Roteiro de Apresentação no grupo Aquário
Ilma Guideroli 15/04/09
A partir dos três textos propostos, minha apresentação se dividirá no levantamento de três questões principais presentes na reflexão de minha produção artística, que não estão fechadas entre si e tampouco em minha formulação: a relação entre território e mapa vistos inicialmente como coisas separadas e que depois se fundem, provocando a indiferenciação entre um e outro; o mapa referencial e sua deturpação com o intuito de produzir mapas obsoletos que perdem seu senso de localização; pistas para pensar o entre como um processo infinitamente circular que nunca se fecha em si mesmo.
1 – Território e Mapa: o Duplo ...Naquele Império, a Arte da Cartografia atingiu uma tal Perfeição que o Mapa duma só Província ocupava toda uma Cidade, e o Mapa do Império, toda uma Província. Com o tempo, esses Mapas Desmedidos não satisfizeram e os Colégios de Cartógrafos levantaram um Mapa do Império que tinha o Tamanho do Império e coincidia ponto por ponto com ele. Menos Apegadas ao Estudo da Cartografia, as Gerações Seguintes entenderam que esse extenso Mapa era Inútil e não sem Impiedade o entregaram às Inclemências do Sol e dos Invernos. Nos Desertos do Oeste subsistem despedaçadas Ruínas do Mapa, habitadas por Animais e por Mendigos. Em todo o País não resta outra relíquia das Disciplinas Geográficas. (Suarez Miranda: Viagens de Varões Prudentes, livro quarto, cap. XIV, 1658)1.
Ao ler o texto de Borges na íntegra, acredito finalmente ter compreendido o conceito de simulação 2 de uma maneira mais satisfatória. Menciono este fato pois é justamente no último trecho do conto borgeano que a noção de simulação e de hiperrealidade fica mais clara. Quando o mapa em escala real passa a ser percebido como obsoleto, ele é deixado à mercê, mas não é simplesmente descartado: ao contrário, se transforma em lugar periférico, pois passa a ser habitado por animais e mendigos. O mapa portanto seria o lugar dos indivíduos que não encontraram seu espaço no território “real”.
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Jorge Luis Borges, Do Rigor da Ciência em História Universal da Infâmia. Conceito de simulação segundo Jean Baudrillard.
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Ficou-me a seguinte questão: onde tal mapa estaria contido? Dentro do espaço real? Talvez em um segundo plano, numa segunda camada, paralela (ou não) ao espaço “real”: então, partindo do pressuposto que este mapa habitado estaria numa segunda camada, ele passa a ser um lugar em si, despregado e independente do território que outrora lhe serviu como modelo. Baudrillard menciona que ele (o mapa) seria o duplo confundido com o real ao envelhecer 3 . É neste ponto, a meu ver, que está contida a chave para se pensar a simulação, pois o mapa deixou de ser algo referente ao real, tornando-se um fim em si mesmo.
2 – Mapa real x Mapa obsoleto
Se o mapa referenciado ao lugar já passa naturalmente por um processo de virtualização, composto por elementos padronizados e ambíguos mesmo mantendo seu objetivo principal – localização – também ele é uma simulação. E quando este mapa referencial passa por um processo de mutação, ou seja, quando ele é usado justamente com o intuito de provocar uma sensação de perda de referências, é neste ponto que está contido meu interesse: a criação de rotas perdidas, de lugares inexistentes que não levam a lugar algum e com isso provocam uma desorientação. Que tipo de relações podem existir entre território/ mapa/ mapa obsoleto? Seria o mapa obsoleto uma simulação da simulação e portanto uma simulação de segunda categoria?
3 – A complexidade do “entre”
Não há como precisar o que são tais mapas recortados, remodelados, reorganizados presentes de diversas formas em meus trabalhos, pois os mesmos se encontram em um estado de subjetividade, um estado entre. O entre caracteriza-se como um espaço autônomo e sem atmosfera, um estado de suspensão: ele pode ser ao mesmo tempo um elo de ligação entre as coisas e ser a coisa em si. Na verdade é esse meio que realmente interessa: um devir, processo incessante,
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Baudrillard, Simulacros e Simulação
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permanente e circular pela qual as coisas se constroem e se dissolvem em outras coisas: nunca está fechado em si mesmo. Uma maneira de se pensar esse meio, esse entre é através do conceito de mi-lieu desenvolvido por David Sperling. A transitividade, o devir e o potencial de transformação estão implícitos no espaço do terreno vago, que abarca ao mesmo tempo a questão do lugar praticado e do não-lugar, adquirindo portanto status de lugar efêmero. Deleuze menciona sobre o entre: Entre as coisas não designa uma correlação localizável que vai de uma para outra reciprocamente, mas uma direção perpendicular, um movimento transversal que as carrega uma e outra, riacho sem início nem fim, que rói duas margens e adquire velocidade no meio4. Eu tendo a pensar as coisas como conjuntos de linhas a serem desemaranhadas, mas também cruzadas. Não gosto de pontos, pôr os pontos nos is me parece estúpido. Não é a linha que está entre dois pontos, mas o ponto que está no cruzamento de diversas linhas. A linha nunca é regular, o ponto é apenas a inflexão da linha. Pois não são os começos nem os fins que contam, mas o meio. As coisas e os pensamentos crescem ou aumentam pelo meio, e é aí onde é preciso instalar-se, é sempre aí que isso se dobra. Por isso um conjunto multilinear pode comportar rebatimentos, cruzamentos, inflexões que fazem comunicar a filosofia, a história da filosofia, a história simplesmente, as ciências, as artes. É como os desvios de um movimento que ocupa o espaço à maneira de um turbilhão, com a possibilidade de surgir num ponto qualquer5.
Ilma Guideroli Abril de 2009. Transitividade
A questão-chave de minha produção é o trânsito entre os espaços. Para problematizar tal afirmativa, vou discorrer acerca das relações entre lugar praticado, nãolugar e lugar efêmero, o que constituirá uma plataforma para que seja possível pensar tal transitividade e o conseqüente espaço do entre. O lugar pode ser descrito como “praticado” na medida em que os indivíduos fazem uso de um determinado espaço e assim o potencializam e o atualizam. Dessa forma, quando
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Gilles Deleuze, “Introdução: Rizoma”, Mil Platôs.
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Gilles Deleuze, Conversações, Rio de Janeiro, editora 34, 1992, página 200.
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ocupado, um espaço ativa-se e se transforma em lugar praticado. Michel de Certeau 6 discorre acerca de uma realização espacial do lugar7, comparando o espaço à palavra e o lugar à enunciação, ou seja, no momento em que a palavra é proferida ela é atualizada. Ou então quando uma rua, geometricamente definida por um projeto urbanístico, é constantemente atualizada, ativada e transformada pelos usuários. Se o lugar praticado é algo fisicamente imóvel que depende de uma ativação constante por parte de um coletivo para se atualizar e se re-significar, o não-lugar por sua vez abarca os locais transitórios, sem identidade definida e que cumprem a função de passagens para se chegar de um local a outro, como elevadores, aeroportos e metrôs; e constituídos para fins específicos, como os hipermercados. Este conceito foi formulado por Marc Augé 8 , onde afirma ainda que um não-lugar o é desde que se oponha ao lugar antropológico, ou seja, desde que não se estabeleça relação identitária, relacional ou histórica com o mesmo. Todavia, os conceitos de lugar praticado e não-lugar não estão fechados em si mesmos, e não são necessariamente opostos entre si; trata-se de polaridades fugidias, em que na prática suas funções ora confundem-se, ora fundem-se. Para sustentar tal argumento, me apropriarei do conceito de mi-lieu9 . O mi-lieu trás uma questão premente, algo que se problematiza na medida em que determinadas coisas já não podem ser classificadas como uma coisa ou outra, mas sim como uma coisa e outra simultaneamente; este estado entre as coisas acaba por ganhar uma autonomia, já que não se trata mais de estar no meio, mas sim ser o próprio meio: este “ser o próprio meio” é o que designa o mi-lieu. O não-lugar trás consigo uma possibilidade de tornar-se lugar praticado, e é justamente essa possibilidade, quando ativada, que o transforma em lugar efêmero; pois se trata de um espaço potencialmente ocupado, e isto é suficiente para que ele não mais seja um não-lugar. Portanto, o lugar efêmero seria o reflexo dessa transitividade entre os 6 7 8 Se um lugar pode se definir como identitário, relacional e histórico, um espaço que não pode se definir nem como identitário, nem como relacional, nem como histórico definirá um não-lugar. A hipótese aqui defendida é a de que a supermodernidade é produtora de não-lugares, isto é, de espaços que não são em si lugares antropológicos e que, contrariamente à modernidade baudelariana, não integram os lugares antigos: estes, repertoriados, classificados e promovidos a “lugares de memória” ocupam aí um lugar circunscrito e específico. (Auge, página 73) 9 Mi-lieu é o termo usado por David Sperling para falar da questão da relação entre os espaços do “entre”, uma espécie de passagem, intermediário, onde estaria o espaço da arquitetura. (Paula Braga)
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espaços, quando o limite entre lugar e não lugar é rompido e passa a habitar um estado de suspensão, uma perda de atmosfera no plano físico. Para exemplificar tal argumento, usarei o exemplo de David Sperling acerca dos terrenos baldios, que... ficam sempre no meio, estão em suspensão, em espera, em um estado provisório, intermediário, inacabado 10 . Dessa forma, o terreno seria um espaço onde está implícito um processo de transição do lugar vago, sem memória ou identidade para o lugar ocupado; mesmo que esta ocupação seja efêmera, há uma modificação da condição do espaço, que passa a ser potencialmente ocupado, mesmo que o terreno permaneça eternamente vago. Há, portanto, uma transitividade, uma circularidade entre os diferentes tipos de lugares citados acima, que ora se tocam, ora se fundem, ora se separam: não são categorias herméticas, já que suas passagens de uma condição a outra são determinadas de acordo com o uso e apropriação particulares de tais espaços. Em minha produção a transitividade entre os espaços acontece por meio deste milieu. O entre, conforme mencionado acima, caracteriza-se como um espaço sem atmosfera, um estado de suspensão: ele pode ser ao mesmo tempo um elo de ligação entre as coisas e ser a coisa em si. Na verdade é esse meio que realmente interessa: um devir, transformação incessante e permanente pela qual as coisas se constroem e se dissolvem em outras coisas. Dentre tais passagens, existem três momentos principais – que são transitórios, circulares e se fundem entre si – em que meus trabalhos adquirem a condição de mi-lieu: - entre os espaços públicos e privados; - entre os mapas feitos a partir de linhas e os mapas de satélite; - entre o roteiro de indicação a um dado lugar e o perder-se.
Entre Mapas
Para dar início à reflexão acerca da relação entre mapas desenhados e mapas de satélite, vou recorrer a uma fábula de Borges11 onde o mapa de um determinado território é constituído com tal riqueza de detalhes que acaba por se sobrepor ao próprio lugar.
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Jorge Luis Borges
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Baudrillard12 faz uso deste conto para exemplificar como a simulação deixou de ser algo que faz referência ao real, tornando-se um fim em si mesmo: ainda segundo Baudrillard, a diferença do mapa para o território desapareceu, e o que ficou em seu lugar foi algo genético e nuclear, que não mais abarca o imaginário da representação. A partir do momento em que o real13 já não está envolto em nenhum imaginário, este deixa de ser real e passa à condição de hiper-real. Este hiper-real, que se encontra em um hiper-espaço orbital e sem atmosfera, é produto de uma substituição do real por seus signos, uma irradiação de modelos combinatórios que substitui todo o processo real por um duplo operatório. O exemplo acima coloca a problemática da simulação como substituta da realidade, e uma das formas de sustentar tal argumento de Baudrillard é colocando a seguinte questão: até que ponto as camadas de modelo foram (e são) absorvidas de modo que não temos mais a noção de realidade? Ora, nosso olhar é atualizado a cada mediação, a cada contaminação que sofremos através das mudanças geradas por diversos fatores, entre eles os meios tecnológicos; o simulacro provoca este circuito ininterrupto sem orbita nem referência que paira sobre nós. Há um paralelo entre o conto de Borges – o mapa que substitui o próprio território – e tipo de relação existente entre os mapas produzidos desde o início da história cartográfica os seus respectivos lugares físicos, lugares-referência. Desde o período medieval até os dias de hoje o “fazer mapas” passou por diversas transformações, que estão diretamente relacionadas à maneira como o homem percebe-se e coloca-se no mundo e dos aparatos que lhe estão disponíveis em cada época. Uma das principais características que difere os mapas produzidos antes e depois do nascimento do discurso científico moderno segundo Michel de Certeau 14 é a separação gradual entre os relatos de itinerários, os percursos e suas respectivas representações; os primeiros mapas medievais e astecas eram constituídos por traçados retilíneos indicando lugares e distâncias na forma de “diário de marcha”, ou seja, estavam diretamente ligados aos espaços de uma maneira poética. O mapa geográfico tal como conhecemos ganhou uma autonomia em relação aos acima mencionados; todavia essa
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Baudrillard, Jean, Simulacros e Simulação “O real é produzido a partir de células miniaturizadas, de matrizes e de memórias, de modelos de comando – e pode ser reproduzido um número indefinido de vezes a partir daí”, Baudrillard, pág.8.
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autonomia trouxe consigo uma perda de particularismos, pois foi desenvolvida uma simbologia universal para representar coisas similares e os mapas passaram a ser abstratos e perderam suas descrições de percursos15. Na última década, com as imagens de satélite, houve mais uma mudança significativa da percepção do lugar: o que a substituição do desenho pelas imagens de satélite provocou no modo como as pessoas experienciam o lugar mesmo sem a presença física por conseqüência das imagens captadas muitas vezes em tempo real? A possibilidade de marcar lugares conhecidos num todo, “eu moro aqui”, ou mesmo adicionar registros fotográficos particulares como links em determinados pontos, trouxe, a meu ver, novas questões e relações com os lugares. Portanto, os mapas se descolaram da realidade pouco a pouco, em um processo que distinguiu os particularismos em prol de uma busca pela exatidão, e é justamente aqui que o paradoxo está presente: na busca por tal exatidão houve um processo de virtualização16 e desprendimento do lugar real. O breve histórico acima foi colocado para colocar a seguinte problemática: se o mapa referenciado ao lugar já passa por um processo de virtualização, e portanto utiliza-se de elementos padronizados e ambíguos já quando tem a função de localizar determinados lugares, ele é uma simulação. Mas quando este mapa passa por um processo de mutação, ou seja, quando ele é usado justamente com o intuito de provocar uma sensação de perda de referências, é neste ponto que está contido meu interesse: a criação de rotas perdidas, que não levam a lugar algum e com isso provocam uma desorientação. Um exemplo do uso deturpado de mapas enquanto dispositivo alternativo está presente no filme “A Walk Through H”17 de Peter Greenaway, onde a ordenação dos mapas mais confunde que auxilia o viajante. Trata-se de mapas impróprios segundo os princípios da cartografia ortodoxa, mapas de lugares inexistentes, mapas construídos pelo imaginário e, portanto, inúteis em relação à sua função utilitária. Os mapas mostrados ao longo do filme passam a oferecer várias rotas alternativas, as intenções da cartografia entram em
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Certeau menciona ainda que o mapa geográfico passou a comportar num mesmo plano a junção de lugares heterogêneos, alguns recebidos de uma tradição, outros produzidos por uma observação, e a justapor dois elementos bem diversos: os dados fornecidos por uma tradição e aqueles que provinham de navegadores (pág. 206-7). 16 Segundo Pierre Levy, a virtualização não é uma desrealização (a transformação de uma realidade num conjunto de possíveis), mas uma mutação de identidade, um deslocamento do centro de gravidade ontológico do objeto considerado: em vez de se definir principalmente por sua atualidade (uma “solução”), a entidade passa a encontrar sua consistência essencial num campo problemático. (pág. 17-18) 17 Peter Greenaway (roteiro do filme)
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colapso, deixando o viajante desorientado.
Segundo Greenaway 18 , os mapas não
necessariamente têm a função de explicar a geografia, mas explicar simbólica e figurativamente o conceito de mundo. Os mapas, mesmo com seu rigor e exatidão, continuam tendo a potencialidade intrínseca das possibilidades, podendo nos mostrar onde estamos, onde estivemos, onde estaremos ou poderíamos estar, abarcando assim várias temporalidades em um mesmo espaço. A apropriação que eu faço de mapas diversos para produzir meus trabalhos tem relação direta com a forma como Greenaway pensa essa questão. Os próprios mapas utilitários 19 jamais representam um real, mas sim uma simulação, já que suas próprias linhas são virtuais na medida em que tais linhas não existem no plano real. No processo de re-configurar os fragmentos de diversos mapas, unindo lugares tão diferentes entre si acredito que estou pensando em um espaço duplamente simulado, que tem como base uma simulação já refratada, contaminada e filtrada por elementos mediados por todo um conceito de percepção do mundo que foi se modificando ao longo dos séculos. Todavia, não há como precisar o que são estes mapas recortados, remodelados, reorganizados que estão presentes em meus trabalhos, pois os mesmos encontram-se em um estado de subjetividade, um estado entre.
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Segundo Greenaway, os mapas devem ser... vistos como diagramas abertos, conectáveis em todas as suas dimensões, desmontáveis, reversíveis, suscetíveis de contínuas modificações abrem ainda mais possibilidades para a imaginação. São sistemas descentrados, que longe de manterem uma relação mimética com a realidade, geram para esta novas configurações. Funcionando como um jogo de referências cruzadas, eles se aproximariam, portanto, do modelo enciclopédico tal como definiu Humberto Eco, ou seja, um modelo aberto, multíplice, extensível ao infinito. E que apresentaria um tipo de saber dês-hierarquizado, bifurcável, em rede (pág. 43) 19 Usei o termo “utilitário” para me referir à função prática do mapa, que é orientar para que se possa ir de um lugar a outro.
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