Cultura

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ALGODÃO Eng. Agr. Maurício Tadeu Lunardon

FIBRAS O algodão é uma fibra natural, de origem vegetal, de comprimento variando entre 24 e 38 mm e é considerada a mais importante das fibras têxteis. Comparativamente às fibras artificiais e sintéticas, sua principal vantagem é o conforto dos itens confeccionados.

HISTÓRIA DO ALGODÃO Os autores divergem sobre a origem do algodão. Alguns a situam no continente americano enquanto outros afirmam ser originário do Paquistão ou ainda da Índia. As referências históricas vêm de muitos séculos antes de Cristo. Os árabes foram os primeiros que fiaram e teceram a fibra de algodão, embora de forma rudimentar. Com o incremento do comércio com o Oriente, a partir da descoberta do caminho marítimo para as Índias, o algodão começou a ganhar importância na Europa. Até o século XVII a lã predominava neste continente. O algodão teve um papel fundamental na Revolução Industrial. A primeira indústria motriz foi têxtil, a qual inicialmente trabalhava com lã, substituída mais tarde pelo algodão. O Brasil e principalmente os Estados Unidos forneciam algodão para as indústrias inglesas. A exportação americana de algodão para a Inglaterra, durante a Revolução Industrial, foi o principal fator de desenvolvimento da economia americana. Nos Estados Unidos, o algodão apareceu como cultura comercial por volta de 1785. Até então, os únicos descaroçadores conhecidos eram os de “rolo” e seu pequeno rendimento restringia a produção de fibra. Em 1792, um professor chamado Eli Whitney, baseado no princípio do uso do pente, inventou o descaroçador-de-serra, muito mais rendoso que o descaroçador-de-rolo e que permitiu o grande desenvolvimento da cultura nos EUA. No Brasil, pela época do descobrimento, os indígenas já cultivavam o algodão e convertiam-no em fios e tecidos. Em 1576, Gandavo informava que as camas dos índios eram de redes de fios de algodão. Em São Paulo, Serafim Leite conta que os jesuítas do Padre Anchieta introduziram e desenvolveram a cultura do algodão a fim de satisfazer suas necessidades de roupas e vestir aos índios. Foi só por meados do Século XVIII, com a Revolução Industrial, que o algodão foi transformado na principal fibra têxtil e no mais importante produto das Américas. No Brasil, o Maranhão despontou como o primeiro grande produtor. Ao Maranhão seguiu-se todo o Nordeste que apareceu como a grande região algodoeira do país.

1


Em São Paulo, a primeira fábrica de tecidos começou a funcionar em 1813, com 10 teares. O primeiro descaroçador-de-serra no Brasil foi instalado em Limoeiro (Pernambuco), em 1820. No Estado de São Paulo, foi em Sorocaba, no ano de 1851. No século XIX, os Estados Unidos já se projetavam como grandes produtores de algodão. Nessa mesma época, no Brasil, a cultura entrou em decadência. O café monopolizava a atenção dos agricultores, principalmente em São Paulo. Em 1860, a Guerra da Secessão nos Estados Unidos, paralisou em parte a exportação da fibra deste país à Europa. Este fato desencadeou um novo surto algodoeiro no Brasil, que durou pouco mais de 10 anos. No Brasil se cultivava o algodão arbóreo, de ciclo perene. No século XIX, foi introduzido o algodão herbáceo, de ciclo anual e fibra curta. Imigrantes norte americanos que se estabeleceram em Santa Bárbara, município do interior de São Paulo, orientaram os agricultores brasileiros que não tinham experiência com a nova planta. Com a restauração da produção nos Estados Unidos, o cultura do algodão no Brasil regrediu consideravelmente, mas não se extinguiu. Somente por ocasião da 1º Guerra Mundial, que coincidiu com a forte geada de 1918 que devastou os cafezais, o algodão teve outro surto em São Paulo. A indústria têxtil, nascente no país, utilizava num primeiro momento, matéria prima proveniente do Nordeste, em seguida, do próprio estado de São Paulo e, posteriormente, também do Paraná. No Estado do Paraná o cultivo do algodão começou pelo município de Sengés. Em 1931, ainda na região do Norte Pioneiro, imigrantes japoneses iniciaram o plantio de algodão e ajudaram na formação dos municípios de Assaí e Uraí, cuja base econômica era a cultura do algodão. No início do século XX, a cultura já havia assumido grande importância econômica e isso despertou o interesse da pesquisa agronômica.

PANORAMA MUNDIAL Segundo o Comitê Consultivo Internacional do Algodão – ICAC, durante os últimos 10 anos, a área cultivada com algodão no mundo oscilou entre 30,611 e 35,880 milhões de hectares. No mesmo período, a produção mundial variou de 16,866 à 20,722 milhões de toneladas. O algodão é cultivado em mais de 60 países. Os dois maiores produtores são China e Estados Unidos que juntos, produzem 43% da produção mundial. A Índia, apesar de possuir a maior área plantada, ocupa a terceira posição, isso em razão do baixo rendimento de suas lavouras. Completam a lista dos cinco maiores produtores, o Uzbequistão e o Paquistão, ambos fazem divisa com o Afeganistão e, por isso, estão fortemente envolvidos no processo de guerra. Apesar disso, até o momento, não se tem notícias de prejuízos na produção desses países.

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Como era previsto no prognóstico anterior, o Brasil melhorou sua colocação no ranking dos principais países produtores. Atualmente, o Brasil é o sexto maior produtor mundial. Na temporada 99/00, o consumo mundial de algodão teve um incremento de aproximadamente 800.000 toneladas. Este aumento considerável foi explicado pelo menor preço da fibra de algodão em relação às fibras sintéticas e também por um crescimento mais acelerado da economia mundial, após a crise dos países emergentes, em 1997 e 1998. Na última temporada (00/01), os nove países maiores produtores de algodão cultivaram 77% da área e contribuíram com 83% da produção mundial.

TABELA 01 - ALGODÃO - ÁREA CULTIVADA NO MUNDO - 91/92 a 01/02 PAÍS/SAFRA

91/92

92/93

93/94

94/95

95/96

96/97

(em 1000 ha)

97/98

98/99

99/00

00/01

01/02

Índia

7.695

7.543

7.337

7.861

9.063

9.166

8.850

9.261

8.883

8.148

8.875

EUA

5.245

4.510

5.173

5.391

6.478

5.208

5.370

4.315

5.300

5.282

5.969

China

6.540

6.837

4.985

5.528

5.422

4.722

4.530

4.230

3.750

4.032

4.630

Paquistão

2.836

2.836

2.805

2.653

2.997

3.148

2.959

3.026

2.800

2.985

3.000

Uzbequistão

1.720

1.667

1.676

1.529

1.498

1.487

1.483

1.545

1.500

1.441

1.460

Brasil

1.971

1.277

1.238

1.229

953

658

877

841

789

858

875

Turquia

599

637

568

582

741

743

719

756

719

667

698

Austrália

282

262

250

209

304

388

428

552

440

500

485

Argentina

535

367

483

700

967

887

851

650

320

385

320

Outros

7.234

6.481

6.096

6.263

7.457

7.638

7.922

8.134

7.838

7.370

7.887

TOTAL

34.657

32.417

30.611

31.945

35.880

34.045

33.989

33.310

32.339

31.668

34.199

Fonte: Comitê Consultivo Internacional do Algodão - ICAC Elaboração: SEAB/DERAL/DCA

TABELA 02 - ALGODÃO - PRINCIPAIS PAÍSES PRODUTORES - 91/92 a 01/02 PAÍS/SAFRA

91/92

92/93

93/94

94/95

95/96

96/97

(em 1000 t)

97/98

98/99

99/00

00/01

01/02

China

5.672

4.510

3.739

4.342

4.768

4.203

4.602

4.501

3.830

4.420

4.650

EUA

3.835

3.531

3.513

4.281

3.897

4.124

4.092

3.030

3.694

3.742

4.165

Índia

2.053

2.380

2.095

2.355

2.885

3.024

2.686

2.710

2.750

2.350

2.723

Paquistão

2.180

1.539

1.367

1.478

1.801

1.594

1.561

1.480

1.800

1.750

1.624

Uzbequistão

1.443

1.306

1.358

1.248

1.254

1.062

1.139

1.000

1.150

960

965

Turquia

561

574

602

628

851

784

838

871

795

880

880

Austrália

502

373

329

335

429

613

689

726

710

704

737

Brasil

667

420

484

537

410

306

370

420

622

858

893

Argentina

250

145

235

350

420

330

295

203

130

168

120

3.559

3.164

3.144

3.231

3.637

3.567

3.758

3.590

3.564

3.341

3.572

20.722

17.942

16.866

18.785

20.352

19.607

20.030

18.531

19.045

19.173

20.329

Outros Total

Fonte: Comitê Consultivo Internacional do Algodão - ICAC Elaboração: SEAB/DERAL/DCA

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Segundo o ICAC, na atual temporada, que teve início em 1º de agosto, a produção mundial será de 20,329 milhões de toneladas. Em se confirmando esta produção, haverá um aumento de 6 % em relação à temporada anterior e será o nível mais alto desde 95/96. Grande parte do aumento da produção mundial se deve ao aumento da produção nos Estados Unidos. Uma forte política de subsídios estimula os produtores daquele país. O mesmo Comitê estima que o consumo mundial será de 19,903 milhões de toneladas de pluma que, mesmo sendo recorde, é inferior à produção, e assim, no final da temporada haverá um aumento dos estoques. Outros fatores parecem estar influenciando a oferta mundial. O uso de novas tecnologias, com destaque para a engenharia genética. Variedades desenvolvidas com esta tecnologia já representam 16% da área plantada no mundo e tem sido rapidamente difundida em razão dos ganhos de produtividade. A força da moeda americana também tem contribuído para uma maior produção em países onde ocorreu desvalorização da moeda local. Apesar das cotações, no mercado internacional, serem as menores dos últimos vinte e oito anos, os preços da pluma nesses países são um pouco mais atrativos. Por outro lado, o consumo foi afetado pela desaceleração da economia global.

TABELA 03 - QUADRO MUNDIAL DE OFERTA E DEMANDA - SAFRAS 1999/00, 2000/01, 2001/2002

(em milhões de toneladas)

SAFRA 1999/00

SAFRA 2000/01

SAFRA 2001/2002

PRODUÇÃO

18,869

19,173

20,329

IMPORTAÇÕES

6,078

5,700

6,153

-6,22

7,95

CONSUMO EXPORTAÇÕES

19,816 6,137

19,702 5,700

19,903 6,153

-0,58 -7,12

1,02 7,95

ESTOQUES FINAIS

8,774

8,238

8,668

-6,11

5,22

VARIAÇÃO (%) 99/00 - 00/01 00/01 - 01/02 1,61 6,03

Fonte: Comitê Consultivo Internacional do Algodão - ICAC Elaboração: SEAB/DERAL/DCA

GRÁFICO 01 - CONSUMO MUNDIAL DE ALGODÃO - SAFRAS 91/92 a 01/02 (em milhões de toneladas)

19,759 19,702 19,321

19,903

19,315 18,968

18,640 18,657

91/92

92/93

18,513

93/94

18,614 18,404

94/95

95/96

96/97 SAFRAS

4

97/98

98/99

99/00

00/01

01/02


PREÇOS – MERCADO INTERNACIONAL O Índice A del Cotlook é a principal referência quando se quer acompanhar a evolução dos preços do algodão no mercado internacional e representa uma média das cinco menores cotações de algodão para entrega nos portos do norte da Europa. É escolhido para compor este índice apenas algodão de qualidade superior. Após cinco temporadas consecutivas de queda nos preços, na última safra houve reversão desta tendência. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos – USDA, o Índice A del Cotlook médio, na temporada 2000/01, foi de US$ 57,34 centavos por libra peso, o que corresponde a um aumento de 8,5 % em relação à temporada anterior. No entanto, ainda foi 37% menor que o Índice médio da temporada 1994/95, quando atingiu US$ 91,08 centavos por libra peso. Analisando o quadro de oferta e demanda mundial nota-se que, nas últimas safras, o consumo foi maior que a produção, provocando uma redução gradativa nos estoques. Esta situação explica a elevação do Índice A na última temporada. O estoque mundial, segundo dados do ICAC, passou de 9,923 milhões de toneladas em 1997, para 8,238 milhões, em 2000. Para a atual temporada, o USDA está estimando que o Índice A médio será de US$ 43,18 por libra peso, ou seja, volta a cair. A explicação pode ser encontrada analisando o quadro de oferta e demanda mundial. É previsto que a produção será maior que o consumo e, portanto, no final da temporada haverá um aumento dos estoques. TABELA 04 - PREÇOS MÉDIOS - ÍNDICE A DEL COTLOOK ( em US$/libra peso) 93/94 94/95 95/96 96/97 97/98 98/99 99/00 00/01 70,69 91,08 85,52 78,6 72,15 58,94 52,85 57,34 Fonte:USDA Elaboração: SEAB/DERAL/DCA

01/02 43,18

GRÁFICO 02 - PREÇOS MÉDIOS - ÍNDICE A DEL COTLOOK

US$/libra peso

100 80 60 40 20 0 93/94

94/95

95/96

96/97

97/98 SAFRAS

Fonte: USDA

5

98/99

99/00 00/01

01/02


MERCOSUL Nas últimas safras, nota-se que a produção de algodão na Argentina vem diminuindo. Ocorre que as exportações de pluma para o Brasil foram prejudicadas com a desvalorização do Real e, além disso, os cotonicultores argentinos enfrentaram problemas climáticos que provocaram perdas e afetaram a qualidade do produto.

TABELA 05 - ALGODÃO - PRODUÇÃO NOS PAÍSES DO MERCOSUL - 91/92 a 01/02 PAÍS/SAFRA

91/92

92/93

93/94

94/95

95/96

96/97

97/98

( em 1000 t de pluma ) 98/99

99/00

00/01

01/02

Argentina

250

145

235

350

420

330

295

200

130

168

120

Brasil

667

420

483

537

410

306

411

520

700

916

Paraguai

133

140

123

151

110

45

74

63

84

104

780 0101

Fonte: Comitê consultivo Internacional do Algodão - ICAC, CONAB (dados Brasil) Elaboração: SEAB/DERAL/DCA

PANORAMA NACIONAL Na década de 70, a área cultivada com algodão no Brasil chegou a ultrapassar 4 milhões de hectares e a produção girava em torno de 560.000 toneladas de pluma. Este volume era superior ao consumo e o excedente destinava-se à exportação. O algodão era um produto importante na pauta de exportações do país. Na safra 96/97, a área cultivada com algodão foi de apenas 657.000 hectares, a menor área das últimas três décadas. A produção foi de 306.000 toneladas de pluma, volume insuficiente para atender a demanda interna. Sendo assim, foi necessária a importação de 470.800 toneladas de algodão em pluma, a um custo de US$ 811.752.000,00. Tal volume de importações colocou o país entre os principais importadores. O declínio da cotonicultura se deu por questões macroeconômicas. Com a abertura da economia, principalmente após a criação do Mercosul, o algodão brasileiro passou a competir com o produto importado, cuja aquisição é vinculada à financiamentos com prazos superiores a um ano e taxas de juros inferiores às praticadas internamente, além de ser subsidiado na origem. Com isso, o Brasil, que foi grande exportador, passou a ser um dos principais importadores de pluma no mundo. A taxa de câmbio vigente até janeiro de 1999, em nosso país, também contribuiu para que houvesse essa inversão.

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TABELA 06 - ALGODÃO - OFERTA E DEMANDA BRASILEIRAS

( em 1000 t de pluma )

DISCRIMINAÇÃO

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

ESTOQUE INICIAL

160,9

170,4

135,5

186,9

132,1

91,5

38,5

61,2

PRODUÇÃO

483,1

537,0

410,1

305,7

411,0

520,1

700,3

916,0

IMPORTAÇÃO

367,3

284,3

472,0

438,5

334,4

280,3

299,9

180,0

CONSUMO

836,6

803,7

829,1

798,7

782,9

849,5

949,0

923,5

4,3

52,5

1,6

0,3

3,1

3,9

28,5

140,0

170,4

135,5

186,9

132,1

91,5

38,5

61,2

93,7

EXPORTAÇÃO ESTOQUE FINAL

Fonte: Companhia Nacional de Abastecimento - CONAB Elaboração: SEAB/DERAL/DCA

Em 2000, a produção brasileira de pluma foi de 700.300 toneladas, resultando numa produtividade média de 2.291 Kg/ha. Esta produtividade recorde foi alcançada em razão das lavouras do Centro-Oeste, região com grande representação, 67% da produção nacional, e onde se adota alta tecnologia, tanto é, que a produtividade média da região foi de 3.030 Kg/ha. Também contribuíram, alguns estados do Nordeste, região que tradicionalmente tem baixa produtividade. Os Governos da Bahia e do Ceará lançaram programas de incentivo ao plantio, que provocaram mudanças no padrão tecnológico e, como conseqüência, maior produtividade. Na última safra (00/01) foram cultivados 837.900 hectares com a cultura do algodão. Esta área supera em 1,7% a safra anterior. O aumento na produção foi ainda mais significativo, passando de 700.300 t de pluma, em 99/00, para 916.000 t, em 00/01. Tamanho crescimento é atribuído ao excelente nível de produtividade, principalmente nas lavouras do Centro Oeste, onde se colheu 3.405 Kg/ha. Na atual safra (01/02), que está em início de plantio, a perspectiva é de redução de área. A Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB ainda não divulgou suas estimativas, mas a percepção de todos que trabalham com a cultura é de que haverá uma redução de área e conseqüentemente de produção. Ocorre que, na safra passada, apesar das altas produtividades, a rentabilidade foi baixa. Este ano os preços foram bem inferiores aos do ano passado e além disso o custo de produção aumentou. O algodão, na última safra, foi cultivado em 18 estados da Federação, com destaque para os da Região Centro-Oeste, que assumiram o lugar de São Paulo e do Paraná, tradicionais produtores de algodão.

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TABELA 07 - ALGODÃO - COMPARATIVO DE ÁREA, PRODUÇÃO E PRODUTIVIDADE - 99/00 A 00/01 U.F.

ÁREA (em mil ha) 99/00 00/01 VAR (%)

PRODUÇÃO (em mil t) Algodão em pluma 0,2 1,0 400,0

PRODUTIVIDADE (kg/ha) 99/00 00/01 VAR (%)

RO

0,5

2,1

320,0

1.220

1.400

14,8

PA

0,8

0,8

0,0

0,4

0,4

0,0

1.450

1.450

0,0

NORTE

1,3

2,9

123,1

0,6

1,4

133,3

1.385

1.414

MA

0,0

2,4

-

2,9

-

0

3.300

0,0

2,1 -

PI

13,8

8,1

-41,3

2,2

0,8

-63,6

470

300

CE

109,0

29,4

-73,0

26,7

4,0

-85,0

720

410

-43,1

RN

23,7

14,2

-40,1

5,0

0,6

-88,0

618

120

-80,6

PB

24,2

9,4

-61,2

9,9

0,7

-92,9

1.200

230

-80,8

PE

11,8

8,3

-29,7

1,6

0,7

-56,3

403

253

-37,2

AL

7,3

7,3

0,0

1,5

1,4

-6,7

599

600

0,2

SE

1,3

0,3

-76,9

0,1

0,0

-100,0

195

180

-7,7

BA

-36,2

57,9

55,0

-5,0

45,6

61,4

34,6

2.250

2.900

28,9

249,0

134,4

-46,0

92,6

72,5

-21,7

1.078

1.429

32,6

PR

53,4

68,4

28,1

43,0

58,2

35,3

2.300

2.385

3,7

SUL

53,4

68,4

28,1

43,0

58,2

35,3

2.300

2.385

3,7

MG

48,2

38,6

-19,9

38,7

29,4

-24,0

2.200

2.060

-6,4 4,2

NORDESTE

SP

65,7

65,7

0,0

55,2

60,0

8,7

2.400

2.500

SUDESTE

113,9

104,3

-8,4

93,9

89,4

-4,8

2.315

2.337

1,0

MT

268,4

378,4

41,0

335,8

515,3

53,5

3.250

3.510

8,0

MS

46,7

50,4

7,9

43,8

66,5

51,8

2.500

3.425

37,0

GO

90,4

97,6

8,0

89,8

111,3

23,9

2.650

3.000

13,2

DF

0,7

1,5

114,3

0,8

1,4

75,0

3.210

2.460

-23,4

C-OESTE

406,2

527,9

30,0

470,2

694,5

47,7

3.030

3.405

12,4

N/NE

250,3

137,3

-45,1

93,2

73,9

-20,7

1.080

1.429

32,3

C-SUL

573,5

700,6

22,2

607,1

842,1

38,7

2.820

3.146

11,6

BRASIL

823,8

837,9

1,7

700,3

916,0

30,8

2.291

2.865

25,1

Fonte: CONAB Elaboração: SEAB/DERAL/DCA

8


GRÁFICO 03 - PRINCIPAIS ESTADOS PRODUTORES DE ALGODÃO SAFRA 00/01

Mato Grosso do Sul 7%

Outros 11%

Mato Grosso 57%

Paraná 6%

São Paulo 7%

Goiás 12%

F0NTE: CONAB

Em 99/00, Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal, produziram juntos, 470.200 toneladas de pluma, que correspondeu à 67% da produção nacional. Na última safra, a representação da região Centro Oeste no âmbito nacional ampliou-se para 76%. No Centro-Oeste, o algodão é cultivado em grandes áreas, o clima é regular e a colheita é feita com máquinas. Além dessas vantagens, os governos do Mato Grosso e de Goiás criaram programas para incentivar o plantio de algodão, através dos quais, o produtor recebe, de acordo com a qualidade da fibra, um incentivo fiscal de até 75% do ICMS incidente sobre o valor de comercialização do algodão.

TABELA 08 - ALGODÃO - PRODUÇÃO NOS PAÍSES DO MERCOSUL - 91/92 a 01/02 PAÍS/SAFRA

91/92

92/93

93/94

94/95

95/96

96/97

97/98

( em 1000 t de pluma ) 98/99

99/00

00/01

Argentina

250

145

235

350

420

330

295

200

130

168

Brasil

667

420

483

537

410

306

411

520

700

916

Paraguai

133

140

123

151

110

45

74

63

84

104

Fonte: Comitê consultivo Internacional do Algodão - ICAC, CONAB (dados Brasil) Elaboração: SEAB/DERAL/DCA

9


TABELA 09 - ALGODÃO - COMPARATIVO ENTRE SP/PR E ESTADOS DA REGIÃO CENTRO OESTE SAFRA

BRASIL

SP/PR

%

CENTRO OESTE

%

MT/GO/MS/DF 95/96

410,1

182,9

44,6

127,6

31,1

96/97

305,8

94,8

31,0

123,8

40,5

97/98

411,0

131,4

32,0

213,4

51,9

98/99

520,1

92,0

17,7

361,9

69,6

99/00

700,3

98,2

14,0

470,2

67,1

00/01

916,0

118,2

12,9

694,5

75,8

Fonte: Companhia Nacional de Abastecimento - CONAB

(em t de algodão em pluma)

Elaboração: SEAB/DERAL/DCA

IMPORTAÇÕES Nas últimas safras, o Brasil vem gradativamente voltando aos níveis normais de produção e, consequentemente, a cada ano, vem reduzindo as importações. Em 1996, o volume das importações brasileiras atingiu 568.169 toneladas de pluma, cuja aquisição custou US$859.696.000,00 ao país. Em 1999, em função do aumento da produção, o volume importado teve uma redução de 16 % em relação ao ano anterior, totalizando 280.300 toneladas de pluma. Em 2000, como foi previsto no prognóstico anterior, houve um pequeno aumento no volume importado, isso porque, apesar do aumento de produção, houve também aumento no consumo.

TABELA 10 - ALGODÃO - IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS POR PAÍS DE ORIGEM, 1997-2001 Países de Origem

1997

1998

Vol. ( t ) Valor FOB

Vol. ( t ) Valor FOB

US$ 1000 Argentina

1999

2000

Jan - Mar/01

Vol. ( t ) Valor FOB Vol. ( t ) Valor FOB Vol. ( t ) Valor FOB

US$ 1000

US$ 1000

US$ 1000

US$ 1000

152.714

261.513

89.477

132.906

102.302

115.398

22.850

24.217

2.567

2.940

Benin

48.230

86.517

48.416

82.313

38.443

53.559

24.541

28.854

3.569

4.378

Estados Unidos

55.813

96.949

33.100

54.661

3.519

5.504

69.560

61.746

882

1.385

Paraguai

44.033

81.829

47.531

73.396

49.228

66.826

61.063

72.378

11.991

14.681

Russia

8.888

14.320

50

85

Uzbequistão

60.826

100.053

38.220

55.676

16.076

21.466

22.714

24.927

535

545

Outros

100.307

170.571

77.564

128.466

70.750

94.813

99.167

110.852

10.872

12.583

TOTAL

470.811

811.752

334.358

527.503

280.318

357.566

299.895

322.974

30.416

36.512

Fonte: SECEX/DECEX Elaboração: SEAB/DERAL/DCA

10


GRÁFICO 04 - BRASIL - PRODUÇÃO E IMPORTAÇÃO DE PLUMA - 1991 a 2001

MIL TONELADAS

1000 800 PRODUÇÃO

600

IMPORTAÇÕES

400 200 0 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 SAFRA

Fonte: CONAB

Entre os países dos quais o Brasil importa algodão, nossos parceiros do Mercosul merecem destaque. Em 1998, Argentina e Paraguai, juntos, responderam por 41% das importações brasileiras. Em 1999, a participação deles foi de 54%. Ano passado, como resultado da desvalorização do Real, essa participação caiu para 28%. Até 1999, a Argentina era o nosso principal fornecedor de algodão. Em 2000, os Estados Unidos assumiram esta posição. Este salto das importações de algodão proveniente dos Estados Unidos, que passou de 1 para 29% do volume total, é devido à um programa de subsídio às exportações, criado pelo governo americano e denominado STEP 2.

GRÁFICO 05

- ALGODÃO - IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS POR PAÍS DE ORIGEM EM 2000

Outros 33%

Uzbequistão 8%

Argentina Benin 8% 8%

Paraguai 20%

11

Estados Unidos 23%


O Brasil a cada ano vem aumentando o volume exportado. Este ano, a CONAB estima que serão exportados 140.000 toneladas de pluma, que corresponde a um aumento de 390% em relação ao ano passado. Este impulso é devido à taxa de câmbio vigente atualmente no país e também à boa qualidade do algodão produzido no Centro Oeste.

TABELA 11 - ALGODÃO - EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS POR PAÍS DE DESTINO, 1997-2001 Países de Destino

Argentina África do Sul

1997

1998

1999

2000

Valor FOB US$ 1000

Vol. ( t )

Valor FOB US$ 1000

Vol. ( t )

Valor FOB US$ 1000

Vol. ( t )

Valor FOB US$ 1000

Vol. ( t )

Valor FOB US$ 1000

184

187

1.885 299

2.676 351

2.609

2.834

1.465

1.768

1.230 337

1.370 391

259 100

31 112

Coréia do Sul Hong Kong Indonésia Portugal Reino Unido Tailândia

Jan - Mar/01

Vol. ( t )

200 100

200

267

1.934 1.972

2.097 2.191

258 1.504

275 1.782

661

574

362

366

274

309 205 10.433 14.765

174

Taiwan Outros TOTAL 284 Fonte: SECEX/DECEX

235

361

100 620

129 859

423

1.032

22.463

25.473

194 9.289

3.104

4.250

3.893

4.707

28.555

32.038

13.086

Elaboração: SEAB/DERAL/DCA

PANORAMA ESTADUAL No início da década de 90, o Estado do Paraná era responsável por mais da metade da produção nacional de algodão e, até meados da mesma, ocupava a primeira colocação entre os estados produtores. Na safra 91/92, a área no Estado foi de 704.000 hectares, que produziram quase um milhão de toneladas de algodão em caroço. Naquele ano, as lavouras de algodão empregaram 235.000 trabalhadores rurais. Na safra 98/99 tivemos a menor área já registrada, foram apenas 48.350 hectares que produziram 107.000 toneladas e empregaram 16.000 trabalhadores, ou seja foram eliminados cerca de 219.000 empregos. No início da década de 90, existiam mais de 100 usinas de beneficiamento de algodão no Paraná. Atualmente, apenas 21 usinas estão em funcionamento. Portanto, a redução de postos de trabalho se transmitiu para os demais elos da cadeia produtiva. Analisando esses números, constata-se que a atividade foi reduzida a menos de 10% do que era no início da década. Nas últimas safras, a área plantada no Paraná tem sido em torno de 55.000 hectares, com exceção da safra 97/98, quando foram cultivados 115.200 hectares. Naquela safra, o Governo do Estado implementou o Programa de Revitalização da Cotonicultura Paranaense, através do qual, os pequenos agricultores receberam, a fundo perdido, R$116,16 por ha, até 6 ha por produtor, para serem aplicados na aquisição de calcário, sementes e no preparo do solo.

12


Na safra 99/00, a área de algodão no Paraná foi de 54.119 hectares, que produziram 125.344 toneladas de algodão em caroço. Após uma pequena estiagem na época de plantio, o clima correu favorável ao desenvolvimento da cultura, tanto é, que o rendimento médio das lavouras foi de 2.316 Kg/ha, e superou o obtido na safra anterior. O preço médio de comercialização foi de R$ 9,40/@ de algodão em caroço. Na última safra (00/01) houve um aumento significativo na área plantada em razão do bom desempenho econômico da cultura na safra anterior. Em 2001 os cotonicultores paranaenses colheram 168.372 toneladas de algodão em caroço, em uma área de 70.870 ha, obtendo-se, assim, uma produtividade média de 2.376 Kg/ha, que superou a obtida na safra anterior, que havia sido recorde.

TABELA 12 - ALGODÃO - EVOLUÇÃO DA ÁREA, PRODUÇÃO E PRODUTIVIDADE NO PARANÁ - 91/92 a 01/02

SAFRA

ÁREA

PRODUÇÃO

PRODUTIVIDADE

1991/92 1992/93 1993/94

(ha) 704.498 345.000 235.000

(alg. em caroço)(t) 972.804 448.081 422.541

(Kg/ha) 1.380 1.298 1.798

1994/95 1995/96 1996/97 1997/98

282.760 182.726 59.722 115.200

529.977 287.061 109.723 160.853

1.874 1.571 1.837 1.396

100.475 125.344 168.372 111.252

2.078 2.316 2.376 2.260

1998/99 48.351 1999/00 54.119 2000/01 * 70.870 2001/02 * 49.216 Fonte: CLASPAR (até safra 98/99); SEAB/DERAL * Estimativa

Na safra atual, este Deral está estimando que a área de algodão no Paraná será de 49.216 hectares que deverão produzir 111.252 toneladas de algodão em caroço ou 41.163 toneladas de algodão em pluma. Em termos de área plantada representa uma redução de 30% e este volume de produção não é suficiente para atender a demanda das indústrias de fiação instaladas no Estado, a qual é estimada em torno de 85.000 toneladas de pluma. Esta redução ocorre em razão dos baixos preços obtidos na última safra. Em 2001, o preço médio de comercialização foi de R$8,27/@ de algodão em caroço, o qual é 12% menor que o preço médio da safra anterior (R$9,40). Cabe ressaltar que, no Paraná, o produtor vende algodão em caroço e o período de comercialização se estende de março a agosto. Além de o preço ter sido menor, o custo de produção teve um aumento significativo em função da alta do dólar. Com isso, a rentabilidade da cultura foi menor. A boa produtividade das lavouras amenizou a situação.

13


TABELA 13 - PREÇOS MÉDIOS NOMINAIS MENSAIS RECEBIDOS PELOS PRODUTORES NO PARANÁ

ANO JAN FEV MAR ABR 1999 6,87 7,00 8,96 8,30 2000 8,85 8,83 9,27 9,59 2001 9,20 9,23 8,43 8,44 Fonte e elaboração: SEAB/DERAL

MAI 8,27 9,31 8,10

JUN 8,44 9,22 8,02

JUL 8,49 9,10 8,05

AGO SET OUT NOV DEZ 8,54 8,64 8,74 8,75 8,81 9,06 9,09 9,08 9,08 9,17 8,08 8,09 ( em R$/@ de algodão em caroço)

TABELA 14 - ALGODÃO - ÁREA, PRODUÇÃO E RENDIMENTO POR NÚCLEO REGIONAL - SAFRA 00/01

REGIÃO ÁREA (ha) APUCARANA 190 CAMPO MOURÃO 19.000 CASCAVEL 5.762 CORNÉLIO PROCÓPIO 3.500 FRANCISCO BELTRÃO 100 GUARAPUAVA 190 IVAIPORÃ 10.860 JACAREZINHO 1.569 LARANJEIRAS DO SUL 200 LONDRINA 2.233 MARINGÁ 3.144 PARANAVAÍ 2.440 TOLEDO 9.922 UMUARAMA 11.760 TOTAL 70.870 Fonte e elaboração: SEAB/DERAL

PRODUÇÃO (ton.) 361 47.120 13.830 7.840 220 320 24.913 3.339 400 6.259 7.489 5.517 25.350 25.413 168.371

14

RENDIMENTO (Kg/ha) 1.900 2.480 2.400 2.240 2.200 1.684 2.294 2.128 2.000 2.803 2.382 2.261 2.555 2.161 2.376


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