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REVISTA DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS
Educação e Integração
Ano 5 – Volume XIII Abril 2020
ISSN 2525-801X
Curitiba Abril 2020 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – Proibida a reprodução total ou parcial, sem a autorização por escrito.
Educação e Integração – Ano 5 – Volume XIII– ISSN 2525-801X
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Revista de Administração e Ciências – Educação e Integração Curitiba, 1a Edição
Educação e Integração – Ano 5 – Volume XIII– ISSN 2525-801X
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Revista de Administração e Ciências – ISSN: 2525-801X ORCIDE 0000000187897698 Publicação da área de Ciências Humanas
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Semestral ISSN 2525-801X CDD 100
Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida, desde que citada a fonte.
Educação e Integração – Ano 5 – Volume XIII– ISSN 2525-801X
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Correspondência e Assinatura / Letters and subscription Revista de Administração e Ciências Rua Nicolau Vorobi 244 CIC – Curitiba – Paraná CEP.: 81250-210
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Educação e Integração – Ano 5 – Volume XIII– ISSN 2525-801X
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SUMÁRIO
01 SÍNDROME DE BURNOUT EM AGENTES PENITENCIÁRIOS.........................................................5 02 O DIREITO À ESCOLARIZAÇÃO DOS JOVENS E ADULTOS COM DEFICIÊNCIA......................................20 03 REFLEXÃO SOBRE A FORMAÇÃO DOS EDUCADORES DE JOVENS E ADULTOS..............................................26 04 GESTÃO DE ESTOQUE...........................................32 05 EMPREENDEDORISMO.........................................43 06 Otimização do uso de linha de produção..............54
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SÍNDROME DE BURNOUT EM AGENTES PENITENCIÁRIOS DE UM MUNICÍPIO DA REGIÃO CENTRAL DO RIO GRANDE DO SUL Henry Pohlmann Brum; Margarete Teresinha Fabbris de Oliveira Santos RESUMO Os agentes penitenciários, na maioria dos casos, apresentam o comportamento de prisionalização, pois o contato direto com os presos é extremamente desgastante, e issoisto acaba interferindo na sua vida pessoal e sendo levado para o ambiente familiar. Esse comportamento torna os agentes passíveis de estigmas decorrentes de psicopatologias do trabalho, tais como a Síndrome de Burnout. EstaA pesquisa procurou verificar a prevalência da Síndrome de Burnout nos agentes penitenciários de um presídio da Região Central do Rio Grande do Sul. O objetivo foi atingido a partir de análises quantitativas, utilizando-se de pesquisa exploratóriodescritivaexploratória-descritiva e o método de estudo de caso. O questionário utilizado foi baseado no Malasch Burnout Inventory, composto depor 22 perguntas fechadas relacionadas à frequência com que as pessoas vivenciam determinadas situações no trabalho. O Burnout é um fenômeno psicossocial que surge como resposta crônica aos estressores interpessoais ocorridos em situações de trabalho, constituído de três dimensões independentes entre si: exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional. Palavras-chave: Burnout, agente penitenciário, segurança pública.Burnout. Agente Penitenciário. Segurança Pública.
1 INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO Na visão de Campos e Sousa (2011), o trabalho do agente penitenciário engloba diversas atividades que a população desconhece, sendo muito mais rigoroso do que se pensa. A falta de conhecimento técnico específico para a função, a deficiência nas condições materiais de trabalho e a, carência de pessoal diante da superlotação contribuem para como motivação ao uso de comportamentos violentos dos agentes como mecanismo de defesa e autopreservação, na busca de garantia de sua própria segurança e reconhecimento. Ainda conforme Campos e Sousa (2011), tendo em vista que o equilíbrio emocional é fundamental para o bom desempenho em qualquer trabalho, há de se preocupar quando, em uma função que exige controle e responsabilidade, percebe-se um grande número de funcionários com queixas constantes e diversas.
PROBLEMA DE PESQUISA
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A partir do exposto, elaborou-se o seguinte problema de pesquisa: qualQual a prevalência da Síndrome de Burnout nos agentes penitenciários de um município da Região Central do Rio Grande do Sul? OBJETIVOS Geral
verificar a prevalência da Síndrome de Burnout nos agentes penitenciários do município X da Região Central do Rio Grande do Sul?
Específicos
conhecerConhecer
em
profundidade
a
Síndrome
de
Burnout;
levantarLevantar o perfil do agente penitenciário;
verificarVerificar a prevalência da Síndrome de Burnout nos agentes penitenciários do município X da Região Central do Rio Grande do Sul;
proporPropor alternativas que reduzam a prevalência da Síndrome de Burnout para os agentes penitenciários deste município.
JUSTIFICATIVA De acordo com Schaufeli e Ezmann (1998, apud JUSTO e BENEVIDES-PEREIRA, 2011), a Síndrome de Burnout apresenta-se como um dos grandes problemas psicossociais da atualidade, pois pode levar à séria deterioração do desempenho do indivíduo no trabalho, comprometendo a qualidade do mesmo, além de afetar também suas relações familiares e sociais. De tal modo, vários estudos vêm sendo realizados com o objetivo de identificar as categorias profissionais mais propensas ao desenvolvimento do Burnout e o perfil específico de cada uma delas, no sentido de desenvolver formas de prevenção e intervenção específicas a cada contexto, motivo pelo qual justifica-se esta pesquisa. MÉTODOS E INSTRUMENTOS DE APOIO 2 MÉTODOS E INSTRUMENTOS DE APOIO
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A metodologia de uma pesquisa refere-se ao conjunto de atividades sistemáticas e racionais que permite atingir um objetivo, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando decisões (LAKATOS e MARCONI, 2011). Barros e Lehfeld (2007, p. 3) complementam que “método é o caminho ordenado e sistemático para se chegar a um fim”. A classificação desta pesquisa, quanto à sua abordagem, define-se como quantitativa. De acordo com Casarin e Casarin (2011), as pesquisas quantitativas têm como principal objetivo quantificar ou mensurar as variáveis estudadas, fazendo uso intensivo de modelos matemáticos e estatísticos, apresentando os resultados como um conjunto de tabelas, quadros e gráficos. No que tange à coleta de dados, o estudo tem como base um questionário, que de acordo com Gil (2010), refere-se a um conjunto de questões, abertas ou fechadas, que são respondidas pelo pesquisado, e utilizado, principalmente, quando a pesquisa contém muitos elementos a serem coletados ou o número de respondentes é extenso. Neste estudo, o questionário utilizado foi baseado no Malasch Burnout Inventory, composto por 22 perguntas fechadas relacionadas à frequência com que as pessoas vivenciam determinadas situações no trabalho. O questionário adaptado e validado no Brasil por Tamayo (1997 apud LIMA et al., 2010) utilizado na pesquisa apresenta escala Likert de 5 pontos, sendo 1-nunca, 2-raramente, 3-algumas vezes, 4-frequentemente e 5-sempre. Os sujeitos da pesquisa, isto é, os respondentes do questionário foram os agentes penitenciários de um Presídio da Região Central do Rio Grande do Sul e a amostragem foi não -probabilística por casualidade. Além de verificar a prevalência do Burnout, também foi levantado o perfil do agente penitenciário do Presídio em questão. Após a coleta de dados, estesos mesmos foram tabulados, analisados e interpretados por intermédioatravés do software Microsoft Excel® 2010. Com base no referencial teórico apresentado, as informações coletadas foram comparadas e analisadas para que o objetivo final da pesquisa fosse alcançado. 3 DESENVOLVIMENTO 3 DESENVOLVIMENTO SEGURANÇA PÚBLICASEGURANÇA PÚBLICA A Segurança Pública é objeto de grande interesse não apenas para políticos, mas para toda a sociedade. Os desafios propostos para as políticas públicas nesseneste campo são
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enormes e variados. EsseEste assunto tem sido discutido em grande escala pelo Estado e pelos órgãos ligados à segurança pública.Segurança Pública. Contudo, os agentes penitenciários, profissionais responsáveis pela guarda dos detentos, que de alguma forma resistem e lutam para garantir um mínimo de segurança e que, embora tenham atribuições próximas à atividade policial, não possuem o mesmo status. (CAMPOS; e SOUSA, 2011). AGENTES PENITENCIÁRIOS AGENTES PENITENCIÁRIOS Na visão de Ramos e Esper (2007), os agentes penitenciários, na maioria dos casos, apresentam o comportamento de prisionalização, alegando que o contato direto com os presos é extremamente desgastante, e isso,isto, consequentemente, acaba interferindo na sua vida pessoal e sendo levado para o ambiente familiar. A vida cotidiana dosdestes agentes estaria condicionada por exigências impostas pela administração prisional, por dificuldades em conciliar vida no trabalho e fora deste, como também pela falta de perspectivas de ascensão aliadas à desvalorização profissional e pessoal. Tais fatores podem ocasionar o aparecimento de distúrbios psicossociais, acarretando consequências no seu rendimento profissional e pessoal. Segundo Campos e Sousa (2011), embora os agentes penitenciários não morem na instituição, eles passam grande parte do tempo neste local e estão sujeitos a estarem constantemente fechados, impossibilitados de sair, a passar um longo período em companhia das mesmas pessoas e realizando atividades em um mesmo lugar, rigorosamente estabelecidas em horários e sequências. Essa prisionalização torna os agentes passíveis de estigmas decorrentes de psicopatologias do trabalho: insônia, nervosismo, depressão, estresse, paranoia,paranóia, dependência química, Burnout, dentre outros. SÍNDROME DE BURNOUTSÍNDROME DE BURNOUT - CONCEITO O termo “Burnout” se refere, no jargão popular inglês, àquilo que deixou de funcionar por absoluta falta de energia (BENEVIDES-PEREIRA, 2010). Codó e VasquesMenezes (1999, apud LIMA et al., 2009) complementam que o termo, numa tradução mais direta para o português, se refere a algo como “perder o fogo”, “perder a energia” ou “queimar para fora”. Já para Carvalho (2002, apud REGO;REGO, FERREIRA; e COSTA, 2012), o termo origina-se de uma gíria inglesa que significa “morrer de tanto trabalhar”.
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Segundo Benevides-Pereira (2010), o termo trata-se de uma metáfora para significar aquilo, ou aquele, que chegou ao seu limite e, por falta de energia, não tempossui mais condições de desempenho físico ou mental. O Burnout é uma síndrome por meioatravés da qual o trabalhador perde o sentido de sua relação com o trabalho, de maneira que as coisas já não o importam mais e qualquer esforço lhe parece ser inútil (CODÓ; e VASQUES-MENEZES, 1999 apud LIMA et al., 2009). Cacco e Salvador (2010) complementam que “o Burnout é o produto de uma interação negativa entre o local de trabalho e seu grupo profissional”. Segundo Maslach e Jackson (1981 apud CARNEIRO, 2010), o Burnout é caracterizado como uma resposta ao estresse ocupacional crônico que compreende a experiência de encontrar-se emocionalmente esgotado, com atitudes e sentimentos negativos em relação às pessoas com as quais trabalha e a seu papel profissional. O Ministério da Saúde (2001), por sua vez, define a Síndrome de Burnout, também conhecida por Síndrome do Esgotamento Profissional, como um tipo de resposta prolongada a estressores emocionais e interpessoais crônicos no ambiente de trabalho. DIMENSÕES DA SÍNDROME DE BURNOUT De acordo com Maslach et al. (2001 apud CARNEIRO, 2010), a Síndrome de Burnout é um fenômeno psicossocial que surge como resposta crônica aos estressores interpessoais ocorridos em situações de trabalho, constituído de três dimensões independentes entre si (ou fatores multidimensionais): exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional. A Exaustão Emocional, para Benevides-Pereira (2010), se refere à sensação de esgotamento, tanto físico quanto mental, ao sentimento de não dispor mais de energia para absolutamente nada. Essa dimensão caracteriza-se pela perda de energia, pouca tolerância, fadiga crônica, nervosismo, além de rigidez no comportamento resultada de trabalho estressante (MENDES, 2002; BAKKER, 2005 apud BRITO;BRITO, REYES JR.; e RIBAS, 2010). A despersonalizaçãoDespersonalização significa que a personalidade do indivíduo sofreu ou vem sofrendo alterações, induzindo o profissional a um contato frio e impessoal com os usuários de seus serviços e passando a denotar atitudes de cinismo e ironia em relação às pessoas e indiferença ao que pode vir a acontecer aos demais (BENEVIDES-PEREIRA, 2010). Pererré, Rossi e Sauter (2003 apud BRITO;BRITO, REYES JR.; e RIBAS, 2010)
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complementam que, na despersonalização, o profissional reduz seu envolvimento com a organização, a dedicação com a função, o tempo de trabalho, porém continua fazendo o mínimo necessário de suas tarefas, de modoforma que a qualidade e o desempenho acabam diminuindo. Por fim, a baixa realização profissionalRealização Profissional (ou faltaFalta de envolvimento pessoal),Envolvimento Pessoal), segundo Benevides-Pereira (2010), evidencia o sentimento de insatisfação com as atividades do trabalho que vem realizando, sentimento de insuficiência, baixa autoestima, fracasso profissional, desmotivação, ocasionando baixa eficiência no trabalho. Para Maslach (1999 apud BRITO;BRITO, REYES JR.; e RIBAS, 2010), essa dimensão é considerada uma combinação das outras duas e exalta a tendência do profissional auto avaliar-se negativamente, devido à falha do indivíduo em produzir resultados satisfatórios à organização e a si próprio.próprios. FATORES DE RISCO DA SÍNDROME DE BURNOUT Os fatores de risco do Burnout referem-se aos facilitadores e/ou desencadeantes dessa Síndrome. De acordo com Gil-Monte e Peiró (1997 apud CARNEIRO, 2010), os facilitadores são as variáveis de caráter pessoal que podem facilitar ou inibir as ações dos estressores sobre os indivíduos. São as variáveis demográficas, variáveis de personalidade, tipos de estratégias de afrontamento utilizadas e apoio social. Ainda conforme os autores, os fatores desencadeadores são os estressores percebidos como crônicos, no ambiente de trabalho. TaisEstes fatores são o ambiente de trabalho e conteúdo do posto de trabalho; desempenho de papéis,papeis, relações interpessoais e desenvolvimento da carreira; adoção de novas tecnologias e aspectos da estrutura organizacional e questões referentes ao acesso do processo decisório (GIL; e PEIRÓ, 1997 apud CARNEIRO, 2010). A Organização Mundial de Saúde (1998 apud CARNEIRO, 2010, p. 31-32) destaca os principais fatores de risco para o Burnout, divididos em quatro categorias, a saber, organizacionais, individuais, laborais e sociais: Fatores organizacionais: burocracia (excesso de normas); falta de autonomia (impossibilidade de tomar decisões sem ter de consultar ou obter autorização prévia); normas institucionais rígidas; mudanças organizacionais frequentes (alterações frequentes de regras e normas); falta de confiança, respeito e
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consideração entre os membros da equipe; comunicação ineficiente; impossibilidade de ascender na carreira, melhorar a remuneração, de reconhecimento de seu trabalho, entre outras; o ambiente físico e seus riscos (calor, frio, ruídos excessivos, iluminação ineficiente, pouca higiene, alto risco tóxico e até de vida); acúmuloacumulo de tarefas por um mesmo indivíduo; convívio com colegas afetados pela síndrome. Fatores individuais: tipo de personalidade com características resistentes ao estresse ou hardness (indivíduos competitivos, esforçados, impacientes, necessidade de controle sobre suas ações, dificuldade em tolerar frustrações); lócus de controle interno (as possibilidades e acontecimentos de vida são consequências à capacidade de outros, sorte ou destino); autoestima, autoconfiança, auto eficácia; padrão de personalidade; super envolvimento (empáticos, sensíveis, humanos, dedicação profissional, altruísta, obsessivos, entusiasmados, se identificam-se com os demais); pessimismo (destacam aspectos negativos, preveem insucesso, sofrem por antecipação); perfeccionistas (exigentes consigo mesmos e com os outros, não toleram erros, dificilmente se satisfaz com os resultados das tarefas realizadas); indivíduos com grande expectativa e idealismo em relação à profissão; indivíduos controladores; indivíduos passivos; gênero; nível educacional; estado civil. Fatores laborais: sobrecarga; baixo nível de controle das atividades ou acontecimentos no próprio trabalho, baixa participação nas decisões sobre as mudanças organizacionais; expectativas profissionais; sentimentos de injustiça e de iniquidade nas relações laborais; trabalho por turnos ou noturno; precário suporte organizacional e relacionamento conflituoso entre colegas; tipo de ocupação; relação muito próxima e intensa do trabalhador com as pessoas a que deve atender, responsabilidade sobre a vida do outro; conflitos de papel; ambiguidade de papel. Fatores sociais: falta de suporte social e familiar; manutenção do prestígio social em oposição à baixa salarial que envolve determinada profissão; valores e normas culturais.
Cracco e Salvador (2010) salientam que são várias as características e suas variáveis, as combinações entre si pode desencadear ou não a síndrome.Síndrome. Geralmente um agente estressor em um momento pode agir e em outro ser neutro, ou inócuo para uma pessoa e extremamente lesivo para outra, tudo depende do processo de vida que estão sendo vivenciados, tomando uma dimensão complexa e difícil de ser determinada. Segundo Rego, Ferreira e Costa (2012, p. 7), “as consequências do Burnout ocasionam prejuízos não só pessoais, mas também no trabalho, assim como sociais e organizacionais, pela diminuição na qualidade do trabalho, faltas constantes, diminuição da produtividade e acidentes de trabalho entre outros”. SINAIS E SINTOMAS DA SÍNDROME DE BURNOUT No que tange à instalação do Burnout, Carneiro (2010) destaca que esta ocorre de maneira lenta e gradual, acometendo o indivíduo progressivamente. Alvarez e Fernández (1991 apud CARNEIRO, 2010) distinguem três momentos para a manifestação do Burnout. Num primeiro momento, as demandas de trabalho são maiores que os recursos materiais e humanos, o que gera um estresse laboral no indivíduo. O
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indivíduo, nesseneste estágio, percebe uma sobrecarga de trabalho, tanto qualitativa quanto quantitativa. Na segunda fase, ocorre o enfrentamento defensivo, ou seja, o sujeito produz uma troca de atitudes e condutas com a finalidade de defender-se das tensões experimentadas, acarretando comportamentos de distanciamento emocional, retirada, cinismo e rigidez. Por fim, evidencia-se um esforço do indivíduo em adaptar-se e produzir uma resposta emocional ao desajuste percebido. É aí que aparecem sinais de fadiga, tensão, irritabilidade e ansiedade. Essa etapa exige uma adaptação psicológica do sujeito, a qual reflete em seu trabalho, reduzindo o seu interesse e a responsabilidade pela sua função. Para Benevides-Pereira (2010), os sintomas da Síndrome de Burnout são enquadrados em quatro categorias, a saber, físicos, psíquicos, comportamentais e defensivos:
Sintomas físicos: fadiga constante e progressiva; distúrbios do sono; dores musculares;
cefaleia,
imunodeficiência;
enxaquecas;
transtornos
perturbações
cardiovasculares;
gastrointestinais;
distúrbios
do
sistema
respiratório; disfunções sexuais; alterações menstruais nas mulheres.
Sintomas psíquicos: faltaFalta de atenção, de concentração; alterações de memória; lentificação do pensamento; sentimento de alienação; sentimento de solidão; impaciência; sentimento de insuficiência; baixa autoestima; labilidade emocional;
dificuldade
de
aceitação;
astenia,
desanimo,
depressão;
desconfiança, paranoia.
Sintomas
comportamentais:
negligência
ou
excesso
de
escrúpulos;
irritabilidade; incremento de agressividade; incapacidade para relaxar; dificuldade na aceitação de mudanças; perda de iniciativa; aumento do consumo de substâncias; comportamento de alto risco; suicídio.
Sintomas defensivos: tendência ao isolamento; sentimento de onipotência; perda do interesse pelo trabalho; absenteísmo; ironia, cinismo.
Nem sempre uma pessoa com Burnout vai apresentar todos os sintomas, isso vai variar de acordo com os fatores individuais, ambientais e o estágio em que se encontra no processo da Síndrome (BENEVIDES-PEREIRA, 2010). MASLACH BURNOUT INVENTORY (MBI) O Maslach Burnout Inventory (MBI) foi a primeira ferramenta criada com o objetivo de avaliar a incidência da Síndrome de Burnout. Ela foi elaborada por Christina Maslach e
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Susan Jackson, em 1978, e hoje tem sido um instrumento amplamente utilizado em várias profissões para avaliar como os profissionais vivenciam seus trabalhos (LIMA et al., 2009). A atual versão do MBI é composta por 22 perguntas fechadas, relacionadas à frequência com que as pessoas vivenciam determinadas situações no ambiente de trabalho. Assim, como consta no Quadro 1, cada item do MBI corresponde a uma das três dimensões do Burnout: exaustão emocionalExaustão Emocional (1, 2, 3, 6, 8, 13, 14, 16 e 20), despersonalizaçãoDespersonalização (5, 10, 11, 15 e 22) e realização profissionalRealização Profissional (4, 7, 9, 12, 17, 18, 19 21). Quadro 1 – Variáveis do Malasch Burnout Inventory 1. Sinto-me emocionalmente esgotado (a) com o meu trabalho. 2. Sinto-me esgotado (a) no final de um dia de trabalho. 3. Sinto-me cansado (a) quando me levanto pela manhã e preciso encarar outro dia de trabalho. 4. Posso entender com facilidade o que sentem as pessoas. 5. Creio que trato algumas pessoas como se fossem objetos. 6. Trabalhar com pessoas o dia todo me exige um grande esforço. 7. Lido eficazmente com o problema das pessoas. 8. Meu trabalho deixa-me exausto (a). 9. Sinto que através do meu trabalho influencio positivamente na vida dos outros. 10. Tenho me tornado mais insensível com as pessoas. 11. Preocupa-me o fato de que este trabalho esteja me endurecendo emocionalmente. 12. Sinto-me com muita vitalidade. 13. Sinto-me frustrado (a) com meu trabalho. 14. Creio que estou trabalhando em demasia. 15. Não me preocupo realmente com o que ocorre às pessoas a que atendo. 16. Trabalhar diretamente com as pessoas causa-me estresse. 17. Posso criar facilmente uma atmosfera relaxada para as pessoas. 18. Sinto-me estimulado (a) depois de trabalhar em contato com as pessoas. 19. Tenho conseguido muitas realizações em minha profissão. 20. Sinto-me no limite de minhas possibilidades. 21. Sinto que sei tratar de forma adequada os problemas emocionais no meu trabalho. 22. Sinto que as pessoas culpam-me de algum modo pelos seus problemas. Quadro 1: Variáveis do Malasch Burnout Inventory. Fonte: adaptado de Malasch Burnout Inventory.
Segundo os teóricos, detecta-se que o indivíduo possui a Síndrome de Burnout quando o resultado se enquadra como alto para exaustão emocionalExaustão Emocional e despersonalizaçãoDespersonalização
e
baixo
para
realização
profissional.Realização
Profissional. Quanto à interpretação das pontuações, utiliza-se o quadroQuadro 2, adaptado de Moreira et al. (2009).
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Quadro 2 –: Padrão de pontuação para diagnóstico das dimensões da Síndrome de Burnout pelo Maslach Burnout Inventory
Dimensões Exaustão emocionalEmocional Despersonalização Realização pessoalPessoal
Nível alto ≥ 27 ≥ 10 ≤ 33
Padrão para pontuação Nível médio Nível baixo 19 –- 26 < 19 6 –- 9 <6 34 –- 39 ≥ 40 Fonte: adaptado de Moreira et al. (2009).
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS 4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS A partir dos dados obtidos na pesquisa quantitativa com 27 respondentes, a tabela a seguir Tabela 1 apresenta o perfil do agente penitenciárioAgente Penitenciário do Presídio X, localizado na Região Central do RS. Tabela 1 –: Perfil do agente penitenciário do Município XAgente Penitenciário - RS/RS. CATEGORIAS Sexo Masculino Feminino Faixa etária Entre 31 e 40 anos Entre 41 e 50 anos Entre 51 e 60 anos Escolaridade Ensino Fundamental completoCompleto Ensino Médio completoCompleto Ensino Superior incompletoIncompleto Ensino Superior completoCompleto Pós-Graduação incompletaIncompleta Pós-Graduação completaCompleta Renda familiar mensal 2 a 5 salários mínimos 6 a 10 salários mínimos Mais de 10 salários mínimos Estado civil Solteiro Casado Divorciado Possui filhos?
n
(%)
21 6
(77,78) (22,22)
14 12 1
(51,85) (44,44) (3,70)
1 11 4 9 1 1
(3,70) (40,74) (14,81) (33,33) (3,70) (3,70)
4 16 7
(14,81) (59,26) (25,93)
1 25 1
(3,70) (92,59) (3,70)
16
Sim Não Quantidade de filhos Não possui filhos 1 2 3 Há quanto tempo é agente penitenciário?Agente Penitenciário? Até 5 anos De 5 a 10 anos De 11 a 20 anos Mais de 20 anos Há quanto tempo é lotado no Presídio? Até 5 anos De 5 a 10 anos De 11 a 20 anos
25 2
(92,59) (7,41)
2 13 10 2
(7,41) (48,15) (37,04) (7,41)
4 7 15 1
(14,81) (25,93) (55,56) (3,70)
17 (62,96) 5 (18,52) 5 (18,52) Fonte: elaborado pelA pesquisa do autor.
Conforme análise da tabelaTabela 1, constata-se que o agente penitenciárioAgente Penitenciário /RStem maior representatividade no sexo masculino (77,78%), com idade entre 31 e 40 anos (51,85%), Ensino Médio completoCompleto (40,74%) e renda familiar mensal de 6 a 10 salários mínimos (59,26%). É casado (92,59%) e possui filhos (92,59%), em média um (48,15%). É agente de 11 a 20 anos (55,56%) e lotado no mesmo presídio há, no máximo, 5 anos (62,96%). A figura 1 refere-se à variável “exaustão emocional”,“Exaustão Emocional”, ou seja, àa sensação de esgotamento, físico ou mental, de não dispor mais de energia para absolutamente nada.
Exaustão Emocional 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0%
62.96%
18.52%
Baixo
18.52%
Médio
Figura 1 –: Variável “exaustão emocional”“Exaustão Emocional”.
Alto
17
Exaustão Emocional 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0%
62.96%
18.52%
Baixo
18.52%
Médio
Alto
Fonte: elaborada pelo autor.A pesquisa.
Pela análise do gráfico da figuraGráfico 1, verifica-se que 62,96% dos agentes penitenciários apresentam média exaustão emocional, não sendo assim possível detectar, ou não, a presença da Síndrome de Burnout. Além disso, 18,52% dos agentes mostram uma alta exaustão emocional, característica predominante no Burnout, enquanto que 18,52% deles revelam uma baixa exaustão emocional. A figura 2 refere-se à variável “despersonalização”,“Despersonalização”, isto é, se a personalidade do indivíduo sofreu ou vem sofrendo mudanças, induzindo o profissional a um contato frio e impessoal e passando a denotar atitudes de cinismo, ironia e indiferença.
Figura 2 –: Variável “despersonalização”“Despersonalização”.
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Fonte: elaborada pelo autor.A pesquisa.
De acordo com o gráfico da figura 2, constata-se que 70,37% dos agentes apresentam alta despersonalização, o que é característico da Síndrome de Burnout. Segundo a teoria, seu envolvimento com a organização é mínimo, assim como a dedicação com a função e o tempo de trabalho, mas continua fazendo o essencial de suas tarefas. Ademais, 22,22% dos agentes apresentam média despersonalização e apenas 7,41% apresentam baixa despersonalização, o que é considerado o ideal. Já a figura 3 refere-se à variável “realização profissional”, que“Realização Profissional”. Esta evidencia o sentimento de insatisfação com as atividades do trabalho que vem realizando, sentimento de insuficiência, baixa autoestima, fracasso profissional e desmotivação.
Figura 3 –: Variável “realização profissional”“Realização Profissional”.
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Fonte: elaborada pelo autor.A pesquisa.
Pela análise do gráfico da figuraGráfico 3, percebe-se que 88,89% dos agentes apresentam uma alta realização profissional. Segundo a teoria, eles estão satisfeitos com as atividades de seu trabalho, estão altamente motivados, ocasionando uma alta eficiência no trabalho. Do contrário, apenas 11,11% dos agentes mostram uma média realização profissional, estes não estão nem satisfeitos nem insatisfeitos. CONSIDERAÇÕES FINAIS 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com a realização do trabalho, constatou-se que o objetivo de verificar a prevalência da Síndrome de Burnout nos agentes penitenciários em um Presídio da Região Central do RS foi atingido. Além do mais, todos os objetivos específicos que nortearam o tema foram alcançados. Segundo a variável “exaustão emocional”,“Exaustão Emocional”, conclui-se que os agentes do Presídio estão com uma média exaustão emocional. Trata-se de um sinal de alerta, pois podem, com o tempo, vir a ter uma baixa exaustão emocional, característica principal do Burnout. De acordo com a variável “despersonalização”,“Despersonalização”, verificou-se que a maioria dos agentes apresenta alta despersonalização, sendo esta uma das principais características da Síndrome de Burnout. Conforme a variável “realização profissional”,“Realização Profissional”, conclui-se que o maior número dos agentes penitenciários está realizado profissionalmente. Eles avaliam-se positivamente e produzem resultados satisfatórios à organização e a si próprios. É importante ressaltar que o presente trabalho não teve o objetivo de esgotar o assunto e, como recomendações para futuras pesquisas, sugere-se a realização de estudos mais
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aprofundados, assim como pesquisas qualitativas visando também captar a percepção desses servidores. Contudo, considera-se que este trabalho pode contribuir com informações para os gestores e profissionais do Presídio, os quais devem atentar para as condições de trabalho, reduzindo ao mínimo as chances de elevar os sintomas causadores da Síndrome de Burnout. REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS ARANTES, Maria Auxiliadora de Almeida Cunha; VIEIRA, Maria José Femenias. Estresse. 3. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010. BARROS, Aidil Jesus da Silveira; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. BRASIL.BRASIL, Ministério da Saúde. Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde. Brasília: Ministério da Saúde do Brasil, 2001. BENEVIDES-PEREIRA, Ana Maria T. (Org.). Burnout: quando o trabalho ameaça o bem estar do trabalhador. 4. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010. BRITO, Lucas Charão; REYES JR., Edgar; RIBAS, Fábio Theodoro Tolfo. As relações entre a Síndrome de Burnout e a satisfação no trabalho: uma visão a partir do ambiente social das organizações. In: XXXIV ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓSGRADUAÇAO EM ADMINISTRAÇÃO, 2010, Rio de Janeiro. Anais eletrônicos... Rio de Janeiro: ANPAD, 2010. CAMPOS, Juliana de Carvalho; SOUSA, Rosânia Rodrigues de. O adoecimento psíquico do agente penitenciário e o sistema prisional: estudoEstudo de caso –- Sete Lagoas. In: XXXV ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇAO EM ADMINISTRAÇÃO, 2011, Rio de Janeiro. Anais eletrônicos... Rio de Janeiro: ANPAD, 2011. CARNEIRO, Rubia Mariano. Síndrome de Burnout: umUm desafio para o trabalho do docente universitário. 2010. 86 f. Dissertação (Mestrado Multidisciplinar em Sociedade, Tecnologia e Meio Ambiente) –- Centro Universitário de Anápolis, Unievangélica, UNIEVANGÉLICA, Anápolis/GO. 2010. CASARIN, Helen de Castro Silva; CASARIN, Samuel José. Pesquisa científica: da teoria à prática. Curitiba: Ibpex, 2011. COSTA, Mateus Estevam Medeiros. As deteriorações menores em saúde mental e a Síndrome de Burnout entre agentes penitenciários de unidades prisionais do estado do Rio Grande do Norte. 2013. 104 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Administração) –Universidade Potiguar, Natal/RN. 2013.
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O DIREITO À ESCOLARIZAÇÃO DOS JOVENS E ADULTOS COM DEFICIÊNCIA
Claudia de Faria1
RESUMO Jovens e adultos com deficiência constituem hoje grande demanda da população, seja àqueles que não tiveram oportunidades ao longo de sua trajetória, por diversas condições socioeconômicas, ou mesmo por medo de conquistar seu espaço na sociedade, frente a tantos preconceitos. Considerando que o objetivo da escola se diferencia de atividades próprias da assistência social, da saúde e de terapias ocupacionais, aos sistemas de ensino cabe garantir aos alunos com deficiência, além do acesso ao ensino regular, as condições de participação e aprendizagem. Dentro deste contexto, a educação inclusiva é acentuada como modalidade de ensino a todos os níveis e etapas, promovendo a integração à uma proposta político pedagógica da escola e, assim criando possibilidades na Educação de Jovens e Adultos. Palavras-chave: Pessoa com deficiência. Educação de Jovens e Adultos. Educação Inclusiva.
ABSTRACT Today, young people and adults with disabilities are a great demand of the population, whether those who have not had opportunities along their trajectory, due to different socioeconomic conditions, or even for fear of conquering their space in society, in the face of so many prejudices. Considering that the school's objective differs from activities related to social assistance, health and occupational therapies, the education systems must guarantee students with disabilities, in addition to access to regular education, the conditions for participation and learning. Within this context, inclusive education is emphasized as a teaching modality at all levels and stages, promoting integration into a political pedagogical proposal of the school and, thus, creating possibilities in the Education of Youth and Adults. Key words:: Disabled person. Youth and Adult Education. Inclusive education.
1. INTRODUÇÃO 1 Mestranda Programa de Pós-Graduação em Educação: Teoria e Prática de Ensino, Mestrado Profissional em Educação. UFPR.
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A educação inclusiva propõe acesso à educação dos sujeitos historicamente excluídos em função da classe, idade, raça, gênero ou deficiência. Os sistemas educacionais, de acordo com a legislação devem respeitar toda e qualquer deficiência, promovendo e estimulando o convívio, agregando conhecimento e oportunizando a escolarização nas classes regulares. Para isto, as instituições de ensino devem estabelecer suas diretrizes pedagógicas, com base na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) nº. 9.394/96, a qual estabelece que a Educação de Jovens e Adultos se destina às pessoas que não tiveram acesso ou continuidade aos estudos. De um lado há um expressivo aumento em matrículas na educação de jovens e adultos; mas ainda uma descontinuidade quanto as políticas públicas e programas educacionais voltados à EJA, assim como a falta de recursos financeiros, pouco reconhecimento aos educadores, bem como práticas pedagógicas não adequadas para esta modalidade de ensino. E dentro destas perspectivas, para a pessoa com deficiência, existem lacunas muito maiores ao buscar a escolarização, pois além da falta de estrutura socioeconômica, muitos sujeitos não têm oportunidades de retornar à sala de aula; os fatores psicológicos, cognitivos e falta do apoio familiar conduzem a uma realidade distante da grande maioria que busca escolarização. Se as modalidades da EJA bem como Educação Profissional propõem possibilidades de acesso e ampliação de oportunidades na escolarização, formação para a inserção no mundo do trabalho, assim como uma efetiva participação social, por que a pessoa com deficiência tem tantas barreiras e dificuldades em buscar ensino?
2. OBJETIVOS
Discutir os desafios e possibilidades na escolarização de jovens e adultos com
deficiência; Identificar as possibilidades e a importância da leitura e escrita para os alunos da EJA; Oportunizar as práticas metodológicas utilizadas pelos docentes, a fim de estimular a
aprendizagem dos alunos; Identificar as dificuldades encontradas pelos jovens e adultos com deficiência durante o processo de ensino-aprendizagem.
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3. REVISÃO DE LITERATURA O Brasil em seu histórico traz as marcas de desigualdades sociais, econômicas e culturais, refletindo no desenvolvimento da educação, o qual é evidenciado através do baixo rendimento e escolarização e consequentemente dos altos índices de analfabetismo da população. E dentro deste contexto, há ainda um número expressivo de jovens e adultos com deficiência, que buscam muitas vezes a escolarização, mas que são barrados e marginalizados por uma sociedade, a qual impõe regras, costumes e preconceitos, rotulando estes sujeitos e excluindo-os do direito à educação. Fatores diversos traduzem a realidade deste grupo, tais como cultura, ambiente em que está inserido, falta de amparo social, dificuldades financeiras, fatores psicológicos, falta de apoio familiar etc. Sabemos que a maioria dos sujeitos, quando buscam a EJA, não dominam a escrita e a leitura, e muitos “sobrevivem” de auxílio ao conduzir a rotina diária. Não somente a dificuldade na linguagem escrita, mas também em operações matemáticas simples. Muitos estiverem numa escola quando criança, e por motivos diversos, não continuaram seus estudos; ou ainda, iniciaram e desistiram durante o percurso. Dentro desta realidade, as pessoas com deficiência encontram maior dificuldade na escolarização. Àquelas que possuem deficiência física, obtém maiores oportunidades ao buscar a educação, os sujeitos que possuem deficiência visual, além da alfabetização não ser escrita, encontram uma maior barreira, pois as instituições não possuem recursos para atender a escrita em braile; e diante destes obstáculos, a evasão escolar por parte deste grupo se torna mais comum. Ainda dentro desta expectativa, aqueles sujeitos que possuem deficiências múltiplas tendem a não continuar os estudos, quando adquirem a limitação; ou mesmo preferem a ajuda de outras pessoas do que buscar a escolarização. Também não podemos negar que estes sujeitos vivenciam experiências, as quais envolvem leitura, escrita, gramática, matemática; pois vivemos em uma sociedade cercada por tecnologias, mesmo assim, com um alto índice de déficit no letramento. A busca do domínio na leitura e escrita tornam-se habilidades essenciais para que os alunos enfrentem as exigências na educação; as quais proporcionam o acesso às informações, garantindo o direito e o dever numa sociedade. A Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade de ensino que foi criada beneficiando jovens e adultos, que não puderam, por diversas razões, estudar na idade adequada. De acordo com o capítulo II, seção V e artigo 37 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº. 9.394/96 trata que: “A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou oportunidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria” (BRASIL, 1996). A escolaridade se torna um instrumento fundamental na disputa de oportunidades no mercado de trabalho, constrói saberes, oportuniza os direitos e deveres como cidadão e amplia chances de inserção dentro de uma sociedade crítica e construtiva. O ensino de qualidade para todos inicia na escola, direcionando ao
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desenvolvimento de um indivíduo integral, permitindo a valorização de suas capacidades e habilidades físicas, emocionais, psíquicas, cognitivas, econômicas, sociais e culturais, com o intuito na formação do cidadão. Os processos da aprendizagem que envolvem a busca pelos conhecimentos necessários para a vida social e para o trabalho, necessitam de uma reflexão crítica sobre a realidade, dialogando com outro em igualdade de condições. E dentro deste contexto a importância de uma proposta pedagógica necessita estar vinculada às condições em que o sujeito apresenta, trazendo consigo uma bagagem de uma vida toda, suas experiencias, expectativas e realidade muitas vezes diferenciadas da grande maioria. Além de todas as dificuldades em retornar à escola, muitas vezes este jovem ou adulto necessita de um apoio, que está vinculado à família, e esta realidade provavelmente pode gerar insegurança e medo. As experiências e vivências que estes familiares tiveram com a questão da deficiência durante a história de suas vidas e de seus filhos, de certo modo influenciam suas atitudes. Independentemente do tipo ou grau da deficiência, o jovem ou adulto que necessita retornar à escola traz as marcas de uma história, criando barreiras e apresentando frustrações. Quando tratar especificamente de alunos com deficiência intelectual, uma das inquietações do contexto atual da educação inclusiva faz referência em cumprir ao “conceito específica” previsto na Lei de Diretrizes e Bases n. 9394/96, objetivando as competências desenvolvidas pelo educando, bem como o encaminhamento devido desses alunos para a educação de jovens e adultos e para a educação profissional. As unidades educacionais da EJA, devem construir, em suas atividades, sua identidade como expressão de uma cultura própria que considere as necessidades de seus alunos e seja incentivadora das potencialidades dos que as procuram. Essas unidades da EJA devem promover a autonomia do jovem e adulto de modo que eles sejam sujeitos do aprender a aprender em níveis crescentes de apropriação do mundo do fazer, do acontecer, do agir e do conviver. A EJA é vista como uma modalidade de ensino que vai além da Educação Formal, deve incorporar as práticas e os saberes construídos no cotidiano, assumindo a educação não formal, quase sempre desenvolvida nos movimentos populares e organizações sociais. A LDB nº. 9.394/96, no Título V, Capítulo II, Seção V, Artigo 37 relacionado, especificamente, à Educação de Jovens e Adultos trata que: A educação de jovens e adultos será destinada aqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e o médio na idade própria. § 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, considerada as características do alunado, seus interesses, condições de vida e trabalho, mediante cursos e exames. § 2º O poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si. A aprendizagem dos adultos não pode ficar apenas em transmissão dos conhecimentos científicos, mas em valorizar os conhecimentos adquiridos ao longo da vida e no trabalho, promovendo a articulação destes conhecimentos em benefício do aluno educando. Para assegurar aprendizagem na EJA, o educador deve partir dos conhecimentos que seus educandos trazem da escola da vida e do trabalho, priorizando a troca dos saberes. Apesar de a legislação brasileira reconhecer a EJA como modalidade de ensino também para as pessoas com deficiência como um direito, percebe- se que o acesso a serviços e recursos, ainda é frequentemente negado. Os educadores das escolas regulares deveriam articular-se com os educadores do regime especial, a fim de obter suporte necessário, garantindo aos alunos com deficiência a oportunidade em aprender os conteúdos curriculares,
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assim como atividades e demais práticas pedagógicas, proporcionando a formação, vinculada à autonomia e independência, tanto na escola, quanto fora dela. Compreender a aprendizagem de jovens e adultos a partir de uma ótica multidimensional sem dúvida é um dos maiores avanços em termos de pesquisa, pois a educação de jovens e adultos passa a ser vista como um processo técnico de aquisição de competências e habilidades, como um fator de humanização, de adaptação do indivíduo na sociedade moderna e de sua constituição enquanto ser político e social. A transformação do mundo vai ocorrer através de uma educação, feita a partir da sua realidade cultural, isto é, da história do sujeito, que muitas vezes, esperou mais da metade de sua vida para ir de encontro com a educação formal. Necessário despertar o interesse das pessoas sobre a necessidade de facilitar o acesso de jovens e trabalhadores à escola, inserindo-os no mundo do trabalho de forma digna. Trabalhar com EJA é uma escolha, que exige compromisso com as mudanças, através da ação-reflexão-ação sob o contexto em que o educador está inserido, a partir de um profundo respeito aos saberes, a sua cultura, o modo de interpretá-la, expressá-la e de nela intervir no sentido de sua transformação.
4.CONSIDERAÇÕES FINAIS Entender o processo de aquisição dos conhecimentos significa antes de tudo, compreender as leis e os valores que regem a dinâmica da sociedade. Tanto a escola, quanto professores e alunos são elementos fundamentais no processo de aprendizagem, por isso, a valorização deles necessita serem resgatadas. É preciso buscar mais qualidade na educação lutando pelos direitos, baseando-se nas leis, com o objetivo de ajudar jovens e adultos a realizar o sonho de ter uma formação humana e profissional, incentivando-os a terem coragem para construir e buscar novos conhecimentos.
REFERÊNCIAS
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REFLEXÃO SOBRE A FORMAÇÃO DOS EDUCADORES DE JOVENS E ADULTOS
Claudia de Faria2
RESUMO A necessidade de aprofundamento das discussões sobre a formação docente voltada para contextos em que existe grande diversidade cultural, como no caso da educação de jovens e adultos. O artigo mostra a importância do papel do educador e sua formação, diante de toda diversidade cultural. A história do sujeito, que por muitas vezes passou por dificuldades até conseguir voltar a estudar, transporta uma necessidade de interação e o estímulo ao conhecimento. Importante despertar o interesse das pessoas sobre a necessidade do fácil acesso dos jovens e adultos para retornar à escola, inserindo no mundo do trabalho, de forma completa. Os desafios do trabalho do educador em EJA ressalta a necessidade de uma formação continuada, mesmo que haja implicações. O desenvolvimento de propostas curriculares alternativas se configura como uma ação desafiadora para os professores, pois as motivações encontradas no percurso de suas experencias esbarram nas dificuldades para o reconhecimento do saber escolar. Palavras-chave: Formação do educador. Educação de Jovens e Adultos. Formação Continuada.
ABSTRACT The need to deepen the discussions on teacher training focused on contexts in which there is great cultural diversity, as in the case of youth and adult education. The article shows the importance of the role of the educator and his education, in the face of all cultural diversity. The story of the subject, who often went through difficulties until he was able to return to study, carries a need for interaction and the stimulation of knowledge. It is important to arouse people's interest in the need for easy access for young people and adults to return to school, entering the world of work, completely. The challenges of the EJA educator's work underscores the need for continuing education, even if there are implications. The development of alternative curricular proposals is configured as a challenging action for teachers, as the motivations found in the course of their experiences come up against difficulties in the recognition of school knowledge. Key words:: Disabled person. Youth and Adult Education. Inclusive education. Educator training. Youth and Adult Education. Continuing Education
2 Mestranda Programa de Pós-Graduação em Educação: Teoria e Prática de Ensino, Mestrado Profissional em Educação. UFPR.
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1. INTRODUÇÃO Formação tem a ver com formar, com forma. Processo ou conjunto de ações ou de procedimentos que dão forma. Que constituem algo. Processo construtivo de uma configuração. Ação ou processo de formar ou de constituir. O verbo constituir apresenta-se, amiúde, quando se pensa em formação, pois formar é o mesmo constituir algo. É dar formar a algo. (CARVALHO. 2006, p.184) O primeiro dele, refere-se à necessidade de ampliar, ou inserir, a discussão sobre a formação do educador de EJA, no campo mais amplo, que é o da formação docente. Outro desafio, mais atual, refere-se à necessidade de levantar as histórias da habilitação em EJA, nacionalmente, para que possamos ter uma história da formação do educador de EJA após as diretrizes para o curso de Pedagogia.
2. OBJETIVOS a. b.
Os educadores em formação A formação inicial em EJA: significados atribuídos pelos egressos e pelos professores da
c.
habilitação A relação entre a formação inicial e a inserção no campo de trabalho • Espaços e trajetórias na
d. e. f. g. h. i. j. k.
EJA Identidade dos sujeitos da EJA Identidades construídas ao longo da vida. Pluralidade de experiências vivenciadas Conflitos x informação Mudança na postura cultural Incorporação de novos saberes Os jovens e adultos são sujeitos concretos que se aproximam ou não, em seus modos de vida Importância da formação de professores da educação de jovens e adultos para a apropriação
teórico-metodológica dos conceitos de diversidade cultural, diálogo e autonomia. l. Trabalho docente na EJA: motivações e escolhas. m. Desafios da formação de professores de jovens e adultos.
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3. REVISÃO DE LITERATURA A necessidade de ampliar, ou inserir, a discussão sobre formação do educador de EJA, no campo mais amplo, que é o da formação docente. Destaque na importância para o processo de autoformação, das relações com os sujeitos inscritos nas práticas, na constituição da docência, o caráter permanente dessa constituição, a consequente importância dos professores na implantação das políticas de formação e do conhecimento do educando.
“há um desafio crescente para as universidades no sentido de garantir e ampliar os espaços para discussão da Educação de Jovens e Adultos, seja nos cursos de graduação, seja nos de pós-graduação e extensão” (MACHADO, 2000, p. 16). A formação de maneira geral, associado a integral, prática, politécnica, polivalente, profissional, sindical e outras traz à tona a reflexão da formação dos educadores de EJA. Dentro desta perspectiva, o texto propõe uma análise dos relatos dos estudos, promovendo a identificação de três importantes situações, as quais correspondem aos processos de formação: a inicial, a continuada e a auto formação. Arroyo (2006, p.18), denomina que “o perfil do educador de EJA e sua formação encontram-se ainda em construção”. Ou seja, tais contribuições tornam assertivas as construções e análises. Ainda neste olhar, há uma fragilidade na formação desse profissional, na medida em que ele acaba aprendendo junto com os educandos, vivenciando dificuldades para colocar em prática os princípios político-pedagógicos.
O papel fundamental que o poder local pode desempenhar neste processo, avançando em relações que permitam a ampliação da esfera pública, sem levar ao descomprometimento governamental, pode estar relacionado à leitura do universo dos sujeitos da educação de jovens e adultos, para além de sua designação como dados estatísticos anônimos (MOLL, 2004, p. 22). Ainda há muitos problemas vivenciados no exercício da prática docente na EJA, desafios enfrentados no desenvolvimento das propostas político pedagógicas visando articular teoria e prática com base nos princípios de diversidade, diálogo e autonomia. Historicamente a educação de jovens e adultos, é notada como algo que busca corrigir lacunas dentro do processo de escolarização, no entanto existe uma necessidade de reconfigurar a EJA, considerando as particularidades de cada indivíduo, seus interesses, o meio em que estejam inseridos, assim como, suas características culturas e principalmente a condição socioeconômica. E dentro desta perspectiva, os desafios são muitos, os educadores necessitam de aperfeiçoamento constante, por mais prática que haja, a teoria vem para somar; e contribuir para uma qualidade no ensino.
Os professores que trabalham na educação de Jovens e Adultos, em sua quase totalidade, não estão preparados para o campo específico de sua atuação. Em geral, são professores leigos ou recrutados no próprio corpo
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docente do ensino regular. Note-se que na área específica de formação de professores, tanto em nível médio quanto em nível superior, não se tem encontrado preocupação com o campo específico da EJA; devem-se também considerar as precárias condições de profissionalização e de remuneração destes docentes (HADDAD; DI PIERRO, 1994, p. 15) Em relação à prática da EJA, os desafios tornam-se mais evidentes, pois o público inserido é aquele que, por diversos motivos, não teve acesso à escolaridade na idade certa, ou ainda, não conseguiram permanecer na escola, assim como, os motivos que fizeram este adulto a retornar, podem estar atribuídos a sua situação atual, por exemplo melhoria no emprego, aumentar a condição econômica da família, ou mesmo sua qualidade de vida. O processo de aprendizagem, a prática pedagógica e o reconhecimento dos direitos destes indivíduos, parte das experiências adquiridas ao longo de sua trajetória, fazendo com que este educando/adulto seja diferente do educando/criança, e dentro deste contexto, a forma de aprendizagem se torna diferente, pois o objetivo é ajudá-lo na realização do sonho de saber ler e escrever, criando assim, um vínculo na busca de novos conhecimentos e saberes.
O momento é de construção de um novo desenho para a alfabetização e para a EJA como um todo, e vem sendo feito a partir de um diálogo que aponta para uma reconfiguração mais pública da educação de jovens e adultos. Quanto às concepções de EJA correntes, ainda que saiba da distância entre as formulações e as práticas, o MEC vem adotando enfoques de alfabetização e de educação de jovens e adultos mais amplos, intersetoriais, visando a incorporá-las aos sistema nacional de educação, pelo fato de não ser mais possível tratá-las de forma isolada dos sistemas de ensino...” (HENRIQUES; IRELAND, 2005. p. 354). A reflexão dos principais desafios à formação dos professores da Educação de Jovens e Adultos consiste na discussão de uma perspectiva histórica do conceito da EJA, com destaque em novas configurações dessa prática educativa. Evidenciando os desafios na formação inicial e principalmente continuada do educador, trazendo à tona, a urgente necessidade de uma revisão nos processos formativos, possibilitando aos educandos o real exercício do processo crítico-reflexivo, contribuindo para uma prática, que realmente promova o aprendizado aos jovens e adultos. “No homem, a alteridade que ele divide/vivencia com tudo que vive, passa a ser a unidade e a pluralidade humana é a paradoxal pluralidade de seres únicos” (ARENDT, 1983, p. 232). A igualdade, diferente de tudo que está implicado na existência pura e simples, não é qualquer coisa que nos é dada, mas o resultado da organização humana, na medida em que ela é guiada pelo princípio da justiça. “Nós não nascemos iguais; nos tornamos iguais como membros de um grupo, em virtude de nossa decisão de nos garantirmos mutuamente direitos iguais” (ARENDT, 2002, p. 605).
A sensibilidade para as especificidades da vida adulta dos alunos da EJA compõe-se, pois, de uma atitude generosa do educador de se dispor a abrir-se ao outro e acolhê-lo, mas também da disciplina de observação, registro e reflexão na prática e sobre a prática pedagógica que permita ao professor, se não se colocar na posição de seu aluno, exercitar-se na compreensão do ponto de vista que este aluno pode construir (FONSECA, 2002, p. 63).
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Entender o processo de aquisição dos conhecimentos significa antes de tudo, compreender as leis e os valores que regem a dinâmica da sociedade. Tanto a escola, quanto professores e alunos são elementos fundamentais no processo de aprendizagem. O contato com o aluno/profissional mostra a realidade que é necessária, o dia-a-dia reflete uma condição precária no ensino, e muitos dos alunos, buscam a qualificação e instrumentalização, pois sentem-se reclusos numa sociedade que impõe padrões e regras; nas quais, quem não possui o ensino médio, somente encontra emprego operacional. Frente a situações como esta, o índice de indivíduos cresce, e muitas vezes, por não ter uma escolarização, estes sujeitam-se ao subemprego. Ainda dentro desta perspectiva, uma das motivações que permite à docência para este público é conhecer as limitações de cada indivíduo e de como este lida com a situação, pois além da falta de escolarização, existe o preconceito e a reclusão em virtude de uma ou mais deficiências neste indivíduo. Cada processo cognitivo, modo de agir e pensar, raciocínio, capacidade de pensamento e expressão, assim como as particularidades de cada aluno. “O processo de aprendizagem, por meio do qual os professores retraduzem sua formação e a adaptam à profissão” (TARDIF, 2002, p. 53). Trabalhar com Educação de Jovens e Adultos é uma escolha, a qual exige responsabilidade e compromisso com as mudanças, através da reflexão sob os diversos contextos em que este educador esteja inserido, respeitando a cultura, os saberes, o modo de vida de cada indivíduo, assim como saber interpretar e instigar ao conhecimento. Freire traduz “O trabalho de construção de autonomia é o trabalho do professor com os alunos, e não do professor consigo mesmo”.
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GESTÃO DE ESTOQUE PEREIRA, Josmaires de Vasconcellos3 ASSAD, Ricardo 4 RESUMO A gestão de estoques permite ao administrador verificar se seus estoques estão sendo bem utilizados, manuseados de forma correta, controlados adequadamente e bem localizados pelos setores que os utilizam. Para o sucesso do empreendimento, as empresas devem sempre procurar formas de obter vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes, necessitando, assim, utilizar de forma eficiente seus recursos financeiros. O problema de pesquisa é quais os benefícios da implantação da gestão de estoque nas empresas? Há vantagens em implantar este Sistema? A hipótese de pesquisa é tem fundamento comprovar as vantagens de se implantar o Sistema de Gestão de Estoque nas empresas, demonstrando hipóteses benéficas com o intuito de que a implantação do Sistema de Gestão de estoque na empresa trará várias vantagens, dentre elas, a melhoria no desenvolvimento interno da empresa, a satisfação dos clientes. Em meio a este cenário, este trabalho se justifica a partir da necessidade da empresa em gerir o seu conhecimento com a finalidade de adequar seus produtos e ações às necessidades do consumidor. O objetivo geral é verificar a importância dos processos de controle de estoque e o impacto destes no crescimento econômico da organização. A metodologia do presente artigo é de caráter descritivo, qualitativo e com levantamento bibliográfico, considerando as contribuições de autores como VIANA (2000), LAPIDE (2010), LUSTOSA (2013), GARCIA (2014). Conclui-se que a gestão de estoque é de estrema importância devido que analisam os devidos procedimentos para a entrada facilitando a produção, armazenamento, distribuição, transporte e manutenção de estoques.
3 Aluno Josmaires de Vasconcellos Pereira, Graduado em Administração pela Faculdade Uniderp - Anhanguera: Ensino e Conhecimento de Qualidade. E-mail: josmaires.pereira@outlook.com 4 Professor Me Ricardo Assad, Graduado em Administração pela Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG. Mestre em Engenharia da Produção (conceito CAPES 5) pela Universidade Federal de Santa Catarina UFSC. Atua como docente em diversas Universidades: http://lattes.cnpq.br/6529576547411156 Professor Titular da Fael - Faculdade Educacional da Lapa, como orientador e avaliador. E-mail: mbaprofessor@yahoo.com.br
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Palavras-Chave: Gestão de Estoque. Controle. Armazenamento
INTRODUÇÃO A gestão de estoques permite ao administrador verificar se seus estoques estão sendo bem utilizados, manuseados de forma correta, controlados adequadamente e bem localizados pelos setores que os utilizam. Para o sucesso do empreendimento, as empresas devem sempre procurar formas de obter vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes, necessitando, assim, utilizar de forma eficiente seus recursos financeiros. Um dos pontos a serem observados é a gestão estoques, onde o controle indevido deste ativo pode acarretar perdas decorrentes da falta de produtos quando necessário ou armazenagem em excesso, situação em que os recursos estão ociosos, portanto, mal utilizados. Os estoques são considerados capitais imobilizados por não gerar lucros imediatos à organização, contudo ele traz certa segurança, visto que evita a falta de produtos, garantindo a disponibilidade deste ao cliente. Desta forma, a gestão de estoques visa o equilíbrio entre oferta e demanda, podendo inclusive se tornar um diferencial para as empresas. As decisões sobre os níveis de estoque devem ser tomadas de acordo com a estratégia de cada organização e com as peculiaridades de cada setor. Sendo assim o objetivo geral é verificar a importância dos processos de controle de estoque e o impacto destes no crescimento econômico da organização e como objetivos específicos ressaltando os principais aspectos na gestão de produtos, descrever o processo de controle de estoque e verificar se os procedimentos adotados no controle de estoque da empresa estão sendo favoráveis ao seu crescimento. Justifica-se então como relevância do presente estudo sobre as necessidades mudanças para a empresa, podendo conseguir um crescimento maior e ser mais competitiva no mercado, pois terá sempre produtos disponíveis e com isso conseguindo atender os clientes de forma mais rápida e eficiente. Nesse contexto analisando os procedimentos para a entrada e saída facilita a produção, distribuição, armazenamento, transporte e a manutenção dos estoques, desse modo pode-se dizer que a gestão de estoque é como objetivo manter a empresa informada de forma constante sobre a quantidade de estoque e sua necessidade de compra, diante das demandas dos clientes, sendo necessário constatar a necessidade de ter
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uma gestão de compras e estoque eficaz para viabilizar o desenvolvimento da empresa e que a mesma cumpra suas funções de atender a linha de produção ou a clientes com rapidez e eficiência.
A metodologia do presente artigo é de caráter descritivo, qualitativo e com levantamento bibliográfico, a revisão da literatura como um processo de busca, análise e descrição de um corpo do conhecimento em busca de resposta a uma pergunta específica. “Literatura” cobre todo o material relevante que é escrito sobre um tema. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 GESTÃO DE ESTOQUE A gestão de estoques é um conjunto de atividades que visa atender as necessidades de material da organização, com o máximo de eficiência e menor custo, por meio da maior rotatividade possível, tendo como objetivo principal a busca constante do equilíbrio entre nível de estoque ideal e redução dos custos gerais de estoque (VIANA, 2000). O autor Garcia (2014) cita que a gestão de estoque visa garantir a máxima disponibilidade de um produto com o menor estoque possível e para uma gestão de estoque eficiente, a empresa deve fazer um bom planejamento da demanda, monitorar cuidadosamente o inventário e garantir a qualidade do armazém. Atualmente, os custos estoque no Brasil representam mais de 3% do PIB nacional e cerca de 2% da receita líquida das empresas, sendo assim a figura a seguir é referente o custo de Estoque:
Custo de Estoque
Figura 1. Custo de Estoque
Custo da Falta Custo de Oportunidade Custo da Perda de Produtos
Custo de perder a margem da venda por roptura de estoque Custo de oportunidade de manter o capital investido em estoque Custo de perder um produto por absolescência, vencimento, e etc.
Fonte: Garcia, 2014 Sendo assim uma boa gestão de um estoque permite que a empresa execute suas operações sem interrupções, além de contribuir para a redução dos custos. Um estoque bem administrado pode permitir que uma empresa antecipasse compras de matérias-primas negociando preços menores e evitar que mantenha um capital parado. Já o autor Ballou (2014) cita que a gestão de estoque foi criada diante das funções das compras que viraram a necessidade de integrar os fluxos de materiais a funções de suportes do negócio para o fortalecimento dos clientes, o que inclui o setor de compras, o acompanhamento, o planejamento e os controle de produções e por fim a gestão de distribuição.
2.2 Tipos de Estoques A eficácia na gestão de estoques é um aspecto que deve tomar a atenção dos gestores e segundo o autor Stevenson (2001) as maiorias das organizações, à eficácia nas gestões dos estoques é, por motivos, essencial ao êxito das suas operações. Nesse sentindo o mesmo tempo em que estoques significam capitais eles geram uma segurança as operações que elas suportam.
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Nesse sentido pode-se definir estoques como quantidade de matérias, sob controle das empresas, esperando por sua venda, sendo assim o objetivo de estocar é a otimização do investimento em estoques, aumentando o uso eficiente dos meios internos da empresa, minimizando as necessidades de capital investido (JUNIOR; RODRIGUES, 2012). Pode-se dizer que a gerência tem duas funções básicas relativas aos estoques. Uma delas é estabelecer um sistema de acompanhamento dos itens em estoque e a outra é tomar decisão sobre quanto e quando encomendar, para tomar a decisão na questão dos estoques podemos dizer que é importante ter uma previsão que é a principal parte do planejamento do estoque, sendo fundamental para garantir sua eficácia na gestão de estoque, como demostrar o holograma a seguir:
Figura 2. Comportamento dinâmico do processo da previsão
Histórico do Consumo
Análise do Histórico do Consumo
Formação do Modelo
Avaliação do Modelo Gerado de Previsão
Previsto Comparado com o Realizado
Continuamos com a Previsão Inicial
Fonte: Junior e Rodrigues, 2012
Pode-se dizer que os estoques são formados por volumes dos materiais que são utilizados de forma imediata pelas operações da empresa, e os principais tipos de estoques são de matérias primas, produtos em processo, produtos acabados e peças em manutenção. Segundo Pozo (2007), compõe-se dos agregados que participam do processo de transformação da matéria-prima dentro da fábrica, é o material que ajuda e participa na execução e transformação do produto, porém, não se agrega a ele. Somente algumas matérias-primas têm a vantagem de estocar, em razão da influência da entrega do fornecedor. Outras matérias-primas especiais, o fornecedor precisa de vários dias para produzi-la. Entrando no processo de fabricação de um produto, o estoque de materiais em processamento refere-se àqueles materiais que estão parcialmente acabados em algum estágio intermediário da fabricação. Como não se constitui mais como matéria-prima, este tipo de item não estará no almoxarifado, mas
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também não estará no depósito por não ser um produto acabado. Mais adiante, os materiais em processamento serão transformado no produto final da empresa (JUNIOR; RODRIGUES, 2012). Já os produtos acabados constituem o principal tipo de mercadorias em estoques, visto que são aqueles que já estão prontos, ou seja, já passaram pelo processo de fabricação e estão disponíveis para o mercado consumidor. É o principal tipo de estoque que as empresas disponibilizam e utilizam, visto que é o produto essencial que irá atender diretamente ao consumidor (MOURA, 2014). Uma das tarefas mais importantes para assegurar que qualquer fábrica está funcionando sem problemas é a incorporação de um eficaz plano de gestão de reposição de peças de manutenção na rotina de uma fábrica. O gerenciamento de estoque de peças de manutenção, de reposição e de sobressalentes é um fator muito importante para que os funcionários saibam exatamente onde procurar e encontrar uma peça de reposição desejada, a fim de corrigir rapidamente os problemas da máquina (JUNIOR; RODRIGUES, 2012). Sendo assim, podemos analisar as razões para manter o estoque, o ideal seria a perfeita sincronização entre a oferta e a demanda, de maneira a tornar a manutenção de estoques desnecessária. Entretanto, como é impossível conhecer exatamente a demanda futura e como nem sempre os suprimentos estão disponíveis a qualquer momento, deve-se acumular estoque para assegurar a disponibilidade de mercadorias e minimizar os custos totais de produção e distribuição, diante disso as finalidades do estoque servem para melhorar o nível do serviço, incentivar a economia na produção, permitir a economia na escola da compra e transporte, agir como proteção no aumento do preço, e serve para a segurança de contingência. 2.3 Processo de Controle de Estoque e Importância do Controle de Estoque A organização do controle de estoque pode ser responsável por fazer uma empresa aproveitar ou perder várias oportunidades de negócio. Sendo assim, uma gestão bem estruturada é fundamental para que o empreendimento não fique desabastecido, sofra com desperdícios ou imobilize seus recursos em situações que diminuem o capital de giro. Existem diversas empresas de que atuam que software de logísticas de matérias, que são ferramentas indispensáveis para qualquer empresa para integrar no processo de controle e gestão de estoque e nas compras, como demostra a figura a seguir: FIGURA 3. PROCESSO DE CONTROLE DE ESTOQUE
Fonte: WK, Sistemas, 2018
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A maioria das empresas vem investindo em softwares de gestão. Os softwares de gerenciamento possuem diferentes módulos que se complementam, fazendo com que as entradas de materiais e vendas de produtos atualizem de maneira automática as informações do módulo de estoque da empresa. Essas informações, organizadas e atualizadas, podem gerar boas oportunidades de negócios. É possível analisar a rotatividade de determinados produtos, prever sua necessidade de matéria prima e já negociar com o fornecedor melhores prazos e preços. Já com os produtos que estão parados no estoque, é possível pensar em promoções para seus clientes (CHAVES, 2012). Nesse sentido o equilíbrio entre compra e venda, o direcionamento adequado dos estoques é fator fundamental para o planejamento e sucesso de qualquer empresa. Busca reduzir ao máximo as quantidades de produto, aumenta o capital de giro, reduz custos e amplia o desempenho operacional da organização. Sendo assim pode-se dividir o controle de estoque de estoques em 3 partes, sendo eles começo, meio e fim. O começo é conhecido como a entrada de produtos, esse recebimento está diretamente ligado ao cadastro de produtos e a forma como esse produto é vinculado à sua loja. Sendo assim estabelecer processos automatizados para o recebimento de mercadorias é fundamental para a eficiência dessa operação. As empresas precisam utilizar uma metodologia eficaz para cadastrar os produtos de seu estoque. O cadastro de produtos ajuda a melhorar os processos logísticos, assegurando um controle mais preciso sobre a entrada e saída de mercadorias (ARNOLD, 2014). O código de barra é um método eficiente para gerenciar seu estoque e manter um cadastro de produtos, sendo assim o código de barras é a representação gráfica de uma sequência numérica utilizada para identificar um produto, nesse sentido pode-se dizer que o código de barras tem como princípio para ajudar a controlar o estoque, gerindo de forma sistemática a entrada e a saída de produtos (ARNOLD, 2014). Segundo Silva e Papani (2010), código de barras é a representação gráfica, em barras claras e escuras, das combinações binárias utilizadas pelo computador. Através de um scanner, as combinações são decodificadas por meio de leitura óptica. Desta forma, o scanner detecta os números binários representados pelas barras, que são equivalentes ao número que aparece logo abaixo delas. O meio diz respeito ao inventario, e é considerado o principal protagonista da etapa, merecendo bastante atenção no seu processo, pode dizer que é um processo que realiza a contagem da mercadoria que estão em estoques, verificando se a mesmo está correto, nesse sentido o ideal é que a contagem seja feita por duas ou três pessoas diferentes, garantindo maior consistência nos resultados. Valores diferentes ou discrepantes indicam a necessidade de ajustes ou até mesmo de retrabalho (CHAVES, 2012). E o último processo é o ponto considerado básico nas operações do controle, que é a saída do produto, o momento que ele deixa a loja, podendo ser conceituado como a saída. Em relação às saídas, vale salientar que o processo deve informar: Variações significativas de vendas que impactam no modelo de previsão; possíveis pontos de ruptura de estoque; Controle gerencial da posição de estoque de cada item e quantidades a serem compradas para a otimização dos custos de operação e manutenção dos itens no site. As saídas do processo estão diretamente relacionadas à percepção de valor do cliente. É necessário um alinhamento geral entre as saídas e a expectativa dos clientes para que a operação alcance seus objetivos estratégicos (LUSTOSA, 2013). 2.4 Objetivo do Planejamento e da Gestão de Estoque A função da administração de estoques é maximizar o efeito lubrificante no feedback de vendas e o ajuste do planejamento da produção. Simultaneamente, deve minimizar o capital investido em estoques, pois ele é caro e aumenta continuamente, uma vez que o custo financeiro também aumenta. Sem estoque é impossível uma empresa trabalhar, pois ele funciona como “amortecedor” entre os vários estágios da produção até a venda final do produto (SILVA, 2013). Bertaglia (2006) salienta que a compreensão dos objetivos estratégicos da existência e do gerenciamento dos estoques é fundamental para se definir metas, funções, tipos de estoque e forma como eles afetam as organizações em suas atividades produtivas e de relacionamento com o mercado. Existem dois principais objetivos estratégicos nos investimentos de estoques; que é maximizar recursos em nível satisfatório de serviços ao cliente. A satisfação dos clientes é uma das principais
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formas das organizações conquistarem mercado, ocorrendo a partir da captação e relacionamento dos mesmos. A globalização econômica resulta em constantes transformações mercadológicas. Os clientes ficam mais exigentes e consequentemente as empresas buscam aprimorar conhecimento e qualidade, tendo como principal objetivo a satisfação de seus consumidores (MOURA, 2014). Maximizar visa na busca do máximo rendimento, consiste em aproveitar ou explorar ao máximo certos recursos ou funções, as ações de maximizar podem desenvolver-se de diversas formas no âmbito da economia e da produção. Pode-se tentar maximizar uma determinada exploração a partir da introdução de tecnologia, cortando os gastos ou tomando uma decisão que tenda a potenciar a produtividade (MOURA, 2014). Sendo assim a maximização do relacionamento entre empresa e fornecedor podem e devem envolver uma série de fatores e técnicas. Ao empregar recursos ágeis de resposta, por exemplo, há maior sinergia no atendimento a demandas específicas. Nesse contexto podemos dizer que os objetivos da gestão de estoque são atender a demanda do cliente, reduzir o volume de dinheiro investido no estoque, permitir a melhor negociação nas compras, e nivelar o nível de produção. Em vias gerais, todos esses objetivos citados tendem fazer a diminuição dos gastos indevidos da empresa e consequentemente, aumentar sua rentabilidade (BERTAGLIA,2006). Uma boa gestão de estoque pode ser realizada através das ações de coordenações de diferentes processos, como demostra a figura a seguir: Figura 4. S&OP (Planejamento de Vendas e Operações) Processo S&OP Política de Estoques Política de Variação de Demanda
Gestão Estrátgica
Gestão de Estoque
Planejamento de Materiais Programação de Produção Compras Recebimento Armazenamento
Gestão Física
Abastecimento Expedição
Patriminial Segurança
Funcional Fonte: Lapide, 2010
A Sigla S&OP (Sales and Operations Planning), traduzindo significa vendas e planejamento das operações. Quem atua ou quer atuar e está estudando logística já deve ter escutado este termo. Mas
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infelizmente, algumas empresas ainda não colocam em prática toda esta gama de conhecimento, que atua não só no estudo de mercado e vendas do seu produto ou segmento, mas também em toda a parte estratégica de planejamento das operações internas, de forma a otimizar principalmente os estoques com a demanda e levar de certa forma, todos os processos internos da empresa a este resultado (LAPIDE, 2010). Sendo assim o processo S&OP tem como objetivo manter a Demanda e a Oferta de produto em equilíbrio, através de decisões integradas, o S&OP moderno deve conter pelo menos quatro recursos principais: gerenciamento de cenários, pelo qual uma empresa pode explorar múltiplas situações; medidas financeiras, incluindo o cash-to-cash cycle, margem bruta e valor econômico-agregado; e alerta precoce, quando os indicadores de desempenho chave excedem os níveis de tolerância e o gerenciamento por exceção, com a habilidade de identificar a causa precisa de uma condição fora de tolerância (LAPIDE, 2010). 2.5 Impactos da Má Gestão de Estoque O departamento de compras é importante para o funcionamento e continuidade do seu negócio e para que ele ofereça os resultados esperados é necessário que haja um gerenciamento adequado. Apesar disso, muitas empresas ainda não se atentaram para o fato de que esse departamento possui, sim, uma atuação mais estratégica e fundamental para o negócio. O resultado do mau gerenciamento de um departamento de compras dentro da organização pode resultar em: dificuldades em atender às demandas do mercado e perda de vantagem competitiva e de posicionamento (CARVALHO, 2013). Na questão das dificuldades em atender às demandas do mercado diz respeito a falta de um produto, ou o atraso na entrega de alguma mercadoria, pode comprometer o relacionamento com seus clientes, sob o risco de deixarem de comprar de sua empresa passando a procuram os produtos em seu concorrente. Em um cenário mais complicado, contratar ou fechar negócios com um fornecedor que pode ter problemas de logística e até com a justiça, pode paralisar suas vendas, afetando todo o seu negócio (BARROS, 2014). Para evitar que isso aconteça, construa uma base de fornecedores com informações bem detalhadas sobre cada um deles e avalie possíveis fornecedores pelo seu histórico de entrega, reputação no mercado e saúde financeira. O autor Barros (2014) ainda salienta sobre a perda das vantagens competitiva e do posicionamento da empresa, pode-se dizer que a busca por vantagem competitiva está presente em boa parte dos estudos sobre estratégia, assim como nas orientações das decisões empresariais. Sendo assim o quadro a seguir, descreve os principais conflitos existentes na Gestão de estoque: Quadro 1. Conflitos na Gestão de Estoque MATERIAL Matérias – prima
ESTOQUE
ADM.MAT
Espaço de armazenamento, perdas, danos e
Materiais em Processo ALTO Produto Acabado
Produtos Auxiliares
Fonte: Carvalho, 2013
Obsolescência Movimentação desnecessária
COMPRAS Desconto por quantidade
PRODUÇÃO
VENDAS
FINANÇAS
Materiais Disponíveis
Perdas Financeiras
Fabricação de Grande Lotes
Custo de armazenamento Entrega imediata
Melhores vendas Materiais Auxiliares disponíveis
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3. METODOLOGIA O Trabalho de Conclusão de Curso contempla um estudo de caso e uma revisão bibliográfica sobre os temas Gestão de Estoque. O propósito principal desta pesquisa é se basear no conhecimento repassado pelos referidos autores. Assim, a metodologia do presente artigo é de caráter descritivo, qualitativo e com levantamento bibliográfico, a revisão da literatura como um processo de busca, análise e descrição de um corpo do conhecimento em busca de resposta a uma pergunta específica. “Literatura” cobre todo o material relevante que é escrito sobre um tema, realizado em livros, artigos, teses, monografia e em conteúdo online. 4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS A gestão de estoque, é usado para mostrar quanto estoque você tem a qualquer momento e como você o acompanha. Aplica-se a todos os itens para produzir um produto ou serviço, desde as matériasprimas até os produtos acabados. Abrange o estoque em todas as etapas do processo de produção, desde a compra e entrega até o uso e reordenamento do estoque. O controle eficiente de estoque permite que tenha a quantidade certa de estoque no lugar certo, na hora certa. Assegura que o capital não está amarrado desnecessariamente e protege a produção caso surjam problemas com a cadeia de fornecimento. O objetivo fundamental é manter os níveis de estoque equilibrados em todos os momentos, sem nunca ter muito ou pouco produto em estoque. Portanto, ficar em dia com os pedidos, a previsão e o armazenamento são partes fundamentais do gerenciamento de estoque de boa qualidade. Um componente do gerenciamento da cadeia de suprimentos, o gerenciamento de estoques supervisiona o fluxo de mercadorias dos fabricantes para os depósitos e dessas instalações para o ponto de venda. Uma função importante do gerenciamento de estoque é manter um registro detalhado de cada produto novo ou devolvido à medida que ele entra ou sai de um depósito ou ponto de venda. A gestão de estoque de uma empresa é um dos seus ativos mais valiosos. Nos setores de varejo, manufatura, food service e outros setores intensivos em estoque, os insumos e produtos acabados de uma empresa são o cerne de seus negócios, e a falta de estoque quando e onde for necessária pode ser extremamente prejudicial. Ao mesmo tempo, o estoque pode ser considerado como um passivo (se não em um sentido contábil). Uma grande gestão de estoque acarreta o risco de deterioração, roubo, danos ou mudanças na demanda. A gestão de estoque deve ser segurada e, se não for vendido a tempo, poderá ter de ser eliminado a preços de liquidação ou simplesmente destruído. Por esses motivos, o gerenciamento de estoque é importante para empresas de qualquer tamanho. Sabendo quando reabastecer certos itens, o que equivale a comprar ou produzir, qual preço a pagar, assim como quando vender e a que preço, pode facilmente se tornar uma decisão complexa. Pequenas empresas frequentemente acompanham o estoque manualmente e determinam pontos e quantidades de reordenamento usando fórmulas do Excel. As estratégias apropriadas de gerenciamento de estoque variam dependendo do setor. Um depósito de petróleo é capaz de armazenar grandes quantidades de estoque por longos períodos de tempo, permitindo que ele espere a demanda aumentar. Para empresas com cadeias de suprimento complexas e processos de fabricação, é especialmente difícil equilibrar os riscos de excesso de estoque e escassez. Para atingir esses saldos, as empresas desenvolveram dois métodos principais para o gerenciamento de estoques: planejamento just-in-time e requisitos de materiais. 5. CONSIDERAÇÕES
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A hipótese de pesquisa é tem fundamento comprovar as vantagens de se implantar o Sistema de Gestão de Estoque nas empresas, sendo que no atual ambiente de negócios, uma organização deve manter um equilíbrio adequado entre quantidade de estoque e os custos de manutenção relacionados a ele, nesse sentido o gerenciamento de estoque é visto como uma necessidade vital para as empresas, pois é a através dele que se consegue um retorno dentro da empresa. Nesse sentido, pode-se observa pela revisão de literatura que o gerenciamento de estoque é responsável por todo aquele material ou produto que precisa ser armazenado ou estocado em determinados locais de uma empresa, pois ele acrescenta a revezamento de produtos, tornando-a rápida e eficaz. Portando através do objetivo geral observou-se diante da revisão que existem várias propostas para implantação de Software de gestão de controle, sendo um processo que podem ocorrer em diferentes maneiras, conforme a característica e necessidades da empresa, a através dos dados colhidos, foi possível atingir os objetivos do presente trabalho que foram verificar a importância dos processos de controle de estoque e o impacto destes no crescimento econômico da organização e como objetivos específicos ressaltando os principais aspectos na gestão de produtos, descrever o processo de controle de estoque e verificar se os procedimentos adotados no controle de estoque da empresa estão sendo favoráveis ao seu crescimento.
A organização do controle de estoque pode ser responsável por fazer uma empresa aproveitar ou perder várias oportunidades de negócio. Sendo assim, uma gestão bem estruturada é fundamental para que o empreendimento não fique desabastecido, sofra com desperdícios ou imobilize seus recursos em situações que diminuem o capital de giro. Vale ressaltar que a gestão eficaz de custos alavanca a competitividade na produção de bens e serviços. Ela traz melhorias de processos, minimização de desperdícios e auxilia a tomada de decisão na manutenção ou expansão do negócio, otimizando resultados. Esta gestão passa pela fabricação, movimentação, armazenagem e distribuição destes bens, abrangendo, portanto, toda a logística das organizações. Concluiu-se, então que problema da pesquisa foi resolvido é que a gestão de estoque por meio de métodos e ferramentas simples é imprescindível para que a empresa obtenha um processo de compras e de estocagem funcionando de forma mais eficiente e acurada, obtendo assim redução de custo de armazenagem, aproveitamento de espaço físico e operações mais eficientes e menos complexas.
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REFERÊNCIAS
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EMPREENDEDORISMO CAMPOS, Gecival José Queiroz5 ASSAD, Ricardo2 RESUMO O artigo tem como objetivo desenvolver um estudo sobre o tema empreendedorismo a partir de informações sobre a configuração do empreendedorismo no Brasil com a abertura econômica nos anos 90 até o período atual. O problema da pesquisa é a necessidade de buscar por alternativas de trabalho, ter seu próprio negócio e alcançar a independência financeira faz surgir o empreendedorismo como alternativa de trabalho por necessidade ou por oportunidade e tem como hipótese saber se o empreendedor modifica uma situação de forma inovadora, diferente, em busca de oportunidades de negócios com inovação e geração de valor pois, é um agente de mudanças influenciado pelo ambiente que vive. A justificativa do tema deve-se a importância do empreender como estratégia de negócios, sua atuação transforma a idéia inicial em realidade pois, ele é um agente de mudanças influenciado pelo ambiente que está inserido e como objetivo geral estudar sobre o empreendedorismo, para isso aborda aspectos do contexto histórico, conceitos, teorias do empreendedorismo, as definições e compreensões do assunto. A metodologia consistirá na pesquisa bibliográfica que apresenta conceito, definições e compreensões do assunto com base em trabalhos científicos, livros, artigos, internet e revistas científicas. Os principais autores referenciados neste trabalho são Dornelas, Schumpeter, Filion entre outros. Os resultados mostram que o empreendedor é visionário e detecta oportunidades. O perfil que identifica um empreendedor: iniciativa, busca de oportunidades e assumir riscos. A alternativa por abrir o próprio negócio por opção para quem está desempregado e busca para obter renda ou somente investir sem aventurar no empreendimento. A pesquisa alcançou os resultados e respondeu como verdadeira a hipótese que o empreendedor modifica uma situação de forma inovadora em busca de novas oportunidades de negócios com foco na inovação e na geração de valor pois, é influenciado pelo ambiente que vive. Palavras-chave: Empreendedorismo, Perfil do Empreendedor, Porque empreender.
1. INTRODUÇÃO A conjuntura atual de transformações na estrutura dos negócios e na sociedade, por consequência desencadeia a recessão na economia e em todos os setores do país. Logo, a necessidade de buscar por alternativas de trabalho, ter seu próprio negócio e alcançar a independência financeira faz surgir o empreendedorismo como alternativa de trabalho. Este estudo delimitou-se em buscar informações sobre a configuração do empreendedorismo no Brasil com a abertura econômica nos anos 90 até o período atual. Trata de aspectos do contexto histórico da ação empreendedora, tendo como foco principal conhecer sobre o que se entende por empreendedor, qual o perfil desse empreendedor e porque empreender. O objetivo geral foi desenvolver um estudo sobre o empreendedorismo, para isso abordou aspectos do contexto histórico, conceitos, teorias do empreendedorismo, as definições e compreensões do assunto. A justificativa que levaram a investigar o tema deve-se a importância do empreender como estratégia de negócios, sua atuação transforma a idéia inicial em realidade pois, ele é um agente de mudanças influenciado pelo ambiente que está inserido. 5Artigo apresentado pelo acadêmico do Curso de Pós Graduação em Gestão Logística e Operações. Faculdade Educacional da Lapa - FAEL. Graduação em Gestão Pública pela Faculdade Educacional da Lapa - FAEL. Email: macuxiqui@hotmail.com 2 Professor Me Ricardo Assad, Graduado em Administração pela Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG. Mestre em Engenharia da Produção (conceito CAPES 5) pela Universidade Federal de Santa Catarina UFSC. Atua como docente em diversas Universidades: http://lattes.cnpq.br/6529576547411156 Professor Titular da Fael - Faculdade Educacional da Lapa, como orientador e avaliador. E-mail: mbaprofessor@yahoo.com.br
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As questões da pesquisa para as quais buscou-se respostas: o que se entende por empreendedor? Qual o perfil desse empreendedor? Porque empreender? A metodologia adotada consistiu na pesquisa bibliográfica que apresenta conceitos, definições e compreensões do assunto com base em trabalhos científicos, livros e também disponível em referencial já tornado público em relação ao tema decorrente de estudos anteriores, utilizando artigos, internet e revistas científicas.
2. DESENVOLVIMENTO 2.1 EMPREENDEDORISMO: EVOLUÇÃO, CONTEXTO HISTÓRICO E CONCEITO
O campo de investigação em empreendedorismo é relativamente novo, todavia, na interpretação de Landström, Harirchi, Aström (2012), por certo que a função do empreendedor é antiga, mas o termo empreendedor não era discutido. Compreende-se, que o campo de pesquisa sobre a temática ainda está em construção e novos estudos poderão ser realizados. Constata-se nos diversos aspectos históricos no que tange à atividade empreendedora, que desde os primórdios das civilizações que as pessoas inovam suas atividades ou produtos. Os povos primitivos construíam suas ferramentas de caça para facilitar a caça de animais, no Egito realizaram construções de monumentos como as tumbas, pirâmides, palácios, templos entre outros que chegaram até a nossa civilização contemporânea. Isso é inovar, essas novas práticas são empreender. A respeito da origem da palavra empreendedor vem do latim imprehendere (David, 2004 p.30). Segundo Hébert & Link (1988) foi Richard Cantillon quem utilizou pela primeira vez na teoria econômica, o termo francês entreprendre. Conforme Dornelas (2008), o termo empreendedor (entrepeneur) é de origem francesa e significa “assumir riscos e começar algo novo”. Já o termo empreendedorismo tem seu princípio atribuído ao escritor e economista Richard Cantillon (século XVII), pois este foi um dos primeiros a distinguir o empreendedor do capitalista. Os Precursores dos estudos sobre empreendedor são Richard Cantillon e Jean-Baptiste Say, porém, como Say foi o primeiro estabelecer os alicerces desse campo de estudo, ele é descrito como o “pai do empreendedorismo” (FILION, 1988). Compreende-se, que o campo de pesquisa sobre a temática ainda está em construção e novos estudos poderão ser realizados. Atualmente, temos como uma das definições do conceito empreendedorismo com um alto índice de aceitação, elaborado por Shane e Venkataraman (2000), que define o empreendedorismo como o estudo das fontes das oportunidades para criar novos produtos ou serviços, novos mercados, novos processos de produção ou matérias-primas, novas formas de organizar as técnicas existentes e o processo de descoberta, exploração e avaliação, por parte dos
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indivíduos que as descobrem, avaliando e explorando essas coisas novas, usando diversos meios para se atingir um fim. Jeffry Timmons chegou a afirmar que “O empreendedorismo é uma revolução silenciosa, que será para o século XXI mais do que a Revolução Industrial foi para o século XX.” (Jeffry Timmons, 1990 apud DORNELAS, 2012, p. 07). Revolução silenciosa, em movimento dinâmico e positivo, que transforma a vida da sociedade com produtos e serviços e para isso, utiliza-se da inovação como ferramenta. Nota-se que a figura do empreendedor vem sendo reconhecida e observada como importante na economia para a transformação da sociedade. 2.2 TEORIAS DO EMPREENDEDORISMO As duas principais teorias que tratam sobre o empreendedorismo são: a teoria econômica ou schumpeteriana, e a teoria comportamentalista. A teoria schumpeteriana busca compreender o papel do empreendedor e o impacto da sua atuação na economia, sofre crítica pois não foram capazes de criar uma ciência comportamentalista, destacam-se Richard Cantillon, Jean Baptiste Say e Joseph Schumpeter. Para Schumpeter (1934), novas empresas são novas combinações e os empreendedores são aqueles que são capazes de realizar essas novas combinações. Isto é, o empreendedor é a chave para investir, inovar e expandir a produção. Na teoria comportamentalista, destacam-se Max Weber, David C. McClelland, Filion. Estuda o comportamento humano e aborda o conhecimento sobre motivação e o comportamento humano, busca entender o porquê das pessoas empreender. “Um empreendedor é alguém que exerce o controle sobre uma produção que não seja apenas para o seu consumo pessoal” (MCCLELLAND apud FILION, 1999, p. 4), isto é em todos os campos há empreendedor. 2.3 EMPREENDEDOR E EMPREENDEDORISMO O que se entende por empreendedor? Sobre essa definição ainda não se chegou a um consenso entre os pesquisadores. Segundo Chiavenato (2005) o empreendedor tem o espírito e a energia da economia a alavanca de recursos, o impulso de talentos e a dinâmica de idéias. “O empreendedor é alguém que sonha e busca transformar seu sonho em realidade” (Dolabela, 2010, p. 25). A grosso modo, em termos em geral pode-se dizer que é pessoa inovadora, visionária com motivação para realizar um projeto – um identificador de oportunidades. Dornelas (2005) expõe que as iniciais da relação entre assumir riscos e empreendedorismo surgiram no século XVII. Concebido como um dos criadores do
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termo empreendedorismo o escritor Richard Cantillon (2002), diferenciou os termos empreendedor e capitalista onde, empreendedor é quem assume riscos e capitalista é quem fornece capital. No entanto, nem sempre foi visto e discutido assim segundo Fillion (1999), o termo empreendedor esteve presente através da história e ressalta que no século XII, este termo era usado para referir-se “àquele que incentiva brigas”, o termo passou a ser utilizado no século XVII, atribuído à pessoa que “tomava a responsabilidade e coordenava uma operação militar”, e início do século XVIII, o termo foi usado como referência à pessoa que “criava e conduzia empreendimentos”. Todavia, o termo empreendedor evoluiu e passa a ser usado como descreve HISRICH; PETERS; SHEPHERD (2009, p. 28): O termo empreendedor "foi usado para descrever tanto um participante quanto um administrador de grandes projetos de produção" (HISRICH; PETERS; SHEPHERD, 2009, p. 28).
Explorar as oportunidades, novos métodos, satisfazendo as necessidades com inovação e criatividade isso é a essência do empreendedorismo. “O termo empreendedorismo aponta para a execução de planos ou impulsos para a realização de um negócio ou para a introdução de uma inovação de gestão numa organização já estruturada”. (CAMARGO; FARAH, 2010, p.22). A capacidade de promover o desenvolvimento de algo novo, que possua valor e resulte em vendas e lucros. Pessoas visionárias, motivadas que se arriscam e fazem acontecer. Esse perfil foi confundido de acordo com a contribuição de Dornelas (2005, p.30), descreve que “no final do século XIX e no início do século XX os empreendedores foram frequentemente confundidos como gerentes ou administradores, sendo analisados meramente de um ponto de vista econômico, como aqueles que organizam a empresa, pagam os empregados, planejam, dirigem e controlam as ações desenvolvidas na organização, porém muitas vezes a serviço do sistema capitalista”. O empreendedor pode ser pesquisador, empregado, servidor público, entre outros mas, tem que ter a característica e visão empreendedora. 2.4 PERFIL DO EMPREENDEDOR Existe uma proximidade entre os termos de empreendedor e administrador porém, persistem pontos em comum com diferenças notáveis, são atividades e funções executada por indivíduos específicos. “Um estereótipo comum do empreendedor enfatiza características como uma enorme necessidade de realização, uma disposição para assumir riscos moderados e uma forte autoconfiança”. (LONGENECKER; MOORE; PETTY, 2004, p.9).
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Conforme Mcclelland (1972), entre as características do empreendedor estão a busca de oportunidades; iniciativa; persistência; comportamento; exigência de qualidade e eficiência; assumir riscos calculados; determinação nas metas; busca de informações; planejamento e monitoramento. Então, o empreendedor tem que ter coragem de arriscar e tornar-se um protagonista da sua história. 2.5 TIPOS DE EMPREENDEDORES Os empreendedores são diferentes entre si, e classificam-se de acordo com Leite e Oliveira (2007) em dois tipos de Empreendedorismo: o Empreendedorismo por Necessidade e o Empreendedorismo por Oportunidade. O empreendedorismo por necessidade é exposto por Dornelas (2005, p. 28), como aquele onde “o candidato a empreendedor se aventura na jornada empreendedora mais por falta de opção, por estar desempregado e não ter alternativas de trabalho”. Essa condição difere do empreendedorismo por oportunidade onde o empreendedor movido por oportunidades busca criar uma empresa motivado pela percepção de mercado, planejado e a vontade de realização financeira. Empreender nos dias de hoje incide na quantidade de informações e na velocidade que são processadas na era tecnológica. Esta nova era digital traz mudanças no comportamento do empreendedor que preocupa-se com o futuro econômico e também o social e ambiental. Conforme Bennett (1992) um novo estilo de empreendedor está surgindo, ele corresponde ao ecoempreendedor. Como também, o empreendedor tecnológico de acordo com Formica (2000, p. 71). 2.6 EMPREENDEDORISMO NO BRASIL De acordo com Filion (1991, apud DOLABELA, 1999 p. 31), a tendência do empreendedorismo surgiu nos anos 70, porém vem se afirmando nas últimas duas décadas, mas, segundo Dornelas (2001), o movimento do empreendedorismo no Brasil começou a tomar forma na década de 1990 com a abertura econômica. No Brasil, o serviço brasileiro de apoio às micro e pequenas empresas SEBRAE foi criado para incentivar o empreendedorismo e o desenvolvimento sustentável dos empreendimentos, com parceria do governo federal foi incrementado os programas: Brasil Empreendedor, Empretec e Jovem Empreendedor com objetivo de desenvolver, nos participantes, características de comportamentos empreendedores.
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Antes dessas ações o empreendedorismo era pouco conhecido no Brasil. Percebe-se, que o empreendedorismo vem ganhando proporções e revolucionando o mercado com novas invenções que geram prosperidade e mudanças na sociedade em virtude das ações empreendedoras. Afirma Dornelas (2012 p.1), que teve o período de 2000 a 2010 como marco na consolidação do tema e relevância no país. De acordo com dados da pesquisa realizada pelo Global Entrepreneurship Monitor – GEM no ano de 2018, divulgada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SEBRAE (2019). Os dados revelam que o país ocupa posição privilegiada quando o assunto é abertura de novos empreendimentos, em 2018, no Brasil, a taxa total de empreendedorismo foi de 38%, ou seja, em cada cinco brasileiros adultos (18 – 64 anos), dois eram empreendedores. Observa-se também, um pequeno aumento na relação entre empreendedores 61,8% dos empreendedores iniciais empreenderam por oportunidade e 37,5% por necessidade e 1,6% por oportunidade e necessidade. Este percentual encontra-se distante ainda do patamar alcançado em 2012 e 2013 (71%), a queda no volume de empreendedores por oportunidade é atribuído a moderada recuperação da economia brasileira, o que propícia para a população a possibilidade de encontrar um trabalho formal. A expansão de atividades empreendedoras por oportunidade, deve-se a crise econômica no Brasil nos últimos anos, com a falta de empregos e a busca por uma alternativa à falta de renda. A vista disso é possível identificar na pesquisa a intensidade da atividade empreendedora avaliando as diferentes faixas etárias, nota-se que os jovens de 25 a 34 anos foram os mais ativos na criação de novos negócios, 30,5% dos brasileiros nesta faixa são proprietários e administram a criação e consolidação de empreendimentos em fase inicial. Os especialistas “ouvidos” na pesquisa Global Entrepreneurship Monitor – GEM 2018, ao avaliarem as condições para abrir e manter um novo negócio, indicam, na sua maioria (86,7%) que fatores relacionados a políticas governamentais e programas necessitam de mais iniciativas para a melhoria do ambiente para abrir e manter novos negócios no Brasil. SEBRAE (2019) Segundo Valcanaia (2010), o Brasil enfrentou enormes problemas econômicos nas últimas décadas. Então, era preciso reinventar e criar novos negócios para sobreviver. Essa inovação que é o empreendedorismo permanece incorporada ao perfil do trabalhador atual que rompeu barreiras ganhando espaços com o trabalho por conta própria, bem-sucedido, firmado por liderança e organização. Hoje em dia,
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acredita-se que a técnica do empreendedor pode ser ensinado e aprendido nas escolas. O ensino do empreendedorismo no Brasil se tornou um diferencial nas instituições de ensino com a publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de 1996, pois, fortaleceu a cultura empreendedora com a introdução do estudo do empreendedorismo nas escolas e ampliação da oferta de cursos. Porém, essa explosão empreendedora vem acompanhada de obstáculos para abrir e manter um novo negócio, Filion (2000, p. 33), faz referência a alguns destes obstáculos: O primeiro deles é o da autoconfiança; o segundo obstáculo é uma consequência do primeiro e consiste na falta de confiança que existe entre os brasileiros; o terceiro é a necessidade de desenvolver abordagens próprias ao Brasil, que correspondem às características profundas da cultura brasileira; o quarto diz respeito à disciplina, ela se torna a condição da superação dos três primeiros obstáculos; o quinto se refere à necessidade de compartilhamento e o último obstáculo é o da burocracia (FILION, 2000, p. 33).
Ser empreendedor no Brasil não é tarefa fácil, é um desafio que demanda preparação para vencer os entraves, principalmente em tempos de turbulência econômica, excesso burocrático, alta carga tributária e elevados encargos trabalhistas. 2.7 INSTITUIÇÕES VOLTADAS AO EMPREENDEDOR No Brasil, foram criados instituições de suporte ao empreendedor, como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), as fundações de apoio à pesquisa, as incubadoras de novos negócios e as instituições escolares que ofertam programas sobre o empreendedorismo. Criado 1972, sem fins lucrativos o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) surge para dar suporte aos pequenos negócios e estimular o empreendedorismo. Atua como agente de capacitação e de promoção do desenvolvimento da economia, através programas e projetos. Para avaliar e acompanhar o desempenho do empreendedor no Brasil, anualmente é realizada a pesquisa desenvolvida pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM). Na edição mais recente desta pesquisa (2018) foram 49 países participantes e contempla informações sobre questões relacionadas ao empreendedorismo, tais como o crescimento econômico e tecnológico como também, as oportunidades para empreender, entre outras. No Brasil, existem iniciativas, programas e projetos incrementados em âmbito federal, estadual e municipal para incentivar o empreendedorismo. Por exemplo os programas InovAtiva e o Brasil Empreendedor ofertado pelo governo
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federal com objetivo de possibilitar cursos de capacitação profissional para Jovens e Adultos. 3. PROCEDIMENTOS METODOLÒGICOS A metodologia utilizada em uma pesquisa esclarece acerca das técnicas adotadas para seleção e coleta de dados Beuren (2008, p. 67) define a metodologia da pesquisa “é definida com base no problema formulado, o qual pode ser substituído ou acompanhado da elaboração de hipóteses”. De acordo com Beuren e Raupp (2008) a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com material anteriormente elaborado, principalmente livros e artigos científicos. Isto é, material publicado por meio escrito ou eletrônico com acesso disponível. Para Gil (2002, p. 62), a “pesquisa bibliográfica é aquela em que os dados são obtidos de fontes bibliográficas, ou seja, de material elaborado com a finalidade explícita de ser lido”. Através da pesquisa, o pesquisador tem acesso a vasta informações para a construção lógica do trabalho. A pesquisa bibliográfica é feita, segundo Fonseca (2002, p. 32): A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Existem porém pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta (FONSECA, 2002, p. 32). Envolve um conjunto preceituado de procedimentos de busca por respostas, observando o objeto de estudo. Deste modo, esse tipo de pesquisa apresenta vantagens no conceito de Gil (2002, p. 45): “A pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente”. Diante disso, a pesquisa pode ser qualificada como bibliográfica em decorrência da fonte de coleta de dados e informações ter sido efetuada por intermédio de artigos científicos, livros, publicações periódicas e sites especializados para embasamento teórico. O trabalho trata de uma pesquisa bibliográfica que apresenta dados sobre o empreendedorismo, para isso aborda aspectos do contexto histórico, conceitos, teorias do empreendedorismo, as definições e compreensões do assunto com fundamento em estudos por intermédio do levantamento e leitura de bibliografia disponível em referencial já tornado público em relação ao tema decorrente de estudos anteriores, utilizando obras literárias, artigos, internet e revistas cientificas. Aborda, também, o perfil, tipo, sobre o empreendedor no Brasil e as instituições de suporte ao empreendedor. Após a seleção do material, foi feito uma filtragem desses estudos, através da leitura e avaliação em relação aos objetivos e à contribuição para a pesquisa. Posteriormente, interpretado, feito anotações e fichamentos sobre os conteúdos que forem mais importantes. Neste caso, a leitura caracteriza-se como a principal técnica, pois é através dela que se pode identificar as informações e os dados necessário se analisar a sua consistência com o tema “Empreendedorismo” e ao objetivo da pesquisa. Na sequência, a análise dos dados que consiste em uma síntese realizada a partir do referencial teórico coletado e os resultados obtidos que referem-se a apresentação dos dados sobre o que se entende por empreendedor, o perfil desse empreendedor e porque empreender. A pesquisa bibliográfica é flexível na obtenção dos dados, porém não mais fácil. Requer disciplina, atenção na percepção dos objetivos, leitura e interpretação crítica do material bibliográfico e às novas possibilidades. Compreende-se, que o campo de pesquisa sobre a temática ainda está em construção e novos estudos poderão ser realizados. A final, empreender é mudar, inovar o modo de pensar e agir, tomar iniciativa liderando a realização de processos.
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS A análise e interpretação dos resultados consistem em uma síntese realizada a partir do referencial teórico coletado e os resultados obtidos que referem-se a apresentação dos dados sobre o que se entende por empreendedor, o perfil desse empreendedor e porque empreender.
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Da discussão dos resultados verificou-se que durante o século XII, Segundo Hébert & Link (1988) foi Richard Cantillon quem utilizou o termo entrepreneur para referir-se às pessoas que incitavam brigas, enquanto no século XVII indicava o indivíduo que coordenava uma operação militar. Entre os séculos XVII e XVIII o termo passa ser usado para descrever tanto um participante quanto um administrador de grandes projetos de produção (HISRICH; PETERS; SHEPHERD, 2009, p. 28). Os Precursores dos estudos sobre o tema são os autores Richard Cantillon e Jean-Baptiste Say, porém, como Say é descrito como o pai do empreendedorismo. Cantillon, diferenciou os termos empreendedor e capitalista onde, empreendedor é quem assume riscos e capitalista é quem fornece capital. Para Say, O empreendedor, estava relacionado a inovação e agrega valor a produção. Uma visão não contraditória para Cantillon empreendedor busca uma fonte de renda e na visão de Say o empreendedor inova o produto e agrega um valor para obter renda. Para Schumpeter, o empreendedor é o agente de mudança, que aproveita as oportunidades e promove o desenvolvimento econômico, criando novos produtos e meios de produção, bem como inovações que impulsionam a atividade econômica (FILION, 1999), portanto, para os economistas o empreendedorismo é inovação. A abordagem comportamentalista de Max Weber traz que um empreendedor é alguém que exerce o controle sobre uma produção que não seja apenas para o seu consumo pessoal” (MCCLELLAND apud FILION, 1999, p.4), movido por motivação e necessidade de realização. O empreendedorismo conduz para realizar um negócio ou para a introduzir uma inovação numa organização já estruturada, com objetivo de alavancar recursos transformando suas idéias em realidade, portanto, pessoas visionárias, motivadas que se arriscam e fazem acontecer. Para isso, o perfil do empreendedor, é marcado pela busca de oportunidades, iniciativa, persistência, liderança, exigência de qualidade e eficiência, assumir riscos, determinação nas metas, planejamento e monitoramento. Então, o empreendedor atua de forma autônoma criando oportunidades e introduzindo suas idéias no mercado. “Um estereótipo comum do empreendedor enfatiza características como uma enorme necessidade de realização, uma disposição para assumir riscos moderados e uma forte autoconfiança”. (LONGENECKER; MOORE; PETTY, 2004, p.9). Eles empreendem por necessidade o empreendedor se arrisca partir de uma necessidade por urgência de sobrevivencia econômica, falta de opção, desprovido de emprego e alternativas de trabalho, surge sem planejamento e por vezes fracassa. Por oportunidade o empreendedor é movido por oportunidades e motivado pelo mercado, para isso, tem estrutura, planejamento estratégico e chances de sobreviver ao mercado.
De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SEBRAE (2019), em 2018 o Brasil teve aumento na relação entre empreendedores 61,8% empreenderam por oportunidade e 37,5% por necessidade e 1,6% por oportunidade e necessidade. A expansão de atividades empreendedoras por oportunidade deve-se o enfretamento a crise econômica, a falta de empregos e a busca por uma alternativa à falta de renda. O empreendedor é um conjunto de comportamentos eficientes e habilidades técnicas que produz com criatividade, motivado a transformar sua realidade. CONSIDERAÇÕES
Em presença de inúmeras abordagens que compõem o campo de estudos sobre empreendedorismo, é compreensível que o conceito de empreendedor, o perfil desse empreendedor e porque empreender sejam diversificados e modificados ao longo do tempo pois, seguem como objeto de estudos. Com base nas informações até aqui apresentadas a pesquisa respondeu à hipótese enunciada como verdadeira que o empreendedor modifica uma situação de forma inovadora, diferente, em busca de novas oportunidades de negócios com
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foco na inovação e na geração de valor pois, é um agente de mudanças influenciado pelo ambiente que vive. Dessa forma o objetivo geral foi alcançado chegando ao resultado do estudo sobre o empreendedorismo, para isso abordou aspectos do contexto histórico, conceitos, teorias do empreendedorismo, as definições e compreensões do assunto, e os objetivos específicos foram atingidos onde foi explorado o tema empreendedorismo, identificado o empreendedor, seu perfil e os tipos de empreendedor, conhecidos os motivos para empreender, como também, abordou sobre o empreendedor no Brasil e as instituições de apoio ao empreendedor brasileiro. O problema foi resolvido e o propósito do estudo foi trazer respostas aos questionamentos: o que se entende por empreendedor? Qual o perfil desse empreendedor? Porque empreender? O empreendedor é visto como um detector de oportunidades, persistente, determinado a cumprir metas para garantir sua sobrevivência e crescimento. É alguém que sonha e busca transformar seu sonho em realidade. Podemos identificar o perfil do empreendedor como pessoas que estão em busca de oportunidades seja por necessidade ou oportunidade e corre riscos em busca de atingir seus objetivos. A alternativa por abrir o próprio negócio tem se tornado uma opção para quem está desempregado e busca para obter renda ou simplesmente investir em um novo negócio. Sem opção, arrisca-se a empreender por necessidade e não ter outra escolha. Como também, investir por oportunidades, visão de mercado, negócios de família, investir sem aventurar no novo empreendimento. Nessa direção, precisa ter visão empreendedora com astúcia para analisar boas oportunidades e saber aproveitá-las. Por fim, entende-se que este estudo alcançou os objetivos propostos e os questionamentos foram sanados. Compreende-se, que o campo de pesquisa sobre a temática ainda está em construção e novos estudos poderão ser realizados.
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Otimização do uso de linha de produção Gaspar Collet Pereira Cristiano Jordão
1. RESUMO A empresa WMO condutores elétricos, está a mais de 15 anos no mercado, inicialmente com produção de chicotes elétricos, expandindo sua produção fabricando condutores, aumentando sua competitividade e sua lucratividade e mantendo-se firme no mercado. Tem como objetivo melhorias, novos projetos para desenvolvimento de tecnologias que possam ser utilizadas para novos produtos atendendo expectativas de mercado e de clientes. Neste projeto é proposto o balanceamento na linha de corte e embalagem, visando a produtividade e a qualidade, sem esquecer do bem-estar do colaborador, tendo no projeto uma empresa com produtividade, assim sendo pontual para atender seus clientes e estar competitiva no mercado. A empresa inicialmente começou com melhorias nas máquinas, houve uma substituição de máquina onde obteve um resultado para a empresa como um todo, tanto na produtividade como na ergonomia, porém surgiu um novo gargalo, no setor de corte e embalagem, após a substituição da máquina formadora de rolo, foi visto na linha de produção que a atividade após a máquina que hoje é feita manualmente não estaria atendendo o desempenho desejável pela empresa, causando desperdício de tempo, superprodução, retrabalho, movimentação, e de etapa que não agrega valor ao produto e assim trabalharemos nesse gargalo utilizando ferramentas da qualidade, Sistema Toyota, just in time entre outros, para que de fato isso aconteça, foi feito um levantamento de dados. Ohno(1997) considera que “A eliminação de desperdícios e elementos desnecessário a fim de reduzir custos; a ideia básica é produzir apenas o necessário, no momento necessário e na quantidade requerida”. Silva(2001) considera que uma organização é definida como duas ou mais pessoas trabalhando juntas, cooperativamente dentro de limites identificáveis.
1.1 PROBLEMATIZAÇÃO No mercado de condutores elétricos, como em qualquer outro segmento, não se pode estabilizar com investimentos e melhorias em produtos e processos, as mudanças são constates, surgindo inovação a todo instante, clientes mais exigentes e críticos. Com a substituição da maquina formadora de rolo foi obtido o resultado esperado, reduzindo horas extras e agilizando o processo, ganhando tempo e produtividade. Foi identificada uma necessidade na questão da embalagem destes condutores produzidos, que são embalados manualmente, não conseguindo acompanhar a produção dos mesmo. O objetivo do projeto é propor o balanceamento entre a produção e a embalagem para que não haja excesso de material produzido aguardando para ser embalado. Como que a proposta de balanceamento de linha de produção, do setor de corte e embalagem influenciará no balanceamento da linha ?
1.2 JUSTIFICATIVA Após o resultado com a substituição da formadora de rolo, surgiu uma nova deficiência que será abordada neste projeto. Com base em estudos, e sugerindo a implantação de uma máquina embaladeira de rolos, não substituindo a mão de obra mas sim conciliando as duas partes, gerando menos esforço físico e melhorando o desempenho na produção. Já foi observado uma sobre carga ao analisarmos o processo, onde é feita a embalagem, por se tratar de uma etapa manual e lenta. O colaborador descreve suas atividades, embala o rolo
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com stretch, passa a fita com a logomarca da empresa, coloca a etiqueta de identificação do produto e por fim faz a paletização dos rolos, deixando-os prontos para a expedição. Após a verificação da problemática existente, no setor de corte e embalagem, ficaram visíveis os principais problemas, nos quais será trabalhado neste projeto, que será o balanceamento de linha de produção, a ergonomia e a produtividade.
1.3 OBJETIVOS Nosso projeto tem como proposta balancear a linha de produção, com objetivo de melhores resultados, ergonômico, produtivo e lucrativo. Assim sendo uma empresa bem vista não só por clientes, mas também pelos colaboradores, fazendo com que os funcionários se sintam bem em trabalhar na empresa, e um funcionário satisfeito com seu ambiente de trabalho, desenvolve suas atividades com mais confiança em si, trazendo mais qualidade para a sua produtividade.
1.3.1 OBJETIVO GERAL Proposta de balanceamento na linha de produção no setor de corte e embalagem.
1.3.2
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Propor o balanceamento na linha de produção no setor de corte e embalagem, assim eliminando o “gargalo” no setor de embalagem; - Proposta de eliminação de “gargalo” aumentando a produtividade na embalagem; - Proposta de aquisição de uma máquina embaladeira que proporcionará um aumento considerável na produtividade e melhor ergonomia para o colaborador; - Estudar adaptação na questão ergonômica, adaptar o trabalho ao trabalhador; -Propor diminuição de riscos de lesões por movimentos repetitivos.
1.4 METODOLOGIA Para que possamos alcançar nosso objetivo com eficácia, vamos utilizar pesquisas Bibliográficas, qualitativa e quantitativa. Conforme Cabral (2011) Metodologia é uma palavra derivada de “método”, do Latim “methodus” cujo significado é “caminho ou a via para a realização de algo”. Método é o processo para se atingir um determinado fim ou para se chegar ao conhecimento. Segundo Demo (1996) a proposta atual da metodologia tem como pressuposto crucial, a convicção de que o aprendizado pela pesquisa e especialização mais própria da educação escolar e acadêmica da necessidade de fazer da pesquisa, atitude cotidiana para professor e aluno . Pesquisas bibliográficas são feitas em livros, artigos, na busca por maiores conhecimentos sobre o assunto abordado, proporcionando um entendimento mais aprofundado, buscando dados e exemplificações para melhor entendimento Neste projeto vamos utilizar as pesquisas bibliográficas, para propormos um melhor tempo de setup, menos desperdícios ,uma produção enxuta como sistema de produção toyota e lean manufactuging . Astor et al.(2000) Pesquisa Quantitativa: caracteriza-se pelo uso da quantificação tanto na coleta como no tratamento das informações por meio de técnicas estatísticas, desde as mais simples, como percentual, média, desvio padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão etc. Com objetivo de garantir resultados e evitar distorções de análise e de interpretação, possibilitando uma margem de segurança maior quanto às inferências. Neste projeto vamos abordar a pesquisa quantitativa para termos uma visão melhor do desenvolvimento da produção e assim podendo estabelecer novas metas e avaliar indicadores de desempenho, termos noção de valor lucros e perdas.
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Astor et al.(2000) Pesquisa Qualitativa: os estudos qualitativos podem descrever a complexidade de determinado problema e a interação de certas variáveis, compreender e classificar os processos dinâmicos vividos por grupos sociais, contribuir no processo de mudança, e possibilitar, em maior nível de profundidade o entendimento das particularidades do comportamento dos indivíduos. Neste projeto vamos utilizar pesquisas qualitativas para que se o projeto proposto for aprovado continuaremos trabalhando por uma melhor qualidade e assim termos um bom desempenho com as maquinas, e um bom desenvolvimento com colaboradores, fazendo treinamentos para que todos possam trabalhar no mesmo nível de aprendizagem e assim podemos ter um balanceamento na linha de corte e embalagem de condutores elétricos. 1.5 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO A empresa WMO está situada na CIC, é uma empresa no ramo de chicotes e condutores elétricos, está a mais de quinze anos no mercado; proporcionado soluções em cabos e chicotes elétricos. Dispõe de uma área construída de 1000m2, situada na CIC, na rua Ilnah Pacheco n°532. A filosofia de trabalho destacada pela eficiência no atendimento das necessidade de seus clientes. Visão ” ser uma empresa de constante crescimento de forma rentável, e estar entre as principais empresas de seu segmento e ser referencia de excelência em qualidade, comprometimento e respeito” . Missão “produzir cabos e chicotes elétricos através de uma equipe consistente e focada que satisfaça, agrade e exceda as necessidades de seus cliente ,primando sempre pelo respeito e honestidade”. Valores “nossos valores são constituídos pela idoneidade, transparência e comprometimento”.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A fundamentação teórica é utilizada para nos embasar com ideias de outros autores. De acordo com Mello(2006,p.86) “a fundamentação teórica apresentada deve servir de base para a análise e interpretação dos dados coletados na fase de elaboração do relatório final. Desta forma, os dados apresentados devem ser interpretados à luz das teorias existentes”.
2.1 LEAN MANUFACTURING Segundo Rodrigues (2014) O Lean manufacturing é traduzível como manufatura enxuta ou manufatura esbelta, e também chamado de Sistema Toyota de Produção é uma filosofia de gestão focada na redução dos setes desperdícios. O foco permanente no pensamento Lean tem como suporte principal a eliminação de desperdícios em todas as etapas e em todos os níveis do processo produtivo por meio da otimização ou de mudanças das ações que as geram. Muitos têm sido os métodos ou as técnicas utilizadas para esse fim. Uma das mais eficazes surgiu a partir das preocupações de Taiichi Ohno que desenvolveu suas ideias como executivo da Toyota . Ohno tinha duas posições notáveis em relação aos resultados organizacionais: em uma ele acreditava que “o aumento da eficácia só faz sentido quando esta associado à redução de custos” e na outra que “a eficiência deve ser melhorada em cada estagio e, ao mesmo tempo, para a fabrica como um todo. Ohno quem auxiliou e ampliou as formas de entendimento sobre o desperdício não só com foco na mão de obra, mas também considerando todas as outras atividades organizacionais. Assim foram elencados sete grandes grupos potenciais de ocorrência de desperdícios, apresentados: superprodução, espera, transporte, processo, estoque, movimentação e produtos defeituosos.
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Figura 1: Os sete desperdícios de Ohno e Shingo. Fonte: Livro Entendendo, Aprendendo e Desenvolvendo o Sistema de Produção Lean manufacturing
2.1.1 Desperdícios de Superprodução Define Rodrigues (2014) O desperdício associado à superprodução diz respeito a produção em excesso, ou seja, em quantidades elevadas ou no tempo errado, o que gera estoques adicionais e tende a omitir problemas em todo o processo.
2.1.2.Desperdícios de Espera Ainda Rodrigues (2014) Já o desperdício em virtude da espera está associado ao tempo parado da mão de obra, peças ou equipamentos e pode-se dividir em espera do processo; no entanto os dois tempos de espera são significativos e tendem a trazer desperdícios.
2.1.3 Desperdícios de Transporte Define Rodrigues (2014) O desperdícios vinculado às atividades de transporte é causado principalmente por layouts mal projetados, o que tem como consequência uma grande — e muitas vezes desnecessária — movimentação de peças, estoques e equipamento, gerando custos e desperdícios.
2.1.4 Desperdícios de Estoque Segundo Rodrigues (2014) O desperdício relacionado a estoque é causado pela estocagem de peças ou produtos semiacabados em quantidades superiores ao realmente necessário, o que pode ocorrer por conta de vários fatores e, além de imobilizar capital sem necessidade pode trazer vários outras consequências, como utilização não adequada de espaço, omissão de falhas no fluxo ou nivelamento do processo, riscos com estocagem e outros custos vinculados à estocagem.
2.1.5 Desperdícios de Movimentação Ainda Rodrigues (2014) O desperdícios quanto á movimentação esta relacionado principalmente ao movimento interno dos operadores nas estações de trabalho para realizar suas tarefas especificas diante do posicionamento das ferramentas, do layout e da localização dos equipamentos, dos aspetos ergonômicos dos equipamentos e do próprio setor produtivo.
2.1.6 Desperdícios de Retrabalho
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Rodrigues (2014) Define que os desperdícios motivado por produtos defeituosos é provocado pela produção de bens ou serviços fora das especificações e necessidades do clientes internos ou externos, o que provoca retrabalho ou refugo, acarretando, elevados custos e desperdícios para a organização.
2.1.7 Desperdícios de Processo Ainda segundo Rodrigues (2014) O desperdício proveniente do processo diz respeito á metodologia de processamento em si: procedimento e atividades desnecessárias ou superdimensionadas, utilização de equipamentos dimensionados, de maneira inadequada, alocação de mão de obra não compatível, entre outros. A análise desse tipo de desperdícios possibilita identificar o que está sendo utilizado ou colocado á disposição do processo e que tem custos, mas não gera valor para o produto do processo.
2.1.8 O Lean Manufacturing Segundo Rodrigues (2014) como já mencionado, o Sistema Lean teve inicialmente a Toyota como seu maior operacionalizador com uma cultura e princípios próprios adaptados às especificidades da organização. O Lean Manufacturing busca uma melhor qualidade para todo o sistema, com a redução do desperdício, do custo, do lead time e aumento da rentabilidade e da eficácia no atendimento ao valor do cliente, como mostra a figura abaixo.
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Figura 2: resultados do lean manufacturing. Fonte: Livro Entendendo, Aprendendo e Desenvolvendo o Sistema de Produção Lean manufacturing
2.2 Treinamento Segundo Robbins (2001) Treinamento organizacional deve fazer parte do dia-a-dia das empresas, com objetivo de relembrar aptidões das atividades executadas diariamente, que passam a ser automáticas muitas vezes deixando a desejar na qualidade dos bens ou serviços, independente de função ou posição hierárquica.
2.2.1 Tipos de treinamento Os treinamentos se dividem em aptidões de alfabetização básica, aptidões técnicas, aptidões interpessoais e aptidões de resolução de problemas.
2.2.2 Aptidões de Alfabetização Básica
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Define também Robbins (2001) Conhecimento básico necessário para realizar atividades que necessitam de leitura, no século XXI cerca de um bilhão de pessoas não sabiam assinar seu nome nem ler um livro, e também sem conhecimento de tecnologia, para poder executar as funções básicas.
2.2.3 Aptidões Técnicas Robbins (2001) Define que os treinamentos técnicos são realizados para atualizar os conhecimentos, seja nas áreas burocráticas ou produtivas, para aprimoramento de novas tecnologias, inovações e modificações na estrutura organizacional. A tecnologia fez com que as pessoas mudassem de cargo, e assim precisando aprimorar suas aptidões para se adequar na utilização da tecnologia, seja no planejamento ou execução. As empresas aplicam o treinamento interfuncional para seus funcionários para atingir mais amplamente suas necessidades, evitando contratação de temporários qualificados.
2.2.4 Aptidões Interpessoais Ainda segundo Robbins (2001) A comunicação com toda sua importância e realizada através do relacionamento interpessoal, que algumas pessoas naturalmente desenvolvem muito bem, enquanto outras precisam de treinamento e técnicas para melhorar suas habilidades, para expor ideias, entender e ser entendido, participar das equipes com maior eficácia.
2.2.5 Aptidões de Resolução de Problemas Defini Robbins (2001) Os gerentes assim como alguns funcionários, se deparam com novas questões na rotina organizacional, que precisam ser resolvida e muitas vezes não são fáceis assim, esses profissionais precisam de treinamento para aguçar a lógica, raciocínio e novas aptidões para solução desses problemas que a todo instante estará enfrentando um novo desafio.
2.3. Métodos de Treinamentos Segundo Chiavenato (1985,p.288) “treinamento é o processo educacional, aplicado de maneira sistêmica, através do qual as pessoas aprendem conhecimentos, atitudes e habilidades em função de objetivos definidos”.
2.3.1 Treinamento no trabalho Define também Robbins (2001) Um dos treinamentos internos mais conhecidos é o período on-the-jo , esse treinamento é direcionado para funcionários que mudam de cargo, capacitando para novas funções, os funcionários adquirem conhecimentos abrangendo maior variedade de experiências, atuando em várias atividades, aumentando seu padrão organizacional. Esse treinamento é feito por uma pessoa mais experiente do setor, capacitando o novo funcionário para executar as novas atividades.
2.3.2 Treinamentos fora do trabalho Segundo Robbins (2001) Fora do trabalho há muitos tipos de treinamento, empresas especializadas e profissionais treinados para estes fins, os mais populares, são palestras, vídeos, e exercícios de simulação. - Palestras, muito eficazes para transmitir conhecimentos específicos, para solução de problemas. - Vídeos, utilizados para mostrar na prática atividades que necessitam de mais que palavras utilizadas em sala de palestras para transmissão com eficácia das aptidões técnicas. - Exercícios de simulação, utilizados nas aptidões interpessoais e resolução de problemas, através de estudos de casos, exercícios de vivência, interpretação de papéis e sessões d interação grupal.
2.3.3 Individualizando Treinamento
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Conforme Robbins (2001) As pessoas são diferentes, cada uma tem suas percepções, maneiras diferentes de absorver um treinamento, pela leitura, observação, audição e prática. Para aqueles que têm um desenvolvimento melhor através da leitura, terão sucesso pesquisando em livros apostilas, os observadores ter oportunidade de ver uma demonstração pessoalmente ou em vídeo, aqueles que aprendem por audição, aulas expositivas, áudios, e os que aprendem na prática, terão melhor aproveitamento com treinamento prático para desenvolver suas aptidões.
2.4 Ergonomia No brasil, a Associação Brasileira de Ergonomia (www.abergo.org.br) adota a seguinte definição: “Entende-se por ergonomia o estudo das interações das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, objetivando intervenções e projeto que visem melhorar, de forma integrada e não-dissociada, a segurança, o conforto, o bem-estar e a eficácia das atividades humanas.” Os praticastes da ergonomia são chamados de ergonomistas e realizam o planejamento, projeto e avaliação de tarefas, postos de trabalho, produtos, ambientes, sistemas, tornando-os compatíveis com as necessidade, habilidades e limitações das pessoas. Os ergonomistas devem analisar o trabalho de forma global, incluindo os aspectos físicos, cognitivos, sociais, organizacionais, ambientais e outros. Frequentemente, os ergonomistas trabalham em domínios especializados, abordando certas características especificas do sistemas, tais como: 2.4.1 Ergonomia Física Segundo Lida (2005) ocupa-se das características da anatomia humana, antropometria, fisiologia e biomecânica, relacionados com a atividade física. Os tópicos relevantes incluem a postura no trabalho, manuseio de materiais, movimentos repetitivos distúrbios músculo-esqueléticos relacionados ao trabalho, projetos de postos de trabalhos, segurança e saúde no trabalho.
2.4.2 Ergonomia Cognitiva Conforme Lida (2005) Ocupa-se dos processos mentais, como a percepção, memoria, raciocínio e resposta motora, relacionados com a interação das pessoas e outros elementos de um sistema. Os tópicos relevantes incluem a carga mental, tomada de decisões, interação homem-computador, estresse e treinamento.
2.4.3 Ergonomia Organizacional Segundo Lida (2005) Ocupa-se da otimização dos sistemas sócio-técnicos, abrangendo as estruturas organizacionais, politicas e processo. Os tópicos relevantes incluem comunicações, projeto de trabalho, programação do trabalho em grupo, projeto participativo, trabalho cooperativo, cultura organizacional, organizações em rede, teletrabalho e gestão da qualidade. De acordo com Lida (2005) a ergonomia estuda tanto as condições previas como as consequências do trabalho e as interações que ocorre entre o homem, máquina e ambiente durante a realização desse trabalho. Tudo isso é analisado de acordo com a conceituação de sistema, onde os elementos interagem continuamente entre si. Modernamente, a ergonomia ampliou o escopo de sua atuação, incluindo os fatores organizacionais, pois muitas decisões que afetam o trabalho são todas em nível gerencial.
2.4.4 Objetivo Básicos da Ergonomia Segundo Lida (2005) a ergonomia estuda os diversos fatores que influenciam no desempenho do sistema produtivo e procura reduzir as suas consequências nocivas sobre o trabalhador. Assim, ela procura reduzir a fadiga, estresse, erros e acidentes, proporcionando segurança, satisfação e saúde aos trabalhadores, durante o seu relacionamento com esse sistema produtivo. A eficiência virá como consequência. Em geral, não se aceita colocar a eficiência como objetivo principal da ergonomia, porque ela, isoladamente, poderia justificar medidas que levem ao aumento dos riscos, além do sacrifício e sofrimento dos trabalhadores. Isso seria inaceitável, porque a ergonomia visa, em primeiro lugar, a saúde, segurança e satisfação do trabalhador.
2.4.5 Saúde
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Ainda segundo Lida (2005) a saúde do trabalhador é mantida quando as exigências do trabalho e do ambiente não ultrapassam as suas limitações energéticas cognitivas, de modo a evitar as situações de estresse, risco de acidentes e doenças ocupacionais.
2.4.6 Segurança De acordo com Lida (2005) a segurança é conseguida com os projetos do posto de trabalho, ambiente e organização de trabalho, que estejam dentro das capacidades e limitações do trabalhador de odo de reduzir os erros acidentes, estresse e fadiga.
2.4.7 Satisfação Conforme Lida (2005) satisfação é o resultado do atendimento das necessidades e expectativas do trabalhador. Contudo, há muitas diferenças individuais e culturais. Uma mesma situação pode ser considerada satisfatória para uns e insatisfatórios para outros, dependendo das necessidades e expectativas de cada um. Os trabalhadores tendem a adotar comportamentos mais seguros e são mais produtivos que aqueles insatisfeitos. .
2.4.8 Eficiência Conforme Lida (2005) eficiência é a consequência de um bom planejamento e organização do trabalho, que proporcione saúde, segurança e satisfação ao trabalhador. Ela deve ser colocada dentro de certos limites, pois o aumento indiscriminado da eficiência pode implicar em prejuízos á saúde e segurança. Por exemplo, quando se aumenta a velocidade de uma máquina, aumenta-se a eficiência, mas há também uma probabilidade maior de acidentes. Na produção industrial, há casos que se conseguem aumentar a eficiência sem comprometer a segurança, mas isso exige investimentos em tecnologia, organizações do trabalho e treinamento dos trabalhadores, para eliminar os fatores de risco.
2.5 Kaizen Filosofia japonesa que visa a melhoria contínua ontem melhor que hoje, hoje melhor que amanha. Segundo Ohno (1997) essa ferramenta é muito utilizada para aumento na produtividade com qualidade, opções baratas na solução de problemas visando a melhoria contínua, um processo diário de buscas por melhores processos para agregar valor aos produtos sem que haja perdas. Segundo Imai (1994) o Kaizen terá sucesso, com o envolvimento de todos, uma cultura que precisa ser inserida para e estar clara para todos os colaboradores, pois as atitudes mesmo que pareçam insignificantes, porém pensadas como um todo no andamento na produção de um determinado produto fará que a excelência seja diferencial na execução desta melhoria. Segundo Sharma (2003), estratégias do Kaizen, qualidade, custo, entrega no tempo combinado com o cliente, os problemas que acontecem no dia a dia, não devem ser ignorados e sim usados para por em prática a filosofia Kaizen de melhoria, seja no quesito qualidade, custo ou pontualidade na entrega. Segundo Sharma (2003) esta filosofia se aplica na dimensão pessoas, produtos e equipamentos. As pessoas devem ser estimuladas, motivadas, treinadas para entender a importância do método e de que forma se aplica e suas consequências, produtos inspecionados, verificados testados e aprovados para serem liberados para produção, equipamentos funcionando com medidas preventivas corretivas, dando continuidade para um processo kaizen com qualidade. Sendo Iman (1994), existem dez mandamentos no sistema Kaizen que devem ser seguidos, diminuição de desperdícios, melhorias graduais, todos colaboradores envolvidos, baseado em estratégia barata, é possível desenvolver em qualquer lugar, gestão visual, aceso e visibilidade de todos, o foco e no chão de fábrica, onde se aplica, orientação para os processos acredita nas pessoas, trabalho em equipe, as pessoas se sentem valorizadas por aprender mais, nada melhor para aprender que a prática.
2.6 Produtividade E o objetivo de empresa e indústrias, contando com vários fatores que cumulam em resultados. Planejamento Estratégico e Estratégia produtiva. Segundo Tubino (1999), o planejamento estratégico faz com que as operações aconteçam de maneira correta, orientando tomada de decisão as quais terão suas consequências a longo prazo, considerando que a empresa deve ter ciência do limite de suas forças e habilidades, sendo em relação ao meio ambiente e estratégias
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competitivas sabendo lidar com situações da concorrência oferecendo ameaças, sabendo reagir com rapidez e oferecer vantagens que superem a concorrência mostrado sua capacidades organizacionais superando dificuldades.
2.6.1 Critérios estratégicos da produção Segundo Tubino (1999) , esses critérios para produção vão determinar a forma que serão preparados todos os processos para dar vasão há produtividade e a integração de várias competências que precisam se unir, pois cada uma delas tem seu papel indispensável para por em prática o objetivo único porém, só acontecerá com a participação e função específica de cada setor.
Áreas de decisão Instalações
Capacidade de produção tecnológica
Integração Vertical
Organização
Recursos humanos Qualidade
Planejamento e controle da produção
Novos produtos
Descrição Localização geográfica, tamanho, volume e mix de produção, grau de especialização, arranjo físico e forma de manutenção. Nível, como óbtela e incrementá-la. Equipamentos e sistemas, com que grau de automação e flexibilidade, como atualiza-la e disseminá-la. O que a empresa vai produzir internamente, o que irá comprar de terceiros e qual política implementar com fornecedores. Qual estrutura organizacional, nível de centralização, formas de comunicação e controle das atividades. Como recrutar, selecionar, contratar, desenvolver, avaliar, motivar e remunerar a mão de obra. Atribuição de responsabilidade, que controles normas e ferramentas de decisões empregarem, quais os padrões e formas de comparação. Que sistema de PCP empregar, que política de compras e estoques, que nível de informatização das informações, que ritmo de produção manter e formas d controles. Com que frequência lançar, como desenvolver e qual a relação entre produtos e processos.
Figura 3: Tabela Descrição das áreas de decisão. ( pg 25 Tubino 1997) Segundo Tubino (1999), os critérios citados e implantados coma as políticas, sistemas, processos, capacidade de produção, tecnologia tem sua eficiência certificada com o setup rápida, e a mão de obra treinada para qualquer que seja a atividade a desempenhar no setor de produção, a produtividade leva em consideração a concorrência e posicionamento do mercado, a empresa precisa estar conectada com essas modificações que fazem parte do cotidiano empresarial.
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2.6.2 Filosofia JIT/TQC Segundo Tubino (1999) JIT- Just-In-Time, esta filosofia desenvolvida pelos japoneses na década de 60 ganhou destaque nos sistemas produtivos 20 anos depois, seu sistema utiliza produção puxada, com programação do tempo de produção, pequenos lotes, redução na programação de máquinas, manutenção preventiva, polivalência. TQC – Controle Total de Qualidade, desenvolvida juntamente com filosofia JIT (Just-In-Time) voltada para qualidade, identificação de questões que possam comprometer a sequência do segmento do produto em processo, esta filosofia contem características como, produção orientada pelo cliente, se baseia em fatos, controle do processo, tem o domínio dos lucros, padronização. O sucesso na produtividade conta com inúmeros pontos a serem considerados, somente e possível com planejamento bem executado e com o comprometimento de setores e pessoas que tenham uma cultura organizacional estabelecida.
3.1 Situação Atual As atividades executadas no setor de corte e embalagem, serão descritas a seguir. Este é o setor final da parte da produção onde entram bobinas com condutores elétricos, com metragens que variam entre dois mil metros e dez mil metros, que são colocados na máquina formadora de rolos onde são fracionados e saem rolos de cem metros, estes rolos são embalados manualmente com stretch ,em seguida é colocada a fita adesiva com a logomarca da empresa, depois é colocada a etiqueta de identificação do produto e por fim são paletizados onde ficam prontos para expedir. No setor de corte e embalagem trabalham dois colaboradores, um é responsável por operar a formadora de rolos e o outro é responsável pela embalagem dos rolos. Na situação atual ficaram visíveis problemas com ergonomia e produtividade. visto que o colaborador executa seu trabalho manualmente, embala em torno de 350 rolos por dia, cada rolo que sai da maquina já pronto para ser embalado o colaborador faz movimentos circulares em torno do mesmo, fazendo com que ocorra um esforço braçal, e movimentos repetitivos ao longo da sua jornada de trabalho. E assim não conseguindo atender as expectativas da empresa com relação a sua meta de trabalho e assim se tonando um gargalo no setor. Segundo Murrel (1949) “Ergonomia é o conjunto de conhecimentos científicos relativos ao homem e necessário para os engenheiros conceberem ferramentas, máquinas e conjuntos de trabalho que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficiência” Segundo Guimarães (2016) “Produtividade é o resultado daquilo que é produtivo, ou seja, do que se produz, do que é rentável. É a relação entre os meios, recursos utilizados e a produção final. É o resultado da capacidade de produzir, de gerar um produto, fruto do trabalho, associado à técnica e ao capital empregado”.
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Atualmente a embalagem dos rolos é feita em um processo manual e repetitivo, comprometendo a ergonomia do colaborador. Figura 4 :
situação atual: embalagem manual Fonte: os autores
Sendo assim o operador da formadora de rolos, atingindo uma produção média de 350 rolos, desliga a máquina uma hora antes do horário do expediente, para ajudar o operador da embalagem, a executar o processo final de produção ,o operador da formadora de rolo e o operador que realiza a tarefa da embalagem, juntos embalam os rolos que ficaram em processo aguardando para serem embalados, assim finaliza o processo de produção, devido ao “gargalo” existente entre a formadora de rolos e a embalagem dos mesmos. Desta forma conseguem em média 350 rolos produzidos e embalados, prontos para expedir. Como podemos observar no gráfico abaixo.
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450 400 350 300 250
formador de rolo embalagem
200 150 100 50 0 produção máxima
produção atual
Figura 5 : indicador situação atual (produção por dia) Fonte: os autores
3.2 Situação Ideal Na situação ideal propomos eliminar o “gargalo” entre a formadora de rolo e a embalagem dos rolos, aumentando a produtividade da embalagem, e desta forma balancear a linha de corte e embalagem, também propomos melhor ergonomia para o colaborador. Propomos a aquisição de uma máquina embaladeira de fios e cabos, de acordo com o fabricante da máquina, ela embala até três rolos por minuto, para atender a nossa demanda atual precisamos apenas de um rolo por minuto, assim essa embaladeira irá acabar com este “gargalo” existente na embalagem dos condutores elétricos. O custo com esta aquisição é de aproximadamente 20 mil reais, os benefícios são melhor ergonomia para o colaborador que deixará de embalar manualmente os rolos e um aumento na produtividade de 70 rolos por dia, em uma semana são 350 rolos, em um mês já são 1450 rolos, convertendo em dias trabalhados são mais de 4 dias ganhos por mês em relação a produção atual que era de 350 rolos por dia. Abaixo o indicador da situação ideal, onde comparamos a produção máxima diária, atual e ideal.
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440 420 400 380 formador de rolo embalagem
360 340 320 300 produção máxima atual
produção máxima ideal Figu
ra 6 : indicador situação ideal (produção por dia) Fonte: os autores. Abaixo o indicador da situação ideal, onde comparamos a produção máxima por mês, atual e ideal. 9500 9000 8500 formador de rolo embalagem
8000 7500 7000 6500 produção máxima atual/mês
produção máxima ideal/mês
Figura 7 : indicador situação ideal (produção por mês ) Fonte: os autores Na imagem abaixo, a máquina embaladeira de condutores elétricos, proposta de aquisição.
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Figura
8 : situação ideal: embaladeira de condutores elétricos. Fonte: www.google.com.br,2016 3.3 Análise Critica A WMO é uma empresa do ramo de chicotes elétricos e condutores elétricos, que está visando aumentar sua produtividade e reduzir os desperdícios, oferecendo para os colaboradores uma melhor ergonomia e assim termos melhores desempenhos no dia-a-dia de trabalho, Com a proposta de balancear a linha de corte e embalagem, propormos a aquisição da máquina embaladeira de rolos para um aumento de produtividade e lucratividade.
3.3.1 Riscos situação atual Os riscos de manter a situação atual do setor de corte e embalagem são além da ergonomia prejudicada, com a produtividade atual em um período de demanda aquecida o prazo de entrega fica mais longo devido a este problema no setor.
3.3.2 Vantagens situação ideal Os benefícios, são a eliminação do “gargalo”, aumentado a produtividade em um período de demanda aquecida podendo chegar até 20% de ganho. Melhor ergonomia, o trabalho deixará de ser manual.
3.3.3 Implantação – desafios A implantação da embaladeira de rolos é simples, de acordo com o fabricante o treinamento é feito em apenas dois dias.
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3.3.4 Cronograma Elaboramos o cronograma de implantação da proposta de balanceamento na linha de corte e embalagem de condutores elétricos, apresentada abaixo.
Ações
Previsão de inicio 21/11/16
Previsão de termino 25/11/16
28/11/16
02/12/16
05/12/16
09/12/16
Aprovação do orçamento; realizar aquisição; programar entrega para JAN/17. Recesso , férias coletivas.
12/12/16
16/12/16
19/12/16
06/01/17
Entrega da embaladeira.
09/01/17
13/01/17
Treinamento aplicado pelo fabricante ao operador da embaladeira. Adaptação do operador a máquina; Melhor ergonomia. aumento da produtividade de aproximadamente 20%.
16/01/17
17/01/17
17/01/17
01/02/17
17/01/17
01/02/17
balanceamento da linha de corte e embalagem.
17/01/17
01/02/17
Possíveis revisões indicadas pela banca avaliadora do projeto. Apresentar projeto a empresa para possível aprovação. Orçamentos atualizados do valor da máquina.
Figura 9 : cronograma de implantação. Fonte: os autores.
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4.CONSIDERAÇÕES FINAIS Hoje o Brasil está passando por uma crise onde todas as empresas, estão sendo afetadas, e tendo que recorrer a vários recursos seja fazendo lay-off, demissão em massa, cortar benefícios de colaboradores, e algumas até o fechamento de suas portas. Hoje a WMO procurou outros recursos para se manter no mercado, atendendo aos clientes com foco em qualidade e pontualidade. Internamente realizando melhorias em equipamentos e até mesmo substituição de máquinas antigas por máquinas com mais tecnologia, aproveitando a crise onde podemos negociar um preço mais acessível as finanças da empresa. Neste projeto estamos propondo a aquisição de uma nova máquina para acompanhar o fluxo da linha, hoje temos a etapa da embalagem dos rolos onde estão fracionados em 100 metros, este processo é feito no setor de embalagem que conta com um colaborador, hoje a meta de produção deste setor é de 350 rolos diários, mas para atender a essa meta o colaborador conta com a ajuda do operador da máquina formadora de rolos que é um processo anterior a embalagem , é feito o desligamento da formadora de rolos, uma hora antes do enceramento das atividades. Visto também que a ergonomia do colaborador que embala os rolos está sendo prejudicada por movimentos repetitivos, nós ao avaliarmos o processo com pesquisas qualitativa e quantitativa. Concluímos que com a aquisição da máquina embaladeira de rolos como está sendo proposto neste projeto além do aumento da produtividade que acompanhará a formadora de rolos, que hoje sua capacidade é de 420 rolos por dia, o colaborador não terá a sua ergonomia comprometida pois terá que somente operar a máquina, todo o esforço que hoje é feito a máquina fará no seu lugar. Olhando pelo lado produtivo com a aquisição da máquina a empresa terá um ganho aproximado de 1.500 rolos ao mês que corresponde a um aumento de 20% em sua produtividade. Com um cenário de demanda maior que a capacidade do setor de corte e embalagem, podemos propor além da aquisição da embaladeira, também a implantação de mais um turno de trabalho, assim continuaremos atendendo a demanda.
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