ISSN 1679-0189
o jornal batista – domingo, 24/11/13
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Órgão Oficial da Convenção Batista Brasileira
Fundado em 1901
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Ano CXIII Edição 47 Domingo, 24.11.2013 R$ 3,20
Projeto “Grande Jogada” beneficia adolescente de Limeira
A ABRA – Associação Beneficente de Recuperação e Auxílio, órgão da Primeira Igreja Batista de Freitas, na Bahia, dentre suas muitas ações, a ABRA apresentou no dia 2 de novembro, às 9h, no distrito de Limeira – Prado, o projeto “Grande Jogada”. O projeto é uma escolinha de futebol que atende mais de 40 adolescentes entre 12 e 16 anos de idade (pág. 13).
PIB em Arraial do Cabo completa 90 anos como igreja relevante
Expertise de Capelania Hospitalar de MS é apresentada em seminário no Paraná
A Primeira Igreja Batista em Arraial do Cabo, RJ, completou 90 anos. Durante as comemorações aconteceu a realização de batismos de dez novos irmãos que se juntaram aos quase 700 membros formando a família da PIB em Arraial do Cabo, que também se estende em mais duas congregações (pág. 10).
O pastor Adão José Pereira e esposa, Léia Cordeiro, ministraram o II Seminário de Capelania Hospitalar na Igreja Batista Nacional em Foz do Iguaçu/PR. “A princípio eram esperados 50 participantes, mas com o passar dos dias a procura foi aumentando e a igreja encerrou as inscrições com 75 pessoas e firmando compromisso de no próximo ano realizar o III Seminário”, relatou pastor Adão (pág. 12).
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reflexão
EDITORIAL O JORNAL BATISTA Órgão oficial da Convenção Batista Brasileira. Semanário Confessional, doutrinário, inspirativo e noticioso. Fundado em 10.01.1901 INPI: 006335527 | ISSN: 1679-0189 PUBLICAÇÃO DO CONSELHO GERAL DA CBB FUNDADOR W.E. Entzminger PRESIDENTE Luiz Roberto Silvado DIRETOR GERAL Sócrates Oliveira de Souza SECRETÁRIA DE REDAÇÃO Arina Paiva (Reg. Profissional - MTB 30756 - RJ) CONSELHO EDITORIAL Celso Aloisio Santos Barbosa Francisco Bonato Pereira Guilherme Gimenez Othon Avila Sandra Natividade EMAILs Anúncios: jornalbatista@batistas.com Colaborações: editor@batistas.com Assinaturas: assinaturaojb@batistas.com REDAÇÃO E CORRESPONDÊNCIA Caixa Postal 13334 CEP 20270-972 Rio de Janeiro - RJ Tel/Fax: (21) 2157-5557 Fax: (21) 2157-5560 Site: www.ojornalbatista.com.br A direção é responsável, perante a lei, por todos os textos publicados. Perante a denominação batista, as colaborações assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opinião do Jornal. DIRETORES HISTÓRICOS W.E. Entzminger, fundador (1901 a 1919); A.B. Detter (1904 e 1907); S.L. Watson (1920 a 1925); Theodoro Rodrigues Teixeira (1925 a 1940); Moisés Silveira (1940 a 1946); Almir Gonçalves (1946 a 1964); José dos Reis Pereira (1964 a 1988); Nilson Dimarzio (1988 a 1995) e Salovi Bernardo (1995 a 2002) INTERINOS HISTÓRICOS Zacarias Taylor (1904); A.L. Dunstan (1907); Salomão Ginsburg (1913 a 1914); L.T. Hites (1921 a 1922); e A.B. Christie (1923). ARTE: Oliverartelucas IMPRESSÃO: Jornal do Commércio
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uitos cresceram ouvindo música, foram criados por uma família de músicos, outros se descobriram ainda na adolescência, ainda tem aqueles que se dedicam totalmente à arte da música e por isso estudaram esta modalidade, outros veem como um dos seus ministérios. Cada um floresceu na música de uma forma diferente, mas todos são ministros de música batista. Apesar de tantas críticas que os músicos sofrem hoje, ainda existe uma parcela bem superior daqueles que
se esforçam para oferecer ao Senhor um louvor bom musicalmente, e verdadeiro espiritualmente. São estes que tem feito a diferença nas igrejas, que tem abençoado vidas com sua musicalidade, que tem investido no seu ministério. São ministros batistas espalhados por igrejas de todo o país, das menores as maiores, estão aperfeiçoando seu ministério. Ministros de música que transmitem seus conhecimentos para crianças, adolescentes, jovens, adultos, cristãos de todas as idades, marcando assim sua geração.
É claro que há muito o que ser acertado, corrigido, orientado, e até modificado, mas se fossem perfeitos, certamente os músicos não estariam na Terra, e sim cantando no céu com os anjos. Todo ministério precisa de aperfeiçoamento, e os músicos não ficam de foram, por isso existe uma busca constante de muitos ministros pela verdadeira adoração. Quando se fala em busca pela verdadeira adoração, não quer dizer que esteja em adoração de mentira, e sim que é necessário uma evolução na adoração. Quer dizer que o homem pecador
busca constantemente se esvaziar dos seus pecados e viver uma vida de adoração sincera a Deus. Conclusão, se espera muito dos ministros de música, afinal de contas, são eles que dirigem a adoração na frente da igreja. E está ai um motivo de oração para as igrejas: orar pelos músicos. Que as igrejas, junto com seus líderes, não apenas critiquem seus músicos, mas abençoem em oração a vida deles também. Estes precisam de braços que o sustentem também. Dia 24 de novembro, dia do Ministro de Música Batista. (AP)
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bilhete de sorocaba Julio Oliveira Sanches
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nossa tendência é cairmos no campo do reativismo, que é uma deformação da nossa capacidade de reagir de forma positiva. Somos muito propensos a, na maioria das vezes, reagir simplesmente às pessoas e às circunstâncias de forma consolidada. Tendenciosos a criar uma cultura da reatividade em detrimento da cultura da proatividade. Jesus nos ensina a ser proativos como estilo de vida e não simplesmente reativos. O Senhor via as oportunidades e sempre as aproveitava para revolucionar a vida das pessoas. O Seu ser era revolucionário por natureza. Proativo por excelência. Ele criava as oportunidades. Percebia nitidamente onde poderia
agir com eficácia em favor das pessoas e para a Glória do Pai. Ele estava comprometido com a missão de ganhar pessoas para o Reino e ensiná-las a viver de acordo com o Seu padrão definido no Sermão do Monte (Mateus 5, 6 e 7). Por outro lado, na contramão do Mestre, os escribas e fariseus, religiosos judeus, eram reativos de carteirinha. Legalistas de plantão, eles reagiam negativamente às palavras sábias de Jesus, aos fundamentos do evangelho e a todos que eram beneficiados pelo Salvador. Prendiam-se à letra e não ao Espírito. Julgavam as pessoas implacavelmente e não as perdoavam. Eles estavam mais preocupados com as
coisas do que com as pessoas. Mais comprometidos com o sistema religioso implacável do que com uma religiosidade saudável. Muito mais ligados a aparência do que ao coração. Esta triste realidade dos religiosos judeus é a dos reativos consolidados. As nossas reações devem ser sempre em conformidade com o padrão estabelecido pela Palavra de Deus. Ser reativo é comum, mas ser proativo é incomum. Geralmente as pessoas proativas são criativas. Na história do povo judeu, quando os doze espias foram observar a Terra Prometida, dois deles – Josué e Calebe -, revelaram proatividade. Os outros dez, mostraram reatividade. Josué e Calebe
tiveram uma visão macro da terra, na perspectiva do Senhor. Os outros dez tiveram uma visão micro, a partir de uma percepção meramente humana. Os dois foram corajosos. Os dez, medrosos, acovardados, voltados para si mesmos na sua auto preservação. Aqui está a grande diferença entre ser proativo (viver incomumente, fazendo toda a diferença, causando impacto positivo) e ser reativo (comumente, não causando impacto positivo). Os grandes cientistas, navegadores, desbravadores, artistas e pensadores que influenciaram a humanidade, eram proativos. O que o Pai requer de nós, Seus filhos amados, é que sejamos criativos, ousados,
intrépidos e eletrizantes ou entusiasmados. Ele não nos chamou para vivermos a reatividade de um sistema religioso e de relacionamentos mecânicos e interesseiros, mas para a proatividade do evangelho de Cristo (Rm 1.16), para relacionamentos sinceros e, portanto, saudáveis. As pessoas reativas geralmente têm dificuldade nos relacionamentos, produzindo adoecimento, mas as proativas têm mais facilidade. A grande tacada e o grande desafio é sermos proativos, trabalharmos dura e criativamente, na dependência de Deus, para a formação de comunidades e trabalhos saudáveis, para a expansão do Seu Reino e, acima de tudo, para a Sua Grande Glória!
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GOTAS BÍBLICAS NA ATUALIDADE
OLAVO FEIJÓ Pastor, professor de Psicologia
Harpas Silenciadas a igreja tem feito consigo Jabes Nogueira Filho Pastor e colaborador de OJB mesma e com o seu louvor? Qual o nosso paradigma? E ão faz muito tem- o nosso diferencial? Por que po, agendei num hoje celebramos culto deste domingo à tarde jeito? Por que chamamos para ir dar assis- isso de adoração e louvor? tência a uma pequena con- Temas como estes têm ocugregação que nossa igreja pado minha agenda pastoral mantém aqui perto de Araca- e teológica e entendo que ju. Lá não tinha pastor e apro- não há respostas definitivas veitaria para celebrar a Ceia para todas as questões. Mas do Senhor com os irmãos. A tenho sugestões. E é isso que reunião estava marcada para eu quero fazer aqui: tentar as 15h. Cheguei um pouco apontar algumas tendências antes. Saudei a irmã que que me parecem claras no estava na entrada do salão louvor e na adoração da igrede culto. Fui até os primeiros ja no Brasil hoje. Antes de continuar, deixebancos. Sentei e aguardei o -me fazer duas colocações início dos trabalhos. Dali a pouco chegou o como quem quer marcar posievangelista. Cumprimentou- ção. Primeiro: adoração e lou-me com alegria pela pre- vor não são necessariamente sença do pastor e pediu que sinônimos de música – é bem aguardasse que logo o culto mais que isso – mas a assocomeçaria. Ele foi à frente e ciação é quase inevitável. Encomeçou a ajustar o equi- tão quando aponto para um, pamento de som que seria respingo no outro. Segundo: usado naquela tarde. Sem ver citar tendência atual não equio que acontecia atrás de mim vale a fazer juízo de valor. – continuei sentado bem na Não é por ser moderno que é frente – aguardei. Tentando bom ou ruim. Bem, vamos às chegar a um mínimo aceitá- tendências. Vou sugerir aqui vel de qualidade, o evangelis- sete delas que me parecem ta continuou pelejando com suficientemente abrangentes, a caixa de som. E o início de três sobre postura e quatro sobre conteúdo. Cada uma culto teve que esperar. Até que, já beirando à meia delas mereceria aprofundahora de atraso, finalmente o mentos melhores, mas vou culto começou – e eu senta- por hora apenas propor um do no mesmo lugar. Depois início de conversa. A chegada do século XXI de alguns cânticos não muito afinados, mas cantados com popularizou os chamados empolgação, e uma oração, shows gospel (eita expressão a palavra me foi entregue. esquisita!). E esta me parece Eu me levantei, dei não mais uma tendência inevitável. A que dois ou três passos, olhei adoração pública deixou o o salão de frente, e só então ambiente eclesiástico e game dei conta do que estivera nhou às praças. Virou show acontecendo naquela tarde: e teatro, apresentação e enO culto atrasou meia hora a tretenimento. Como tudo na fim de que o microfone fosse vida, tem seu lado bom e ligado para um auditório de ruim. Se por um lado, tanto oito pessoas: eu, um diáco- livrou as igrejas dos marqueno que me acompanhava, teiros (será?) como contribuiu o evangelista, sua esposa e para divulgar a fé, o que não mais quatro irmãos – dois deixa de ser positivo (conadolescentes e duas senho- sidero Fp 1.18); por outro transformou os fiéis em plaras. Entendi que ali eles que- teia e dissociou adoração e riam oferecer o melhor para louvor da piedade pessoal. Outra tendência, quase Deus. Mas o inusitado da situação trouxe-me à men- como extensão desta prite algumas questões: o que meira, é a profissionalização
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dos adoradores e louvadores (existe esta palavra?). Para se fazer eventos de qualidade é necessário que pessoas se ocupem e esmerem em fazê-los. E isto exige tempo, habilidade e dedicação – daí a presença de profissionais. Lembro que Davi profissionalizou o culto em Jerusalém mil anos antes de Cristo, o que deu um fantástico ganho de qualidade à adoração em Israel, daí que ter profissionais no louvor não é necessariamente ruim. Mas também é verdade que quem trabalha para Deus apenas por dinheiro, logo se venderá ao Diabo se ele pagar melhor! E como estes profissionais da fé precisam ser sustentados (está na Bíblia em I Tm 5.18), passou-se a criar uma rede de sustentação para tais: gravações, shows, cachês, clips, contratos, e por aí vai... E isso, sem falar nas rádios e TVs evangélicas que divulgam estes trabalhos, mas que têm também que se virar com a concorrência. Ou seja, hoje temos a tendência da adoração de apelo midiático (palavra bem pós-moderna!). É bom ter emissoras cristãs, mas ouvir gospel music (que mania de inglês!) dedicada à “prima da sogra do meu irmão que está ouvindo e gosta deste cantor” é o fim... E quanto ao conteúdo da adoração e do louvor, que tendências posso detectar? Até que ponto a forma influencia o conteúdo? Acompanhe mais um pouco comigo. Quanto ao conteúdo, o que mais tem me chamado à atenção é a tendência marcante de canções, mensagens e orações centralizados na primeira pessoa: eu. Não é de hoje que se canta assim, minha avó já louvava declarando: vivo feliz, pois sou de Jesus (notadamente em primeira pessoa), mas a ênfase estava no rende-lhe sempre ardente louvor (o mais importante deveria ser ele – o Senhor). Hoje eu canto, eu adoro, eu declaro, eu louvo, eu me
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s hebreus exilados na Babilônia perderam a capacidade de fazer música. Ao ponto de, em desespero, dependuraram suas harpas nos galhos das árvores, à beira-rio. “Nos salgueiros que há no meio dela, penduramos as nossas harpas...” (Salmo 137.2). O mais trágico da história, talvez, seja o fato de que os próprios inimigos, que uma vez ouviram os salmos e cânticos de Israel, amaram o que ouviram. E queriam mais. E queriam sempre. Constrangidos, os hebreus se desculpavam a si mesmos! “Como havemos de cantar a canção de Jeová, em terra de estrangeiros?”.
As harpas penduradas nos salgueiros constituem o símbolo do anti-testemunho. E da ignorância não arrependida. Pois não fora o desrespeito à “canção de Jeová”, enquanto viviam em Israel, mas cantavam as cantilenas dos ídolos dos cananeus, apesar de saber que Jeová era o único Deus, a causa primeira do cativeiro? Nós, os cristãos, somos os dignos seguidores das incoerências espirituais dos israelitas e judeus. Conhecemos a Cristo. Sabemos do atoleiro de que fomos libertados. Vivemos as bênçãos da graça do Senhor. Mas não nos constrangemos, quando ascendemos velas ao Diabo. Harpas penduradas refletem mero remorso. Nunca chegam à música amadurecida do “cântico novo”.
prostro, eu sei, eu levanto minhas mãos, eu me alegro, eu tomo posse, eu... eu... eu... E até parece que Cristo é apenas um apêndice nisto tudo. Mas, além desta adoração autocentralizada, três outros temas parecem dominar as canções de louvor e adoração, e elas completam as tendências que cito aqui. Já perceberam quanto se faz citação do AT? E em língua hebraica? Também não estou dizendo que é um erro, é uma tendência. Claro que os textos antigos são de maneira igual parte de nossa herança de fé e não posso esquecê-los. Mas até parece que se tem saudade da antiga aliança e já nem lembramos que ela foi superada em Cristo (o texto aos Hebreus no NT é exuberante em expor isto). Também uma tendência bem marcante hoje é centralizar nossa fé, nossa esperança, e por isso nosso louvor, nas bênçãos temporais de Deus – afinal nos está prometido o melhor desta terra! Concordo que nenhum cristão sincero nega a esperança no porvir, mas já não se repete com tanto entusiasmo: com Cristo vou morar no lindo céu!
E como última tendência que pretendo apontar, está a de se reportar às nossas batalhas diárias com os mesmos elementos citados acima – uma coisa leva a outra. Se minha teologia ainda está no Antigo Testamento, eu me vingo do meu inimigo e não o amo, nem oro por ele, muito menos lhe ofereço água. Se minha conquista já deve se revelar por agora, o vinde bendito do meu Pai passa a ser apenas discurso, e não esperança que move a vida. Bem, como disse lá em cima, são apenas alguns apontes sobre o louvor e a adoração na igreja brasileira hoje e suas tendências – sugestões para início de conversa. Espero em Cristo que outros possam topar o bate-papo e prosseguir no diálogo. Creio que será produtivo para o Reino de Deus. Sim, quanto ao culto na congregação: aproveitei a oportunidade para, dispensando o microfone, celebrar a Ceia do Senhor lembrando os primeiros cristãos que o faziam adicionando à memória a comunhão. Foi uma tarde abençoada para a glória de Deus.
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PARÁBOLAS VIVAS
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João Falcão Sobrinho
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Francisco Mancebo Reis Colaborador de OJB “Eu plantei e Apolo regou a planta, mas foi Deus quem a fez crescer” (I Co 3.6).
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a ut oe st im a exa cerbada realça entre os defeitos de nossa postura. Uma fraqueza que tem afetado líderes e liderados. O mesmo Paulo que, na 2ª Carta aos Coríntios (10.12,18), reprova a quem a si mesmo enaltece, na 1ª Carta registra preferências por obreiros na igreja motivando partidos (1.12 e 3.6). E os instrui. O versículo em apreço nesta reflexão liga-se a
uma ênfase desmedida na função humana. Visão antropocêntrica que inverte posições, ficando o homem no centro e Deus na periferia. São marcantes as diferenças entre guias eclesiásticos e denominacionais sugerindo avaliações variáveis. Paulo detinha o valor de excelente doutrinador e mestre. Em Apolo sobressaía a comunicação fácil e cativante. Ambos mereciam admiradores. Faltava, porém, a esses apreciadores o discernimento maior. Assim como na agricultura quem planta e quem rega não dispõem do mistério que garante o crescimento da lavoura, na seara do Mestre os traba-
lhadores não detêm o poder de fazer germinar a boa semente. Não é o Espírito que convence do pecado? (João 16.8). Paulo e Apolo atuaram em Corinto, um plantando e outro regando (Atos 18), mas a nenhum deles se deve o que só Deus é capaz de operar na obra missionária. Aparentemente, Paulo anula o papel dos evangelistas, ao afirmar que não importa nem o que planta nem o que rega (3.7). Convém entender que seu objetivo é centrar em Deus a grandeza da nobre missão, razão para o verso 5: “Quem é Apolo? E quem é Paulo? Servos por meio de quem crestes”. Pode haver menosprezo a batalhadores incansáveis, inclusive honrados plantadores de igrejas vinculados às nossas Juntas; e líderes que se destaquem mais pelos títulos acadêmicos do que pela produtividade na Causa. Cabe acrescentar que plantar e regar são tarefas de importância igual, pois “o que planta e o que rega são um”(3.8), sem espaço para vanglória, ciúmes, discórdias e facções. A todos o Senhor conhece. De todos cobra labor sem ostentação. A cada um retribuirá com justiça. Vale recordar Romanos 12.3: “...digo a cada um de vós que não tenha de si mesmo mais alto conceito do que convém...”. Afinal, somos apenas instrumentos, e nem sempre bem afinados.
á cerca de um ano e meio, nossa missionária Dalva de Oliveira começou a padecer de dores pelo corpo. Feitos todos os exames em várias especialidades médicas, nada foi descoberto, ou nada lhe foi dito. O médico chefe da equipe dizia apenas: “Estamos estudando o seu caso”. No final de 2012, fomos visitá-la no Hospital Cardoso Fontes e ela nos disse: “Esta semana o médico me falou: Estamos vendo uma luz no fim do túnel”. Ela se mostrava feliz porque, finalmente, pensava, os médicos viam a possibilidade de um diagnóstico. Obviamente, os médicos já sabiam que ela sofria de um tipo de leucemia, mas sempre lhe davam alguma esperança. Foi um tempo de muitas dores, muito sofrimento para Dalva, para sua irmã Lídia, que dela cuidava e para todos nós que aprendemos a amar e admirar aquela que foi uma das nossas grandes missionárias. Seu mais longo ministério foi no Paraguai, onde ela levou muitas pessoas a Cristo, organizou igrejas e foi usada pelo Espírito para reanimar igrejas que já estavam quase extintas. Mulher de uma coragem admirável, enfrentou situações que só uma pessoa vocacionada, ungida e fortalecida pelo Senhor poderia suportar. Certa vez, as senhoras da igreja onde eu servia convidaram uma missionária que atuava no Paraguai para falar no “chá missionário”. Esta obreira desfilou um rosário de críticas e queixas e deixou nas mulheres da igreja a impressão de que o missionário é um mártir. Entre outras coisas, disse que a casa em que morava era infestada de ratos e baratas, que ela não tinha sequer um armário para proteger suas roupas da poeira. No ano seguinte, o evento de promoção missionária se deu no sítio da igreja. Dalva de Oliveira foi a convidada para falar. Ela deu um relatório animador, falou das pessoas salvas por Cristo, da assistência social que realizava como missionária, contou até de um parto em que usou uma tesoura comum para ajudar uma parturiente que teria morrido junto com a criança, se Deus não a tivesse orien-
tado para prestar ajuda. No momento das perguntas, uma irmã indagou de Dalva se na casa dela no Paraguai havia ratos baratas e se ela possuía um guarda roupa. Dalva sorriu e respondeu com tranquilidade: “Quando fui morar na casa onde estou, todos os cômodos estavam infestados de baratas e havia alguns ratos. Fui ao comércio, comprei os produtos indicados e acabei com as cucarachas e com os ratones. Coloquei uma armação de cabos de vassoura no canto do quarto e ali pendurei minhas roupas, cobrindo tudo com um pano de chita. Hoje moro numa casa simples mas limpa, onde posso receber as pessoas para fazer discipulado. Em poucas semanas, já temos vários candidatos preparados para o batismo”. Dalva não se queixava dos problemas. Resolvia-os! “O povo paraguaio”, disse ela, “está sequioso pelo evangelho, é muito acolhedor e se torna amigo dos missionários. Todas as vezes que tive de deixar um local, sempre houve muitas lágrimas. Das almas salvas, das igrejas que ajudei, eu quero falar, não de baratas, ratos e poeira”, concluiu com seu amável e significativo sorriso. Assim era Dalva de Oliveira, Ela respirava missões, tinha missões nas veias. Quando de férias, percorria as igrejas do Brasil fazendo promoção de missões mundiais, missões nacionais e do trabalho feminino. No dia 9 de novembro, Dalva viu uma luz fulgurante no fim do túnel, ela que foi uma vida iluminada pela graça de Jesus. Era a luz do seu Senhor, de quem ela ouviu: “Bem está, serva boa e fiel; sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu Senhor”. Se é fato que “todos os remidos se conhecerão no céu um dia”, fico imaginando a galeria de heroínas que formou a sua comissão de bienvenidos: Noemi Campelo, Lígia de Castro Câmara, Marcolina Magalhães, Beatriz Silva, Zênia Biersenick, Margarida Gonçalves e tantas outras missionárias que deram suas vidas, suas forças e seus inúmeros talentos para que milhares e milhares de pecadores pudessem ver uma luz no fim do túnel desta vida.
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João Pedro Gonçalves Araújo “Rogai ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara” (Lc 10.2).
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s evangelhos sinóticos parecem ser unânimes em mostrar que a vocação ministerial precede o próprio exercício do ministério. Antes de qualquer milagre, pregação ou ensino público, Jesus chamou homens para ajudá-lo. As vocações, outrossim, continuaram ao longo da vida de Cristo. Uma certa feita ele enviou setenta desses discípulos para uma missão de pregação, curas e libertação. Não é sempre que atentamos para esses contínuos chamados. Parece, no entanto, que eles continuaram até perto da morte de Jesus. Nos últimos meses entre os homens, Jesus travou diálogos com alguns que alega-
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uma pequena igreja batista no interior do Maranhão, em 1964, com o hinário Cristo a Única Esperança em mãos, a congregação cantava “Que a Pátria Inteira Cante em Teu Louvor” com muito entusiasmo. Uma equipe do Seminário do Nordeste dirigia a Campanha Nacional de Evangelização. Todos se empenhavam em alcançar vizinhos e amigos para Cristo. Cedo de manhã havia culto
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ram algumas dificuldades em segui-lo. No entanto, ele os desafiou a segui-lo, e, mais que isso, pregar o evangelho. Quantos, então, Jesus chamou? Não sabemos. Mais de cem, certamente. Depois da sua morte, a comunidade dos discípulos já chegava a cento e vinte. Cleopas, José Barsabás e Matias são alguns dessa comunidade ampliada dos vocacionados. Mesmo depois de morto, continuou a chamar e vocacionar pessoas. Como não lembrar de Saulo? Mas Jesus não apenas chamou. Ele mandou que os discípulos chamassem outros; mandou que orassem pedindo que Deus mandasse mais e mais obreiros. O que ele fez, queria que seus discípulos fizessem. Os discípulos levaram a sério o exemplo e o mandado. Naturalmente o leitor lembrou das duplas Moisés e Josué, Elias e Eliseu, numa referência ao AT. No NT, Pedro e André, Felipe e Natanael são exemplos de
discípulos que chamam outros. Já bem cedo na história da Igreja, Marcos, Barnabé, Estêvão, Filipe, Tiago, Judas e Silas são citados como pregadores e auxiliares, exercendo diferentes dons e até mesmo realizando milagres. De todos os seguidores, parece, ninguém foi mais pródigo a vocacionar tantas pessoas quanto Paulo. Mais de sessenta obreiros e cooperadores são citados nas suas cartas. Sabe-se que ele pessoalmente consagrava obreiros nas igrejas que fundava, além de enviar seus cooperadores mais próximos a que fizessem o mesmo nas novas igrejas, quer as tenha fundado ou não. Paulo era um vocacionado. Ele vocacionava outras pessoas. Ele encarregava a que seus vocacionados vocacionassem novos obreiros. A partir do ministério e mandato de Jesus e o que foi praticado no ministério dos seus seguidores, pode-se pen-
sar no seguinte princípio: tão prioritário quanto o exercício ministerial é a vocação e a invocação por novos obreiros. Outro princípio igualmente importante: a vocação e invocação por novos obreiros é melhormente feito por quem está envolvido diretamente no ministério. O exercício do ministério pessoal, a oração e a invocação a que Deus vocacione novos obreiros são parte de uma mesma tarefa. Só quem realmente está engajado na obra do ministério sabe o privilégio de tal tarefa e sente a necessidade de que muito mais pessoas se engajem profundamente na mesma tarefa. A tarefa de missões, tão cara aos batistas, só pode ser completamente cumprida se, ao mesmo tempo em que se cumpre o ide, a invocação da vocação seja igual e simultaneamente cumpridas. A invocação pela vocação e o exercício da vocação são igualmente mandatos
de Jesus, dois lados de uma mesma moeda, duas pernas de um mesmo corpo, duas ações de uma mesma tarefa. Missão sem vocação cria um déficit de obreiros. Vocação sem missão cria um inchaço de obreiros. Tão importante quanto invocar por novos obreiros é vocacionar ou ajudar a despertar novas vocações. Além dessas duas tarefas, há uma outra associada: a preparação para o ministério dos vocacionados. É contraditório que vocacionados orem e chamem novos vocacionados e estes sejam preparados por quem não está, de alguma forma, engajado em tais tarefas, ou no mesmo “clima”. Tão importante quanto invocar e ajudar a despertar novas vocações é a tarefa de preparar os vocacionados. Invocar e despertar novas vocações são tarefas de vocacionados e engajados no ministério da Palavra. Porquê, então, esperaríamos que fosse diferente?
de oração pela campanha. Uma equipe dirigia a Escola Bíblica Dominical. Outros faziam visitas. Os resultados foram maravilhosos. O salão estava cheio a cada noite. Pessoas aceitavam a Cristo. A igreja crescia em número e em determinação para que a nova soassem, a graça de Cristo chamasse, e o mundo ao seu redor confiasse em Cristo, abandonando o mal e cantando o louvor do Senhor! O mesmo aconteceu em igrejas batistas por todo o Brasil.
Desde aquele memorável ano, o povo batista canta este hino, lembrando especialmente as grandes coisas que o Senhor fez em 1965. Podemos chamar de autor, o Pr. Dr. João Filson Soren, pois praticamente escreveu a letra a partir do original em inglês. E viveu esta oração. Deu a sua vida para a expansão mundial do evangelho e também para o pastoreio da Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro, durante quase 51 anos. Músico e hinista de
grande capacidade, o Pr. Soren escreveu esta mensagem contagiante em 1964 para a Campanha Nacional de Evangelização. Inspirou-se num hino americano cuja letra original foi escrita por George Herbert, extraída da famosa obra popética “O Templo”, de 1633. O compositor foi Robert Guy McCutchan, um dos mais importantes hinólogos e educadores musicais da sua geração. Nasceu no Estado de Missouri, nos Estados
Unidos, e foi um homem de igreja, servindo a sua denominação com distinção como educador, músico e hinólogo. Dedicou-se a fazer com que os hinos se tornassem uma parte significativa da vida das pessoas. Além do seu ministério no meio metodista, foi muito ativo na música de diversas outras denominações. (Texto extraído do boletim dominical da PIB do Rio de Janeiro)
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missões nacionais
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Mais vidas batizadas em campo potiguar
s missionários Luzinaldo e Graça Tomaz têm atuado na cidade de Patu (RN), e multiplicado o evangelho, plantando igrejas em outras cidades como Almino Afonso e Olho D’Água dos Borges. Recentemente, mais 13 pessoas dessas cidades foram batizadas demonstrando convicção da salvação em Cristo e compromisso com ele. Segundo os obreiros, os resultados são fruto de oração e também da implantação da visão de igreja multiplicadora no trabalho que realizam. Todos os projetos que eles plantaram nessas cidades experimentam crescimento e possuem líderes locais que trabalham com a comunidade não apenas evangelizando, mas também realizando atividades nas áreas de saúde, educação e esporte. “E temos visto a importância de trabalharmos em parceria com o poder público ao observarmos a dimensão
do alcance de nossas ações, que são bem maiores do que imaginamos”, afirmou a missionária Graça. Mostrando a um número cada vez maior de pessoas que a igreja tem um papel fundamental no contexto social, Pr. Luzinaldo e Graça têm visto o agir de Deus e também as respostas de suas orações. Os exemplos de vidas transformadas a relevância da presença dos missionários. Irmão Guido, de 35 anos, é um ex-alcoólatra, que foi ajudado pelos missionários que conseguiram, em parceria com a Prefeitura de Olho D’Água dos Borges, enviá-lo para um centro de recuperação de uma igreja batista na cidade de Pau dos Ferros (RN). “Hoje, ele está firme na Igreja Batista em Olho D’Água dos Borges e tem o propósito de pregar o evangelho aos alcoólatras da cidade”, contou Graça. Guido estava entre as 13 pessoas que foram batizadas recentemente.
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Momento de gratidão após os batismos
Glorifique ao Senhor pelas bênçãos já alcançadas e interceda pelos missionários, para que continuem sendo fortalecidos e orientados pelo Senhor para que
Outras capitais e regiões mais vidas sejam salvas. Para contribuir com este metropolitanas - 4007-1075 Demais localidades - 0800projeto, faça contato com o 707-1818 PAM Brasil: pambrasil@missoesnacioDo Rio de Janeiro - (21) nais.org.br 2107-1818
Atividades culturais como estratégias de evangelização Ana Luiza Menezes Redação de Missões Nacionais
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iversos projetos missionários têm utilizado música, arte e outras atividades de cunho social como ferramentas para compartilhar o amor de Cristo, revelando a utilidade social e espiritual das igrejas. Assim, muitas vidas têm tido um encontro com Deus e reconhecido o valor da igreja na sociedade. Baseada na Bíblia, a visão Igreja Multiplicadora defende a plantação de igrejas relevantes. Oferecer atividades esportivas e socioeducativas para crianças em vulnerabilidade social é um dos objetivos do projeto Novos Sonhos, iniciado com parceria entre a Cristolândia SP e a Primeira Igreja Batista de São Paulo. Ballet, violão, violino, bateria, futebol e jiu-jitsu são ensinados para crianças da Comunidade do Moinho e da região da cracolândia paulista. Os frutos do projeto têm se evidenciado em vidas salvas, famílias restauradas e também nas oportunidades que
Beatriz foi abençoada por meio das aulas de balé do projeto Novos Sonhos
as crianças e suas famílias têm conseguido. Vitória Beatriz de Oliveira, começou a estudar balé em 2010 e não demorou muito até que se destacasse entre as meninas. “Com o apoio das professoras Karen Ribeiro e Ana Esmeralda, que disponibilizaram seu estúdio de dança e uma professora para as meninas do projeto, Beatriz teve a oportunidade de ter sua aptidão desenvolvida”, disse a missionária Joana Machado, coordenadora do projeto Novos Sonhos. O bom desempenho de Beatriz, que está com 8 anos de idade, chamou atenção da bailarina Priscila Yokoi. Ela organiza o evento Gala
Clássica Internacional e convidou Beatriz e outra menina do balé do projeto Novos Sonhos para participarem de workshops e uma audição para a escola de balé Bolshoi, conhecida como uma das melhores do mundo. “Após ter apresentado o ‘Grand Finale’, na última noite do evento, e com sua família presente, Beatriz se emocionou ao receber a notícia de que foi pré-selecionada. Por só receberem meninas a partir dos 10 anos, em outubro de 2014 ela fará outra prova para ser oficialmente admitida e, assim, em 2015, dar um grande passo em sua carreira de bailarina”, relatou a missionária Joana.
Pr. Poçam usa o Hip Hop para evangelizar
Ainda em São Paulo, os missionários Leandro e Vânia Poçam trabalham utilizando a música Hip Hop para alcançar vidas para Cristo na comunidade de Paraisópolis. “Em uma comunidade como a nossa, onde há muitos artistas, a música torna-se uma importante ferramenta evangelística. Essa não é a única ferramenta, mas com certeza ajuda. Me senti realizado quando um jovem disse que ouviu verdades na minha música e que minhas músicas edificaram a vida dele porque canto o que está escrito na Palavra de Deus”, contou Pr. Poçam, que também é rapper e professor de DJ. Ele
já formou três alunos que já tocam em programações, e já está formando mais um grupo. Recentemente, também formou um coral que possibilitou um maior envolvimento de pessoas com a música e também com Cristo. Na igreja que eles lideram, existem membros que conheceram o evangelho atraídos pela música. Nesta data quando comemoramos o Dia do Ministro de Música Batista, Missões Nacionais deseja a todos que receberam o dom de trabalhar com música, que continuem sendo capacitados e usados pelo Senhor em suas igrejas e também nos campos missionários.
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notĂcias do brasil batista
notícias do brasil batista
Cursos do SEC para 2014
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Cursos do CIEM para 2014
Pós-Graduação Lato Sensu:
Curso Livre de Mestrado em Missiologia (Strictu Sensu).
Especialização em Educação Religiosa, Missiologia e Ministério Social Cristão (Duração 2 anos).
Curso Livre de Mestrado em Educação Cristã (Strictu Sensu).
Pós-Graduação Stricto Sensu: Mestrado em Educação Religiosa, Missiologia e Ministério Social Cristão (2 a 3 anos). Curso Superior Livre – Educação Religiosa com habilitação em Missiologia; Educação Religiosa com habilitação em Ministério Social Cristão (Duração 3 anos).
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Pós-Graduação em Formação Missionária (Lato Sensu). Pós-Graduação em Educação Cristã (Lato Sensu). Curso de Graduação em Missões e Educação Cristã. Formação de Líderes para o Ensino de Missões. Curso de Capacitação Missionária.
Curso Médio: Educação Religiosa e Missiologia (2 anos). Seminário Aberto à Terceira Idade (Duração 1 ano). Curso de Libras – Língua Brasileira de Sinais (2 anos). Curso de Inglês – Duração 2 anos. Curso de Capelania Hospitalar (2 anos). Curso de Capelania Familiar (2 anos).
DIRETORA EXECUTIVA: Lucia Margarida Pereira de Brito - SECRETÁRIA DE PROMOÇÃO: Aildes Soares Pereira - EDITOR DE ARTE: Rogério de Oliveira Rua Uruguai, 514 - Tijuca - CEP: 20510-060 - Rio de Janeiro - Telefone: (21) 2570-2848 - FAX: (21) 2278-0561 - Ligado 24 h Site: www.ufmbb.org.br - E-mail: ufmbb@ufmbb.org.br - E-mail: eventos@ufmbb.org.br - E-mail: pedidos@ufmbb.org.br
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PIB em Arraial do Cabo completa 90 anos como igreja relevante Paloma Furtado Comunicação da PIB em Arraial do Cabo, RJ
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Primeira Igreja Batista em Arraial do Cabo (PIBAC), na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, tendo como presidente o pastor José Guilherme de Souza Silva e como vice-presidentes o pastor José das Neves Oliveira e o diácono Antonio Pessanha de Souza, completou 90 anos no dia 17 de outubro de 2013. Nas comemorações de aniversário estiveram presentes líderes denominacionais, pastores e grupos representativos de outras denominações, além da presença de autoridades do município. A comemoração dos 90 anos da PIBAC foi uma data significativa para a igreja e cidade que se desenvolveram de forma mútua durante esse período. Para celebrar, foram realizados cinco cultos em louvor, adoração e agradecimento a Deus sob
o tema: “Uma Igreja Relevante: no Ensino da Palavra, na Comunidade, na Família, na Comunhão, na Proclamação e na Adoração”. Os pastores que ministraram a Palavra foram: José das Neves, Nilson Godoy, Geraldo Geremias, Rafael Antunes e José Guilherme. Já na música, a adoração a Deus foi oferecida através dos grupos musicais e coreografias da Igreja, da cantora Rutemberg e do Ministério Sarando a Terra Ferida. Estiveram presentes também louvando ao Senhor os irmãos Flávio Cândido e Flávio, que não se conheciam até o batismo de Flávio Cândido. Ao som das canções “Vai Valer a Pena” e “Uma Nova História” canta-
ram a realidade do encontro que ocorreu na PIBAC e emocionaram a todos. Durante os dias do evento houve fatos que deixaram a festa ainda mais marcante. Na abertura o Pr. José das Neves completou sete anos de ministério auxiliar na PIBAC e foi homenageado pela Igreja através do Ministério Diaconal. No dia 17, o Pr. José Guilherme, após um café da tarde denominado “Cafezão dos 90”, inaugurou a galeria de fotos de todos os pastores titulares que passaram pela PIBAC. E o encerramento das celebrações no domingo (20) aconteceu com a realização de batismos de dez novos irmãos que se juntaram aos quase 700 membros forman-
do a família da PIB em Arraial do Cabo, que também se estende em mais duas congregações. Como tudo começou A PIBAC, como carinhosamente é chamada pelos membros e visitantes, tem uma relação bem próxima com a cidade, pois cresceram juntas desde 1923, quando Arraial do Cabo ainda pertencia a Cabo Frio. Tudo começou quando o Sr. Alfredo Almeida, morador de Macaé, no Norte Fluminense, passou a trabalhar no antigo farol. Quando descia para Arraial, que ainda era conhecida como Vila dos Pescadores, começou a se reunir com um grupo de pessoas para evangelizar.
Denominados “batistas”, fundaram a Igreja e continuaram a pregar a Palavra de Deus mediante a simplicidade dos moradores, que em sua maioria eram pescadores. As pessoas aderiram ao Evangelho e os batismos seguiam se realizando nas águas da Praia dos Anjos, ponto histórico da cidade. Em 1927, a Igreja recebeu como primeiro pastor José Silveira e, logo após, no início da década de 30, o Pr. Honório de Souza inaugurou a primeira sede. Os anos se passaram, aquele pequeno número de irmãos cresceu e diversos pastores passaram pela Igreja. Muita coisa mudou, hoje a Igreja possui um templo moderno e localizado no Centro da cidade, contudo, o que permanece é o desejo que a PIBAC tem de continuar sendo relevante para a comunidade cabista, sendo referencial do amor de Deus em palavras e ações. Para honra e glória de Deus, a PIBAC será sempre “Uma Igreja que Ama”.
PIB em Mairiporã receberá Assembleia da Associação Norte em 2014
Cleriston Pereira do Valle Secretário da PIB Mairiporã, SP
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omo uma das propostas da Primeira Igreja Batista em Mairiporã, SP, que em 2014 estará comemorando 40 anos de atividades na cidade, contando com eventos que terão início no mês de julho e previsão de encerramento em setembro, a Igreja protocolou na Assembleia da Associação Batista Norte da Capital o interesse em receber a Assembleia em 2014. Na última reunião da Associação a proposta foi devidamente aprovada e Mairiporã irá receber as lideranças e membros das igrejas batistas da região norte da Capital durante os dois dias de eventos no mês de setembro de 2014.
A Primeira Igreja Batista em Mairiporã teve seu início como missão em 1974, quando começou seus trabalhos na antiga rua da Raia, com as pessoas Raimunda dos Santos Pedroso, Lídio Rodrigues Ferreira e família e, Salatiel Pereira do Valle e família, que contaram com o apoio da Igreja Batista Betel em São Paulo através do saudoso pastor Silas Melo. Em 1981, foi construído e inaugurado o templo em 4 de julho, na Rua Celso Epaminondas nº 248 Jardim Esther. Com muita disposição estas pessoas trabalharam bastante e em nenhum momento o trabalho batista parou em Mairiporã. E hoje contamos com mais de 100 membros, contamos também com mais dois outros trabalhos batistas independentes na cidade frutos desta Igreja, que são a Primeira Igreja Batista em Terra
Evento será parte integrante das comemorações dos 40 anos de presença batista em Mairiporã
A história do povo batista Preta e a Igreja Batista do Mato Dentro, duas missões, em Mairiporã é uma históuma na Vila Davi e outra no ria de fé, trabalho e amor, que com certeza marcou bairro Pirucaia.
a história de nossa cidade nestes 40 anos e estaremos contando esta história em 2014.
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missões mundiais
Caravana ao Haiti bate recorde de voluntários
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Marcia Pinheiro Redação de Missões Mundiais
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sétima caravana do Tour of Hope, projeto do Setor de Voluntários da JMM, teve um número recorde de participantes: 148. São missionários voluntários que se dispuseram diante do Senhor para servir com amor e alegria no país mais pobre das Américas levando seu melhor: Jesus. A próxima caravana que seguirá ao país no início de 2014 já tem mais de 100 inscritos. No entanto, há uma grande necessidade por profissionais da área de saúde. Essa mais recente caravana foi dividida em três equipes, que viajaram em datas diferentes. A equipe Amor viajou no dia 15 de outubro, a Fé nos dias 18 e 20 de outubro, e a Esperança nos dias 28 e 29 do mesmo mês. Apesar da longa viagem, os voluntários são gratos a Deus por terem sido levados ao lugar de sua vontade. Todos são unânimes em querer fazer o melhor para o Senhor por meio de seus dons e talentos, usados para alcançar os
Tour of Hope visitou o Haiti em outubro
haitianos. Boa parte do grupo atuou na área de construção, apoiando aqueles que tentam reerguer o país, devastado por um grande terremoto em 2010. O Haiti tem 80% de sua população vivendo em situação de extrema pobreza, com menos de US$ 2 por dia. Por lá, 75% do que é consumido é importado. Apenas 9% das escolas são públicas, o que deixa a nação com 80% de analfabetos. Ore pelo Haiti, um país com 10 milhões de haitianos, cuja maioria aguarda a manifestação dos filhos de Deus. Hoje o país tem 69% de católicos e/ou pra-
ticantes de vodu; 30% de protestantes e 1% de muçulmanos ou seguidores de outras práticas religiosas.“A experiência de participar dessa viagem missionária ao Haiti foi muito gratificante, pois desde o primeiro dia percebi que servir é a principal função do cristão. O povo haitiano foi muito gentil conosco, nos recebeu com muita alegria e nos serviu como quem serve ao próprio Deus. O exemplo desse povo nos remete ao exemplo dado por Jesus Cristo que, sendo Deus, não usurpou ser igual a Deus, mas, antes se fez servo. Não me esquecerei dessa viagem”, disse o voluntário
Parte dos voluntários atuou na área de construção
Marcos Vinícius Leite Dias, membro da Igreja Batista Central de Diamantina/MG. Para o coordenador do Tour of Hope, Pr. Marcos Grava, não apenas o povo do Haiti foi abençoado durante estes dias, mas também os voluntários que seguiram ao campo, além de cada intercessor que se dispôs a orar por esse trabalho e todos da coordenação. “Esta caravana concluiu a sua missão, porém os desafios ainda estão longe de serem vencidos”, comentou o Pr. Grava. No início de 2014, mais uma caravana do Tour of Hope seguirá para o Haiti.
Apesar de já ter mais de 130 inscritos, o grupo ainda precisa de médicos. A área de saúde é uma das mais carentes naquele país. Ore para que Deus levante médicos para integrar essa caravana. Os interessados podem se inscrever através do e-mail tourofhope@jmm.org.br. “Nosso desejo é poder abraçar cada um que, de alguma forma, tem participado das caravanas do Tour of Hope. Seja mobilizando, indo, orando ou ofertando, você tem entrado em campo com Cristo para anunciar a sua mensagem e transformado vidas através de ações de amor”, concluiu o pastor.
Portugal: missionários em campo para anunciar o evangelho Willy Rangel Redação de Missões Mundiais
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ortugal é um dos campos com maior investimento de Missões Mundiais na Europa. São 18 missionários brasileiros que estão em campo naquele país para testemunhar o evangelho de Jesus Cristo. O Pr. César e Eliane Corsete são missionários da JMM em Portimão, no sul de Portugal. Ali, o casal está à frente da igreja batista da cidade desde 2011, mesmo ano em que chegaram ao campo. Uma das principais atividades desenvolvidas pelo casal é o ministério com jovens e adolescentes, que mostram cada vez mais interesse pela palavra de Deus. “Esse tem sido um ministério que tem nos alegrado, pois mais dois jovens portugueses se aproximaram e já estão frenquentando as reuniões, sempre com muito interesse. Até já começamos a discipular um deles, e o outro deverá começar em breve o discipulado”, conta o Pr. Corsete. Nos encontros, os missioná-
Família Corsete
rios compartilham a palavra de Deus com os jovens, sempre com o objetivo de instruí-los e evangelizá-los. “Pedimos que você ore por esse ministério, pois temos o desejo de alcançar muitos jovens e adolescentes para o Senhor Jesus. Eles precisam ser libertos dos vícios e da indiferença espiritual que os leva a viver vidas vazias e sem signficado”, pede o Pr. Corsete, explicando o contexto espiritual em que vive atualmente a maioria dos jovens portugueses. Uma força extra no ministério do Pr. Corsete e de Eliane é dada pelos filhos do casal, Matheus e Laísa, que se mostram
Jovens da igreja batista em Portimão
bastante comprometidos com o testemunho do evangelho. “Ambos são convictos da fé em Jesus e da necessidade de darem bom testemunho na escola”, conta o Pr. Corsete. “Eles participam de praticamente todos os trabalhos que realizamos”, acrescenta a missionária Eliane. Matheus, que é estudante de Psicologia, toca bateria e é o líder do ministério de jovens e adolescentes da igreja em Portimão. Laísa canta, ajuda no ministério com jovens e colabora nas programações especiais. “Eu também considero minha a missão dos meus pais,
pois estou junto com eles em tudo. Meus pais investem em vidas, ajudando as pessoas no que for preciso”, diz Laísa. O jovem Matheus tem buscado compartilhar o evangelho na universidade onde estuda aproveitando as chances que aparecem. Pouco tempo atrás, ele se reuniu com amigos da faculdade para orar, o que despertou a curiosidade das outras pessoas. Quando perguntados sobre se desejam ser missionários no futuro, Matheus e Laísa dizem que esta possibilidade está nas mãos de Deus. “Quanto a isso, que o Senhor cumpra em nossas vidas
a vontade dele”, afirma Laísa “Tenho colocado essa possibilidade em oração diante de Deus, e estou disponível para fazer a vontade do Senhor”, diz Matheus. O casal Corsete se mostra feliz em fazer parte da missão de testemunhar o evangelho e anunciar a mensagem da cruz de Cristo. “O nosso olhar está sempre voltado para todas as nações. E esse olhar nos faz ver que Portugal também está incluído e que foi para esse povo que Deus nos chamou para trabalhar e compartilhar seu grande amor”, conclui o Pr. Corsete.
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Expertise de Capelania Hospitalar de MS é apresentada em seminário no Paraná
Divulgação CBSM
Pastor Adão José Pereira e esposa, Léia Cordeiro, posaram ao final do evento com os participantes do seminário
Comunicação da Convenção Batista SulMato-Grossense
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ram esperados cerca de 50 participantes, mas com o passar dos dias a procura foi aumentando e a igreja encerrou as inscrições com 75 pessoas Está cientificamente comprovada a eficiência da assistência espiritual aos pa-
cientes internados nas unidades hospitalares. Segundo estudos realizados, a média de internação dos pacientes assistidos espiritualmente é de quatro dias, contra sete dos que não recebem esse tipo de assistência. Como base nessa premissa e com objetivo de estender os magníficos resultados de sua experiência bem sucedida de Capelania Hospitalar no âmbito da Santa Casa de
Campo Grande, um referencial nessa modalidade de atendimento, o pastor Adão José Pereira e esposa, Léia Cordeiro – servos do Senhor a serviço da vida, como gostam de ser chamados – ministraram no período de 27 a 29 de setembro o II Seminário de Capelania Hospitalar na Igreja Batista Nacional em Foz do Iguaçu/PR. “Foram três dias de atividades abençoadas”, relata
pastor Adão. “A princípio eram esperados cerca de 50 participantes, mas com o passar dos dias a procura foi aumentando e a igreja encerrou as inscrições com 75 pessoas e firmando compromisso de no próximo ano realizar o III Seminário”. O evento de Foz do Iguaçu contou com participantes de São Paulo, Curitiba e Medianeira, “de onde recebemos o pároco da cidade, padre Val-
dir Antonio Riboldi que, além de participar do Seminário, adquiriu dez exemplares de nosso livro para presentear alguns padres amigos seus e adotá-los no Seminário”, conta pastor Adão José. O servo do Senhor a serviço da vida conclui afirmando que “por todas essas vitórias, hipotecamos a Deus nossa gratidão bem como a todos quantos oraram por nós para a realização desse evento”.
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Projeto “Grande Jogada” beneficia adolescente de Limeira
Oseias Santos Pastor da PIB de Teixeira de Freitas, BA
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ABRA – Associação Beneficente de R e c u p er a ç ã o e Auxílio, órgão da PIBATEF (Primeira Igreja Batista de Freitas-BA), dentre suas muitas ações como: Trabalhos terapêuticos através de psicanalistas e psicólogos, orientações espirituais através da Palavra de Deus (quase dois mil atendimentos até o mês de outubro), distribuição de cestas básicas, roupas e o funcionamento do Centro de Recuperação Evangélico ABRA. Além dessas iniciativas, a ABRA apresentou no dia 02 de novembro, às 9h, no distrito de Limeira – Prado, o projeto “Grande Jogada”. O evento contou com a presença do pastor Oseias Santos (Pastor titular
da PIBATEF) e do pastor Jesaias Gouveia (Pastor do propósito de missões e coordenador da ABRA), além de outros membros da Igreja.
O projeto “Grande Jogada” é uma escolinha de futebol que atende mais de 40 adolescentes entre 12 e 16 anos de idade. Os quais, há
um mês, se reúnem todos os sábados às 9h no campo local para os treinos físicos, técnicos, táticos e coletivos, ministrados pelo seminarista
e ex-jogador de futebol Weslei Pinha. Em apenas um mês de funcionamento o projeto já ofereceu por meio de doações da PIABTEF e empresários da cidade de Teixeira de Freitas, BA, bolas, meiões, shorts, coletes e chuteiras. Material esse entregue aos alunos do projeto de forma gratuita, bem como as aulas ministradas. Além da prática esportiva, que gera melhor qualidade de vida, o projeto tem como objetivo oferecer acompanhamento escolar, familiar e valiosas orientações que visem que cada aluno do projeto “Grande Jogada”, se torne ainda melhor e cidadão. Caso tenha interesse em se tornar um parceiro do projeto “Grande Jogada”, entre em contato com a direção através dos telefones: (73) 9943-2239 / 9998-9957 / 3291-2151.
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notĂcias do brasil batista
o jornal batista – domingo, 24/11/13
ponto de vista
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té que ponto a educação teológica e ministerial pode contribuir para o futuro das igrejas e da denominação? Até que ponto podemos considerá-la um dos principais eixos para o crescimento saudável das igrejas e da denominação? Quando se fala em crescimento de igreja, logo vem à mente a área de evangelização e missões, plantação de igrejas (para sermos mais atualizados no vocabulário igrejeiro). Mas como tem sido o alcance do Evangelho no mundo, não estou falando alcance apenas em termos da pregação do plano da salvação, da plantação de novas igrejas. Desejo ir mais longe, como está a influência das igrejas, dos crentes em seu meio ambiente? Afinal Jesus disse que somos sal da Terra, luz do mundo (Mateus 5). Como o Cristianismo tem trazido sua influência nas grandes decisões da vida e da sociedade? Como cada crente tem espaço de influência saudável no ambiente em que vive? O quanto o púlpito tem sido efetivo para cumprir seu papel profético? Qual tem sido em geral a profundidade das mensagens que ouvimos e pregamos em nossos púlpitos? Como tem sido o envolvimento dos crentes com o estudo, a meditação na Palavra de Deus? Como tem sido o desenvolvimento do ensino em nossas igrejas? O quão profundo tem sido o estudo da Palavra de Deus nos lares das famílias de nossas igrejas? O quanto dos dilemas do mundo contempo-
râneo tem ocupado os temas prioritários dos púlpitos, dos estudos bíblicos semanais nas igrejas? Tenho buscado respostas a perguntas como estas, e são desanimadoras as que tenho visto na prática visitando os vários rincões de nossa pátria. Em recente inventário que publiquei neste “O Jornal Batista” com comentários que tenho escrito, é assustador ver colegas desanimados com o ministério pastoral e até com a vida de devoção pessoal e familiar. Preocupa-me onde tudo isto vai chegar! Uma das mais importantes causas que imagino por trás destes dilemas está na ausência de priorização da educação teológica perceptível nas últimas décadas. Penso que os eixos geratrizes disto se localizam pontualmente em dois focos – (1) salvacionismo; e, (2) pragmatismo – que acabam sendo forças orientadoras de nossas agendas, de nosso discurso e do encaminhamento das prioridades de recursos. O salvacionismo coloca a salvação como a principal mensagem do Cristianismo e da Bíblia, como se a salvação fosse um fim em si mesma. Tudo se centraliza e parte da preocupação com a salvação das almas das pessoas e com seu preparo para a eternidade. O importante aqui é o aspecto jurídico (Jesus morreu pelos nossos pecados) e o escatológico (para nos dar uma nova morada no futuro). Depois de salva a pessoa deve se concentrar em pregar aos outros que Cristo salva. Aqui consideramos a vida
a partir da queda e não a partir de antes da fundação do mundo, quando Deus sonhou com a nossa criação. Quando fomos criados, não foi para sermos salvos (isso faria Deus culpado e seria contrário à mensagem geral das Escrituras), mas para vivermos para sua glória. Viver para a glória de Deus seria viver em harmonia com ele, comigo mesmo, com o próximo e com o mundo criado. Veja que isso coincide com os dois mandamentos que Jesus ensinou (mas três níveis de relacionamento) e mais a conclusão lógica de que Deus nos deu a criação para ser cuidada. Com a entrada do pecado no mundo, nos afastamos destes propósitos da criação (há falta da glória de Deus – Romanos 3.23) e a salvação por meio da morte e ressurreição de Jesus nos traz de volta. É um reposicionamento na ordem do mundo criado. Implicação cosmológica que perdemos com o salvacionismo. Neste caso, a salvação se torna o meio de recuperarmos nossa posição na criação e desenvolvermos a vida dentro da busca daqueles quatro ideais que acabei de mencionar. Afinal somos sal da terra e luz do mundo, e não sal e luz da Nova Jerusalém! Jesus veio para nos dar vida abundante, somos embaixadores de Cristo aqui neste mundo e não na Nova Jerusalém. Devemos viver, não apenas pregar que Cristo salva, mas também para viver o evangelho. Para atender as demandas do salvacionismo basta formar “obreiros” que saibam pregar que Cristo salva, que
saibam plantar igrejas, saibam evangelização e incentivar o trabalho missionário de modo que as almas possam ser salvas e preparadas para a eternidade. O restante não importa. Outro eixo é o pragmatismo que foi se instalando em nossa cultura denominacional de modo a priorizar a ação e a funcionalidade a ponto de reduzir o Cristianismo em trabalho, programas e eventos. Ser pastor é ser hábil em liderar programas e atividades. Ser pastor é saber-fazer (visita hospitalar, visitas domésticas, dirigir assembleia, redigir atas, dar conselhos, dirigir reuniões, colocar as pessoas em movimento, etc). Tanto que na década de 70 e 80, mas também recentemente, surgiu a frase “o seminário precisa formar pastores e não teólogos”, como se fosse possível formar médicos sem Medicina, engenheiros sem Matemática. Os resultados desta ênfase já se fazem presentes com as dificuldades ministeriais que citamos há pouco, inclusive com a ausência de engajamento da igreja e dos crentes como embaixadores do reino de Deus participando ativamente na vida e a pobreza generalizada que muitos crentes reclamam do púlpito. Para formar pastores para atender esta demanda basta ter um curso prático e sem profundidade em outras áreas da formação teológica e ministerial. Por outro lado, para atender as demandas de uma vida comprometida com o evangelho integral de Jesus Cristo, há necessidade
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de discutirmos nosso papel neste mundo, não apenas na eternidade. Como podemos participar na vida cotidiana encarnando o evangelho de Jesus Cristo? Como cada cristão pode ser embaixador do reino aqui no dia a dia? Isso tudo requer educação teológica e ministerial mais cuidadosa, mais aprofundada. Requer que formemos não apenas obreiros, mas líderes que saibam interpretar o mundo de modo a dar segurança para suas igrejas a sobreviver neste mundo secularizado e sem Deus. Líderes que possam pregar o evangelho profundamente, que possam ser missionários anunciadores do Evangelho integral plantando igrejas sadias e comprometidas com vida efetiva neste mundo. Você já imaginou como será nossa denominação, nossas igrejas e a vida de cada crente se ultrapassarmos as mínimas exigências destes dois eixos e formarmos líderes que conheçam profundamente a Bíblia, a Teologia e áreas auxiliares para compreender os cenários em formação (Sociologia, Psicologia, Filosofia, etc), de modo a preparar-nos para viver intensamente o Evangelho no mundo sendo mensagem viva e verbal da recuperação que Cristo nos dá? Sendo assim, não há como realizar um trabalho precário e amadorístico no campo da educação teológica e ministerial. Da qualidade desta formação depende a qualidade de nosso futuro.