ISSN 1679-0189
o jornal batista – domingo, 23/02/14
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Órgão Oficial da Convenção Batista Brasileira
Fundado em 1901
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Ano CXIV Edição 08 Domingo, 23.02.2014 R$ 3,20
Santa Catarina é impactado pelo projeto missionário
“Pés no Arado”
A Bíblia é conhecida no meio batista como a “regra de fé e prática”, por isso, atendendo a orientação de Marcos 16.15, onde Jesus diz: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura”, cerca de 100 jovens, representando 13 estados brasileiros, pisaram em solo catarinense para proclamar as boas novas da salvação (págs. 08 e 09).
Novos missionários para entrar em campo pelas nações (pág. 11) O bicentenário de Thomas Jefferson Bowen (pág. 12) Como viver num mundo tão ruim? (pág. 14)
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reflexão
EDITORIAL O JORNAL BATISTA Órgão oficial da Convenção Batista Brasileira. Semanário Confessional, doutrinário, inspirativo e noticioso. Fundado em 10.01.1901 INPI: 006335527 | ISSN: 1679-0189 PUBLICAÇÃO DO CONSELHO GERAL DA CBB FUNDADOR W.E. Entzminger PRESIDENTE Luiz Roberto Silvado DIRETOR GERAL Sócrates Oliveira de Souza SECRETÁRIA DE REDAÇÃO Arina Paiva (Reg. Profissional - MTB 30756 - RJ) CONSELHO EDITORIAL Celso Aloisio Santos Barbosa Francisco Bonato Pereira Guilherme Gimenez Othon Avila Sandra Natividade EMAILs Anúncios: jornalbatista@batistas.com Colaborações: editor@batistas.com Assinaturas: assinaturaojb@batistas.com REDAÇÃO E CORRESPONDÊNCIA Caixa Postal 13334 CEP 20270-972 Rio de Janeiro - RJ Tel/Fax: (21) 2157-5557 Fax: (21) 2157-5560 Site: www.ojornalbatista.com.br A direção é responsável, perante a lei, por todos os textos publicados. Perante a denominação batista, as colaborações assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opinião do Jornal. DIRETORES HISTÓRICOS W.E. Entzminger, fundador (1901 a 1919); A.B. Detter (1904 e 1907); S.L. Watson (1920 a 1925); Theodoro Rodrigues Teixeira (1925 a 1940); Moisés Silveira (1940 a 1946); Almir Gonçalves (1946 a 1964); José dos Reis Pereira (1964 a 1988); Nilson Dimarzio (1988 a 1995) e Salovi Bernardo (1995 a 2002) INTERINOS HISTÓRICOS Zacarias Taylor (1904); A.L. Dunstan (1907); Salomão Ginsburg (1913 a 1914); L.T. Hites (1921 a 1922); e A.B. Christie (1923). ARTE: Oliverartelucas IMPRESSÃO: Jornal do Commércio
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avia um homem muito bem sucedido na vida, morava com sua esposa e seu filho adolescente numa mansão na área nobre de Curitiba. Ocupava o cargo de presidente em uma empresa multinacional e por isso tinha um alto salário. E era dessa forma que mantinha sua casa, com diversos empregados, tinha quatro carros na garagem, dava sem pestanejar tudo o que o filho pedia e fazia questão de dar para sua esposa tudo o que ela desejava. Isso tudo porque amava sua família. Mas esta não é uma história de uma família feliz. Mesmo amando uns aos outros, e não tendo nenhum momento de discussão, ainda faltava alguma questão para esta família ser feliz. Faltava a comunicação. A fartura de dinheiro acabou ocupando
os espaços entre eles. Mesmo com amor e respeito, o dinheiro os dividiu sem que eles percebessem. Imaginem a situação... no final do dia todos gostavam de assistir televisão, mas cada um queria assistir um canal diferente. Então a solução encontrada com facilidade foi comprar uma TV para cada um. A TV os afastou. O café da manhã não era mais feito juntos, afinal de contas, cada um tinha o seu horário, por conta de suas diversas atividades. O marido ia para academia na parte da manhã, antes de chegar no trabalho. A esposa tinha yoga. O filho gostava de dormir até mais tarde. No final das contas, nenhuma refeição mais faziam juntos, tinham muitos compromissos. E no final de semana era a mesma rotina, um ia jogar golfe com os amigos, outra passava o dia
Ca do rtas s le ed it o ito r@ ba r t is tas es .co m
no spa, e outro preferia jogar videogame (da última geração) com os amigos. Sem perceberem não se falavam mais, nem mesmo marido e esposa. Suas conversas eram quase sempre superficiais. Apesar de haver respeito e amor esta família estava dividida pelas possibilidades oferecidas pelo dinheiro. O consumismo tomou conta da rotina. E só perceberam o que estava acontecendo entre eles quando o filho adolescente descobriu um tumor já avançado. Apesar de ter tido diversos sintomas que poderiam ter levado ao diagnóstico precoce, a distância os impediram de ver detalhes simples. Descobriram então que não se conheciam mais. Com toda a tristeza pela luta contra a doença, a família se uniu também para mudar essa situação entre eles. A primeira atitude
que tiveram foi fazer com que a rotina de cada um não os impedissem de fazer as refeições juntos. Venderam os carros e ficaram apenas com um, assim teriam que estar juntos para chegar em algum lugar. Também deixaram apenas uma TV na casa, precisariam escolher um programa ou filme para assistirem juntos. E acrescentaram ainda uma situação que nunca tinham feito, toda semana realizavam um culto doméstico. O filho foi curado e a família seguiu buscando cada vez mais aproximação entre si. Aprenderam a um cuidar do outro, e a não deixar que as possibilidades que o dinheiro oferece permita os separar. “Portanto, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, especialmente aos da família da fé” (Gálatas 6.10). (AP)
Ministério
ministério e abençoar vidas através disso. Até postei a página do jornal no meu perfil do Facebook. Que Deus continue a te abençoar grandemente nesta obra.
• Muito inspirador o texto do Editorial d’O Jornal Batista do dia 02/02/2014. Como jornalista e trabalhando no setor de Comunicação da Convenção Batista Baiana, é muito bom ler que se pode praticar o jornalismo como
Lidiane Santos Ferreira Jornalista
As mensagens enviadas devem ser concisas e identificadas (nome completo, endereço e telefone). OJB se reserva o direito de publicar trechos. As colaborações para a seção de Cartas dos Leitores podem ser encaminhadas por e-mail (editor@batistas.com), fax (0.21.2157-5557) ou correio (Caixa Postal 13334, CEP 20270-972 - Rio de Janeiro - RJ).
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bilhete de sorocaba Julio Oliveira Sanches
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o dia 18 de outubro de 2013 um grupo de ativistas, cerca de cem, denominado “Coletivo Armagedon Black”, invadiu o Instituto Royal em São Roque/SP. E, após depredar o local, atacar e ferir os seguranças soltou 178 cães da raça Beagles, que serviam como elementos de pesquisas. A justificativa foi “que havia maus-tratos”. O Instituto trabalha com pesquisas visando novos medicamentos. As paredes receberam pichações com frases como: “Assassinos”. “A mão de Deus vai cair sobre vocês”. “Aliança de libertação Animal”. Não satisfeitos com os resultados, no dia 13 de novembro, 40 pessoas encapuzadas retornaram de madrugada para completar a ação. Armados de foices, facas, alicates, machado e martelo, soltaram ratos brancos que serviam como objeto de pesquisas. Móveis e microscópio foram destruídos. Um segurança foi ferido e outro teve a carteira surrupiada. Isto leva a crer que o objetivo
do grupo não estava restrito apenas a soltura de animais. As invasões, convocadas pela internet, diziam que alguns dos invasores desejavam ficar com os animais. Outros foram colocados à venda. Mais uma vez desclassificando o objetivo primeiro: a soltura dos animais, vítimas de maus tratados. Se a causa era nobre dispensa-se o uso de capuz para cobrir o rosto, evitando o reconhecimento pelas câmeras de segurança. Uma causa nobre ou uma reivindicação justa não admite anonimato. Todos precisam ver as expressões faciais dos reivindicadores, inclusive para conquistar novos adeptos à causa defendida. O anonimato, a violência, o desrespeito ao patrimônio alheio e publico não se coadunam com defesas justas. Só os que se sentem culpados por seus atos e não possuem convicção dos ideais que defendem precisam do anonimato. Ante os prejuízos o Instituo encerrou suas atividades. Pesquisas em andamento foram interrompidas. Em “nome de Deus” aberrações são come-
tidas, quando formas outras poderiam ser usadas para se comprovar os maus-tratos. Por via legal, sem agressões, os experimentos seriam encerrados. Em nota o Instituo expressa o seu lamento e acusa: “Lamentamos que a onda de violência física e moral contra os animais e profissionais que prestam serviço ao Instituto, apoiada sistematicamente por políticos e celebridades, ainda persista”. Se verdadeira o envolvimento de políticos e celebridades nas ações irresponsáveis, algo trágico está ocorrendo neste país. Boa parte da medicação usada hoje com sucesso para combater algumas enfermidades, passou por experimento com animais. Não há como testá-las no ser humano. Razão simples: A vida humana numa escala de valores é superior à vida dos irracionais. Precisamos, por enquanto, dos irracionais para tentar minorar o sofrimento do racional. Outro fator a considerar é o porquê de tais ativistas não invadir clínicas que praticam abortos, vi-
sando impedir o sofrimento e morte de inocentes indefesos. O sacrifício da vida humana ainda uterina não desperta ódio nos defensores dos direitos dos irracionais. Válido seria denunciar os que praticam assassinatos, sob a desculpa da estética ou para acobertar crimes cometidos na clandestinidade. Ao ver o ser humano escravizado nas Cracolândias das grandes cidades, restos de vidas que desistiram de viver, embalados pelos vícios; não vemos nenhuma ação ou revolta para impedir que a morte continue ceifando vidas tão preciosas. São racionais que valem menos que os irracionais. Os valores, hoje, aplicados ao atendimento de cães e gatos, superam em muito ao que se destinam ao socorro de crianças abandonadas. Nada contra gatos e cães de estimação. Mas o exagero que se vê preocupa, quando comparado ao valor que se dá à vida humana. A inversão de valores na atual sociedade comprova que perdemos o senso e o foco do que significa a vida humana.
Os elevados investimentos que os governos estão fazendo na construção de monumentais estádios, o embelezamento das cidades, com obras faraônicas desnecessárias, para serem vistas durante alguns dias, em comparação ao investido nas escolas e nos hospitais testificam que o transitório e supérfluo tem maior significado que o permanente. Toda inversão de valores comprova que o ser humano perdeu o verdadeiro foco de vida. Briga-se por quimeras. Arregimentam-se pessoas para defender um cachorro ou um rato de laboratório, mas, nada é feito pelo ser humano, que tem valor eterno e transcende a um momento de pesquisa. A humanidade perdeu o foco da vida. Contaminada pelo pecado passou a adorar a criatura, no caso o irracional, em vez de adorar o Criador (Rm 1.22-23). Inverter a inversão de valores, valorando o correto é desafio que se faz premente a todo ser pensante. www.pastorjuliosanches.org
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GOTAS BÍBLICAS NA ATUALIDADE
OLAVO FEIJÓ Pastor, professor de Psicologia
Consumismo Versus Contentamento
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Manoel de Jesus The Colaborador de OJB
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assim que Paulo chama os últimos tempos, ou os dias que antecedem à volta de Jesus. Quando ouço, tanto leigos, como colegas de ministérios, opinarem sobre algumas questões, observo que são mesmo dias trabalhosos. O mundo que nos rodeia, sufoca os cidadãos, e também os membros das igrejas. No mundo competitivo, se surge uma superação na empresa, busca-se recuperar o desgaste com a conquista de posições na igreja. Enxugar lágrimas, conter o apetite de alguns por posições, curar corações magoados, dá uma trabalheira enorme para os líderes. A missão da Igreja é diluída num só enfoque. A evangelização. A queda adâmica, que levou toda a humanidade junto, na cabeça dos crentes, é a única finalidade de Deus, após a criação do homem, tirá-los dessa catástrofe. Assim sendo, em vez de apenas comunicar “como ser salvo”, passamos a arguir “quem é salvo”. Quanto julgamento acontece nas nossas comunidades, em virtude de engolirmos esse mosquito! Aquele que se preocupa em só comunicar o como ser salvo, é instrumento da graça, e um grande pacificador no seio das comunidades a que pertencem. Aquele que não vê essa diferença são os
grandes perseguidores dos outros irmãos na igreja. A flexibilidade da moral é também causadora dos dias trabalhosos. Surgem as novidades, e como elas surgem uma atrás das outras, não dão tempo a nenhuma segmentação, reflexão, e nada fica definido. A novidade de consagração de pastoras, tem explicações como a seguinte: No mundo aí fora, há mulheres pilotando até aviões, porque não podem pilotar uma igreja? A comparação mostra como o homem moderno é superficial na análise das situações. Vamos, a respeito do problema, que agora nos joga um contra o outro, analisar algumas situações envolvidas na questão. Ilustremos uma pastora, que, no anseio de fazer a sua igreja crescer em número (e como esse anseio afeta pastores!), idealiza coisas que seu marido leigo, não concorda. O apóstolo Paulo ficaria em dificuldades, pois ele recomenda aos crentes serem sujeitos aos seus pastores, mas, ao mesmo tempo, ele recomenda às mulheres serem sujeitas aos seus maridos. Por outro lado, temos a recomendação aos filhos serem sujeitos aos pais, e, como fica em termos de princípios a serem obedecidos, se perceberem que o pai é submisso (por força da posição), à própria esposa? Alguém dirá: Já sei, este autor é contra a consagração de pastoras. Pergunto: Por
que gastar tanta energia, tempo, discussões, se a proposição não é funcional? Essa situação até parece os temas e leis levantados pelos políticos brasileiros. Então, a questão não é se é contra ou a favor, mas se é funcional ou não. Outra situação muito confusa, é a do ministério da adoração. Cabe ao líder da adoração o quê? Bem, pelo que vejo no período do culto, chamado “louvor”, a visão dos ministros parece que é ser um provocador de emoções. Ele passa do cântico para a oração, da oração para a exortação. O tempo do louvor consome a maior parte da energia, em nível forte, da congregação. Quando chega a hora da mensagem, qualquer exortação serve, pois a ênfase no ensino que moldará o caráter cristão, vencedor do poder das trevas, não é o objetivo. Por último, os dias são trabalhosos pela ênfase no ativismo. Haja ativismo, para preencher o vazio provocado pela ausência de vida, espiritualmente falando! Como a comunidade fica desgastada, há uma competição para a conquista da cooperação da comunidade cristã e local. Um tesoureiro recentemente comentou: Pediram-me uma fortuna para o lanche, e depois compareceram 9 pessoas. Bem, será que menos celebrações com mais pessoas não seria mais produtivo? O modelo do Novo Testamento é esta-
m uma das últimas recomendações aos leitores da carta aos Hebreus, o autor explicita: “Conservem-se livres do amor ao dinheiro e contentem-se com o que vocês têm...” (Hebreus 13.5). O texto de Hebreus sugere uma relação quase de causa e efeito. Ele começa recomendando que nos libertemos do “amor ao dinheiro”. Em seguida, aconselha a valorizar o que quer que possuamos. Porque o consumismo, o desejo incontrolado de acumular cada vez mais, geralmente coincide com a postura de supervalorização do dinheiro. Em nossa cultura, na qual o dinheiro abundante não fica nas mãos do possuidor, mas no banco, o sinal de riqueza deixa de ser a moeda, passando a se concentrar nas coisas compradas pelo dinheiro. Neste ponto, o amor ao dinheiro se transforma em amor aos
bens de consumo. Vai aí, quem já não se contentava com o dinheiro acumulado, naturalmente não conseguirá se contentar com os bens já acumulados. Paulo nos garante, baseado na própria experiência, que a única escravidão que nos dignifica é a da submissão ao Cristo. A dependência a qualquer outro senhor, seja ele droga, poder, sexo ou dinheiro, sempre humilha e desfigura. Por isso, aqueles que se submetem ao dinheiro e ao consumismo pagam caro pelo seu vício. Ele chega a suplantar o bem estar da pessoa, da sua família, do seu relacionamento com o Senhor. É preciso não se esquecer da triste experiência do jovem rico que procurou Jesus: porque ele possuía muito dinheiro e muitos bens, não teve coragem de amar o Senhor. E foi embora arrasado. “O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males”.
rem juntos. Depois oração e ensino. Depois cuidado social. E depois, só alegria, atrás de alegria. Quem não deseja ser membro de uma igreja tão poderosa em que os escravos conquistaram o
coração e alma dos seus senhores? Eram, os dias apostólicos muito trabalhosos também, mas amenizados pelos resultados. Cabe-nos apenas dizer: Maranata! Ora, vem Senhor Jesus!
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Moisés Selva Santiago Jornalista, professor de ensino superior, mestre em Teologia e pastor da Igreja Batista Olaria – Porto Velho/RO
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utro ano, outro início das aulas para milhões de escolares e acadêmicos. Uniformes, livros, cadernos, matrículas, mensalidades, sapatos, apostilas, transporte, lanches, reuniões com os responsáveis, carteira de estudante, horários, novos desafios, novos colegas, novos aprendizados. E neste ano de Copa, a ordem é acelerar por causa dos jogos que alimentam a pergunta nacional: A seleção brasileira será campeã? Na verdade, nossa pátria já tem muitos campeões. São os professores desse imenso Brasil. No calor do sertão pernambucano, no friozinho dos pampas gaúchos, nos riscos da escola ribeirinha dos rios amazônicos, na agitação dos centros urbanos – os educadores insistem na tarefa da construção do saber. Esquecidos na hora da glória, não se importam: penduram perto do coração a medalha virtual da certeza de que são degraus por onde ascendem do pré-escolar ao pós-doutor. Campeões também são os alunos. Eles e elas contrariam todas as impossibilidades sociais e ambientais,
familiares e culturais na luta diária pelo aprendizado. Sonham com as notas boas, a aprovação no final do ano, o diploma que servirá de chave para abrir portas de sucesso – ou não. Enfrentam todo tipo de dificuldade para juntar as letras e os números, entender os textos e os contextos, interligar bilhões de neurônios que ampliam os horizontes da vida. Faz nove anos que levo meu filho Vinícius à escola. Com chuva ou sol. Muita preguiça ou disposição, de manhã bem cedo. Com Victor, meu primogênito, foram treze anos seguidos. Isto porque tive o privilégio de levá-lo até a universidade, no primeiro ano de Direito. E mais: fui professor dele no primeiro semestre de sua vida acadêmica. Fico imaginando a emoção que sentirei em breve, ao vê-lo concluir o curso universitário... Alguns consideram despesa demais. Realmente, material escolar, livros, mensalidades, taxas – tudo custa muito dinheiro. Outros afirmam que é tolice desperdiçar tanto tempo em salas de aulas, do fundamental à faculdade. Penso diferente. Trata-se, isso sim, do mais precioso investimento que pode ser feito às crianças, adolescentes e jovens. Sabem disso as culturas milenares, da Índia à China, no continente africano e nas páginas da Bíblia. Sabem disso
os países que já alcançaram um grau maior de civilidade e felicidade. Voltar às aulas, outra vez, não pode ser visto como peso, perda de tempo, um gasto. Pelo contrário, esse retorno aos livros e ao saber (que para mim vem durando mais de 45 anos!) é renovador da alma, alimentador de sonhos, vivificador da realidade. Mas a situação não está boa para todos. Mesmo com os incentivos atuais, ainda somos quase quatro milhões de crianças e adolescentes fora da escola... Quase quinze milhões de jovens fora da vida universitária... Ainda há muito o que ser feito pela educação. E nós também somos responsáveis por isso. Se chegou a hora de levar filho, filha, sobrinho, netinha – qualquer criança, adolescente ou jovem à escola ou faculdade, não vamos hesitar! Vamos caprichar na pontualidade e assiduidade. Vamos continuar investindo na educação, acreditando que essa rotina ano após ano é mais importante que qualquer “pão e circo” político-ideológico. Ela é a base de um futuro concretamente melhor para eles e elas, para as famílias, para o país. Então, nessa volta às aulas, vamos fazer nossa parte porque em cada estudante certamente está germinando a semente de um Brasil melhor.
ão vemos novelas em nosso lar. Um dia desses, como propaganda de uma novela, mostraram no telejornal uma cena na qual uma mulher declara que está na cidade onde se passa a trama exclusivamente para se vingar e, pelo visto na cena, estava conseguindo destruir a outra pessoa, para regozijo dos telespectadores. Ela declara que o dia em que conseguir sua vingança será o dia mais feliz da sua vida. Comecei a pesquisar e descobri que a vingança é tema constante das novelas que, aliás, exploram cada vez mais os mais baixos sentimentos do ser humano. Sem traição, intriga, maldade, inveja, adultério, violência em cenas cada vez mais cruéis, sem alguém querendo vingança, sem vilão ou vilã, a novela não dá ibope, não vende nada. A propaganda em favor da vingança como se fosse um ato de justiça é tão marcante nas novelas que está atingindo a consciência de muitos crentes. A vingança, aliás, já era um tema explorado nas tragédias gregas e também na obra shakespereana. Dentro da ética cristã, porém, a vingança não se justifica e não tem espaço. É um sentimento mesquinho, prova de imaturidade espiritual, negação explícita do espírito cristão de amor, perdão e reconciliação. Em Romanos 12.19 o Espírito de Deus diz pela pena de Paulo, na versão A Mensagem: “Não revidem. Descubram a beleza que há em todos. Se você a descobriu em você, faça o mesmo com todos. Não insistam na vingança, ela não pertence a vocês. Eu vou julgar, eu vou cuidar disso, diz Deus”. Em outras palavras, a vingança é uma atitude incompatível com a natureza do cristão. O desejo de vingança dói na alma do vingador como se ele estivesse sofrendo um prolongamento da ofensa de que pretende se vingar. Muitas pessoas ficam paralisadas pelo desejo de vingança. Não crescem na vida cristã, não exercem seus dons espirituais, perdem a esperança da glória, pois lá não entrará nenhum sentimento impuro. Antes de destruir a pessoa de quem deseja se vingar, o vin-
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gador já se destruiu a si mesmo, pois a sede de vingança sempre se torna obsessiva, dominando o pensamento e os sentimentos, somatizando-se em complicações desastrosas para a saúde, podendo levar a óbito. O vingador perdeu o encanto de viver, como diz a versão acima citada. Precisa substituir a vingança pelo perdão e pelo bem que possa fazer a quem lhe fez o mal para redescobrir a beleza da vida. Quando foi alvo de uma injustiça ou crueldade, o vingador foi vítima. Na vingança, passa a ser réu. O desejo de vingança obstrui o canal de comunicação com Deus e impede por completo o crescimento da vida piedosa. O indivíduo pode desejar vingança por uma agressão sofrida por ele mesmo ou por outrem. O desejo de vingança contra quem feriu outra pessoa não causa menor dano do que aquela desejada por quem sofreu a agressão. Alegrar-me com a desgraça que acometeu a quem me causou dano é uma forma de vingança, pois “O amor não folga com a injustiça, mas regozija-se com a verdade”. A vingança não alivia a dor de uma injúria, antes a agrava. Há ofensas que é difícil perdoar, especialmente quando vêm de uma pessoa em quem se confiava. Jesus confiava em Judas e foi por ele traído. No entanto, quando Judas se aproxima de Jesus no horto, Jesus o chama de amigo. “Amigo, a que vieste?” Jesus demonstra, no episódio, que ele é a encarnação da graça divina, que depois vai suplicar pelos seus algozes: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”. Pela graça de Jesus, bênção que os ímpios desconhecem, é possível trocar a vingança pelo perdão, o que não é apenas possível, mas indispensável se queremos que Deus não se vingue dos nossos pecados, mas nos perdoe. “Porque se não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai celestial vos perdoará a vós”. O perdão alivia e elimina a dor de uma ofensa, ao contrário da vingança, que a revive e agrava. A vingança nivela o agredido ao agressor. O perdão nivela o homem ao seu Criador. A escolha é nossa.
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notícias do brasil batista
Missionários com Alegria ensinam crianças a exercerem sua fé
Tia Rosiane e suas crianças
Marcio Silva Comunicação da Equipe Missionários com Alegria
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Equipe dos Missionários com Alegria unido a Primeira Igreja Batista de Inhoaíba, RJ, deu início a Escola Bíblica de Férias com o tema “Com Jesus sou campeão”. A EBF trabalhou as histórias de Josué, Davi e Golias e Daniel, com o objetivo de ensinar as crianças a exercitar sua fé diante das adversidades, e problemas que vieram a enfrentar. A Igreja ficou com cara de copa do mundo, com enfeites
Tia Marcia organizando o versículo tema Flor responsável pela aplicação de flúor
verde e amarelo, os “Pitchuquitos” da PIB Vila Kennedy abriu a EBF com músicas animadas dançando e cantando com as crianças, logo depois o grupo se dividiu em classes e foram aprender um pouco mais sobre a Palavra de Deus. Nosso segundo dia, foi muito bom, o grupo saiu para as ruas embaixo de um sol bem forte, convidando as crianças para participar da EBF com histórias e brincadeiras. As crianças brincavam nas ruas e na mesma hora foram para Igreja, e já tinham crianças lá na Igreja antes da
equipe chegar. Eles ouviram a história de Davi e Golias, aprenderam que na nossa vida existem gigantes que precisamos enfrentar, e como Davi disse “Em Nome do Deus Todo Poderoso”, conseguirão vencê-los também. No terceiro dia, começamos com a ação social com as tendas de distribuição gratuita de roupas, aferição de pressão e glicose, aplicação de flúor, corte de cabelos, oração de orientação jurídica. A medida que as pessoas foram atendidas, elas iam comentando umas com as outras, e rapidamente foi che-
Dr. Julio Prudente na assistência jurídica Oração com o Diácono João
Corte de cabelos
Ao centro Elizabeth líder da ação social e bazar gratuito
gando pessoas a procura de nossos serviços. Um senhor que passava pelo local, nos chamou até sua casa para buscar mais doações de roupas, e o carro voltou cheio de doações. A tarde foi uma bênção, as crianças foram chegando e ouviram a história de Daniel, e aprenderam que muitas vezes Deus nos permite passar por dificuldades, e é ali que Ele se manifesta e nos honra e nos faz vencedor. Agradecemos a Deus e a todos os Missionários com Alegria, e a PIB de Inhoaíba e ao pastor Dieivisson, que
mesmo em suas férias, nos permitiu e nos fez ficar bem à vontade em sua Igreja. Nosso agradecimento se estende ao irmão Júlio Prudente Júnior que nos apoiou com atendimento jurídico. Estes são os Missionários com Alegria, levando a Palavra de Deus as nossas crianças, e sempre crendo que Deus fará o melhor por elas. Ore por nós, lembre-se disso, e convide nossa equipe, será um prazer estar em sua Igreja. Marcio: (21) 9822-2093. E-mail: alegria.missionarios@gmail.com
Marcela na verificação de pressão e glicose
GAM Joel Furtado: Um ano de bênçãos Dr. Reynaldo Corrales Filho Presidente UMHBALP
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s irmãos que foram a Igreja Batista Vila Nova Mariana, SP, ao culto de gratidão e louvor a Deus pelo 1º aniversário do GAM (Grupo de Ação Missionária) Joel Furtado, com certeza saíram de lá com seus corações confortados pela maravilhosa mensagem bíblica ministrada pelo irmão Jefferson, seu primeiro presidente. O GAM de uma forma bem contemporânea apresentou uma peça onde mostrou a maravilha de sair da vida de crime e aceitar a Cristo como Senhor e Salvador de suas vidas. A frase final foi: “Saia desta Gang e venha servir a Cristo no GAM!” Ainda tivemos a apresentação maravilhosa
do grupo de coreografia da igreja. E como é gratificante ver 32 jovens gamistas valentes servindo a Deus através da evangelização em praças, trabalhos com crianças e adolescentes atra-
vés do PEPE (programa de apoio ao desenvolvimento da criança) e distribuição de sopa a moradores de rua. Agradecemos a Deus o apoio das 14 SMHBs (Sociedade Missionária de Ho-
mens Batistas) coirmãs com 98 irmãos presentes neste culto e ao apoio irrestrito da UMHBALP – União Missionária de Homens Batistas da Associação do Litoral Paulista. Tivemos também a pre-
sença do Pr. Flávio Tibério, da IB Parque Continental, onde com a permissão de Deus em 22 de março será organizado o 2º GAM do Litoral Paulista. A Deus toda a Glória!
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missões nacionais
“Sirvam nossas façanhas de modelo, a toda terra...”
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Cristiane Niemeyer Missionária de Missões Nacionais, RS. Mestranda em Educação pela UFRGS “O Rio Grande do Sul é como aquele filho que sai muito diferente do resto da família. Muitos gostam, mas estranham” Arnaldo Jabor - Jornalista
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Rio Grande do Sul entrou tarde no mapa do Brasil. Até o começo do século XIX, espanhóis e portugueses ainda se guerreavam para saber quem era o dono da terra gaúcha. Talvez por ter chegado depois, o meu amado estado ficou com um jeito diferente de ser. Começa com o clima: aqui faz frio e venta. Nosso povo tem mania de tocar gaita (conhecido como sanfona em outros estados), dar tiro de laço, ir ao Centro de Tradição Gaúcha. Tomamos chimarrão mais do que café..., as nossas cozinhas são nossas salas de visita (mas só para quem já tem intimidade com a casa). Mas o singular mesmo é a personalidade forte deste meu povo. É rigoroso, não tem nada do riso fácil e da fala mansa dos brasileiros do litoral (como cariocas e baianos). Fora que o gaúcho carrega a desconfiança de um homem de guerra, o vazio e o silêncio do pampa, que precisou ser conquistado à unha dos espanhóis. Todo povo gaúcho ama sua terra e está sempre pronto para defendê-la, mesmo que tenha de pagar o preço em sangue e luta. Grande destaque ao comportamento dos adversários de times de futebol que vão juntos aos estádios e não se importam de torcer um contra o outro e depois saírem juntos para comemorar, lembrando que apesar da diferença do time, são gaúchos! Mas este regionalismo exacerbado costuma gerar problemas de imagem para os gaúchos em relação aos demais brasileiros. Para muitos, é como se o povo daqui se sentisse superior ao resto do País. Alguns dados e estatísticas daqui surpreendem: O Rio Grande do Sul é possuidor do melhor índice de desenvolvimento humano do Brasil, de acordo com a ONU; do menor índice de analfabetismo do País, segundo o IBGE; e o da população mais longeva da América Latina (sendo Veranópolis a terceira cidade do mundo em longevida-
Vigílias de oração
Palestras para famílias nas escolas
Trabalho com crianças
Batismos
Estudos bíblicos às sextas-feiras
Pequenos grupos multiplicadores
Café Campeiro - comemoração gaúcha anual
de), segundo a Organização Mundial da Saúde. Porém, aqui existe uma diversidade religiosa muito forte. Segundo os dados sobre religião do Censo 2010, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o levantamento destaca o Rio Grande do Sul como um Estado de extremos. São gaúchos os municípios com mais católicos, mais evangélicos, mais umbandistas, mais islâmicos e mais mórmons do país. Mesmo em meio aos dados que compartilho com os amados, quero destacar que
em cinco anos de projeto missionário aqui em Santo Antônio da Patrulha (RS), temos visto o grande mover de Deus neste estado, especialmente nesta cidade. É certo que a batalha é grande! Mas estamos aprendendo a cada dia a concordar com o Senhor em oração. Salmo 1.8 “Pede-me e eu te darei as nações por herança...” Queremos ver a glória do Senhor sobre o estado do RS. Queremos ver cair por terra as estatísticas que apontam o estado como “cemitério do evangelho no Brasil”.
“...Ora, sem fé é impossível agradar a Deus...” Nossa fé é grande! Temos fé que o estado do Rio Grande do Sul será conhecido como o CELEIRO MISSIONÁRIO DO BRASIL! Louvamos a Deus por todo povo batista que tem sustentado com fé e generosidade os projetos do Rio Grande do Sul. Agradecemos a Junta de Missões Nacionais que não mede esforços para a abertura de novos trabalhos em nossa terra. Pela Convenção Batista do Rio Grande do Sul que caminha conosco, buscando
ferramentas para o crescimento da obra no RS. Louvo ao Senhor por ter enviado, para este pampa, valorosos missionários para juntos alcançarmos o meu povo! Vamos continuar firmes a peleia, crendo que o “patrão desta querência” há de nos sustentar e nos conceder vitória! A Ele, toda honra e toda a Glória para sempre! Invista na expansão do evangelho no estado do Rio Grande do Sul. Acesse www. missoesnacionais.org.br/pam e torne-se um Parceiro na Ação Missionária do estado.
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notícias do brasil batista
Santa Catarina é impactad
“Pés no
Paloma Furtado Comunicação da JBB
A
Bíblia é conhecida no meio batista como a “regra de fé e prática”, por isso, atendendo a orientação de Marcos 16.15, onde Jesus diz: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura”, cerca de 100 jovens, representando 13 estados brasileiros, pisaram em solo catarinense no período de 3 a 13 de janeiro para proclamar as boas novas da salvação. Os voluntários participaram do “Pés no Arado”, projeto missionário organizado pela Juventude Batista Brasileira (JBB), que este ano contou com a parceria da Convenção Batista Catarinense (CBC). “Quando retornamos do Pés de 2013, havia um clamor para que o projeto ocorresse no Sul, mas não tínhamos nada confirmado ainda. Logo depois, quando chegamos ao Rio, recebemos o convite para levarmos o Pés para Santa Catarina e entendemos que era resposta de Deus. Então o levamos para o estado em parceria com a CBC, o que foi muito positivo”, declara Melina Santos, coordenadora do projeto. O “Pés no Arado” é interdenominacional e destinado
aos maiores de 18 anos. Cada ano acontece em um estado diferente e, em 2014, igrejas do Norte, Sul e Oeste Catarinense, assim como a grande Florianópolis, receberam as equipes, que em sua maioria eram compostas por cerca de 10 pessoas. “A divisão da equipe é feita, em primeiro lugar, pelas habilidades e, também, na medida do possível, tentamos separar as pessoas da mesma igreja e região para que tenhamos uma diversidade dentro dos grupos”, explica Melina. O tema deste ano foi “Pra Você Sorrir”, como forma de apresentar Jesus Cristo como a verdadeira alegria. As estratégias propostas pelos voluntários são as mais variadas, vão desde o evangelismo pessoal ao abraço grátis, de gestos de bondade ao dia da beleza. Para participar não é obrigatório possuir nenhuma habilidade específica, todos são bem-vindos, desde que dispostos e com vontade de servir. Mesmo assim, para auxiliar os voluntários, os dois primeiros dias são destinados ao treinamento. Para 2014, a capacitação ocorreu no Acampamento Batista Catarinense (ABC) e o convidado a ministrar aos participantes foi o missionário Rodrigo Busin, que exemplificou a
forma de abordagem utilizada pelo Ministério Caravana do Arrependimento. “A abordagem direta é levar o evangelho de Cristo e ter o retorno mais rápido. No meu ministério tem sido a forma mais eficaz, mas não podemos generalizar”, afirma o missionário. Muitos que já participaram em outra oportunidade do Pés no Arado ou outros projetos missionários já conheciam a estratégia, mas puderam se aprimorar. Já aqueles que não conheciam, viram-na como uma excelente ferramenta de evangelização, como contam os voluntários Rafael Mascarenhas e Abner Souza. “Esse treinamento abriu um pouco mais o meu nível de conhecimento sobre a temática utilizada no Pés anterior. Pude relembrar o quanto essa abordagem é eficaz”, comenta Rafael. “Essa é uma boa forma de complemento às ações que normalmente são realizadas na comunidade. Através desse tipo de evangelismo podemos demonstrar a motivação das nossas atitudes de atenção e amor ao próximo”, diz Abner. A noite de abertura e o culto de comissionamento ou envio foi aberto a toda comunidade catarinense. Nas datas, ministraram o
Pr. Silas Timóteo, da PIB em Balneário Camboriú/SC, e o missionário Rodrigo Busin, enviado da PIB de Cabo Frio/RJ. Os louvores ficaram a cargo das bandas da Juventude Batista de Florianópolis (Jubaf) e Rio Tavares. “A abertura foi, na verdade, a reabertura dos nossos olhos e corações para a mensagem da cruz”, afirma o curitibano Natan Alves. “Pensar como Jesus nos chamou pela cruz e ter essa possibilidade de ir também pregar o evangelho foi muito importante para mim. Foi realmente um culto de chamada, foi como se fosse um aval para ir ao campo”, conclui Fabiane Guimarães, de 18 anos. Após o culto de envio, os voluntários vão para os campos, que foram divididos em Campeche, Brusque, Barra do Sul, Ribeirão da Ilha, Joinville, Forquilinhas, Rio Tavares, Jardim Atlântico, Vila Nova e Braço do Norte. De acordo com o Pr. Jossemar de Oliveira, secretário da Convenção Batista Catarinense, Santa Catarina é um dos estados de menor expressão do evangelho. São seis milhões de habitantes e 14 mil batistas, onde a maioria se concentra no litoral catarinense. “São 86 igrejas batistas, 50 congregações e 20 fren-
tes missionárias. No total, há 156 trabalhos batistas em todo o estado. Desses, 64 unidades possuem menos de 30 membros e 33 com cerca de 100. Sendo que 40% das igrejas não possuem condições de se manter”, declara o pastor Jossemar. Cada grupo, através da realidade dos locais para o qual foi enviado, pode vivenciar novas experiências, como é o caso de quem ficou em Forquilinhas e Rio Tavares. Essa, que foi a maior equipe do projeto este ano, contou com 16 voluntários, incluindo a líder Vivian Fafá, que falou um pouco sobre as particularidades dos campos em que atuaram. “São duas igrejas com realidades completamente diferentes. Tivemos que nos organizar de forma com que pudéssemos atender os dois locais com qualidade. Em um dos bairros as pessoas são mais receptivas à palavra, já no outro, por ser um bairro onde o fluxo de turistas é grande, acaba sendo mais dificultoso o trabalho”, apontou a capixaba. Dotado desse mesmo pensamento, o voluntário de primeira viagem, Arthur Martins, de 30 anos, comenta o quanto é desafiador realizar as ações ao lado
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do pelo projeto missionário
Arado”
de outras 15 pessoas, de seis estados diferentes: “O principal desafio é saber trabalhar em equipe e entrar em consenso com todos. O fato de ser um grupo grande dificulta um pouco por esse ser também um processo de conhecimento”, diz. O paranaense Alisson Nascimento, de 24 anos, também comenta a questão do relacionamento entre os componentes da equipe: “A união do grupo como família me impactou bastante. Mesmo com diferentes personalidades, conseguimos encontrar um equilíbrio onde cada um, de acordo com o seu dom, pode ser útil na obra”, cita o jovem. Se de um lado é desafiador conhecer e conviver em forma de família com pessoas antes desconhecidas, por outro, o desafio e responsabilidade é criar relacionamentos com os membros das igrejas que receberam os grupos, assim como com os moradores dos bairros selecionados, como ressalta Marco Antônio Silveira, que fez parte da equipe de Ribeirão da Ilha. “Em tudo o que fizemos buscamos deixar as pessoas bastante a vontade, para que tudo acontecesse de forma espontânea. Uma das principais ferramentas nossas
foi o ouvir. Muitos precisam desabafar e isso tem sido muito positivo”, complementa Marco Antônio. Na liderança, o sentimento de unidade não foi diferente, principalmente para aqueles que foram líderes em parceria com outro. Teve líder novato, veterano, pego de surpresa, mas em todos eles havia algo em comum: o chamado. “Sem dúvidas é uma grande experiência. Sei que Deus é quem escolhe e capacita. Se fosse por mim mesma, eu não aceitaria, mas há algum tempo eu disse para Deus: “eis-me aqui” e Deus então me presenteou com essa oportunidade”, exemplifica Thaiz Nascimento, que liderou a equipe de Joinville junto com Lisandra Soares. É esse chamado também que motiva as pessoas a saírem do conforto e da comodidade de seus lares e igrejas para dedicar suas vidas em prol do outro e do reino de Deus. A gaúcha Lúcia Wilgen é um desses exemplos. Ela está à frente da congregação do Balneário Barra do Sul há um ano, depois de uma reviravolta que Deus fez em sua vida, como conta. “Eu era freira e hoje estou aqui à frente da congregação. O campo aqui está muito aberto devido o bom
relacionamento que tenho com as autoridades locais”, conta. Vocação essa que também se estendeu à missionária Andrea Cardoso, que atua em Vila Nova. “Frequentávamos a igreja mãe e nos pediram para auxiliar na congregação, mas aí o pastor saiu e nós continuamos cuidando da unidade. Deus já tinha, inclusive me falado isso em sonho, mas muitas vezes eu desanimei, fiquei triste por não saber como lidar com determinadas situações, por não ter informações de base teológica e nem recursos. Tudo o que temos feito é porque temos a consciência de que foi o Senhor que nos chamou para estarmos aqui”, diz a missionária. A Bíblia diz em I Coríntios 9.16: “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho!” É por entender isso que a carioca Lidiane Ferreira, de 26 anos, não se intimida diante das circunstâncias, como comenta. “Não me preocupo em ser surda, pois sei que Deus tem um ministério para mim. Sei que existem muitos surdos no campo e também em outros lugares. Eu estou amando o projeto; o Pés
tem mudado minha vida”, concluiu a pedagoga Lidiane Ferreira. Buscando atender a esse ide de Cristo, em todos os dias em que os voluntários estiveram em Santa Catarina a presença de Deus pode ser notada de muitas formas. Não somente dentro das igrejas, mas nas ruas, praças, e até em eventos municipais, como a Marcha Para Jesus, que aconteceu em Barra do Sul. Em algumas localidades nem todas as ações propostas inicialmente puderam ser realizadas, mas o Senhor sempre se fazia presente trazendo a direção do que deveria ser feito, como fala o líder da equipe de Braço do Norte, Ronan Lima: “Foi muito diferente porque todas as estratégias propostas não eram coerentes com a realidade local. Tivemos que mudar muitas coisas na hora, o que me fez entender que não existe um formato pronto, um manual. As coisas precisam ser flexíveis e precisamos estar atentos à voz de Deus para entender o que Ele deseja fazer”, explica Ronan. Os missionários se despediram do estado no dia 13, com a celebração do Culto da Vitória, onde cada equipe apresentou através de vídeos, música, dança,
um pouco do que foi realizado nos campos. Alguns membros das igrejas que receberam os voluntários também compareceram. Para o pastor da juventude do Campeche, Pr. Leonardo Amorim, “O Pés no Arado foi nitidamente resposta de oração das igrejas que se importam com a evangelização de pessoas”. O diretor de Missões da CBC, Pr. Fernando Coelho, observa que o despertamento nas igrejas batistas de Santa Catarina já começou. “Até antes de ter começado o projeto, propriamente dito, as igrejas já estavam impactadas, principalmente aquelas que receberiam as equipes. E no decorrer do trabalho, através dos testemunhos, dos pastores envolvidos e membros das igrejas e congregações, podemos notar que está havendo um grande despertamento em Santa Catarina em relação ao evangelismo”, constata. Agora, a responsabilidade daqueles que de alguma maneira cooperaram com o projeto, é despertar outros para a missão, como enfatiza o Pr. Jossemar de Oliveira: “O que mais precisamos agora é impactar as igrejas para que levantem missionários e os enviem para o campo”, declara o pastor.
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Veja quem participou da a 94 Assembleia da Convenção Batista Brasileira em João Pessoa
Fotos de Marianne Cerqueira e Beatriz Bastos
Os pregadores da noite missionaria (da esquerda para direita Pr. João Marcos, Pr. Sócrates Oliveira e Pr. Fernando Brandão)
Pianista acompanha o coro
Meninas louvam com dança típica da região
Pr. Gesiel Guerreiro foi um dos oradores da Assembleia
Jairo Lima presidente da Juventude Batista Brasileira
Coro se apresenta na 94ª Assembleia da CBB
Coristas louvam a Deus
Juventude Batista Brasileira em celebração
Missioária Jaqueline Santos pregando na terça pela manhã Dc. Vanias Mendonça assessoando a mesa diretora
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missões mundiais
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Novos missionários para entrar em campo pelas nações Willy Rangel Redação de Missões Mundiais
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ovos missionários estão sendo preparados por Missões Mundiais. Ao todo, 15 pessoas começaram no dia 10 de fevereiro o curso de Capacitação Missionária. No fim deste semestre, eles estarão prontos para entrar em campo com Cristo, pelas nações. O início do treinamento foi marcado por um culto com a participação do diretor executivo da JMM, Pr. João Marcos B. Soares, e do gerente de Missões, Pr. Alexandre Peixoto. Eles falaram aos alunos sobre as metas e desafios da obra missionária transcultural empreendida pela JMM. Segundo o Pr. João Marcos, a Ásia e o Oriente Médio são os focos principais de atuação e investimento missionário. Para o coordenador do curso de Capacitação Missionária, Pr. Girlan Silva, a nova turma é determinada e vem para somar forças com o time missionário da JMM nas Américas, África, Ásia e Europa. Além disso, ele
Pr. Alexandre Peixoto cita os cuidados da JMM com as famílias missionárias
destaca a importância de se conhecer a fundo a estrutura da JMM, pois isso ajudará bastante os novos missionários enquanto estiverem no campo. Girlan ressalta que o treinamento não tem como objetivo formar um missionário, porque isso é algo muito profundo. “É Deus que chama, é Deus que vocaciona. O que nós fazemos aqui é passar para eles o máximo possível de informações no sentido de
Pr. Girlan Silva ministrou primeira aula do curso de treinamento dos novos missionários da JMM
prepará-los para viver um momento transcultural no campo”, explica. Um casal que está em treinamento nesta nova turma já atuou como missionários independentes em um país no Sudeste da Ásia. Eles agora estão no Rio de Janeiro para, se assim Deus permitir, voltar ao campo asiático. Ali, o casal se unirá ao time de missionários para continuar testemunhando o evangelho de Cristo nesse que é um dos campos mais desafiadores
por causa da perseguição religiosa. No primeiro dia, a turma aprendeu sobre o PAM – Programa de Adoção Missionária – e as cartas que eles escreverão aos seus adotantes, em aula ministrada pela colaboradora Marcia de Paula. Em seguida, o Pr. Fabiano Pereira falou sobre o Programa Radical, os desafios, metas e histórias das turmas de jovens que já estão no campo. Os novos missionários conviverão com a déci-
ma turma do projeto Radical África durante o treinamento. Também participaram da aula inaugural o coordenador de Missões Mundiais para as Américas, Pr. Ruy Oliveira Jr., a coordenadora de Recursos Humanos, Doris Nieto, além de Daniele Valério, Tatiane Macedo e Adriana Brito, da coordenação do Programa Radical. Agradeça a Deus pelos novos missionários e peça a Ele que o oriente nessa nova etapa de suas vidas.
Família: o primeiro ministério carinho pelas famílias missioMarcia Pinheiro Redação de Missões Mundiais nárias da JMM, contribuindo com o que podem para elas. tema da Conven- Como pastor, missionário, ção Batista Brasi- marido, pai, considera a famíleira para 2014 lia como primeiro ministério. “Muitas pessoas querem – Família, o ideal de Deus para o ser humano barganhar com Deus, pro– é uma das grandes priorida- metem fazer a sua obra se Ele des de Missões Mundiais. In- cuidar de sua família. Não se vestir na família missionária, barganha com Deus. Temos desde o treinamento até o que entender que nossos priretorno do campo, é investir meiros compromissos devem na expansão do evangelho, ser com a família”, diz Guy. Seguindo este pensamento, cuidando para que famílias cristãs bem estruturadas se- a JMM oferece todos os cuijam capazes no reino de dados necessários às famílias Deus até os confins da Terra. missionárias. O gerente de Há 29 anos o Pr. Guy Key, Missões da JMM, Pr. Alemissionário da Internatio- xandre Peixoto, lembra que nal Mission Board no Brasil, não é possível fazer missões participa das Assembleias da sem a família missionária. CBB, e ele diz que os pre- Já no início do processo de letores em João Pessoa este seleção de missionários, são ano falaram ainda mais ao identificadas famílias sadias, bem estruturadas. Durante o seu coração. Atento às mensagens, ele treinamento, os casais e seus reforçou ainda mais seu pen- filhos recebem orientações samento de que para sermos específicas. “O primeiro conselho que mais eficazes na obra missionária, precisamos ter famílias damos ao casal é que sua ajustadas. E que ele e sua es- família é o primeiro campo posa, Helena, têm um grande missionário com o qual eles
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Pr. Guy Key tem um grande carinho pelas famílias missionárias da JMM
devem se preocupar. Desde o início do processo nós monitoramos a aculturação dos missionários e seus filhos”, diz o Pr. Alexandre. Missões Mundiais se preocupa até com detalhes aparentemente simples, mas que fazem muita diferença quando se está longe de amigos, familiares, em outra cultura. Além de cuidar para que os filhos de missionários frequentem uma escola de
qualidade, a JMM também se esforça para que essas crianças tenham em sua casa no campo missionário um quarto semelhante ao que tinham no Brasil. “Hoje a JMM investe na atenção às famílias missionárias retirando-as a cada dois anos para um retiro espiritual. Também temos um programa específico para as crianças”, revela o Pr. Alexandre.
A importância do cuidado com a família é mencionada pelo Pr. Guy com um exemplo do missionário inglês William Carey, o chamado “pai das missões modernas”. Em 2013, Guy visitou a Índia em companhia do diretor executivo de Missões Mundiais, Pr. João Marcos B. Soares. Foi na igreja onde Carey foi pastor, em Calcutá, que eles souberam de um fato curioso. O atual pastor daquela igreja lhes contou que, em 2012, conheceu a família Carey. Ele ficou surpreso quando uma senhora de cerca de 50 anos, vinda da Austrália, parente do saudoso missionário, se declarou budista. Para os pastores, foi uma grande tristeza saber que o legado do famoso missionário se perdeu após algumas gerações. Eles consideram que, em algum momento da história dos Carey, faltou o cuidado com a família. “Eu quero que a minha família multiplique e dê frutos para o reino de Deus”, encerra Guy.
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notícias do brasil batista
O bicentenário de Thomas Jefferson Bowen 02/01/1814 – 02/01/2014 Othon Ávila Amaral Membro do Conselho Editorial de OJB
T
ive a primazia de ser o primeiro batista brasileiro que encontrou nas páginas do jornal “Diário do Rio de Janeiro”, as duas primeiras notícias sobre a chegada ao Brasil do missionário Thomas Jefferson Bowen. As notícias foram publicadas nas edições de 26 e 29 de maio de 1860, 1ª página. Poderia tê-las publicado n’O Jornal Batista, nosso principal órgão denominacional. Contudo, optei por publicá-las no “Batista Suburbano Fluminense”, órgão oficial da Associação Batista Suburbana Fluminense, hoje “O Batista Iguaçuano” e “Associação Batista Iguaçuana”, na edição de 31 de maio de 1977. Quando o Pastor José dos Reis Pereira publicou, em 1982, por ocasião do centenário da Primeira Igreja Batista da Bahia, seu livro “História dos Batistas no Brasil, 1882-1982”, na seção “Notas e Citações”, sua primeira nota bibliográfica, no capítulo 1, foi transcrever aquilo que eu havia encontrado na Biblioteca Nacional. Um texto de tamanha importância como aquele deveria ter sido acompanhado com uma observação sobre o pesquisador que o encontrou. Na íntegra o primeiro texto foi o seguinte: “Dizem-nos que um pastor americano, ultimamente chegado de Richmond, traz intenção de converter as almas desgarradas às doutrinas das seitas anabatistas, que professa. Começou já a exercer a sua missão pregando aos pretos minas, cuja língua fala perfeitamente, ao que nos informam. Espíritos supersticiosos e timoratos, esses pobres pretos começam a tributar uma profunda veneração pelo missionário. Tal pregação pode desviar diversos prosélitos entre as inteligências broncas e incultas, estabelecendo, no país, uma seita cuja manifestação é inconvenientissima. À autoridade compete a verificação deste fato”. Em 1985 surgiu o livro de Betty Antunes de Oliveira intitulado “Centelha em Restolho Seco”, edição da autora, que reproduziu o
texto mencionado acima e incluiu o texto de 29 de maio que transcrevo: “O Padre americano Bowen pede-nos uma retificação à notícia que demos de que vinha pregar e converter entre nós para a seita dos anabatistas. Diz-nos esse Pastor que fala, é verdade, a língua dos pretos minas, porque sendo natural do estado da Geórgia, onde há escravatura, tem tido mais de uma ocasião de comunicar com esses pretos. Foi devido a esse conhecimento que alguns o tem procurado para receber notícias acerca do seu país. A missão que tem no Brasil é empregar na lavoura alguns escravos que possui na Geórgia, e não converter almas ou fundar uma seita. Com a nossa primeira notícia indicáramos à autoridade um fato cuja veracidade nos afiançavam. Estamos convencidos de que o digno Pastor fala de sua consciência, com a qual esperamos que vai ser solidário o seu procedimento”. Reproduzimos as duas notícias porque foram elas a primeira prova documental nos meios de comunicação em língua portuguesa da chegada da família Bowen ao Brasil. Suponho que a autora mencionada tenha mantido nos seus arquivos a edição do jornal “O Batista Suburbano Fluminense” e dele fez uso quando escreveu seu notável livro. Já o ex-Diretor d’O Jornal Batista valeu-se do texto datilografado que lhe dei e que foi conservado entre os documentos daquele hebdomadário. Neste ano, 2014, Thomas Jefferson Bowen deve ter sua vida relembrada diante de seu bicentenário de nascimento. Daremos a seguir uma cronologia de suas atividades e de seus relacionamentos, despertando outros para trabalhos que possam honrar a memória daquele que foi, salvo alguma prova contrária, o primeiro missionário batista no Brasil. A fonte principal é o livro “Centelha em Restolho Seco”. 02/01/1914 – Nascimento de Thomas Jefferson Bowen, na Geórgia, filho de John F. Bowen e Polly Grizzle; 06/03/1835 – Nascimento de Lurenna Henrietta Bowen, na Geórgia;
1840 – Conversão de Thomas Jefferson Bowen; 1845 – Participou da instalação da Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos, em Augusta, Geórgia; 1848 – Sugeriu a Foreing Mission Board o envio de missionários para a África; 22/02/1849 – Thomas Jefferson Bowen foi nomeado como o primeiro missionário batista no Continente Africano; 31/05/1853 – Casamento de Thomas Jefferson Bowen com Lurena Henrietta Davis, pais de Mary Yoruba que nasceu e morreu prematuramente na África; de Lurenna, “Lula” (1858-1902); de Mary Gant, “Maymie” (1866-1943); 1853 – O casal Bowen e Lurenna embarca para o Continente Africano; 1854 – Thomas Jefferson Bowen escreveu no seu Diário: “Meus fracos esforços entre os milhões da África parecem como gota d’água na areia do deserto. Possa o Senhor convertê-los como uma centelha em restolho seco”. Daí surgiu o título do livro de Betty Antunes de Oliveira; 15/07/1856 – Thomas Jefferson Bowen e Lurenna Henrietta Bowen chegam a Nova Iorque de retorno da África. 1858 – Nascimento da filha Lurenna, “Lula”; 1858 – Surgimento do Dicionário e Gramática da língua Yoruba de autoria do missionário batista Thomas Jefferson Bowen; 11/01/1859 – Thomas Jefferson Bowen escreve à Foreign Mission Board oferecendo-se como missionário. Escreveu ele: “Minha mais forte razão para trabalhar no Brasil é a esperança de preparar pregadores de cor negra”; 09/11/1859 – Thomas Jefferson Bowen foi nomeado missionário para o Brasil, tornando-se, mais uma vez, pioneiro entre os nomeados pela Junta de Richmond para o Brasil; 30/03/1860 – Bowen, Lurenna, “Lula” embarcam a bordo da barca “Abigail” no porto de Norfolk, na Virgínia, e durante quase dois meses atravessam as águas oceânicas. A filha única do casal, Lurenna, completou dois
anos ao longo da viagem; 21/05/1860 – A família Bowen chega ao Brasil sendo recepcionada pelo representante da firma Maxwell & Wright, sr. Wright, num gesto que comoveu muito a família; 25/05/1860 – Thomas Jefferson Bowen escreve sua primeira carta à Foreign Mission Board comunicando sua chegada; 26/05/1860 – O “Diário do Rio de Janeiro” publica na 1ª página a notícia com aspecto denunciatório da chegada de Thomas Jefferson Bowen ao Brasil; 29/05/1860 – O “Diário do Rio de Janeiro” volta a colocar na primeira página outra notícia atribuída a Thomas Jefferson Bowen corrigindo a primeira; 10/06/1860 – Em carta enviada a Foreign Mission Board, Thomas Jefferson Bowen confirma que se encontrou uma ou duas vezes com negros Yoruba e conversou com eles sobre o Evangelho. Por isto um dos jornais, “Diário do Rio de Janeiro”, o atacou vigorosamente; 25/12/1860 – Noutra carta de Thomas Jefferson Bowen ele explica que sem dinheiro passou o Natal no próprio hotel. Foi o único Natal passado no Brasil; 06/01/1861 – Lurenna Henrietta Bowen enviou carta ao Secretário da Junta, James B. Taylor, que tinha por Bowen um interesse paternal, comunicando que com muita tristeza a família estava retornado ao lar; 09/02/1861 – A família de Thomas Jefferson Bowen embarca para os Estados Unidos graças ao apoio do sr. Wright e do missionário presbiteriano Alexander Latimer Blackford, com passagens que lhe foram conferidas em confiança para pagamento posterior. Foram 8 meses e 19 dias, de 21/05/1860 a 9/2/1861! 1º/04/1861 – A família Bowen chega a Baltimore cujo porto estava fechado para o desembarque de bagagens. Devido a Guerra de Secessão, que logo depois começaria, a bagagem dos Bowen só chegou a eles quatro anos depois; 1866 – Nascimento de Mary Gant, a “Maymie”; 12/10/1868 – Thomas Jefferson Bowen escreveu seu
último poema intitulado “Evidências da Graça”. Destacamos: “...Meu último desejo é estar bem. / E estando bem, ser mais uma vez / Um servo útil para minha gente; / Não como fora antes, / Mas como uma evidência da graça”; 24/11/1875 – Falecimento de Thomas Jefferson Bowen no Asilo Estadual de Doenças Mentais, em Milledgeville, na Geórgia, 39 dias antes de completar 62 anos. Foi sepultado no cemitério da própria instituição. É desconhecido o seu túmulo; 1902 – Falecimento de Lurenna, a “Lula”, com 44 anos de idade. Foi casada com o Dr. John H. Moncrief. Não deixaram descendentes; 22/08/1907 – Falecimento de Lurenna Henrietta Bowen, com 75 anos de idade, na Geórgia. 1943 – Falecimento de Mary Gant, a “Maymie”, com 77 anos de idade. Foi casada com o Dr. Thaddeus Brockett Rice. Não deixaram descendentes; 01/08/1976 – Pesquisas em Richmond, II, Um Missionário Fracassado (um dos subtítulos). Texto de José dos Reis Pereira; 31/05/1977 – Gente, Livros & Notícias, Othon Ávila Amaral, O Batista Suburbano Fluminense, órgão oficial da Associação Batista Suburbana Fluminense, hoje Iguaçuana; 15/10/1982 – Lançamento do livro do Pastor José dos Reis Pereira, “História dos Batistas do Brasil – 1882/1982”; 1985 – Lançamento do livro “Centelha em Restolho Seco”, de Betty Antunes de Oliveira, edição da autora; 2010 - Sesquicentenário da chegada de Thomas Jefferson Bowen ao Brasil, 1860-2010, Clemir Fernandes; – A Missão de Thomas Bowen no Brasil, Fransciso “Bonato” Pereira da Silva; 08/06/2008 – O Sesquicentenário de uma obra notável, Othon Ávila Amaral, O Jornal Batista; – Batistas do Sudoeste da Geórgia homenagearam o missionário Thomas Jefferson Bowen denominando “Bowen Baptist Association” sua organização denominacional.
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OBITUÁRIO
Levino Ferreira de Alcântara (1922-2014)
Rolando de Nassau Colunista musical, de Brasília
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a manhã de 20 de janeiro, em Brasília, faleceu Levino, o baluarte da música candanga. Filho do compositor Antônio Alcântara, que nas décadas de 20 e 30 foi regente do coro da Igreja Batista de Moreno (PE) e organizador da União Musical Evangélica, constituída de coristas e instrumentistas pertencentes a igrejas evangélicas do Recife (PE), e irmão dos músicos Mazucato e Neoptolemo, o jovem pernambucano foi descoberto pelo maestro Eleazar de Carvalho, então diretor da Orquestra Sinfônica Brasileira, e levado para o Rio de Janeiro, em 1942, a fim de estudar no Conservatório Nacional de Canto Orfeônico, sob a orientação de Heitor Villa-Lobos (1887-1959).
Nieda, minha esposa, em 1951 foi aluna de Levino no Colégio Batista. Conheci pessoalmente Levino em 1952, quando, junto a Heitor Argolo (1923-2008), fundou a Associação Coral Evangélica. Seu objetivo primordial e fundamental era atrair e dirigir grandes massas corais, para evangelizar e educar musicalmente o povo brasileiro (ver: Nassau – Dicionário de Música Evangélica, pp.25-26). Entre 1952 e 1954, desenvolveu febricitante atividade no meio musical evangélico carioca, estendendo-a para São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Salvador, João Pessoa, Natal, Fortaleza e Curitiba, além de cidades do interior do Rio de Janeiro e de Goiás. Em 1963 radicou-se em Brasília; suas iniciativas pioneiras foram por nós registradas em “O Jornal Batista” (30 nov 63, 08 jan 67, 23 jul 67, 02 mai 82, 24 fev 85) e no “Correio Bra-
ziliense” (01 jul 67). Em 1963 criou o “Madrigal de Brasília”. Em 1974, com muito esforço, conseguiu que fossem construídas as salas de aulas e a sala de concertos da Escola de Música de Brasília, com apoio da Alemanha Ocidental. De 1974 a 1985, dirigiu essa escola, que é um centro de educação profissionalizante. Desde 1978, lá anualmente se realiza o Curso Internacional de Verão em Brasília (CIVEBRA). Depois de 1985, aposentado, atendendo ao seu espírito desbravador, Levino andou pelo Centro-Oeste e Norte do Brasil. Em Conceição do Araguaia (PA) criou uma escola para 300 crianças carentes, onde ensinava canto coral e instrumentos de orquestra; algumas vieram a Brasília para participar do CIVEBRA. Em 06 de novembro de 2013, regeu o “Madrigal de Brasília” no teatro da FUNARTE e foi homenageado.
Seria bom que surgisse em nosso meio alguém para catalisar os talentos musicais existentes nas igrejas evangélicas do Brasil, a exemplo do que fez Levino Alcântara.
Olhou para o Rei até o fim Homenagem póstuma à missionária Edith Vaughn Parker (21.09.1921 / 06.01.2014)
Berenice Andrade Ex-aluna e ex-companheira de Missões
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lhar para o Rei é andar na mesma direção. Olhar para o Rei é imitá-lo. Olhar para o Rei é segui-Lo. Olhar para o Rei é ouvir a sua voz. Olhar para o Rei é desejar ser parecido com Ele. Foi isto que ela fez durante toda sua vida nesta Terra. Falo da missionária Edith Vaughn Parker. Na sua palavra de exortação sempre ela dizia: “Olhe para o Rei”. Viveu toda sua vida para o Rei Jesus. Seu ministério todo foi pautado no exemplo do Rei: ensinar, pregar e curar. Centenas e centenas de jovens receberam o seu ensinamento no Seminário de Educação Cristã (SEC) quando professora daquela Casa na área de Evangelismo. Milhares de pessoas ouviram a pregação do Evangelho, ora na Casa da Amizade, da qual foi a fundadora, ora no presídio de
Itamaracá, ora nos campos missionários do Sertão Pernambucano, no Alto Pajeú - plantando e edificando igrejas - ora através de programas radiofónicos em Serra Talhada (PE) e Princesa Isabel (PB). Suas mãos curavam outros de suas feridas, fazendo curativos no corpo físico das pessoas ou levando enfermos aos hospitais para serem restaurados. Teve uma vida abundante de serviços na Causa. Não media esforços em subir ladeiras e descer ladeiras para anunciar a mensagem do Rei. As Igrejas em Triunfo, Santa Cruz da Baixa Verde, Calumbí, Flores, Sítio Barra; as congregações em Vila Canaã, Vila Jericó; os pontos de pregação no comércio do Sr. João Duque e o sítio Brocotó, semanalmente eram abençoados com a mensagem da salvação. Muitas vidas foram salvas e hoje olham para o Rei. Foram 35 anos dedicados à obra missionário no Brasil. Sempre alegre e feliz, tive o privilé-
gio de trabalhar ao seu lado e cada viagem era marcada pelo louvor. Um dos seus cânticos prediletos era: “Meu Deus está no monte, Ele fala a mim... meu Deus está no mar onde as ondas vão, na minha alma e no coração... Deus esteve sempre presente em sua vida”. Após sua aposentadoria, voltando à América, deu continuidade servindo na obra missionária naquela localidade. Tornou-se também escritora deixando cerca de oito livros impressos. Sempre olhando para o Rei, ela pôde ser revestida da beleza do Rei. No seu último dia de vida, aos 92 anos, seu rosto refletia paz, beleza e segurança. A paz de Cristo, a beleza de Cristo, a segurança de Cristo. Aquele que ela tanto amou, pregou e viveu Seus ensinamentos a recebeu com as palavras de Boas Vindas à Casa do Pai: “Foste uma serva boa e fiel... sobre muito te colocarei, entra no gozo do Teu Senhor”.
Sim, esta é a serva que exortou todos a olharem para o Rei. Na manhã do dia 06 de janeiro de 2014, o Pai fez a chamada para que esta filha amada entrasse na morada dos salvos, contemplasse o seu Rei, a resplandecente Estrela da manhã, e fosse revestida desta luz.
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sta é uma pergunta que precisa de uma resposta sábia, de acordo com a Palavra de Deus. Sabemos que a Bíblia sempre foi muito clara quanto ao mundo como um sistema escravizador perverso e destruidor de valores. João nos exorta: “Não ameis o mundo e nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procedem do Pai, mas do mundo. Ora, o mundo passa e a sua concupiscência, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre”
(I João 2.15-17). Devemos amar as pessoas, mas não as suas práticas pecaminosas, seus vícios e influências danosas. Vivemos num mundo Pós-Moderno em que o sentimento, a ética baseada em si mesmo, nas suas escolhas, no seu próprio ego; a busca pelo prazer em si, não importando as consequências e implicações (basta se lembrar da Série da rede Globo: “Amores roubados”), são alguns dos seus traços bem nítidos. Precisamos fazer uma leitura deste mundo à luz das Escrituras. Identificar tudo aquilo que trabalha contra nós, a família e a Igreja. Nós não estamos lutando contra carne e sangue, mas, sim,
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contra principados e potestades (Ef 6.10-20). É a luta contra um inimigo invisível, mas que se percebe em tudo que está aí: a violência; a corrupção; a pornografia; a prostituição; o adultério, divórcio; a rebelião dos jovens e adolescentes contra seus pais e os mais velhos e o estado de direito; as drogas; o crime organizado e os programas televisivos (como Big Brother Brasil) que vão destruindo os valores cristãos como o amor, a verdade, justiça, honestidade, integridade, pureza, etc. Presenciamos as ditaduras do sexo, do poder corrupto e corruptor, bem como das drogas. Dias muito difíceis. O Senhor Jesus disse: “E, por se multi-
plicar a maldade, o amor de muitos esfriará” (Mt 24.12). É a verdade pura e simples de tudo o que estamos vendo. João declara que “somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno” (I João 5.19). Então, como viver neste mundo tão ruim? Algumas dicas. Valorize a sua vida devocional pessoal e familiar, procurando orar e meditar na Palavra todos os dias; evite a TV, especialmente novelas e filmes picantes; aprenda a usar o computador de modo que ele não se torne um vício; invista mais tempo na família, criando um clima de diálogo profundo, a conversa ao redor da mesa e no sofá; leia livros que edificam a sua vida; observe bem a natureza
criada por Deus e se regozije nela, dando Glória a Deus; seja grato a Deus por tudo; ajude as pessoas nas suas necessidades, sendo um voluntário amoroso; viva uma vida de santificação, “sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14); testemunhe de Cristo onde quer que vá; participe ativamente das programações de sua igreja, sendo sempre pontual. E lembre-se: seja muito mais proativo do que reativo. Assim podemos viver neste mundo tão ruim sem perder a nossa identidade cristã, sendo sal e luz, influenciando, manifestando atitudes de atos de Jesus, nosso Salvador e Senhor para a Glória de Deus Pai (Mt 5.13-16).
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ponto de vista
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embro-me muito bem que, no início de minha juventude, a igreja em que eu era membro e um dos líderes, fundada pelo meu avô, missionário norte-americano vindo ao Brasil no final do Século 19, foi visitada, após a sua morte, por um grupo que dizia defender a fé “uma vez dada aos santos” (Judas 3) e que tínhamos de nos associar ao percurso deles em uma ação estratégica contra os inimigos da fé, que eram irmãos em Cristo com alguma diferença de pensamento doutrinário. Ainda muito jovem, confesso que fiquei espantado pelo espírito cruel e desumano que destilava das palavras daqueles líderes, bem diferente do que havia observado caladamente nas ações pastorais de meu avô. Recentemente esta minha memória veio à tona ao ver nossas caixas de e-mails lotadas com manifestações sobre a ordenação feminina que seguiam o mesmo estilo belicoso e sangrento. Lembro-me de um e-mail em que um pastor fez séria acusação contra líder de seu Estado, como que a desmerecê-lo e tirar-lhe credibilidade. Depois de questionado por este líder, pediu desculpas dizendo que não era intenção ofendê-lo. Se não era intenção, por que se valeu de palavras ofensivas? Este é um mote muito utilizado hoje em dia – não foi minha intenção! – então foi o quê com o uso daquelas palavras? Nós pastores temos como principal ferramenta e instrumento o uso da palavra, seja falada, seja escrita, mas, depois de ler insultos e mais insultos, discriminações, marginalizações, “etiquetagem” de pessoas, tentativa de massacre, segregação, espírito de cruzada medieval e inquisição, atitude persecutória, marginalizadora, divisionista, fiquei a ponto de imaginar que estamos precisando voltar ao “estaleiro” para manutenção a nossos sentimentos. A um dos calorosos participantes desse debate da internet perguntei: Qual critério ou temas são indicativos de que devemos excluir ou segregar alguém? O que é negociável e por que?
Já nos destruímos muito no passado tentando estabelecer nossa identidade batista pela uniformidade. O princípio da “competência da alma” (veja mais adiante) nos leva naturalmente a viver em unidade dentro do território da diversidade, isto faz parte do modo batista de ser e pensar. Necessitamos estabelecer critérios sobre o que pode afetar a nossa convivência num grupo, senão vamos constantemente estar em ponto de tensão e divisão se nossa opinião ou interpretação não for aceita. Não é esse estilo de vida que Cristo desejou à sua igreja. Há assuntos que discordo na denominação, na Ordem de Pastores e outras organizações, mas tenho diante de mim o desafio: ser sal e luz; ser pacificador. O que fazer? Ser sal e luz, usar palavras agradáveis temperadas com sal (A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um - Colossenses 4.6) em vez de criar na Internet uma hashtag no Facebook. Como ocorreu, com o titulo “A OPBB não me representa” onde vi jovens pastores destilando ódio e palavras nada temperadas contra uma instituição e contra líderes. Para mim isso passou como se fossem estas atitudes fruto da Pós-Modernidade em que o mundo é plano e o respeito à autoridade externa desaparece por completo e se alguma instituição não toma decisões conforme eu penso, deve ser abominada sem piedade (como vi em muitas manifestações). Existe fórum próprio para que suas opiniões possam ser ouvidas, onde você pode defender suas ideias, não numa hashtag do Facebook, protegido por um teclado. O diálogo maduro deve ser face a face. Isso é ser batista. E, ainda mais, Paulo nos ensina que ao servo do Senhor não convém contender, mas sim ser brando para com todos, apto para ensinar, paciente; corrigindo com mansidão os que resistem, na esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, e que se desprendam dos laços do
Diabo (por quem haviam sido presos), para cumprirem a vontade de Deus... (II Timóteo 2.24-26). Veja, “instruindo sempre”, é uma obra que nunca acaba, pois sempre há os que resistem. “Com mansidão”, pois este foi o sentimento de Deus ao providenciar a nossa recuperação após a queda do Éden. Deus tinha o direito de destruir tudo, mas ele mandou o seu filho para nos resgatar, por amor. Eis ai nosso papel. Retomando o modo batista de ser e pensar em que existe um princípio herdado da Reforma Protestante que chamamos de “competência da alma” (veja a obra “Axiomas da Religião” do teólogo batista, Dr. Edgar Y. Mullins, que chama este princípio de “axioma” batista.) que indica que todos, como crentes, temos acesso aberto e livre a Deus e à sua Palavra. É um princípio de elevada responsabilidade diante de Deus, sua igreja e do mundo. Isto está ligado ao conceito do “sacerdócio universal dos santos” que, nós batistas, em essência, levamos muito a sério em nossa história. Sabemos que batistas já sofreram por isso. Penso também que podemos inferir daqui o conceito da “autonomia da igreja local”. Enfim, é um princípio fundamental. Esse princípio nos traz muita responsabilidade, pois nos leva ao percurso do sério trabalho interpretativo da Palavra de Deus, nossa fonte de verdade na fé e na prática. Fazendo análise nas variadas declarações doutrinárias dos batistas em sua história, a colocação da Bíblia como ponto de partida é notória, passa ela, então, a ser nosso ponto de referência. Além disso, esse princípio nos conduz em direção à avenida do diálogo, ao caminho de aprendermos juntos, a entender que, mesmo depois de estudar a Bíblia e chegarmos às nossas conclusões, ainda temos pela frente o percurso do diálogo germinador de nossa convivência como santos. Isso me leva a concluir que no modo de ser e pensar como batista não há como acolher fundamentalismos, nem liberalismos. Este porque não
parte da Bíblia como fonte de verdade, então não tem como haver diálogo. Aquele porque geralmente se recusa ao dialogo, transformando interpretações na própria Bíblia. Parece-me que são extremos e os extremos num círculo se tocam, então, no fundo, não seriam a mesma coisa? O próprio Paulo, rigoroso em tudo, nos ensina em Romanos 8.9, que devemos estar em Cristo, quem não tem o Espírito de Cristo não está nele. Por isso volto à questão, quais critérios ou temas devem colocar nosso “radar” do separatismo em alerta, se estamos, como salvos, em Cristo? Ainda mais, em Efésios 4 (vs 1ss) temos o seu ensino sobre a unidade: “Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com paciência, suportando-vos uns aos outros em amor procurando diligentemente guardar a unidade do Espírito no vínculo da paz. Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos”. O texto fala em humildade, mansidão, paciência, suportar uns aos outros em amor e, ainda mais, procurar preservar a unidade do Espírito. Um ensino uniforme em praticamente todos os comentaristas é que nosso papel não é criar a unidade do Espírito, ela já está criada por ele, mas em preservar diligentemente esta unidade e no vínculo da paz. Estou aqui lembrando do grande ministério internacional dos “pacemakers” (“fazedores da paz”). Foi esse o espírito que lemos, vimos e ouvimos em muitas destas últimas manifestações? Não tenho dúvidas que a falsa doutrina é pecado, mas também não tenho dúvidas de que o trato de pessoas e instituições, que pensam diferente, do jeito em que foram tratadas também é pecado. Não há diferença para Deus sobre pecado. Não contribuir para a preservação
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da unidade do Espírito, deixar de ensinar com mansidão os que resistem pensando de modo diferente, deixar de ser fazedor da paz, é pecado também. Toda vez que alguém vai para a Internet ou publicamente agindo deste modo está agindo não pelo Espírito, mas pela carne. O zelo é necessário, mas pode se tornar pecaminoso. Precisamos pedir sabedoria a Deus para esta identificação (Tiago 1.5). Peço desculpas por citar tanto textos bíblicos, mas parece-me que neste momento está faltando Bíblia para reeducar nossas atitudes. Então, o que você pode dizer depois do ensino de Tiago a seguir? “Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom procedimento as suas obras em mansidão de sabedoria. Mas, se tendes amargo ciúme e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica. Porque onde há ciúme e sentimento faccioso, aí há confusão e toda obra má. Mas a sabedoria que vem do alto é, primeiramente, pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia. Ora, o fruto da justiça semeia-se em paz para aqueles que promovem a paz” (Tiago 3.13ss). Mais uma pergunta: qual a diferença que há entre o divórcio matrimonial e o divórcio contra o povo de Deus que tem sido estimulado por todos os que se dizem defender zelosa e ardorosamente a Bíblia neste assunto sobre a ordenação feminina? O que dizer diante de todo este ensino bíblico? É necessário ser bíblico na doutrina e, muito mais, no comportamento e no relacionamento. Necessitamos destes dois - doutrina e comportamento/atitute, e, como em uma viagem de trem com dois trilhos, onde um para, a viagem para. Discordar é possível em busca da sã doutrina, respeitar e tratar com dignidade é imperativo. Fica aqui o meu desafio para o contínuo diálogo, para a paciência, para a busca da paz, para a busca de palavras temperadas.
anj_sim_2014_jornalbatista2.pdf
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EU FAMÍLIA IGREJA SOCIEDADE Ariovaldo Ramos
Ed René Kivitz
Neil Barreto
Bandas:
Resgate Paulo César Baruk Alexandre Magnani
1 a 3 de maio de 2014
Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro Inscrições e informações vocacao4d.com.br facebook.com/simtsv