponto em que coletamos o pagamento. E estamos reduzindo essa linha do

tempo, removendo os desperdícios”. Esta é uma das citações do principal responsável por aquele conceito, o Sistema Toyota de Produção (STP), o executivo e engenheiro Taiichi Ohno. O STP ganhou adeptos no mundo. No fim da década de 1970, foi introduzido nos Estados Unidos, onde surgiu o termo lean manufacturing popularizando o conceito. Segundo o consultor, superintendente de uma fábrica de uniformes e mestre em Desenvolvimento de Processos, Paulo Uchikawa, a implantação do lean pode ser simples se houver mudança comportamental na empresa. Dos operários à diretoria, todos precisam estar envolvidos. O conceito implica desenvolvimento de comportamentos profissional e pessoal para a determinação de metas e controle de desempenho. É preciso seguir cinco princípios: valor; identificação do fluxo de valor; fazer com que o valor identificado flua; deixar que o consumidor Revista ACIM /

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Produção //

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// Com ajuda de softwares Ao adotar aspectos da manufatura enxuta, Ciaseg diminuiu desperdícios de atendimento, tempo de resposta de assistência especializada e inadimplência, na foto o diretor Clodoaldo de Rossi

puxe o valor; e esforço pela perfeição. “Fluxo de valor é uma maneira simples de explicar o necessário a ser feito na execução de uma tarefa, em que o tempo e os recursos são administrados eliminando os desperdícios e maximizando os recursos”, diz Uchikawa. Pelo lean, oito desperdícios são controlados: superprodução, tempo de espera, transporte, excesso de processamento, estoque, movimento, defeitos e recursos humanos. O consultor explica que é preciso parar a produção desnecessária e não deixar recurso parado, transportar e movimentar o necessário no menor tempo possível, eliminar estoque que não gera fluxo de valor e itens de segunda qualidade, bem como utilizar adequadamente os recursos humanos. “Na última década, tem-se tratado desse oitavo item com muita importância. Pior do que não usar pessoal Junho 2018

qualificado, é utilizar pessoas com qualificação em processos que não exijam suas expertises, de tal maneira que não agregam valor ao sistema”. Ressalta-se que o lean conta com etapas de melhoria, como análise contínua (kaizen), produção com ferramentas de controle (kanban) e processos à prova de falhas (poka-yoke). Tecnologia A gestão no Grupo Ciaseg, há 11 anos no mercado, é baseada em vários aspectos da manufatura enxuta, como fluxo de valor, identificação de processos necessários para criar valor, ajuste de processos do fluxo para que se tornem naturais às pessoas da organização e só produzir quando houver demanda do cliente. A aplicação é viabilizada principalmente por meio de um software que integra as gestões financeira e operacional. A ferramenta foi adotada há seis

anos, quando o serviço de segurança eletrônica passou a ser oferecido. No entanto, os relatórios emitidos ajudaram a evitar uma série de desperdícios somente a partir de 2016. É que, antes disso, a demanda crescente mascarava lacunas. “Por meio dos relatórios do software é possível identificar problemas do sistema de monitoramento do cliente e histórico financeiro, controlar a frota e acompanhar os indicativos da atividade operacional, proporcionando correções preventivamente. O foco é a melhoria contínua”, explica o diretor Clodoaldo de Rossi. Olhando com mais atenção para as informações do software foi possível enxugar o quadro antes de o custo fixo ficar maior que a receita, no período de crise. A empresa reduziu o número de funcionários para 25, sendo dez terceirizados. “Ficamos com os melhores colaboradores e


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// Combate à perda de tempo Eduardo Borin, da Dinâmica Lavanderia Industrial: lá a eficiência das lavadoras e secadoras aumentou 15% e em vez de fichas técnicas, equipes usam painel eletrônico

investimos continuamente em treinamento. Há reciclagem a cada 60 dias. Abriu-se um leque de responsabilidades e atribuições internas, gerando mais oportunidades de crescimento, sem sobrecarregar as equipes”, diz Rossi. Outra consequência tem a ver com situações de alarme falso. O próprio monitoramento em tempo real, que faz parte do serviço de segurança eletrônica, aliado aos recursos do sistema de câmeras, permite identificar se foi o cliente quem o disparou o sem intenção. “Não fossem as imagens ao vivo, teríamos que deslocar um agente para confirmar o motivo do disparo, que na maioria das vezes não é necessário. Assim, paro de deslocar à toa e gero redução de custo”, explica Rossi. Com isso, a média de deslocamentos por dia para atender disparo de alarmes caiu de 30 para 13, em dois anos.

O tempo de resposta para a resolução de problemas dos clientes no primeiro contato tornou-se quase imediato. Já para o atendimento mais complexo, que demanda investigação de assistência especializada, o tempo caiu de 48 para 24 horas. Um dos reflexos disso é baixa evasão, que não passa de uma a cada dois meses, considerando que a carteira ultrapassa mil clientes. Além disso, o software ajuda a lembrar os clientes sobre o vencimento, o que fez a inadimplência que era 8% não passar do atual 0,5%. Aumento da eficiência Na Dinâmica Lavanderia Industrial, a aplicação de preceitos do lean resultou no aumento da eficiência das lavadoras e secadores em cerca de 15%, diminuindo o custo da produção. Segundo o sócio e gerente, Eduardo Borin, os equipamentos

estavam trabalhando em eficiência reduzida porque a limpeza dos filtros não estava sendo realizada conforme necessário. “O problema foi identificado e corrigido quando iniciamos uma etapa de levantamento do processo produtivo. Se antes um processo levava uma hora, reduzimos para 50 minutos e produzimos mais peças”, diz. Outras ações que não estavam no planejamento inicial foram adotadas. Borin conta que a equipe trabalhava com fichas técnicas e, atualmente, guia os procedimentos de manutenção por painel eletrônico. “Era uma perda de tempo dos operadores. Quando terminava uma operação, eles tinham que ir à sala de controle para saber a próxima etapa”. O lean já havia sido implantado em outras unidades do grupo do qual a Dinâmica Lavanderia Industrial faz parte. Revista ACIM /

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informe especial //

O interior do Brasil vai ao Vale do Silício A região é considerada a “meca da tecnologia” e atrai comitivas de empresários do mundo inteiro. A RGK4IT, de Maringá, colhe frutos positivos após organizar uma missão empresarial que visitou as empresas Riverbed, Meraki, NetApp e Cisco Systems // por Dirceu Herrero

Entre os parceiros comerciais da RGK4IT, no Vale do Silício, está a Cisco, que integra o Top 3 das 100 principais empresas de tecnologia em nível global

Centenas de instituições como universidades, federações, sindicatos e associações levam, anualmente, milhares de brasileiros ao Vale do Silício, nos Estados Unidos. A meca da tecnologia atrai pessoas em busca de mudanças de mindset e do aprendizado com as empresas mais disruptivas do planeta, como Apple, Google e Facebook. Seguindo este exemplo, a empresa de tecnologia RGK4IT, de Maringá, organizou a “Missão Vale do Silício”, com 22 pessoas, entre diretores da própria corporação e, principalmente, clientes, potenciais clientes e parceiros comerciais. Foram quatro dias intensos de visitas aos EBCs (Executive Briefing Centers) das empresas Riverbed e Meraki, em São Francisco; NetApp, em Sunnyvale; e Cisco Systems, em San José. Segundo o diretor institucional da RGK4IT, Antonio Carlos Ghizzi Rogoski, a escolha dos destinos foi baseada nas parcerias da empresa nos Estados Unidos. “Nosso objetivo foi o de proporcionar novos conhecimentos aos empresários e executivos sobre tecnologias disponíveis no mercado e que nós disponibilizamos em nosso portfólio de produtos e serviços. Com isso, buscamos romper a barreira cultural de que Maringá não pode prover o mercado com soluções altamente inovadoras”, frisa Rogoski. Tecnologias Entre as tecnologias e produtos apresentados está o SteelHead, otimização wan, da Riverbed, que permite acelerar o acesso a aplicações em até 100 vezes, reduJunho 2018

zindo o uso de banda em até 95%. A empresa também apresentou o SteelCentral, uma ferramenta de análise que mede a experiência do usuário desde o momento do click até o retorno da informação. Com isso, é possível diagnosticar rapidamente gargalos ao longo de todo o processo. Na Meraki, a missão empresarial conheceu a gama de produtos da fabricante (câmeras, firewalls, switches e access-points). Na visita, foi apresentado o case da Starbucks que hoje oferece wi-fi de qualidade para que seus clientes se sintam confortáveis e dessa forma passem mais tempo no ambiente, o que indiretamente leva ao consumo. Segundo Rogoski, a Meraki é uma empresa jovem que tem um modelo de soluções aderente a bancos e franquias que necessitam padronizar suas ferramentas. “Ela atua em um nicho específico de inovação para empresas que querem tecnologia, resultados e segurança, já que durante e após a implantação da solução não existe a necessidade de um técnico altamente especializado”. Empresa - Cidade A comitiva visitou a Cisco e todos ficaram impressionados com o porte dos 32 prédios altamente modernos da empresa. A Cisco proporcionou aos maringaenses informações e contato com seu portfólio de produtos de segurança que possibilitam a realização da análise retroativa e em tempo real de um ataque. “O cliente que tem acesso a esse tipo de solução não retrocede em ter-


Paulo Garcia, do Grupo Benner, diz que na viagem conheceu inúmeras soluções e ferramentas que resolvem os problemas de forma simples Rogoski, em frente à NetApp: “A RGK4IT é uma prova de que Maringá pode prover o mercado com soluções altamente inovadoras”

mos tecnológicos”, explica Rogoski. A Cisco também apresentou ferramentas de colaboração que, “com um conjunto de serviços compartilhados e avançados aplicativos, oferecem uma experiência de cooperação consistente e superior, independente do dispositivo, conteúdo, local e do estilo de interação”. Há monitores que podem ser acionados por meio de gestos dos participantes de uma conferência. A ferramenta nasceu da própria necessidade da Cisco para reuniões de trabalho dos seus funcionários espalhados pelo mundo. A NetApp, autoridade na gestão de dados, também surpreendeu pelo portfólio, funcionalidade dos seus equipamentos e softwares e pela visão apresentada sobre o “mercado de dados”, hoje o recurso mais valioso das empresas. Ao ser questionado “se santo de casa faz milagres”, Rogoski prefere falar em trabalho e tecnologia de ponta. “Tudo o que estas grandes empresas do Vale do Silício apresentaram nesta viagem, nós temos condições de oferecer por meio de parcerias e do trabalho honesto e competente dos nossos talentos”, frisa.

Para Rafaela Campos, presidente da SBM, a viagem mostrou a importância dos cuidados com a infraestrutura de TI e o quanto ela é estratégica para o crescimento sustentável das empresas

Menos noites mal dormidas Paulo Garcia Junior, diretor de desenvolvimento do Grupo Benner, classifica a visita ao Vale do Silício como uma das “melhores oportunidades” de sua vida profissional. Para ele, o mais importante “foi tomar ciência de quantas soluções e ferramentas existem no mercado para resolver problemas de forma simples. São falhas que muitas vezes tiram as noites de gestores e executivos que precisam manter operações gigantescas em pé 24 horas por dia”. O gerente de TI da Usina Santa Terezinha, Sérgio Galinari, diz que o conhecimento de novas tecnologias não foi importante apenas para atender as necessidades atuais da empresa. “Acima de tudo, baseados no

que nos foi apresentado pelos diversos parceiros visitados, sabemos que agora podemos arriscar mais em projetos futuros”, vislumbra. Giuliano Jacomini Machado, coordenador de TI da Romagnole Produtos Elétricos S.A, classificou a viagem como “impactante” e que possibilitou a criação de “grande network com outros clientes e fornecedores”. A presidente da Software by Maringá e CEO da Accellog, Rafaela Campos Benatti, diz que a viagem clareou a importância dos cuidados com a infraestrutura de TI e o quanto ela é fundamental e estratégica para o crescimento sustentável, podendo inclusive ser fonte de vantagem competitiva para empresas de software.”

Participantes da comitiva n André Prado Peretti (Belagrícola) n André Brasiliano da Silva e Paulo Garcia Junior (Benner) n Eduardo Leandro da Rocha (Cocamar) n Marcio Guioti e Marcio Perissatto (Coopercard) n Fabrício Rocha Alexandre (CSD) n Paulo Krambeck da Silva e Renata G. Mestriner Krambeck (Global Assessoria em Comércio Exterior e Rotary Club Internacional) n Carlos Eduardo Belini (GT Foods) n Feliciano Esteves dos Reis e Jeferson Bras Ferreira (Nipponflex) n Clayton Soares e Giuliano Jacomini Machado (Romagnole) n Rafaela de Campos Benatti Gonçalves (Software By Maringá e Strada) n Alexsander Morais Santos (Unicesumar) n Sérgio Galinari (Usacúcar) n Rafael Simão Santin (CISS) E pela empresa organizadora RGK4IT, viajaram Alexandre Duarte Rogoski, Antonio Carlos Ghizzi Rogoski, Leonardo Duarte Rogoski e Talita Duarte Rogoski. A comitiva maringaense durante visita à NetApp

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MARINGÁ // HISTÓRICA

Três investimentos salvaram a economia de Maringá em 1992 Conhecida como ‘Nova Canaã’ e ‘Eldorado’ em épocas pioneiras, a cidade atingiu índices significativos na economia regional e estadual, e, com isso, teve crescimento exponencial em sua malha urbana e social // por Miguel Fernando

Unidade do McDonald’s em Maringá, inaugurada em novembro de 1992

Passadas décadas do auge econômico e ancorado no crescimento desenfreado da população, Maringá se viu diante de uma grande crise, que também assolou o país, no início dos anos 1990. A fim de combater a inflação, o governo do presidente Fernando Collor de Mello apresentou o popularmente conhecido ‘Plano Collor’, que gerou o controverso e traumático confisco das poupanças e das contas correntes dos brasileiros. Embora contida por pequeno período, a inflação voltou a subir e o acumulado de 1990 foi de 1.476%. O cenário nacional de incertezas fez com que representantes da classe empresarial maringaense se mobilizassem em busca de alternativas para evitar a continuidade da estagnação. Como os dois anos iniciais da década de 1990 foram avassaladores, resultando no fechamento de grandes e médias empresas, a ACIM, junto com o Sebrae, coordenou um censo da economia, em 1992. Era uma estratégia para entender os reflexos da crise na economia local. Segundo o professor José Gonçalves Vicente, um dos coordenadores do censo, Maringá passava por um dos piores momentos da história. Outra constatação da pesquisa foi o desaquecimento da locação de imóveis Junho 2018

Mercadorama, do grupo Demerteco, inaugurado no final de 1992

comerciais, que apresentou queda de 80% entre 1991 e 1992. O censo também identificou que muitas empresas partiram para a informalidade a fim de sobreviver. Já os formalizados cresceram menos. A Junta Comercial mostrou que em 1992 o número de novas empresas abertas na cidade foi 25% menor que no ano anterior. O resultado não poderia ser outro: desemprego. Segundo a agência local do Sistema Nacional de Empregos, de janeiro a agosto de 1992 foram cadastradas 4.933 pessoas em busca de emprego. No mesmo período foram ofertadas apenas 1.951 vagas, mas somente 1.006 candidatos conseguiram trabalho. A agência encaminhou, nos mesmos meses, 8.500 requerimentos para pagamento de seguro-desemprego. Para comparação, entre 1988 e 1989, houve saldo positivo de 2.180 empregos. A queda na arrecadação de impostos foi outro reflexo: o ICMS no município registrou decréscimo de 28% entre 1992 e 1991. Diante daquele cenário, diversas entidades se mobilizaram para captar investidores. Como resultado, três empreendimentos foram fundamentais para trazer ânimo à economia.

Executado pela Construtora Garsa, o então Golden Park foi o primeiro apart-hotel de Maringá, com 170 unidades. Mesmo com a recessão, 95% dos apartamentos foram adquiridos como investimento. Posteriormente, o hotel teve o nome alterado para Golden Ingá Suíte Hotel. Com investimento de US$ 17 milhões, gerou 120 empregos diretos. Outro grupo a investir foi o Demerteco, viabilizando a primeira unidade do hipermercado Mercadorama fora de Curitiba. Com investimento de US$ 12 milhões, o empreendimento previu a instalação do hipermercado, restaurante, lanchonetes, posto de combustível e serviço de auto-center e estacionamento para 1.100 veículos. Os planos da rede McDonald’s não eram menos ambiciosos. Representantes do departamento de imóveis do grupo estiveram em Maringá no primeiro trimestre de 1992, quando selecionaram e adquiriram quatro terrenos na avenida Tiradentes. Com investimento de US$ 1,8 milhão e geração de mais de cem postos de trabalho, a loja foi a quinta da rede no Paraná.

// Miguel Fernando é especialista em História e Sociedade do Brasil (maringahistorica.com.br - veja mais sobre a história de Maringá)


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Estilo // EMPRESARIAL

De repente, com a Copa do Mundo, é aquela corrente para frente e os exageros em verde e amarelo chegam sem pedir licença // por Dayse Hess

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Salve a Seleção e o bom senso no trabalho

Sim, os 7x1 estão prestes a completar quatro anos e um novo mundial chega para nos encher de esperança. Há quem não se importe, quem torça o nariz, mas lá no fundo do coração deve haver uma dose, mesmo que mínima, de ansiedade. Até porque torcer, gritar, chorar e comemorar em frente à TV ajudam a aliviar nossa mente por um breve momento do cenário caótico da política nacional. Dito isso, vamos focar em um comportamento adequado para quem não está com a vida ganha e vai ter de trabalhar durante a Copa do Mundo 2018, como eu e você. É direito de o empregado assistir aos jogos? Não, não há lei que obrigue o empregador a liberar o funcionário do trabalho nos dias em que a Seleção Brasileira entrar em campo. Mas, por tradição, é comum em muitos ambientes profissionais dar uma paradinha para acompanhar a partida. Dependendo do horário, algumas empresas abrem mais tarde ou encerram atividades mais cedo, tudo depende da negociação entre patrões e funcionários. Alguns ambientes até investem em decoração no local ou permitem que os colaboradores troquem o dress

code habitual por look verde-amarelo. // Dayse Hess é jornalista e especialista em moda Junho 2018

Tudo preparado, vamos assistir às partidas no escritório com os colegas, mas a regra é clara: você não está em casa. Fale essa frase quase como um mantra e tente evitar gafes como falar palavrões grosseiros, chutar cestas de lixo ou esmurrar qualquer coisa que esteja sobre a mesa. Ter uma bandeira a mão não é de todo mal, mas esqueça objetos barulhentos, nem mesmo um apito, você não está em casa e nem no estádio, sempre tenha em mente esse precioso detalhe. Mas sim, vale uma boa rodada de pipoca ou outros quitutes. Camiseta da Seleção vira quase um uniforme neste período, mas se no dia você tiver uma reunião agendada ou vai receber um cliente, melhor deixar a camiseta na gaveta para usá-la apenas na hora do jogo. Já as mulheres, que têm mais opções para incorporar o papel de torcedora fanática, devem ter cuidado redobrado. Entre roupas, acessórios, penteados e unhas decoradas, escolha com parcimônia. Evite usar tudo ao mesmo tempo. Por ser um acontecimento que une as pessoas, o empresário que deseja criar interação entre a equipe pode se beneficiar dos dias de jogos da Seleção, tudo é questão de ponto de vista e de bom planejamento. Afinal, somos a pátria das chuteiras e estaremos ligados na mesma emoção.


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Copa do Mundo // Walter Fernandes

// 40 polegadas ou mais Wilson Ribeiro Junior, do Magazine Luiza de Maringá: vendas de TV estão 60% maiores que no mesmo período de 2017; lá TV antiga entra como parte pagamento

Times em campo, negócios na rede Copa do Mundo deve gerar venda de 12,5 milhões de aparelhos de TV, mas também lucrarão empresas de artigos para festas e bares; advogado dá dicas sobre trabalho no horário dos jogos // por Camila Maciel

A Copa do Mundo começa neste mês, mas alguns segmentos entraram em campo semanas antes para reforçar as vendas de quem quer assistir aos jogos em televisões novas, decorar residências e empresas. O Magazine Luiza, por exemplo, está com uma grande campanha nacional para venda de televisores. O apelo é que as pessoas não assistam às partidas na mesma TV onde foi transmitido o famigerado 7x1, a partida em que o Brasil perdeu para a Alemanha na Copa do Mundo no Brasil. Em uma das lojas de Maringá o número de vendas já Junho 2018

é 60% superior ao mesmo período do ano passado. De acordo com o gerente, Wilson Ribeiro Junior, a campanha tem sido uma boa oportunidade de compra tanto para quem está ansioso pela Copa do Mundo, como para quem não está nem aí para o mundial. “Tem muita gente que não liga para futebol, mas tem aproveitando as boas condições para trocar o aparelho. Por exemplo, temos TV de 50 polegadas 4K de R$ 3.590 por R$ 2.790”, diz. De acordo com a Associação Nacional de Fabricantes


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// Telões Natalia Scatambulo, do Santo Bar: reserva de mesas para feijoada no dia do primeiro jogo está quase completa

de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), a expectativa é que a Copa de 2018 resulte na venda de 12,5 milhões de aparelhos de TV, o que representa um aumento de cerca de 10% em relação a 2017. Mesmo faltando alguns dias para começar o campeonato, as TVs com mais de 40 polegadas são as mais procuradas nas lojas. E, de acordo com Junior, a tendência é que mesmo após terem iniciado os jogos, as vendas continuem aquecidas. “Para estimular as pessoas a trocarem de TV, estamos aceitando aparelhos antigos como parte do pagamento, desde que estejam em boas condições de uso, claro”, explica. Feijoada e jogo Para quem prefere assistir aos jogos fora de casa, uma opção são os bares que vão exibir as partidas. Para os donos dos estabelecimentos des-

Jogos do Brasil COPA DO MUNDO • GRUPO E PRIMEIRA FASE* Domingo, 17 de junho • 15 horas

BRASIL

SUÍÇA

Sexta-feira, 22 de junho • 9 horas

BRASIL

COSTA RICA

Quarta-feira, 27 de junho • 15 horas

SÉRVIA

BRASIL

(*) Caso o Brasil se classifique, o jogo das oitavas de final será em 2 de julho às 11 horas

se segmento, o campeonato é uma ótima oportunidade para atrair e aumentar a permanência e o consumo dos clientes. De acordo com a sócia do Santo Bar, Natalia Scatambulo, o bar deve repetir a fórmula bem-sucedida da Copa passada: vai servir feijoada no dia do primeiro jogo. “Como a partida será às 15h de um domingo, queremos trazer nossos clientes para passar a tarde com a gente. Começaremos a programação com o almoço e depois teremos telões para ninguém perder a disputa”, diz. O bar, que tem capacidade para 200 pessoas sentadas, estava com a lista de reservas de mesas quase lotada um mês antes da data. Outro setor que também está aquecido com a proximidade da Copa do Mundo é o de artigos para festas e decorações. Afinal, tem muito torcedor que faz questão de uma grande festa com direito a bandeiRevista ACIM /

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Copa do Mundo //

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// Estoque reposto Lucas Dias de Oliveira, da Ativa Atacado: vendas devem aumentar 50% com proximidade da Copa

rinhas, cornetas e o que mais fizer barulho. De acordo com o gerente da Ativa Atacado, Lucas Dias de Oliveira, a loja começou a se preparar para o mundial em fevereiro e comprou itens como bolas infláveis, bandeiras para carros, chapéus, chocalhos e cornetas. A expectativa de Oliveira é que as vendas aumentem 50% nos próximos dias. “Fizemos uma compra grande no início do ano e agora está na hora de começar a repor o estoque. Neste ano, além das empresas que compraram materiais para decorar seus espaços, vendemos muitos artigos para as escolas, inclusive para festas juninas que terão a decoração verde e amarela”, diz. A decoração verde e amarela também anima os aniversariantes das semanas próximas do mundial. Segundo Jordana Della Coletta, do departamento de compras da Viva Festa, além das cornetas, confetes e bandeirinhas, a loja tem vendido itens para festas de aniversário como Junho 2018

painel, balões e forminhas de doces. “E não é só criança que está querendo festa temática da Copa. Adultos estão procurando esses itens para comemorar a nova idade”, diz. Jogos no horário de trabalho Mesmo quem não é muito fã de futebol acaba sendo impactado pelo campeonato, seja pelas torcidas acaloradas, comemorações, comentários e até reclamações. Já quem gosta do clima que traz o mundial, quer mais é curtir cada momento e, claro, estar livre para torcer e vibrar com os jogos. O detalhe é que a maioria das partidas acontece durante a semana e em pleno horário comercial. De acordo com o advogado Fernando Santiago Januncio, os trabalhadores não têm o direito de serem dispensados por causa dos jogos e quem fizer sem a autorização do empregador, pode sofrer advertência disciplinar e ter desconto no salário referente ao dia

da falta. O advogado explica que liberar os funcionários é um critério das empresas, desde que não haja impedimento em convenções e acordos coletivos de trabalho. “Meu conselho é que antes de optar pela liberação dos funcionários nos dias de jogos do Brasil, os empresários consultem esses documentos”, explica. Para os empresários que optarem por liberar os funcionários para assistir aos jogos, poderá ser negociada compensação das horas, desde que seja de comum acordo com o trabalhador. Conforme a reforma trabalhista, a compensação deve ser feita no mesmo mês, mas caso ultrapasse o limite legal de seis meses, faz-se necessário um acordo escrito entre empregador e empregado. “Existe também a possibilidade de compensação de horas por meio de acordo ou convenção coletiva de trabalho, firmado com o acompanhamento do sindicato dos empregados, sendo que nes-


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te caso, o próprio documento irá prever condições e prazos de compensação”. Já os empregadores que optarem por não liberar os funcionários, podem tanto exigir que a rotina da empresa não seja alterada, como podem fornecer meios para os que os trabalhadores assistam aos jogos no local de trabalho. Essa opção pode ser uma alternativa para criar um ambiente de interação entre os funcionários, porém Januncio alerta que é fundamental analisar as atividades que exigem atenção ou envolvam riscos para o empregado ou para terceiros. “É importante destacar que, caso aconteça um acidente, será configurado como acidente do trabalho, cabendo ao empregador as responsabilidades previstas em lei”, diz.

// Dispensa não é obrigatória Empresas que dispensarem empregados nos dias dos jogos devem fazer compensação das horas até seis meses depois, segundo o advogado Fernando Santiago Januncio

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mercado // Walter Fernandes

// 6 mil refeições por mês Amanda Luque Sunayama, da Medida Certa Refeições, que produz marmitas congeladas, livres de glúten, lactose, conservantes e temperos industrializados

Consumo consciente abre oportunidades Aumento da procura por produtos naturais, orgânicos e veganos reflete a tendência pelo consumo consciente e sustentável; movimento impulsiona empresas de alimentos e de cosméticos // por Graziela Castilho

A tendência mundial de busca pelo consumo saudável, sustentável e ético está refletindo no mercado. Aqui, 14% da população se declara vegetariana, segundo pesquisa do Ibope Inteligência em abril. Isso significa quase 30 milhões de brasileiros. Outro número animador é que, até 2021, o mercado de alimentação saudável no país deve crescer, em média, 4,4% anualmente, segundo a agência Euromonitor International. De olho nesse mercado, a nutricionista Amanda Luque Sunayama decidiu apostar no ramo de alimentos saudáveis e abriu a Medida Certa Refeições, que produz marmitas congeladas, livres de glúten, lactose, conserJunho 2018

vantes e temperos industrializados. Com mais de 50 opções de refeições no cardápio, além de caldos funcionais, sucos detox, salgados e doces fit, a empresa registra venda média de seis mil refeições/mês. “Estou muito satisfeita com os resultados que, de fato, revelam essa tendência”. Antes de se instalar em Maringá, há dois anos, a empresa funcionava em Tapejara, onde Amanda morava. Lá ela produzia marmitas frescas para o almoço e sopas para o jantar, e colegas nutricionistas de Maringá começaram a fazer encomendas para os pacientes. A fim de atender essa demanda, a empresária buscou o método


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// Venda por delivery Geisa Bruniera, da Don Supreme, passou a fazer doces sem glúten e sem lactose para a mãe, e hoje tem cozinha exclusiva para a produção

de congelamento rápido, que evita a perda de nutrientes. Com o aumento dos pedidos surgiu a necessidade de mudar para Maringá, mas Amanda continuou atendendo os clientes de Tapejara e expandiu para outros 12 municípios. A entrega é feita toda sexta-feira, com kits de refeições para 15 dias. “Está dando muito certo porque esse método de descongelamento mantém sabor e textura de comida fresca, com validade de 90 dias”. Ela garante que é um mito pensar que alimentos saudáveis são, necessariamente, mais caros. Um kit de jantar para uma semana, por exemplo, é vendido a R$ 158. “Se for ao mercado comprar alimentos para preparar em casa, o cliente vai gastar mais ou menos isso, incluindo o consumo de gás. Sem contar o tempo de preparo. Hoje as pesso-

as querem praticidade e se puder agregar saúde, melhor ainda. Oferecemos justamente isso”. A falta de fornecedores ainda impede que as refeições sejam totalmente orgânicas. Em Maringá, por exemplo, a empresária conhece apenas duas hortas certificadas. “Dias atrás precisava de 180 quilos de tomate para molho, mas só consegui 30 quilos orgânicos, o restante veio da lavoura convencional”, exemplifica. Esse, inclusive, é um desafio do setor e, por isso, o assunto é debatido no Qualitá - Núcleo Setorial de Gastronomia Saudável, da ACIM, do qual Amanda é membro. O grupo também busca outras soluções conjuntas, como a divulgação dos benefícios da alimentação saudável. Para isso, tem página no Facebook e Instagram, e as empresas promovem degustação em academias e parti-

cipam de feiras, como a Organamix no Maringá Park Shopping Center. Confeitaria Alimentação saudável não significa cortar as guloseimas da confeitaria. A sócia da Don Supreme, empresa de confeitaria sem glúten e lactose, Geisa Cristina Bruniera produz bolos, doces, tortas, salgados e massas. E ainda tem a linha de integrais e funcionais. Ela ingressou no ramo há oito anos, para ajudar a mãe, que é celíaca. “O grupo de celíacos que minha mãe fazia parte soube que minhas receitas davam certo e começaram a encomendar”. Para organizar a produção e evitar contaminação cruzada de outros alimentos, a empresária construiu, na própria casa, uma cozinha exclusiva. “No ambiente não entra glúten e, por isso, meus produtos podem ser consumidos Revista ACIM /

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mercado // Walter Fernandes

// 2,5 mil itens Bruno Fernandes, do Empório & Cia, vai investir na panificação própria para abastecer a loja

até por celíacos com sintomas severos”, garante. Embora a maioria do público da Don Supreme seja de celíacos e intolerantes a lactose, os produtos têm atraído também pessoas interessadas em vida saudável e que almejam emagrecer. “Tem muita gente que adere à dieta da moda, que é sem glúten. Vou continuar focada nesse segmento e investir mais na estrutura física”, adianta, citando que ingressou na graduação de Gastronomia. De imediato, Geisa também pretende comprar maquinários, já que a irmã e a cunhada se tornaram sócias. A ideia é oferecer a opção de congelados, principalmente para a entrega em cidades da região. “Futuramente quero ter um ponto de venda com uma cozinha bem equipada e espaço para os clientes se servirem, mas vamos manter o delivery”, planeja. Junho 2018

Produtos naturais O proprietário do Empório & Cia, Bruno Molina Fernandes, que trabalhava com importação, também decidiu apostar no mercado de alimentos naturais e saudáveis. A motivação veio da cunhada, que tem uma loja de produtos naturais com bom faturamento. “Meu sogro decidiu investir. Eu e minha esposa administramos a loja, e essa foi a melhor decisão que poderíamos ter tomado”. Em apenas três anos o espaço físico da loja se tornou pequeno, dificultando a organização e impedindo o acréscimo de produtos. Os sócios optaram, então, por mudar de endereço, saindo de 75 metros quadrados para 400 metros quadrados. “Conseguimos alugar um imóvel na mesma quadra e isso foi muito bom porque não perdemos clientes”, afir-

ma Bruno Fernandes. O próximo passo é instalar uma padaria na loja até o final do ano, tendo entre as opções pães integrais, com grãos, sem glúten e zero calorias - atualmente o Empório & Cia vende pães e bolachas de terceiros. Outro diferencial é a oferta de produtos frescos e com preços competitivos. Isso acontece devido ao grande giro de produtos e pelo fato da comercialização ser a granel. “Com preços melhores, atraímos clientes e temos mais saída de produtos, assim nossos itens sempre estão frescos”. Os grandes desafios, porém, são administrar a variedade e a reposição constante de produtos: são cerca de 2,5 mil itens cadastrados. Mesmo assim o empresário afirma que está satisfeito e que a tendência é aumentar a demanda.


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// 90% dos ativos são importados Mari Marcondes abriu a Eora Brasil há seis meses para fabricar xampu, condicionador e cremes orgânicos e veganos; em breve, ela vai produzir maquiagens

Cosméticos Além do cuidado com os alimentos ingeridos, tem muito consumidor preocupado com os produtos de pele e cabelo que consome. E foi nesse nicho que a farmacêutica Mari Marcondes decidiu apostar, depois de ter dificuldade de encontrar cosméticos veganos e orgânicos para consumo próprio. Em funcionamento há seis meses em Maringá, a Eora Brasil fabrica e comercializa xampu, condicionador e creme para pentear orgânicos e veganos. Em breve os produtos serão vendidos em pontos de vendas e a fábrica vai iniciar a produção da linha de maquiagem (batons, bases faciais, protetor solar, entre outros), além de cremes hidratantes e óleos corporais. A expectativa, segundo ela, é registrar crescimento de 35% a 40% ao ano, já que a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) informa que a cada semana surgem dois mil novos vegetarianos no país. O desenvolvimento desses cosméticos começou há sete anos por meio de pesquisas e experimentos. “É um trabalho complexo, que exige tempo. Todo o processo de testes para aquisição de licenças é criterioso e, por isso, é demorado”, comenta Mari, que precisou esperar dois anos para obter a licença da

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Assim como no caso dos alimentos orgânicos, o grande desafio do setor de cosméticos é encontrar fornecedores, uma vez que os produtos só podem conter matéria-prima certificada e comprovadamente rastreada para garantir a procedência. “No mercado nacional ainda são poucos os que se enquadram nesses critérios, por isso 90% dos nossos ativos são importados”. Apesar dessas barreiras, a empresária conta que nos últimos dois anos surgiram indústrias nacionais impulsionadas pelo público disposto a criar hábitos de vida saudáveis e que preservam o meio ambiente. A Eora Brasil também vai contribuir com esse processo de conscientização. Para isso, planeja palestras, participação em grandes feiras e distribuição de materiais educativos. A empresa já oferece treinamento para lojistas e vendedores para que eles possam explicar os diferenciais dos produtos aos consumidores. “É trabalhoso e custoso promover essa mudança de hábito, mas quando o consumidor se conscientiza, a aceitação dos nossos produtos é muito boa e se torna um caminho sem volta”, enfatiza. Revista ACIM /

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Negócios //

Diversão para alguns, trabalho – e lucro para outros Mais vale um gosto do que dinheiro no bolso, dizem os adeptos de hobbies como ciclismo e motociclismo; já as empresas especializadas se ‘desdobram’ para atender esse público // por Juliana Daibert

Três motocicletas e nove anos depois da primeira manutenção, o titular da nota fiscal número 001 do Hangar 44 Motos ainda é cliente da oficina. Do modelo custom Suzuki Boulevard 800cc para as duas bigtrails BMW GS (650 e 1200cc), o motociclista acompanhou o crescimento e as adequações da oficina, aberta em 2009 e focada desde o início em motocicletas esportivas e de corridas. “Em 2013 avaliei que os proprietários dessas motos teriam dificuldades em mantê-las. Faltava dinheiro logo na primeira revisão e a moto era colocada à venda”, explica o proprietário do Hangar 44, Ronaldo Cechella. Junho 2018

Antecipando-se à crise econômica que mergulharia o país em um período de estagnação, Cechella, ele próprio ex-piloto de corridas, apostou nos modelos custom e bigtrail de marcas famosas como a norte-americana Harley Davidson e a inglesa Triumph. A decisão foi acertada. “Como previ, as motos expositivas diminuíram 70% no mercado e as custom e bigtrail mais do que triplicaram”, conta. Diz-se que motocicleta é brinquedo de gente grande. O perfil de cliente e os modelos que desfilam na oficina de Cechella comprovam o dito popular. Empresários, fazendeiros e profissionais liberais investem, em média, R$


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// Quase 10 anos de mercado Ronaldo Cechella, do Hangar 44: empresa socorreu motociclista na Argentina, a mil quilômetros de Maringá, porque o seguro negou atendimento

30 mil em motocicletas que ganham as estradas em território nacional e nos países vizinhos, seja em viagens de alguns poucos quilômetros até expedições pelo sertão nordestino. Com 40 anos ou mais, acompanhados ou não, os adeptos desse hobby querem mesmo é desfrutar de uma diversão madura e responsável. Muitos preparam a moto antes de viajar, ajustando e modificando o que for preciso, e recebem uma breve aula de manutenção. Depois da viagem a moto retorna para outra revisão e avaliação dos desgastes. “Acabamos criando um histórico de cada modelo e suas avarias, adquirindo mais experiência em campo. Geralmente as motos rodam entre 5 mil e 13 mil quilômetros em cada viagem”, explica. O bom atendimento é uma das marcas do Hangar 44. Que o diga o motociclista socorrido por Cechella em Corrientes, Argentina, a mil quilômetros de Maringá. “O seguro negou atendimento e ninguém sabia ligar a moto”, conta ele.

Tudo pelo cliente Sobram apuros nesse ambiente de diversão adulta e motociclística. O proprietário da Eriton Motos, Eriton Podanoski, também já salvou o dia de muita gente. Em uma ocasião, a moto do cliente quebrou no meio do mato, numa trilha. O jeito foi emprestar um jipe para acessar o local e livrar o motociclista da enrascada. Embora a empresa esteja preparada para atender perfis diferentes de clientes, ou seja, tanto aqueles que dependem da motocicleta como meio de transporte quanto os que usam o veículo como diversão, o percentual da segunda categoria na Eriton chega a 80% da clientela. De acordo com Podanoski, a maioria da clientela é formada por profissionais liberais, empresários, funcionários públicos, mas também há trabalhadores do setor privado, normalmente homens, de condição financeira favorável ou então com muita disciplina para economizar para desfrutar do motociclismo. “O número de muRevista ACIM /

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Negócios //

// Boa parte dos clientes usa moto para diversão Eriton Motos, de Eriton Podanoski, promove ações para reunir os clientes, como bate-papos, eventos com bandas e encontro de motociclistas

lheres motociclistas tem aumentado consideravelmente, seja pilotando ou na garupa”, conta - no Hangar 44 as mulheres são 20% da clientela. Um ponto em comum desse perfil de cliente nas duas empresas é a prioridade com a segurança, a qualidade dos equipamentos e a constante manutenção das ‘máquinas’. “Com manutenção correta e preventiva, uma motocicleta seguramente roda 300 mil quilômetros. Temos clientes com motos perfeitas com mais de 200 mil rodados e cinco anos de uso. Mas há quem troque a moto com 20 mil rodados porque acha que está velha”, diz Cechella. Na Eriton Motos, o impacto da crise econômica foi sentido de maneira direta, pois a dificuldade financeira coloca o hobby em segundo

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plano e prende o empresário mais tempo no escritório em busca de saídas para as turbulências do momento. “Mesmo assim, alguns utilizam a moto como válvula de escape para fugir do estresse do dia a dia”, garante Podanoski. A empresa promove ações para atrair e descontrair os clientes. Grupos animados reúnem-se em torno da mesa de café nas manhãs de sábado nas duas lojas da Eriton ou no estacionamento para bate-papos sobre marcas, modelos, acessórios, roteiros e as infalíveis surpresas que fazem a graça de qualquer viagem. Há também eventos com bandas, pastel e cerveja artesanal, patrocínio a diversas competições, como a Copa de Enduro e encontros de motociclistas das mais variadas tribos, além

de ações sociais. Segundo o proprietário, vários fornecedores participam dessas ações. Bora pedalar Há pouco mais de 20 anos, alguém que arriscasse dizer que num futuro não tão distante uma bicicleta chegaria a custar R$ 12 mil espalharia a roda de conversa. Pois este tempo chegou. “Bicicleta hoje é um investimento”, afirma a proprietária do Ponto das Bicicletas, Lucenir Fátima de Oliveira. Há 35 anos no mercado, a empresa teve de se adaptar às mudanças nos últimos oito anos, motivadas pelos ventos de saúde e de transporte alternativo que elevaram a bicicleta ao nível de ‘musa’ da responsabilidade ambiental e energia limpa.


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Negócios // Walter Fernandes

// Custa até R$ 12 mil “Trabalho com um produto que não sai de moda, a bicicleta está sempre em alta”, diz Lucenir Fátima de Oliveira, do Ponto das Bicicletas

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Médicos, trabalhadores, autônomos, adultos e idosos, todo mundo quer uma ‘magrela’. A empresa vende mensalmente entre 35 e 40 bicicletas modelo mountain bike 29, perfeita para trilhas e a preferida dos animados ciclistas que enfeitam as ruas nos finais de semana, saindo para os passeios ao nascer do sol. Se o valor da bicicleta de trilha oscila entre R$ 1 mil e R$ 12 mil, os modelos mais simples, usados especialmente no perímetro urbano não saem por menos de R$ 400. A venda média destes também alcança cerca de 40 unidades mensais. Para Lucenir, os números são explicativos. “Trabalho com um produto que não sai de moda, a bicicleta está sempre em alta”, acredita. Investir numa bicicleta significa investir na qualidade dos elementos que a compõem. Embora os quadros sejam fixos, há muita opção de acessório, como marchas, suprido por um vasto mercado nacional que fornece peças em alumínio. Capacetes e artigos de iluminação também têm boa saída. No caso do capacete, os valores podem variar entre R$ 69 e R$ 350. O perfil de cliente típico, segundo Lucenir, opta por iniciar no mundo das trilhas com um modelo de bicicleta simples e aos poucos incrementá-lo, substituindo as peças de acordo com a prática. Os já iniciados, de destreza aprimorada nos imprevistos do terreno e de habilidades desenvolvidas, animam-se a levar para casa um modelo top de linha. Uma vez por ano, junto com parceiros de outras áreas, como academias, a empresa promove e participa de um passeio entre Maringá e Londrina. O evento, que ocorre em junho, será prestigiado por mais de 150 ciclistas e entre eles estará Claudionor, marido de Lucenir. “Não basta vender, é preciso pedalar”, brinca ela.


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Evento //

Jovens empresários: encontro e conscientização No mês passado, Maringá sediou Assembleia Geral Ordinária da Faciap Jovem e foi uma das cidades que teve o feirão do imposto, também realizado por jovens empresários // por Giovana Campanha

Cerca de 150 jovens empresários de 21 cidades paranaenses estiveram em Maringá no mês passado para participar da sétima Assembleia Geral Ordinária da Faciap Jovem. O evento, em 4 e 5 de maio, contou com visitas técnicas na ACIM, na Sociedade Rural de Maringá (para conhecer a estrutura e serviços da Expoingá) e na sorveteria Gela Boca, e teve organização do Copejem, o conselho de jovens empresários da ACIM. Ainda na programação foi realizada reunião da diretoria da Faciap Jovem e assembleia geral ordinária. Outra pauta do encontro foi o lançamento dos Jogos dos Jovens Empreendedores do Paraná (Jojep’s), que teve a presença do campeão olímpico de vôlei Nalbert Bitencourt. O ex-jogador, que foi capitão da seleção brasileira de vôlei por oito anos e anunciou a aposentadoria das quadras em 2010, ministrou a palestra ‘A jornada de um líder’.

Previstos para começar em julho, os Jojep’s terão duração de 60 dias e envolverão os participantes em atividades físicas de livre escolha que deverão ser postadas nas redes sociais. Durante a competição, os inscritos receberão acompanhamento de nutricionista. Será vencedor aquele que acumular mais pontos nas atividades. Feirão Também no mês passado, os jovens empresários realizaram a 16ª edição do Feirão do Imposto, com diversas ações para conscientizar a população sobre os altos impostos pagos no Brasil. No dia ‘D’ da programação, em 19 de maio, houve a venda de combustível sem impostos. Foi disponibilizado 1,5 mil litros de gasolina ao custo de R$ 2,80, enquanto que com impostos, o valor ultrapassa R$ 4. Houve ainda ação no supermercado Condor, com exposição de

dois carrinhos com compras básicas do mês, com e sem cobrança de tributos. No Maringá Park Shopping Center houve exposição de manequins com peças de roupa e etiquetas que revelam os valores dos impostos, distribuição de panfletos, estacionamento com desconto dos impostos na primeira hora e confecção do cartão Nota Paraná pela Receita Estadual. O projeto do feirão do imposto foi criado em 2003, em Joinville/SC pelo Núcleo de Jovens Empresários da Associação Empresarial de Joinville (ACIJ). A partir dessa mobilização, o feirão se tornou uma ação nacional, desenvolvida anualmente pela Confederação Nacional de Jovens Empresários (Conaje) para conscientizar o quanto se paga em impostos e acompanhar a destinação dos tributos. O feirão acontece em mais de 200 cidades brasileiras – sendo cerca de cem só do Paraná.

Fotos/Walter Fernandes

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// Jovens empreendedores Gasolina a R$ 2,8? Isso é possível quando são excluídos todos os impostos, e essa foi uma das ações de um feirão; na foto menor, a assembleia da Faciap


Melhores empresas //

Clima organizacional é tema de pesquisa da ACIM e GPTW No ranking de melhores empresas para trabalhar do Great Place to Work há uma categoria voltada para empresas com 5 a 29 funcionários associadas à ACIM; no total são quatro categorias // por Juliana Daibert Divulgação

até 31 de agosto para fazer a inscrição, também no site da GPTW. De acordo com o diretor do GPTW no Paraná, Hilgo Gonçalves, em 2017 foram mais de 140 inscritas no ranking. A expectativa para este ano é ultrapassar a marca de 200

// Em abril Lançamento do ranking de melhores empresas foi na ACIM

Uma parceria entre ACIM e Great Place to Work (GPTW) pesquisará o clima organizacional de empresas associadas a partir de cinco colaboradores. A empresa que se integrar à pesquisa e obtiver índice de confiança dos colaboradores maior que 70, de um total de 100, será certificada pelo GPTW e participará do ‘Destaque ACIM’, além dos demais rankings publicados pelo GPTW. “Nós, da ACIM e do GPTW, queremos incentivar as empresas a participarem da pesquisa para escutar os seus colaboradores, com o objetivo de construir uma sociedade melhor por meio da transformação do ambiente de trabalho. E também queremos identificar onde

estão as melhores empresas para trabalhar filiadas à ACIM”, destaca o presidente da entidade, Michel Felippe Soares. A pesquisa pode ser acessada em www.gptw.com.br. Tão logo a empresa esteja inscrita, os colaboradores serão convidados a responder à pesquisa sobre o clima organizacional do local onde trabalham. No total, são quatro categorias divididas de acordo com o número de colaboradores: de cinco a 29, 30 a 99, 100 a 999 e acima de mil colaboradores. Para o Ranking do Paraná, o ideal é que as empresas iniciem as pesquisas até 30 de junho. Já as empresas interessadas em participar do Destaque ACIM têm

empresas. “As pesquisas do GPTW confirmam que as empresas listadas entre as melhores para trabalhar geram retorno duas vezes maior que as demais, são mais inovadoras e eficientes, geram melhor experiência para clientes e maior retenção de talentos. Logo, a performance é mais sustentável e dura mais”, diz Gonçalves, que é embaixador do GPTW Brasil. A Great Place to Work é uma empresa de pesquisa, consultoria, capacitação e certificação de empresas em 58 países, que publica a lista das melhores empresas para trabalhar na América Latina, Brasil e Paraná, sendo que neste a parceria é com o jornal Gazeta do Povo. O lançamento do Ranking das Melhores Empresas para Trabalhar GPTW Paraná 2018 e do Destaque ACIM ocorreu em abril. O evento lotou o auditório da Associação Comercial. Outras informações sobre a pesquisa e o ranking podem ser obtidas na ACIM, por meio do e-mail acim@acim.com.br, telefone (44) 3025-9620 ou na GPTW, pelos e-mails wellington@gptwbrasil. com.br e regionalparana@gptwbrasil.com.br e pelos telefones (41) 99632-7720 e (41) 3027-6333. Revista ACIM /

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ACIM // NEWS

Depois de ter sido funcionário da Casa do Varal, Jhonny Pereira da Silva recebeu a proposta de comprar os produtos para a venda por meio de telefone, enquanto o proprietário ficou com a indústria. Satisfeito com os rumos do negócio, Silva decidiu abrir uma loja física. Novamente, ele encontrou uma oportunidade de crescimento, e recorreu a Fomento Paraná, que oferece crédito barato. Com o dinheiro, a loja foi instalada em um espaço maior e o mix de produtos foi ampliado, com a venda, por exemplo, de utilidades domésticas. A história consta no livro ‘O microcrédito melhorando o ambiente de negócios no Paraná’, que traz cases de empresas de todo o estado que tiveram acesso ao crédito da Fomento - apenas em 2017 foram mais de R$ 56 milhões. Silva recebeu das mãos do presidente da Fomento, Vilson Ribeiro de Andrade, um exemplar do livro em 4 de maio. O livro, que reúne cerca de 20 cases, também está disponível no escritório da Fomento em Maringá, que fica no prédio da ACIM. “A Casa do Varal é um exemplo de como a Fomento Paraná contribui com o empreendedorismo oferecendo linhas de crédito baixas”, cita a agente de crédito do escritório de Maringá, Sarah de Oliveira Rocha.

Walter Fernandes

Case vira livro

Mercado internacional Como acontece todos os anos, durante a Expoingá, o Instituto Mercosul, em parceria com a Sociedade Rural de Maringá, promoveu o Fórum de Negócios Internacionais. Tendo como tema ‘Mercado internacional em foco’, a 14a edição do evento, aconteceu em 9 de maio. Na ocasião teve palestra sobre ‘Agronegócio e mercado mundial: trajetória, desafios e oportunidades’, proferida pelo sócio da PwC Brasil e responsável pelo agronegócio na região sul, Adriano Machado. Ele falou sobre o panorama do agronegócio brasileiro, o mercado internacional e as megatendências globais, segundo estudo da PwC, que impactarão a economia e a sociedade mundial. Também foi abordado o tema ‘Abrindo mercados no exterior’, apresentado pelo consultor internacional Paulo Cesar Amanthéa, que falou sobre o que deve ser levado em conta na seleção de mercados para a exportação, negociação com potenciais clientes, estratégias para pesquisa de mercado e contratação de agentes e representantes internacionais. O fórum teve o patrocínio do Núcleo Setorial de Despachantes Aduaneiros de Maringá, Moreli e Romancini Consultoria Jurídica Internacional; na foto, os palestrantes do fórum e a diretoria do Instituto Mercosul. Walter Fernandes

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Walter Fernandes

Associado do mês Após uma visita à indústria da Unilife, Marcelo Cerci recebeu uma proposta para trabalhar com produtos naturais por meio de loja virtual. A ideia chamou a atenção do advogado, que procurou um profissional para desenvolver o sistema de e-commerce. Nascia assim uma parceria entre Cerci e Sidiney Soares, que há três anos vendem produtos naturais da Unilife para farmácias e estabelecimentos do Brasil pelo site Energia Vital Brasil. O negócio foi ampliado com a abertura recente de uma loja física, a Folium Produtos Naturais. O estabelecimento oferece produtos como castanhas, farinhas integrais, temperos, frutas desidratadas, produtos diet e veganos, suplementos e shakes. “Nosso objetivo é abrir outras lojas, promovendo uma vida mais saudável para as pessoas que moram longe da região central, conta Cerci. A loja fica na avenida Kakogawa, 831. O telefone é (44) 3040-1234; na foto, Marcelo Cerci, Sidnei Soares e a equipe.

Vendas do Dia das Mães O Departamento de Pesquisa e Estatística da ACIM (Depea) realizou levantamento junto a 175 comerciantes sobre as vendas de Dia das Mães. Dos entrevistados, quase a metade (47%) disse que vendeu menos que no ano passado – 26% venderam mais, 19% mantiveram o ritmo e 8% não tinham a loja no ano passado. Mesmo assim, 37% consideraram as vendas boas e outros 10%, excelentes. Ainda conforme o estudo, 74% dos consumidores utilizaram como forma de pagamento o cartão de crédito. Revista ACIM /

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ACIM // NEWS

Novos associados 21 de abril a 20 de maio

Amanda Kriss Psicóloga Aquarela Piscinas Armarinhos Adonai Assis Serviços e Comércio Casa Decor Estofados e Colchões Centro Empresarial Le Monde Colchões Asaflex Danieli Cordova Gavião Ely Cristiane Ferreira Zampar FK Concept FK Films e Acessórios Fratelli House Geração Fit Academia 24hs Open Global Assessoria Empresarial Instituto Siao Saúde Inviolável Campo Mourão 24 Horas Kanguru S. de Comunicação Multimídia Machado & Rodrigues Cobranças Mercado Alto Alegre Neonlight Neonlight Niko Pneus Centro Automotivo Pátio Container Vila Gastronômica Prado e Henequim Advocacia Real Telhas Reflexoterapia Paula Sanfer Coaching Star Acessórios do Vestuário Tozini & Armelin Unic Turismo Ver Hospital do Vitreo e Retina de Maringá Vip Cred W. Pereira dos Santos Wap TI Soluções Tecnológicas

44 998810572 44 30413228 44 32461469 44 30347578 44 88252146 44 32214450 44 30301455 44 999052097 44 30294145 44 33542544 44 30479194 44 33018191 44 30264680 44 33053453 44 30249090 44 35239399 44 30376955 44 32225854 44 32764371 44 30283450 44 32661143 44 32225858 44 991444300 44 33548790 44 32251066 44 999635919 44 32553352 44 98814923 44 30238222 44 30240736 44 30311241 443 0289922 44 99971822 44 33465520

Aconteceu na ACIM No segundo mês de gestão da nova diretoria da ACIM, o prédio da entidade recebeu 365 eventos, como a reunião do Conselho do Comércio e Serviços, agora presidido por Jair Ferrari. O encontro foi no dia 23 de maio e teve como pauta a apresentação dos conselheiros e o lançamento do clube do livro e outros assuntos. Junho 2018

Comunicado ACIM Contrários ao aumento do diesel, os caminhoneiros decidiram protestar e bloquearam centenas de pontos em todas as estradas brasileiras, não permitindo a passagem de cargas. A paralisação gerou desabastecimento de gasolina, gás, verduras e até alimentação para animais – cinco dias após o início da greve, por exemplo, nenhum posto tinha combustível em Maringá, o que gerou o cancelamento de aulas nas escolas municipais. Diante desse cenário, a ACIM emitiu um comunicado em que afirmou: “a mobilização dos caminhoneiros é legítima, afinal o custo com combustíveis tem alto impacto em toda a cadeia produtiva. Porém, após tantos dias de paralisação, toda a população está sendo penalizada por falta de abastecimento. Precisamos analisar o contexto atual: é preciso que o movimento grevista permita a circulação de cargas para uso na área de saúde, perecíveis, combustíveis e outras que coloquem em risco a vida dos cidadãos e dos animais. Há hospitais restringindo atendimento, animais sem alimentação, escolas sem aula, serviços públicos restritos e sério risco de paralisação de serviço de atendimento médico por falta de combustível e suprimentos. O momento é oportuno para refletir sobre o que levou o país a esse cenário: o excesso de despesas na gestão pública faz com que o Brasil tenha uma das maiores cargas tributárias do mundo. Dias depois, a ACIM e outras entidades emitiram comunicado pedindo o fim da greve dos caminhoneiros, já que as reivindicações deles tinham sido atendidas pelo governo federal.


Walter Fernandes

CURSOS DE JUNHO

Candidato ao Senado Fundador e ex-presidente do Grupo Positivo, o empresário Oriovisto Guimarães participou de reunião da ACIM em 21 de maio. Na ocasião, ele anunciou candidatura ao Senado pelo Podemos, partido do pré-candidato à presidência, Alvaro Dias. Guimarães contou que passou o comando do grupo aos filhos, em 2010, depois de 40 anos à frente do Positivo. Embora pudesse usufruir de estabilidade financeira, decidiu tentar espaço na política. “Assim como todos os brasileiros, sou um cidadão indignado e acredito que ainda posso ser útil, prestando contribuição ao país. É preciso reduzir a máquina pública, promover as reformas tributária e previdenciária, além de simplificar as leis, tornando-as mais severas contra a corrupção”, citou. “Nessa altura da minha vida podem ter certeza de que não vou ser um político de carreira, embora não tenho nada contra quem faça essa opção. Meu objetivo é realmente contribuir para um país mais limpo e eficiente. Precisamos voltar a fazer política por ideal e por amor ao Brasil. Só assim veremos resultados”, prometeu.

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Oratória, a comunicação na profissão

13 a 15

O poder da ação

18 a 21

Facebook e Instagram

18 a 28

Departamento Pessoal completo

20 20 e 21

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Princípios da PNL Gestão estratégica de fluxo de caixa Mapeamento de processos - utilizando as ferramentas mais eficazes

23 e 30

Licitações e contratos

25 a 27

Secretária e recepcionistas: desenvolvendo habilidades

25 a 28

Google planilhas

Feijoada ACIM Mulher

25 a 28

Líder coach e formação de time de alta perfomance

Será em 30 de junho a 14ª edição da Feijoada ACIM Mulher. O evento, que é organizado pelas conselheiras da ACIM Mulher e ACIM, será às 12 horas no Giardino, com convite a R$ 60 – não incluída a bebida. Tradicional no calendário da entidade, o evento terá o patrocínio de A Yoshii, Cocamar, Maringá Park Shopping, Ordini, Provisão, Bünjo, Sancor Seguros, Sanepar, Governo do Paraná, Sicoob, Unicesumar e Unimed Maringá. Convites na secretaria da ACIM.

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PPCP - Planejamento, programação e controle da produção

26 a 28

Análise e concessão de crédito e cobrança

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Gestão de conflitos mediação e arbitragem empresarial

26 e 27

Master vendas

29 e 30

Controle de almoxarifado e inventário físico

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Atendimento e relacionamento com o cliente interno e externo Revista ACIM /

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Direito, trabalho e tecnologia / Sergio Murilo Rodrigues Lemos é desembargador corregedor do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, doutorando da Universidad de Castilla - La Mancha e vencedor do Prêmio Innovare (Sistema Fidelis - gravação audiovisual de audiências) As tecnologias da informação e comunicação impactaram o mundo que vivemos de diversas formas. Não é difícil compreender que, num país onde o número de aparelhos de telefonia móvel celular é maior que o número de habitantes, as relações e interações sociais sofreram uma grande transformação. As novas tecnologias criaram um novo ambiente de negócios. A chamada ‘nova economia’ ou a ‘economia compartilhada’ permite que pessoas de qualquer lugar do mundo participem de um negócio intermediado por uma plataforma digital. É o caso da Uber, líder mundial em transportes de pessoas, e Airbnb, provavelmente a maior empresa de hotelaria do mundo. Ambas utilizando ferramentas de tecnologia; aproximam pessoas e viabilizam negócios sem serem proprietárias de automóveis ou quartos para hospedagem. Porém, as mencionadas empresas impactaram fortemente o negócio estabelecido tanto de hospedagem como de transporte urbano. Os hotéis estão sujeitos à rigorosa regulamentação e fiscalização. Desde a utilização de materiais não inflamáveis e regras de higiene e segurança, registros de empregados e manutenção de instalações, a indústria hoteleira está obrigada a cumprir normas e condições que a Airbnb não está. Da mesma forma, a Uber não se submete às fiscalizações de seus motoristas e

automóveis de forma tão rigorosa como os motoristas de táxis autorizados pelo Poder Público, que define desde o preço das tarifas até a caracterização de identificação dos automóveis. A chamada economia compartilhada cria um desnível concorrencial com empresas instaladas na economia tradicional, em que pesem as enormes vantagens para os usuários que, ao toque de um dedo, firmam milhões de contratos diariamente. As relações de trabalho também sofrem profundo impacto por força da nova economia. O trabalhador deixa de ser fiscalizado e orientado em suas atividades pelo empregador e passa a ser avaliado pelo seu desempenho pelo ‘usuário’ do serviço de transporte, por exemplo. No modelo tradicional o motorista recebe a orientação diretamente da empresa, que define normas e padrões e se responsabiliza em treinar, orientar e fiscalizar o empregado. Nas empresas que utilizam aplicativos digitais, os usuários avaliam os serviços prestados segundo seus próprios conceitos, sendo obrigação do motorista - e não da empresa – atender aos elevados critérios de exigência. É o próprio motorista o responsável pelo seu treinamento, manutenção do automóvel e a qualidade do serviço segundo os critérios do usuário e não da empresa. As normas que regulamentavam as atividades econômicas e as relações de

Walter Fernandes

penso // ASSIM

trabalho não acompanharam tão rapidamente a evolução da nova economia. Milhares de conflitos decorrentes das novas relações econômicas e de trabalho inundaram nossos tribunais. Afinal, ante a ausência de regras que acompanhem rapidamente a evolução das relações econômicas, os conflitos são inevitáveis. E são conflitos de toda ordem: o Estado buscando regular e tributar as atividades da nova economia; consumidores exigindo direitos decorrentes de atividades não reguladas; disputas trabalhistas decorrentes da precariedade das relações de trabalho dentre muitas outras situações. Enfim, passamos por um momento onde floresce uma nova ordem econômica capaz de mudar radicalmente os pilares da tradicional economia. Porém, tais mudanças e inovações também impactam diretamente a tradicional organização das relações de trabalho e emprego, além das relações de consumo e prestação de serviços. Consequência natural é o surgimento e conflitos levados ao Poder Judiciário que deverá apreciar com base em normas e legislação ainda não atualizados pelo Poder Legislativo. Caberá tanto ao Poder Legislativo como ao Poder Judiciário atuarem de tal forma a atenderem e solucionarem, de modo rápido e eficiente, as mudanças da dinâmica social decorrente da nova economia.

Ano 55 nº 587 junho/2018, Publicação Mensal da ACIM, 44| 30259595 - Diretor Responsável Rodrigo Fernandes, vice-presidente de Marketing - Conselho Editorial Andréa Tragueta, Cris Scheneider, Diego Silva, Eraldo Pasquini, Giovana Campanha, Helmer Romero, João Paulo Silva Jr., Jociani Pizzi, Josane Perina, Luiz Fernando Monteiro, Miguel Fernando, Paula Aline Mozer Faria, Paulo Alexandre de Oliveira, Rodrigo Fernandes e Rosângela Gris - Jornalista Responsável Giovana Campanha - MTB05255 - Colaboradores Camila Maciel, Camila Lúcio, Fernanda Bertola, Josi Costa, Juliana Daibert, Graziela Castilho, Giovana Campanha e Rosângela Gris - Revisão Giovana Campanha, Helmer Romero, Rosângela Gris - Capa Factory - Produção Textual Comunicação 44| 3031-7676 - Editoração Andréa Tragueta CTP e Impressão Gráfica Regente - Escreva-nos Rua Basilio Sautchuk, 388, Caixa Postal 1033, Maringá-PR, 87013-190, revista@acim.com.br - Conselho de Administração Presidente Mchel Felippe Soares - Conselho Superior Presidente José Carlos Valêncio, Copejem Presidente Thaís Iwata Acim Mulher Presidente Cláudia Michiura - Conselho do Comércio e Serviços Presidente Jair Ferrari. Os anúncios veiculados na Revista ACIM são de

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Junho 2018 Informativo nº 001 | Novembro 2010

Coordenadoria das Associações Comerciais e Empresariais do Norte e Noroeste do Paraná


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Acabaram as buscas: chegou o aplicativo da Unimed no PR



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