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PALAVRA FINAL

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ESPAÇO DO BEM

ESPAÇO DO BEM

PALAVRA FINAL NICOLA TINGAS*

DESAFIOS PARA O BANCO CENTRAL EM AMBIENTE DE INCERTEZA FISCAL

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Desde que a economia brasileira e mundial começaram a se recuperar do histórico tombo de 2020, houve evidência de que a retomada ocorre de forma desigual entre oferta e demanda econômicas, com maior fragilização de parte da população de baixa renda no mundo.

As assimetrias econômicas ao longo dos meses de retomada desigual, como um “efeito gangorra”, evidenciaram gargalos de oferta de componentes de produção, energia, transportes marítimo e rodoviário com a enorme alta no preço de combustíveis fósseis. No Brasil, houve impacto também no preço da alimentação por alta das commodities agrícolas.

A inflação oficial, medida pelo IPCA, ultrapassou 10% em 12 meses, com forte disseminação na maioria de seus componentes. A remarcação de preços ocorre por pressão de custos, insumos, mão de obra, defasagens de preços relativos e crescentes indícios de inércia inflacionária.

A rápida ascensão inflacionária ao longo do ano de 2021 criou gap de 4% entre IPCA 12 meses e SELIC do mesmo mês (vide no gráfico o mês de setembro). O Banco Central teve que iniciar forte alta de juros. A decisão de elevar a SELIC de 6,25% (patamar que indica esses 4% defasados perante a inflação) em 1,50% em outubro e indicar mais 1,50% para o COPOM de dezembro e posicionar a SELIC em 9,25%, o que aproxima a taxa básica de juros ao patamar do IPCA 2021 de 9,30 % atualmente projetado. Esse é um importante passo para resgatar influência nas expectativas de inflação do mercado e buscar suavizar essa curva inflacionária ascendente. Mas, aumentos complementares de juros poderão ocorrer em 2022 porque a inflação está com baixa flexibilidade descendente, e ainda poderá ameaçar o teto da meta inflacionária de 5,0% (3,5% + 1,5%). Adicionalmente, a incerteza fiscal e o populismo eleitoral promoveram desvalorização cambial do real mais elevada que a de seus pares. As perspectivas para 2022 são de volatilidade, incerteza e baixo crescimento econômico. De fato, o Banco Central tem um triplo desafio e limitadas condições para superação. f 11,00 Evolução Juros x Inflação (Ex-post) 10,00 IPCA - var. % 12 meses 9,00 Taxa de Juros Selic % a.a. 8,00 7,00 6,00 5,00 4,00 3,00 2,00 1,00 dez/19 mar/20 jun/20 set/20 dez/20 mar/21 jun/21 set/21 dez/21 Fontes: IBGE, BACEN. Elaboração do autor.

(*) Nicola Tingas é consultor econômico da Acrefi. | Concluído em 1.11.2021

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