Edição nº 88 do primeira pauta%2c o jornal laboratório do ielusc%2c joinville

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SUPLEMENTO ESPECIAL de

GRANDES REPORTAGENS

Nesta última edição do semestre, o Primeira Pauta traz aos leitores um suplemento especial com grandes reportagens. As matérias abordam a trajetória dos negros em Joinville, o

preconceito sofrido pelas religiões afro, o déficit habitacional da cidade e muitos outros temas relevantes, contados de forma diferente. Leia no caderno anexado nesta edição.

JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DO BOM JESUS/IELUSC

JOINVILLE, JUNHO DE 2011 - EDIÇÃO 88 - GRATUITO

www.primeirapautaielusc.blogspot.com

GISELE SILVEIRA

POLÍTICA | PÁGINA 8

Criação do PSD muda cenário político para as eleições de 2012 A oficialização do Partido Social Democrático (PSD) permitirá que políticos de todo o país mudem de sigla. Em Santa Catarina, um dos estados mais articulados no processo de fundação do partido, nomes conhecidos já anunciaram a troca. Agora, discute-se a origem da sigla, a ideologia e a identidade.

ENTREVISTA | PÁGINA 3

A empresa não existe para dar emprego. Ela existe para produzir, dar lucro e o melhor produto. Para isso, precisa do melhor profissional.

FRANCISCO ORNELLAS executivo do Grupo Estado CULTURA | PÁGINA 4

Integrantes d’A Banda Mais Bonita da Cidade tentam explicar sucesso repentino na internet ESPORTE | PÁGINA 10

Caxias Futebol Clube quer voltar à elite do futebol de Santa Catarina O tradicional time joinvilense almeja, mais uma vez, o retorno à elite do estado, competição que não disputa desde 2005. Em 2003, foi vice-campeão, mas a maneira “afobada” de como voltou acabou prejudicando time.

ECOLOGIA | PÁGINAS 6 E 7

Polêmica Ambiental O Novo Código Florestal está longe de ser unanimidade. Aprovado pelos deputados, em Brasília, a legislação causa divergências entre defensores das bancadas ruralistas, ambientalistas e o poder político.


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Opinião

Joinville - Junho 2011 PRIMEIRA PAUTA

Diagramação e edição de Neyfi Müller

editorial

@twitter O que eles(as) falam em 140 caracteres @Fe_RBlau O pessoal da #grevejoinville está nervoso, e com razão. Só devemos cuidar para não direcionarmos nossa raiva para quem está do nosso lado. Servidora pública grevista

@brunopost RT @CalixtoCecyn: RT @ MandyGraper: @MarceloTas por favor, divulga a #grevejoinville no #cqc. greve desde 9/5 População usou o twitter para tentar emplacar a greve do serviço público municipal no programa CQC

@gflitzz Twittar só pra ñ perder o costume: pelo menos pra mim a #grevejoinville ñ acabou. Hj uma derrota, amanhã a VITÓRIA! Servidor público avalia saldo da greve

@jb_joaobatista ”Acabou, acabou”, Galvão Bueno #grevejoinville Fim da greve também gerou comemoração, principalmente para os jornalistas que cobriram a greve

O futuro já chegou e nada mudou

O cenário político de Joinville passa por um momento mas o povo escolheu por fulano. Agora aguentem as consede turbulência e ebulição. Os movimentos sociais, princi- quências”. Independente do andamento político da cidade, palmente os sindicatos, agitam os trabalhadores que vão ou de quantos candidatos existam, a oposição sempre vai para as ruas conhecer um horizonte que há tempos não era poder se apoiar nesse discurso. explorado. Os parlamentares e forças políticas da cidade A população ainda acredita que as eleições são o começam a se diferenciar em meio ao complexo universo ápice do processo democrático do Brasil. “O nosso político, que quando está na inércia fica muito propenso papel nós fizemos, que é ir votar mesmo obrigados.” a criar um grupo muito homogêneo e sem características Quem nunca ouviu, ou até mesmo pensou isso? Pensar marcantes. O surgimento do Partido Social Democrático que a democracia é apenas isso, é mediocridade. (PSD) também abre um novo leque e desFalta interesse em disseminar a consperta a esperança de mudança no país. cientização política na população. Não Olhando de fora, o cenário realmente só da política partidária, mas do papel ALIENAÇÃO parece ser esperançoso, que tudo o que há de do cidadão na sociedade. As câmaras de Falta interesse ruim terá salvação. Qual o caminho? Alguns deputados e vereadores, o congresso e as em disseminar a podem dizer que são as eleições municipais prefeituras já estão viciadas no modelo conscientização do próximo ano. Joinville já está experimenatual de tentar deixar tudo como está. política na tando a demonstração do possível “banqueMas esse sintoma da alienação também te” de candidatos a Prefeito em 2012. A opiinvade outros campos. O movimento população nião pública – e também os formadores de estudantil não discute as reivindicações opinião – listam vários nomes de peso, seja dos estudantes, os sindicatos não incenda classe empresarial, popular ou trabalhista. Possivelmente a tivam a luta dos trabalhadores, as associações de moracidade nunca teve tanta diversidade, o que leva até certo pon- dores se utilizam de palanque eleitoral, e por aí vai. to a questionar o nosso sistema político. Falta a sociedade questionar. “Por que as coisas aconCom o novo agrupamento político, vão sobrar nomes tecem assim? Isso está certo? Tá, e não dá pra melhorar? E fortes na mesma legenda. Há uma construção de lideranças como eu fico nessa história?” São questões que se aproximam também nos partidos mais tradicionais. Partindo do ponto do jornalismo. A campanha comemorativa de uma empresa que há uma grande diversidade de pessoas, ficaria sob respon- de comunicação de Santa Catarina faz a pergunta que todos sabilidade dos eleitores escolher aquele mais capacitado. Os têm que fazer: E daí? Só questionando pode-se ter uma mepartidos podem dizer: “nós tínhamos o melhor candidato, lhor compreensão, para então cobrar mudanças.

em foco

@AureaVieira #grevejoinville voltamos ao trabalho na 2a. O que levo no bolso? Não sei ainda. O que levo na alma? Dignidade, força, caráter, cidadania.

Edinei Knop

Servidora pública grevista satisfeita com a organização dos trabalhadores na greve

@deputadokennedy Graças ao twitter, posso acompanhar o que esta acontecendo em frente da prefeitura de JOI. #grevejoinville O também jornalista confirma que o twitter pode servir como fonte de informação

@thetiagoseger Opa na minha timeline quem venceu foi o @EdinhoAtlantida foi o primeiro a tuitar sobre o fim da greve! #Grevejoinville Fim da greve gerou competição para anunciar o acordo entre servidores e prefeitura

Sugira tweets para a coluna do Twitter no jornal Primeira Pauta. Sua opinião é muito importante!

Siga: twitter.com/primeira_pauta

MOMENTO POPSTAR: Enleado na bandeira da Cut, como um “herói” e sua capa, Ulrich dá autógrafo a uma servidora no término da greve.

DIRETOR GERAL DO BOM JESUS/IELUSC | Tito Lívio Lermen COORDENADOR DO CURSO | Sílvio Melatti Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social - Jornalismo Associação Educacional Luterana Bom Jesus/Ielusc

DISCIPLINA | Jornal Laboratório II

EDIÇÃO 88 | Junho 2011

PROFESSOR RESPONSÁVEL | Lucio Baggio

Contato com a redação Endereço: Rua Princesa Isabel, 438 - Centro CEP 89201-270 | Joinville | Santa Catarina

Telefone: (47) 3026-8000 - Fax: (47) 3026-8090 E-mail: jornalismoielusc@gmail.com Blog: primeirapautaielusc.blogspot.com

SECRETÁRIO DE REDAÇÃO | Neyfi Müller EDITOR GRÁFICO | Ronaldo Santos

DIAGRAMADORES | Aline Seitenfus, Ana Luiz Abdala, Gustavo Cidral, Eduardo Schmitz, Gabriel Fronzi, Neyfi Müller, Polianna Moraes e Ronaldo Santos EDITORES DE TEXTO | Aline Seitenfus, Ana Luiz Abdala, Eduardo Schmitz, Gabriel Fronzi, Gustavo Cidral, Neyfi Müller, Polianna Moraes e Ronaldo Santos REPÓRTERES | Camilla Gonçalves, Daiana Constantino, Eduardo Schmitz, Gabriel Fronzi,

Lizandra Carpes da Silveira, Luísa Desiderá, Matheus Mello, Neyfi Müller e Ronaldo Santos

TIRAGEM | 3 mil exemplares

EDITORA DE FOTOGRAFIA | Jéssica Michels FOTÓGRAFOS | Fabiane Borges, Fernanda Helbing, Gisele Silveira, Gustavo Cidral, Jaqueline Dias e Jaqueline Mello IMPRESSÃO | A Notícia

XXI Prêmio de Direitos Humanos de Jornalismo, MJDH - OAB/RS, 2004


Entrevista | Francisco Ornellas

Joinville - Junho 2011 PRIMEIRA PAUTA

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Diagramação e edição de Gustavo Cidral

Os “fracos” não têm vez no mercado Jornalista do Estadão defende a não obrigatoriedade do diploma e fala das expectativas para os acadêmicos

O

executivo do Grupo Estado Francisco Ornellas dá graças a Deus que o regime de livre iniciativa prevalece no mercado de trabalho. Para ele, jovens jornalistas que não ficam na zona de conforto terão os melhores postos e pouco se importarão com o piso salarial da categoria. Aos bem formados e insatisfeitos com a empresa em que trabalham, ele dá a dica: “Demita a empresa”. Ornellas analisa que com a profissionalização da gestão nas organizações de comunicação, que deixaram de ter domínio familiar, busca-se o melhor produto aliado ao lucro. Para isso, é necessário o melhor profissional. Ornellas está há mais de 20 anos a frente do Curso Intensivo de Jornalismo Aplicado, que aprimora a formação de jornalistas recém-saídos da faculdade e, consequentemente, fornece mão de obra à corporação. Formado em Direito — por não haver, na época, cursos de Jornalismo —, trabalha em jornal há 46 anos. Ele esteve em Joinville para falar sobre carreira a estudantes de comunicação. Em entrevista exclusiva ao Primeira Pauta, analisou

aspectos do mercado, a atividade jornalística e a regulamentação da profissão. PRIMEIRA PAUTA - Com base na opinião que os jornais recebem dos leitores, o senhor percebe que o jornalismo perde credibilidade? FRANCISCO ORNELLAS - Não creio. Eu acho que ele adquire. Você tem que diferenciar que tipo de jornalismo estamos falando. Se a gente fala do que O Estado de São Paulo pratica, digo isso porque participo do dia a dia do jornal, a credibilidade aumenta. Aumenta muito, principalmente por causa das facilidades que a nova tecnologia permite, de tornar a apuração tão mais real quanto possível. Se você pegar as reações de leitores de 20 anos atrás e as de hoje, elas são muito mais presentes. Hoje, você não consegue determinar a verdade. Tenho para mim que o jornalista não é o detentor da notícia. A notícia pertence a quem gera. É patrimônio da comunidade. O jornalista apenas processa essa informação e devolve a quem ela pertence, que é o leitor, o internauta, o ouvinte de rádio, o telespectador. À medida que a apuração se torna mais factível, ela terá mais credibilidade. FOTOS: GUSTAVO CIDRAL

Ornellas esteve em Joinville para divulgar o Curso Intensivo de Jornalismo Aplicado do Estadão

É preciso tomar cuidado quando o jornalista escreve sobre um tema que não domina — ele não é obrigado a dominar todos os temas — e coloca uma informação errada. Se essa informação é lida por quem a domina, ele cai em descrédito. Na medida em que o jornalista não domina um tema, é papel dele apurar. Apurar até a exaustão para então escrever a respeito seja em que meio for.

não ter diploma. É uma questão de conceituação. O jornalismo não é uma questão de governo. Eu, ao longo de 20 anos convivendo com essa realidade, constatei que a obrigatoriedade do diploma transfere aos estudantes de jornalismo uma falsa ideia de uma zona de conforto: como o diploma é obrigatório, ele terá uma reserva de mercado. Não existe zona de conforto em nenhuma profissão.

PP - Mas não é realidade na maioria das redações, em função da precariedade das condições de trabalho? ORNELLAS - Se a empresa não oferece condições de trabalho, o profissional competente, eficiente, bem formado, que tenha esforço, demite a empresa e vai trabalhar numa que lhe dê condições. Estou envolvido com jovens jornalistas há 22 anos. Para mim, é muito triste ver jovens com um potencial incrível reclamarem da empresa. Demita a empresa. Se ele se formou, se empenhou, é competente, eficiente, um profissional completo, vai escolher onde trabalhar, como trabalhar, quanto ganhar…

PP - Até março, em São Paulo, foram demitidos quase 300 jornalistas. Na sua opinião, esse cenário se deve a quê? ORNELLAS - A gestão das empresas de comunicação foi profissionalizada. Todas as empresas de comunicação no Brasil têm domínio familiar. E algumas famílias estão profissionalizando a gestão. Eu acompanhei a gestão familiar. O acionista da empresa dizia o seguinte: “Eu tenho dois chapéus. Durante metade do dia, eu visto o chapéu de executivo, aí eu quero o melhor produto. Na outra metade do dia, eu visto o chapéu de acionista, aí eu quero o melhor retorno para o meu capital”. Hoje, em algumas empresas, os acionistas não têm mais o chapéu de executivo. O que eles querem? Só o retorno do capital investido. Se uma empresa não cresce na receita, tem que cortar despesa. Para o jornalista: todos os ex-alunos do curso Estado que eu procurei até abril estavam empregados. Para o profissional com talento, com competência, com eficiência, esforçado, bem formado, que não assume a zona de conforto, não importa piso salarial, variação de mercado.

PP - O Curso Intensivo de Jornalismo do Estadão exige que o candidato seja graduado em Jornalismo, mas o Grupo Estado é contra a necessidade do diploma. Por que isso? ORNELLAS - O debate e a discordância são inerentes da atividade jornalística. O Grupo Estado, como posição editoral, acha que a atividade do jornalista não deve ser regulamentada. Ponto. O Grupo Estado nunca foi contra a faculdade de Jornalismo. Ele acha que o governo tem outras prioridades além de determinar quem pode e quem não pode exercer o Jornalismo. O curso Estado mantém a exigência do diploma por uma constatação prática, por uma visão pragmática da profissão. A gente acha que o jornalismo é uma profissão que exige técnica, tem conteúdo técnico, acadêmico e filosófico, e a gente não crê que possa transformar um profissional sem o mínimo de embasamento teórico dessa profissão em jornalista durante 100 dias, que é o tempo que dura o curso. PP - O senhor compartilha da opinião do grupo? ORNELLAS - É uma questão que transcende o fato de ter ou de

PP - Mas são questões importantes, pois há mais jornalistas sendo formados do que as empresas podem absorver. ORNELLAS - Sim, mas isso ocorre em todas as profissões. Vocês com certeza têm pessoas de suas relações com dificuldade de trabalho. E têm pessoas sem dificuldade de trabalho. Analisem um e outro. A empresa não existe para dar emprego. Ela existe para produzir, dar lucro e o melhor produto. Para isso, precisa do melhor profissional. Nós vivemos num regime de livre iniciativa. Não há espaço para os fracos — no sentido do mal formado. Ronaldo Santos r.santos@brturbo.com.br

É muito triste ver jovens com um potencial incrível reclamarem da empresa. Demita a empresa. Se ele se formou, se empenhou, é competente, eficiente, um profissional completo, vai escolher onde trabalhar, como trabalhar, quanto ganhar…

A empresa não existe para dar emprego. Ela existe para produzir, dar lucro e o melhor produto. Para isso, precisa do melhor profissional. Nós vivemos num regime de livre iniciativa. Não há espaço para os fracos — no sentido do mal formado.


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Cultura

Joinville - Junho 2011 PRIMEIRA PAUTA

Diagramação de Mayara Silva | Edição de Ana Luiza Abdala e Gustavo Cidral

INTERNET

A banda mais bonita da cidade e mais famosa da web

Os cinco d’A Banda Mais Bonita da Cidade tentam explicar o sucesso – das redes sociais para o mundo – repentino e avassalador. Tentam!

E

ROSANO MAURO JR/DIVULGAÇÃO

m um rodízio de sopas, a Banda Mais Bonita da Cidade encontrou aconchego para fugir do frio curitibano. A pedida gastronômica de sábado à noite serviu também para esquentar o corpo e o esqueleto, pois haja energia para cumprir a agenda de compromissos. Desde que o clipe da música “Oração” explodiu na internet, a trupe é assediada por veículos de comunicação a todo o momento. E não só a imprensa nacional. A febre das redes sociais gaOs integrantes comemoram a conquista e fazem planos para o sucesso ir além da web nhou comentário no maior jornal da Itália, o Corriere della Sera, e no site do The Washington Post, webhit cair em milhares de inter- na sua maneira de cantar. O drama um dos mais conceituados da ca- faces – e da canção cair na boca de grego, não triste, mas emotivo. As pital federativa norte-americana. todo distraído – os integrantes se palavras saem das mãos, dos braO vídeo foi postado no site You- inscreveram em uma competição ços, da expressão na face, tal como Tube no dia 17 de maio, uma para ir ao programa televisivo do versos, e como deve ser. terça-feira. Em menos de 24 horas titã Toni Beloto, no canal Futura. Seja qual for a paixão de teve 33 mil visualizações. No sá- Perderam. Mas, participaram de- quem está dentro, a energia bado (21) chegou a um milhão de pois, como convidados. transpõe a tela do computador e acessos. E após dez dias, superou a A Banda Mais Bonita da Ci- chega a quem está fora. Esse é o marca de dois milhões de visitas. dade foi matéria no portal G1 e principal motivo de tanta popuCertamente, neste instante, deve no Fantástico, da TV Globo. No laridade, na visão de Diego Plater passado dos cinco milhões. dia 29 de maio, os integrantes ça, 24 anos. “Passa uma energia O tecladista e violonista da fizeram valer a letra da música do bem, algo bom”, completa o banda, Vinícius Nisi, 27 anos, di- “Submundo Autofágico”. A com- baixista do grupo. rigiu o clipe e não tem dúvidas so- posição da jornalista curitibana Segundo definição do Novo bre a importância que o Facebook Lívia Lakomy, interpretada por Dicionário Aurélio da Língua teve na construção do sucesso. eles, faz provocações sobre o que Portuguesa, arte é “atividade que “Acho que faltava é o sucesso e ques- supõe a criação de sensações ou um material assim tiona se a fama de estados de espírito, de caráter SUCESSO na rede, divertido não seria ganhar estético, carregados de vivência e que não fosse “a capa do Cader- pessoal e profunda”. Goste ou Em menos de 24 horas piada. Algo que os no G na edição de não, “Oração” é assim. É arte nas o vídeo teve 33 mil internautas comdomingo”. De fato, mais variadas vertentes. É poesia, visualizações. Quatro partilhassem não ganharam tal des- melodia, cinema, amizade. Foi dias depois, alcançou por brincadeira”, taque no encarte massivamente compartilhado na um milhão de acessos reflete Vini, como cultural do diário internet e se tornou um viral. As é conhecido pelos mais popular de pessoas estão mais dispostas para mais chegados. Curitiba, a Gazeta conteúdos assim? Entre uma colherada e outra de do Povo. O guitarrista, Rodrigo Lemos, sopa, o músico leva o olhar para Está claro para a vocalista Uya- 28 anos, acredita que sim. Ele cima e vagueia: “Na verdade, não ra Torrente, 24 anos, que a alegria atribui os milhões de views à dissei. Não tem como saber. Sei lá o vivida no clipe, espontânea e ver- posição das pessoas por mais aleque foi”. O boom veio como uma dadeira, contagia quem assiste. “A gria. “Primeiro, acho que foi por surpresa – feliz e assustadora. gente se diverte tanto que cativa dessa causa da galera (faz menção A trupe se uniu em 2009. a vontade de estar lá, cantando a amigos ao redor). Depois, por Desde a formação até meados de junto, dançando e se divertindo causa da galera (expande o momaio, tinha apenas cinco apresen- muito”, diz a cantora. Formada vimento dos braços, se referindo tações no histórico. Agora, mais em artes cênicas, Uyara garante a todos que assistiram ao vídeo). de dez shows estão confirmados, que não há personagens na cena, A música comunica. As pessoas, no Rio de Janeiro, São Paulo, Pa- ninguém interpretou. Entretanto, simplesmente, assimilam. Não há raná e Belo Horizonte. Antes do não dá para negar a dramaticidade o que racionalizar”. O músico re-

conhece o fato de a canção grudar na mente, mas afirma que não tem a intenção do efeito ‘chiclete’. Os cinco conquistaram o que empresas gastam milhões e, nem sempre, conquistam. Eles reconhecem a ameaça da rotulagem e não pretendem ser a mais fofa da cidade. Muito menos, a banda de um sucesso só. Apesar de maravilhados, não estão deslumbrados. O que era um hobbie passou a ser encarado como trabalho sério. A gravação de um álbum é prioridade. Pensam em continuar seguindo com as próprias pernas – e uns pares amigos. Luísa Desiderá luludesidera@gmail.com

“Oração” Um vídeo caseiro, gravado durante a comemoração de aniversário de um dos integrantes da banda. A locação é a casa da avó de uma amiga deles, em Rio Negro, no Paraná. Ninguém conhecia o lugar ou a disposição dos cômodos, só a parte externa, por foto. A ideia inicial era gravar no jardim, pois o visual lembrava um clipe da banda Beirut, adorados pela trupe. Mas a garoa daquele domingo não permitiu. A iluminação é natural, com algumas lâmpadas potentes improvisadas. Foi feito sem roteiro e sem cortes. A produção teve a ajuda dos cineastas André Senna e Rosano Mauro Jr. O cinegrafista é André Chesini, outro amigo. A captação e edição do áudio são de João Caserta, mais um amigo. A canção foi feita em forma de mantra, um jeito mais fácil de convencer o próprio coração sobre o fim de um relacionamento. Antes de “Oração”, o compositor Leo Fressato fez letras de rancor e frustração. Foi preciso uma alegre para aceitar o fim do namoro. A solidão não deve preocupá-lo mais.

M

ENTREVISTA LUISA MARILAC

A travesti que conquistou a fama na net Luísa Marilac ficou famosa pelo vídeo feito na piscina de seu apartamento na Espanha, que já foi assistido 1,5 milhão de vezes. Os bordões ditos na gravação chegaram a ser reproduzidos na novela das 21h, da Globo. Diante do sucesso, Luísa voltou ao Brasil após 16 anos na Europa. Aqui, participa de programas de televisão e é contratada para festas em boates. PP-Por que você fez a gravação? Luísa Marilac-Meu ex me roubou e eu fiquei desesperada. Conheci um velho que começou a me ajudar. Parei de me prostituir e só ficava com ele. Fiz aquele vídeo para o ex, porque eu estava numa fase muito boa da vida. PP-Pretende retornar à Espanha? Luísa-Com essa história de fama, dá pra ficar no Brasil, por ser a tal Luísa da internet. Mas ainda existe muito preconceito e muita violência em relação a isso. Então a probabilidade de eu ficar é grande. PP-Lá você também era famosa? Luísa-Com os brasileiros. Lá tem muitos, principalmente veados. Eles me encontravam e começavam a gritar. Eu dizia: “pelo amor de Deus,

conteúdo

estamos na Europa”.

PP-Já aconteceu algum tipo de violência com você? Luísa-Eu tomei sete facadas aos 17 anos. Estava conversando com minhas amigas, e fui atacada pelas costas. Entrei em trauma e não saía de casa. Foi quando a minha mãe falou pra eu ir embora para a Europa.

PP-Você está ganhando dinheiro com a fama? Luísa-Entra numa mão e sai pela outra. Tem que pagar advogado etc. No fim das contas, sobram só as migalhas para a bicha. Eu fui numa churrascaria aqui em Joinville e só eu paguei R$ 120, fora minha amiga. Tirei a barriga da miséria, porque adoro comer.

PP-E tem medo que a fama seja passageira? Luísa-Nunca tive nada e nunca recebi apoio de ninguém. A vida me ensinou a contar com aquilo que a gente tem. Espero não precisar nunca, mas se precisar cair de novo na rua para me prostituir, eu caio. A “véia” ainda dá pro couro. Ronaldo Santos r.santos@brturbo.com.br

Informações exclusivas no portal eletrônico www.primeirapautaielusc.blogspot.com


Cultura

Joinville - Junho 2011 PRIMEIRA PAUTA

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Diagramação de Mayara Silva | Edição de Ana Luiza Abdala

INVESTIMENTO

Mais de R$ 2 milhões em cultura Recorde: Foram inscritos 461 projetos no Simdec 2011 e a aprovação sai até o dia 27 de junho

H

á cinco anos, tureza – e do IPTU – Imposto em Joinville, Predial e Territorial Urbano. o Sistema O coordenador do Simdec, Mun i c i p a l Luciano da Costa Pereira, conta de Desen- que a área da música tem os provolvimento jetos mais contemplados. Para pela Cultura, popularmente co- ele, esse incentivo financeiro monhecido como Simdec, atende vimenta também a economia da parte das carências culturais da cidade. “Com esse financiamencidade e financeiras de seus exe- to, fica mais fácil a manutenção, cutores. A maior cidade do esta- divulgação e desenvolvimento do possui somente este edital de das atividades culturais”, diz. incentivo à cultura, que se divide Além da música, é possível enviar em dois mecanisprojetos para as mos: o Fundo Museguintes áreas: OFICINAS nicipal de Incentivo artes gráficas; arà Cultura e o Metes plásticas; arA Fundação Cultural cenato Municipal tesanato e cultura oferece cursos de Incentivo à Culpopular; bibliopara capacitar os tura. Neste ano, os teca e arquivos; interessados em enviar 461 projetos inscricinema e vídeo; seus projetos tos irão concorrer circo; dança; edia R$ 935.000,00 ções de livros de via Edital e R$ arte, literatura e 1.562.000,00 via Mecenato. Ad- humanidade; literatura; museus; ministrado pela Fundação Cul- ópera; patrimônio cultural; ratural, com o acompanhamento diodifusão cultural e teatro. do Conselho Municipal de PoA verba liberada para o Silítica Cultural e da Secretaria da mdec é de 2 a 3% em cima do Fazenda, anualmente, o Simdec, valor arrecadado nos impostos através de uma comissão julgado- municipais ISSQN e IPTU de ra (composta por representantes cada ano. Com isso, até hoje, da cena artística de Joinville e de já foram distribuídos mais de outras cidades), avalia e selecio- R$ 8 milhões entre 286 projena os projetos culturais inscritos tos culturais. Luciano acredita que se encaixam no regulamento que o recorde de inscrições, em e na proposta do edital para dis- 2011, se deve pelo fato de que tribuir as verbas, respeitando o o Mecenato acrescentou cinco valor total disponível. O Fundo novas modalidades, e no Edital repassa a verba diretamente por foram acrescidas oito. Os promeio do Edital do Simdec. Já o jetos aprovados neste ano serão Mecenato permite que a captação divulgados no site www.simdec. de dinheiro seja feita por meio de com.br até o dia 27 de junho. captação de recursos e renúncia fiscal autorizada junto aos conDicas para um bom projeto tribuintes do ISSQN – Imposto A própria Fundação CultuSobre Serviço de Qualquer Na- ral de Joinville oferece gratuita-

mente cursos para capacitar as pessoas interessadas em escrever e enviar seus projetos. A oficina tem duas horas de duração e explica o funcionamento do Simdec, o Edital de Apoio à Cultura e o Mecenato Municipal. Instituições de ensino da cidade também oferecem oficinas gratuitas, por meio do Simdec, de Gestão Cultural, abordando o estudo da produção cultural e dando noção para planejar, gerenciar e formatar os projetos. O coordenador orienta que as pessoas descrevam detalhadamente suas propostas e objetivos do projeto. “Descrever quantas pessoas serão atendidas gratuitamente com a apresentação de show e peças ou distribuição de livros; anexar o currículo de todas as pessoas envolvidas no trabalho e detalhar o orçamento dos gastos”, explica. Para comprovar as propostas que serão desenvolvidas é necessário que seja anexado, no caso do teatro, uma sinopse do enredo que será a peça; no caso de música o grupo deve mostrar um CD com seis músicas; se for projeto para a área de restauração e patrimônio histórico deve-se apresentar fotografias da estrutura ou plantas do prédio; para edição literária é só apresentar três cópias originais do livro. Na hora da prestação de contas, é necessário que a participação do público seja comprovada através de fotografias. E, não esquecer dos comprovantes dos gastos. Camilla Gonçalves camillacomvc@gmail.com

O Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura funciona em parceria com a Fundação Cultural e é o único edital existente em Joinville

FOTOS: Aline seitenfus

Para o coordenador Luciano Pereira, o Simdec também movimenta a economia da cidade

Oficinas que ocorrem em 2011 Casa do Hip Hop Arte Inclusiva (CHHAI) Responsável: Juliana Regina Crestani Contato: 3463-5539 / 9961-2761 - Os encontros de hip hop ocorrem aos sábados a noite na Casa da Cultura Oficina de teatro da Amorabi - Projeto Alternativas 12 anos de Arte para a comunidade do bairro Itinga Responsável: Samantha Choen Contato: 3465-2075 Oficina de Maracatu de Baque Virado Responsável: Eduardo Augusto de Carvalho Sanches Contato: 3804-8260 | 9655-2447 - As oficinas ocorrem aos sábados a noite na Casa da Cultura Tambores do Japão - Taiko Responsável: Fabiana Moisés Contato: 8401-3312 | 3439-3270 - Os encontros e aulas ocorrem aos domingos a partir das 14 horas até às 16 horas na Casa da Cultura e até agora mais ou menos 20 pessoas participam desses encontros. Os interessados podem comparecer para assistir ou aprender.


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Ecolo

Joinville - Junho 2011 PRIMEIRA PAUTA

Diagramação e edição

FOTOS: Gisele Silveira

LEGISLAÇÃO

A propriedade rural de Ango Kerten é um caso clássico da situação catarinense de agricultura familiar

Novo Código Flo brasileiro em xe

Projeto é aprovado na câmara de deputados,

A

pesar de aprovado pelo Plenário da Câmara de Deputados, o Projeto de Lei do Novo Código Florestal está longe de pôr fim às divergências existentes entre defensores das bancadas ruralistas, ambientalistas e o poder político. Isso porque os termos do projeto apresentado pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) que prevaleceram na Câmara serão discutidos antes da sanção presidencial, no Senado. Neste momento, cabe à população conhecer e entender as divergências do tema. As diretrizes do novo código terão impactos signi-

ficantes na sociedade. Quanto às questões relativas às Áreas de Proteção Permanente (APP), a obrigação de recomposição foi aprovada em 15 metros, para margens já degradadas de cursos d´água com até 10 metros de largura. Entretanto, a margem de 30 metros de vegetação preservada, como prevê a legislação atual, deverá ser mantida. Além disso, as APPs já ocupadas com atividades agrossilvipastoris, ecoturismo e turismo rural, poderão assim permanecer, desde que o desmatamento tenha ocorrido antes de 22 de julho de 2008. Aprovou-se ainda, uma emenda que permite aos Estados estabelecer outras atividades que possam justificar a regularização de áreas desmatadas, através do Programa de Regularização Ambiental (PRA). Ainda sobre as APPs, o Novo Código autoriza a manutenção de culturas de espécies como uva, maçã e café ou de atividades silviculturais, em topo de morros, montes e serras com altura mínima de 100 metros e inclinação superior a 25 ou locais com altitude superior a 1,8 mil metros. Outro ponto trata da averbação da Reserva Legal (RL), área de mata nativa preservada, que no Estado de Santa Catarina deve corresponder a 20% de cada propriedade rural. Ela não será mais exigida em propriedades de até quatro módulos fiscais, se assim permanecer


ogia

Joinville - Junho 2011 PRIMEIRA PAUTA

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o de Eduardo Schmitz

Agricultura familiar ainda predomina em Santa Catarina

orestal eque

, mas não é unanimidade para envolvidos a aprovação do Projeto de Lei. O ponto que mais tem causado polêmica entre os membros do Congresso é a chamada anistia, que prevê a suspensão de multas aplicadas por órgãos ambientais até 22 de julho de 2010, tendo como condicionante a adesão ao Programa de Regularização Ambiental — que deverá ser instituído pela União e pelos Estados. Para a advogada especializada em causas administrativas, ambientais e urbanísticas Camila Gessner, é importante comentar que para aqueles que estavam até agora adequados às exigências legais florestais, tendo averbado a RL e mantido preservados os 30 metros de APP, a lei pode passar a impressão de “penalização dos corretos”. O Novo Código traz a figura da anistia das multas e processos por desmatamento ocorridos até 2008 e reduz a obrigação de recuperação da APP. “De acordo com o novo texto legal, caso aprovado, muito trabalho terão os juristas especializados no tema”, completa a advogada. Votação no senado No Senado, o relator do Código Florestal será o senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC). Ele aposta na aprovação do novo texto do Código Florestal. Segundo o senador, a câmara aprovou um texto com 410 votos entre 513 votantes. Isso significa dizer que o texto tem um apoio popular e interpreta uma vontade nacional. “Precisamos de um Código Florestal que permita o Brasil ser a grande fronteira agrícola que é”, diz LHS. Não é o que pensam os ambientalistas de Santa Catarina.

Uma carta aberta do Conselho do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) apresenta considerável preocupação sobre o tema e deixa claro em suas colocações que a comunidade científica foi amplamente ignorada durante a elaboração do relatório de revisão do Código Florestal. Segundo o conselho qualquer ato que altere o código sem as devidas avaliações científicas representa graves danos para as gerações futuras. A carta mostra que qualquer mudança sem o consentimento da academia é infundada e acrescenta que o país gasta milhões na formação de cientistas e no momento de consultar esses profissionais eles são ignorados. E as complicações não param. O auditor ambiental Gert Roland Fischer relata que Luiz Henrique da Silveira mandou o deputado Valdir Colatto, na época secretário do governo LHS no setor de Engenharia Agrônoma, elaborar uma minuta de código ambiental para Santa Catarina, aprovada em seguida. Essa minuta tem pontos problemáticos ligados às APPs que beneficiam uma parcela dos agricultores catarinenses. Entretanto, o documento deixa a legislação catarinense inconstitucional. Segundo Gert, com a aprovação do novo código isso seria modificado. “Sobre a lei 4771/65 o código florestal não deveria ser alterado em nada. É perfeito para garantir às gerações do futuro e às atuais a qualidade de vida, a biodiversidade invejável, patrimônio do povo brasileiro”, explica. Lizandra Carpes lizandra.carpes@hotmail.com

Uma pesquisa divulgada no Serviço de Apoio as Micros e Pequenas Empresas de Santa Catarina (Sebrae/SC) realizada em 2008, mostra que a agricultura no Estado é tipicamente familiar. Os estabelecimentos familiares representam 90,5% do total. Os agricultores familiares de Santa Catarina possuem 60% da área agrícola e respondem por 71,3% do valor bruto da Produção Agropecuária Catarinense. Em Santa Catarina, a agricultura familiar é responsável pela produção da maioria dos alimentos. No entanto, é a menos

remunerada. Isto, na maioria das situações, ocorre pela falta de agregação de valor. Sem dúvida, tal fato está na burocracia e nas exigências estruturais incompatíveis com o agricultor familiar. A preocupação dessa classe no Estado é o cuidado com a terra. O agricultor Ango Kerten, se mostra receoso com o novo código florestal. Sua maior observação é cuidar das gerações futuras. “Precisamos respeitar o espaço. Só é preciso encontrar a melhor forma que seja viável a todos”, explica Kerten. O presidente do Sindicato

Rural de Joinville, Nelson Rossi, salienta que a questão vai muito além das leis. Existe a necessidade de orientar os jovens agricultores a ficarem em suas terras e capacitá-los para o trabalho na lavoura. “Precisamos de educação ambiental que se aplique aos agricultores”, completa Rossi. Essa é uma situação que se repete em todo o Estado de Santa Catarina. O tema é pautado com frequência nas reuniões realizadas pelo sindicato. Maior parte da agricultura catarinense é baseada na agricultura familiar

Três mudanças básicas, incluindo a Emenda nº 164: 1 – Área de Preservação Permanente (APP) Segundo a legislação atual, em topos de morros, margens de rio e encostas é expressamente proibida qualquer tipo de atividade agrícola. Não se pode plantar, nem retirar a vegetação original. O que muda: Cada estado tem o poder de estabelecer outras atividades que possam justificar a regularização de áreas desmatadas até junho de 2008. Da mesma forma, cada Estado deverá avaliar a obrigatoriedade ou não de recuperação de margens de rios e encostas já desmatadas. O projeto não considera APPs as várzeas fora dos limites em torno dos rios, as veredas e os manguezais em toda sua extensão. 2 – Anistia e regularização das propriedades O Decreto 7029, de 2009, que regulamenta a Lei de Crimes Ambientais, prevê a anistia de multas já aplicadas aos produtores rurais que regularizassem suas propriedades até junho, data em que entraria em vigor. Mas não houve adesão. Dados do Ibama indicam a existência de cerca de 13 mil multas com valor total de R$ 2,4 bilhões até 22 de julho de 2008. O que muda: Segundo o projeto aprovado, será concedido o perdão às multas e aos crimes cometidos contra o meio ambiente. Mas para fazer juz ao perdão, o proprietário rural deverá aderir ao Programa de Regularização Ambiental (PRA), a ser instituído pela União e pelos Estados. Eles terão o período de um

ano para aderir, a partir da criação do Cadastro Ambiental Rural (CAR), que deve ocorrer em até 90 dias da publicação da lei. 3 – Reserva Legal (RL) Segundo o código em vigor, a Reserva Legal é a área localizada no interior de uma propriedade rural, ressalvada a de preservação permanente (APP), representativa do ambiente natural da região e necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção da fauna e flora nativas. Deve ser equivalente a, no mínimo, 20% da área total de propriedades fora da Amazônia Legal. Em propriedades agrícolas dentro da Amazônia Legal, a reserva deve ser de 80% da área ocupada e de 35%, se localizada no Cerrado. O que muda: O texto do novo Código mantém os atuais índices de reserva legal, mas permite usar APPs no cálculo. Ou seja, para definir a área destinada à reserva legal, o proprietário poderá considerar integralmente a área de preservação permanente (APP). Aos agricultores familiares com propriedades de até quatro módulos será permito manter, para efeito da reserva legal, a área de vegetação nativa existente em 22 de julho de 2008. A reserva poderá ser regularizada de diversas formas, incluindo compra de cotas. O projeto também dá ao proprietário rural a alternativa de compensar áreas de Reserva Legal desmatadas em outro bioma fora do seu estado.


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PolíticaP

Joinville - Junho 2011 PRIMEIRA PAUTA

Diagramação e edição de Polianna Moraes

BASTIDORES DAS ELEIÇÕES 2012

A criação do PSD, um partido novo formado por velhos conhecidos

Como os Democráticos poderão ser reconhecidos pelos eleitores sem causar confusão com as siglas anteiores

A

o passo que aproxima o ano eleitoral, aumentam as discussões quanto ao cenário político que começa a se formar para 2012. A oficialização do Partido Social Democrático (PSD), previsto para o mês de setembro, possibilitará aos candidatos a troca de siglas em todo o país. Em Santa Catarina, o governador Raimundo Colombo decidiu ingressar na nova legenda logo nos primeiros três meses de seu mandato, com o desafio de levar consigo as principais lideranças democratas do estado. Agora, diante dessa recente frente partidária, discute-se a origem da sigla, ideologia e identidade. Para o professor do Departamento de Sociologia e Ciências Política da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Jacques Mick, o PSD entrará na disputa eleitoral como um partido forte, pois estará consolidado por importantes líderes políticos. “Diferente do partido Democrata, fragilizado com apenas quatro anos de história, o PSD receberá o tratamento de marketing que se costuma aplicar no sistema político e estará pronto para o consumo no próximo ano. Não haverá tempo para a imagem dessa marca se deteriorar”, prevê.

DIVULGAÇÃO

Políticos de todo Brasil junto com Gilberto Kassab (centro)no lançamento da ata do PSD

Na leitura de Mick, os líderes democratas e tucanos sempre estiveram acostumados a governar ou seja, presentes na situação - por isso não tiveram bom desempenho como oposição ao governo federal nos mandatos de Luís Inácio Lula da Silva, e agora no comando de Dilma Rouseff, ambos do Partido dos Trabalhadores. “Recentemente, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso escreveu um artigo com propostas para fortalecer a oposição: focava em estratégias de marketing, mais do que em elementos da agenda política”, considera Mick, “Com o esvaziamento definitivo do DEM e a criação do PSD, é o Parti-

do Social da Democriacia Brasileira (PSDB) quem deve conduzir a oposição ao governo federal”, acredita. O PSD não tem identidade, afirma o professor. Ele explica que a nova sigla é um amontoado de lideranças políticas destinado a servir aos interesses de futuros candidatos. “Uma parte dos eleitores leva o partido em conta, ao escolher seus candidatos; outra parte, não. É a essa parte, talvez majoritária, que o PSD se dirigirá”. Para saber mais sobre o tema, acompanhe a entrevista com o professor da UFSC no texto abaixo.

fidelidade partidária”, avisa. Os políticos interessados em disputar as eleições em 2012 devem estar filiados, pelo menos, há um ano para poder se candidatar nas próximas eleições. O registro deve ser oficializado até outubro. Segundo ela, os procedimentos prévios já estão sendo feitos para efetivar o PSD. A Lei dos Partidos Políticos nº. 9096/95 estabelece um mé-

todo matemático para somar a quantidade de assinaturas necessárias para o registro. “Pelo menos, metade da porcentagem dos votos válidos na última eleição para Câmara dos Deputados, não computados os votos brancos e nulos, distribuídos por um terço ou mais estados. Então mil eleitores serão necessários para registrar o partido e esse número pode variar”. (D.C)

Daiana Constantino daia.constantino@gmail.com

Políticos têm apenas 30 dias para se filiar na nova legenda O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou o prazo de 30 dias para os políticos com algum mandato ingressarem em siglas recentemente criadas. A chefe do Cartório Eleitoral de Jaraguá do Sul, Simone Ladeira, explica que o prazo começa a contar a partir do registro do novo partido junto ao TSE. Assim, esses políticos não serão considerados infiéis. “Se passar, o TSE pode considerar in-

Entrevista Jacques Mick

“Eles não têm uma identidade definida”

Primeira Pauta: Qual sua leitura marca nova para enfeitar as fotos sobre o PSD no sistema partidário oficiais das candidaturas do ano brasileiro? que vem. Jacques Mick: Se pensarmos que a legenda não tem programa polí- PP: A tendência é que os nomes letico, como diversas outras siglas, vem os votos, não suas legendas? o PSD é mais um símbolo da Por quê? fragilidade do sistema partidário Mick: Embora parte dos eleitores brasileiro. Mas o fato de o parti- escolha seus candidatos por idendo ter sido criado para suceder o tificação partidária, parte opta DEM merece alguma atenção. O pela pessoa, como se diz. PenseDEM tinha um programa para o mos em Gilberto Kassab, líder país, materializado nas reformas da criação do PSD: começou a que configuraram carreira ao lado de Divulgação Álvaro Dias o amplo moviPaulo Maluf e Celmento conhecido so Pitta (ambos do como NeoliberaPP), como verealismo. A retomada dor eleito pelo PL do crescimento (hoje, PR); depois, econômico no transferiu-se para Brasil a partir de o PFL, renomeado 2005, combinada DEM, e elegeu-se com políticas soprefeito em coligaciais marcadas por ção com o PSDB. forte atuação do Namorou três ouEstado, comprotras legendas (PT, varam a ineficácia PMDB, PSB), andaquela agenda de tes de decidir criar O PSD não é reformas. Satisfeiuma nova. As siglas ta, a maioria dos não foram irreleoposição e eleitores escolheu vantes na carreira tende a ser outros candidaprefeito, mas clientelista. Estão do tos, que não os do hoje Kassab tem acostumados a DEM. Ou seja: o um repertório de governar” DEM tinha um eleitores, que pode programa claro, levar para qualquer JACQUES MICK rejeitado pela posigla. Um sistema professor pulação; restou partidário mais aos políticos agregados naquele robusto ou a adoção de outro sispartido buscar alternativas para tema eleitoral talvez alterassem a sobreviver. Efeitos disso afetam relação eleitor-partido. Mas, com também o PSDB. o que temos, o apelo do líder carismático e forte vínculo social PP: O enfraquecimento da oposição com o eleitor, segue forte. ao governo federal pode ter motivado a criação do PSD? PP: É contraditório o ressurgimento Mick: O PSD não é de oposição e do PSD, que foi fundado anterior ao tende a ser clientelista. Acostuma- governo militar por Getulio Vargas? dos a governar, os líderes de DEM Mick: Arena e MDB são postee PSDB não conseguiram dar à riores ao antigo PSD. O novo oposição consistência suficiente PSD não tem relação direta com para resistir à satisfação da maio- o PSD dos tempos de Vargas: a ria dos brasileiros com a atuação coincidência do nome não apaga do governo federal. a impossibilidade de comparar os dois brasis (o atual e o do ciclo PP: Você acredita que o eleitor terá 1945-1965). Se algum vínculo dificuldade de reconhecer a identi- é possível, ele estaria na genealodade do PSD? gia de certa posição política que, Mick: O PSD não tem identidade, presente no PSD original, desemcomo vários outros partidos. Em boca na Arena, no PFL, no DEM Santa Catarina, a nova legenda re- e agora deságua no PSD. Mas há colheu todo o espólio do DEM: quase duas gerações de políticos 43 prefeitos, mais de 300 verea- nesse intervalo entre 1965 e 2011, dores, nove deputados estaduais o que torna qualquer comparação e três federais. Todos terão uma problemática. (D.C)

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aPolítica

Joinville - Junho 2011 PRIMEIRA PAUTA

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Diagramação e edição de Polianna Moraes

O troca-troca nos preparativos para o PSD decolar

O Partido Social Democrático surge como o novo azarão do pleito eleitoral de 2012. A sigla é nova, mas traz nomes fortes. Estes, por sua vez, trazem uma história de militância política. Santa Catarina tem se mostrado como um dos estados melhor articulado no processo de fundação do novo partido. Boa parte do mérito cabe ao governador Raimundo Colombo. Desde o início das conversas sobre a criação do partido ele se manifestou em deixar os Democratas (DEM). O PSD tem conseguido aliar no-

mes principalmente do DEM, até o momento 24 prefeitos já confirmaram a adesão ao novo endereço partidário. O governador também arrebanha correligionários do Partido Progressista (PP) e do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Só em Joinville, arrastou o atual presidente da Câmara de Vereadores, Odir Nunes, e o vereador mais votado da história de Santa Catarina, Patrício Destro, ambos do DEM. Mas o arrastão se estende para as outras siglas também. A vereadora Zilnete Nunes (PP)

Odir Nunes

Darci de Matos

Partido de Origem: DEM Cargo eletivo: Vereador Presidente da Câmara de Joinville, acumula cinco mandatos como vereador. É o nome de referência como oposição ao governo municipal.

Partido de Origem: DEM Cargo eletivo: Deputado Estadual Destacado como principal nome para concorrer à Prefeitura de Joinville em 2012. Sofreu oposição de Kennedy Nunes ma eleição municipal de 2008

completa a lista de nomes vindos da Câmara confirmados para o PSD. Outros nomes que pesam a favor do PSD na balança eleitoral são os deputados Darci de Matos (DEM) e Kennedy Nunes (PP), dois dos três deputados estaduais com base em Joinville, e a bancada continua em crescimento. No início do mês de junho, um grupo de lideranças fez sua primeira reunião oficial em Joinville, definindo os nomes dos integrantes que agoram integram a comissão provisória para comandar o PSD na cidade. A no-

Patricio Destro

Partido de Origem: DEM Cargo eletivo: Vereador Foi o vereador mais votado da história de Santa Catarina com 8.540 votos. No início se mostrou contrário à troca. É cotado a vice-presidente da sigla.

minata é composta por Afonso Ramos na presidência, Nelson Trigo como vice-presidente, Misael Canuto como tesoureiro, Valter Flores como segundo tesoureiro e a secretaria ficou com Marilise Boehm. Polêmica Para que o PSD possa ser regularizado e registrado, precisam ser coletadas 482 mil assinaturas de apoio a criação do partido. A presença de nomes fortes a frente da futura sigla facilita a conquista de contatos. Muitas assinaturas vem

Kennedy Nunes

Partido de Origem: PP Cargo eletivo: Deputado Estadual Quando estava no PP era um forte candidato a concorrer à Prefeitura. Foi opositor às candidaturas tanto de Tebaldi como de Darci de Matos.

por simpatia ou ligação às pessoas que já assinaram. Em meio a toda essa movimentação, também começam as surgir as primeiras polêmicas com o PSD. Há uma suspeita de fraude na cidade de São Lourenço, onde cinco assinaturas de apoio que foram coletadas o registro do partido seriam de pessoas já falecidas. Na cidade do oeste catarinense, também foi questionada a veracidade de outras 117 assinaturas. Eduardo Schmitz erschmitz@gmail.com

Zilnete Nunes

Partido de Origem: PP Cargo eletivo: Vereadora A irmã de Kennedy foi convidada a integrar o PMDB, mas optou pela nova sigla e aumentar a legenda com outros vereadores que poderão vir.

Senadores catarinenses buscam a reforma política em Brasília O PSD surge em um momento importante da história política do Brasil. Pois tramita hoje no Senado Federal a atual Reforma Política, com previsão de votação neste ano, mas com validade somente a partir das eleições de 2014, segundo a previsão dos senadores catarinenses. Os representantes de Santa Cantarina em Brasília estão discutindo os itens para os temas que vão compor o remodelamento do sistema eleitoral, assim como a entrada da nova sigla no meio político brasileiro. Quanto à nova legenda, o senador Paulo Bauer (PSDB) avalia que o PSD surge da divisão do partido Democrata. E isso, na sua leitura, não altera a política no seu tramite nacional. “Entendo que o PSD não será posição e nem centro. Mas posso falar do seu desempenho depois de sua oficialização e atuação nas próximas eleições”, afirma. Já o senador Casildo Maldaner (PMDB) acredita que o PSD será um dos partidos fortes que sobreviverá o fim das coliga-

ções “O PSD tem tudo para estar entre os partidos que vão conseguir agregar lideranças e estarem em sintonia com os anseios da sociedade”. O peemedebista é a favor do fim das coligações nas candidaturas proporcionais. “Com as

Não podemos conviver com tantos partidos com 26 ou 27 partidos” CASILDO MALDANER senador PMDB-SC

coligações, candidatos são eleitos utilizando o coeficiente alcançado pela coligação. Isso tem que acabar. Não podemos conviver com 26 27 partidos. A tendência é que acabem unindo-se os de ideologia mais próxima”. Ele também defende a Fidelidade Partidária. “Não podemos conviver com o troca-troca partidário. Isto não contribui em nada para o processo democrático”, afirma o senador. Maldaner está de acordo com o

texto aprovado pela comissão da reforma no Senado, que mantém as regras atuais do tema. Bauer também defende o tema da Fidelidade Partidária. Para o tucano, os candidatos interessados em se candidatar a algum cargo público devem estar filiados a um partido político, pelo menos, três anos. Ele também defende o fim da reeleição, o mandato de seis anos para todos os cargos, desde vereador até presidente da República, com eleições a cada três anos, intercalando entre Executivo e Legislativo. Já Maldaner apoia o limite de uma reeleição para cargos majoritários, mas com a obrigatoriedade da desincompatibilização, para evitar o uso da máquina do governo. “Tem de ser estudado também um limite para os cargos legislativos, para que políticos não se eternizem em determinados postos”. Ninguém deve ficar eterno em um cargo, como a presidência de uma entidade, especialmente se esta receber subsídios públicos”.(D.C)

DIVULGAÇÃO

Entendo que o PSD não será oposição e nem centro. PAULO BAUER senador

Senador Paulo bauer defende a fidelidade partidária e o fim da reeleição


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Esporte

Joinville - Junho 2011 PRIMEIRA PAUTA

Diagramação e edição de Gabriel Fronzi

ESPORTE

O alvinegro mais famoso e vencedor no norte do estado

Empurrado por sua tradição, o Caxias Futebol Clube busca voltar para a elite do futebol catarinense

A

força da cidade de Joinville no cenário futebolístico de Santa Catarina é inegável. Desde a fundação do Joinville Esporte Clube, em 1976, a equipe acumulou doze títulos estuduais, tornando-se uma das quatro grandes do estado, segundo muitos entendedores do assunto. O que muitos não sabem, ou não se dão conta, é que o JEC surgiu a partir da união de duas agremiações tradicionais da maior cidade do estado: América e Caxias. A última, após glórias em campo e fracassos administrativos, retomou o futebol profissional em 2009 e tem como objetivo voltar a elite do futebol barriga-verde na próxima temporada. Visando acabar com a hegemonia imposta pelo América na região, em outubro de 1920, Vampiro e Teotônia, duas instituições de menor expressão, decidiram se unir. Misturando o preto do primeiro e o branco do segundo, surgiu o alvinegro Caxias. O nome, foi uma ho-

menagem a Duque de Caxias, figura importante do exército brasileiro. A existência de duas potências citadinas resultou em uma rivalidade instantânea: no dia 9 de março de 1921, América e Caxias duelaram em comemação do septuagésimo aniversário de Joinville. Foram os primeiros noventa minutos de um clássico disputado até o surgimento do Joinville Esporte Clube, que cuminaria na fusão de ambos. ‘Vencemos o primeiro clássico por 2 a 1, no campo do adversário. Isso nos deu muita força logo no início de nossa história’, relembra Flávio Braga, atual presidente do Caxias. De 1920 a 1976, o Caxias fez seu nome no estado. Foram três títulos estaduais, sendo dois de forma consecutiva e invicta, além de sete vice campeonatos, nos quais dois deles descontentam os torcedores até os dias de hoje. Além disso, grandes jogadores que vestiram o uniforme preto e branco também conseguiram notoriedade no futebol brasileiro (confira o box ao lado com cinco grandes jogadores da história caxiense).

Nos anos 70, aconteceu a primeira crise financeira alvinegra. E o seu maior rival, coincidentemente, não passava por um bom momento. Isso resultou na união dos dois departamentos de futebol profissional, progredindo assim para a criação de um novo time na cidade: o JEC. O alvirubro da zona norte passou a dedicar-se com a liga amadora da cidade e o gualicho, fechou defitivamente as atividades, fazendo uma concessão de seu estádio, o Ernestão, ao tricolor por 25 anos. Em 1996, o Caxias decidiu voltar ao futebol mas, inicialmente, de forma amadora.. Cinco anos depois, com o término da concessão do estádio, o alvinegro voltou aos gramados profissionalmente. Em 2002, a equipe conseguiu o acesso para a primeira divisão do estado e no ano seguinte, com ótima campanha no catarinense, chegando a final, deixou o título escapar diante do Figueirense. A partir daí, nova crise e novas dívidas, que resultaram no fim do futebol profissional, pela segunda vez. Matheus Mello senso_de_humor@hotmail.com

O treinador Pingo (esq), ao lado de José Wilson e do presidente Flávio Braga na apresentação da equipe para a temporada 2011

Gabriel Fronzi

Caxienses que marcaram época Juarez (Juarez Teixeira): O centroavante, oriundo de Blumenau, marcou época na conquista do campeonato catarinense de 1954, marcando 18 gols em sete jogos. Tal desempenho despertou o interesse do Grêmio (RS), e o mesmo transferiu-se para Porto Alegre. No clube, ganhou o apelido de Leão do Olímpico, sendo pentacampeão gaúcho e campeão panamericano pela Seleção Brasileira. Juarez está eternizado na calçada da fama gremista, e é apontado por muitos como um dos maiores goleadores que o Grêmio já viu em sua hstória. Atualmente mora em Porto Alegre. Mickey (Adalberto Kretzer): Nascido em Presidente Getúlio, localizada no médio vale do Itajaí, o centroavante ingressou no gualicho em 1966. Suas boas atuações chamaram a atenção do então técnico do Botafogo, João Saldanha, que o indicou ao clube da estrela solitária. A negociação não vingou, e Mickey foi contratado pelo Fluminense. Lá, fez história. Participou do time vitorioso que conquistou o torneio Roberto Gomes Pedroza (Robertão, o campeonato brasileiro da época), marcando três gols decisivos no quadrangular final, e sendo um dos protagonistas da conquista. No São Paulo, foi campeão brasileiro em 1977. Hoje em dia, possui um escritório imobiliário em Balneário Camboriú, onde reside. Jairo (Jairo do Nascimento): Natural de Joinville, o goleiro

Jairo jogou quatro temporadas no Caxias e, junto com Mickey, mudou-se para o Rio de Janeiro para denfender o tricolor das laranjeiras. Também participou da conquista do Robertão em 1970. Além disso, foi duas vezes campeão paulista pelo Corinthians e campeão brasileiro pelo Coritiba em 1985, quase no fim de sua carreira. Outro fato interessante, é que Pantera (como também era conhecido) foi o primeiro joinvillense a ser convocado para a seleção brasileira de futebol. Atualmente, mora em Curitiba e administra escolhinhas de futebol na capital paranaense. Norberto Hoppe: Unanimidade entre aqueles que viveram a grande fase do gualicho nas décadas de 50 e 60. Apesar de nunca ter sido campeão estadual, marcou história, fazendo mais de 500 gols. Em 1966, balançou as redes 33 vezes, sendo o maior artilheiro do futebol brasileiro naquela temporado, superando inclusive o rei Pelé. Impressionado com seu futebol, o mandatário do Bangu, Castor de Andrade, bancou o jogador, que ficou emprestado ao clube carioca por um ano. Vilmar Puccini: Goleiro bicampeão catarinense com o gualicho em 1954 e 1955. Jogou em clubes de expressão do futebol barriga-verde na época como o Baependí, de Jaraguá do Sul e o Palmeiras, de Blumenau, se destacando em todos, mesmo com sua baixa estatura de 1,70m.

Uma nova história

Atualmente na segunda divisão do campeonato catarinense, o Caxias almeja o retorno a elite do estado, competição que não disputa desde 2005. ‘Em 2001, voltamos ao futebol profissional de forma muito afobada. Fomos vice campeões em 2003, montamos um bom time, mas gastamos de-

mais, e isso nos prejudicou. Agora, estamos com opé no chão’, afirma Braga. O mandatário caxiense acrescenta que as prioridades do clube neste momento são o patrimônio e sua categoria de base. A competição tem início em agosto, e o gualicho encara o Próspera, de Criciúma, na estreia.

Curiosidades O apelido Gualicho foi dado ao Caxias graças a um cavalo de corrida que vencia todas as corridas que disputava. Como o clube passava por uma boa fase, associaram o cavalo Gualicho ao alvinegro joinvillense. O mascote do Caxias é o pinguim. Tal escolha ocorreu

em uma partida realizada no Ernestão na década de 50, quando um torcedor levou um pinguim que havia achado no litoral norte. Dentro de campo, a equipe venceu, transformando o animal de terras geladas em pé quente e, com isto, tornou-se o mascote.


Especial

Joinville - Junho 2011 PRIMEIRA PAUTA

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Diagramação e edição de Aline Seitenfus

ABRIL

A promessa

MAIO

A paralisação das obras

JUNHO

O abandono jaqueline Mello

Com os inúmeros problemas na Arena Joinvile o que é para se tornar um passeio agradável para prestigiar o time acaba por virar um martírio. Filas longas, problemas com estacionamento e na infraestutura. Essa é a atual situação

DESCASO

Mais um projeto que não saiu do papel

Torcedores continuam a enfrentar problemas devido ao descumprimento do projeto da Arena Joinville

E

ra o começo de uma nova história. O calendário marcava 22 de maio de 2011 e o Joinville Esporte Clube, equipe tradicional do futebol catarinense, estava em uma Copa Santa Catarina, um torneio sem expressão, mas que teria como objetivo servir de preparação para um grupo que visa a disputa do campeonato Brasileiro da Série C. Mas, não é apenas o clube que vive em maus lençóis, acumulando derrotas e tristezas para a torcida. A Arena Joinville, o projeto do melhor estádio do Sul do país, também não vive bons momentos. E a cada dia piora. Naquele dia cinzento, pouco mais de duas mil e quinhentas pessoas foram ao estádio. Como é rotineiro, as catracas eletrôni-

cas para entrada dos torcedores assistir o jogo de futebol do seu quebraram. Virou corriqueiro time do coração. O presidente formar filas em todos os jogos, da Felej, Fundação de Esporte para que os torcedores consi- Lazer e Eventos de Joinville, gam entrar no estádio, que tem Jorge Nascimento, garante que um único acesso, pelas rampas o problema do estacionamento da rua Inácio Bastos. Paralela- já foi pior e a demora dos veícumente, o torcedor que vem ao los se dá ao fato das duas únicas estádio aponta alsaídas do local, guns pontos negaforam afetadas tivos. O empresário com as obras do PERIGO Julio Ferreira alega “Parque da Cique a saída do esdade”, que está Além dos problemas tacionamento da sendo construícom o estacionamento Arena Joinville tem do no pátio do a Arena apresenta problemas. “Exisestádio. “Obras rachaduras e tem dias que ficasão obras, não infiltrações nas paredes mos até 40 minutos há como negar dentro do carro esque existe um perando para conproblema no seguir sair do estacionamento”, desafogamento do trânsito ao lamenta. O local é terceirizado, final dos jogos. Mas, esperamos mas não tem asfalto. Em dias de concluir tudo isso com a inauchuva, a terra molhada e o barro guração do Parque da Cidade atingem as pessoas que desejam nos próximos meses”, afirma. apenas estacionar seu carro para Mas esse não é o único pro-

blema ocasionado por obras mal-acabadas da Arena Joinville. O estudante Guilherme Silva também atenua para os banheiros do estádio que, nas arquibancadas descobertas, não contem iluminação e por diversas vezes não são limpos. “É complicado, a gente vem aqui pra torcer e quando quer usar os banheiros encontra-os nesta situação”. Aí, neste caso, a Felej justifica que a situação já foi regularizada. Nos intervalos, a maioria dos torcedores se dirige as dependências abaixo das arquibancadas que é onde se encontram os quiosques para alimentação. Eles são administrados pela empresa “Futebol Total” e, naturalmente, nenhum encontra-se nas condições que estavam as lancherias do projeto inicial da Arena Joinville. Nada mais são do que um conglomerado de freezers, estufas

para salgadinhos e máquinas de fazer pipoca. Nada de conforto, nada animador. Já não bastassem as infiltrações que ocorrem nas paredes dos escritórios do Joinville Esporte Clube e da própria Felej, as rachaduras se tornam evidentes. Um dos responsáveis pela estrutura do estádio, que prefere não ter o nome divulgado, alerta que a situação só tende a piorar devido ao estado que se encontra a Arena Joinville. A solução poderia ser com obras imediatas e constantes na estrutura que apresenta diversas falhas e sofre de um desgaste diário. Atualmente, a Prefeitura, em conjunto com a Felej, realizou a lavação das arquibancadas e do prédio externo. Gabriel Fronzi gabrielfronzi@ligaedesliga.com.br


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Reportagem fotográfica

Joinville - Junho 2011 PRIMEIRA PAUTA

Diagramação e edição de Ronaldo Santos

Insatisfação continua após fim da greve Nove de maio de 2011: os servidores públicos da Prefeitura de Joinville decidem pela paralisação do trabalho. Era o início de uma greve que resultaria em muito mais que dias sem trabalhar. Resultaria em várias páginas dos jornais locais, na construção de personagens como líderes, no envolvimento de toda a população e na segunda maior greve municipal. Professores e funcionários da saúde esvaziaram os órgãos públicos e encheram as ruas. Em cima do trio elétrico, o presidente do sindicato, Ulrich Beathalter, comandava os grevistas nas assembleias rea-

lizadas em frente à prefeitura. No início, o sindicato pedia reajuste imediato de 8% no salário. Do outro lado, o chefe de gabinete, Eduardo Dalbosco, era o porta-voz das decisões do governo: o aumento salarial não seria dado no ano atual, apenas no início de 2012. O motivo? As dívidas que rondavam o governo de Carlito Merss. Foram 40 dias de faixas estendidas, gritos de guerra, escolas paradas e postos de saúde fechados. As negociações, inicialmente, eram raras. Diversas lideranças externas interviram para que os dois lados tentassem um acordo. No meio

do caminho, Dalbosco deu lugar ao prefeito Carlito Merss, que começou a ser o negociador. Há quem dizia que os rumos da greve se tornavam outros. Não mais uma luta pelo direito dos trabalhadores, mas uma briga de interesses políticos. No 17 de junho de 2011, o governo ofereceu reajuste de 2% em setembro, 2% em novembro e 4% em janeiro aos servidores. O sindicato aceitou. Fim da greve. Mas nem tudo voltou a ser flores. Os ares pesados entre os petistas e o descontentamento de ambas as partes continuou.

Grevistas montaram barracas no jardim da sede da prefeitura

Prefeito Carlito Merss assumiu as negociações no

final da greve

Prefeito era acusado de não conceder reajuste em função de gastos com comissionados

Assembleias e manifestações ocorriam em frente à prefeitura

texto e fotos: jaqueline dias jaqdias@gmail.com

Servidores passavam dia e noite no local


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