ARQUITETURA PAISAGÍSTICA PAISAGENS EM CONSTRUÇÃO
Adriana Sansão, James Miyamoto e Victor Andrade (organizadores) Ana Paula Menezes Douglas Santos Marcelo Quadros Mariana Castañeda Díez
André Turu David Missiatto Julia F. Cunha
Hanna N. Casarini Thaís M. Passos
1ª edição, 2017. Rio de Janeiro: PROURB - UFRJ Capa: Localização das áreas de intervenção, Rio de Janeiro - RJ / Fotomontagem por Douglas Santos. Edição de conteúdo: Julia F. Cunha, Hanna N. Casarini e Mariana Castañeda Díez. A772
Arquitetura paisagística: Paisagens em Construção/Adriana Sansão, James Miyamoto e Victor Andrade (org.) - Rio de Janeiro: UFRJ/FAU/ PROURB, 2017. 55p.: il., 20 cm.
ISBN: 978-85-88027-35-0 Inclui bibliografia.
1. Arquitetura paisagística. 2. Tijuca (Rio de Janeiro, RJ). 3. Jardim Oceânico (Barra da Tijuca, RJ). 4. Flamengo (Rio de Janeiro, RJ). I. Fontes, Adriana Sansão. II. Miyamoto, James Shoiti. III. Andrade, Victor. IV. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Programa de Pós-Graduação em Urbanismo. CDD 712
ARQUITETURA PAISAGÍSTICA PAISAGENS EM CONSTRUÇÃO
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro FAU Faculdade de Arquitetura e Urbanismo PROURB Programa de Pós-Graduação em Urbanismo MPAP Mestrado Profissional em Arquitetura Paisagística OP I Oficina de Projeto I Coordenadores do Mestrado: Cristovão Duarte e Lucia Costa Professores da Disciplina: Adriana Sansão, James Miyamoto e Victor Andrade Professores Colaboradores da Disciplina: Ana Lúcia Britto e Ivete Farah
Sumário
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Apresentação
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JARDIM OCEÂNICO: [RE]CONEXÃO DE CICLOS E PROCESSOS
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PAULO VI [RE]VISTA: RESSIGNIFICAÇÃO DE UM TÚNEL A CÉU ABERTO
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Créditos
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Bibliografia
Ap re s e ntaçã o Adriana Sansão, James Miyamoto e Victor Andrade Esta publicação apresenta os resultados da Oficina de Projeto I do Mestrado Profissional em Arquitetura Paisagística do PROURB-FAU/UFRJ, ano de 2016. A disciplina tem como objetivo o “desenvolvimento e aplicação de princípios e metodologias de projeto paisagístico, com ênfase na paisagem urbana, explorando as inter-relações entre arquitetura, espaços livres e o sítio paisagístico no projeto da paisagem urbana”. Sobre a Oficina Em linhas gerais, há um processo recorrente que se delineia, no qual em cada edição ocorrem ajustes demandados pela prática. Como abordagem para a Oficina, propomos aos estudantes que se dediquem à construção de uma narrativa projetual que possa dar conta da totalidade das reflexões acerca do sítio e de seu enfrentamento. Para tal, apostamos no trabalho em equipes organizadas ao redor de interesses de pesquisa comuns, sempre tendo como norteadores os temas de suas propostas de dissertação. A Oficina está dividida em dois blocos. No primeiro bloco as equipes trabalham o arcabouço teórico, imersão, problematização e conceituação. Já o segundo bloco é composto pelo refinamento da conceituação e elaboração de estratégias projetuais. O primeiro momento da Oficina está voltado à definição do referencial teórico que fundamentará as discussões e propostas projetuais, que surge a partir de leituras sugeridas pelos professores e de aula expositiva preparada pelos próprios estudantes, cujo teor procura articular os autores estudados.
Em seguida, dá-se início a imersão nas áreas de estudo, onde as equipes tratam de estruturar a problematização sobre os sítios. É desejável que a narrativa em construção sempre esteja referenciada ao corpo teórico definido por cada equipe, de forma a dar maior consistência ao enfrentamento do problema. A partir da problematização emergem questões que serão debatidas através de respostas projetuais ao longo das próximas fases da Oficina. A partir da delimitação do “problema de projeto”, passa-se à conceituação das propostas, onde as equipes são solicitadas a se expressarem graficamente através de diagramas, desenhos e maquetes físicas ainda abstratas, voltadas à expressão de uma ideia mais do que de um projeto. Cabe mencionar que sempre buscamos estimular a experiência projetual com novos métodos, fundamentos e linguagens de expressão, ao longo do processo de construção da narrativa projetual. Nesse momento encerra-se o primeiro bloco da Oficina, quando os resultados parciais (prancha A1+ maquete conceitual) são apresentados em seminário interno, para discussão com as demais equipes e crítica dos professores. O segundo bloco está voltado ao desenvolvimento das propostas conceituais apresentadas. Como método de trabalho para essa etapa, propomos que as equipes definam, a partir dos conceitos principais, estratégias de atuação que ajudem a organizar as ações de projeto sobre a paisagem. Vale ressaltar que a construção da narrativa, embora aparentemente um processo linear, na verdade atende a um percurso em “espiral” onde as decisões são reavaliadas a todo momento, a partir da inserção de novas variáveis que trazem complexidade ao processo. Compreendemos o processo projetual como iterativo. Consequentemente, as equipes revisitam suas questões de projeto e delineiam seus próprios caminhos através das lentes escolhidas por elas próprias para adicionar mais complexidade ao projeto. Ao fim do segundo bloco realiza-se a banca final de avaliação.
Sobre os casos de 2016 Em 2016 foram colocadas em discussão três diferentes áreas da cidade do Rio de Janeiro, que apresentam distintas problemáticas e lidam com diferentes escalas da paisagem, e ao redor das quais as quatro equipes se formaram de acordo com seus interesses particulares: 1) “ Tijuca [De]lineando um rio pontual” se configura como um projeto que busca recuperar o protagonismo do rio Trapicheiros, a partir do espraiamento de corredores verdes baseados principalmente na indicação de diretrizes de mitigação de poluição, inundação e desconexão. Assim, se obterá uma continuidade perceptiva que possibilitará maior uso e vitalidade para a região com o alargamento do leito do rio para criação de áreas com novos equipamentos de recreação, elementos de mobiliário e arborização de forma incentivar a convivência e a contemplação. Alguns totens servirão para marcar o percurso, oferecer unidade espacial e oferecer serviços de infra-estrutura e informação. 2) “Jardim Oceânico - Reconexão de ciclos e processos” lida com ênfase em três temas principais: vegetação, percurso e água. As margens lindeiras ao canal existente são valorizadas em seus processos e ciclos passados, presentes e futuros. Desta forma, ocorre o enfrentamento da questão da poluição e do rodoviarismo com uma proposta que gera uma nova e aprazível ambiência, principalmente para o pedestre, com a adoção de jardins drenantes, criação de ciclovia e a implantação de espécies vegetais nativas. A Praça do Pomar torna-se um modelo ecológico baseado em ações visíveis de educação ambiental com a introdução de composteira, áreas cultivadas e reutilização da água, inclusive com práticas recreativas. 3) “Flamengo – Paulo VI (Re) vista: Ressignificação de um túnel a céu aberto” propõe a requalificação ambiental de uma área residual que surgiu com a construção do metrô na década de 1970 e que fragmenta a continuidade espacial do bairro. A valorização da prática peatonal se faz pela introdução de elementos físicos (rampas, passarelas e escadarias), áreas recreativas, itens de mobiliário urbano e vegetação que criam maior permeabilidade longitudinal e transversal à rua Paulo VI. Diversas áreas de convívio foram criadas de forma a ressignificar a região em seus aspectos social, cultural, econômico e ambiental. O realinhamento da via possibilitou também a concessão de áreas de investidura para imóveis existentes e as áreas ociosas foram transformadas em seus usos com a criação de equipamentos comerciais, residenciais etc. Os três capítulos a seguir apresentarão as narrativas acerca dessas realidades.
Imagem aérea da area de intervenção - Tijuca. Fonte: Mapa Digital da Cidade do Rio de Janeiro.
TIJUCA [D E]L I N E A N D O U M R I O P O N T UA L
Um curso d’água poluído. Uma paisagem descontínua. Um percurso invisível.
O Rio é problema ou solução?
O Rio Trapicheiros tem a maior parte dos seus pouco mais de 6.000m de extensão dentro do bairro da Tijuca. Apesar disso, esse corpo d’água recebe pouco destaque na paisagem do bairro. Atualmente, quando o rio não está escondido – capeado ou aprisionado em estreitos corredores nos fundos das edificações – é apenas um elemento renegado de um espaço urbano deteriorado. O Trapicheiros e seu entorno se apresentam como um somatório de pontos desconexos e subutilizados na paisagem tijucana. Ao nos depararmos com essa situação, nos pareceu imperativo pensar a proposta de intervenção a partir do rio, sendo ele ao mesmo tempo um “fim” e um “meio” para a transformação do local. Assim sendo, encaramos o desafio de recuperar seu protagonismo, revelando seu curso como um fio condutor que amarra os elementos desconexos ao longo da paisagem que o margeia. 10
Tijuca
Problema “Descontinuidade perceptiva do rio”
O tratamento dado ao rio Trapicheiros, na estruturação da cidade, como um elemento sem importância acabou resultando em vários problemas para o bairro. Entre os problemas oriundos dessa falta de protagonismo destacam-se a poluição das águas e a descontinuidade visual do rio – no que toca seu caráter imaginário principal, de linha, fluxo e constância. A área marginal do Trapicheiros é marcada por uma heterogeneidade muito forte. Essa discrepância acentuada pode ser caracterizada pela desconexão da comunidade com o rio e suas faixas lindeiras. Muitas vezes caminhamos sobre o rio sem nos darmos conta de que o mesmo está abaixo de nossos pés. [D E]L I N E A N D O U M R I O P O N T UA L
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O rio como protagonista
Para atingir o objetivo foram definidas algumas estratégias, tais como a demarcação do caminho do rio de forma a solucionar a questão da percepção de descontinuidade do mesmo e o reforço da trama verde/azul - tratando as questões de despoluição, inundação, insolação e conexão como o restante do bairro, através do espraiamento dos corredores verdes. O reforço da trama verde/azul aumenta a qualidade ambiental do microclima e da qualidade da água, prevenindo inundações, surgindo assim como possibilidade de potencialização da função ecológica desse projeto de paisagem, na questão da sustentabilidade ambiental da proposta. 12
Tijuca
Quanto à trama verde/azul, hoje em dia o rio tem no seu trajeto o acompanhamento de alguma vegetação mais densa em alguns pontos, e, nesse sentido, o projeto propõe aumentar a vegetação atual e gerar um corredor verde mais evidente no percurso. A nova vegetação é proposta a partir de plantas de escala média–baixa tipo arbustos e plantas menores, e árvores de escala maior que reforcem a arborização atual, gerando assim o ecossistema mais diversificado. arborização atual
arborização proposta
Espécies indicadas: Porte pequeno Babosa-branca /Cordia superba/ Quaresmeira/Tibauchina granulosa Porte médio Pata-de-vaca/Baunilha forficata/Aroeira/ Schinus terebinthifolis/pau-mulato/ Calycophyllum sprucerarum Porte grande Pau-brasil/Caesalphinia ecinata/ Sibipiruna/Poincinella pluviosa/oitis/ Licanea Tormentosa
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Para melhorar o sistema de drenagem d’água no solo, propomos espaços com jardins de chuva próximos às margens do trecho canalizado que atuarão como sistema de filtragem e de purificação da água. A proposta tem hortas comunitárias que permitem a possibilidade de gerar cultivos para aproveitamento e integração da comunidade.
Propomos também piscinas de captação de água quando os fluxos aumentam em decorrência das chuvas. Esses espaços são propostos nos pontos onde o rio altera seu curso, permitindo um maior aproveitamento da captação da água. Próximo aos pontos de inflexão do traçado do rio está previsto, além do alargamento da calha do rio, o escalonamento de suas margens, buscando impedir o transbordo em períodos de forte chuva, bem como a aproximação da população nos períodos de fluxo menos intenso.
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Tijuca
condição atual
propostas para o rio
Além das estratégias referentes À trama verde/azul, buscamos também a ressignificação dos espaços vazios ao longo do rio. Pretendemos, ao utilizar o rio como fio condutor da dinâmica urbana de seu entorno, criar um outro percurso a partir do mesmo, articulando novos espaços com diferentes potenciais de usos, somandose aos existentes e já apropriados pela população. vazios e equipamentos existentes
vazios e equipamentos articulados
O tratamento particular dos espaços vazios de cada trecho, visa, a partir da materialidade, especificação de vegetação, escalonamento da margem do rio e de uma ambiência intimista, potencializar a conexão entre rio e homem, propondo integrar esses espaços com o percurso, prevendo pontos de descanso e lazer, espaços para feiras e eventos itinerantes, para o comércio popular organizado, e como suporte para atividades espontâneas não previstas. O aproveitamento dos vazios causados pela obra de construção do metrô, foi pensado dentro do conceito de Terceira Paisagem, como resultado da ação biológica sobre o território residual, sem a interferência humana, preservando a preexistência.
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Embora essas estratégias marquem, de certa forma, o percurso do rio através da trama verde/azul, e da articulação dos espaços e equipamentos existentes, visualmente essa marcação não seria suficiente para uma leitura do percurso, já que o rio permaneceria capeado em alguns trechos. Para concretizar a estratégia de demarcar o caminho do rio propomos ações como a retirada de barreiras, aumentando percurso visível do rio atualmente sua exposição e criando camadas de reforço da sua legibilidade através de intervenções com uma linguagem comum ao longo do percurso. Além da uniformidade na utilização dos materiais ao longo de todo o trecho de intervenção, optamos por criar um elemento físico marcante, que seria colocado ao longo do percurso do rio, com uma disperção que possibilitaria não apenas lembrar que o rio está ali, mas o quão perto do pedestre o mesmo está. Para isso, esse elemento, que chamamos de «Traptotem» , remetendo aos Totens que demarcavam o território de povos primitivos, tem 3 tamamnhos distintos, sendo a utilização de cada um definida pela dispersão dos «traptotens» proximidade com o rio Trapicheiros.
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Tijuca
Para resolver a questão da descontinuidade perceptiva do rio propomos gerar um percurso que seja evidente na sensibilidade do pedestre com um sistema de pontos guias baseado num elemento: O Traptotem. A proposta é que os mesmos sejam capazes de fazer uma ponte, mesmo que sensorial, possibilitando ao pedestre o entendimento do trajeto do Trapicheiros e, ao mesmo tempo, o caracterizando como personagem principal, como estruturador do espaço urbano ao longo de seu curso. Em relação a marcação sensorial desse percurso, o Trapitotem é um elemento longilíneo de identidade visual marcante, com três faces distintas, que oferecem iluminação e infraestrutura para outros serviços, como rede de internet Wi-Fi, tomadas de carga de celulares e informações sobre o rio e o entorno a partir de QR Code.
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Além das ideias gerais apresentadas até aqui, em uma escala mais aproximada, é necessário resolver as questões particulares de cada trecho no que toca a ordenação e gestão desses espaços. Para demonstrar a proposta nessa escala mais detalhada, escolhemos o trecho próximo a Praça Saenz Pena, na Rua Gabriela Prado Maia Ribeiro, onde o Rio Trapicheiros aparece hoje com uma seção retangular em concreto, bastante poluído, e relegado na paisagem, com as áreas livres no seu entorno utilizadas legal ou ilegalmente como estacionamento de veículos. Assim sendo, buscamos criar as condições para atrair novos usos e usuários para uma região que hoje se encontra aquém do seu potencial. A premissa de intervenção neste trecho, foi reorganizar o espaço, privilegiando o pedestre em detrimento dos veículos motorizados, dando protagonismo ao Rio trapicheiros e à vegetação existente e proposta.
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Tijuca
De modo a potencializar a paisagem existente, optamos pelo alargamento do leito do rio onde isso foi possível, com a previsão de plantio de espécies adequadas para situações de períodos de alagamento. O aspecto social do projeto é consequência dessa intervenção. Com o aspecto do rio melhorado a comunidade passa a se apropriar desses espaços de forma natural, através da utilização de equipamentos urbanos fixos ou temporários, de acordo com a necessidade de cada período do ano, transformando essa área não mais no estacionamento da Praça Saenz Pena, mas em uma «sala de desconpressão» desta. O desenho da intervenção teve como partido a ideia de «Afluntes Visuais». A distribuição dos Traptotens ao longo do rio servio de ponto focal para as linhas de visadas provenientes de cada esquina da via. A geometria geradas por essas linhas norteou a paginação do piso, a distribuição dos fluxos e dos equipamentos.
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Tijuca
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Recuperar a qualidade das águas do rio Trapicheiros, obviamente não seria possível apenas com uma intervenção urbana/paisagística. No entanto, considerando que o mesmo nasce no Maciço da Tijuca, pouco acima do início do recorte de intervenção, as ações de tratamento das águas empregadas podem ter efeito relevante. Mais do que isso, aproximar a população do rio é a melhor estratégia de conscientização e educação ambiental, logo fator decisivo para uma revitalização a longo prazo. Devolver o rio para a paisagem do bairro a partir de todas as estratégias de incremento da sua legibilidade aqui propostas, mais do que um ambiente agradável, visa resgatar o elemento água como função estruturante da forma urbana, revelando e respeitando seus processos ao longo desse percurso, e conquistando o pedestre em uma viagem pelos caminhos, hoje ocultos, do rio Trapicheiros.
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Imagem aérea da area de intervenção - Jardim Oceânico. Fonte: Mapa Digital da Cidade do Rio de Janeiro.
JARDIM OCEÂNICO [RE]CONEXÃO DE CICLOS E PROCESSOS
Cenário e objeto de estudo, o Jardim Oceânico é um sub-bairro da Barra da Tijuca, inserido na zona oeste do Rio de Janeiro – RJ. Neste, a água é uma característica marcante devido à presença de canais de escoamento provenientes das lagoas da Tijuca e de Marapendi. O estudo teve início a partir de uma proposta para intervenção na área sob a perspectiva da paisagem urbana com o intuito de melhor integrar a infraestrutura deste sub-bairro ao ecossistema natural existente em seu entorno. Para uma melhor compreensão da área, foi utilizada para a análise a sobreposição de mapas temáticos que apontam diferentes leituras do local. Essa metodologia usa como referência o trabalho desenvolvido por McHarg (1969) – “the layer cake” –, no qual a utilização da sobreposição de camadas permite realizar um inventário de características naturais e processos que relacionam passado, presente e antecipa futuras ações. Desta análise, foram destacados três temas considerados de maior importância no contexto para o desenvolvimento do projeto de intervenção, assim denominados: verde, percursos e água.
sos ur
VEGETAÇÃO IMPRODUTIVA
águ
de
per c
ver
problemática a
POLUIÇÃO
protagonismo do carro
O eixo composto pela Rua Sakura, Rua Nuto James, Av. Fernando Mattos, Praça do Pomar e Av. Gilberto Amado foi o recorte escolhido para intervenção devido à presença do canal artificial aberto existente no espaço viário. Este tem-se tornado atualmente um grande problema local, trazendo desconforto aos moradores do entorno devido ao seu alto grau de poluição. Além da questão apresentada, o recorte apresente outros dois pontos de atenção: a vegetação presente (pouco característica do bioma local natural e improdutiva como ecossistema) e o protagonismo marcante do automóvel. Vê-se assim uma oportunidade de intervenção projetual com o objetivo de reconectar os ciclos de modo a formar um sistema saudável, integrado e resiliente. 26 Jardim Oceânico
LEGENDA praça área de mangue / res�nga grande densidade arbórea
verde r. sakura r. nuto james ônibus BRT
metrô
LEGENDA
av. das américas
av. fernando ma�os av. érico veríssimo ônibus
av. olegário maciel
via estrutural via arterial metrô BRT canal de água ciclovia
av. gilberto amado
principais eixos de pedestres passarela elevada passarela sobre canal ausência de calçada problemas de acessibilidade rampa de acessibilidade av. min. ivan lins
ônibus
canal de marapendi
percursos
LEGENDA água lagunar corpo d’água aberto corpo d’água enterrado escoamento de águas pluviais canal da joa�nga
0 50 100
200m
n
água [RE]Conexão de ciclos e processos
27
Á
con�nuidade do ciclo hídrico visibilidade de processos
INFRAESTRUTURAS corredor ECOLOGICAMENTE ecológico INTEGRADAS
espaços resilientes
vegetação produ�va
VE
RDE praça do pomar
- promover a educação ambiental - aproximar pessoas e natureza - tornar os processos visíveis - reu�lizar a água e os nutrientes na manutenção da praça - oferecer acessibilidade - conectar os corredores ecológicos - es�mular a�vidade entre flora, fauna e entomofauna - tornar a área da praça mais convida�va e permeável
0 50 100
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200m
Jardim Oceânico
n
integração de espaços
PERCURSOS
projetar entendendo o meio como um continuum propício à autogestão
GUA
A estratégia de intervenção se utiliza do conceito de Water Sensitive Urban Design para criar um espaço público ecologicamente integrado que se atente às conexões espaciais, ao ciclo da água e aos demais sistemas naturais. Através dos princípios do design pontuados por Hough (1995) indica-se um melhoramento da infraestrutura urbana atrelada à saúde e ao desenvolvimento ambiental, aproximando os processos naturais ao cotidiano dos habitantes e tornando visíveis os processos de cada ciclo. É a intenção de propor um novo espaço público, que resgate a relação de identidade dos habitantes com a paisagem, atendendo à demanda de sustentabilidade dos sistemas e resiliência do meio. Como ponto de partida da intervenção, é proposto a interrupção do canal artificial como escoamento das águas provenientes das lagoas, eliminando a massa d’água estagnada e poluída existente em seu interior, e a reconfiguração das vias para atender à necessidade de drenagem pluvial. Vê-se nesta ação a oportunidade de propor um novo espaço público – denominado corredor ecológico – no sentido de também atender outros pontos de fraqueza identificados na área, como a falta de integração de diferentes meios de transporte, a priorização dos veículos motorizados em relação aos pedestres, a desarticulação das áreas livres de estar e a perda de identidade da flora e fauna local. área de transição 1 - promover a educação ambiental - realizar serviços e programas de suporte à infraestrutura ecológica - instalar banco de germoplasma - recuperar a vegetação de mangue - criar centro de pesquisa e a�vidades pedagógicas - implantar viveiro de espécies na�vas
av. fernando mattos + av. gilberto amado - melhorar a acessiblidade - drenar as águas pluviais - incrementar a biodiversidade - conectar os espaços públicos - incen�var a caminhabilidade e o uso de bicicletas
área de transição 2 - ocupar o vazio - promover espaço de contemplação da paisagem - projetar um local de estar
[RE]Conexão de ciclos e processos
29
praça do pomar fe av. rna nd o tos mat
A
A
13
legenda 1 área permanentemente alagada 2 área susce�vel a alagamento (vegetação an�bia) 3 percursos 4 ciclovia proposta 5 traffic calming e conexão aérea de maciços vegetais 6 horta cole�va 7 feira de alimentos orgânicos
5
8 9 10 11 12 13
composteira cole�va área de recreação na aquá�ca área para eventos públicos jardins drenantes cisterna subterrânea para armazenamento do excedente de águas pluviais proveniente do corredor ecológico corredor ecológico árvore existente
11 4 12 1 10 3 2 7
6
9
8
B
av. gilb er
to amad
10
30
Jardim Oceânico
o
B
existente
PROPOSTA
arbusto de pequeno porte e forração de res�nga (evitar esquina cega)
existente
existente
PROPOSTA
vegetação de sub-bosque e forração de Mata Atlân�ca
PROPOSTA
existente
PROPOSTA
vegetação de sub-bosque e forração de res�nga arbusto de grande porte e árvores de Mata Atlân�ca
arbusto de pequeno porte e forração de res�nga arbusto de grande porte e árvores de Mata Atlân�ca
A partir dos extratos vegetais existentes atualmente ao longo do canal artificial das avenidas Fernando Mattos e Gilberto Amado, definiu-se quatro tipologias gerais de ações para a intervenção vegetal do novo corredor ecológico proposto para reconfiguração das vias. É dado maior destaque às espécies da Mata Atlântica por fazerem parte do bioma original da área, resgatando uma maior integração do recorte com o ecossistema do entorno. A Praça do Pomar aparece como um local de confluência dos ciclos e processos, tanto física como simbolicamente. Através da retirada de suas grades e redesenho do espaço com a proposição de novos equipamentos, o caráter de centralidade da praça foi reforçado. Foi proposto para este espaço livre não apenas um local de lazer comunitário, mas também de educação ambiental e visibilidade da continuidade dos ciclos e processos naturais. plantas aquáticas _ (área alagada - praça do pomar)
Juncus sp.
Phragmites sp. Carex spp.
Cyperus giganteus
Schoenoplectus sp. Typha sp. Nymphaea sp.
Alocasia sp.
Colocasia sp.
[RE]Conexão de ciclos e processos
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maior integração entre espaços de lazer, moradia e trabalho
apropriação do espaço
incen�vo ao uso de outros transportes acessibilidade
contato com a água disposição de duchas e bebedouros extensão da ciclovia alargamento de 1m da calçada
incen�vo a caminhabilidade
introdução de espécies na�vas de Mata Atlân�ca
Embaúba (Cecropia sp) Mulungu-do-litoral (Erythrina speciosa) Tataré (Chloroleucum tortum) Imbuarana (Commiphora) Ingá-do-mato (Ingá edulis)
precipitação
reuso da água evapotranspiração
escoamento superficial infiltração
corte AA _ av. fernando mattos 1 2
5m
áreas alagáveis remoção da estrutura de concreto do canal
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Jardim Oceânico
drenagem terra areia brita fina brita grossa abastecimento do aquífero escoamento subterrâneo armazenamento cisterna sistema de drenagem pluvial
Juçara (Euterpe edulis) Grumixama (Eugenia brasiliensis) Aracá-rosa (Psidium cattleyanum) Pitangão (Eugenia neonida) usos intermitentes Bacupari (Garcinia brasiliensis) Ara�cum (Annona coriacea) Uvaia (Eugenia pyriformis) espaços resilientes re�rada da faixa de estacionamento para atração da fauna local às intempéries incorporação de área ao corredor verde fitodepuração de substâncias e nutrientes evapotranspiração
jardins drenantes introdução de espécies fru�feras de Mata Atlân�ca extensão da ciclovia
precipitação
escoamento superficial
drenagem
corte BB _ av. gilberto amado 1 2
5M
sistema de drenagem pluvial remoção da estrutura de concreto do canal
dispersão de sementes variabilidade gené�ca
atração de agentes polinizadores a�vidade da microfauna ornamentação das árvores propagação de espécies ameaçadas
infiltração
terra areia brita fina brita grossa área alagáveis escoamento subterrâneo
abastecimento do aquífero armazenamento cisterna
Corte da Av. Fernando Mattos, Praça do Pomar e Av. Gilberto Amado. Proposição feita sobre imagens do Google Street View.
[RE]Conexão de ciclos e processos
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Imagem da proposição de área permanentemente alagada e suscetível a alagamento no centro da Praça do Pomar com vegetação aquática e anfíbia.
Imagem da proposição de composteiras e hortas coletivas irrigadas com o estoque de água puvial para a Praça do Pomar.
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Jardim Oceânico
Proposição para a Praça do Pomar e corredor verde. Fonte: colagem sobre imagem aérea. Copyright Cesar Duarte/argosfoto [RE]Conexão de ciclos e processos
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Imagem aérea da area de intervenção - Flamengo. Fonte: Mapa Digital da Cidade do Rio de Janeiro.
FLAMENGO PAULO VI (RE)VISTA: Ressignificação de um túnel a céu aberto
O bairro do Flamengo, no final da década de 1970, passou por uma intervenção de grande porte com a chegada do metrô. Para a implantação de sua estrutura, foi então necessário desapropriar imóveis e abrir galerias, a fim de criar um subsolo para que o metrô pudesse seguir seu percurso. Assim, nasceu então a rua Paulo VI simplesmente como conseqüência de uma obra de engenharia, visto que sua função era apenas “cobrir” todo o trecho escavado para dar lugar ao metrô e sua infraestrutura. O asfalto utilizado nessa cobertura acompanhou e repetiu o traçado e os desníveis do metrô, sendo então ignoradas questões básicas como acessibilidade e segurança ao pedestre e até mesmo a composição do entorno e da paisagem. Além disso, esse trecho de malha urbana que foi esgarçado se tornou uma barreira física entre dois pontos do mesmo bairro, visto que a rua se tornou uma fronteira física entre o Morro Azul e o restante do bairro do Flamengo.
38 PAULO VI [RE]VISTA
Com base em visitas de campo, análise de dados e entrevistas com moradores e frequentadores da região, reunimos informações para elaborar um diagnóstico e, assim, identificar os problemas existentes no trecho. A partir disso, foram estabelecidas algumas estratégias para solucionar as questões elencadas. Para integrar a Rua Paulo VI com o bairro, foram propostas diversas intervenções no local, com o intuito de permear a rua pelo bairro, seja através da extrapolação de seus limites físicos ou da superação de suas próprias barreiras que ocultavam ou impediam o acesso e a livre circulação por toda sua extensão. A rua deixa então de ser dominada por automóveis e passa a ter um grande trecho peatonal arborizado, com espaços para circulação e permanência, lazer e ócio, intensificando assim, as relações sociais entre moradores e/ou frequentadores da região. Para vencer os desníveis abruptos, que faziam do caminho uma imposição e não uma escolha, foram projetadas rampas, passarelas e escadarias para convidar o pedestre a percorrer um caminho com transições mais sutis.
Ressignificação de um túnel a céu aberto
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CORTES ESQUEMÁTICOS - IMPLEMENTAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS E AÇÕES
ANTES
DEPOIS
40 PAULO VI [RE]VISTA
ANTES
DEPOIS Ressignificação de um túnel a céu aberto
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RUA MARQUÊS D
42 PAULO VI [RE]VISTA
DE ABRANTES
Ressignificação de um túnel a céu aberto
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CORTE LONGITUDINAL
CORTE TRANSVERSAL
CORTE TRANSVERSAL
44 PAULO VI [RE]VISTA
Visando diminuir a distância entre as quadras e ainda devolver ao Morro Azul a proximidade com o centro do bairro, a Rua Visconde do Cruzeiro deixa de ser sem saída (com a abertura de um dos seus lotes no final da rua) e dois lotes da Rua Marques de Abrantes são abertos para promover a criação de duas novas ruas perpendiculares à Rua Paulo VI. Em alguns trechos da rua, o alinhamento foi ajustado. Para isso, foram concedidas investiduras a alguns imóveis existentes, e outras áreas remanescentes se transformaram em lotes com usos diversos, tais como comércio, edifícios residenciais e áreas públicas de lazer. A ativação dessas fachadas faz com que a rua deixe de ser apenas uma rua de fundos de lotes, repletas de entradas de serviço, e se torne um espaço desejado de circulação, permanência e lazer. As estratégias de intervenção se desdobram em ações específicas que se configuram como ponto de partida para uma transformação generalizada. O objetivo central do projeto é ressignificar a rua, ou seja, dar uma nova função e sentido à Paulo VI, transformando então essa grande e ultrapassada estrutura urbana (executada para atender às necessidades de um determinado tempo) em algo mais humano e contemporâneo, reagindo frente uma situação de ociosidade da área e transformando seu potencial em ambientes ativos, com caráter social, cultural, comercial e ambiental. Ressignificação de um túnel a céu aberto 45
46 PAULO VI [RE]VISTA
“A paisagem é entendida como um projeto em desenvolvimento, que enriquece o mundo cultural através do esforço criativo e da imaginação.” CORNER, J.
“Recovering landscape as a critical cultural practice”. In Corner, J. (ed.). Recovering landscape: essays in contemporary landscape architecture. New York, 1999. pp. 1.
Ressignificação de um túnel a céu aberto
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48 PAULO VI [RE]VISTA
“A Arquitetura Paisagística não é simplesmente um reflexo da cultura, mas sim, uma ferramenta utilizada no processo de moldar a cultura moderna. Ela deixa de lado o papel de produto da cultura e passa a ser um agente produtor de cultura.” CORNER, J.
“Recovering landscape as a critical cultural practice”. In Corner, J. (ed.). Recovering landscape: essays in contemporary landscape architecture. New York, 1999. pp. 1;4
Ressignificação de um túnel a céu aberto
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“Como pode atuar a arquitetura no terrain vague para não se converter num agressivo instrumento dos poderes e das razões abstratas? Sem dúvidas, através da atenção à continuidade. Mas não da continuidade da cidade planejada, eficaz e legitimada, mas, todo o contrário, através da escuta atenta dos fluxos, das energias, dos ritmos que o passar do tempo e a perda dos limites têm estabelecido.” SOLÀ-MORALES, I.
Solá-Morales, I. “Territorios”. ed 2002, pp. 19
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Marcelo Quadros / Ana Paula Menezes Mariana Castañeda Díez / Douglas Santos Tijuca
Andre Turu / Julia F. Cunha / David Missiatto Jardim Oceânico
Hanna Nahon Casarini / Thais Moraes Passos Flamengo
Victor Andrade / Adriana Sansão / James Miyamoto Organizadores
Bibliografia ACERALD, H.; MELLO, C.; BEZERRA, G.. O que é justiça ambiental. Rio de Janeiro: Gramond, 2009. ANDRADE, V., HARDER, H., JERSEN, O. B., & MADSEN, J. C. O. Bike Infrastructures. (1 ed.) Aalborg University: Departmental Working Paper Series, Dep. of Architecture, Design and Media Technology, 2010. BONDÍA, J. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. In:Revista Brasileira de Educação,nº 19,2002,p. 20-28. BUSQUETS, J.. Cities X Lines: A New Lens for the Urbanistic Project.Cambridge, Harvard University, Graduate School of Design; Rovereto, Nicolodi Editore, 2006. CORNER, J. “Recovering Landscape as a critical cultural practice” inRecovering Landscape: Essays in Contemporary Landscape Theory. New York, Princeton Architectural Press,1999, p.1-26. DUARTE, C. F. 2006. Forma e movimento. Rio de Janeiro: Viana & Mosley FORSYTH, A.; MUSACCHIO, L. 2005. Designing Small Parks: A Manual for Addressing Social and Ecological Concerns. New Jersey: John Wiley & Sons, Inc. HOUGH, M. Cities and Natural Process. Londres: Routledge, 1995. MCHARG, I. Design with nature. New York NY: John Wiley & Sons, 1969. ROGERS, R. 2001. The fragmented city and the role of the architect. The Hague: The Fifth Megacities Lecture. SANSÃO FONTES, A. Intervenções temporárias, marcas permanentes. Apropriações, Arte e festa na cidade contemporânea. Rio de Janeiro, Casa da Palavra, 2013. SOLA-MORALES, I (1995), Terrain Vague, em Territórios, Editorial Gustavo Gili, SA, Barcelona, 2002 Tradução ao portugues: Igot Fracalossi WOOLLEY, H. 2003. Urban Open Spaces. London: Spon Press.