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Fazendas Tradicionais HISTĂ“RIA DAS
DA ESTRADA REAL
History of the Traditional Farms of the Royal Road
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APOIO
PATROCÍNIO
PATROCÍNIO
REALIZAÇÃO
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Apresentação É com orgulho que trazemos à luz esta publicação, gestada ao longo de mais de um ano por nossos profissionais de texto, fotografia e design. Tivemos o apoio do Instituto Estrada Real – FIEMG, da Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador, e de um seleto grupo de empresas que entenderam a importância de homenagear a grandeza do passado de Minas. Percorrer o roteiro da Estrada Real é reviver a história do Brasil Colônia, é entender como a descoberta do ouro nesta capitania provocou a ocupação do interior do país e fez surgir, ao redor das minas, através dos campos gerais, driblando o controle da Coroa Portuguesa, um sentimento de nação brasileira, sustentado pelo espírito de aventura, pela fé no trabalho e pela livre iniciativa. A maneira mais autêntica de fazer esta viagem é na sela de um Mangalarga Marchador, um cavalo tipicamente mineiro que foi desenvolvido nas fazendas do Sul do Estado e tornou-se requisitado pelo andamento elegante e de extrema comodidade. Beber a água cristalina das nascentes, respirar o ar puro das montanhas, sentir o cheiro dos currais, provar o queijo artesanal, descer as picadas das serras ouvindo o canto dos pássaros, o ranger da sela e o tilintar dos metais dos arreios é como voltar trezentos anos no passado. É um mergulho na História, é compartilhar os ideais dos inconfidentes, é conspirar com eles pela liberdade do Brasil. Depois que as riquezas foram extraídas da terra, restou o valor inestimável do potencial turístico da região. O ouro se foi; que venha o euro. Se você não puder montar agora numa sela, comece a aventura pelas páginas deste livro, que reúne um material inédito e encantador. Conheça os locais históricos e saiba como foram criadas 40 fazendas seculares situadas ao longo da Estrada Real. Suas sedes imponentes reúnem acervos importantes de peças sacras, mobília e louças da época, ferragens e ferramentas rústicas. E sobretudo guardam os segredos da boa cozinha e as origens da tradicional hospitalidade mineira.
Presentation We are proud to bring to light this book, conceived along over one year by our professionals of text, photography and design. We had the support of the Royal Road Institute – FIEMG, the Brazilian Association of the Mangalarga Marchador Horse Breeders, and a select group of companies that understand the importance of honoring the greatness of the past of this State. Walking the paths of the Royal Road is to relive the history of colonial Brazil, is to understand how the discovery of gold in this captaincy led to the occupation of inlands of our country and brought up around the mines, through the general fields, bypassing the control of the Portuguese Crown, a sense of the nationality, sustained by the spirit of adventure, faith in work and free enterprise. The most authentic way to make this journey is on the saddle of a Mangalarga Marchador, a horse developed in the southern farms of the State. This animal became required by its pace as elegant as extremely comfortable. Drinking clear water of the springs, breathing the fresh mountain air, smelling the stockyards, tasting the artisan cheese, coming down the narrow trails listening to the birds, the creaking of saddle and the clinking of metal of harness is like going back three hundred years in the past. It is a dip in History, is to share the ideals of the conspirators, and conspiring with them for the freedom of Brazil. After the wealth has been taken from the ground, remains the great value of the tourism potential of the region. The gold is gone, let come the euro. If you can not ride in the saddle now, start the adventure through the pages of this book, which includes an unreleased and charming material. Learn about historical sites and find out how were created forty old farms estates located along the Royal Road. Its impressive seats hold important collections of sacred pieces, furniture and chinaware, rustic hardware and antique metal tools. And above all they keep the secrets of fine cuisine and the origin of traditional hospitality of Minas Gerais.
Lúcio Nicolini e Eduardo Venturoli
Lúcio Nicolini and Eduardo Venturoli
Diretores da Top 2000
Directors of Top 2000
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Belo Horizonte, October 5, 2011 ADM 33/2011 Ref.: Publishing of the book History of the Traditional Farms of the Royal Road Dear Sirs: We present our greetings on the occasion of the above mentioned book. Far more than a book, it is an invaluable document which will remain in the history of Minas Gerais and Brazil. One can attest that this work registers our past as well as the roads opened by the Portuguese Crown for the outlet of the riches of Minas Gerais to the sea in building Brazil and our cultural identity. Traveling the Royal Road is reliving Colonial Brazil is being charmed by historical buildings and to be astonished with the most beautiful natural scenes. It is a tour beginning in the first pages of this book with the destination for the royal roads of Royal Road, if only on the wings of imagination. The fine cut along the traditional farms along Royal Road illustrates each of the elements which make up our culture and transport us to a remote epoch: the smell of the woods, the horses, the barns, the wood stove, chats on the porch, the sound of guitarists and the birds... It is with immense satisfaction that the Instituto Royal Road supports initiatives such as this, which depict the untold legacy which is still preserved and offered by the Royal Road. To the professionals who shared either directly or indirectly of this edition, our immense gratitude. Sincerely, Basques Vladimir Carvalho Sanna Estrada Real Institute To: Editora TOP 2000 Belo Horizonte
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Olhando para o passado somos capazes de entender o presente e, muitas vezes, vislumbrar o futuro. Reafirmamos o desejo de preservação, reforçamos a diversidade cultural brasileira e resgatamos a história viva de nosso país. Foi pensando nisso que o Banco BVA decidiu participar do projeto “FAZENDAS TRADICIONAIS DA ESTRADA REAL”. Este livro de caráter cultural e artístico nos traz imagens do sertão mineiro, sua gente, paisagens e costumes e valoriza o espaço cultural e o sentido de pertencimento da gente mineira. As fazendas situadas ao longo da Estrada Real, que foram fundamentais para o franco desenvolvimento da região, ainda hoje atraem muitos visitantes, fomentando o turismo local. Temos prazer em convidá-lo a viajar conosco nesta história e conhecer um pouco mais sobre fazendas de Minas Gerais. Esperamos que aproveitem a leitura deste livro tanto quanto nós apreciamos fazê-lo.
Atenciosamente, Benedito Ivo Lodo Filho
Looking back at the past, we are capable of understanding the present and many times having a glimpse of the future. We reaffirm the desire to preserve, whilst reinforcing Brazilian cultural diversity and live history of the our country. Thus, Banco BVA thought it over and decided to take part in the project “TRADITIONAL FARMS OF THE ROYAL ROAD”. This book’s cultural and artistic nature summons images of the sertão of the state of Minas, its people, scenery and customs heightening the value of the cultural space as well as the sense of belonging of the people of Minas. The farms located along the Royal Road, which were essential for the frank development of the region, still attract many visitors in the present, drawing many visitors, whilst sparking local tourism. It is our pleasure to invite you to join us in traveling through history and get to know a bit more about the farms of the state of Minas Gerais. We hope you enjoy reading this book as much as we appreciate having made it come true.
Sincerely, Benedito Ivo Lodo Filho
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“Minas são muitas, porém, poucos são aqueles que conhecem as mil faces das Gerais.”
“There are many Minas, though, there are few who know the thousand faces of Minas Gerais.”
Guimarães Rosa
Guimarães Rosa
Esta frase célebre do escritor mineiro é uma constatação de que nosso estado é uma fonte inesgotável de riquezas. Minas apresenta uma multiplicidade de climas, relevos, recursos hídricos e paisagens geográficas. Também se apresenta como grande alavancador da industrialização nacional. Na culinária, os tradicionais café e queijo mineiros, a canjiquinha e o doce de leite fazem sucesso e têm fama internacional. Outra característica de Minas que a faz tão singular é a diversidade e a riqueza cultural que remonta ao período colonial. Da música à dança, passando pelas tradicionais festas populares, muitas delas religiosas, tudo em Minas é variado e rico. A arte mineira revela ao mundo o barroco. São cidades históricas, patrimônios da humanidade, apresentando aos turistas casarões coloniais, monumentos, igrejas trabalhadas em ouro. Uma arquitetura única, magnífica. Caminhos que levam às cidades cortam as Gerais passando por fazendas cheias de tradição, personagens, cenários e histórias a serem contadas. Uma imensidão pronta para ser conhecida e apreciada por todos. O livro História das Fazendas Tradicionais da Estrada Real percorre um destes caminhos, e encontra, através de momentos particulares, um entendimento da essência mineira, tão brasileira e, também, tão universal. A Itatiaia, ao apoiar esta iniciativa, reforça a importância de apresentar às gerações futuras esta jóia de nosso país, com o objetivo de contribuir na formação de nosso povo, pois entende que conhecer a História é valorizar a vida, é aprender a respeitar a natureza, é reconhecer a diversidade do meio. É, enfim, participar da construção das estradas que queremos seguir de agora em diante.
This famous sentence of the Minas writer is the verification that our state is a never ending source of riches. Minas evinces a multiplicity of climates, land shapes, water resources and geographical views. It also stands out as a great gatherer of national industrialization. In the area of cookery, the traditional coffee and Minas cheeses, the corn porridge and milk taffy candy are popular and are internationally known. Another characteristic of Minas, which singles it out is the diversity and the cultural wealth which goes back to the Colonial period. From music to dance, going from the traditional popular fests, which are often religious in kind, to everything in Minas is varied and rich. The art of Minas showed the meaning of the Baroque to the world. There are historical cities, real patrimonies of humanity, presenting tourists with the rambling Colonial homes, monuments, churches carved in gold. It contains a unique and magnificent architecture. The roads which lead to the cities cut through Minas Gerais traversing farms rich in tradition, personages, scenarios and stories to be told. An immensity ready to be known and appreciated by all. The book History of the Traditional Farms of the Royal Road runs through one of these roads, and encounters, in special moments, an understanding of the essence of the Minas people, so Brazilian and also so universal. Itatiaia, upon supporting this effort, strengthens the a importance of presenting future generations with this gem of our Nation, with the objective contributing to the education of our people, since it sees knowing history as valuing life, it is learning to respect nature, it is recognizing the diversity of the ambience, it is in fine, taking part in the construction of the roads which we want to follow from here on.
Victor Penna Costa Diretor-Presidente da Itatiaia Móveis
Victor Penna Costa Director-President of Itatiaia Móveis
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A LEME Engenharia orgulha-se de ter construído sua trajetória em Minas Gerais, terra dos inconfidentes e coração do país, onde encontrou o impulso para expandir a sua atuação por todo o Brasil e exterior. E esta satisfação nos motiva a apoiar projetos culturais como a edição do livro História das Fazendas Tradicionais da Estrada Real, que é um retrato da singular riqueza histórica e cultural desses patrimônios mineiros. Este projeto preserva o relato de construção e consolidação da Estrada Real, importante via comercial e cultural entre Minas Gerais e a então capital da colônia portuguesa, Rio de Janeiro. A paisagem do caminho por onde ocorriam os principais intercâmbios mercantis, principalmente de ouro e produtos agrícolas, revela belas e rústicas fazendas que agregam harmonicamente natureza e arte em mais de 1.600 km de patrimônio. Registrar a história das fazendas da Estrada Real é, também, voltar no tempo e viver a história de Minas de um outro ângulo. No trajeto cortado por rios, Mata Atlântica e Cerrado, há fazendas que hospedaram monarcas e poetas, além de serem moradia de importantes personagens da história nacional, especialmente do período compreendido entre os séculos XVII e XX. Patrimônios mineiros de valor inestimável, várias propriedades já foram tombadas e conservam suas características originais. Nós, da LEME Engenharia, temos a certeza de que é através do respeito e contínuo retorno às nossas raízes que se constrói um futuro sólido. Por isso, desejamos que esta leitura prazerosa, composta de magníficas imagens, lhe desperte o sentimento de desfrutar o que há de melhor em nosso País.
Flavio Marques Lisbôa Campos Presidente da LEME Engenharia
LEME Engenharia is proud of having built its trajectory in Minas Gerais, home of the Inconfidentes and once the heart of our Nation, where it found the stimulus to expand its activities throughout Brazil and abroad. This satisfaction drives us to support cultural projects such as the publishing of “History of the Traditional Farms on the Royal Road”, a book that portrays the unique wealth of the historical and cultural heritage of the state of Minas Gerais. This book tells the tale of the construction and consolidation of the Royal Road, an important commercial and cultural link between Minas Gerais and Rio de Janeiro, then the capital city of colonial Brazil. The scenery on the road through which occurred the main commercial interchanges, chiefly of gold and farm products, displays beautiful rustic farms that harmoniously combine nature and art along more than 1,600 km of heritage. This record of the history of the farms on the Royal Road allows one to go back into the past and live the history of Minas from a different angle. Along the road´s path - cut across by rivers, Atlantic Forests and wooded grasslands - are farms that hosted kings and poets and were the homes of notable figures of our country´s history, particularly of the period between the 17th and the 18th century. Several of these properties preserve their original characteristics and have been recognized as heritage sites of inestimable value. We at LEME Engenharia are convinced that respecting and continuously returning to our roots are essential in building a solid future. We hope that this pleasurable reading, together with its magnificent images, will give you the feeling of enjoying some of the best there is in Brazil.
Flavio Marques Lisbôa Campos Chief Executive Officer of LEME Engenharia
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A P&H MinePro entende a cultura como um direito de todo cidadão e acredita que o patrocínio cultural contribui para a democratização desse direito. A política de patrocínios da empresa visa à valorização da cultura brasileira, principalmente a de Minas Gerais, estado em que se localiza a sede da empresa no Brasil, como instrumento de ação social e de construção da identidade nacional. Há mais de 50 anos no Brasil, a P&H integra o ambiente social brasileiro e se orgulha de fornecer produtos e serviços para uma atividade que caminha lado a lado com a história do país: a mineração. Por meio do patrocínio deste livro, a P&H MinePro espera incentivar a divulgação da cultura que se formou ao longo da Estrada Real. Aconselho você, leitor, a dirigir um olhar investigativo sobre as imagens, além de apreciar as paisagens e a diversidade cultural brasileira. Boa leitura!
Paulo Torres Diretor da P&H MinePro Services Brasil & Venezuela
P&H MinePro understands that culture is a right of every citizen and it believes that cultural sponsorship contributes to the democratization of that right. The enterprise’s policy seeks to heighten the value of Brazilian culture, principally that of the state of Minas Gerais, where the seat of the company is located in Brazil, as an instrument of social action as well as the construction of the national identity. For more than 50 years in Brazil, P&H is part of the Brazilian social ambience and is proud to furnish products and services for an activity, which walks side by side with the history of the Country, mining. By sponsoring this book, P&H MinePro hopes to spark the divulging of the culture that grew along the Estrada Real. A word of advice to You, Reader, to cast a searching eye on the pictures, in addition to appreciating the Brazilian panorama and cultural diversity. I wish you great reading!
Paulo Torres Director of P&H MinePro Services Brasil & Venezuela
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Senhores editores, Com prazer recebemos a notícia da publicação de documento tão valioso, com um olhar diferenciado e certamente muito atraente para a História do Brasil. Deve ser motivo de orgulho a saga de todos os aventureiros desbravadores destas terras, nobres portugueses e brasileiros, que cruzaram estes caminhos então desconhecidos. A construção desta “Estrada Real” em muito se assemelha à história do nosso cavalo Mangalarga Marchador e pode estar umbilicalmente associada a ela. Digo isso percorrendo os mais fiéis relatos sobre a formação desta raça magnífica de cavalos. Sabemos que os reprodutores das coudelarias mais tradicionais de Portugal foram trazidos para o Brasil e mestiçados com éguas nativas. Este cruzamento deu origem aos primeiros exemplares, aos poucos reconhecidos sob a alcunha Mangalarga, em homenagem à fazenda de mesmo nome. Essas mesmas terras compunham o cenário da Estrada Real, que formou-se desde os primeiros tempos do descobrimento, no Ciclo do Ouro, no século XVII, até o século seguinte, em pleno Ciclo do Café, quando “o caminho novo” foi concluído. Neste período também desenvolveram-se fortemente as grandes propriedades criadoras do cavalo de sela, serviço e passeio. As longas rotas de comércio eram percorridas no lombo dos animais que propiciavam maior conforto e maior rusticidade, como as mulas e, em seguida, os cavalos marchadores da raça Mangalarga. Nada mais justo, portanto, do que associar a imagem histórica da Estrada Real, da sua importância para a integração e para o desenvolvimento do Brasil, de mera colônia a potência emergente, à figura simbólica dos animais que tanto colaboraram para tão grandioso desfecho. Desejamos sucesso a esta iniciativa e nos colocamos como parceiros desta obra em que nos identificamos, também, como protagonistas. Por tudo isso, desde já, os parabenizamos pelo trabalho. Um forte abraço,
My dear Editors: It is with pleasure that we received the news of the publication of such a valuable document, casting a different as well as a certainly very attracting look at the History of Brazil. The saga of the all adventurer pioneers of these frontiers must indeed be a reason for pride of noble Portuguese and Brazilians, which traversed these roads hitherto unknown. The building of this Royal Road greatly resembles the history of our Mangalarga Marchador horse and may be said to have an umbilical association with it. I say this as I peruse the most faithful stories regarding this magnificent breed of horses. We know that the sires from the most traditional stables of Portugal were brought to Brazil and bred with native mares in a real mestizo process. This breeding gave way to the first exemplars, bit by bit recognized as the commemorative Mangalarga seal in honor of the farm bearing the same name. These same lands made up the Royal Road panorama, which began to take shape from the first moments of the discovery, in the Golden Cycle, during the XVIIth century, up until the following century, in the midst of the Coffee Cycle when the new road was concluded. It was at this time too, that the large properties of the saddle, work and riding horse breeders developed. The long commercial routes were traveled astride the backs of animals which rendered greater comfort and rusticity, such as mules, and soon afterwards, the marching horses of the Mangalarga breed. Nothing could be more propitious, therefore, than to associate the historical image of the Estrada Real, of its importance in the integration and development of Brazil, from mere colony to emerging power, with the symbolic figure of the animals which so collaborated with the glorious end. We wish success to this project and place ourselves as partners in this work with which we identify also as protagonists. For all of this, from this moment on, we congratulate you on this job.
Magdi Shaat Presidente ABCCMM
With an affectionate embrace, Magdi Shaat President of ABCCMM
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A Estrada Real / The Royal Road ..................................................................................................................................................................................................................................................................................13 Fazendas Tradicionais da Estrada Reall / Traditional Farms of the Royal Road.......................................................................................................................................................46
Sul de Minas / South of Minas Fazenda Campo Lindo – Aiuruoca .................................................................................48 Fazenda Bahia – Andrelândia ............................................................................................52 Fazenda do Porto – São Vicente de Minas..............................................................56 Fazenda Espírito Santo – São Vicente de Minas ................................................60 Fazenda Pitangueiras – São Vicente de Minas ...................................................64 Fazenda Engenho de Serra – São Vicente de Minas ......................................68 Fazenda Sesmaria – São Vicente de Minas.............................................................72 Fazenda Bela Vista – São Vicente de Minas ..........................................................76 Fazenda Casarão das Pitangueiras – São Vicente de Minas ..................80 Fazenda Traituba – Cruzília .................................................................................................84 Fazenda Angahy – Cruzília...................................................................................................90 Fazenda dos Lobos – Cruzília .............................................................................................94 Fazenda Narciso – Cruzília....................................................................................................98 Fazenda Favacho – Cruzília.................................................................................................102 Fazenda dos Pinheiros – Minduri ...................................................................................110 Campos das Vertentes / Watershed Fields Fazenda do Mosquito – Coronel Xavier Chaves ................................................114 Fazenda do Vau – Lagoa Dourada ...............................................................................120 Fazenda das Bandeirinhas – Lagoa Dourada .....................................................124 Fazenda Capão Seco – Lagoa Dourada ....................................................................128 Fazenda São João Batista – Entre Rios de Minas ..............................................132
Região Central / Central Region Fazenda da Mamona – Santana dos Montes......................................................136 Fazenda Cachoeira do Santinho – Santana dos Montes ..........................140 Fazenda Fonte Limpa – Santana dos Montes .....................................................144 Fazenda Solar dos Montes – Santana dos Montes ........................................148 Fazenda do Tanque – Santana dos Montes .........................................................152 Fazenda Pé do Morro – Ouro Branco..........................................................................158 Casa Bandeirista – Ouro Preto..........................................................................................162 Fazenda Gualaxo – Mariana ..............................................................................................166 Fazenda dos Martins – Brumadinho ..........................................................................170 Fazenda Boa Esperança – Belo Vale ............................................................................174 Fazenda Santa Marina – Santana dos Montes ..................................................178 Caminho dos Diamantes / The Road of the Diamonds Fazenda das Minhocas – Jaboticatubas .................................................................182 Fazenda Cipó – Santana do Riacho.............................................................................186 Fazenda Barbosa – Sabinópolis......................................................................................190 Fazenda do Ribeirão – Dom Joaquim........................................................................194 Chácara do Barão do Serro – Serro..............................................................................198 Fazenda Horizonte Belo – Serro .....................................................................................202 Fazenda Engenho de Serra – Serro .............................................................................206 Fazenda Recanto do Vale – Milho Verde................................................................210
Referências bibliográficas / References........................................................................................................................................................................................................................................................216 Ficha Técnica / Credits......................................................................................................................................................................................................................................................................................................216 12
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A Estrada Real THE ROYAL ROAD
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Estrada Real era o nome que se dava, na época do Brasil Colônia, a qualquer rota terrestre controlada pela Coroa, utilizada para a circulação de pessoas, mercadorias e riquezas. O termo também fazia alusão à vontade real suprema que exigia obediência aos caminhos fiscalizados. Caso outra via fosse usada, o infrator podia ser julgado por crime de “lesa-majestade”. "Lesa-majestade quer dizer traição cometida contra a pessoa do Rei, ou seu Real Estado, que é tão grave e abominável crime, e que os antigos Sabedores tanto estranharam, que o comparavam à lepra, porque assim como esta enfermidade enche todo o corpo, sem nunca mais se poder curar, e empece ainda aos descendentes de quem a tem, e aos que ele conversam, pelo que é apartado da comunicação da gente: assim o erro de traição condena o que a comete, e empece e infama os que de sua linha descendem, posto que não tenham culpa." - Ordenaçoes Filipinas, Livro V, título 6, e definidas como "traição contra o rei”. Entre os séculos XVII e XIX, um conjunto de vias terrestres aproximou diferentes regiões do território brasileiro. A Estrada Real foi sendo construída nos muitos anos de idas e vindas, das Minas ao litoral do Rio de Janeiro, em busca de riquezas.
Os primeiros imperadores do Brasil: D. Pedro I e D. Leopoldina Aquarela, 1818 - Jean Baptiste Debret
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Retrato de D. João VI Óleo sobre tela, Jean Baptiste Debret
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Royal Road was the name given, during the time of Colonial Brazil, to any land route which was controlled by the Crown, used for the movement of people, goods, and riches. The term also alluded to the supreme royal will which demanded obedience to the inspected roads. In case another route were used, the person breaking the law could be judged for the crime of lese majesty. "Lese majesty means treason committed against the person of the King, or His Royal State, which is such a grave and abominable crime, and which the ancient Wiseman found so strange that they compared it to leprosy, because just as this disease covers the whole body, it never more
n being possible to be cured of it, and it likewise wards off even the descendents of those who have it, as well as those who speak to them, to be separated from the communication with people: thus, the error of treason condemns he who commits it, barring and defaming those who descend from his line, for it is not their fault.� Phillipine Ordenances, Book V, title 6, and defined as "treason against the King�. Between the XVIIth and XIXth centuries, a series of land connections brought the different regions of the Brazilian territory closer together. The Estrada Real was built in the many years of to and for, between Minas and the Rio de Janeiro coast, in search of riches.
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Desembarque de D. Leopoldina no Brasil Litografia, Jean Baptiste Debret
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O Caminho Velho Assim é chamado o trajeto mais antigo que ligava o litoral às minas de ouro. A rota foi construída por volta do século XVII e era a melhor forma de ligação entre o estado de Minas Gerais, por meio de Vila Rica, hoje Ouro Preto, ao porto da cidade de Paraty, no estado do Rio de Janeiro. Embora a distância fosse maior que partindo da cidade do Rio de Janeiro, o porto de Paraty era mais seguro, no início do Ciclo do Ouro, contra as incursões dos piratas franceses. O trecho começa no porto de Paraty e transpõe a Serra do Mar, seguindo em direção ao Leste de São Paulo, passando por cidades como Cunha, Lorena, Guaratinguetá e Cruzeiro. Já em Minas Gerais, o Caminho Velho passa pelos municípios de Passa Quatro, Itanhandu, Baependi, Cruzília, São João del-Rei e Ouro Branco, até chegar a Ouro Preto. Passa Quatro era o ponto mais acessível para transpor a Serra da Mantiqueira, de Paraty a Diamantina. Ao todo, a Estrada Real abrange 177 municípios, sendo 162 em Minas. Percorrer o trecho a partir de Paraty dava acesso à região das Minas Gerais. No sentido inverso, permitia escoar as riquezas pelo mar, para a Metrópole. A viagem entre os continentes numa nau cargueira podia durar 95 dias. Para percorrer os cerca de 1.400 quilômetros entre Paraty e Diamantina, várias semanas eram necessárias. Um grande cavaleiro como o alferes Tiradentes, trocando de montaria a cada 30 km, levava um mínimo de duas semanas entre Paraty e Ouro Preto. O Caminho Velho foi, na fase inicial das descobertas do ouro, a mais importante rota de chegada e de abastecimento da região das minas. Pelo trecho circularam os primeiros bandeirantes pau¬listas que partiam de Taubaté e cruzavam a Mantiqueira em Passa Quatro, logo seguidos pelos forasteiros de outras regiões da colônia e da Europa. Em seguida, vieram os mercadores e os comboios de escravos. Quando burros e mulas surgiram como alternativa ao transporte de car¬gas, que era feito, até então, sobre as costas de escravos índios e negros, formou-se no Centro-Sul do território colonial uma verdadeira rede de cir¬culação de tropas. O Caminho Velho foi associado às vias de entrada do Sul da colônia. De lá vinham, com destino a São Paulo, o gado bovino, os animais para montaria e, principalmente, os burros e as mulas, que seriam usados no transporte e no abastecimento das Minas Gerais. Além dos bois, cavalos e muares vindos do sul, circulavam pelo Caminho Velho produtos como toucinho, aguardente, açúcar, milho, trigo, marmelada, frutas, panos, calçados, drogas e re¬médios, algodão, enxadas e artigos importados, como o sal, armas, munições, azeite, vinagre e vinho. O movimento intenso de pessoas, mercadorias e ouro fez surgir os locais de pouso, ranchos, mercearias, povoados e vilas. Como exemplo desse crescimento das povoações pelo caminho, pode-se citar a Vila de São João del-Rei.
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Parati, vista de frenta a uma légua e meia de distância (1827) - Aquarela sobre papel, Jean Baptiste Debret
Acampamento notruno de viajantes Litografia, Jean Baptiste Debret
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Para os viajantes, a transposição da Serra da Mantiqueira era a parte mais difícil da rota. Os lamaçais constantes durante o período de chuvas, os precipícios e as montanhas íngremes eram difíceis de enfrentar. Em alguns trechos, era preciso apear e caminhar puxando as montarias. As cargas eram aliviadas das costas dos animais e carregadas pelos homens. Tantas dificuldades eram superadas pelos aventureiros pelo sonho de encontrar o “sabarabuçu”, o termo indígena que significava “montanha de ouro”, ou o Eldorado das lendas da América espanhola. Em uma das expedições, os bandeirantes acreditaram ter visto a montanha mística. No entanto, tratava-se de um cume de minério de ferro que refletia a luz do sol. A palavra “sabarabuçu” também deu nome a um trecho da Estrada Real. Foi um prolongamento do Caminho Velho, que fazia ligação com o Caminho dos Diamantes. Nele ocorreu um dos principais combates da Guerra dos Emboabas, o de Morro Vermelho. Na mesma rota, estava situado o arraial de Sabará, mais tarde elevado à categoria de Vila Real da Conceição, capital da Comarca. Era uma das áreas mais populosas do estado, que abrigava um dos maiores empórios comerciais da região mineradora, assim como o município de Vila Rica, atual Ouro Preto. Com a chegada da estrada de ferro a Guaratinguetá, em 1877, começou um irreversível processo de estagnação de Paraty e do Caminho Velho. A ferrovia ligava as cidades da região cafeeira do Rio de Janeiro à Estrada de Ferro D. Pedro II, inaugurada em 1858, e que foi batizada mais tarde de Central do Brasil. A notícia de que em uma região ampla, que incluía os vales dos rios das Velhas, Doce e das Mortes, existia ouro de aluvião e nas encostas das montanhas, fez com que aventureiros viessem atrás das riquezas, no Centro-Sul do que hoje é o estado de Minas Gerais. Em todo lugar, exploradores remexiam os ribeirões e lavavam as areias em busca das partículas que podiam ser encontradas nos cursos d’água. Estas partículas ficaram conhecidas como faíscas, porque brilhavam ao sol. Na época, também surgiram novos termos: faisqueira, que era o depósito de ouro e faiscador, que remetia ao minerador. Os aventureiros que subiam às grimpas das montanhas à procura de ouro eram chamados de “grimpeiros”, e depois garimpeiros. Rapidamente, o sertão se tornou o roteiro de multidões de aventureiros que sonhavam enriquecer depressa. A maioria sem preparo técnico para a mineração. Começa então uma típica corrida do ouro. A saída de grandes contingentes em busca de riquezas fáceis foi uma ameaça às vilas paulistas. Muitas se viram esvaziadas de sua força produtiva. A notícia do ouro se alastrou pela colônia e pela Europa. Do Nordeste brasileiro
também desceram levas de homens contagiados pela febre do ouro, pelo rio São Francisco e pelo sertão da Bahia, afetando a produção dos engenhos de cana-deaçúcar. Lisboa, em Portugal, também foi afetada. Foi necessária a instituição de um sistema de passaportes para controlar a migração e evitar o esvaziamento do reino. Os anos foram se passando e, com eles, vieram novas e melhores técnicas de exploração mineral. Já não se buscava somente o ouro dos cursos de água, mas também os veios que se entranhavam pelas encostas. À medida que as reservas se esgotavam, mais porções do território mineiro passavam a ser exploradas. O crescimento populacional descontrolado das regiões mineradoras logo acarretou uma crise de abastecimento de alimentos. A fome teve então dois momentos marcantes. O primeiro entre 1697 e 1698 e o segundo entre 1700 e 1701. Comia-se de tudo para evitar a morte. Desde cães, gatos e ratos a insetos. A esse triste cenário somou-se uma epidemia de varíola e as cheias dos rios. Houve queda na ex¬tração do ouro e uma forte alta dos preços de qualquer produto que chegasse à região mineradora. Tudo era cotado em ouro. Para se ter idéia, uma galinha, por exemplo, chegou a custar três ou quatro oitavas de ouro em pó, ou seja, 10 a 12 gramas de ouro. Um boi era vendido por cem oitavas, ou quase 360 gramas de ouro.
Ouro Preto Fotografia
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The Old Road Thus is called the oldest stretch of the road connecting the coast and the gold mines. The route was built around the XVIIth century and it was the best manner of linkage between the state of Minas Gerais, by way of Vila Rica, today Ouro Preto, to the port of the city of Paraty, in the state of Rio de Janeiro. Although the distance was greater than leaving directly from the city of Rio de Janeiro, the port of Paraty was safer, at the beginning of the Gold Cycle, against the incursions of French pirates. The stretch begins in the port of Paraty and crosses over Serra do Mar, following into the East of São Paulo, passing through cities such as Cunha, Lorena, Guaratinguetá and Cruzeiro. Whilst in Minas Gerais, the Old Road goes through the cities of Passa Quatro, Itanhandu, Baependi, Cruzília, São João del-Rei and Ouro Branco, until it reaches Ouro Preto. Passa Quatro was the most accessible point to cross over Serra da Mantiqueira, from Paraty to Diamantina. All accounted for, Royal Road covers 177 municipalities, of which 162 are in Minas. Traveling the stretch from Paraty gave access to the region of Minas Gerais. The opposite direction, allowed the transport of riches by sea to the Metropolis. The journey between the continents on a cargo ship could last 95 days. Traveling the nearly 1.400 kilometers between Paraty and Diamantina, required several weeks. A great rider such as second lieutenant Tiradentes, changing horses at every 30 km, took a minimum of two weeks between Paraty and Ouro Preto. The Old Road was, during the initial phases of the discovery of gold, the most important route of arrival and the purveyance of the mine region. The stretch allowed for the movement of the first bandeirantes from São Paulo state for those who departed from Taubaté and crossed over the Mantiqueira at Passa Quatro, soon followed by the foreigners from other regions of the Colony and Europe. There soon came the merchants and slave caravans. When donkeys and mules appeared as an alternative in transporting cargo, which was thus far done on the backs of Indians and blacks, there took place in the Mid South a real network for the movement of troops. The Old Road was associated with the entry access to the south of the Colony. From there came, and were bound to São Paulo, cattle, animals for riding and especially, donkeys and mules, which would be used in the transportation and purveyance of Minas Gerais. Beside the cattle, horses and mules which came from the South, products such as bacon, firewater, sugar, corn, wheat, marmalade, fruits, fabric, shoes, drugs and medicine, cotton, hoes and articles from the South, moved along the Old Road. The intense movement of people, goods and gold caused the springing up of lodging places, ranches, grocery stores, towns and villages. As an example of the growth of towns along the way, Vila de São João del-Rei is noteworthy. Travelers thought of the crossing over of Serra da Mantiqueira as the most difficult part of the route. Constant mud holes during the rainy season, precipices and the steep mountains were hard to face. Along some stretches, it was necessary to get off the animals, while walking and pulling the mounts. Loads were lightened from animal backs and carried by men. So many hardships were overcome by the adventurers dreaming about finding the “sabarabuçu”, the Indian word for “mountain of gold”, or the El Dorado in the legends of Spanish America. On one of the expeditions, the bandeirantes believe to have seen the mystical mountain. Nonetheless, it was the top of the iron ore hill that shone in the sunlight. The word “sabarabuçu” also gave its name to a stretch of the Royal Road. It was an extension of the Old Road, which converged with the Diamond Road. It was here where one of the main battles of the Emboabas War, that of Morro Vermelho, took place. On the same route, the hamlet of Sabará was located; it would later be raised to the category of Vila Real da Conceição, capital of the District. It was one of the most thickly populated areas of the state, which harbored one of the largest commercial trading centers of the mining region, as well as the city of Vila Rica, currently known as Ouro Preto. With the coming of the railroad to Guaratinguetá, in 1877, there began an irreversible stagnation process of Paraty and of the Royal Road. The railroad connected the cities of the
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Negros serradores de pranchas - Litografia, Jean Baptiste Debret
coffee growing region of Rio de Janeiro to the Dom Pedro II Railroad, inaugurated in 1858, and later on named Central do Brasil. News telling of an ample region, which included the valleys of the rivers known as Das Velhas, Doce, and Das Mortes, had alluvial gold, as well as on the sides of the mountain, impulsed adventurers to come after the riches in the Mid South of what is today the state of Minas Gerais. Everywhere, explorers went through the streams and washed the sands in search of the particles which could be found in the water flows. These specks came to be known as sparks, since they shone in the sun. At the time, new terms also surfaced: sparkler, which was the gold bed, and gold panner, which singled out the miner. The adventurers who went up the tops of the mountains in search of gold were called “gold pickers”, and later on, “prospectors”. Quickly, the bush became the route of droves of adventurers, who dreamed of getting rich fast. The majority had no technical preparation for mining. Thus, begins the typical goldrush. The exit of large contingents in search of easy wealth was a threat to paulista – people from the state of São Paulo – villagers. Many found themselves depleted of their productive force. News of the gold spread throughout the Colony and Europe. Down from the Brazilian Northeast there also came droves of men caught up in the contagion of gold fever, by way of the São Francisco river and the backwoods of the state of Bahia, affecting the production of the sugar cane mills. Lisbon, in Portugal, was also affected. It was necessary to institute a system of passports to control migration and avoid the emptying of the kingdom. The years passed by, and with them, came new and better gold mining techniques. No longer was there only a search for gold in the water flows, but also in the veins that were embedded in the mountain slopes. As the reserves dried up, additional pieces of the Minas Gerais state began to be exploited. The uncontrolled population growth in the mining regions brought with it a food purveyance crisis. Famine then had two striking moments. The first was between 1697 and 1698 and the second, was between 1700 and 1701. Everything was eaten in hopes of warding off death – dogs, cats and rats and even insects. Added to this devastatingly sad scene came a smallpox epidemic and river floods. There was a fall in gold extraction and a strong rise of the prices of any product coming to the mining region. The price of everything was quoted in gold. To help the reader’s understanding, a chicken, for example, got to cost three to four gold dust octaves, that is, 10 to 12 grams of gold. A steer was sold for one hundred octaves, or almost, 360 grams of gold.
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O Caminho Novo Na primeira metade do século XVIII, muitos conflitos aconteceram pela posse de terra e das jazidas minerais, como a Guerra dos Emboabas. Também foram registrados problemas com o fisco e rebeliões de escravos negros. Escoar a produção passava a ser um problema. Além da dificuldade de atravessar a serra da Mantiqueira pelo Caminho Velho, a mercadoria de valor dava uma volta muito longa até chegar ao porto de Paraty. Rota arriscada demais para a Coroa, que precisava de um novo caminho. Quem encarou a empreitada de abrir uma nova via de comunicação entre o Rio de Janeiro e Vila Rica foi Garcia Rodrigues Paes, filho primogênito do bandeirante Fernão Dias Paes Leme. Até 1709 ele labutou na estrada com trabalhadores brancos e 40 escravos. Seu objetivo era cobrar pedágio por oferecer uma estrada em terreno mais plano, que evitasse as penosas travessias das serras. Partindo de sua fazenda em Borda do Campo, onde hoje fica a cidade de Barbacena, ele desceu a Mantiqueira e seguiu pelos vales dos rios Paraíba do Sul e Paraibuna, passando por Juiz de Fora, Matias Barbosa, Simão Pereira, Entre Rios e Barra do Piraí. Nessa época, o Rio de Janeiro sofria as invasões dos piratas franceses, que às vezes se aventuravam até Paraty. Aos poucos, as autoridades da capital foram reforçando os fortes e as defesas da Baía da Guanabara, tornando o Rio de Janeiro um dos portos mais bem guardados do mundo. O caminho novo, mais rápido e mais prático, passou a ser o preferido para o escoamento das riquezas e para a entrada das mercadorias. Apesar de mais curta, a viagem era vazia por uma região ainda virgem, sem recursos e confortos que pudessem ser oferecidos ao viajante, como havia no Caminho Velho. Em longas cavalgadas pelos ermos, o risco de assaltos era grande. Contudo, o tempo de viagem a partir do Rio de Janeiro foi reduzido a um terço do que era anteriormente, por evitar a travessia marítima até Paraty, os lamaçais da Serra do Mar e a chuvosa transposição da Mantiqueira. A propósito, “mantiqueira” em tupi-guarani significa “serra que chora”. Para evitar o trecho mais difícil e perigoso do Caminho Novo, que era a transposição da Serra do Mar, uma variante que ligava a cidade do Rio de Janeiro e o rio Paraíba do Sul foi aberta. O atalho encurtava a viagem em cerca de quatro dias e era melhor em relação ao caminho original por oferecer terrenos mais planos. A nova rota foi aberta pelo sargento-mor Bernardo Soares de Proença e batizada de Caminho do Proença. O novo trecho, preferido a partir de então, foi alargado pelo próprio Garcia Rodrigues que o tornou trafegável para as tropas e se consolidou definitivamente. Na via oficial de exploração, foram instituídos os controles de fiscalização e passou a ser proibida a utilização das demais vias. Rigorosas punições foram estabelecidas para quem incorresse nesses "descaminhos".
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n The New Road n n
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During the first half of the XVIIIth century, lots of conflicts took place due to the ownership of lands and the beds of gold, such as the Emboabas War. There were also registries of problems along with taxing and black slave rebellions. The flow of production became a problem. Beside the hardship of crossing over the Mantiqueira mountain through Old Road, the valuable goods had a very long way to reach the port of Paraty. It was too risky a way for the Crown, which needed a new road. The one to face up to the ordeal of opening up a new way of communication between Rio de Janeiro e Vila Rica was Garcia Rodrigues Paes, first born son of bandeirante Fernão Dias Paes Leme. Up until 1709, he toiled with white workers and 40 slaves. His objective was to charge toll by presenting a road on flatter land, which would prevent the long suffering crossovers of the mountains. Upon leaving his fazenda in Borda do Campo, where the city of Brabacena is located today, he came down the Mantiqueira and followed the valleys of the Paraíba do Sul and Paraibuna rivers, going through Juiz de Fora, Matias Barbosa, Simão Pereira, Entre Rios and Barra do Piraí. At the time, Rio de Janeiro underwent invasions of the French pirates, who sometimes ventured up to Paraty. Little by little, the authorities of the capital strengthened the forts and the defenses of Guanabara Bay, turning Rio de Janeiro into one of the safest seaports of the world. The new road, which was quicker and more practical was chosen for the flow of riches and entry of merchandise. Despite being shorter, the trip was empty because this was a region which was yet virgin, bereft of resources and comfort, to be offered to the traveler, as had previously been the case on the Old Road. On long cavalcades through deserted areas, the risks of assaults were great. Nevertheless, the time of the trip from Rio had been reduced to a third of what it had previously been, since it avoided the sea crossing up to Paraty, the mud holes of the Serra do Mar, rainforest, and the rainy crossover of the Mantiqueira. The term “mantiqueira”, by the way, means “the mountain which cries”. In order to avoid the most difficult and dangerous stretch of the New Road, which was the crossover of the Serra do Mar, an alternate route which connected the city of Rio de Janeiro and the Paraíba do Sul river was open. The cutoff shortened the trip in nearly four days and it was better with regard to the original road, since it afforded flatter terrain. The new route was opened by Sargent Major Bernardo Soares de Proença and was christened Caminho do Proença. The new stretch, as it was preferred to from then on, was made wider by Garcia Rodrigues himself, who made the road trafficable for the troops and it definitively became consolidated. On the official exploration way, there were inspection checkpoints instituted and it was forbidden to use the other ways. Rigorous punishments were set up for those who incurred in these “wayward ways”.
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\Fiscalização O volume de riquezas exploradas na região das Minas Gerais era crescente no século XVIII. Para coibir os excessos livres, a Coroa Portuguesa criou formas de garantir o controle da exploração. Para isso criou postos de inspeção para arrecadar os diversos tributos sobre minerais, em especial ouro e diamantes, mercadorias, escravos e animais em trânsito, como cavalos, muares e bovinos. Mais tarde foram instituídas as chamadas casas de fundição, onde o ouro extraído era purificado e transformado em barras, nas quais era aposto um cunho que as identificava como "ouro quintado", isto é, do qual já fora deduzido o tributo do "quinto". Era também expedido um certificado que deveria acompanhar a carga daí em diante. Essa medida aumentou a insatisfação das pessoas – que já reclamavam dos altos preços dos alimentos – e acabou ocasionando a Revolta de Vila Rica, em 1720. As principais exigências dos rebeldes eram a redução dos preços dos alimentos e a anulação do decreto que criava as casas de fundição. A oferta de alimentos aumentou e os preços caíram a partir da instalação dos empreendimentos agrícolas que foram enfocados neste trabalho. Na região também havia dois destacamentos de cavalaria, os chamados Dragões das Minas. Eles eram encarregados de manter a segurança do transporte do ouro e dos diamantes produzidos nas Minas Gerais. Vigiavam distritos mineradores e seus caminhos. Um terceiro destacamento cuidava da segurança do Vice-Rei e da então capital, a cidade do Rio de Janeiro. Com a Independência do Brasil, transformou-se na Imperial Guarda de Honra dos Mosqueteiros de D. Pedro I (1822-1831). A partir da segunda metade do século XVIII, ocorreu o declínio da produção mineral no distrito das minas. Tal situação ocorreu durante o governo do Marquês de Pombal. A crise levou a uma intensificação da política fiscal, medidas impopulares como a Derrama, e a uma insatisfação que conduziu à Inconfidência Mineira, reprimida com mão de ferro pela Coroa Portuguesa. Com a proclamação da Independência do Brasil em 1822, as estradas reais tornaram-se livres, vindo a constituir, com a riqueza proporcionada pela lavoura do café, os principais eixos de urbanização da região Sudeste.
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Inspection The volume of wealth explored in the Minas Gerais region was on the increase in the XVIIIth century. In order to thwart unwarranted excesses, the Portuguese Crown established forms of guaranteeing exploitation control. It set up inspection posts for collecting the various tributes on minerals, specially gold and diamonds, merchandise, slaves and animals in transit, such as horses, mules and cattle. Later on the so-called smelting houses were instituted, where the gold extracted was purified and made into bars, on which was placed a seal which identified them as “fifth gold", that is, that out of which had already been deducted the tribute of the “ fifth”. There was also issued a certificate which should go along with the cargo from then on. This measure increased the dissatisfaction of the people, who already complained about the high prices of food, and it ended up setting off the Revolta de Vila Rica, in 1720. The principal demands of the rebels were the reduction of food prices and the annulment of the decree which established smelting houses. The offer of food increased and the prices fell as of the installment of agricultural enterprises which focused on that activity. In the region, there were also two cavalry detachments called the Dragons of Minas. They were in charge of the keeping of security of transportation of gold and diamonds produced in Minas Gerais. They kept watch over the mining districts and their roads. A third detachment was in charge of the security of the Vice-Roy and the capital at the time, the city of Rio de Janeiro. With the independence of Brazil, it was transformed into the Imperial Guard of Honor of the Musketeers of Dom Pedro I (1822-1831). As of the second half of the XVIIIth century, there was the decline of the mineral production in the mine. This situation took place during the government of the Marquis de Pombal. The crisis led to the heightening of the fiscal policy, unpopular measures such as Derrama, and the dissatisfaction which led to the Inconfidência Mineira. With the proclamation of the Independence of Brazil in 1822, the royal roads became free, leading to building, together with the wealth provided by the farming of coffee, the principal axis of urbanization in the Southeastern region.
Vendedores de cavalos de Minas passeando na cidade Aquarela e lápis (1818 - Rio de Janeiro), Jean Baptiste Debret
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Vista do Largo do Paço no Rio de Janeiro - Litografia, Jean Baptiste Debret
Vista geral da cidade do Rio de janeiro, tomada da enseada de Praia Grande - Litografia, Jean Baptiste Debret
Vista da entrada da BaĂa do Rio de Janeiro - Litografia, Jean Baptiste Debret
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Princesa Isabel e o conde d’Eu saindo de sua residência Fotografia de 1870 22
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A Rota dos Diamantes A Rota dos Diamantes é a última parte da Estrada Real e vai de Ouro Preto até Diamantina. Foi traçada na segunda metade do século XVIII, época em que os diamantes da antiga região do Tejuco, hoje Diamantina, chamaram a atenção dos exploradores das riquezas de Minas Gerais. Essa rota foi aberta para atender às necessidades da Coroa de se ter um caminho que possibilitasse o transporte da nova riqueza até o Rio de Janeiro.
O primeiro registro da descoberta de diamantes na região é de 1714, nas proximidades da serra da Lapa, na região do arraial do Tejuco, a partir da exploração de um faiscador. Na mes¬ma época, há registros de outra descoberta na região do córrego Mosquito. Daquela época, conta-se que as belas pedrinhas eram usadas para marcar pontos em jogos de cartas e também serviam como talismãs e adorno de escravas amancebadas.
Vista parcial de Diamantina, em 2010 - Fotografia, Geidy Romeiro
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A notícia da descoberta dos diamantes foi mantida em segredo. Durante anos a fio, um grande volume de "pedrinhas brilhantes" foi explorado na comarca do Serro Frio sem que a população local tivesse conhecimento do que os diamantes representavam de fato. Quem conhecia seu valor tentava recolher sua parcela de riqueza e esconder da Coroa a existência de dia¬mantes no arraial do Tejuco. Por causa dos aventureiros que passaram a infestar a região em busca das pedras, em 1729, o governador Dom Lourenço de Almeida se viu obrigado a comunicar à Coroa as descobertas naquelas terras. A notícia de que se tratava simplesmente da existência de "pedrinhas brancas" fez com que surgisse, aproximadamente um ano depois, o primeiro regimento regulador da extração e distribuição dos diamantes. A descoberta de diamantes logo atraiu grupos e mais grupos de aventureiros ansiosos por encher as algibeiras. Em 1734 foi feita uma tentativa de controle da exploração das pedras no arraial do Tejuco. Tratava-se de uma Intendência dos Diamantes. O órgão era controlado por um intendente, que possuía bastante autonomia no que se referia aos poderes do governador da capitania. As terras diamantíferas foram então demarcadas e denominadas por Distrito Diamantino. A área era estendida sempre que novas descobertas de diamantes eram apontadas em áreas fora da demarcação. O rio Jequitinhonha, em sua amplitude, pertencia à área de jurisdição da Intendência. Todo o leito e o curso do rio eram vigiados por patrulhas de soldados e por postos de controle instalados em locais estratégicos da região. Tantas normas em relação ao Distrito Diamantino tinham como objetivo restringir a produção de diamantes com a intenção de melhorar o valor que as pedras alcançavam na Europa e acabar com a extração e o comércio clandestino. Os garimpeiros autônomos estavam sujeitos às punições mais severas se fossem encontrados trabalhando em lavras de diamantes por conta própria. No esquema de extração permitido, o escravo trabalhava curvado, de frente para um capataz. Ele peneirava o cascalho nos alguidares, recolhia os diamantes e descartava o cascalho. Toda a atividade era executada dentro da água. Mesmo com tanta supervisão, o furto de pedras por escravos era algo comum. Entre as técnicas mais curiosas de furto dessas pedras estavam a de engolir os diamantes, a de manter as pedras entre os dedos dos pés durante longas horas, para ao final do trabalho, levá-las para as senzalas, e a de aspirá-las disfarçadamente junto com rapé, deixando-as entrar por uma narina para serem recolhidas na boca. Os comboieiros de escravos, típicos daquela época, eram bem-sucedidos traficantes de pedras preciosas. Pretextando a venda de escravos, eles conseguiam
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The Route of the Diamonds The Route of the Diamonds is the last part of the Estrada Real and it extends from Ouro Preto to Diamantina. It was traced in the second half of the XVIII th century, the time during which the diamonds of the old region of Tejuco, today Diamantina, drew the attention of the explorers of the riches of Minas Gerais. This route was opened to meet the needs of the Crown for having a road which would make it possible to transport the new wealth to Rio de Janeiro. The first registry of the discovery of diamonds in the region is in 1714, in the surroundings of the serra da Lapa, in the region of the hamlet of Tejuco, as of the exploitation of a gold panner. At the same time, there are registries of another discovery in the region of the Mosquito stream. At the time, it is told that the beautiful little pebbles were used to keep track of points in card games, as charms and adornment of lovers who were slaves. The news of the discovery of the diamonds was kept secret. During years on end, a large volume of "shiny little stones" were exploited in the district of Serro Frio without the local population knowing what the diamonds economically represented, in fact. In the search for the precious stones, everyone tried to gather his own share of the wealth hiding the fact from the Crown, that there were diamonds in the hamlet of Tejuco. Due to the adventurers who began to swarm the region in search of the stones, in 1729, Governor Dom Lourenço de Almeida was compelled to communicate to the Crown the discovery which had been made on those lands. The news that there were simply “little white stones” made the first regulating regiment for the extraction and distribution of the diamonds approximately one year later. The discovery of diamonds soon attracted groups on groups of adventurers anxious to fill their pockets. In 1734 an attempt was made to control the exploration in the hamlet of Tejuco. It was an Intendancy of the Diamonds. The agency was controlled by an intendent, which had a great deal of autonomy with regards to the were then surveyed and named Diamantine District. The area was extended each time new diamond discoveries were pointed out in areas outside the areas of the demarcation. The Jequitinhonha river, in its amplitude, belonged to the district intendancy area. All the riverbed and its course were patrolled by patrols of soldiers and by control checkpoints installed in strategic places of the region. The amount of regulations regarding the Diamond District had the objective of restricting the production of diamonds, intent on the improvement of the value the stones fetched in Europe, bringing a halt to clandestine extraction and commerce. Self employed gold panners were subject to most severe punishments, if caught working in diamond quarries of their own accord. In the extraction scheme allowed, the slave worked in a doubled over, position, facing the overseer. He sifted the gravel in the clay bowls, picked up the diamonds and got rid of the gravel. The entire activity was carried out in the water. In spite of the inspection, theft of stones by slaves was a common occurrence. Among some of the most interesting manners of theft of those stones were swallowing the diamonds, keeping the stones between the toes for hours, and at the end of work, carrying them to the slave quarters, as well as sniffing them in along with snuff, letting them in through one nostril, to be picked up in the mouth.
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Passagem de um rio vadeável Litografia - Jean Baptiste Debret
liberação para en¬trar no Distrito Diamantino e trocavam suas mercadorias por diamantes, retirados facilmente de dentro da área da demarcação. Em 1740 foi instituído o sistema de contratos para a exploração das lavras, que vigorou até 1771. Nesses 31 anos, foram extraídos oficialmente 1.666.569 quilates de diamantes, o período de maior produtividade do Distrito Diamantino ao longo de sua existência. A partir de 1771, a Coroa resolveu criar outra for¬ma de controle da exploração da riqueza diamantífera e passou a entregar a tarefa de lavra exclusivamente à Fazenda Real. Para que isto ocorresse, foi instituído um sistema de junta administrativa, composta pelo presidente do Tesouro português, por três diretores de Lisboa, por três administradores e pelo próprio Intendente. Esse grupo ficava responsável por administrar e gerir o negócio dos diamantes em nome do governo metropolitano. O novo sistema era conhecido como Real Extração. Paralela à nova forma, criou-se o regulamento co¬nhecido como Regimento Diamantino, ou Livro da Capa Verde, de 1771. Tratava-se de um apanhado de todas as leis, ordens e portarias anteriores, que davam poder ao In¬tendente sobre toda a área do Distrito Diamantino.
The caravan slave drivers, characteristic at that time, were wellsucceeded precious stone runners. On pretext of selling slaves, they got free access to enter the Diamond District, exchanging their goods for diamonds, easily withdrawn from within the area of demarcation. In 1740, they instituted a system of contracts for the exploitation of the mining area which was in effect until 1771. During those 31 years, there were 1.666.569 carats de diamonds officially extracted; it was the period of greatest productivity of the Diamond District throughout its tenure. As of 1771, the Crown decided to organize another form of control of the exploitation of the diamond wealth and they transferred the mining job exclusively to the royal treasury. In order for this to happen, an administrative junta was put in place, made up of a President of the Portuguese Treasure, three directors in Lisbon, three administrator and the Intendent himself. This group was responsible for administering and managing the diamond business in the name of the city government. The new system was known as Royal Extraction. Parallel to the new form, there was a regulation known as the Diamond Regiment, or Green Covered Book, of 1771. It was the collection of all previous laws, orders, and measures, which gave powers to the Intendent concerning the entire area of the Diamond District.
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Os Caminhos Coloniais Dentro desse cenário de rotas, exploração e controle, foi consolidada a capitania das Minas Gerais. Assim se formou o complexo da Estrada Real. Mais de 1.800 km de patrimônio, uma área maior do que a da Áustria, onde vive uma população equivalente à de Portugal, cercada de montanhas, natureza, história, cultura e arte. Percorrer o trecho é como mergulhar nos registros de um Brasil antigo e visitar caminhos que foram desbravados por bandeirantes e exploradores, em busca de riquezas minerais. Essas vias, algumas originárias de trilhas indígenas, foram palco de fatos marcantes da nossa história. Além disso, é preciso ressaltar a importância da Estrada Real para a urbanização do país, que se deu a partir do surgimento das vilas e povoados. As cidades que compõem os caminhos preservam ícones, monumentos e tradições deste período tão rico. Um patrimônio histórico e cultural repleto de belezas naturais preservadas, igrejas luxuosamente decoradas e construções de encher os olhos, são alguns dos atrativos da Estrada Real.
The Colonial Roads Within this route scenario, exploitation and control the captaincy of Minas Gerais was consolidated. Thus was the complex of Royal Road formed. The was more than 1.800 km of patrimony, an area larger than Austria, where a population equivalent to that of Portugal lived, surrounded by mountains, nature, history, culture and art. Running through the stretch is like diving into the registers of an old Brazil and visiting roads which were tamed by bandeirantes and explorers, in search of gold and sdiamonds. Those roads, some of which originated in Indian trails, were the stage for striking facts of our history. In addition to that, the importance of the Royal Road for the urbanization of the country which took place as of the appearance of villages and hamlets should be emphasized. The cities which make up the roads preserve icons, monuments and traditions of so rich a period of time. A historical and cultural patrimony filled with preserved natural beauty, richly decorated churches and buildings – a real eyeful – are some of the attractions of Royal Road.
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As Construções Coloniais Entre as edificações ao longo da Estrada Real, destaque para os casarios coloniais de arquitetura rústica típica dos séculos XVIII e XIX. Elementos como pedra, barro e madeira foram bastante utilizados. Estruturas de pau-a-pique para alicerçar porões e paredes também eram recursos muito explorados na época. Grandes beirais, paredes grossas, pés-direitos elevados, funcionavam como medidas de proteção contra o calor e contra as chuvas. Na arquitetura rural, muitas fazendas tiveram e ainda guardam semelhanças entre si. Em inúmeros casos, as casas eram erguidas sobre esteios de madeira. Varandas também são características coincidentes. Em algumas propriedades pode-se perceber amplos espaços livres. Em outras, o que se vê são as chamadas varandas “entaladas”, posicionadas entre dois cômodos que as emolduram. Amplas em sua totalidade, as fazendas exibem formatos variados. Boa parte delas apresenta plantas em forma de “L”. Em aspectos gerais, a inspiração arquitetônica recebeu influência européia, trazida, principalmente, pelos nobres portugueses que ali se fixaram. Com o deslocamento da Corte para o Brasil, em 1808, tem-se a introdução das tendências neoclássicas que mostram formas urbanas até então desconhecidas. Dentre as novidades do século XIX, os telhados visualmente omitidos. A busca estética por meio de medidas, proporções e relações entre os elementos bem definidas são outras características do estilo. Nas janelas de muitas fazendas coloniais podemos notar essa preocupação com os detalhes. Em sua aparente simplicidade, instalar cada uma delas dependia de materiais nobres e de mão-de-obra especializada. Entre os artifícios neoclássicos, os fazendeiros criavam emblemas por meio de molduras e pestanas de portas e janelas.
Planta de casa - Litografia, Jean Baptiste Debret
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Na segunda metade do século XIX, com a melhoria das estradas e o surgimento das linhas férreas, começavam a chegar ao campo materiais mais refinados para o incremento das propriedades. Luminárias, lustres, escadas finamente torneadas, alpendres e papéis de parede eram sinônimo de luxo e sofisticação. Na parte interna das propriedades, cômodos espaçosos, em especial o da cozinha, onde costumavam fazer refeições alguns escravos e também os senhores rurais. E, em frente a esse espaço, a primeira utilização da água corrente em moradias: a bica d’água. Os ambientes eram organizados em torno da sala principal. Algumas fazendas dispunham de corredores para a organização do fluxo. Delicadas e ornamentadas capelas e quartos de hóspedes, estes últimos sem janelas na época de sua construção, eram comuns em algumas fazendas seculares. Faziam parte do “setor social” da casa e integravam a área principal. Algumas propriedades mais aprimoradas guardavam painéis ou murais pintados em vários motivos paisagísticos, florais, religiosos e alegóricos. Localizadas em grandes extensões de terra, as fazendas tinham, além da casa-grande, que ocupava lugar de domínio, construções adjacentes como senzalas, engenhos de cana, paiol e curral. Por causa de aclives ou declives naturais acentuados, algumas edificações precisavam de fundações especiais que eram robustos alicerces de pedra. Nesses casarões viveu a sociedade colonial, que era formada principalmente por descendentes da nobreza, grandes proprietários de escravos, expressivos comerciantes, fazendeiros e burocratas. Pessoas que escreveram capítulos importantes na história do Brasil e que contribuíram para fazer de Minas Gerais um dos estados mais ricos do país em tradições e cultura.
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The Colonial Constructions Among some of the buildings alongside Royal Road, a special mention needs to be made of the rustic architecture Colonial settlements typical of the XVIIIth and XIXth centuries. Elements such as stone, clay and wood were used quite a bit. Structures of wattle for the foundation of gates and walls were also resources which were very much employed at the settlements. Great eaves, thick walls, high central posts, worked as protection measures against the heat and rain. In rural architecture many farms had similarities and still resemble each other. In several cases, the housed were raised on wooden supports. Verandahs are also coincidental characteristics. On some properties one can perceive ample, free spaces. On others, what can be seen are the so-called “lashed” varandah, positioned between two rooms, which mold it. Ample as a whole, the farms evince varied formats. A good number of them present blueprints with “L” shapes. In general aspects, the architectural inspiration received a Portuguese influence, which was brought, principally, by the Portuguese noblemen who colonized the nation. With the displacement of the Court to Brazil, in 1808, there is the introduction of the Neoclassical tendencies, which evince urban forms thus far unknown. Among the novelties of the century and relationships, the roofs are visually omitted. The search for esthetics by means of measures, proportions and relationships among the well defined elements are other characteristics of the style. The windows of many Colonial farms point out real care with the details. In their apparent simplicity, fitting each one of them in, depended on materials of noble quality and highly specialized manpower. Out of these Neoclassical artifices, the farms owners created emblems by means of door and window frames and flanges. In the second half of the XIXth century, with the improvement of the roads and the surging of railroads, there began to arrive in the countryside, more noble and diversified material for the development of the properties. Luminaries, lamps, finely shaped stairways, pent roofs and wallpaper were synonymous of luxury and sophistication. On the inner side of the properties, there were spacious rooms, particularly the kitchen, where slaves as well as rural gentry used to have their meals. And, in front of these rooms, came the first use of running water in the dwellings: the water spout. The ambiences were organized around the principal living room. Some fazendas had corridors available for the organization of the flow of people and activities. Delicate and ornamented chapels and guest rooms, the former having no windows at the time of their construction, were common in some centennial. They were part of the “social sector” of the house and they were part of the principal area. Some more sophisticated properties kept panels or murals painted in various motifs, such, as for example, panoramic, floral, religious and allegorical. Located on great extensions of land, the farms had, beside the master’s house, which occupied a place of prominence, other adjacent constructions such as the slave quarters, the sugar cane mills, the corn bunker, corral, amongst others. Due to the natural shape of ascents or descents, some buildings required special foundations which were made of stone fences and cornerstones. In these sprawling homes lived the Colonial society, which was made up of descendents of the nobility, great slave owners, notable merchants, farms owners and bureaucrats. These people wrote important chapters in the history of Brazil and contributed to making Minas Gerais one of the richest states of the country in terms of tradition and culture.
Detalhe da construção colonial: estrutura de parede em madeira
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Geidy Romeiro
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O Cavalo nas fazendas da Estrada Real The Horse on the Royal Road Farms
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A história do cavalo está intimamente ligada à História do Brasil. A chegada desses animais ao país remete ao desbravamento e à ocupação do território nacional. Acredita-se que a criação tenha tido início logo depois que as terras brasileiras foram descobertas e que os primeiros espécimes vieram da Península Ibérica, originários das ilhas da Madeira e Canárias. O cavalo era de extrema importância para os povos ibéricos. Tinha valor como de arma. O poderio guerreiro de uma nação nos séculos passados estava nas patas de uma cavalaria densa e disposta. Em 1808, com a chegada da Família Real ao Brasil, os portugueses trouxeram também garanhões e éguas que eram criados nas coudelarias reais. Entre os mais especiais dos nobres criatórios, a coudelaria de Alter do Chão, que selecionava cavalos na região de Alentejo, famosos pela desenvoltura, beleza de movimentos e aparência impecável. Tantas qualidades tornaram a Família Real apaixonada por cavalos, desde Dona Maria I, seu filho Dom João VI e o neto Pedro I.
Litografia de Tierry Frères, publicada no 2ºo volume do álbum Voyage Pittoresque, de Debret, em 1835
Conjunto de éguas da Coudelaria de Alter do Chão, em Portugal Foto de Eduardo Venturoli 34
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The arrival of these animals in the country goes back to the clearing away and occupation of the national territory. It is believed that the raising was begun soon after the Brazilian lands were discovered and the first species came from the Iberian Peninsula, originally from the Madeira and Canary Islands. The horse was of great importance to the Iberian peoples. It had the worth of a weapon. The war power of a nation in the past centuries was in the hooves of a well knit and dynamic cavalry. In 1808, with the arrival of the Royal Family in Brazil, the Portuguese also brought stallions and mares which were raised on the royal stud farms. Among the most special of the noble production centers was the Alter do Rés do Chão stud farm, which selected the horses in the Alentejo region, famous for their development, beauty of movements and impeccable appearance. Such numerous qualities made the Royal Family impassioned about horses, from Dona Maria I, her son Dom João VI to the grandson, Pedro I.
O bando (proclamação municipal). Litografia de Tierry Frères, Succrs. de Engelmann & Cie., publicada no 3ºoº volume do álbum Voyage Pittoresque, de Debret, em 1839
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Conjunto de baias da Coudelaria de Alter do Ch達o, em Portugal Foto de Eduardo Venturoli
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O cavalo e as Minas Gerais Em Minas Gerais, a história do cavalo começou a ser escrita no Ciclo do Ouro, quando os desbravadores precisavam de animais mais velozes que os burros e mulas para fazer rápidos deslocamentos. Em tempo de guerras, como a dos Emboabas, por exemplo, em que paulistas e mineiros brigavam pelo direito de exploração das jazidas de ouro, um bom cavalo valia muito dinheiro. O preço variava de acordo com o conforto da marcha, agilidade e presteza. O desbravamento do território mineiro e o deslocamento de cargas para abastecimento das minas através de caminhos íngremes e perigosos exigia a prudência e a resistência dos muares. Mas logo após implantados os empreendimentos rurais, os fazendeiros e negociantes se valiam de cavalos fortes, velozes e de andadura confortável para seus deslocamentos. As escoltas das tropas cargueiras de ouro montavam cavalos fogosos, aptos a perseguir os bandidos que emboscavam as cargas. De acordo com registros históricos, Gabriel Francisco Junqueira, o barão de Alfenas, foi presenteado em 1824, por D. Pedro I, com um garanhão da raça Alter Real. Fazendeiro abastado da região e criador de bovinos, o barão iniciou sua criação de cavalos cruzando o magnífico animal com éguas rústicas de sua Fazenda Campo Alegre, situada no hoje município de Cruzília. Como resultado desse cruzamento, surgiu um novo tipo de cavalo denominado Sublime pelo andar macio que possuía. O cavalo servia para montaria e na lida da fazenda como tração leve. As éguas resultantes desses cruzamentos eram chamadas de crioulas. Naquela época já se impunha uma seleção da raça. O cavalo no século XIX era o meio de transporte mais confortável. Por isso, fazendeiros e nobres não poupavam riquezas para adquirir animais confortáveis e prestativos para a família. O cavalo precisava se adequar ao solo, às características topográficas mineiras, ser resistente em longas cavalgadas, às variações do clima e do ambiente, ter bom rendimento e ser bastante cômodo.
The horse and Minas Gerais In Minas Gerais, the history of the horse began to be written during the Gold Cycle, when the trail blazers needed animals faster than donkeys and mules for quick displacements. In was in war time, such as that of the Emboabas, for example, during which Paulistas and Mineiros fought for the right to exploit gold sites, a good horse was worth a lot of money. The price varied according to the comfort of the gait, agility and readiness. The trail blazing of the Minas Gerais territory and the relocation of loads for supplying the mines, by way of steep and dangerous roads, demanded the prudence and strength of the mules. However, soon after the implantation of the rural enterprises, owners of farms and merchants used strong, fast and horses with a comfortable walk for their relocations. The escorts of the gold cargo troops road fiery horses capable of pursuing bandits who waylaid the cargos. According to historical registries, Gabriel Francisco Junqueira, the baron of Alfenas, received a gift in 1824, from Dom Pedro I, of a stallion of the Alter Real breed. A wealthy farmer of the region and a breeder of bovine cattle, the baron began breeding horses by the splendid animal with rustic mares from his Campo Alegre Farm, situated in the present day district of Cruzília. As a result of this breeding, a new type of horse was producedand it was called Sublime due to the soft tread it had. The horse was used for riding as well as in work on the farm in light traction. The mares which came from this breeding were called Crioulas. At that time, already, the selection of the breed was standard procedure. The XIX th century horse was the most comfortable means of transportation. That is the reason for which farm owners and noblemen did not curb their wealth, when it came to acquiring comfortable and worthy animals for their family. The horse needed to adapt to the ground, to the topographical characteristics of the state of Minas, be up to long cavalcades, climate and environmental changes, have a good achievement and be rather comfortable.
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A origem do nome Mangalarga Surgia no Sul do Estado a valorização da marcha de tríplice apoio e a raça Sublime. A comodidade desses animais chamou muito a atenção, e logo o rico fazendeiro Francisco Peixoto de Lacerda Werneck, proprietário da Fazenda Mangalarga, trouxe alguns exemplares de Sublimes para seu uso em Paty do Alferes, próximo à Corte no Rio de Janeiro. Por terem porte e andamento diferenciados, os cavalos foram reconhecidos rapidamente na sede do império. Viraram sinônimo de nobreza e perfeição, no que dizia respeito a cavalos de sela.
Esses animais foram apelidados de cavalos mangalargas, em uma referência à fazenda de onde vinham. Essa é uma das versões que justifica a origem do nome “Mangalarga” e a mais consistente delas, de acordo com alguns pesquisadores. Há várias outras histórias e até lendas sobre o assunto. Entre as mais conhecidas, a de que a denominação teria surgido baseada no andar característico do cavalo, que se destacava pelas passadas longas elegantes e a de que “Mangalarga” teria sido um potro adquirido pelo barão de Alfenas, em Barbacena. Diferenças entre Mangalarga e Mangalarga Marchador Como os cavalos da raça Sublime foram desenvolvidos no Sul de Minas, foi neste berço que também se deu a segmentação da raça. A influência do meio ambiente caracterizou a raça Mangalarga e se fez notar nos aprumos posteriores e garupas. Na região de topografia acidentada surgiu o andamento marchado. Dois tipos de andamento eram ressaltados, de acordo com a preferência de cada criador. A marcha picada estava associada à margem ocidental do Rio Grande e a marcha batida, à margem oriental. Em busca de solos mais férteis e topografia mais plana, o ramo paulista de criação partiu com seus cavalos para a Província de São Paulo. Desenvolveu-se então um animal de aprumos posteriores mais verticalizados, de ossatura ampla e larga e andamento com um maior tempo de suspensão no ar. Foi nessa época que o cavalo vindo do Sul de Minas começou a fazer cruzamentos com outras raças como Árabe e Puro Sangue Inglês, e a se diferenciar pelo pescoço mais arredondado e garupa mais expressiva.
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No estado de Minas Gerais, o que se desejava era um cavalo de sela marchador que fosse confortável e ágil na descida de montanhas. A seleção era feita com os recursos genéticos do patrimônio ibérico. Desenvolveu-se um cavalo de peitoral marcante e andar reconhecidamente cômodo. As diferenças entre as duas linhagens nascidas no seio da família Junqueira, no Sul de Minas Gerais, resultou na necessidade de se criar associações distintas para a classificação dos animais. Em 1934 foi fundada a Associação Brasileira de Criadores de Cavalo da Raça Mangalarga, em São Paulo. Já em 1949, criou-se a Associação dos Criadores de Cavalos Marchadores da Raça Mangalarga, em Minas Gerais, que teve como objetivo a manutenção da marcha tríplice apoio. A denominação mudou em 1967, quando o nome passou para Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador. Os padrões da raça Mangalarga são: altura média de 1,55 m, porte médio, e o andamento é marcha trotada. Suas aptidões são para passeio, esportes e trabalho com o gado. Já os padrões da raça Mangalarga Marchador se caracterizam por altura média de 1,47 m e máxima de 1,57 m, porte médio, andamento em marcha batida e picada. Sua vocação é de cavalo de sela para lazer e passeios, esportes de resistência e serviços. A aptidão de sela para passeios é explicada pelo fato de o cavalo apresentar um bom rendimento e oferecer pouco atrito ao cavaleiro. É um cavalo com aptidão para enduro e provas de resistência, pois foi selecionado para suportar longas viagens e enfrentar obstáculos.
Foto cedida pelo casal Francisco Altamiro dos Reis e Fátima Lúcia Reis, da Fazenda Barro Preto, Carrancas (MG)
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The origin of the name Mangalarga There surfaced in the South of the State, the appreciation for the triple support point march and the Sublime breed. The comfort of these animals drew quite a bit of attention, and soon afterwards, wealthy Francisco Peixoto de Lacerda Werneck, the proprietor of the Fazenda Mangalarga, brought some exemplary Sublimes for his own use in Paty do Alferes, the Court in Rio de Janeiro. Due to their different stance and walk, the horses were quickly singled out in the seat of the Empire. They became synonymous of nobility and perfection, regarding saddle horses. These animals were called Mangalarga horses, referring to the farm of their origin. This is one of the versions justifying the name “Mangalarga” and it is the most consistent of them all, according to some researchers. There are several other stories and even some legends regarding the subject. Among the best known, is that which tells that the name appeared based on the characteristic of the horse, which had a long, elegant gait and that “Mangalarga” was a colt acquired by the Baron of Alfenas in the city of Barbacena. Differences between Mangalarga and Mangalarga Marchador Since the Sublime breed horses was developed in the South of Minas, it was at this point of origin that the segmentation of the breed took place. The influence of the environment was a characteristic of the Mangalarga and it was noticeable in the back straightness and in the hindquarters. In the uneven topographical region, the marching gait surfaced. Two types of walk were accentuated, depending on the preference of the breeder. The staccato-like march was associated to the West bank of the Rio Grande and the beat march, to the East bank.
In search of more fertile land and a flatter terrain, the São Paulo state breeding branch left with their animals, and headed to the Province of São Paulo. Therefore, there developed an animal bearing more vertical, back elegance, of a broader and wider bone structure, and gait with a longer time of suspension in the air. It was at that time that the horse from the South of Minas began to breed with other breeds such Arabic and Pure Blooded British, and to begin having a more rounded neck and a more salient croup. In Minas Gerais, what was desired was a marching saddle horse which was agile and comfortable when riding down the mountains. The selection was made with genetic resources of Iberian patrimony. There developed a horse with an outstanding chest and a well recognized comfortable gait. The differences between the two lineages born in the bosom of the Junqueira family, in the South of Minas Gerais, gave way to the need for the opening of different associations for classifying the animals. In 1934, the Associação Brasileira de Criadores de Cavalo da Raça Mangalarga was founded in São Paulo. On the other hand, in 1949, the Associação dos Criadores de Cavalos Marchadores da Raça Mangalarga was founded in Minas Gerais; this had as its objective guaranteeing the triple support point march. The name changed in 1967, when the name changed to Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador. The patterns of the Mangalarga breed are: medium height of 1,55m, medium size, and the gait is a trot. Its aptitudes are riding, sports and work with cattle. Now, the Mangalarga Marchador breed is characterized by a medium height of 1,47m and a maximum of 1,57m, medium size, gait in a beat and staccato-like march. Its vocation includes being a saddle horse used for leisure and riding, resistance sports and work. The saddle aptitude for riding can be explained by the fact that it offers good returns and presents little attrition for the rider. It is a horse which is apt to undergo endurance and resistance tests, since it was chosen to withstand long trips and challenging obstacles.
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As primeiras fazendas de criação de equinos A exploração mineral era a principal atividade econômica da população da província mineira. No Sul do estado, a situação era um pouco diferente. Com a permanência de portugueses na região, a introdução de algumas culturas e a criação de animais assumiram tendências europeias. Por causa da atividade, muitas famílias de origem lusitana se estabeleceram no campo e desenvolveram fazendas de criação. Linhagens impecáveis de cavalos nasceram em berços de várias dessas propriedades. Entre os criatórios de destaque que formaram a base da raça, localizados ao longo da Estrada Real, podem ser citadas as fazendas Favacho, Traituba, Campo Lindo “JB”, Bela Cruz, Angahy, Lobos, Engenho de Serra e Fazenda do Porto, entre outras. Independentemente da fazenda, o Mangalarga Marchador era o cavalo predileto, pela segurança do seu andamento, pela habilidade na lida com o gado e pela agilidade nos pastos altos das serras que caracterizam a paisagem de Minas Gerais. Há alguns séculos, a importância do cavalo era tão grande que os animais, equipados com cabeçada e estribos de níquel ou prata, acompanhavam procissões em homenagem aos padroeiros das vilas nos dias santos. Aos domingos, familiares e amigos dos fazendeiros se reuniam para caçar veados campeiros, montados nos marchadores. Se o rastro da vítima fosse encontrado e a caça avistada, tinha início um galope pelas campinas e colinas. Em terrenos quase sempre irregulares era preciso cruzar as encostas das grotas, cortar as cristas das serras, passar pelas veredas dos vales, vadear rios, saltar pau, pedra e riacho. Esse esforço demandava empenho e habilidade do cavaleiro e da montaria. Nos dias de sorte, os marchadores ainda tinham que voltar com a caça amarrada na garupa do caçador.
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Mineral exploitation was the principal activity of the Minas Province. In the South of the State the situation was a bit different. With the Portuguese permanence in the region, the introduction of a few crops and breeding animals took on some European tendencies. Due to these activities, many families of Portuguese origin established themselves in the country and developed animal breeding farms. Flawless lineages of horses were born on several of these properties. Among the outstanding breeding centers making up the base of the breed, located all along the Royal Road, the following farms can be included: Favacho, Traituba, Campo Lindo “JB�, Bela Cruz, Angahy, Lobos, Engenho de Serra and Fazenda do Porto, amongst others. Aside from the farm, the Mangalarga Marchador was the favorite horse, due to the security of its gait, the ability to work the cattle and being agile in the tall pastures in the high serras which are a hallmark of the Minas Gerais panorama. For some centuries, the importance of the horse was so great that the animals, equipped with nickel or silver headstalls and stirrups, escorted the processions in honor of the patron saints of the towns on holy feast days. On Sundays, the relatives and friends of the farm owners got together to hunt country deer, riding on Marchadores. If the trail of the animal was picked up and the target sighted, there began a galloping through dales and hills. There was need to cross over lands which were almost always irregular, going up cavern sides, cutting across the crests of mountains, going through valley paths, wading through rivers, and log, rock, and stream jumping. This feat demanded earnest effort and ability of both the rider and the mount. On lucky days, the Marchadores had to return with the prey tied to the croup of the rider.
Marcelo Eduardo
The first farms in equine breeding
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O Instituto e o Projeto Estrada Real O Instituto Estrada Real, sociedade civil sem fins lucrativos, foi criado em outubro de 1999 pela Federação das Indústrias de Minas Gerais. O objetivo do grupo foi incentivar o desenvolvimento de um projeto turístico envolvendo 177 municípios de três estados. Dois anos depois foi formulado o “Projeto Estrada Real”, que tem por finalidade a valorização do patrimônio histórico-cultural, o estímulo ao turismo, a preservação e a revitalização dos entornos da Estrada Real.
The Royal Road Institute and Project The Estrada Real Institute, a non profit civil society, was founded in October of 1999 by the Federation of the Industries of Minas Gerais. The objective of the group was to foster the development of a tourist project involving 177 municipalities of three states. Two years afterwards, the “Royal Road Project”, which has the finality of valuing the historical-cultural patrimony, the stimulation of tourism, the preservation and revitalization of the surroundings of the Estrada Real was launched.
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Fazendas Tradicionais da Estrada Real Traditional Farms of the Royal Road
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Fazenda Campo Lindo
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Fundada em 1870, a Fazenda Campo Lindo fica no município de Aiuruoca, no Sul de Minas. De fachada nobre e imponente, a casa tem portas e janelas largas e telhado colonial com detalhes inspirados na arquitetura europeia. Seu interior é composto por mais de 20 cômodos, que guardam adornos, móveis, fotografias e documentos da época, um acervo mantido pela família Junqueira Andrade para conservar a memória das várias gerações que nela viveram. A propriedade sempre se destacou por ser uma autêntica fazenda mineira, com criação de gado de leite holandês e cavalos. Foi um dos criatórios mais importantes da história das raças Mangalarga e Mangalarga Marchador. Também foi sede da linhagem JB, símbolo de qualidade e beleza, e até hoje é considerado um dos principais celeiros de magníficos animais. Em duzentos anos de atuação, o criatório sempre selecionou exemplares impecáveis que aprimoraram a raça Mangalarga Marchador. Dada sua vocação para o desenvolvimento desses animais, a economia da fazenda sempre girou em torno da criação de equinos. O garanhão Beline JB, que nasceu em 1901, foi o reprodutor mais importante do Sul de Minas. De andamento excepcional, o cavalo transmitiu aos descendentes as melhores características do Mangalarga Marchador. Vários outros animais se destacaram,
entre eles Sincero JB, Quartel JB, Haity JB, Tostão JB, Apolo JB, Omelete JB e Atrevido JB. O criatório foi iniciado por José Bráulio Junqueira de Andrade, que teve o cuidado de refinar os cruzamentos com o objetivo de obter cavalos de estrutura forte e que proporcionassem comodidade para o lazer e robustez para o trabalho no campo. Apaixonado pela atividade, o proprietário tornou famosa a marca JB e conseguiu formar uma tropa de grande refinamento e expressão racial, sem se descuidar das qualidades funcionais. Na sucessão de José Bráulio na fazenda, seu primogênito Urbano Junqueira de Andrade deu sequência ao trabalho de seleção e de coberturas primorosas, com a responsabilidade de manter a marca JB na elite do circuito nacional dos criadores de cavalos Mangalarga. De geração em geração, a família Junqueira Andrade mantém a aposta no temperamento de sela e na marcha. Produz animais com nobreza de andamento e morfologia impecável. Atualmente, essa responsabilidade recai sobre Luiz Antônio Vilela Junqueira, que está à frente da administração da Fazenda Campo Lindo. Ele também dedica sua vida à preservação do padrão de qualidade impresso na tropa JB por seus antepassados.
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Campo Lindo Farm Founded in 1870, Campo Lindo Farm is in the district of Aiuruoca, in South Minas. With its noble and mighty façade, the house has wide doors and windows and a Colonial roof having details inspired by European architecture. Its inside is made up of more than 20 rooms holding ornaments, furniture, photographs and documents of the time, a large collection kept by the Junqueira Andrade family for the preservation of the memory of several generations who lived there. The property was always outstanding as an authentic farm of Minas, with Netherlander cattle raising for milk and horses as well. It was one of the most important horse farms in the history of the Mangalarga and Mangalarga Marchador breeds. It was also the seat of the JB lineage, a symbol of quality and beauty, and even today, it is considered one of the main stud farms of magnificent animals. In two hundred years of activity, the breeding establishment always selected impeccable exemplars which improved the Mangalarga Marchador breed. Due to its penchant for the development of these animals, the economy of the farm always revolved around horse breeding. Beline JB the stallion, born in 1901, was the most outstanding reproducer in the South of Minas. Having an exceptionally fine walk, the horse transmitted to its progeny the best characteristics of the Mangalarga Marchador. Several other animals stood out, amongst them: Sincero JB, Quartel JB, Haity JB, Tostão JB, Apolo JB, Omelete JB and Atrevido JB.
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The establishment was started by José Bráulio Junqueira de Andrade, who took care to refine the breeding with the objective of obtaining horses with a strong structure and which could yield comfort during leisure and robustness to work in the fields. Totally devoted to the activity, the proprietor made the JB breed famous and was able to consolidate a troop of great refinement and racial expression, without forgetting the functional qualities. Succeeding José Bráulio at the farm, his firstborn son, Urbano Junqueira de Andrade, gave continuance to the work of selecting and perfecting breedings, with the responsibility of keeping the JB breed in the elite of the national circuit of Mangalarga horse breeders. From generation to generation, the Junqueira Andrade family has kept betting on the saddle temperament and in the pace of the horses. They produce animals with nobleness of walk and an impeccable morphology. Currently, this responsibility befalls Luiz Antônio Vilela Junqueira, who is at the head of the administration of Campo Lindo Farm. He also devotes his life to the preservation of the pattern of quality branded on the JB troop by his ancestors.
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Fazenda Bahia O antigo Arraial do Turvo, hoje município de Andrelândia, região Sul de Minas, abriga a sede da Fazenda Bahia. A propriedade, uma das maiores da região, foi construída em 1860 pelo casal José Justino de Azevedo e Maria Cândida Nogueira. Acredita-se que o local tenha sido escolhido pela abundância e qualidade de suas várias nascentes. O estilo neoclássico barroco da construção foi inspirado em outras propriedades da região. Por fora, a casa é uma típica sede rural. A boa concepção arquitetônica mostra janelas e portas bastante harmoniosas entre si, cores discretas e uma simplicidade elegante. Por dentro, paredes ricamente detalhadas e coloridas. Objetos seculares preservam a história das gerações que viveram no local. Móveis antigos e combinados dão um ar aconchegante à sede. Na história dos moradores da casa, destaque para José Bonifácio de Azevedo, que herdou a fazenda dos pais. Considerado uma pessoa bastante ativa, sempre esteve envolvido em questões de tomada de decisão. Foi fundador do Partido Republicano do Turvo, mais conhecido como "Partido dos Veados". José Bonifácio foi presidente da Câmara Municipal da cidade por três períodos diferentes, tenente-coronel do Batalhão de Infantaria destacado no Turvo e ainda criou a segunda fábrica de manteiga do estado de Minas Gerais em 1899. José Bonifácio também foi pai de onze filhos.
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Naquela época, a casa estava sempre cheia. Amigos da família, políticos e fazendeiros eram assíduos na sede. A economia se baseava na produção de leite, queijo e manteiga. A maior parte do que era produzido seguia para o Rio de Janeiro em lombo de cavalo, que era o meio de transporte da época. A raça Mangalarga já se destacava pelo andamento macio, garantia de chegada das encomendas sem que os produtos fossem muito sacudidos, condição crucial para manter a qualidade da manteiga feita em Minas. Anos se passaram e, hoje, Odilon Salgado Neto, tataraneto dos fundadores da Fazenda Bahia, está à frente da administração. A família busca preservar a estrutura da fazenda e os antigos costumes. Entre eles estão as conversas ao redor do fogão a lenha e a contação de estórias.
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Bahia Farm The former Turvo Hamlet, today’s District of Andrelândia, South Minas region, is home to the Bahia Farm seat. The property, one of the largest in the region, was built in 1860, by a couple, José Justino de Azevedo and Maria Cândida Nogueira. It is believed that the local was chosen due to the abundance and quality of its varied water sources. The Neoclassical Baroque style of the construction was inspired on other properties of the region. On the outside, the house is a typical rural seat. The good architectural concept displays windows and doors which are rather harmonious with each other, discreet colors and an elegant simplicity. On the inside, the walls are richly detailed and colored. Centennial objects preserve the history of the generations who lived in the place. Antique and matching furniture lends a cozy air to the seat. In the history of the dwellers of the house, special mention is given to José Bonifácio de Azevedo, who inherited the farm from his parents. Considered to be a rather active person, he was always involved in decision making matters. He was the founder of the Republican Party of Turvo, better known as the "Party of the Veados". José Bonifácio was president of City Council
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of the city during three different periods, Lieutenant Colonel of the Infantry Battalion quartered in Turvo and he even opened the second butter factory of the state of Minas Gerais in 1899. José Bonifácio was also the father of 11 children. At the time, the house was always filled with people. Friends of the family, politicians and farmers were assiduous at the seat. The economy was based on milk production, cheese and butter. The greater part produced was sent on to Rio de Janeiro atop horses, which were the means of transportation at the time. The Mangalarga breed was already outstanding due to the soft walk, guaranteeing the arrival of parcels without the products being shaken up, a crucial matter in the keeping the quality of the butter made in Minas. Years went by and today, Odilon Salgado Neto, great grandson of the founders of the Bahia Farm, is at the head of the administration of the seat. The family tries to preserve the structure of the farm and the old customs. Amongst them are conversations in the kitchen around the wood stove and storytelling.
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Fazenda do Porto Localizada no município de São Vicente de Minas, na região Sul de Minas, a Fazenda do Porto fascina pela simplicidade. Logo na entrada, paineiras e pinheiros convidam o visitante à hospitalidade. A rica flora enfeita o conjunto de história e tradição. A casa foi construída em 1760, pelos proprietários Domingos Reis e Silva e Andreza Dias de Carvalho, que escolheram uma área central no município. Na fachada, detalhes arquitetônicos com influência do estilo neoclássico europeu. Despretensiosa e prática, a construção conta com 20 janelas emolduradas e telhado com beiral de fora a fora. Colunas perfiladas de recorte apurado mostram o cuidado com a estética. Em 1920, a sede foi ampliada. Na época, a Fazenda do Porto era administrada por Virgílio Andrade Reis - quarta geração da família - que era casado com Maria Amélia Ribeiro dos Reis. O casal precisava de mais espaço para acomodar seus dez filhos, mas tratou de preservar a arquitetura. Ao todo, a casa tem 22 cômodos, sendo nove quartos.
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A principal atividade econômica desenvolvida na década de 20 era a criação de gado holandês, com um apuro genético que criou fama em todo o estado. O comércio de gado expandiu-se e deu origem à criação de cavalos Mangalarga de sufixo Porto. O cavalo era usado na lida da fazenda, no transporte de pessoas e produtos e também no lazer. Longos passeios pelas bonitas serras da região e atividades de caça estavam entre as diversões prediletas da família. Os cuidados com os equinos ficavam a cargo de Oswaldo Reis, filho de Virgílio Reis, apelidado Didi do Porto. Oswaldo construiu uma nova sede nas proximidades da capela do Espírito Santo, erguida dentro dos limites da fazenda. Ali criou esplêndidos animais, como a matriz Futurista do Porto, mãe de importantes campeões nacionais, entre eles Cassino do Porto e Ouro Preto do Porto. Hoje, a fazenda-sede está sob a direção de Maria Cláudia Vilela Alves Reis, neta de Virgílio Reis, que busca preservar tradições e memórias. Nesse tempo todo, a estrutura da casa praticamente não sofreu alterações. Na parte interna, marcos e portas em tons avermelhados dão vida aos detalhes. Algumas paredes repletas de fotos contam a história das gerações que viveram no local. A religiosidade também está presente em pequenos altares espalhados pela casa. São laços entre as gerações que já se foram e as que ainda virão.
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Porto Farm Located in the District of São Vicente de Minas, in the South Minas region, the Porto Farm is fascinating due to its simplicity. Right in the entrance, silk-cotton trees and pine trees summon the visitor to hospitality. The rich flora adorns the assemblage of history and tradition. The house was built in 1760, by the owners, Domingos Reis e Silva and Andreza Dias de Carvalho, who picked out a central area in the District. In the façade, there are architectural details with the influence of European neoclassical style. Unpretentious and practical, the construction has 20 framed windows and a roof with eaves all around. Carefully cut straight columns demonstrate care with esthetics. In 1920, the seat was enlarged. At the time, the Porto Farm was administered by Virgílio Andrade Reis – fourth generation of the family – who was married to Maria Amélia Ribeiro dos Reis. The couple needed to accomodate their ten children, but they tried to preserve the architecture. All told, the house had 22 rooms, nine being bedrooms. The principal economic activity developed in the decade of the 20’s was raising Netherlander cattle, with a genetic pureness that was famous all over the state . The commerce of cattle expanded and gave origin to the raising of Mangalarga horses bearing the Porto name. The horse was used in cattle tending, transportation of people and products and also for leisure. Long rides through the pretty mountains of the region and hunting activities were among the favorite diversions of the family. The care of the horses was under the charge of Oswaldo Reis, son of Virgílio Reis, nicknamed Didi do Porto. Oswaldo built a new seat in the neighborhood of the chapel of the Holy Spirit, raised within the boundaries of the farm. He there raised splendid animals such as the matrix Futurista do Porto, mother of important national champions, among them Cassino do Porto and Ouro Preto do Porto. Today, a farm-seat is under the direction of Maria Cláudia Vilela Alves Reis, Virgílio Reis’s granddaughter, who seeks to preserve traditions and memories. During all this time, the structure of the house practically underwent no changes. On the outside part of the house, frames and doors in reddish tones give life to the details. Some walls filled with photos tell the story of the generations who lived in the place. Religiousness is also present in the small alters scattered through the house. They are ties between the generations who have passed on and those yet to come.
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Fazenda Espírito Santo A Fazenda Espírito Santo fica no município de São Vicente de Minas, região Sul de Minas Gerais. É uma gleba desmembrada da Fazenda do Porto, construída por Oswaldo de Andrade Reis, mais conhecido por Didi do Porto, e sua esposa Francisca Junqueira Reis. A casa harmoniza seu estilo de época com uma estrutura moderna. Janelas de vidro e madeira são características da construção. O proprietário se dedicou a formar a linhagem Mangalarga Porto, que logo ficou conhecida nacionalmente como sinônimo de refinamento, agilidade e qualidade genética. Como marca da criação, foi desenvolvido um símbolo “V” invertido, aplicado a ferro quente na coxa direita dos cavalos. A marca é a inicial de Virgílio Andrade Reis, pai de Oswaldo e antigo dono da Fazenda do Porto. Com seu trabalho na Fazenda Espírito Santo, Didi inscreveu seu nome na história do Mangalarga marchador como um dos incentivadores mais fiéis da raça. Prova disso são os expoentes de seu criatório, que se destacam entre os mais finos marchadores brasileiros, como as matrizes Frinéia do Porto, Uva do Porto, Escrava do Porto, Dama do Porto, Jóia do Porto, Herdeira do Porto, Princesa do Porto e Jéssica do Porto. Já entre os principais reprodutores, enumeram-se os garanhões Prelúdio Primeiro do Porto, Ouro Preto do Porto, Brasão do Porto, Senhor do Porto, Enxofre do Porto e Indiscreto do Porto.
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A forte religiosidade da família Reis transmitiu, geração após geração, o dever de conservar a ampla Capela do Divino Espírito Santo, que guarda relíquias importantes, como uma pia batismal lavrada em pedra-sabão, datada de 1885. Protegido por um muro de pedras - provavelmente erguido por mãos escravas - o santuário tem um altar com a representação do Divino Espírito Santo coroada com flores vermelhas. Na região, a festa do Divino se realiza no domingo de Pentecostes (50 dias após a Páscoa). É a maior comemoração rural da Diocese de São João del-Rei. Após o falecimento de Oswaldo de Andrade Reis, sua filha Heloisa Helena Reis Junqueira e o genro José Carlos de Souza Junqueira assumiram a administração da fazenda. Deram prosseguimento ao valioso trabalho de refinamento da raça Mangalarga Marchador, adotando os mesmos princípios e ideais que Didi valorizava. Em 30 de outubro de 2010, foi inaugurado um espaço exclusivo dentro da Fazenda Espírito Santo para o Haras do Porto. 61
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Espírito Santo Farm Espírito Santo Farm is in the town of São Vicente de Minas, in the South Minas Gerais region. It is a broken up tract of land of Porto Farm, built by Oswaldo de Andrade Reis, though better known as Didi do Porto, and his wife Francisca Junqueira Reis. The house harmonizes the style of the time with a modern structure. Glass windows and wood are characteristics of the construction. The owner threw himself into forming the Mangalarga Porto linage, which was soon nationally recognized as synonymous of refinment, agility and genetic quality. As a sign of the breed, an inverted “V” was developed, and branded onto the right leg of the horses. The brand stands for the initial of Virgílio Andrade Reis, father of Oswaldo and former owner of Porto Farm. Through his work on Espírito Santo Farm, Didi inscribed his name in the history of the Mangalarga Marchador as one of the most loyal boosters of the breed. A proof of that are the champions of his horse farm among the finest Brazilian marchadores such as matrixes Frinéia do Porto, Uva do Porto, Escrava do Porto, Dama do Porto, Jóia do Porto, Herdeira do Porto, Princesa do Porto and Jéssica do Porto. Among the main reproducers, several stallions can be called off: Prelúdio Primeiro do Porto, Ouro Preto do Porto, Brasão do Porto, Senhor do Porto, Enxofre do Porto and Indiscreto do Porto. The staunch religiousness of the Reis family transmitted, generation after generation, the duty to conserve the most beautiful Chapel of the Divine Holy Spirit, which holds important relics such as the baptismal font carved in soapstone, dated in 1885. Protected by a wall of stones - probably erected by slave hands - the sanctuary has a beautiful altar with the representation of the Divine Holy Spirit crowned with red flowers. In the region, the feast of the Divine Holy Spirit takes place on Pentecost Sunday (50 days after Easter ). It is the greatest rural celebration of the Diocese of São João del-Rei. After the death of Oswaldo de Andrade Reis, his daughter Heloisa Helena Reis Junqueira and his son-in-law, José Carlos de Souza Junqueira took over the administration of the farm. They proceeded with the valuable work of refinement of the Mangalarga Marchador breed, adopting the same principals and ideals which he placed store by. On October of 2010, there took place the inauguration of an exclusive space for the Haras do Porto in the Espírito Santo Farm.
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Fazenda das Pitangueiras
Refúgio de sossego e integração com a natureza. Assim é a Fazenda das Pitangueiras, também localizada no município de São Vicente de Minas, no Sul de Minas. A sede começou a ser erguida em 1750, quando o terreno era de propriedade de José Andrade Peixoto. O local escolhido foi um aprazível terreno às margens do rio Pitangueiras, que nasce na região. Ao todo, são mais de mil metros quadrados de área construída. Em 1905, a fazenda foi recebida em herança pelo casal Urbano de Andrade Reis e Maria Eugênia de Andrade Reis. Algumas reformas foram feitas, mas o projeto original da fazenda quase não sofreu alterações. Com uma fachada inspirada no es64
tilo neoclássico europeu, a sede possui telhado de beiral e janelas harmoniosas. No que se refere à distribuição interna, a planta é setecentista, marcada pela ausência de corredores e por ambientes espaçosos. Entre as características típicas das fazendas centenárias, o destaque é para o pé-direito da casa, que tem 5 metros de altura, o mais alto da região. Ao todo, são 26 cômodos, dentre eles 12 quartos. A propriedade, que já teve como principais atividades econômicas a cultura de café e a criação de gado de leite, sempre foi bastante visitada. Políticos e fazendeiros de vários pontos do país frequentavam o local. No passado, a fazenda também tinha um laticínio, onde eram fabricadas especiarias derivadas do leite.
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Nessa fazenda viveu José de Andrade Reis, filho de Urbano de Andrade Reis, que deu início a uma das mais tradicionais linhagens da raça Mangalarga Marchador, a linhagem Herdade. Mais conhecido por “Dié”, José sempre foi apaixonado pelo campo. E não haveria de ser diferente, pois afinal descendia de grandes pecuaristas, como Gabriel Francisco Junqueira e o barão de Alfenas. Ainda na infância, Dié aprendeu a lidar com os animais e, depois de se casar com Maria do Carmo Junqueira Reis, comprou, em parceria com o pai, a Fazenda Herdade, no município de Simão Pereira, perto de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira. A tropilha da Fazenda das Pitangueiras foi transferida para o novo criatório. Na época, a fazenda foi novamente vendida. Desta vez à família Araujo, que passou a dedicar-se ao gado leiteiro, à doma e ao treinamento de equinos, como as mais importantes atividades na fazenda. José Afonso de Araújo cuida do gado e Gerônimo Paulo de Araújo cria cavalos e responde por toda a lida com os equinos. Quitandas e guloseimas produzidas por dona Amiciota são atrativos que fazem a fama da Fazenda Pitangueiras. Hospitalidade, sossego, fartura e portas sempre abertas são palavras que definem essa propriedade.
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Pitangueiras Farm A refuge of peace and integration with nature – thus is Pitangueiras Farm, also located in the district of São Vicente de Minas, in the South of Minas. The seat began to be raised in 1750, when the land belonged to José Andrade Peixoto. The place chosen was a delightful piece of land on the banks of the Pitangueiras river, which springs forth in the region. All told, there are more than a thousand meters of area constructed. In 1905, the farm was inherited by Urbano de Andrade Reis and Maria Eugênia de Andrade Reis, a couple. Some refurbishing was done, but the original project of the farm scarcely underwent alterations. Having a façade inspired in the European Neoclassical style, the seat has a roof with eaves and harmonious windows. With regards to the layout inside the house, the plan is eighteenth century, striking for its lack of corridors and spacious ambiences. Amongst the typical characteristics of the centennial farms, noteworthy is the central post of the house, which is 5 meters high, the tallest in the region. In all, there 26 rooms, out of which 12 are bedrooms. The property, which had coffee farming and raising dairy cattle as its principal economic activities, was always well visited. Politicians and farmers from several points of the country were in attendance at the place. In the past, the farm also had a dairy products business, where samples of many milk products were made. It was in this farm where José de Andrade Reis, son of Urbano de Andrade Reis lived, beginning one of the most traditional linages of the Mangalarga Marchador breed, the Herdade linage. Better known as “Dié”, José was always passionate about the country. And it could not have been different, since, after all, he was the descendant of great cattlemen, such as Gabriel Francisco Junqueira and the baron of Alfenas. Even as a child, Dié learned to deal with the animals and, after marrying Maria do Carmo Junqueira Reis, he bought, in partnership with his father, the Herdade Farm, in the district of Simão Pereira, near Juiz de Fora, in the Zona da Mata of Minas. The small Pitangueiras Farm troop was transferred to the new horse farm. At the time, the farm was sold once more. This time to the Araújo family, who devoted itself to raising dairy cattle, to taming and training equines as the most important activities in the farm. José Afonso Araújo takes care of the cattle and Gerônimo Paulo de Araújo raises horses and is responsible for everything dealing with the equines. Sweets and delicacies produced by dona Amiciota are attractions that add to the fame of Pitangueiras Farm. Hospitality, peace, abundance and always opened doors are the hallmarks of the property.
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Fazenda Engenho de Serra Datada do século XVIII e localizada igualmente no município de São Vicente de Minas, a Fazenda Engenho de Serra foi fundada pelo tenente Manoel Joaquim de Andrade, em 1774, e mantém em sua estrutura todas as características do período colonial. A propriedade foi repassada de geração em geração. Em 1880, o coronel Severino Eugênio, ao se casar com a bisneta do barão de Alfenas, Maria Ribeiro de Andrade, recebeu a Fazenda Engenho de Serra como dote e a Fazenda Pitangueiras como herança. A fazenda se destaca pela grandiosidade da construção. São 24 cômodos, entre eles 13 quartos. Janelas amplas e compridas em estilo neoclássico, portas e revestimento de telhado em madeira resistente são detalhes que enriquecem a obra. Fotos antigas relembram momentos marcantes da vida no campo. Documentos parcialmente consumidos pelo tempo remetem a episódios de grandeza, que certamente merecem ser destacados. Entre eles, certificados que comprovam a excelência e a tradição na criação de gado leiteiro e de cavalos Mangalarga. O local é famoso por ter sido palco de fatos de grande significação regional. A soma dos animais oriundos do barão de Alfenas aos já existentes nas fazendas Engenho de Serra e Pitangueiras alavancou a criação de cavalos Mangalargas Marchador da tropa da marca “S”, criada pelo coronel Severino Eugênio de Andrade. Berço bastante conhecido da raça dos marchadores, a fazenda teve exemplares garanhões que fizeram história. Entre eles, destaque para Baluarte, Bismarck e Caxias. Na década de 90, dois garanhões foram fundamentais naquela propriedade: Duelo do Engenho de Serra, que morreu precocemente, e Gerente do Engenho de Serra, que deixou descendentes para apurar o plantel atual. Visitar a fazenda é viajar no tempo e regressar ao Brasil Colônia. A família, já na oitava geração, sabe contar com minúcias a história da propriedade. Atualmente, após a morte de Francisco Roberto Meirelles de Andrade, a Fazenda Engenho de Serra é administrada por Sônia Campos Meirelles e por seus filhos, Renato, Roberto e Roney. A família continua empenhada em preservar a riqueza histórica e cultural construída por seus ancestrais, dando ênfase, dentre as várias atividades desenvolvidas na propriedade, à seleção dos animais para a marcha, a comodidade, o temperamento de sela para o trabalho e o lazer. Essa é a proposta dos Campos Meirelles para manter a família unida e dar continuidade às tradições repassadas de geração em geração. 68
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Engenho de Serra Farm Dating from the XVIII th century and located in the same São Vicente de Minas District, Engenho de Serra Farm was founded by lieutenant Manoel Joaquim de Andrade, in 1774, and it keeps all the characteristics of the colonial period in its structure. The property was passed on from generation to generation. In 1880, colonel Severino Eugênio, upon marrying the great granddaughter of the baron de Alfenas, Maria Ribeiro de Andrade, received the Engenho de Serra Farm as dowery and the Pitangueiras Farm as inheritance. The farm stands out due to the grandiosity of its construction. There are 24 rooms, 13 of them being bedrooms, while wide and long windows in the Neoclassical style, doors and lining of the roof in the purest of wood and other details enrich the construction. Old photos recall strong moments in country life. Documents partially wasted away by time take one back to grandiose episodes, which truly deserve being celebrated. Some of them are certificates which prove the excellence and tradition in raising dairy cattle and Mangalarga horses.
The place is famous for having been stage to highly significant historical regional facts. Adding the animals from barão de Alfenas to those already at Engenho de Serra and Pitangueiras Farms braced up the raising of Mangalarga Marchador horses of the troop bearing the “S” barnd, raised by colonel Severino Eugênio de Andrade. The rare and well-known birthplace of the Marchador breed, the farm had amongst stallion exemplars some which really made history. Among them, special mention should be made of Baluarte, Bismarck and Caxias. In the decade of the 90’s, two stallions on the property were outstanding: Duelo do Engenho de Serra, which died precociously, and Gerente do Engenho de Serra, which left descendents for the refinement of the current breeding stock. Visiting the farm means traveling back in time to Colonial Brazil. The family, now in its eighth generation, knows how to tell the history of the property in detail. Currently, after the death of Francisco Roberto Meirelles de Andrade, Engenho de Serra Farm is administered by Sônia Campos Meirelles and her sons Renato, Roberto and Roney. The family continues to be intent on preserving the historical and cultural history constructed by their ancestors, placing emphasis, among the several activities developed on the property, the singling out of the animals for walking, comfort, saddle temperament for work and leisure. That is the objective of the Campos Meirelles family for keeping the family united and giving continuity to the countryside life traditions passed on from generation to generation. 70
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Fazenda Sesmaria Em São Vicente de Minas, no Sul de Minas, está localizada a Fazenda Sesmaria. Foi construída no século XVIII pelo tataravô de Antônio Carlos Araujo Villela, que hoje é o responsável pela administração da sede. Como em várias construções da época, detalhes na arquitetura mostram a influência da colonização europeia. Ali predominam estruturas simples. No telhado, uma cobertura caprichosa; nas paredes, o branco contrasta com janelas e portas coloridas. Observam-se também vãos livres em que montantes de pedras são usados como pilotis para dar sustentação à varanda, onde uma escada rústica dá acesso à casa. A construção que se vê hoje não remete com fidelidade à que existiu no passado. Alguns detalhes precisaram de adequação ao uso da família que residia no local em 1930. Entre as mu-
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danças, houve a construção de banheiros. Desde aquela década, as reformas que ocorreram visaram apenas à manutenção da casa. A vida econômica na fazenda foi bastante ativa. Assim como em outras propriedades da região, predominavam a cultura de café e a criação de gado de leite para a geração de renda. Era na sede que muitos fazendeiros, políticos e comerciantes se reuniam para fechar negócios e fazer acordos. Outro aspecto peculiar da vida na fazenda era a caça de codornas. No local se hospedavam caçadores da região e de Belo Horizonte que chegavam a passar mais de 20 dias compartilhando esse tipo de lazer com os proprietários.
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Hoje a economia da fazenda gira em torno da criação de gado de leite, da recria de gado de corte e da plantação de milho. Preservar a história de quem viveu no local, manter os costumes e tradições, estão entre os principais objetivos dos atuais administradores. A facilidade de acesso assegura à Fazenda Sesmaria um grande número de visitantes. Muitos deles são pessoas interessadas na história de São Vicente de Minas, que desejam conhecer o lugar onde surgiu o nome da cidade. De acordo com a família, foi em um córrego que passava dentro da fazenda Sesmaria que se encontrou uma imagem de São Vicente Férrer.
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Sesmaria Farm Sesmaria Farm is located in SĂŁo Vicente de Minas, in the South of Minas. It was built in the XVIIIth century by the great grandfather of AntĂ´nio Carlos Araujo Villela, who is responsible for the administration of the seat. As in all constructions of the time, details in the architecture evince the influence of the European colonization. Simple structures stand out. On the roof, a careful cover, and on the walls, white contrasts with colorful windows and doors. One can also observe free spaces in which heaps of stone are used as stilts to lend support to the verandah, where a beautiful stairway leads to the house. The construction which can be seen today, does not take one back, with fidelity, to what there was in the past. Some details needed to be adjusted to the use of the family who lived on the place in 1930. Among the changes, there was the building of bathrooms. Since that decade, the refurbishings which took place only took upkeep into consideration. The economic life in the farm was rather active. Just like on other properties of the region, coffee farming and raising dairy cattle for the raising of income were outstanding.
It was at the seat that many farmers, politicians, and merchants met to make deals and agreements. Another peculiar aspect of life on the farm was hunting quail. At the place, the hunters from the region as well as Belo Horizonte would spend up to 20 days in the house sharing in this type of leisure with the owners. Presently, the economy of the farm depends on the raising of dairy cattle, the fattening of beef cattle and planting of corn. Among some of the main objectives of the current administrators is preserving the history of those who once lived on the place, keeping customs and traditions alive. Easy access guarantees a large number of visitors at Sesmaria Farm. Many of them are people interested in the history of SĂŁo Vicente de Minas, wanting to know the place which gave rise to the city name. According to the family, it was at a stream which passed through the Sesmaria Farm that an image of Saint Vincent Ferrer was found.
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Fazenda Bela Vista A Fazenda Bela Vista foi construída em 1840, em São Vicente de Minas, na região Sul de Minas. Pertenceu a Francisco Teófilo Reis e preserva em sua estrutura toda a grandeza que ostentou no passado. A sede ocupa cerca de 600 m² de área. Na fachada, detalhes impecavelmente combinados se harmonizam para formar uma das mais belas fazendas da região. A influência da arquitetura européia está presente nas janelas e portas de proporções bem definidas e cuidadosamente dispostas. Os registros que vêm sendo feitos há 170 anos mostram a grande movimentação de hóspedes e visitantes da fazenda. Era comum que familiares do município de Cruzília, por exemplo, passassem cerca de um mês na sede, em uma espécie de intercâmbio social. Amigos, fazendeiros e homens de negócios da região também frequentavam o local, atraídos pela criação de gado de leite, pela cultura de café e outros plantios geradores de renda e de excedentes para comercialização. Caçadas em grupo também eram atrativos da propriedade. Nas horas de lazer, os homens, precedidos por uma matilha de perdigueiros, montavam os excelentes Mangalargas criados na fazenda e saíam para a diversão. Hoje, a administração da Fazenda Bela Vista está a cargo de Carlos Antônio Meireles Junqueira, bisneto do fundador da propriedade. Algumas reformas na sede foram feitas, preservando a estrutura original da casa secular. O interior da sede também resistiu à ação do tempo, graças aos bons cuidados da família. Objetos antigos, fotos e documentos de época estão expostos com grande zelo. A criação de gado de leite e a recria de gado de corte sustentam a propriedade de valor cultural inestimável. Essa cultura é transmitida a turistas, familiares e amigos que visitam o casarão da Bela Vista. E por falar em vista, não se pode deixar de ressaltar quão apropriado foi o nome escolhido para a fazenda. Da varanda, a paisagem inspira e encanta, do nascer ao pôr do sol.
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Bela Vista Farm Bela Vista Farm was built in 1840 in São Vicente de Minas, in the South Minas region. It belonged to Francisco Teófilo Reis and it preserves in its structure all the greatness which it showed in the past. The seat spreads over an area of nearly 600 m². On the façade, impeccably related details harmonize making up one of the most beautiful farms in the region. The influence of European architecture is present in well defined and carefully placed windows and doors. The registers which have being kept for 170 years show forth a great movement of guests and visitors at the farm. It was common for relatives from the District of Cruzília, for example, to spend nearly a month at the seat, in a kind of social interchange. Friends, farmers and businessmen of the region also visited the placed, drawn by the raising of dairy cattle, coffee farming and other plantings generating income and surplus for commercializing. Group hunting was also something which attracted people to the property. During times of leisure, the men, led by a pack of hounds, rode excellent Mangalargas raised on the farm and went out for entertainment. Today, the administration of Bela Vista Farm is under the charge of Carlos Antônio Meireles Junqueira, great grandson of the property’s founder. Some refurbishing at the seat has been done, preserving the original structure of the centennial house. The inside part f the seat also withstood the action of time, thanks to good care by the family. Antique objects, photos and documents of the time are on display as though in a gallery filled with history and tradition. Dairy cattle raising and the fattening of beef cattle support the property of such inestimable cultural value. This culture is transmitted to tourists, relatives and friends who visit the Bela Vista homestead. And speaking of vista, one cannot fail to note how in keeping the name chosen for the farm is. From the verandah, the scenery inspires and charms, from sunrise to sunset.
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Casarão das Pitangueiras
Esta bela propriedade está situada no município de São Vicente de Minas, no Sul de Minas. Construída no século XVIII, a casa ocupa 680 metros quadrados de área e tem uma fachada cativante. Bem estruturada e plana, possui janelas em toda a extensão e cores sóbrias em seu exterior. Na parte de dentro, guarda um altar ricamente decorado com motivos religiosos e cômodos confortáveis, onde já viveram seis gerações da família Villela. Naquela época, o sustento dos moradores e os recursos para a manutenção da propriedade vinham da agricultura, da exploração da cana-de-açúcar e, principalmente, da venda de derivados do leite, que eram feitos no laticínio da própria fazenda. Palco de grandes encontros e negócios, o casarão sempre foi bastante movimentado. As festas eram constantes e atraíam muitos visitantes. As caçadas em grupo também ficaram famosas na região. Várias vezes por semana, os homens se reuniam para praticar o que era tido como o esporte da época. Montados em Mangalargas bem adestrados, eles saíam atrás de codornas, perdizes e veados. O cavalo também era usado na lida da fazenda e como meio de transporte. 80
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Hoje, a administração da sede está a cargo de Júlia Maria Villela. É ela quem cuida de manter viva a memória do casarão. Desde a sua criação, algumas reformas foram necessárias, mas procurou-se não descaracterizar o projeto inicial. A mais significativa intervenção foi feita na década de 50, quando foram construídos os banheiros internos e uma varanda. Paredes de pau-a-pique desgastadas pela ação do tempo também foram substituídas. A atividade da fazenda gira atualmente em torno de algumas culturas, da
criação de gado de corte e da hotelaria. Hóspedes de várias parte do estado e do país procuram ali um refúgio para descanso, bem-estar e conforto. Além de tudo isso, esses visitantes ainda encontram no Casarão das Pitangueiras os quitutes de dona Júlia. Quituteira de mão-cheia, ela prepara delícias típicas do interior de Minas, como broas cremosas de fubá e pamonhas de milho verde. Preservar a história da fazenda e repassá-la aos descendentes e visitantes é o grande prazer da família Villela.
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Pitangueiras Homestead This beautiful property is located in the District of São Vicente de Minas, in the South of Minas. Built in the XVIIIth century, the house takes up 680 square meters of area and has a captivating façade. It is well structured and flat, has windows through and through and sober colors on the outside. On the inside, it has a richly ornamented hermitage with religious motifs and comfortable rooms, where six generations of the Villela family have lived. At that time, the support of the dwellers and resources for the upkeep of the property came from agriculture, the exploitation of sugarcane, and particularly from the sale of dairy products made at the farm’s own dairy. As stage for important get togethers and business, the homestead was always filled with activity. Parties were constant and drew many visitors. The hunting groups in the region turned famous. Several times a week, the men got together to engage in what was thought to be the sport of the time. Astride well trained Mangalargas, they went out after quail, partridges and deer. The horse was also used in work at the farm and as a means of transportation. Currently, the administration of the seat is under the charge of Júlia Maria Villela. It is she who cares for keeping alive the memory of the homestead. Since its foundation, some refurbishing was
needed, but it was attempted that the original project not be decharacterized. The most significant intervention was done in the decade of the 50’s, when the internal bathrooms and a verandah were built. Worn by the passing of time the walls of wattle were also substituted. The farm activity currently runs around some harvests, raising beef cattle and hostelry. Guests from several parts of the state and of the country seek a haven for rest, well being and comfort here. In addition to all of this, the visitors find in the Homestead the delicacies of Dona Júlia. A real hand at making tidbits, she prepares typical delicacies of the hinterland of Minas, such as creamy corn flour muffins and green corn cakes rolled and baked in corn husks. To preserve the history of the farm and pass it on to descendents and visitors is the great pleasure of the Villela family.
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Fazenda Traituba Patrimônio da família Junqueira há mais de três séculos, as terras da Traituba abrigam uma das mais majestosas construções do Brasil Império. Construída por volta de 1827, por sugestão de Dom Pedro I, que era amigo dos Junqueira, a propriedade fica no município de Cruzília, no Sul de Minas Gerais. Os Junqueira fincaram raízes na região em meados do século XVIII, quando veio para o Brasil o português João Francisco Junqueira, que se casou e deu início à primeira geração da família. João Pedro Diniz Junqueira, neto de João Francisco Junqueira, foi o responsável pela construção da sede, com um apuro especial porque a família pretendia receber ali o próprio imperador, que frequentemente lhes enviava membros de sua corte. A sede tinha dois andares e 45 cômodos. Na entrada da propriedade foi construído um grande portão com detalhes esculpidos em pedra-sabão,
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para que o imperador pudesse passar montado em um de seus belos garanhões andaluzes. A visita tão esperada acabou não acontecendo. A situação política em Portugal se agravara após a morte de Dom João VI e Dom Pedro teve que regressar a Lisboa em 1831, abdicando do trono em favor de seu filho Pedro II. Num dos quartos da Traituba os visitantes ainda podem admirar a cama mandada fazer pelos Junqueira para o descanso do imperador, com a cabeceira ricamente trabalhada em madeira marchetada. Outro atrativo que certamente seria visto pelo ilustre visitante era a chamada “Árvore da Batalha”, um imponente jequitibá de 35 metros de altura, que já era antigo na época do Descobrimento do Brasil. Maior ainda nos dias de hoje, são necessários seis homens de mãos dadas para abarcar seu tronco.
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Pertencente à terceira geração da família, José Frauzino Forte Junqueira, conhecido como Major da Traituba, fez uma grande reforma na sede em 1905. Entre as mudanças promovidas, ele desmanchou o pavimento superior da casa, construído apenas para hospedar a corte de Dom Pedro. A fazenda hoje é administrada por Otto Aguiar Junqueira e José Frauzino Junqueira, filhos de Oswaldo Cruz Azevedo Junqueira e Alice Aguiar Junqueira. A casa tem cerca de 30 cômodos, possui grossas paredes de adobe, grandes portas e janelas e assoalho de pinho. Além de ser um patrimônio mineiro, a Fazenda Traituba é um dos berços da raça Mangalarga Marchador. A tropa de andamento firme, regular, equilibrado e confortável causa fascínio em todos que visitam a propriedade. O plantel é motivo de orgulho para a família e tem em sua história reprodutores famosos, como Pégaso, Canário, Glicério e Beduíno, entre outros.
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Traituba Farm As part of the Patrimony of the Junqueira family for more than three centuries, the Traituba lands are home to some of the most majestic buildings of Imperial Brazil. Built around 1827, at the suggestion of the emperor Dom Pedro I, who was a friend of the Junqueiras, the property is in the District of Cruzília, in the South of Minas Gerais. The Junqueiras rooted themselves in the region in the mid XVIIIth century, when Portuguese João Francisco Junqueira came to Brazil, and getting married gave rise to the first generation of the family. João Pedro Diniz Junqueira, the grandson of João Francisco Junqueira, was responsible for building the seat, with special care, since the family intended to receive the emperor himself there, for he frequently sent them members of his court. The seat had two floors and 45 rooms. At the entrance of the property, a large gate with details sculpted in soap stone was made, so that the emperor could ride through astride one of his Andalusian stallions. The such awaited visit ended up not taking place. The political situation in Portugal had turned serious after the death of Dom João VI and Dom Pedro had to return to Lisbon in 1831, abdicating the throne in favor of his son Pedro II.
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In one of the Traituba bedrooms, visitors could admire the bed which had been ordered by the Junqueiras for the emperor’s rest, with the headboard being richly turned in crafted wood. Another attraction which most certainly would be seen by the illustrious visitor was called “the Tree of the Battle”, which was already old at the time of the Discovery of Brazil. Even greater today, six men holding hands would be necessary to embrace its trunk. A third generation member of the family, José Frauzino Forte Junqueira, known as the Major of Traituba, effected a major refurbishing at the seat in 1905. Amongst the changes made, he tore down the upper floor of the house, which had been built for the exclusive purpose of putting the Court of Dom Pedro up. The farm today is administered by Otto Aguiar Junqueira and José Frauzino Junqueira, sons of Oswaldo Cruz Azevedo Junqueira and Alice Aguiar Junqueira. The house has nearly 30 rooms, it has thick adobe walls, large doors and windows and pine floors. Besides being a patrimony of the Minas Gerais State, Traiatuba Farm is one of the birthplaces of the Mangalarga Marchador breed. The firm walk - regular, even and comfortable - is fascinating to all who visit the property. The breeding stock is a just reason for pride for the family and holds in its history, famous reproducers such as Pégaso, Canário, Glicério and Beduíno, amongst others.
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Fazenda Angahy Pertencente à família Souza Meirelles, a Fazenda Angahy foi construída pelo português José Garcia Duarte e batizada de “Fazenda dos Garcias”. Está situada no município de Cruzília, região Sul de Minas, e passou a usar o nome “Angahy” por volta de 1800, devido a um rio de mesmo nome que passava bem próximo à propriedade. Com quase trezentos anos de fundação, a sede é considerada a moradia mais antiga da região. A inspiração arquitetônica da construção tem influência europeia. A casa surpreende pelo tamanho. Tem 46 cômodos, entre eles 22 quartos. Ambientes amplos foram construídos para abrigar muitas pessoas. Outra característica que chama a atenção é o elevado pé-direito, que em alguns pontos chega a ultrapassar os cinco metros.
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A fazenda teve como uma de suas principais bases econômicas a criação de gado holandês e de cavalos da raça Mangalarga Marchador. O criatório foi iniciado por volta de 1890, pelo quarto proprietário da fazenda, coronel Christiano dos Reis Meirelles. Os cavalos da Angahy ficaram famosos por sua marcha batida, firme e avante. Caxias I foi o semental da tropa. Nascido e criado na Fazenda Luziana, em Leopoldina, Minas Gerais, o garanhão deixou uma significativa descendência em muitos criatórios da raça. Outro garanhão que marcou o plantel foi o Angahy I, considerado, na época, um exemplo dos padrões propostos para a raça.
A fama dos cavalos da Fazenda Angahy permanece intacta até hoje. Isso porque, de geração em geração, a família Souza Meirelles busca preservar valores e tradições sabiamente construídos por seus antepassados. A nona geração da família está à frente da administração da propriedade e seu lema é manter a fazenda como berço da raça Mangalarga Marchador e referência na criação de cavalos. Atualmente a Angahy funciona como pousada e recebe, durante o ano todo, pessoas interessadas nas belezas naturais, nas paisagens bucólicas e nos mergulhos na História de Minas.
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Angahy Farm Belonging to the Souza Meirelles family, the Angahy Farm was built by Portuguese José Garcia Duarte and named the “Farm of the Garcias”. It is located in the District of Cruzília, South Minas region, and took up the name “Angahy” around 1800, due to a river with the same name which went by very near the property. With almost three hundred years of foundation, the seat is considered the oldest dwelling place in the region. The architectural inspiration on the construction has a European influence. The size of the house is surprising. It has 46 rooms, out of which 22 are bedrooms. Ample ambiences were built to shelter many people. The central post is another characteristic which draws attention, for at some points, it supersedes five meters. The farm had one its principal economic mainstays in the raising of Netherland cattle and horses of the Mangalarga Marchador breed. The horse farm got started around 1890, by the fourth proprietor of the farm, colonel Christiano dos Reis Meirelles. The Angahy horses became famous because their clipped walk, which was firm and forward. Caxias I was the troop breeder. Born and raised at Luziana Farm, in Leopoldina, Minas Gerais, the stallion left a significant descendence in many breeding places. Another stallion which left its mark on the breeding stock was Angahy I, considered, at the time, an example of the patterns proposed for the breed.
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The fame of the Angahy Farm remains intact even today. This is due to the Souza Meirelles family processes generation upon generation, so wisely constructed by their ancestors. The nineth generation of the family is at the head of the administration of the property and its motto is to keep the farm as the birthplace of the Mangalarga Marchador breed and reference in horse breeding. Currently, Angahy functions as an inn and host people, who are interested in natural beauty, bucolic scenery and diving into History of Minas.
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Fazenda dos Lobos
Inaugurada em 22 de fevereiro de 1907, a Fazenda dos Lobos recebeu este nome devido à grande quantidade desses animais que percorriam a região. Situada na cidade de Cruzília, no Sul de Minas, a Fazenda dos Lobos faz parte da história da família Junqueira. O terreno onde a propriedade foi edificada fazia parte da Fazenda Campo Lindo. Seu construtor foi José André, cunhado dos donos da propriedade. Duas décadas depois, a primeira família a morar na casa se mudou para o estado de São Paulo e José Bento Junqueira de Andrade, também conhecido como "Bentinho", sobrinho dos donos da fazenda Campo Lindo, assumiu a Fazenda dos Lobos. Na casa-grande, Bentinho e sua esposa Carmita tiveram sete filhos, dois dos quais foram vitimados ainda na infância pela pneumonia. Mesmo assim, o casal continuou apaixonado pela vida no campo. Um dos locais mais queridos pela família era o jardim, sempre muito bem cuidado por Carmita. O zelo com as flores era elogiado por quem visitava a fazenda. Vale lembrar que entre os frequentadores da propriedade estavam intelectuais, políticos e grandes fazendeiros. 94
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A criação de gado holandês, de cavalos e de cachorros de caça eram as fontes de renda da família e as grandes paixões de Bentinho. No criatório, foi desenvolvida a tropa “Lobos”, que logo ficou conhecida pela excelência dos animais marchadores e pela genética de alto padrão. O casal esteve à frente da Fazenda dos Lobos por cerca de 60 anos. Após a morte do casal, o filho caçula Paulo César assumiu a administração. O novo dono herdou do pai também o grande amor pela terra e a dedicação ao trabalho por ele iniciado. Hoje, Ana Paula Junqueira é a responsável pela gestão da fazenda. Entre as metas da família estão a preservação da história de seus antepassados e o aprimoramento da criação de cavalos da raça Mangalarga Marchador.
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Lobos Farm Inaugurated on February 22, 1907, Lobos Farm got this name due to the large quantity of wolves which traversed the region. Located in the city of Cruzília, in the South of Minas, the Lobos Farm is part of the history of the Junqueira family. The land where the property was built up was part of the Campo Lindo Farm. It builder was José André, brother-in-law to the property owners. Two decades later, the first family to live in the house moved to the State of São Paulo and José Bento Junqueira de Andrade, also known as "Bentinho", nephew to the Campo Lindo Farm owners, took over Lobos Farm. At the big house, Bentinho and his wife, Carmita, had seven children, two of whom fell victims to pneumonia, while yet children. Even so, the couple continued to have a passion for life in the country. One of the family’s dearest places was the garden, which was always very well taken care of by Carmita. The zeal displayed with the flowers was praised by whoever visited the farm. It should be remembered that among the people who visited the property were intellectuals, politicians and important farmers. The raising of Netherland cattle, horses and hunting dogs were sources of the family income and one of the big passions of Bentinho. In the horse farm, the “Lobos” troop was developed and it was soon known for the excellence of the Marchador animals and the high quality genetics. The couple was at the head of Lobos Farm for nearly 60 years. After the death of the couple, the youngest son, Paulo César, took over the administration. The new owner also inherited from his father, a great love for the land and his dedication to the work he had begun. Today, Ana Paula Junqueira is responsible for the management of the farm. Amongst the family objectives, are the preservation of the history of their predecessors and the improvement of raising exemplars of the Mangalarga Marchador breed of horses.
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Fazenda Narciso
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A Fazenda Narciso é uma das primeiras fazendas que resultaram da subdivisão da Fazenda Campo Alegre, tida como berço da família Junqueira. Fundada na segunda década do século XVIII, a sede foi construída pelo barão de Alfenas e está localizada no município de Cruzília, região Sul de Minas. A propriedade tem características da arquitetura rural. Exibe uma fachada austera em azul e branco, com janelas perfiladas em plena harmonia com o ambiente pastoril. A parte interna da fazenda tem cômodos espaçosos e decorados com simplicidade. A sede passou por reformas; contudo, buscou-se preservar toda a originalidade da construção. O porão sustenta a casa com grossas vigas de madeira e paredes de pedra. Ali se guardam instrumentos da lida com gado de leite, que sempre foi a principal atividade econômica da fazenda, e de montaria, outra grande vocação da família Junqueira.
Antônio Gabriel Junqueira, filho do barão de Alfenas, fez da Fazenda Narciso um dos mais importantes criatórios do país, com uma significativa participação no desenvolvimento da raça Mangalarga Marchador. O garanhão Abismo Rosilho foi o mais importante padreador do plantel, com grande influência nas tropas sul-mineiras. Quase todas foram beneficiadas por reprodutores da Fazenda Narciso, destacando-se também outros cavalos, como Trovador, Pretinho, Primeiro e Mussolino. Atualmente, Silvio Júlio Junqueira Pereira, mais conhecido como Julinho do Narciso, está à frente da administração da Fazenda Narciso. Na propriedade são cultivados milho e café e são criados animais de corte e leite, além dos mais finos cavalos da região. 99
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Narciso Farm The Narciso Farm is one of the first farms which ended up in the subdivision of the Campo Alegre Farm, considered the birthplace of the Junqueira family. Founded during the second decade of the XVIIIth century, the seat was built by the baron of Alfenas and is located in the District of Cruzília, South Minas region. The property has rural architectural characteristics. It displays an austere façade in blue and white, with windows aligned in complete harmony with the bucolic ambience. The internal part of the farm has spacious rooms which are decorated with simplicity. The seat went through refurbishing, though preserving the original structure was sought after. The basement supports the house with thick wooden beams and stone walls. Instruments for dealing with dairy cattle are kept here; dairy cattle were the principal economic activity of the farm, as well as riding, another great vocation to which the Junqueira family was called. Antônio Gabriel Junqueira, the son of the baron of Alfenas, made the Narciso Farm one of the most important breeding places of the country, with a significant participation in the development of the Mangalarga Marchador breed. The stallion, Abismo Rosilho, was the most important sire of the troop, having great influence on the South Minas troops. Almost all of them were improved by Narciso Farm reproducers, there also being other outstanding animals, such as Trovador, Pretinho, Primeiro and Mussolino. Currently, Silvio Júlio Junqueira Pereira, better known as Julinho do Narciso, heads up the administration of the Narciso Farm. On the property, corn and coffee are grown and dairy and beef animals are also raised, in addition to the finest horses in the region.
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Fazenda Favacho
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A história da Fazenda Favacho começou em 1740, quando dois casais de amigos portugueses resolveram se instalar no Brasil, mais especificamente em Minas Gerais. João Francisco Junqueira e a esposa moraram na Fazenda Campo Alegre, localizada entre as fazendas Narciso e Bela Cruz. Já o outro casal – cujos nomes se perderam no tempo – construiu a Fazenda Favacho, em Cruzília, no Sul de Minas. Por não se adaptar ao país, depois de algum tempo este último casal retornou ao continente europeu. Foi então que João Francisco Junqueira comprou a propriedade para morar com a família. Na época, grandes contingentes se moviam na busca do ouro e foi pensando nas oportunidades de negócios que Junqueira começou a investir em lavouras de milho, feijão e arroz, entre outras. Famosa entre as fazendas da época, a propriedade se destaca pelo tamanho da sede. Janelas grandes como portas, com 3,5 metros de altura, vergas alteadas com sobrevergas chamam atenção e o pé-direito, com cerca de quatro metros do piso ao teto, endossa as características arquitetônicas da mais pura inspiração colonial. A sede permitia dominar todas as atividades rurais do passado: ordenha, tropas, plantios, manejo de escravos. Um lago ameniza a paisagem.
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Ao todo, a casa tem 27 cômodos amplos, entre eles nove quartos, duas cozinhas e duas alcovas. Na espaçosa residência, o casal viveu e criou sete filhos. A sede passou por uma grande reforma em 1964. Foram feitas algumas adequações ao estilo de vida atual, como a construção de banheiros e a restauração de paredes e assoalho. Tais mudanças interferiram apenas na parte interna da propriedade, mas preservaram integralmente a estrutura externa. Pintura em azul e branco, detalhes em azulejos portugueses e decoração lusitana estão presentes em vários ambientes da casa. Há também uma capela que foi construída em 1981, em devoção a São José do Favacho. Outro destaque ficava por conta do comércio de escravos. João Francisco Junqueira teve muitos deles ao seu dispor. Há relatos de que certa vez chegou um navio
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negreiro no Rio de Janeiro, trazendo uma grande quantidade de escravos. O leiloeiro quis homenagear o bom cliente da Favacho, permitindo que escolhesse o que mais lhe interessasse. Para surpresa dos presentes, a resposta foi a seguinte: “Se os senhores não se incomodarem, ficarei com todos!” A criação de gado, porcos e equinos também foi uma atividade intensa na Fazenda Favacho. O café foi um cultivo de sucesso a partir do final do século XIX. Naquela época, escoar a produção não era tarefa fácil. Carros de boi, carroças e tropas de burros eram os meios de transporte disponíveis. Na maioria das vezes, as distâncias levavam semanas para serem percorridas. Quando se levavam porcos para vender no Rio de Janeiro, por exemplo, os animais eram abatidos e salgados, antes de serem embarcados nos carros de boi.
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Foi Gabriel Francisco Junqueira, um dos filhos de João Francisco Junqueira, que deu notoriedade à criação de cavalos. E, anos mais tarde, José Frauzino Junqueira, neto do fundador, incentivou ainda mais a atividade. Há relatos de que esse neto era tão apaixonado por cavalos que, mesmo depois de ficar cego, continuou a montar seus animais prediletos. A sede da Favacho foi berço de várias linhagens, entre elas Traituba, Lobos, Bela Cruz e JB. Gabriel Junqueira, o famoso barão de Alfenas, tio de José Frauzino, era um dos principais compradores de animais. Como político influente da época, exercendo o cargo de deputado, ele viajava a cavalo para comparecer às reuniões na Corte do Rio de Janeiro. A amizade entre tio e sobrinho era tamanha que há relatos de que o barão teria enviado à Fazenda Favacho o cavalo Alter que havia ganhado de Dom Pedro I. Também considerado barão, José Frauzino fortaleceu bastante a tropa após a compra do reprodutor Fortuna. Dele descenderam os primeiros grandes garanhões que contribuíram para a fixação da linhagem Favacho. Entre eles estão Montenegro, Trovão, Armistício, Radical e Farol. Os animais do plantel caracterizavam-se pela força, resistência, agilidade, e pelo andamento marchado, firme, equilibrado e confortável para o cavaleiro. Expressão racial forte, beleza incontestável e harmonia entre os membros sempre foram características da marca e garantiram sucesso de mercado. Com a linhagem em alta, vários criatórios do Marchador adotaram animais do prefixo, que ficou conhecido por reprodutores como Favacho Diamante, Campeão dos Campeões Nacionais de Marcha; Favacho Malta, Campeão dos Campeões Nacionais de Marcha; Favacho Único, Campeão Nacional Sênior de Marcha; Favacho Quociente, Reservado Campeão Brasileiro Sênior de Marcha; e Favacho Estanho, Reservado Campeão Nacional Jovem de Marcha. A Fazenda Favacho pertence hoje a Lúcia Junqueira, viúva de José Mário Junqueira Azevedo, que, em 1982, comprou a propriedade de Rubens Junqueira de Andrade. A nova proprietária preserva a história da fazenda, com suas tradições e conquistas.
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Favacho Farm The history of the Favacho Farm began in 1740, when two Portuguese couples who were friends decided to settle in Brazil, more specifically in Minas Gerais. João Francisco Junqueira and his wife lived at Campo Alegre Farm, located between the Narciso and Bela Cruz Farms. The other couple, on the other hand, built the Favacho Farm, in Cruzília, in the South of Minas. Due to the fact that the second couple was unable to adjust to the Country, after awhile, this couple returned to the European continent. It was at that time that João Francisco Junqueira bought the property as a place to dwell with his family. At the time, great contingents moved around in search of gold and it was while thinking about business opportunities that he began investing in crops of corn, beans and rice, amongst others. It was famous amongst the farms of the time; the property stands out due to the size of the seat. Windows as large as doors, with raised sills 3,5 meters high and lintels draw attention, and the central post measures around four meters from the floor to the ceiling, endorse architectural characteristics of the purest Colonial inspiration. The seat controls all rural activities of the past: milking, stock, crops, slave management. A lake lends softeness to the scenery. All counted, the house 27 ample rooms, nine of which are bedrooms, two kitchens and two alcoves. Within the spacious residence, the couple lived and raised seven children. The main house underwent a sizeable refurbishing in 1964. Some adjustments needed by the current style of life were made, such as building bathrooms and restoration of walls and floors. Such changes only interfered on the inside of the property, but they preserved the external part completely. Blue and white paint, details of Portuguese tiles and Lusitanian decoration are present in several ambiences of the house. A chapel was also built in 1981, out of devotion to Saint Joseph Favacho. Another highlight stood out in the slave commerce. João Francisco Junqueira had many of them at his service. There is news that once a slave ship arrived in Rio de Janeiro, bearing a large contingent of slaves. The auctioneer wanting to honor a good customer from Favacho, allowing him to choose that of most interest to him. To the surprise of all in attendance, the answer was the following: “If you gentlemen do not mind, I shall keep all of them!”
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Cattle raising, pigs and equines was also a vibrant activity at Favacho Farm. Coffee was a successful crop as of the end of the XIXth century. At that time, managing the channel of the production was no easy job. Oxen carts, wagons and troops of donkeys were the usual transportation means available. The majority of times, the distances covered took weeks to be traveled. When pigs were taken to Rio de Janeiro for sale, for example, the animals were butchered and salted, prior to being loaded onto the oxen carts. It was Gabriel Francisco Junqueira, one of João Francisco Junqueira’s sons, who gave notoriety to horse raising. And years later, José Frauzino Junqueira, grandson of the founder, encouraged the activity even further. There are accounts that this grandson was so interested and passionate about horses that even after he became blind, he continued riding his favorite animals. The Favacho seat was the birthplace of several linages, amongst them Traituba, Lobos, Bela Cruz and JB. Gabriel Junqueira, the famous baron of Alfenas, the uncle of José Frauzino, was one of the buyers of the exemplars. As an influential politician of the time, in the capacity of Congressman, he traveled to the meetings at the Court in Rio de Janeiro. The friendship between uncle and nephew was such that there are reports that the baron sent Alter, the horse he had gotten as a gift from the emperor, Dom Pedro I to the Favacho Farm. Also considered a baron, José Frauzino strengthened the troop quite a bit after the purchase of the reproducer, Fortuna. From it came great stallions which contributed to the consolidation of the Favacho lineage. Amongst them are Montenegro, Trovão, Armistício, Radical and Farol. The animals of the establishment were characterized by strength, agility, resistance, and by the march-like walk – firm, balanced and comfortable for the rider. The expression of the breed, incontestable beauty and harmony of limbs were always characteristics of note and guaranteed success on the market. Given the high quality of the lineage, several Marchador breeders adopted animals bearing the name, which became known through reproducers such as Favacho Diamante, National Champion of Champions in gait; Favacho Malta, National Champion of Champions in gait; Favacho Único, National Senior Champion of gait; Favacho Quociente, Brazilian National Senior Champion of gait; and Favacho Estanho, Young National Young Champion of gait. The Favacho Farm today belongs to Lúcia Junqueira, the widow of José Mário Junqueira Azevedo, who in 1982, bought the property from Rubens Junqueira de Andrade. The new proprietor preserves the farm’s history, along with its traditions and conquests.
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Fazenda dos Pinheiros A Fazenda dos Pinheiros foi construída no século XIX, na cidade de Minduri, no sul de Minas, por Francisco Penha de Andrade, conhecido na época como Chico Penha. Anos depois, a filha de Chico, Gabriela Ribeiro de Andrade, herdou a propriedade e fez história na bela fazenda. Ao lado do esposo, Domingos de Aguiar Vilela, também chamado de Major Domingos, ela administrou a Pinheiros e a tornou regionalmente famosa. Nesta época, a propriedade ficou conhecida pela produção da tradicional cachaça dos Pinheiros, uma bebida muito apreciada pelos moradores na região e elogiada pelos visitantes. Há relatos de que alguns apreciadores vinham de longe para comprá-la. Neste período, a fazenda também se destacou na criação de burros e mulas, comercializados na região de Lagoa Dourada, Minas Gerais. A propriedade sempre foi respeitada por ser o celeiro do Jumento Pêga e de muares. Com o falecimento de Domingos e Gabriela, a fazenda foi herdada por Wilson
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de Aguiar Vilela. Ele deu continuidade aos trabalhos desenvolvidos e também a deixou aos seus descendentes. Alguns anos depois, a propriedade foi vendida ao Haras Minas Gerais, importante criatório da raça Mangalarga Marchador. Os novos proprietários transferiram para Cruzília a sede que ficava em Ubá, na Zona da Mata, e levaram a criação para a região. Um dos motivos da mudança foi o fato de a nova fazenda estar localizada numa região que se tornou pólo de criação dos Mangalargas. A Pinheiros foi então totalmente reformada. Procurou-se manter o estilo arquitetônico da época na construção e foram adaptados novos currais. Hoje, a fazenda encanta pela beleza e funcionalidade. Pintada de azul e branco, a sede tem caprichosas janelas de madeira decoradas com vitrais coloridos, alicerce em pedra e uma pequena varanda entalada na fachada. Em seu interior, piso de madeira, pé-direito alto e móveis antigos e bem cuidados. Uma decoração tipicamente colonial faz da Fazenda Pinheiros um lugar muito apreciado pelos visitantes.
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Pinheiros Farm The Pinheiros Farm was built in the XIXth century in the city of Minduri, in the South of Minas, by Francisco Penha de Andrade, better known at the time as Chico Penha. Years later, the daughter of Chico, Gabriela Ribeiro de Andrade, inherited the property and made history on the beautiful farm. At the side of her husband, Domingos de Aguiar Vilela, also called Major Domingos, she administered Pinheiros and made it regionally famous. At that time, the property became known because of the production of the traditional Pinheiros moonshine, a drink which was greatly valued by the dwellers of the region and praised by visitors. There are reports that some of those who enjoyed it, came from far off to purchase it. During this period the farm also stood out because of breeding donkeys and mules, which were quite negotiated in the Lagoa Dourada region in the state of Minas Gerais. The property was always well regarded as the purveyor of Pêga donkeys and mules. With the decease of Domingos and Gabriela, the farm was inherited by Wilson de Aguiar Vilela. He proceeded with the work which had been developed and which he, in turn, left to his descendents. Some years afterward, the property was sold to Haras Minas Gerais, important breeder of Mangalarga Marchador. The new owners transferred the seat from Ubå, which was in the Zona da Mata, bringing the breed to the region. One of the reasons for the change was the fact that the new farm was located in a region which became a local center for raising Mangalargas. The Pinheiros Farm was then completely refurbished . The attempt at keeping the architectural style of the time in the construction was made and new corrals were adapted. Today, the farm charms due to its beauty and functionality. The seat is painted in blue and white, having carefully made wooden windows decorated with stained glass, a stone foundation and a small carved verandah on the façade. On the inside, there is a wooden floor, a high central post and antique and well-cared for furniture. A typically Colonial decor makes Pinheiros Farm a place which is highly appreciated by visitors.
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Fazenda do Mosquito
A Fazenda do Mosquito está localizada no município de Coronel Xavier Chaves, na região mineira dos Campos das Vertentes. A pequena cidade se desenvolveu a partir do povoado de Mosquito, que teve início na propriedade. A antiga fazenda pertenceu ao coronel Francisco Rodrigues Xavier Chaves, bisneto da irmã caçula de Tiradentes, Antônia Rita da Encarnação Xavier. Disposto a contribuir para o progresso da região, o coronel Xavier doou parte de sua propriedade e fez nascer ali uma pequena comunidade, no início do século XIX. Responsável por fundar o primeiro sobrado, Xavier ajudou os filhos a construir suas próprias casas. Além de dedicar-se à ciência nas pesquisas homeopáticas, o coronel também aplicou sua inteligência privilegiada no desenvolvimento do traçado urbanístico da propriedade.
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A Fazenda do Mosquito foi dividida entre os descendentes. Nos lotes, foram construídas 20 moradias para familiares, padres e outras personalidades. A cidade se expandiu, tendo a sede como referência. A data exata destes acontecimentos não é precisa, mas há indicações de que eles tenham ocorrido na última década do século XIX. Hoje a Fazenda do Mosquito é uma bela pousada. Com características coloniais e ambientes aconchegantes, hospeda turistas de várias partes do país. O município de Coronel Xavier Chaves vem se revelando uma boa opção de turismo na região dos Campos das Vertentes. A antiga capela e seus sobrados, a paisagem natural e suas cachoeiras, o artesanato e a hospitalidade de sua gente atraem visitantes em busca de cultura, história e arte.
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Mosquito Farm The Mosquito Farm is located in the district of Coronel Xavier Chaves, in the Minas region of Campos das Vertentes. The small city developed as of the Mosquito hamlet, which had its origins in the property. The old farm belonged to colonel Francisco Rodrigues Xavier Chaves, great grandson of the youngest sister of Tiradentes, Antônia Rita da Encarnação Xavier. Being inclined to contribute to the progress of the region, the colonel Xavier donated part of his property and caused the birth of a small community, at the beginning of the XIXth century. Xavier was responsible for raising the first two story house and later helped his offspring to build their own homes. Besides devoting himself to science through research about homeopathy, the colonel further applied his brilliant intelligence to the layout of the urban development of the property. Mosquito Farm was divided among the descendents. On the plots of land there were built 20 dwellings for relatives, priests and other personages. The city expanded having the seat as its reference point. There is no exact date for these happenings, but there are evidences that they occurred during the last decade of the XIXth century. Today the Mosquito Farm is a beautiful inn. With its Colonial and cozy ambiences, it houses tourists from several parts of the country. The district of Colonel Xavier Chaves has been evidencing itself a good tourist option in the Campos das Vertentes region. The old chapel and its two story houses, the natural scenery and its falls, its handcrafts and the hospitality of its people attract visitors in search of culture, history and art.
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Fazenda do Vau A origem do nome Fazenda do Vau se deve ao fato de a propriedade estar próxima a um vau do rio, que é o local mais seguro para se atravessar a pé ou em montaria. O casarão foi construído em 1912 por Agostinho José de Resende e fica no município de Lagoa Dourada, na região dos Campos das Vertentes. Em estilo colonial, a propriedade possui janelas grandes, paredes grossas, interior amplo e aconchegante. É bastante tradicional e vem sendo repassada de geração em geração. Um dos gestores da sede foi o coronel Eduardo José de Resende, que se destacou pela criação de jumentos e muares da raça Pêga.
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Na fazenda buscou-se o melhoramento genético da raça, votando especial cuidado à padronização do grupo de animais. Com prudência, idealismo e vocação, o criatório está entre os berços de formação da raça Pêga e é considerado hoje uma referência na equinocultura nacional. Atualmente, Renato Resende, neto do coronel, dá continuidade à arte de criar bem. Busca conservar as qualidades de origem dos animais e aperfeiçoar a raça cada vez mais. A Fazenda do Vau se consolidou como um dos maiores criatórios do país e hoje desenvolve animais de características singulares e refinadas. Seus expoentes conquistaram prêmios em exposições de diversos estados brasileiros, coroando a propriedade com títulos de campeões nacionais.
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Vau Farm The origin of the name Vau Farm is due to the fact that the property is near the shoals of the river which is the shallowest crossing to traverse afoot or astride a mount. The homestead was built in 1912 by Agostinho José de Resende and it is in the District of Lagoa Dourada, Campos das Vertentes region. Colonial in style, the property has large windows, thick walls, and an ample and cozy interior. It is rather traditional and has kept being passed on generation after generation. One of the administrators of the seat was colonel Eduardo José de Resende, who was outstanding in raising donkeys and mules of the Pêga breed. On the farm, the genetic improvement of the breed was sought after, placing special
care on the patternizing of the group of animals. with prudence, idealism and vocation, the breeding center is among some of the breeding references of the Pêga breed and is today considered a point of reference in the national equine culture. Currently, Renato Resende, grandson of the colonel, gives continuance to the art of good breeding and raising. He seeks to preserve the qualities of the origin of the animals perfecting the breed ever more. The Vau Farm consolidated itself as one of the major breeding centers of the country and today develops animals with singular and refined characteristics. Its exponents won awards in several Brazilian states, crowning the property with national championship titles.
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Fazenda das Bandeirinhas
A história da Fazenda das Bandeirinhas, situada no município de Lagoa Dourada, região dos Campos das Vertentes de Minas Gerais, está ligada à construção de uma propriedade hoje denominada “casa velha”. Pertencente à Fazenda Capão Seco e idealizada pelo casal Francisco Pereira de Azevedo e Maria José, a estrutura teve área inicial de 135 metros quadrados, alicerce de pedra, paredes em adobe e pau-a-pique e piso em madeira. Simples, o telhado era do tipo quatro águas e na porta principal se destacava a rampa em pedra. Muros também feitos de pedra cercavam a propriedade edificada no final dos anos 1700 e então chamada de “Retiro das Bandeirinhas”. Ao lado da casa foi construída uma área coberta para guardar utensílios, ferramentas e equipamentos usados no manejo dos animais criados na propriedade. Foi Elisário Miguel Pereira, segundo filho do casal da Fazenda Capão Seco, 124
quem assumiu a propriedade como herança. Ali ele constituiu família e morou durante décadas com seus nove filhos. Em 1911, com ajuda de sua extensa prole, Elisário concluiu a construção de uma nova casa ao lado da antiga. Em estilo arquitetônico europeu e inspiração neoclássica, a propriedade foi estruturada em forma de “L”, em uma área de 290 metros quadrados. Imponente, a fazenda tem cobertura em telhas de barro, forro revestido em tábuas dispostas tipo saia e camisa, alicerce em pedra, paredes de tijolos queimados e piso em madeira maciça. Três varandas, duas na parte de trás e uma à frente, dão charme à sede, composta por 20 espaçosos cômodos, entre eles oito quartos e quatro salas. Destaque também para o pé-direito com quase cinco metros de altura e para as 26 janelas com vidraças e adornos.
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Em 1934, após o falecimento de Elisário, assume a propriedade Antônio Barreto Pereira, o terceiro filho do fazendeiro, que se casou com Maria Pia e teve cinco filhos. Com vocação para o agronegócio, Antônio criou a fábrica de laticínios “Bandeirinhas”. O empreendimento durou dez anos e, depois desse período, a criação de gado voltou a ser a principal atividade da família Barreto. Renato Cunha Barreto, quarto filho de Antônio, recebeu a tarefa de cuidar da fazenda em 1976 e se mantém firme até os dias atuais à frente da administração, com entusiasmo e dedicação para escrever novas páginas na história da família e repassar essa rica história às futuras gerações.
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Bandeirinhas Farm The history of the Bandeirinhas Farm, situated in the District of Lagoa Dourada, Campos das Vertentes region of Minas Gerais state, is connected to the construction of a property which is called “old house” today. Belonging to the Capão Seco Farm, it was planned and built by a couple - Francisco Pereira de Azevedo and Maria José; the structure had 135 square meters, stone foundation, adobe walls and wattle and a wooden floor. Simple, the roof was slanted in four directions – thus, the term “ four waters roof” and at the main door a ramp made of stone stood out. Walls also made of stone surrounded the property built at the end of the 1700’s and then called “Retiro das Bandeirinhas” (Bandeirinhas Retirement). On the side of the house was built a covered area to put away utensils, tools and equipment used, in the management of the animals raised on the property. It was Elisário Miguel Pereira, second son of the couple who owned Capão Seco Farm, who took over the property as an inheritance. There, he constituted a family and lived for decades with his nine children. In 1911, with the help of his large progeny, Elisário concluded the construction of a new house right beside the old one. In a European architectural style and Neoclassical inspiration, the property was structured in the shape of an “L”, on a 290 square meter area. Strikingly, the farm is covered by adobe tile, a ceiling lining of wood slats placed in the skirt and shirt fashion, stone foundation and solid wood floors. Three verandahs, two in the back and one in the front, lend charm to the seat, made up of 20 spacious rooms, there being eight rooms and four living rooms. Special mention should be made of the central post with nearly five meters high and 26 windows with glass and decorations. In 1934, after the death of Elisário, Antônio Barreto Pereira, the farmer’s third son, who married Maria Pia and had five children takes over the responsibility for the property. His innate vocation for agribusiness, impels Antônio to open the “Bandeirinhas” dairy products factory. The enterprise lasted ten years, and after that time, raising cattle once again became the main activity of the Barreto family. Renato Cunha Barreto, the fourth son of Antônio, received the task of caring for the property in 1976 and firmly continues to head the administration even today, with enthusiasm and dedication as he writes the new pages of the family history, passing on this rich history to future generations.
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Fazenda Capão Seco
Se fosse necessário definir a Fazenda Capão Seco em uma só palavra, essa seria “grandiosa”. Assim é a propriedade, localizada em Lagoa Dourada, região dos Campos das Vertentes de Minas Gerais. Provavelmente construída na segunda metade do século XVIII, a fazenda demandou muita mão-de-obra escrava. Além da casa grande, há um volumoso muro de pedras e outras edificações no local. Na sede, que ocupa uma área de aproximadamente 480 m², há 21 cômodos espaçosos. As telhas de barro curvas arrematam os beirais em beira-seveira sobreposta. As janelas do casarão têm sobreverga alteada na parte superior. Destaque para a capela ao fundo e para os 12 quartos, sendo dois do tipo alcova, sem janelas. O pé-direito, que mede mais de quatro metros, é uma das características que dão à fazenda a nobreza de uma autêntica propriedade colonial. Móveis antigos e elementos decorativos no acesso ao jardim frontal decoram a sede com charme e tradição. 128
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Não se sabe quem foi o primeiro dono da Fazenda Capão Seco, mas registros históricos revelam que, ainda no século XVIII, a propriedade pertenceu a Francisco Pereira Azevedo, um grande latifundiário. A fazenda foi vendida a outras famílias ao longo dos anos. Desde a década de 1940, pertence à família Oliveira Braga. No passado, a fonte de renda dos proprietários girava em torno da criação de gado e da produção de leite e manteiga. Alguns derivados da canade-açúcar, como cachaça e rapadura, também eram ali fabricados. Famosa pela hospitalidade e pelos quitutes sempre à mesa, a bela propriedade mineira é um ponto de encontro entre amigos e familiares que apreciam sossego, natureza e história.
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Capão Seco Farm If it were necessary to define Capão Seco Farm in one word alone, this would be “grandiose”. Such is the property, located in Lagoa Dourada, Campos das Vertentes region of Minas Gerais. Probably built during the second half of the XVIIIth century, the farm demanded a lot of slave labor. In addition to the big house, there is a sizeable wall of stones and other buildings at the location. At the seat, which occupies an area of approximately 480 m², there are 21 spacious rooms. The curved mud tiles put a finish on the eaves in a steep edge over cover of the edge. The house windows have a heightened beam on the upper part. A special mention is made of the chapel at the back and to the 12 rooms, two being of an alcove type, bereft of windows. The central post, which measures more than four meters, is one of the characteristics which lend the farm the nobility of an authentic Colonial property. Old furniture and decorative elements at the entrance to the front garden decorate the seat with charm and tradition. No one knows who the first owner of Capão Seco Farm was, but historical records show that, still in the XVIIIth century, the property belonged to Francisco Pereira Azevedo, a big landowner. The farm was sold to other families throughout the years. Since the 1940’s, it has belonged to the Oliveira Braga family. In the past, the source of income of the proprietors spun around cattle raising, and milk and butter production. Some sugar derivates such as firewater and lump-hard, brown sugar, were also made there. Famous for its hospitality and for the delicacies always on the table, the beautiful property in Minas Gerais state is a place of reunions of friends and relatives who favor peace, nature and history.
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Fazenda São João Batista Construída no início do Primeiro Império, a Fazenda São João Batista foi inaugurada em 1826, no município de Entre Rios de Minas, região mineira dos Campos das Vertentes. Seu fundador foi Aureliano Pacheco de Sousa, que a vendeu na segunda metade do século XIX à família Ribeiro de Oliveira, a quem a fazenda pertence até hoje. Construída em taipa, a sede se apresenta em formato de letra L. As áreas sociais e íntimas se localizam na parte da frente. Já a área voltada aos ambientes de serviços está disponível na parte posterior da fazenda. Ao todo, a ampla propriedade tem 16 confortáveis cômodos. Na fachada, destaque para as 28 janelas que compõem a ambientação rústica. A sede ainda é composta por currais em pedra, baias, estábulos e paióis. Com vocação para a agropecuária, a fazenda sempre teve sua fonte de renda baseada no aproveitamento das pastagens. Foi a partir da década de 70 que a criação de cavalos da raça Mangalarga Marchador passou a ser a principal atividade econômica da propriedade.
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Os animais são registrados desde 1975 e descendem, principalmente, dos sementais Herdade Teatro, Herdade Jupiá, Ideal, Seridó e Legado Tabatinga. Atualmente o garanhãochefe é Amado Festival, da linhagem D2. A fazenda funciona como condomínio da família Ribeiro de Oliveira, e ali se realizam todas as festas e encontros de confraternização entre parentes. O município de Entre Rios de Minas se originou em 1713, com a obtenção da sesmaria por Pedro Domingues, e está situado entre as cidades históricas de São João del-Rei e Congonhas. O local é rodeado de belas paisagens e comporta atrações turísticas que garantem bons passeios e recordações agradáveis aos visitantes.
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São João Batista Farm Built during the First Empire, the São João Batista Farm was inaugurated in 1826, in the District of Entre Rios de Minas, in the Campos das Vertentes region. Its founder was Aureliano Pacheco de Sousa, who sold it during the second half of the XIX th century to the Ribeiro de Oliveira family, to whom the farm belongs up until today. Built in taipa in an “L” shape, the seat is divided in an interesting manner. The social and family areas are located in the front part of the seat. The area containing ambiences geared to services, now, is in the back part of the farm. All told, the ample property has 16 comfortable rooms. On the façade, a special mention of the 28 windows which make up the rustic ambience. The seat is further made up of corrals made of stone, stalls, stables and storehouse for corn. Having a penchant for cattle raising and agriculture, the source of income at the farm was always based on a good use of pastures. As of the decade of the 70’s raising Mangalarga Marchador horses became the chief economical activity of the property. The animals have been registered since 1975 and they descend, especially, from the following sires: Herdade Teatro, Herdade Jupiá, Ideal, Seridó and Legado Tabatinga. Today, the main stallion is Amado Festival, of the D2 lineage. Currently, the farm functions as a condominium which belongs to the Ribeiro de Oliveira family, and all the parties and family get-togethers of relatives take place here. The District of Entre Rios de Minas originated in 1713, with the land grant obtained by Pedro Domingues, and it is situated between the historical cities of São João del-Rei and Congonhas. The place is surrounded by beautiful scenery and it is up to tourist attractions which guarantee good excursions and nice memories for the visitors.
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Fazenda da Mamona O curioso nome de batismo da Fazenda da Mamona deriva da Serra da Mamona, um dos principais marcos geográficos da cidade de Santana dos Montes, onde está localizada a propriedade. Construída entre 1710 e 1730, a Fazenda da Mamona fica na Região Central de Minas. A casa é uma típica propriedade do século XVIII. Tem dois pavimentos, o primeiro utilizado como porão e o segundo dedicado ao uso da família. Com telhado colonial, janelas e portas de madeira bem dispostas, a propriedade tem uma aparência harmoniosa, para a qual contribui uma va-
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randa graciosa, também elaborada em madeira rústica, que se estende ao longo da fachada. A fazenda é considerada a primeira residência de Santana dos Montes. Na época de sua criação, a Coroa Portuguesa fazia a distribuição de extensas glebas. Como a região não era expressiva no que diz respeito à extração de ouro e diamantes, incentivava-se a agricultura para o abastecimento de áreas vizinhas, onde a exploração das minas era intensa e abundante, como os municípios hoje conhecidos como Itaverava e Catas Altas da Noruega.
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A propriedade funcionou durante anos como fazenda de engenho e é dela que surgiu o núcleo de povoamento da cidade. Depois de algum tempo, foram construídas outras grandes fazendas ao redor. O intenso trabalho escravo garantiu o abastecimento dos garimpeiros e mineradores das regiões auríferas, que enfrentavam dificuldades para conseguir alimentos e outros produtos. A partir do final do século XIX, a Fazenda da Mamona passou a pertencer à família de Oscar Teixeira. Em 1993, sob o comando de Maria de Lourdes Dutra, uma de suas netas, teve início um trabalho de restauração do imóvel. As características arquitetônicas foram revitalizadas, bem como utensílios e móveis antigos que retratam a vida dessa propriedade no período do Brasil Colônia.
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Mamona Farm The curious naming of the Mamona Farm comes from the Serra da Mamona, one of the principal geographical points of the city of Santana dos Montes, where the property is located. Constructed between 1710 and 1730, the Mamona farm is in the Central Minas region. The house is a typical XVIIIth century property. It has two floors and the first is used as a basement, while the second is dedicated to family use. A Colonial roof and well distributed wooden windows give the property a harmonious appearance, to which a charming verandah made of rustic wood and extending through the farm adds. The farm is considered to be the first residence in Santana dos Montes. At the time of its foundation, the Portuguese Crown was handing over extensive glebes for settlement. Since the region was not outstanding in what concerned gold and diamond extraction, agriculture was encouraged for the replenishment of neighboring areas, where the exploitation of mines was hearty and plentiful. Special mention should be made of the districts known currently as Itaverava and Catas Altas da Noruega. The property operated for years as a sugar mill farm. It was here that the population nucleus of the city arose. After a while, other large farms were built all around it. Intense slave labor guaranteed the replenishment of gold panners and miners from the gold regions, which faced problems in obtaining food and other products. As of the end of the XIXth century, the Mamona Farm became the property of the Oscar Teixeira family. In 1993, under the command of Maria de Lourdes Dutra, one of his granddaughters, a renovation of the estate began. The architectural characteristics were revitalized, as were utensils and antique furniture, for they depict life on that property so well during the Brazilian Colonial period.
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Fazenda Cachoeira do Santinho Localizada no município de Santana dos Montes, Região Central de Minas, a Fazenda Cachoeira do Santinho foi construída por volta de 1760. Acredita-se que a obra tenha sido idealizada pelo Padre Assis, um religioso afamado tanto entre os bandeirantes como os moradores da região. A propriedade foi construída para abrigar uma ermida, já que não havia uma igreja para celebração de missas e festas cristãs. Era na Fazenda Cachoeira do Santinho que toda a população local – inclusive os escravos – se reuniam para rezar e ouvir as exortações dos pregadores católicos. A economia da fazenda era fortemente marcada pela cultura de diversos tipos de grãos e derivados do açúcar. Destaque para as plantações de arroz, feijão e milho. Era na propriedade que muitos tropeiros enchiam seus alforjes para abastecer cidades como Diamantina, Itaverava e Ouro Preto. A criação de gado também foi intensa na fazenda.
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A inspiração para o nome “Cachoeira do Santinho” vem de uma das mais belas paisagens naturais ali existentes, a grande cachoeira do rio Santinho. A luz elétrica em Santana dos Montes começou a ser fornecida em 1929, com a instalação de uma hidrelétrica no local. De lá para cá, o desenvolvimento da região passou a contar também com o setor turismo. É a esta área que a sexta geração da família Teixeira vem se dedicando. A fazenda centenária é hoje uma das principais hospedarias de Santana dos Montes e atrai gente de toda a parte do país por ser rica em cultura e rodeada de belezas naturais. 141
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Cachoeira do Santinho Farm Located in the District of Santana dos Montes, in the Central Region of Minas, the Cachoeira do Santinho Farm was built around 1760. It is believed that the work was idealized by Father Assis, a religious who was famous among the bandeirantes as well as inhabitants of the region. The property was built to shelter a hermitage, since there was no church in which to celebrate Masses and Christian fests. It was at Cachoeira do Santinho Farm that the entire local population – including slaves – gathered to pray and hear the exhortations of the Catholic Church, which was absolute at that time. The economy of the farm was strongly colored by the planting of different types of grains and sugar byproducts. There was special importance placed on rice, beans and corn planting. It was on this property that many troopers filled their saddlebags to replenish cities such as Diamantina, Itaverava and Ouro Preto. The raising of cattle was also intense on the farm. The inspiration for the name “Cachoeira do Santinho” comes from one of the most beautiful scenes there, the great falls of Santinho River. Electricity in Santana dos Montes began to be furnished in 1929, with the installation of a hydroelectric dam in the region. From then on, the development of the region also began to be supported by the tourist sector. It is to this area that the sixth generation of the Teixeira family has been devoting itself. The centennial farm is today one of the principal hostels of Santana dos Montes and it draws people from all parts of the country due to its richness of culture which is surrounded by natural beauty.
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Fazenda Fonte Limpa
Construída em 1742, a Fazenda Fonte Limpa é uma das principais fazendas coloniais do antigo Morro do Chapéu e está localizada no município de Santana dos Montes, região Central de Minas. A propriedade fica em uma área que se desenvolveu bastante na época do Ciclo do Ouro e foi um importante pólo regional de abastecimento dos exploradores que por ali passavam em suas longas viagens em busca de riquezas. O mais antigo registro daquelas terras, no entanto, é de 1938, quando João Nogueira Coelho e sua esposa Maria Theodora de Jesus adquiriram a propriedade e se firmaram como grandes fazendeiros. Ao longo de toda sua história, a produção de culturas variadas, com destaque para cana-de-açúcar e milho, foi mantida pela sede como principal atividade econômica. As características arquitetônicas da fazenda remetem às típicas construções coloniais mineiras. Em meio a um curral que hoje não existe mais, a sede foi disposta em parceria com as casas de serviço. No telhado há uma estrutura de madeira e telhas posicionadas tipo capa e bica. Nas paredes e em outros detalhes, o uso de pedra, madeira e barro estão evidenciados. Janelas com montante arqueado no andar superior e gradeadas no inferior são peculiares da sede. 144
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Em 1993, a fazenda foi restaurada e adaptada para funcionar como hotel. Confortáveis quartos passaram a conviver, em plena harmonia, com estruturas remanescentes do período colonial. A fachada robusta e a escada de pedra foram preservadas. Dois anos depois, a propriedade foi tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico mineiro e atualmente pode-se dizer que a “Fonte Limpa” é um atrativo turístico de primeira grandeza. Na casa podem ser encontrados objetos antigos, uma biblioteca e um museu sacro, inventariado pelo município em 2002. Circundada pela Mata Atlântica, com abundância de águas límpidas que lhe deram o nome, a fazenda fica numa região de belas cachoeiras, um horizonte de montanhas e outras belezas naturais que também atraem os visitantes. O melhor conselho para o visitante é conciliar os atrativos paisagísticos e culturais. Depois de uma cavalgada, uma ducha na cascata ou uma trilha na Mata Atlântica, não deixe de explorar a história do Brasil Colônia guardada na fazenda. Uma viagem a três séculos no passado está à espera.
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Fonte Limpa Farm Built in 1742, Fonte Limpa Farm is one of the main Colonial farms of the old Morro do ChapĂŠu and it is located in the District of Santana dos Montes, Central Minas region. The property is in an area which developed quite a bit during the Gold Cycle period and it was a regional point of purveyance of the explorers who went through there on their long journeys in search of riches. The oldest registry of those lands, however, is in 1938, when JoĂŁo Nogueira Coelho and his wife Maria Theodora de Jesus acquired the property and established themselves as great farmers. Throughout its entire history, the production of several crops took place, especially sugarcane and corn which was kept by the seat as its main economic activity. The architectural characteristics put us before typical mineiro Colonial constructions. Amidst a corral no longer extant today, the seat was located in a kind of partnership with the houses for service. On the roof there is a wood structure and the tiles are placed using a case and pipe. On walls and other details, the use of stone, wood and clay are evinced. Windows with an arched frame are on the second floor and on the first floor of the seat, they are grated.
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In 1993, the farm was restored and adapted into a hotel. Colonial period structures, in full harmony; for example, a robust façade and a stone stairway were kept. Two years afterward, the property was officially registered by the state of Minas Gerais, Patrimônio Histórico e Artístico and one might say that the “Fonte Limpa” is a prime quality showpiece as a tourist attraction. In the house, one may find antique objects, a library, and a museum of sacred art, which underwent a district inventory in 2002. Surrounded by the Atlantic Rainforest, having abundant clean water, from where it gets its name, the farm lies in a region of beautiful waterfalls, mountains outlining the horizon and other natural beauty which is also appealing to the visitors. The best advice for visitors is to reconcile scenic and cultural attractions. After a cavalcade, a cold douche at a waterfall or a trail in the Atlantic Rainforest,do not miss exploring the history of Colonial Brazil at the farm. A three century journey in the past awaits you.
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Fazenda Solar dos Montes A cidade de Santana dos Montes também abriga a bela Fazenda Solar dos Montes. O casarão em estilo rural português foi construído há mais de 200 anos. A fachada apresenta influências da arquitetura européia. Há uma varanda, aberta em suas extremidades, com escadas de pedra que permitem o acesso à casa. O uso da madeira é predominante em vários pontos da edificação. Robustas peças dão sustentação ao telhado, formam detalhes nas paredes e recobrem o assoalho. Tombado pelo Patrimônio Histórico, o imóvel foi inteiramente restaurado e redecorado de acordo com suas características originais.
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Atualmente, o casarão funciona como um hotel-fazenda e guarda histórias da época da exploração aurífera em seus móveis e objetos antigos. Na sala de leitura é possível conhecer as etapas da ocupação urbana local, iniciada em meados do século XVIII com a necessidade de abastecimento do contingente humano que se deslocava para as áreas de mineração do ouro. Santana dos Montes, a pequena cidade que abriga a fazenda, cruza seus caminhos com os trechos percorridos pelos aventureiros que corriam atrás das riquezas das minas. Uma das ruas do município, que passa rente ao casarão, é um braço da Estrada Real. Por ela circulavam os tropeiros que vendiam bens que vinham de Portugal, como vinho, azeite, sal, azeitona, tecidos, vidro e querosene, e compravam alimentos produzidos no campo, como grãos, farinha, rapadura, queijo e cachaça. Além da riqueza cultural, quem visita o Solar dos Montes pode, em meio às áreas de reserva de Mata Atlântica, desfrutar de trilhas, cachoeiras e outras belezas naturais.
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Solar dos Montes Farm The city of Santana dos Montes also encompasses the beatutiful Solar dos Montes Farm. The homestead which is in the Portuguese rural style was built more than 200 years ago. The faรงade presents European architectural influences. There is a verandah, open at both ends, having stone stairs leading up to the house. The use of woods stands out at several points of the building. Robust beams support the roof, break into detail on the walls and cover the floor registered by the Historical Patrimony, the real estate was entirely restored and redecorated in accord with its original characteristics. Currently, the old homestead is used as a hotel on the farm, a type of hostelry quite used in contemporary Brazil, to house people interested in ecotourism, and it has a wealth of stories of the gold exploration times, in the furniture and antique objects. In the reading room, it is possible to get to know the stages in local urban occupation, which began in the middle of the XVIIIth century, with the need for offering supplies for the human populace which relocated to the gold mining areas. Santana dos Montes, a small city which envelopes the farm, crosses its road with stretches traveled by the adventurers who ran after the riches of the mines. One of the city streets, which runs next to the old house is a branch of the Royal Road. Troopers moved all along it, selling goods coming from Portugal, such as wine, olive oil, salt, olives, fabrics, glass and kerosene, while they bought food produced in the country, including grains, flour, lump-hard brown sugar, cheese and firewater. In addition to enjoying cultural wealth, those visiting Solar dos Montes are able to enjoy trails, waterfalls and other examples of natural beauty, amidst areas of tropical rainforest preserves.
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Fazenda do Tanque
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Fundada em 1863 pela família Teixeira, a Fazenda do Tanque está situada na cidade de Santana dos Montes, região Central de Minas Gerais. Tem estrutura colonial e o uso da madeira é bastante evidente em todas as partes da casa. Paredes e escadas de pedra, detalhes ricamente dispostos e uma bela fachada são outros destaques da sede. No local sempre viveram famílias numerosas. Por isso, em seu projeto original, foram construídos muitos quartos.
Em meados do século XIX, a propriedade funcionava como uma fazenda de engenho para o abastecimento local e de regiões próximas. Produzia-se cachaça, rapadura, fubá, queijo e café. Outras vocações econômicas da propriedade eram a suinocultura e a pecuária leiteira. Os cavalos eram criados como meio de transporte, no trabalho e no lazer. A caçada era o esporte da época e atraía homens de vários pontos da região. A aventura da caça se dava sobre o lombo de cavalos fortes e capazes de passar por lugares de difícil acesso e vencer obstáculos. 153
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Em 1999, a Fazenda do Tanque foi adquirida por Ronald Montijo e passou por reformas para transformar-se em hotel-fazenda. Foram construídas novas áreas de hospedagem e lazer, mas a estrutura externa da sede foi preservada para manter viva a história do local. Sediada na Serra do Espinhaço, cercada por extensões de Mata Atlântica e repleta de espécies da fauna e da flora silvestres, a propriedade é tombada pelo patrimônio histórico e artístico municipal. Atualmente, recebe turistas de várias partes do país que aproveitam a estadia para conviver com a natureza, enriquecer seus conhecimentos sobre a cultura mineira, comer bem e gozar de bastante sossego.
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Tanque Farm Founded in 1863 by the Teixeira family, the Tanque Farm is situated in the city of Santana dos Montes, in the Central Minas Gerais state region. It has a Colonial structure and the use of wood is rather evident in all parts of the Colonial house. Walls and stairways in stone, which are richly evident details and a beautiful faรงade are other noteworthy points of attraction. There were always large families in residence, which explains the construction of many rooms stemming from the original house plant. In the middle of the XIXth century the property operated as a sugar cane mill and farm, which supplied local as well as nearby regions. Firewater, lump-hard brown sugar, corn meal, cheese and, coffee were produced. Other economic activities on the property were swine culture and dairy farming. Horses were raised as a means of transportation at work and leisure. Hunting was the chief sport of the time and it attracted men from several points of the region. The hunting adventure
happened atop strong horses which were capable of traversing difficult places and jumping obstacles. In 1999, the Tanque Farm was acquired by Ronald Montijo and it underwent refurbishing in being transformed into a hotel on the farm, a type of hostelry quite used in contemporary Brazil. New areas of accommodation and leisure were built, though the outside of the seat was kept with the intention of preserving local history alive. Situated in Serra do Espinhaรงo, surrounded by extensions of Atlantic rainforests, the property is registered as a historical and artistic patrimony. Currently, it welcomes tourists from several parts of the country; they take advantage of the opportunity of staying at a place where living beside nature enriches their knowledge about the culture of Minas, offers good eating and the enjoyment of peace and tranquility.
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Fazenda Pé do Morro
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Os moradores de Ouro Branco têm dois motivos de orgulho: a Siderúrgica Açominas, que trouxe grande prosperidade para o município antes de ser adquirida pelo Grupo Gerdau, e a Fazenda Pé do Morro, hoje um confortável hotel-fazenda, testemunho fiel de três séculos de sua rica história. Quando as tropas de mulas carregadas de lingotes de ouro saíam das casas de fundição de Vila Rica, seguindo a Estrada Real para o embarque em Paraty, o primeiro pouso era na Fazenda Pé do Morro. Os preciosos alforjes eram guardados numa fortificação de pedra com grossas grades, onde hoje funciona o restaurante do hotel-fazenda. A Pé do Morro ganhou esse nome por ficar no sopé do majestoso penhasco que domina Ouro Branco. Em meados do século XVIII, foi importante fonte de abastecimento para os locais de extração de ouro em Lavras Novas e Ouro Preto. Pro-
duzia milho, mandioca, uvas e batata inglesa, criava gado e cavalos. Dessa fase é o bloco mais antigo da sede, cujas paredes foram construídas em canga (pedra de mão) com 70 cm de espessura. Desde o início teve vocação também para estalagem, pois hospedava visitantes que seguiam para as minas e contrabandistas que escapavam às casas de registro descendo a serra pelo povoado de Itatiaia. No início do século XIX, a sede recebeu um anexo, tomando a forma de uma letra “L”. As demais benfeitorias atestam as atividades econômicas da fazenda: monjolo, moinho, forno de barro, galinheiro, chiqueiro, paiol, etc. A senzala dos escravos quer serviam a casa-grande foi transformada numa sala de vídeo. A casa do monjolo hoje abriga a piscina aquecida e o antigo chiqueiro deu lugar a um centro de convenções que mantém as características arquitetônicas do conjunto histórico.
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Depois de ter passado pelas mãos das famílias Nogueira, Reis e Mendes, a fazenda foi vendida, em meados do século XIX, à Companhia de Vinhos Nacionais, fundada pelo conselheiro João da Mata Machado, ex-ministro do Império, e pelo médico Arthur Fernandes Campos da Paz. Após alguns anos de atividades e esforços, a empresa entrou em decadência. Num registro de 1890, a Fazenda Pé do Morro consta como arrendada pelo Tenente Francisco Ferreira da Rocha e Francisco Xavier, pois continuou propriedade dos Mata Machado durante a virada do século e começo do século XX. Ali viveu o poeta simbolista Edgard Mata, colega de Alphonsus de Guimarães. Na década de 1970, a Açominas adquire a Fazenda, submete-a a um amplo programa de recuperação e a transforma em Centro de Treinamento e Casa de Hóspedes. O mais famoso desses hóspedes foi o Príncipe Charles, da Inglaterra, que veio inaugurar um dos altos-fornos da usina. O premiado arquiteto Éolo Maia, desafiado a recuperar a capela da qual só restavam três paredes semi-destruídas de pedra, manteve a ruína intacta e a pro-
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tegeu sob uma criativa estrutura de vidro, vitrais, ferro oxidado e um forro artístico feito em peças de paraju. A antiga capela passou a ser o altar e a acústica é tão perfeita que se tornou o local preferido para apresentações de cameratas e orquestras sinfônicas para um público seleto. Sem uso na década de 1990, durante o processo de privatização da Açominas, o conjunto corria o risco de se degradar até a extinção. Tombada pelo Patrimônio Histórico municipal em 1998, a Fazenda Pé do Morro foi adquirida, em 2001, por Hélio Campos e sua esposa Janice, e pelo sócio Péricles d’Ávila Bartholomeu e sua esposa Alessandra. Com zelo e dedicação, os sócios a transformaram em um aprazível hotel-fazenda, oferecendo passeios a cavalo, piscina aquecida, caminhadas pelas montanhas e uma culinária sem rival na região.
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Pé do Morro Farm The dwellers of Ouro Branco have two reasons for being proud: The Siderúrgica Açominas,which brought great prosperity to the town prior to being bought by the Gerdau Group, along with the Pé do Morro Farm, which is currently a comfortable farm-hotel, and is a faithful witness to three centuries of its rich history. When the troops of mules loaded with gold lingots left the smelting houses of Vila Rica, following the Estrada Real to shipment at Paraty, the first stop for overnighting was at Pé do Morro Farm. The precious saddlebags were deposited in a strong fortress with thick bars, where the restaurant of the current times hotel farm-hotel is located. The Pé do Morro got this name because it lies at the foot of the majestic cliff which presides over Ouro Branco. In the mid XVIIIth, it became an important source of supply for the places which extracted gold in Lavras Novas and Ouro Preto. It grew corn, manioc, grapes and Irish potatoes, and raised cattle and horses. The oldest block of the seat representing that phase has walls which were built of iron ore (shackles) 70 cm thick. Right from the start, it also had an inclination for hostelry, for it hosted visitors which traveled to the mines and smugglers running away from inspection on the way down the mountain toward the town of Itatiaia. At the beginning of the XIXth century, the seat acquired an annex making an “L” shape. The additional improvements give witness to the economical activities of the farm: water mill, mill, earthen oven, chicken coop, pigsty and granary. The slave rows, which tended the Master house became a video room. The water mill house is home to a heated swimming pool and the old pigsty gave way to a convention center which maintains the architectural characteristics of the historical compound. Having gone through the hands of the Nogueira, Reis and Mendes families, the farm was sold, in the middle of the XIXth, to Companhia de Vinhos Nacionais, founded by Counselor João da Mata Machado, ex-minister of the Empire and by medicine doctor Arthur Fernandes Campos da Paz. After some years of activities and efforts the enterprise fell into decadence. In an 1890 registry, the Pé do Morro Farm appears as leased out to Lieutenant Francisco Ferreira da Rocha and Francisco Xavier, for it continued being the property of the Mata Machado family at the turn of the century and beginning of the XXth century. There was the home of symbolist poet Edgard Mata, a colleague of Alphonsus de Guimarães. In the 1970 decade, Açominas acquires the Farm, submitting it to a broad recuperation program and turns it into a Training Center and a Guest House. The most famous of the guests was Prince Charles of England, who was on hand for the inauguration of one of the blast furnaces. Award wining architect Éolo Maia, who was challenged to recuperate the chapel which had only three of its semi-destroyed stone walls, kept the ruins intact and protected it under a creative structure of glass, stained glass, rusted iron and paraju beams. The old chapel became the altar, and the acoustics are so perfect that it became the favorite local place for chamber and symphony orchestra presentations for select audiences. Standing idle in the 1990 decade, in the midst of the privatization process of Açominas, the collection ran the risk of degradation and extinction. Registered by the District Historical Patrimony in 1998, the Pé do Morro Farm was bought in 2001, by Hélio Campos and his wife, Janice, and by his partner Péricles d’Ávila Bartholomeu and his wife, Alessandra. With zeal and dedication, the partners transformed it into a pleasing hotel on the farm, offering horseback rides, a heated pool, mountain walking and an unbeatable regional cuisine. 161
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Casa Bandeirista Tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais, a Casa Bandeirista é um marco na história do país. É, na verdade, a antiga sede da Fazenda São José do Manso, localizada aos pés do Pico do Itacolomi, em Ouro Preto, região central de Minas. Está inscrita pela Unesco na Reserva da Biosfera. A propriedade foi construída pelo segundo Guarda Mor do Distrito das Minas Gerais, o bandeirante Domingos da Silva Bueno, na época da corrida do ouro, por volta de 1700. Em sua arquitetura, guarda características do Seiscentos paulista, com varanda embutida e seteiras. Há grossas paredes de taipa e alicerces de pedra. Do lado de dentro, os quartos que eram reservados à família abriam suas janelas para o exterior e, ao centro, as dependências da sala e dos espaços de serviços. De acordo com registros históricos, a casa foi a primeira edificação pública do Estado. Nela funcionava um sistema de fiscalização do acesso às minas da antiga Vila Rica. A propriedade foi arrematada por volta de 1770 pelo Sargento Mor Manoel Manso da Costa Reis e ficou conhecida como Fazenda Vargem Olaria, onde há vestígios de uma extinta fábrica de tijolos e telhas. Valeriano Manso da Costa Reis, filho de Manoel, assumiu a propriedade cerca de 20 anos depois. Sua esposa Emerenciana era irmã da famosa Marília de Dirceu, imortalizada pelos poemas de Thomaz Antônio Gonzaga.
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Uma fábrica de ferro também teve sede na fazenda em 1864, sob a administração do Capitão Bento Soares. Em 1932, a fazenda foi comprada por José Salles de Andrade, que se dedicou ao cultivo do chá-da-índia. A casa passou por uma série de reformas de 1948 a 1956 e, quase duas décadas depois, foi vendida ao historiador Tarquínio de Oliveira, que criou as represas hoje existentes, conhecidas como Lagoa da Curva e da Capela. Em 1998 a Casa Bandeirista foi restaurada pelo Instituto Estadual de Florestas e hoje está aberta à visitação. Fotos e objetos antigos, como máquinas, utensílios e móveis que retratam todas as fases da propriedade, estão disponíveis para que o turista possa conhecer parte da rica história do período colonial. 163
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Casa Bandeirista Registered by the Historical and Artistic Patrimony of Minas Gerais State, Casa Bandeirista is a milestone in the history of the country. It is, in truth, the old seat of São José do Manso Farm, located at the foot of Pico do Itacolomi, in Ouro Preto, Central Minas region. It is registered by Unesco in the Biosphere Reserve. The property was built by second Major Guard of the Minas Gerais District, bandeirante Domingos da Silva Bueno, at the time of the gold rush, around 1700. In its architecture, it holds Seventeenth Paulista characteristics, with a tucked in verandah and loopholes. There are thick walls of lath wood and rock foundations. On the inside, the area reserved for the family, had the windows opening to the outside, and in the center, there were the living room and service area installation. According to historical registries, the house was the first public building of the State. In it was housed the inspection system of access to the mines of old Vila Rica. The property was bidden for around 1770 by Sargent Major Manoel Manso da Costa Reis and it became known as Vargem Olaria Farm, where there are vestiges of an extinct brick and
roof tile factory. Valeriano Manso da Costa Reis, the son of Manoel, took over the property nearly 20 later. His wife, Emerenciana, was the sister of the famous Marília de Dirceu, immortalized by the poems of Thomaz Antônio Gonzaga. An iron factory also had its seat at the farm in 1864, under the administration of Captain Bento Soares. In 1932, the farm was bought by José Salles de Andrade, who devoted himself to the planting of black, Pekoe-type tea. The house underwent a number of refurbishings from 1948 to 1956 and, almost two decades later, it was sold to historian Tarquínio de Oliveira, who built the dams there are in place today - Lagoa da Curva and da Capela. In 1998, Casa Bandeirista was restored by the Instituto Estadual de Florestas and is today open to visitation. Photos and antique objects, such as machines, utensils and furniture depict all the phases of the property, and are available so that the tourist can get to know the part of the rich history of the Colonial period.
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Fazenda Gualaxo Com sede no município de Mariana, região Central de Minas, a Fazenda Gualaxo é tombada pelo patrimônio cultural do Estado. Foi construída em meados do século XIX e era formada por um conjunto de edificações. Além da casa-grande, existiam senzalas, moinho, paiol, engenho e outras benfeitorias. A disposição dos ambientes era típica das construções rurais mineiras da época e imitavam um centro urbano. A sede de dois andares abrigava, no primeiro piso, o quarto de gordura e os espaços para guardar carroças e para secar o açúcar que era produzido na fazenda. O cultivo da cana era a principal atividade econômica da fazenda. No segundo piso da casa ficava a parte nobre, composta por mais de 30 quartos, salas e três pátios internos. O local acumulava funções de residência, fortaleza, hospedaria e escritório.
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Na fachada também é possível perceber características da arquitetura rural. Destaque para a varanda entalada, que fica entre um quarto de hóspedes e uma capela. Em toda a edificação foram usados materiais simples e técnicas tradicionais na época, como pau-a-pique, pedra e madeira. Paredes grossas e sustentação reforçada ajudaram a Gualaxo a resistir ao tempo. Ainda hoje, muros de pedras podem ser encontrados pelo terreno. São restos de senzalas e foram erguidos pelos muitos escravos que trabalharam na propriedade. Atualmente, Francisco Sales de Souza está à frente da administração da Fazenda Gualaxo, que é usada como residência da família. Disponível e atencioso, é ele quem abre as portas do grande acervo de cultura e história a quem visita a propriedade secular.
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Gualaxo Farm Having its seat in the District of Mariana, Central Minas region, the Gualaxo Farm is registered at the cultural patrimony of the State. It was built in the middle of the XIXth and it was made up of a cluster of buildings. In addition to the master house, there were slave quarters, the mill, the granary, the sugar mill and other improvements. The location of the ambiences was characteristic of the rural buildings in Minas Gerais of the time and they were reminiscent of an urban setting.The two story seat housed, on the first floor, the fat room and places set aside for putting away the wagons and the drying of the sugar produced on the farm took place here, too. Drying sugar produced on the farm also happened here. Sugar cane planting was the main economic activity on the farm. The second story of the house gathered the noble parts of the house, made up of more than 30 rooms, living rooms and three internal patios. The place functioned as residence, fortress, inn and office. The faรงade also evinced the characteristics of rural architecture. Special mention should be made of the verandah which was fit in between a guest room and a chapel. In the entire construction there were simple materials and traditional techniques of the time, such as wattle, stone and wood. Thick walls and reinforced support withstood the test of time. Even today, stone walls can be found throughout the property. They are remnants of slave rows and were raised by the many slaves who worked on the property. Currently, Francisco Sales de Souza heads the administration of the Gualaxo Farm, which functions as the family residence. He is both available and quite courteous, and it is he who opens the doors of the large culture and history collection to those who want to visit the centenary property.
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Fazenda dos Martins Fundada na segunda metade do século XVIII, a Fazenda dos Martins está situada no município de Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte. Também é chamada de Boa Vista ou Fazenda das Pedras. Formada por rios, vales e montanhas, a região é muito bonita e convidativa. A propriedade histórica é protegida por muros em pedra seca e resiste ao desgaste do tempo. Fica próxima ao município de Moeda, onde eram cunhadas as moedas de ouro da Coroa Portuguesa, e foi um importante centro de comercialização de escravos. As robustas paredes de pedra do andar térreo foram construídas como prisão para os cativos.
Tradicionalmente colonial, a fazenda está bem conservada. Foram feitas algumas reformas, mas a planta original quase não sofreu alterações. De dois pavimentos, a parte inferior era destinada às acomodações de serviçais. Já no andar de cima, a planta é simplificada e simétrica, com dois salões nas extremidades, ligados por um estreito corredor. Embora mais tarde esse pavimento tenha sido usado como residência para os proprietários e seus familiares, o arranjo leva a crer que o objetivo inicial do imóvel era o comércio de escravos. A sede possui dez cômodos, entre quartos, salas, cozinha e outros ambientes. Destaque para a bela varanda frontal e para a escadaria de acesso com arranque de volutas esculpidas por artesãos portugueses. Chama atenção também o altar, um santuário extremamente requintado e decorado com objetos da época trabalhados a mão, como uma bíblia secular. 170
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A fazenda já foi bastante produtiva. Tinha como base econômica a criação de gado de leite e o cultivo de diversas culturas como milho, feijão e algodão. Vastos pomares utilizados como fonte de renda também contribuíram para torná-la sustentável. Atualmente, Laura Pereira Campos, nascida e criada na propriedade, está à frente da administração da Fazenda dos Martins. Ela chegou a se mudar para Belo Horizonte para estudar, mas retornou a Brumadinho para reassumir a vocação de fazendeira. Entre as atrações do local está a Comunidade do Sapé, originária do final da escravatura, quando os negros da região, principalmente advindos da Fazenda dos Martins, se reuniram para viver em comunidade. O povoado é composto de cerca de 200 habitantes, todos descendentes desses escravos libertos. Manteve-se isolado do contexto cultural econômico das regiões vizinhas e preserva costumes tradicionais e suas linhagens raciais por meio de casamentos entre parentes.
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Martins Farm Founded during the second half of the XVIIIth century, the Martins Farm is located in the District of Brumadinho, in the metropolitan area of Belo Horizonte. It is also called Boa Vista or Stones Farm. Made up of rivers, valleys and mountains, the region is really very pretty and inviting. The historical property is protected by walls of dry stone and has withstood the wearing of time. It is nearby the District of Moeda, where the gold coins of the Portuguese Crown were minted, and it was an important center for buying and selling slaves. The strong stone walls on the ground floor were built as prisons for captives. Traditionally Colonial, the farm is well kept up. Some refurbishing was done but the original floor plan did not undergo change. Having two floors, the lower part was meant to be used as accommodations for the servants. The second floor, however, had a symmetrical and simplified floor plan, with one living room located on each side of the house and connected by a narrow corridor. Though later on this floor was used as a residence for the owners and their relatives, the arrangement leads one to believe that the original purpose of the building was slave trade. The seat has tem rooms, divided into bedrooms, living rooms, kitchen and other ambiences. Special mention is made of the beautiful front verandah, with its front stairway bearing sculpted springers with spirals done by Portuguese artisans. Drawing the attention of the visitor, the hermitage, which is an extremely fancy sanctuary is decorated with handmade objects of the period, such as a centenary Bible. The farm was very productive for some time. The base of its economy was raising dairy cattle and planting crops such as corn, beans and cotton. Vast orchards used as a source of income also contributed to making it self-supporting. Currently, Laura Pereira Campos, who was born and raised on the property is at the head of the administration of the Martins Farm. She even moved to Belo Horizonte to go to school, but she returned to Brumadinho to take up her vocation as a farmer, once again. Among the attractions of the place is the SapĂŠ Community, which originated when slavery ended; at this time, the blacks of the region, especially those who came from the Martins Farm, got together for the purpose of living in community. The hamlet is made up of around 200 inhabitants, who are all descendants of those freed slaves. It kept itself in isolation with reference to the cultural and economical context of the neighboring regions and it preserves traditional customs and its racial lineages by interracial marriages of relatives.
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Fazenda Boa Esperança Adquirida por volta de 1790 por Romualdo José Monteiro de Barros, o barão de Paraopeba, a Fazenda Boa Esperança, situada no município de Belo Vale, ao sul de Belo Horizonte, pertenceu a várias gerações da família Monteiro de Barros. Foi repassada depois a outras famílias, até ser vendida ao Estado, que a doou ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico em 1974.
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Senhor de ricas lavras, o barão de Paraopeba chegou a ser presidente da Província de Minas em 1830 e viveu na tradicional fazenda na época do Império. No casarão se hospedou, por várias vezes, o monarca D. Pedro II, quando em visita a Minas Gerais. Da varanda frontal, elevada sobre baldrames de pedra, o imperador podia contemplar a muralha da Serra da Moeda. Nessa época, a Boa Esperança mantinha cerca de 800 escravos em uma extensa senzala cujas ruínas ainda podem ser vistas junto ao pátio defronte à fachada principal. O elegante casarão possui 23 cômodos, entre salões de visitas e outros aposentos. Na fachada há uma varanda entalada, e nos fundos outra varanda que dá acesso a uma série de dependências. Rusticidade e refinamento se misturam na fazenda. Telhado antigo preservado, portas em madeira trabalhada e janelas com folhas almofadadas por fora e rebaixadas por dentro, escadas e muros de pedras são características da sede.
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A Fazenda Boa Esperança ocupa uma área de aproximadamente 320 hectares que integram um belo conjunto arquitetônico e paisagístico. Outros destaques são a capela rococó pintada em policromia pelo pintor do Santuário de Congonhas, João Nepomuceno Correia e Castro, e as treliças bicolores que dão um aspecto mourisco às varandas. A propriedade é uma das mais famosas da região e é cercada por lendas. Uma delas conta que teria sido construída por um empreiteiro que recebeu a quantia de 200 mil réis pelo trabalho. Quando a obra foi concluída, o barão teria mandado matar o empreiteiro para recuperar o dinheiro. Nas imediações da fazenda, o suposto local do assassinato, que recebeu o nome de Ponto da Cruz, ainda hoje causa temor. O próprio barão de Paraopeba originou outras lendas, que provocam arrepios nos ouvintes. Ele teria sido um senhor muito severo com seus escravos, tendo mandado maltratar muitos deles até a morte. Como castigo, após falecer, o barão teria sido obrigado a cumprir uma pena. Durante a Quaresma e na véspera do Dia de São João, seu vulto é visto montado a cavalo, vestido de branco e vagando pelas ruas da cidade. 176
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Boa Esperança Farm It was acquired around 1790 by Romualdo José Monteiro de Barros, the baron of Paraopeba; Boa Esperança Farm is situated in the Belo Vale District, which lies South of Belo Horizonte, and it belonged to several generations of the Monteiro de Barros family. Afterward, it was passed on to other families, until it was sold to the State, which donated it to the Instituto Estadual do Patrimônio Histórico in 1974. The Master of rich mines, the baron of Paraopeba got to be president of the Province of Minas in 1830 and lived on the traditional farm at the time of the Empire. In the rambling house, the monarch Dom Pedro II was put up, when he visited Minas Gerais. From the front verandah, which was raised on stone foundations, the emperor could gaze at the wall-like Serra da Moeda. At the time, Boa Esperança Farm kept nearly 800 slaves in an extensive slave quarters whose ruins can still be seen next to the patio in front of the principal façade. The elegant homestead had 23 rooms, including living rooms and other rooms. On the façade, there is a carved verandah, while in the back another verandah allows access to a number of quarters. Rusticity and refinement are intertwined at the farm. An old preserved roof, wooden crafted doors and windows cushioned by layers on the outside and reduced on the inside, stone stairs and walls are characteristics of the seat. The Boa Esperança Farm covers an area of approximately 320 hectares, which integrate a beautiful chapel painted in polychrome by the painter of the Sanctuary of Congonhas, João Nepomuceno Correia e Castro, and the bicolor trellises which give the verandahs a Moorish look. The property is one of the most famous of the region and it is surrounded by legends. One of them tells that the property was built by a constructor, who earned the amount of 200 thousand réis for the work. When the job was done, the baron is said to have had the constructor killed in order to recuperate the money. In the area neighboring the farm, the supposed place of the murder, was given the name of Ponto da Cruz, and is still much respected. The baron of Paraopeba originated other legends, which cause shivers in the listeners. He is said to have been a very cruel master with his slaves, ordering the mistreatment of many of them, until death. As punishment, after his death, the baron is said to have been obliged to fulfill a penalty. During Lent and on the eve of the Feast of Saint John, his hulk is seen throughout the city, riding a horse, dressed in white and wandering through the city streets.
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Fazenda Santa Marina Hoje um charmoso hotel-fazenda que oferece cozinha em fogão a lenha com gêneros produzidos lá mesmo, a Fazenda Santa Marina tem mais de dois séculos de existência. Ganhou grande impulso a partir de 1968, depois de ser adquirida do antigo proprietário Joaquim Gonçalves, mais conhecido por Quincas da Saluísa. Está situada no município de Cristiano Otoni, na região Central de Minas Gerais. A produção de café, a exploração de gado leiteiro e a criação de cavalos da raça Mangalarga Marchador eram as principais atividades econômicas desenvolvidas na propriedade. Os primeiros animais da fazenda foram do prefixo Laglória. De paredes amarelas e portais azuis, a casa tem influência arquitetônica europeia. Ao longo dos anos foram feitas algumas reformas, mas procurou-se preservar o estilo e as características originais da construção secular.
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Rodeada por uma natureza exuberante, a fazenda tem florações características a cada estação do ano. Na primavera, as flores do “amor-agarradinho” enfeitam a pérgula que liga a sede ao portão. Beleza que também surge nas laranjeiras, amoreiras, ameixeiras, nos pessegueiros... Flores em buquês perfumam o caminho em volta do lago e do pomar. No verão, as quaresmeiras enchem a mata de tons róseos e roxos. O outono é a estação em que as folhas que se desprendem das árvores forram o chão, formando uma espécie de tapete castanho. E no inverno, o espetáculo de encantamento fica por conta dos ipês em tons de rosa, branco e amarelo. Há quase dez anos, a Fazenda Santa Marina experimentou uma nova fase de crescimento. Foi em 2002 que as quatro filhas dos proprietários se uniram para transformar o ambiente em “casa de todos”. As quatro marias (Sandra Maria, Wanda Maria, Martha Maria e Cláudia Maria) idealizaram um acolhedor hotel-fazenda. Para a família, hoje a história de cada hóspede se mistura às que já existiam na propriedade. Juntas inspiram ricas narrativas na história da fazenda bicentenária.
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Santa Marina Farm Today, as a charming hotel on the farm which offers cuisine made on a wood stove with goods produced right there, the Santa Marina Farm is more than two hundred years old. It gathered great propulsion as of 1968, after having been bought from the former proprietor, Joaquim Gonçalves, better known as Quincas da Saluísa. It is situated in the District of Cristiano Otoni, in the Central region of Minas Gerais. The production of coffee, the investment in dairy cattle and raising of the Mangalarga Marchador breed were the principal activities carried out on the place. The first animals on the farm used the prefix Laglória. Having yellow walls and blue doors, the house bears a European architectural influence. Throughout the years, some refurbishing was carried out, though efforts were made to maintain the style and original characteristics of the centenary construction. Surrounded by exuberant natural beauty, the farm bears characteristic flowers of each season of the year. In Spring time, the flowers of the “amor-agarradinho” decorate the gazebo which connects the seat to the gate. Beauty also buds forth in orange, mulberry, plum, peach tree blossoms... Flowers in bouquets sweeten the smell of returning from the lake or orchard. In summer time, spider flower trees fill the woods with pink and purple shades. Autumn time, has leaves falling from the trees and they line the ground, making a kind of chestnut carpet. The winter time brings, an enchanting sight of tecoma trees in shades of rose, white and yellow. Ten years ago, Santa Marina Farm experienced a new cycle of growth. It was in 2002 that the four daughters of the proprietors got together to transform the ambience into “the house of everyone”. The four Marias (Sandra Maria, Wanda Maria, Martha Maria and Cláudia Maria) created a welcoming hotel on the farm. In the family’s opinion, today, the story of each guest intertwines with those of the people living on the property. Both inspire rich narratives in the history of the bicentennary farm.
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Fazenda das Minhocas
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A Fazenda das Minhocas, antiga propriedade edificada no século XVIII, fica às margens do Rio das Velhas, no município de Jaboticatubas, região Central de Minas. Sua construção foi iniciada em 1712 para integrar o Recolhimento de Macaúbas. Na propriedade funcionou um engenho para moer cana-de-açúcar, foi fazenda de abastecimento e casa de retiro para as irmãs recolhidas. Também teve papel importante na colonização e formação da cultura das Minas Gerais, ao tornar-se, no último quarto do século XVIII, o primeiro educandário feminino da Província. Para lá foram enviadas as nove filhas da lendária ex-escrava Chica da Silva, que reinava em Diamantina ao lado do contratador João Fernandes.
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A Fazenda das Minhocas esteve na rota dos tropeiros e hoje integra o conjunto histórico-cultural do estado. O sábio dinamarquês Peter Lund, que explorou as grutas da região em pesquisas paleontológicas, descansava ali. A imponente construção de dois andares exibe características de arquitetura colonial, com detalhes ricos e delicadamente dispostos. Na fachada, a propriedade tem janelas e portas de madeira e varandas em toda a extensão. Já na parte interna, possui cômodos amplos e decorados com mobiliário da época. A Fazenda das Minhocas ainda conta, no final da varanda, com uma capela barroca e benfeitorias pitorescas, como um moinho secular. Merecem visita também os canais e as antigas lavras de mineração de ouro. Aquela é uma das mais ricas regiões de Minas em registros culturais, não só do Ciclo do Ouro, mas também da pré-história, preservados por pinturas rupestres encontradas em grutas e sítios arqueológicos. Hoje a propriedade funciona como hotel-fazenda. Todos os seus atrativos vêm criando nos arredores da Fazenda das Minhocas um pólo completo de turismo. História, ecologia e paleontologia são acessíveis aos hóspedes e visitantes.
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Minhocas Farm The Minhocas Farm, the old property built in the XVIIIth century, is on the banks of the Rio das Velhas, in the District of Jaboticatubas, Central Minas region. Its construction was begun in 1712 to become part of Macaúbas Cloister. There was a sugar can mill on the property, for grinding the cane, it was a spurveyance farm and a retreat house for the cloistered nuns. It also played an important part during the Colonization and the structuring of the culture of Minas Gerais, after becoming, the first educational institution for women, during the last quarter of the XVIIIth century. That was where the nine daughters of the legendary former slave Chica da Silva, who reigned in Diamantina at the side of her husband, contratactor João Fernandes, were sent to school. The Minhocas Farm was on route of the troopers and today it is part of the historical-cultural picture of the State. The Danish scholar Peter Lund, who explored the caverns of the region as part of his Paleotology research, used to rest here. The powerful two story construction evinces Colonial architectural characteristics with rich details and are delicately placed. On the façade, the property has wooden windows and doors and verandahs through and through. On the inside, it has spacious rooms, decorated with furniture of the time. The Minhocas Farm includes, at the end of the verandah, a Baroque chapel as well as picturesque improvement, such as a centenary mill. One should not miss a visit to canals and old gold mining sites. That is one of the richest regions of Minas registered in cultural records, not only of the Gold Cycle, but of prehistory, whose representation can be seen in rupestrian paintings found in caverns and archeological sites. Today the property operates as a hotel on the farm. All of its attractions have been arising, in the areas adjacent to Minhocas Farm, a rather complete tourist center. History, ecology and paleontology are accessible to both guests and visitors.
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Fazenda do Cipó A Fazenda do Cipó, inicialmente batizada de Fazenda de Santa Cruz, está localizada no município de Santana do Riacho, na parte Sul da Cordilheira do Espinhaço, em Minas Gerais. Seu primeiro proprietário foi Roberto de Aredea e Vasconcellos, que recebeu sua carta de sesmaria em 1744. No local, foi aproveitado um rancho construído por bandeirantes, no século XVII, para a estruturação da cozinha. Em 1823, a fazenda foi vendida e ampliada. O terreno escolhido para sediar a casa-grande era estratégico, às margens do caminho que ia em direção as regiões do Serro e Diamantina e próximo ao rio Cipó. De fachada simples e austera, a casa tem janelas e portas retangulares, típicas das propriedades rurais da época.
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Na parte interna tem 14 cômodos, entre eles seis quartos amplos e outros dois menores. Há também uma área construída ao redor de onde funcionava uma fábrica de farinha de mandioca, uma cozinha, um moinho ainda em funcionamento, quarto com banheiro e antigas senzalas. No passado, a economia da fazenda era diversificada. Cultivava-se milho, feijão, arroz e outras culturas que se adequavam ao clima da região. Do trigo colhido no quintal era preparada a farinha consumida pelos moradores da casa. Óleo de mamona e de côco macaúba eram extraídos em pesadas prensas de madeira na própria fazenda. Também havia criação de gado de corte e de porcos canastrões.
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A mão-de-obra escrava foi intensiva. E, diferentemente do que ocorria em outras propriedades, há relatos de que na Fazenda do Cipó esses serviçais eram tratados de forma humanizada. Eram bem alimentados, vestiam-se com roupas de algodão tecidas em teares manuais por escravas habilidosas e ainda recebiam assistência espiritual. Atualmente a Fazenda Cipó funciona como hotel e é administrada por Antônia Terezinha. Turistas de várias partes do país, em busca de sossego e bemestar, riqueza cultural e natureza, hospedam-se na Fazenda Cipó. Entre os atrativos estão uma capela construída em 1829 e um pequeno memorial instalado na antiga senzala.
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Cipó Farm The Cipó Farm, initially called Santa Cruz Farm, is located in the District of Santana do Riacho, in the Southern part of the Espinhaço Mountain range, in Minas Gerais. Its first proprietor was Roberto de Aredea e Vasconcellos, who received his land grant in 1744. At the place itself, a ranch built by the bandeirantes had been left behind, in the XVIIth century, and it became the structure used as a kitchen. In 1823, the farm was sold and enlarged. The land chosen to be the seat of casa-grande was strategic, on the side of the road going toward the regions of Serro and Diamantina and next to the Cipó River. Having a simple and austere façade, the house had rectangular windows and doors, which were typically found on rural properties of the time. On the inside, there were 14 rooms, six, among them, being spacious bedrooms, while there were two others which were smaller. There was also an additional area built around the main house, where a manioc flour factory operated, beside a kitchen, a mills which is still working, a bedroom with bathroom and old slave quarters. In the past, the economy of the farm was rather diversified. Corn, beans and rice were planted and were grown according to the weather patterns of the region. From the wheat collected in the yard, was prepared the floured used by the dwellers of the house. Castor bean oil and macaúba coconut oil was extracted at heavy wooden presses on the farm itself. There was also the raising of beef cattle and castrated pigs. Slave labor was quite used. And, quite differently from what happened on other properties, there are reports that on Cipó Farm, these workers were treated humanely. They were well fed, dressed in cotton clothes, woven on the hand looms by talented slaves, and they received spiritual direction, as well. Currently Cipó Farm operates as a hotel and is administered by Antônia Terezinha. Tourists from various parts of the country, in search of peace and well being, added to cultural and natural riches, stay at Cipó Farm. Among the attractions is a chapel built in 1829 and a small memorial housed at the old slave quarters.
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Fazenda Barbosa
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A Fazenda Barbosa teve seu nome inspirado pelo córrego dos Barbosa, que cruzava o terreno da propriedade. Está situada no município de Sabinópolis, na região do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. A construção tem estilo colonial do século XVIII, encanta pela imponência de suas janelas e portas que possuem formato triangular na parte superior. Em seus dois pavimentos, a sede possuía, na parte interna do segundo andar, cinco quartos, uma sala de jantar e de visitas, e uma pequena cozinha. O banheiro, como era de costume na época, não pertencia ao corpo da casa e se localizava na área externa. A parte inferior do imóvel servia para a ordenha do gado leiteiro. A economia da fazenda girava em torno do cultivo de milho, café, arroz, mandioca, cana-de-açúcar, hortaliças e frutas. Com o passar dos anos, algumas mudanças na estrutura da Fazenda Barbosa foram feitas para adaptar a casa ao estilo de vida atual. Foram necessárias algumas reformas, mas sem tocar nos arranjos mais importantes da arquitetura original. A bela fachada é composta por uma varanda extensa que percorre toda a frente. Móveis e utensílios antigos, em excelente estado de conservação, podem ser encontrados como peças decorativas da casa, e estão organizados sempre de forma impecável. Desde 1954, a propriedade pertence ao casal Oswaldo Jairo Pires de Miranda e Hilda Maria Coelho de Miranda, que moram no local e buscam preservar costumes e tradições. A cria e recria de gado Nelore é a principal atividade econômica na fazenda, onde também é fabricado o famoso queijo típico do Serro. Para manter a fazenda bem cuidada, cinco empregados, além dos proprietários, trabalham no local. Assim como no passado, a Fazenda Barbosa é frequentada por amigos e familiares dos proprietários. Privilegiada pela natureza exuberante que a cerca, é um espaço de bem-estar, descanso, história e lazer.
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Barbosa Farm The Barbosa Farm got its name from the Barbosa stream, which went through the property and it is located in the District of Sabin贸polis, in the region of the Rio Doce Valley, in Minas Gerais. The construction has an XVIIIth century Colonial style, charms with the greatness of its windows and doors, which have a triangular format on it upper side. On its two floors, the seat had, on the inside of the second floor, five rooms, a dining room and a living room and a small kitchen. The bathroom according to customs of the time, was not part of the body of the house and was located outside. The lower part of the house was used for milking the dairy cattle. The economy of the farm depended on the planting of corn, coffee, manioc, sugar cane, vegetables and fruits. As time went on, some changes in the structure of the farm were made to adapt the house to the current way of life. Some refurbishing was needed, while excluding the most important parts of the original architecture. The beautiful fa莽ade is made up of a long verandah which runs along the entire front. Furniture and old utensils, in perfect conditions, can be found as decorations, and they are always found in impeccable shape. Ever since 1954, the property has belonged to Oswaldo Jairo Pires de Miranda and Hilda Maria Coelho de Miranda, a couple, who live on the place and try to keep up customs and traditions. Raising and fattening Nelore cattle is the principal economic activity on the farm, where the famous, typical Serro cheese is made. Keeping the farm well cared for, demands the work of five employees, as well as that of the owners on the place. Just as in the past, the Barbosa Farm is a meeting place for friends and relatives of the proprietors. It is a place which is privileged by the exuberant nature which surrounds the seat, making it a space of well being, rest, history and leisure.
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Fazenda do Ribeirão Localizada no município de Dom Joaquim, na região Central de Minas, acredita-se que a Fazenda Ribeirão tenha sido a propriedade pioneira construída na localidade. Considerada uma das mais antigas moradias edificadas ao longo da Estrada Real, a fazenda foi erguida no início do século XVIII, por volta de 1700 a 1710, por um bandeirante. Inicialmente, a sede se chamava Fazenda Ribeirão Sem Peixe.
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A arquitetura tem influência europeia e estilo bandeirista português. A casa guarda toda a originalidade da época em que foi construída. A fazenda foi cenário de episódios emocionantes ligados à busca de riquezas, em especial o ouro que atraía contingentes de aventureiros às minas. Pela propriedade passaram valiosas cargas de ouro e diamantes. Era uma espécie de desvio utilizado por aqueles que tentavam driblar os postos de cobrança do quinto devido à Coroa Portuguesa. Nessa fazenda, os garimpeiros escondiam parte do ouro e dos diamantes que seguiriam para os portos do Rio de Janeiro e Paraty. Outra característica da propriedade é a intensidade do trabalho escravo. A senzala localizada no porão da fazenda chegou a abrigar mais de 500 negros. Na economia, o grande destaque foi o cultivo de cana-de-açúcar. Durante um bom tempo, a fazenda foi a única produtora de cachaça, açúcar e outros alimentos na região.
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Ribeir達o Farm Situated in the District of Dom Joaquim, in the Central Minas region, it is believed that Ribeir達o Farm is the pioneer property built on the locale. It is considered one of the oldest dwelling places built along the Estrada Real and the farm was erected at the beginning of the XVIIIth century, around 1700 to 1710, by a bandeirante. Initially, the seat was called Ribeir達o Sem Peixe Farm. The architecture has European roots and a Portuguese Bandeirista style. The house keeps all of the originality of the time at which it was built. The farm was the scene of moving episodes connected with the search for riches, in particular, the search for gold, which drew mobs of adventurers to the mines. Valuable loads of gold and diamonds went through the property. It was a kind of detour used by those wanting to dribble past the posts which charge the fifth tax owed to the Portuguese Crown. On this farm, the gold panners would hide part of the gold and diamonds which traveled on to the ports of Rio de Janeiro and Paraty. Another characteristic of the property was the intensity of the slave labor. The slave quarters were located in the basement of the farm and sheltered more than 500 blacks. In the economy, great importance was placed on growing sugar cane. For a long time,the farm was the only producer of firewater, sugar and other food in the region.
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Chácara do Barão do Serro Erguida na segunda metade do século XIX como residência de dois políticos importantes e bastante influentes na época, a Chácara do Barão do Serro está localizada no município do Serro, na região central de Minas. Moraram na casa os irmãos José Joaquim Ferreira Rabelo e Sebastião José Ferreira Rabelo. Este último tinha a patente de doronel e recebeu do imperador D. Pedro II, em 1879, o título de barão do Serro. A antiga construção é do estilo gótico que floresceu na Europa medieval. A estrutura, em forma de "U", é composta por um pátio interno, de piso em "pé-de-moleque", com formações florais que remetem a uma herança mourisca da arte Islâmica. Entre os materiais mais utilizados na obra estão madeira e taipa. A casa tem belas portas e janelas com vidraças coloridas. A entrada é formada por um patamar demarcado por um gradil de ferro e duas escadas laterais simétricas. Neste ponto, destacam-se três bancos trabalhados em pedra sabão, que imitam poltronas, fixados entre as quatro portas que dão acesso à parte frontal da casa. O grande portão de entrada da chácara, de ferro trabalhado, é sustentado por duas colunas de pedra, sobre as quais descansavam originalmente dois grandes leões esculpidos em mármore. Na cozinha, chamam a atenção uma pia e um fogão a lenha, também elaborados em pedra-sabão. Muitos outros ambientes e peças merecem destaque. Entre eles podem ser citados os muros em pedra e o chafariz que enfeita o jardim, desenvolvido em cantaria, uma das mais antigas técnicas de construção aplicada em pedras, com efeito decorativo e estrutural. Na entrada da chácara, um caldeirão usado por antigos tropeiros para preparar alimentos é uma homenagem ao grupo de desbravadores. A casa, que desde 1975 pertence ao IEPHA, passou por um processo de restauração e atualmente abriga atividades e entidades ligadas à educação, à cultura e ao turismo. 198
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Barão do Serro Country House Raised during the second half of the XIXth century as residence of the two important and quite influential politicians of the time, that of the Barão do Serro Country House is located in the District of Serro, in the Central region of Minas. The brothers José Joaquim Ferreira Rabelo and Sebastião José Ferreira Rabelo lived in the house. The former held the rank of colonel and received from D. Pedro II, in 1879, the title of baron of Serro. The old construction is of the Gothic style, which flourished in medieval Europe. The “U” shaped structure is composed of an internal pátio, "peanut brittle" type floor, with floral shapes which remind one of the Islamic art Moorish inheritance. The materials which are most used in the work are wood and wattle. The house has beautiful doors and window with stained glass. The entrance is made up of a landing, delimited by an iron gate and two symmetrical stairs on the side. At this point, three benches made of carved soap stone, resembling armchairs, are fixed between the four doors which give way to the front of the house. The big gate at the entrance of the country place, made of carved cast iron, is supported by two stone columns, on which rested two large lions sculpted in marble, originally. In the kitchen, a sink and a wood stove also built out of soap stone draw the visitor’s attention. Many other ambiences and pieces also deserve special mention. Amongst them are a stone wall and the fountain which adorn the garden, developed in stonework, one of the oldest construction techniques applied to stone cutting, with a decorative and structural effect. At the entrance of the place, a caldron used by the old troopers in the preparation of food renders homage to the group of pioneers. The house, which since 1975 belongs to IEPHA, went through a refurbishing process and it currently hosts activities and groups connected to education, culture and tourism.
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Fazenda Horizonte Belo A Fazenda Horizonte Belo foi fundada no início do século XX por seu idealizador, Mário Pires de Oliveira. A abundância de água naquela vertente da Serra do Espinhaço, localizada no município do Serro, em Minas Gerais, foi um dos motivos da escolha da localização da bela propriedade. Com mais de 400 m² de área construída, a sede da fazenda tem 17 cômodos amplos e confortáveis. A casa é toda arejada, possui varandas espaçosas, pé-direito com mais de três metros de altura e portas que chamam a atenção pelo tamanho, com cerca de 2,5 metros de altura. Uma casa tão grande justificava-se pelo número de pessoas que nela viviam. Eram 18 moradores, fora os hóspedes temporários. Há relatos de que muita gente frequentava a Fazenda Horizonte Belo. Políticos influentes e fazendeiros estavam entre eles. O proprietário ficou conhecido por dispor de dinheiro para fazer empréstimos. Apenas isso já se tornou um atrativo suficiente para justificar um grande trânsito de visitantes à fazenda. A produção agrícola era para a despesa da casa. Para gerar renda, Pires de Oliveira dedicava-se à criação de gado de leite e de corte. Na fazenda também se fabricava o queijo do Serro, que ficou conhecido como uma das mais importantes tradições de Minas. Atualmente, a Fazenda Horizonte Belo se destaca como a principal produtora de leite da região do Serro, produz queijo artesanal e uma cachaça bastante apreciada pelos apreciadores, a Velha Serrana. Ao todo, 20 funcionários cuidam da manutenção da propriedade, que está sob a direção de Epaminondas Pires de Miranda, neto de Mário Pires de Oliveira. A família, que se orgulha da história da propriedade, busca manter viva a tradição e os valores repassados. 202
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Horizonte Belo Farm At the beginning of the 1900’s, the Horizonte Belo Farm was founded by its idealizer, Mário Pires de Oliveira. The abundance of water at that source in Serra do Espinhaço, located in the District of Serro, in Minas Gerais, was one of the reasons for choosing the location of the beautiful property. Having more than 400 m² of constructed area, the seat of the farm has 17 ample and comfortable rooms. The well ventilated house, has spacious verandahs, a central post of more than three meters high and doors whose size draw attention, due to their nearly 2.5 meters height. Such a large house was justified by the 18 people who lived there, to say nothing of temporary visitors. There are reports that many people visited Horizonte Belo Farm. Among them were influential politicians and farmers. The owner was known for having so much money that he made loans. This fact alone was enough of an attraction to justify the large transit of visitors to the farm. Agricultural production covered household expenses. Pires de Oliveira raised income by devoting himself to raising dairy and meat cattle. The farm also made Serro cheese, which became known as one of the important traditions of Minas. Currently, the Horizonte Belo Farm stands out as the principal milk producer of the Serro region, makes homemade cheese and a rather good firewater which is favored by the principal buffs, in Velha Serrana. All told, 20 employees take care of the property upkeep, which is directed by Epaminondas Pires de Miranda, the grandson of Mário Pires de Oliveira. The family, which takes pride in the property history seeks to keep traditions and inherited values alive.
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Fazenda Engenho de Serra - Serro
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A Fazenda Engenho de Serra foi construída em 1930, por Pedro Simões Neves, no município do Serro, estado de Minas Gerais. Nela, dedicava-se à produção de grãos, cana-de-açúcar e seus derivados, à pecuária leiteira e também à fabricação de queijos, que hoje se tornou a atividade que deu fama à propriedade. O transporte de mercadorias e pessoas sempre dependia dos cavalos e burros criados na fazenda. Construída em pau-a-pique, a casa é composta por oito cômodos. Foi inspirada nas construções coloniais e, com o passar dos anos, teve de ser submetida a reformas de manutenção. Algumas melhorias foram feitas, buscando sempre não descaracterizar a antiga propriedade. Um dos ambientes de destaque da Fazenda Engenho de Serra é o antigo porão, também conhecido por salão do queijo, onde ficam guardadas peças antigas da produção de laticínios. Atualmente, Jorge Brandão Simões, filho do antigo dono, administra a propriedade com a ajuda de dois empregados, seus colegas de infância criados na própria fazenda. Com tradição de excelência, a criação de gado de leite e a produção de derivados do leite são mantidas até o presente. O turismo rural também ganhou lugar. A fazenda é ponto de encontro da família e constantemente procurada por turistas que a visitam para adquirir laticínios e conhecer o processo de produção do queijo artesanal do Serro e apreciar as belezas naturais da região. Cachoeiras, verdes matas e igrejas centenárias proporcionam um passeio inesquecível a quem gosta de cultura, aventura e meio ambiente.
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Engenho de Serra Farm - Serro The Serro Farm was built in 1930, by Pedro Simões Neves, in the District of Serro in the State of Minas Gerais. On the farm, he devoted himself to the production of grains, sugar cane and its byproducts, dairy cattle and the making of cheese, which is the activity that made his property have the fame it does today. The transportation of goods and people always depended on the horses and donkeys raised on the farm. It was built out of wattle, and the house is made up of eight rooms. It was inspired on the Colonial constructions of the decade of the 30’s, and with the passing of years, it had to be submitted to upkeep through refurbishing. Some of the improvements were made, always keeping in mind to not decharacterize the old property. One of the outstanding ambiences of the farm is the old basement, also known as the cheese room, where old utensils used in dairy products production are kept. Currently, Jorge Brandão Simões, son of the former owner, administers the property with the assistance of two employees, childhood colleagues, who were raised on the farm itself. Having a tradition for excellence, raising dairy cattle and the production of milk byproducts have been kept up to the present time. Rural tourism also earned a place on the farm. The farm is a family meeting place and it is constantly sought after by tourists who visit to learn about the process of artisan cheese production and enjoy the natural beauty of the region. Waterfalls, green forests and centenary churches offer an unforgettable outing for those who enjoy culture, adventure and the environment.
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Fazenda Recanto do Vale Propriedade construída há três séculos, a Fazenda Recanto do Vale fica no município de Milho Verde, próxima às nascentes do Rio Jequitinhonha. Dista 23 km da cidade de Diamantina e fica às margens da Estrada Real, no mesmo circuito do povoado do Vau, das cidades de São Gonçalo do Rio das Pedras, Milho Verde e Serro. Sua extensão total é de 220 alqueires.
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Com vegetação predominantemente de cerrado, cerradão e savana, a área faz parte da Fazenda São José. A casa é uma típica construção colonial, que, na época da exploração de ouro e diamantes, funcionou como base para o abastecimento de garimpeiros que buscavam riquezas na região. Ao longo dos anos foram necessárias algumas reformas de manutenção e adaptações, mas o casarão preserva muitas das características seculares da época de sua fundação. Atualmente, a Fazenda Recanto do Vale funciona como hotel e recebe hóspedes de várias partes do país e também do exterior. Além de aproveitar as riquezas históricas, o visitante também pode contar com belezas naturais características da região. Entre os vários passeios que podem ser desfrutados nas redondezas da Pousada Rural Recanto do Vale, está a formação natural do sítio arqueológico do Vau. Conhecido como gruta dos Quilombos, o local guarda pinturas rupestres datadas de 4 mil anos.
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Recanto do Vale Farm A property built three centuries ago, the Recanto do Vale Farm is in the District of Milho Verde, near the headwaters of the Jequitinhonha River. It is 23 kms. away from the city of Diamantina and is on the edge of the Estrada Real, in the same circuit as the hamlet of Vau, of the cities of São Gonçalo do Rio das Pedras, Milho Verde and Serro. Its total size is 220 alqueires. Having predominantely brush, brushwood and savannah vegetation, the farm area is part of the São José Farm. The house is a typical Colonial construction. During the gold prospecting and diamond prospecting time, it operated as a purveyance operation for gold panners seeking for gold in the region. Throughout the years some maintenance and adaptation refurbishing was needed, but the homestead still has many of the centennial characteristics of the time of foundation. Currently, Recanto do Vale Farm operates as a hotel and takes in guests from several parts of the country as well as from abroad. In addition to enjoying the historical wealth, the visitor can count on the characteristic natural beauty of the region. Among several excursions which can be enjoyed in the area surrounding the Pousada Rural Recanto do Vale, is the archeological natural of the Vau archeological site. Known as the cavern of the Quilombos, it is possible to find Rupestrian paintings which date back 4 thousand years.
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Referências bibliográficas
Ficha técnica
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Produtor Lúcio Nicolini Lopes
sociação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991. 89p.
Fotografias Carlos Guilherme de Souza Geidy Romeiro Eduardo Venturoli June Sabino Márcio Metzker Marcelo Eduardo
Coordenação editorial Eduardo Venturoli
CASIUCH, Ricardo. O romance da raça; histórias do cavalo Mangalarga Marchador. São Paulo: Empresa das Artes, 1997.
Assessoria de projeto Luiz Carlos Campos
CRUZ, Cícero Ferraz. Fazendas do Sul de Minas Gerais; arqui-
Textos e pesquisa histórica Renata Marques
tetura rural nos séculos XVIII e XIX. Coleção Arquitetura – Programa Monumenta. [Belo Horizonte]: Iphan/Ministério da
Tratamento de imagens André César
Cultura, 2010. 354p.
Textos, copydesk e redação final Márcio Metzker
ESTRADA REAL: BRASIL. Série Guias Empresas das Artes de
Tradução Maria Cristina Quiñonez
Edição TOP 2000 EDITORA Belo Horizonte (MG) - Brasil (31) 21032828 / www.top2000.com.br Impressão EGL EDITORES GRÁFICOS Belo Horizonte/MG
Turismo no Brasil. São Paulo: Empresa das Artes, 2005. 288p. Revisão Lairton Liberato METZKER, Márcio. Estrada Real: o ouro se foi; que venha o euro. In: Revista Sebrae. Brasília, n.12, jan./mar. 2004. p 46-75.
Projeto gráfico e editoração Daniela César
PIRES, Fernando Tasso Fragoso; CRUZ, Pedro Oswaldo. Fazendas; solares da região cafeeira do Brasil imperial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1986. 195p. PRADO, Raul Sampaio de Almeida. Raízes Mangalarga. São Paulo: Empresa das Artes, 2008. SANTOS, Ângelo Oswaldo de Araújo; IGLÉSIAS, Francisco; MENEZES, Ivo Porto de. Fazendas Mineiras. Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), Belo Horizonte, 2007. 332p. SANTOS, Márcio. Estradas reais; introdução dos caminhos do
L864
Lopes, Lúcio Nicolini História das fazendas tradicionais da Estrada Real / Lúcio Nicolini Lopes e Eduardo Venturoli; textos e pesquisa histórica: Renata Marques e Márcio Metzker; tradução para o inglês: Maria Cristina Quiñonez. – Belo Horizonte: Top 2000, 2012. 240p. : il. Contém fotos. Edição bilíngüe – português / inglês Título em inglês: History of the traditional farms of the Royal Road.
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Instituto Estrada Real: site.er.org.br Wikipédia: www.wikipedia.org.br
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1.Estrada Real – Minas Gerais – História. 2.Estrada Real – Minas Gerais – Fazendas tradicionais – História. 3. Estrada Real – Minas Gerais – Obra ilustrada. I. Venturoli, Eduardo. II. Título. III. Título. CDD: 981.51 CDU: 910.4