Jornal do Concelho - maio 2013

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ANO XXXI - Nº. 367 Mês de Maio de 2013

O CONCELHO DE VILA VELHA DE RÓDÃO Publica-se na última semana de cada mês

Registo de Imprensa - Nº 108771

Mensário Regionalista Fundador: DOMINGOS ALVES DIAS

Depósito Legal Nº. 4032/84

Director JOSÉ FAIA P. CORREIA

PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS Castelo Branco TAXA PAGA

Número Avulso: 0,80

Redacção: Avª. Almirante Reis, Nº. 256 - 1º. esqº. 1000-058 LISBOA - casacvvrodao@sapo.pt - www.ccvvrodao.no.sapo.pt - Telem. 967 018 215 - NIB: 003500630008193433011

31 Anos ao serviço do nosso Concelho

O castelo de Ródão, um recurso pedagógico

O

s departamentos de Ciências Sociais e Humanas e de Matemática e Ciências Exatas realizaram no castelo de Ródão, no passado dia 8 de maio, uma atividade curricular direcionada para os alunos do 7º ano, desenvolvida num contexto de “aula na natureza” e que envolveu as disciplinas de Geografia, História, Ciências Naturais e Matemática. Esta última disciplina associou-se pela primeira vez a uma iniciativa didática que replicou aquela realizada no ano letivo anterior.

Cont. Pág. 6.

I Festival das Sopas de Peixe com grande promoção e participação

A População das nossas aldeias

A

saída dos habitantes do concelho de Vila Velha de Ródão para as grandes cidades do litoral, nomeadamente Lisboa, começou a verificar-se a partir dos anos 30 do século passado. Pág. 7

Recuperação e construção de fontes e chafarizes no concelho “... a Câmara Municipal em colaboração com as Juntas de Freguesia procedeu à recuperação de diversos chafarizes e fontanários por todo o concelho...” Pág. 7

De 17 a 19 de maio, no âmbito do I Festival das Sopas de Peixe, o concelho de Vila Velha de Ródão foi alvo de variadíssimas atenções. No 1º dia de festival o programa Portugal no Coração da RTP, das 15h00 às 18h00, levou Vila Velha de Ródão fora de portas abordando variadíssimos temas que caracterizam o concelho. Vários convidados (Maria do Carmo Sequeira, presidente da autarquia; Luis Raposo, património; José Henriques, Rodoliv e Confraria do Azeite; Sebastião Canelas, gastronomia local; Adelaide Dias, Escola de Bordados da Junta de Freguesia de V.V.Ródão e Modas de Ródão) estiveram nos estúdios da RTP, em Lisboa, com José Carlos Malato e Marta Leite de Castro e em simultâneo a Serenella Andrade e a equipa de exteriores mostraram alguns pontos de interesse turístico deste território ao som da música e dança do Rancho Folclórico de Sarnadas de Ródão, entrevistando produtores locais e artesã (Vitor Claro-mel, Presuntos Rodrigues, Queijaria de Ródão, Queijaria Lourenço e Alice Ribeiro), Nuno Coelho, da empresa de turismo de Natureza; José Domingues, pescador e Miguel Belo, proprietário de um restaurante.

Cont. Pág. 5.

O Regionalismo em Portugal

A

criação da Casa do Concelho de Vila Velha de Ródão pode considerar-se um caso de “vocação tardia” e em contra-ciclo, porquanto nasceu quando algumas das antigas casas regionais já enfrentavam dificuldades de sobrevivência ou tinham desaparecido.

Feira da Gastronomia e Atividades Económicas 28, 29 e 30 de Junho de 2013

Pág. 11

Editorial Pág. 2

Primeiro de Maio festejado pelos fratelenses

Pág. 8

Agradecimento à Drª Alexandra Fernandes, que interrompe a sua colaboração Pág. 3

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O CONCELHO DE VILA VELHA DE RÓDÃO

A primavera chegou ao bloco do 1º ciclo

G

ostar muito da escola; querer contribuir para uma melhor escola onde toda a comunidade escolar se envolve e empenha na dignificação e valorização dos seus espaços constituiu a tónica da segunda edição da atividade “Boasvindas à Primavera”, promovida pelo projeto “A minha Escola é um Jardim”, dinamizado pelos professores responsáveis pelo mesmo e pela Associação de Pais e Encarregados de Educação. Esta edição orientou a sua intervenção no espaço envolvente do bloco do 1º ciclo, que dispõe ainda de zonas a justificar a requalificação. Esta iniciativa contou, no dia anterior, com uma sessão prévia de sensibilização dos mais pequenos que desenvolveram a iniciativa “vamos limpar a nossa escola”, destinada a empenhá-los na preservação e higiene dos espaços que diariamente utilizam. Tratou-se de uma árdua manhã de trabalho que contou com a presença de muitos alunos, pais, professores e funcionários que, entre outras ações, limparam a densa vegetação que o inverno chuvoso fez acumular nos espaços envolventes ao edifício, prepararam o terreno para receber as espécies vegetais escolhidas para o seu embelezamento e colocaram na terra as

plantas que os alunos e professores do clube de jardinagem, durante a atividade realizada durante o ano, reproduziram no viveiro onde desenvolvem competências funcionais ligadas à jardinagem. A participação espontânea de muitos amigos permitiu atingir os objetivos previstos, possibilitou a interação entre diferentes elementos da comunidade educativa, serviu de pretexto para deixar as crianças brincar com a terra e transmitir alguns conhecimentos relacionados com a

jardinagem e a reprodução de plantas. Este convívio terminou com um ótimo almoço partilhado por todos, após o qual se seguiu uma visita ao viveiro do projeto. Neste local, os menos informados puderam contactar com todo o trabalho realizado e adquirir algumas plantas de entre a enorme variedade de espécies reproduzidas e criadas. Esta ação revelou-se um sucesso e merece o justo reconhecimento a todos os que se empenharam para que a mesma se concretizasse.

MAIO DE 2013

Contin. da Pág. 5

O castelo de Ródão, um recurso pedagógico O local em questão, situado em pleno Monumento Natural das Portas de Ródão, constitui um espaço único para desenvolver atividades de natureza pedagógica integradas no currículo das referidas disciplinas, mas também encerra potencial para envolver outras áreas curriculares, bastando para isso ter conhecimento dos recursos existentes e adequá-los aos respetivos conteúdos programáticos. Ações desta natureza possibilitam a promoção da interdisciplinaridade, modalidade que estimula uma melhor integração dos conhecimentos. Os alunos, na sua maioria, aderiram positivamente à atividade e participaram de forma ativa, intervindo de modo pertinente, demonstrando conhecimentos e aplicando conteúdos teóricos trabalhados no contexto das diferentes disciplinas. Foram trabalhados, prioritariamente, os temas da tectónica e das formações geológicas, do relevo e da orientação no espaço, desenvolveu-se uma reflexão sobre a relação entre o espaço natural, a fixação das primeiras comunidades humanas e a exploração dos recursos naturais; caracterizou-se a flora e a fauna do local e desenvolveram-se conceitos matemáticos relacionados com a organização do espaço, com os sólidos geométricos e o cálculo de perímetros e áreas. Esta atividade concluiu-se com uma certeza: a região de Ródão e mais concretamente a área protegida das Portas de Ródão, possui argumentos de grande validade para crescer, para atrair visitantes e para fazer sentir na sua população jovem, o orgulho de pertencer a um território único e com o qual se poderá e deverá identificar. As escolas da região merecem conhecer este potencial e tirar partido dele para uma melhor ação educativa.

Agrupamento de Escolas de Vila Velha de Ródão

A produção de alimentos, a saúde e a mercadorização do conhecimento

“O que preocupa os pais e o que preocupa os filhos”

N

o dia 18 de maio, na escola sede do agrupamento de escolas de Vila Velha de Ródão, o P.E.S. (programa de educação para a saúde), em colaboração com as disciplinas de Ciências Naturais e de E.M.R.C. e da Associação de Pais e Encarregados de Educação, organizou uma conversa para exercitar a maturidade dos mais novos e a capacidade de escuta dos mais velhos, baseada nestas premissas: O maior desejo dos pais é que os filhos cresçam, vivam em segurança e sejam saudáveis e felizes. Mas, mesmo sabendo que tem de se passar por aí, no momento em que os filhos começam a treinar a sua autonomia. Aí torna-se bastante difícil para os pais. Habituados a ter o controlo total sobre a vida e segurança dos filhos, vão ter de lhes passar o comando das suas vidas. Vão ter de confiar nas capacidades que eles foram desenvolvendo. Os pais temem que a falta de experiência e a imaturidade inerente à idade os coloque em perigo e os faça sofrer. Os pais têm razão. O maior desejo dos filhos é serem independentes, darem asas à curiosidade sobre si próprios e sobre o que os rodeia, ter liberdade total para experimentar o que o mundo oferece acompanhados dos seus amigos. Sentem-se cheios de energia e achamse suficientemente crescidos, suficientemente informados, capazes de mudar o mundo e de fazer frente a todas as dificuldades que os adultos obsessivamente relembram e que eles acham que só acontece aos outros. Os filhos têm necessidade de se por à prova sem reservas e consideram os cuidados

N

e as limitações que os pais lhes querem impor como barreiras a ignorar. Consideram-nas exageradas, impeditivas de obter o que desejam a curto prazo e também consideram que representam um sinal da falta de confiança dos pais nas suas capacidades Os filhos têm razão. Como, do seu ponto de vista, ambos têm razão e, geralmente, não sabem como chegar ao outro, é frequente gerarem-se roturas e conflitos bastante difíceis para ambos. Tanto os pais como

os filhos se sentem incompreendidos e injustiçados. E ambos têm razão… À conversa seguiu-se um almoço “slow food” vegetariano, confecionado com a colaboração de todos, que cozinharam os alimentos caseiros que produzem sem a utilização de químicos de síntese. A ideia desta refeição surgiu na sequência da reflexão realizada, nas aulas, sobre a ciência e a tecnologia, e da necessidade de mudarmos os nossos hábitos a nível da alimentação e do consumo.

Agenda – junho 2013 01/06/2013 - Dia da criança (Associação de Pais / CPCJ / CMVVR) 03/06/2013 - Dia da criança (Agrupamento de Escolas) 05/04/2013 - Divulgação de cursos e escolas - 9º ano 14/06/2013 - Encerramento do ano letivo - atividades abertas à comunidade 20/06/2013 - Prova final de português - 6º Ano 20/06/2013 - Prova final de português - 9º Ano 27/06/2013 - Prova final de matemática - 6º Ano 27/06/2013 - Prova final de matemática - 9º Ano 28 a 30/06/2013 - Feira de Atividades de Vila Velha de Ródão

o dia 15 de Maio, a disciplina de Ciências Naturais do Agrupamento de Escolas de Vila Velha de Ródão, em colaboração com os professores universitários Álvaro Fonseca e António Nunes dos Santos, organizou uma conversa informal para aprofundar a reflexão, iniciada em Novembro, sobre “ciência, tecnologia e sociedade”. Desta vez a discussão incidiu sobre a mercadorização do conhecimento levada a cabo pelas grandes empresas multinacionais, como a Monsanto, que dominam atualmente o mercado agroalimentar a nível mundial. O ponto de partida foi, agora, o o visionamento crítico do documentário Food Inc., realizado por Robert Kenner, que analisa a produção industrial dos alimentos nos E.U.A. e as suas consequências. Ao ver este documentário apercebemo-nos das mudanças profundas que ocorreram nesse país: massificação da produção animal e agrícola; uso de químicos de síntese (pesticidas, adubos químicos, hormonas de crescimento, antibióticos, etc.) e, mais recentemente, de OGMs. Apercebemo-nos também, com mais clareza, que a Europa está a trilhar caminho idêntico. A conversa girou em torno dos efeitos

nefastos destes procedimentos na nossa comida, no nosso solo, na nossa biodiversidade e na nossa saúde em prol do progresso e da industrialização do planeta ligados ao enriquecimento de meia dúzia de multinacionais que se escondem por baixo do véu diáfano da segurança alimentar e da produção massiva de alimentos baratos que pretendem resolver a problemática da fome mundial. A conversa levou-nos a abordar os níveis crescentes de obesidade e das doenças associadas, como a diabetes tipo 2 e a ameaça que o patenteamento das sementes (que será, ao que tudo indica, em breve aprovada pelo Parlamento Europeu) representa para a soberania alimentar, tendo em conta que uma qualquer empresa terá o direito a patentear uma planta produzida pela natureza e que é património de todos nós… Estas foram algumas das muitas questões que ficaram a ecoar nas nossas cabeças, após as duas sessões realizadas: a primeira, dirigida aos alunos do 8º e 9º anos, na escola-sede do agrupamento e a segunda, dirigida ao público em geral, na C.A.C. Tejo.


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