Jornal da ADUFF - JULHO de 2017

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Associação dos Docentes da UFF Jornal da ADUFF

Seção Sindical do Andes-SN Filiado à CSP/Conlutas

RT tem que ser integral

Aduff recebe o 62º Conad

Decisão judicial em ação da Aduff proíbe redução de RT de aposentadoria proporcional

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Página 4 De 13 a 16 de julho, Niterói será sede do 62º Conselho do Andes-SN e receberá docentes de todo o país. Página 8

Luta contra as reformas de Temer entra em momento decisivo

na M u l t i d ã o Va rente a v. P re s id o dia 30 de ,n gas, no Riod e m o n s t ro u a e ju n h o , q u popular ante as ão insatisfaç o governo Temer eformas e ações e expresr s Paralisações e manifestações em todos os estados e em mais de 100 cidades contra com parali em todos os esas reformas trabalhista e previdenciária levaram as bandeiras ‘Fora Temer’, ‘Diretas Já’ sivos atos aís e no Distados do p eral e ‘Eleições Gerais’ às ruas do país, nos atos de 30 de Junho, dia de greve e protestos. trito Fed

Porém, com o presidente denunciado pelo Ministério Público, governo, Congresso e cúpula do Judiciário demonstram tramar um 'acordão' para aprovar a maior retirada de direitos da história. ‘Ou vamos para as ruas já, ou as reformas passam’, alertam docentes nos atos do 30J. Páginas 2 e 3

Samuel Tosta

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Editorial

Ocupar as ruas para derrotar Temer e suas contrarreformas

Está acertada a política de tomarmos as ruas contra as reformas através do expediente das greves gerais, mesmo que algumas centrais sindicais tenham capitulado e a defendido de forma tímida

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ma nova série de denúncias atinge o presidente da República, Michel Temer. Sem qualquer legitimidade desde a chegada ao poder, assistimos ao dia a dia do derretimento de sua figura. Os últimos movimentos da Procuradoria-Geral da República apenas confirmam o seu total envolvimento em um mar de lama de corrupção. Ainda assim, prosseguem as tentativas dos grupos de apoio ao governo de apressar, no Congresso Nacional, as medidas contra a classe trabalhadora. O caminho a se tomar é apenas um: a mobilização. Está acertada a política de tomarmos as ruas através do expediente das greves gerais, sendo que a do dia 30, mais uma vez, mostrou-se

correta. Mesmo que algumas centrais sindicais tenham capitulado e a defendido de forma tímida. A história de nossas lutas nos ensina o que fazer para enfrentar e resistir aos retrocessos das contrarreformas sobre os interesses da maioria da população e os direitos duramente conquistados pelos trabalhadores. Tais medidas representam retrocesso e um duro ataque ao desenvolvimento das condições de vida da população. Enquanto os governistas, em um último arroubo, insistem e tentam aprovar as mudanças lesivas às áreas trabalhista e previdenciária, o movimento demonstra, de forma pedagógica, o caráter excludente de tais eixos. Esta edição traz reportagens sobre

a realização, na UFRJ, de uma exposição sobre os 100 anos de Revolução Russa, assim como uma entrevista com a primeira conselheira transexual eleita para o Conselho Superior do Colégio Pedro II. Na Universidade Federal Fluminense, a Ebserh, falsamente apresentada como solução à crise financeira, agora, mais vez, fecha as portas da Emergência, alegando superlotação e déficit de pessoal. Em seu primeiro ano de gestão do Hospital Universitário Antônio Pedro, ficam mais do que nítidas sua inoperância e incapacidade. Exigimos da Reitoria uma postura de reconhecimento desse quadro, pois a mesma adota um tom crítico com relação à empresa, mas não aponta

para soluções ou suspensão de contrato com a Ebserh. Um encarte especial sobre o Encontro dos Docentes da UFF, organizado pela Aduff no último mês, em Teresópolis, compõe a edição. Foram três dias de muito debate e discussão das pautas e desafios, que temos no seio do nosso movimento. Por último, convocamos a categoria à participação no 62° Conad neste mês de julho. Fórum fundamental de nosso sindicato nacional, o Andes, será realizado em Niterói com o apoio da Aduff. Neste crucial momento político que atravessamos, serão tiradas as diretrizes que irão embasar nossa atuação na conjuntura e fundamentar nossa intervenção crítica.

Associação dos Docentes da UFF

Presidente: Gustavo França Gomes • 1º Vice-Presidente: Gelta Terezinha Ramos Xavier • 2º Vice-Presidente: Juarez Torres Duyaer • Secretário-Geral: Kate Lane Costa de Paiva • 1º Secretário: Douglas Ribeiro Barbosa • 1º Tesoureiro: Carlos Augusto Aguilar Junior • 2º Tesoureiro: Edson Teixeira da Silva Junior • Diretoria de Comunicação (Tit): Kenia Aparecida Miranda • Diretoria de Comunicação (Supl): Marcio José Melo Malta • Diretoria Política Sindical (Tit): Adriana Machado Penna • Diretoria Política Sindical (Supl): Bianca Novaes de Mello• Diretoria Cultural (Tit): Renata Torres Schittino • Diretoria Cultural (Supl): Ceila Maria Ferreira Batista • Diretoria Acadêmica (Tit.): Antoniana Dias Defilippo Bigogmo • Diretoria Acadêmica (Supl): Elza Dely Veloso Macedo

Seção Sindical do Andes-SN

Editor Hélcio L. Filho Jornalistas Aline Pereira Lara Abib

Filiado à CSP/Conlutas

Julho/2017 Biênio 2016/2018 Gestão: Democracia e Luta: Em Defesa dos Direitos Sociais, do Serviço Público e da Democracia Interna

Revisão: Renake das Neves Projeto Gráfico e diagramação Gilson Castro

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o mesmo dia em que greves e mobilizações em todos os estados do país mais o Distrito Federal tomavam ruas, praças e rodovias contra as reformas do governo que retiram direitos da classe trabalhadora, duas notícias aumentavam a revolta nos protestos e reforçavam a impressão de que só a pressão das ruas poderá detê-las. Provocaram indignação popular, as decisões do Supremo Tribunal Federal de libertar Rodrigo Rocha Loures, o ex-assessor de Temer pego em flagrante recebendo mala de dinheiro, e de restituir ao pleno exercício do cargo o senador Aécio Neves, também gravado solicitando R$ 2 milhões ao dono da JBS, a gigante do mercado de carnes. Com isso, Aécio poderá se juntar a outros senadores investigados para votar a reforma trabalhista, que o governo tenta aprovar no Plenário do Senado antes do recesso parlamentar, que começa 18 de julho.

Mobilização deve continuar Boicotados por algumas centrais sindicais, os protestos do dia 30 de junho não chegaram a se constituir propriamente numa greve geral, como em 28 de abril. Mas foram uma nova demonstração nacional expressiva de rejeição ao governo e a esses projetos – capazes de paralisar quase totalmente a economia em alguns estados, principalmente no Nordeste. As bandeiras “Fora Temer e as reformas”, “Diretas Já” e “Eleições Gerais” voltaram a ocupar as ruas. Já as decisões do STF aumentaram a sensação de que um grande "acordão", envolvendo o comando dos Três Poderes poderiaem curso. O objetivo seria não apenas manter os mesmos grupos no poder político, como assegurar a aprovação das reformas previdenciária e trabalhista. Reforçaram ainda, na avaliação de manifestantes, a

'Ocupamos as ruas já ou as reformas passam’, alertam manifestantes Dia de greve e protestos em todo o país exigiu o fim das reformas e voltou a levar “Fora Temer” às ruas

Fotos: Luiz Fernando Nabuco

30 DE JUNHO CONTRA AS REFORMAS

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certeza de que é preciso ampliar as mobilizações e ir para as ruas já, sob o grave risco de que, mesmo sob tantas denúncias e tamanha impopularidade, Temer consiga aprovar o que é considerado a maior retirada de direitos trabalhistas da história. “Eles já demonstraram que não vão parar com as reformas se não houver uma grande mobilização”, observou o professor da UFF Paulo Terra, enquanto participava do ato que percorreu as ruas do Centro de Niterói, na manhã do dia 30. A professora Bianca Neves, da UFF em Nova Friburgo e diretora da Aduff-SSind, disse que não há espaço para desânimo e que as mobilizações têm que se intensificar. "É muito importante que, neste momento, a gente não desanime e continue nas ruas, mostrando que temos trabalhadores organizados, dispostos a lutar para não perder seus direitos conquistados duramente durante muito tempo", ressaltou, pouco antes do início da passeata, que reuniu milhares de pessoas no Centro do Rio e concluiu a jornada de protestos no estado, na noite de sexta-feira (30).

Na primeira foto, no alto, manifestação no dia 30 em Niterói; nas demais fotos, o protesto no Centro do Rio no mesmo dia

O professor Rafael Vieira, da UFF em Angra dos Reis, disse que é preciso aprofundar as mobilizações para impedir que as reformas passem. "Resolvemos vir ao Rio para somar forças com os grandes centros e intensificar esse processo de luta contra o governo Temer", disse. “A reforma trabalhista acabou de ser aprovada na Comissão de Justiça do Senado e os ataques tendem a se intensificar. Quanto mais ameaçado o Temer estiver,

mais ele vai tentar aprovar as reformas”, alertou. A manifestação no Rio voltou a ser reprimida com violência, ao final, pela Tropa de Choque da Polícia Militar.

Estudantes Graduanda do curso de Arquitetura da UFF, a estudante Juliana, do DCE Fernando Santa Cruz, disse que o que está em disputa é também o futuro. “Devemos intensificar nossas lutas, aumentar as mobilizações em

universidades e escolas, para não perdermos muitas coisas. Não tem outra saída. Esses ataques colocam em risco não só os direitos dos trabalhadores, mas também o das futuras gerações à universidade, ao trabalho e à aposentadoria”, disse, logo após participar de passeata, organizada pelos estudantes, à tarde, que saiu da Praça da Cantareira e se dirigiu às Barcas, rumo ao ato unificado com trabalhadores no Centro do Rio.


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Jornal da ADUFF Ato, no ano passado, pouco antes de reunião do Conselho Universitário, que não ocorreu, na Praia Vermelha

Contestada reunião do CUV em 2016, que 'aprovou' o contrato com a Ebserh Luiz Fernando Nabuco

Após pouco mais de um ano de Ebserh, problemas se agravam no Huap Últimas três reuniões do Conselho Universitário tiveram críticas à Ebserh; reitor já admite que contrato possa ser rescindido; sindicatos jamais reconheceram votação que autorizou cessão Hélcio Lourenço Filho Da Redação da Aduff

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Reitoria da UFF conseguiu aprovar, fazer cerca de um ano e três meses, a cessão do Hospital Universitário Antonio Pedro à Ebserh, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. Naquela votação inconclusa no Conselho Universitário, nem os votos favoráveis foram contados, e tampouco os contrários, consultados. A legitimidade e a legalidade da votação são contestadas tanto pela Aduff-SSind, quanto pelo Sintuff. Nas últimas sessões do CUV, a estatal de direito priva-

do e objetivos mercantis voltou a ser assunto abordado por fora da pauta, inclusive pelo reitor, Sidney Mello. Não há nada a comemorar nessas menções à controversa empresa, associada pelos sindicatos e boa parte da comunidade universitária à quebra da autonomia e à privatização. Provocado, é o próprio reitor um dos que tecem críticas à empresa. “A Ebserh tem pontos que não estão, de fato, alinhados com os contratos iniciais que fizemos, e estamos trabalhando por uma posição firme em torno disso”,disse Sidney na reunião do Conselho Superior

do dia 28 de junho. Na véspera, o superintendente da Ebserh no Huap,Tarcísio Rivello, anunciara o fechamento intermitente da Emergência por falta de condições. “O hospital vai ficar assim: fecha momentaneamente e reabre, fecha e reabre. Não tem outro jeito, é humanamente impossível. Você vai acabar tendo um atendimento [que coloca] em risco a vida do paciente”, disse, segundo o jornal "O Globo", edição de 28 de junho. O maior problema é o déficit de pessoal: não houve contratação alguma via Ebserh, como se anunciara no primeiro trimestre de 2016,

para tentar ‘vender’ a proposta. À reportagem do “Jornal da Aduff ”, o reitor da UFF disse que não se arrepende do contrato com a empresa, mas admite que a rescisão pode estar no horizonte da Reitoria. “O contrato pode ser homologado ou revogado. Estou estudando. A Ebserh tem que cumprir as cláusulas do contrato. Eviden-

te que, se eu tenho um contrato que eu assinei e o contrato não está me atendendo, tenho a prerrogativa de revogá-lo”, disse. Questionado pela reportagem se levará esse debate para o CUV, o reitor diz: “A decisão final, eu vou trazer pronta [para o Conselho avaliar], mas isso ainda tem muita água para rolar embaixo da ponte”, disse.

TRF julga ilegal redução de RT de aposentadoria proporcional em ação da Aduff Docentes da UFF com aposentadoria proporcional tiveram Retribuição por Titulação reduzida

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pós recurso impetrado pela assessoria jurídica da Aduff-SSind, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região julgou ser ilegal a redução dos valores referentes à Retribuição por Titulação (RT) dos docentes aposentados pela UFF de forma proporcional ao tempo de contribuição – seja por invalidez, pela idade de 60 ou 65 anos, ou ainda pela compulsória aos 70 ou 75 anos, respec-

tivamente, para mulheres e homens. Os valores foram reduzidos desde janeiro deste ano. A decisão do TRF foi proferida em junho deste ano, mas ainda há risco de a UFF recorrer ao Supremo Tribunal Federal ou ao Supremo Tribunal de Justiça. "Apesar do acórdão positivo aos aposentados, é importante aguardar os próximos andamentos do processo até o

trânsito em julgado do mesmo", esclarece Carlos Boechat, advogado da seção sindical dos docentes. Ele explica ainda que, no entendimento da assessoria jurídica da Aduff, o cálculo correto deve proporcionalizar tão somente o Vencimento Básico (VB), ficando a Retribuição por Titulação na sua forma integral, conforme o título obtido pelo professor na ativa. "A asses-

soria jurídica, assim que for publicado o acórdão, verá os meios judiciais possíveis para tentar novamente suspender essa redução ilegal de forma imediata", revela Boechat.

Ação de 2009 Não é a primeira vez que a administração da UFF tenta reduzir o valor da RT dos aposentados de forma proporcional ao tempo de contribuição. Isso ocorreu em

2009, quando a Aduff-SSind ingressou com a ação agora julgada pela segunda instância. Naquele mesmo ano, porém, a Reitoria voltou atrás na decisão e retomou o pagamento integral. Mesmo assim, decidiu-se pela manutenção da ação judicial, já que orientações pela redução persistiam no Ministério do Planejamento e no TCU (Tribunal de Contas da União).


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Pedro II elege mulher trans para Conselho Superior

Marcela, servidora do Colégio Pedro II e estudante de Biblioteconomia na UFF

Todos têm que ser reconhecidos, independente de gênero ou orientação sexual, diz Marcela, servidora do Colégio Pedro II eleita para o Conselho Universitário da instituição Hélcio Lourenço Filho Da Redação da Aduff

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oi um dia difícil e marcante na vida da servidora Marcela Azevedo do Colégio Pedro II a primeira vez em que, transexual, chegou ao trabalho de vestido. Realizava, aos 29 anos de idade, um sonho que só se permitiu quando viu condições para isso, sem maiores riscos profissionais ou pessoais. “Foi um dia muito tenso para mim, mas libertador”, resume Marcela, bacharel em Direito e graduanda de Biblioteconomia na UFF. Faz um mês, elegeu-se a primeira mulher trans do Conselho Superior da centenária

instituição federal fluminense, representando os técnico-administrativos. A sua atuação militante na escola envolve as lutas por direitos trabalhistas, educação pública e o combate a preconceitos, que tanto a afetaram desde a infância. “A minha opção sexual desde criança sempre foi definida. A questão do preconceito e da falta de conhecimento das pessoas leva muito transexual a viver da forma que nasceu, masculina ou feminina, até conseguir se estabilizar financeiramente e, aí sim, ‘assumir’ a transexualidade e se caracterizar do gênero que se identifica”, explica. Desde a juventude, Marce-

la planeja o momento em que faria isso. Esperou pela estabilidade financeira e profissional para driblar o desemprego ou o risco da prostituição. Investiu em concurso público até passar para o Colégio Pedro II. Decidiu não protelar mais e abraçar a identidade mulher após uma profunda depressão, aos 27 anos. “Com o emprego público, eu já tentava botar uma roupa mais feminina ou ficava num meio termo, mas não me satisfazia. Tive essa desilusão e passei a fazer tratamento psicológico. Consegui administrar um pouco a minha condição, porque não é opção, ninguém opta por ser

trans ou ser gay. Acontece. É uma condição”, analisa. A eleição para o Conselho Superior do colégio lhe coloca novos desafios. Embates com setores conservadores, sabe, tendem a ser inevitáveis. Mas ressalta que buscará o diálogo e que articulará as pautas dos trabalhadores que representa, em tempos de tantos ataques a direitos e de investidas reacionárias. Mais um desafio para quem, ainda jovem, muitos já venceu na vida. E segue buscando superá-los, como o medo da vio-

lência. “Até hoje, tenho muito receio de sair à noite. Tenho medo da violência direcionada ao transexual. Eu penso muito nisso. Talvez não 24 horas por dia, mas pelo menos umas três horas por dia”, conta. “Procuro só ver as coisas boas, para poder continuar caminhando. Hoje eu me sinto mais forte, mas é claro que tem dia que você entra na paranóia. É uma marca que vai ficar para a vida toda. Vai ser uma luta eterna, como é a luta contra o racismo... é utópico achar que isso vai acabar”, conclui. Luiz Fernando Nabuco

Fundo de solidariedade presta apoio aos docentes das universidades estaduais Aduff participa da campanha organizada pelo Andes-SN, que auxiliará professores que se tornaram vítimas do ‘ajuste fiscal’ do estado Aline Pereira Da Redação da Aduff

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seção sindical dos docentes da UFF participará do fundo de solidariedade criado pelo Andes-SN para prestar auxílio financeiro, na forma de empréstimo, aos professores das Universidades Estaduais do Rio de Janeiro. Servidores da Uerj, Uenf (Norte-Fluminense) e Uezo (Zona Norte), entre aposentados e trabalhadores na ativa, ainda não receberam o décimo-terceiro de 2016, as férias, e estão com três meses de salários atrasados em decorrência da política adotada pelo governo estadual. A campanha organizada pelo Andes-SN foi delibera-

da no 36º Congresso do Sindicato Nacional, compondo o plano de lutas dos docentes dos setores das Instituições Estaduais e Municipais de Ensino Superior (Iees/Imes). Em recente reunião do setor, foi encaminhada a abertura da conta bancária para receber as doações, que podem ser feitas por movimentos sindicais e populares.

‘Projetos de vida’ Os docentes poderão recorrer aos empréstimos, a serem quitados quando regularizado o pagamento. O dinheiro devolvido irá compor um fundo permanente para auxiliar docentes em situações semelhantes. A Aduff contribuirá, ini-

Bandeira do Andes-SN, em manifestação em Niterói, na greve de 30 de junho

cialmente, com o aporte de R$10 mil, conforme deliberação de assembleia geral realizada em junho de 2017. “A situação das estaduais é grave. Esses docentes passaram muito tempo em busca de qualificação acadêmica, construindo um projeto de vida que está em risco a partir do momento em que as pessoas não podem mais programar a vida financeira”,

disse Gustavo Gomes, presidente da Aduff e professor da Escola de Serviço Social. Ele criticou a política de ‘ajuste fiscal’ do governo estadual, adotada com base em um acordo com o governo federal. Mesmo sem pagar salários e sob denúncias de corrupção, disse, o governo fluminense mantém a política de isenções fiscais às grandes empresas enquanto penaliza a

sociedade e os trabalhadores, o que evidencia que o ajuste fiscal tem como objetivo estrangular as estaduais até a sua extinção.

Contribuição Docentes, movimentos sindicais e populares podem contribuir. As doações podem ser feitas no Banco do Brasil - Conta Corrente 403727-8, Agência Postal (2883-5).


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Notas da Aduff

"Sindicato itinerante" esteve em Macaé

também foram tratados na reunião

Luiz Fernando Nabuco

A Aduff-SSind esteve no campus da UFF em Macaé no dia 20 de junho. A iniciativa é parte do "sindicato itinerante", política que busca aproximar a seção sindical do Andes-SN das unidades fora da sede. “É um momento em que a gente está sendo muito atacado, e a carreira do servidor público em especial. Estamos percorrendo os campi para fazer essa discussão com a universidade”, disse o professor Gustavo Gomes, presidente da Aduff, durante o espaço aberto na reunião do Colegiado. “Queremos discutir a organização do sindicato fora de sede. Discutir formas para que o sindicato esteja mais presente na vida dos docentes, aqui em Macaé, em Pádua, Rio das Ostras, Angra, Friburgo, Campos, onde quer que a UFF se encontre”, observou. O diretor do campus, Daniel Nascimento, disse que a abertura do espaço para a Aduff, como ocorre em outros momentos, busca permitir que a entidade sindical se apresente e incentivar a participação. A presença do sindicato e a multicampia

Reforma da Previdência foi tema abordado em Macaé e Angra O principal tema da visita a Macaé foi a contestada reforma da Previdência. O advogado Carlos Boechat, assessor jurídico da Aduff, expôs aspectos da proposta e disse que as alterações incluídas no projeto, pelo relator e o governo na Câmara, não melhoram a situação do servidor. Ao contrário, tornam até mais difícil o acesso à aposentadoria em seu valor pleno. Ao final, Gustavo comunicou que a Aduff estuda visitas da assessoria jurídica aos docentes nos campi fora da sede – mediante solicitação – e mesmo instituir presença em intervalos regulares nessas unidades. Também houve visita do advogado Carlos Boechat à UFF em Angra dos Reis, no dia 28 de junho.

Campos Professores das universidades públicas de Campos dos Goytacazes participaram dos protestos contra as reformas da Previdência e trabalhista no dia 30 de junho. Para Márcio Malta, diretor da Aduff-SSind e profes-

sor da Universidade Federal Fluminense na cidade, o ato conjunto foi de fundamental importância para a unidade entre as representações dos docentes da UFF e da Uenf. “Ocupamos a praça e denunciamos os ataques que

os governos federal, estadual e municipal têm realizado”, disse Márcio, para quem a manhã de protestos demonstrou a importância dos movimentos sociais e sindicais na região.

sas em Filosofia, Política e Educação (Nufipe-UFF), e da professora da casa, Lorene Figueiredo. Em debate, a precarização da universidade pública, os impactos da crise

na atividade docente e discente e a importância da greve geral. A atividade, ocorrida no dia 20 de junho, foi um "esquenta" para a greve geral de 30 de junho.

Pádua A Aduff-SSind realizou um debate na UFF de Santo Antônio de Pádua com a participação do professor Carlos Eduardo Rebuá, do Núcleo de Estudos e Pesqui-

Professores da UFF nos protestos do dia 30

Professores da UFF no ato em frente às Barcas, em Niterói, como parte das mobilizações do dia 30 de junho contra as reformas de Temer, que retiram direitos previdenciários e trabalhistas, congelam salários e ameaçam os serviços públicos.

Moção O Conselho Universitário da UFF aprovou, por unanimidade, moção de repúdio ao ofício enviado pelo vereador de Niterói Carlos Jordy (PSC), no qual questiona o uso de banheiros femininos do Instituto de Ciências Humanas e Filosofia (Ichf ) por pessoas trans. O ofício, que traz vinculações criminalizantes, foi enviado à administração central e à direção do Ichf. “É inaceitável constranger qualquer pessoa a utilizar banheiro

do sexo oposto à sua identificação psicossocial. Tal proposição configura ataque à dignidade da pessoa humana”, diz trecho da moção, que havia sido aprovada no Fórum de Diretores e foi apresentada aos conselheiros pela diretora do Ichf, professora Alessandra Barreto. A nota também traz sustentações legais para a medida adotada no Instituto. A íntegra da moção pode ser lida na página da Aduff na internet (www.aduff.org.br).

Reitoria O reitor da UFF, Sidney Mello, voltou a falar em unidade interna na universidade. Foi durante o Conselho Superior Universitário (CUV ) do dia 28 de abril, dois dias antes das manifestações nacionais contra as reformas de Temer. “É importante que a gente tenha um processo de pacificação interna, de entender, de fato, onde

estão nossos adversários, aqueles que não querem ver a universidade pública [funcionando]”, disse.“Movimentos como esse, de mobilização, tem que, de fato, envolver a todos nós”, complementou. Os sindicatos cobram do reitor, que na greve se recusou a receber as direções sindicais, ações concretas neste sentido.

Lá e aqui "Vou pedir que prestem atenção: Tenho 91 anos e não aguento mais tanta luta, estou cansado". Essas foram as últimas palavras de um aposentado de 91 anos, antes de se matar com um tiro na cabeça em uma agência da Previdência Social argentina (Anses), em Mar Del Plata, segundo divulgado por jornais daquele país.

O caso repercutiu e gerou protestos contra o governo Macri. O sindicato dos trabalhadores do órgão disse, em nota, que não será “cúmplice do extermínio de nossos velhos". Uma servidora da agência, que presenciou a morte, inseriu o caso num contexto de "perda de direitos e benefícios", segundo o jornal “Página 12”.

Luiz Fernando Nabuco

Nas fotos, a participação da Aduff no espaço aberto na reunião do Colegiado

Luiz Fernando Nabuco

Docentes contra a retirada de direitos


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CENTENÁRIO DA REVOLUÇÃO RUSSA

Exposição celebra centenário da revolução que abalou o mundo Do “Domingo Sangrento” à derrubada do regime na Rússia: a mostra “Imagens e Revolução", na UFRJ, percorre os caminhos do processo em que, pela 1ª vez na história, a classe trabalhadora tomou e conservou o poder em um país Aline Pereira Da Redação da Aduff

“N

ós, trabalhadores e habitantes de São Petersburgo, nossas mulheres, nossos filhos e nossos parentes velhos e desamparados, vimos a vossa presença, majestade, buscar verdade, justiça e proteção. Fomos transformados em pedintes, somos oprimidos, estamos à beira da morte (...)”. Assim dizia parte da petição que os operários russos pretendiam entregar ao czar Nicolau Romanov, em janeiro de 1905, enquanto cruzavam pacificamente as ruas da cidade. Próximo ao Palácio de Inverno, foram violentamente massacrados pela Guarda Imperial, que exterminou cerca de mil pessoas durante o “Domingo Sangrento”. A representação desse momento emblemático para o processo, que teria seu ápice em 1917, é parte da mostra “Revolução e Imagens”, que segue até o dia 28 de julho, no Espaço “Memória, Arte e Sociedade Jessie Jane Vieira de Souza”, localizado no 2º andar do pré-

dio da Decania do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Praia Vermelha). Além da exposição, “Revolução e Imagens”– projeto de extensão universitária, celebrando os 45 anos do CFCH e o centenário da UFRJ – também promoveu seminário, exibição de filmes temáticos - como ‘Outubro’ e ‘Encouraçado Potemkin’ -, seguidos de debates. De acordo com Eduardo Serra, um dos palestrantes do evento, a experiência soviética mudou diversos paradigmas na sociedade do século 20. “Pela primeira vez na história, se criou um poder que derivava diretamente da organização dos trabalhadores – partidos políticos, conselhos (sovietes) –, resultando em um novo tipo de Estado, que privilegiou, na ação dos governantes no exercício do poder, as demandas da classe trabalhadora”, contou o professor da Escola Politécnica

Arte de Viktor N. Denisov (1920) –“Camarada Lenin varrendo o mundo da imundice”: o capitalismo representado pelas figuras da monarquia e da Igreja Ortodoxa, dos burgueses e dos empresários

Imagem em exposição na mostra sobre os 100 anos da Revolução Russa

e Pró-Reitor de Graduação da UFRJ, lembrando que o processo revolucionário tem diferentes fases. “Há períodos claramente marcados no tempo: a tomada de poder; o da invasão estrangeira; a reação com o Comunismo de Guerra; a retomada do desenvolvimento com a Nova Política Econômica; imensos avanços na área cultural, com novas formas de expressão estética; avanços em relação aos direitos das mulheres e das minorias; e ainda o endurecimento do regime, frente ao surgimento do nazifascimo na Europa”, disse. Essas fases estão contempladas ao longo de toda a exposição, que, nas palavras de Serra, proporciona reflexão para os embates do mundo contemporâneo. “Precisamos fazer um balanço positivo de 1917, pois já no início dos anos 50, URSS era um país desenvolvido, não havia analfabetismo. Havia pleno emprego, políticas sociais avançadas de universalidade de acesso à saúde e à educação. Não há solução

no capitalismo: o movimento é de concentração da renda, de geração de desigualdade e de precarização das condições de trabalho”, avaliou o docente.

Espaço de resistência “A ideia inicial era usar apenas os cartazes, mas avaliamos que era importante termos outras imagens do período que ajudassem a compreensão dos eventos e das condições que criaram um ambiente para o processo revolucionário”, explicou o curador geral da exposição, Carlos Serrano – docente de Ciência Política da UFRJ. “Queríamos mostrar o resultado da revolução, sua influência no

mundo, no Brasil e na própria universidade, quando [a posteriori] tivemos vários militantes da comunidade acadêmica que participaram de organizações revolucionárias, muitos foram torturados, mortos e perseguidos pela ditadura”, disse o professor.


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Docentes de todo o país reúnem-se em Niterói, em julho, para o 62º Conad Lara Abib Da Redação da Aduff

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om o tema “Avançar na unidade e reorganização da classe trabalhadora: em defesa da educação pública e nenhum direito a menos!”, a Aduff-SSind sedia, entre 13 e 16 de julho, o 62º Conselho do Andes-SN (Conad). O evento reunirá docentes de todo o país em Niterói (RJ) para atualizar o plano de lutas da categoria no ano de 2017. A plenária de abertura está marcada para as 10h do dia 13, no Teatro Popular Oscar Niemeyer (Rua Presidente Pedreira 98, Ingá – Niterói). Em reunião da Comissão Organizadora em Niterói, o diretor do Andes-SN Amauri Fragoso de Medeiros ressaltou a importância do evento. “A conjuntura está muito dinâmica, de um dia para outro tudo pode acontecer. Podemos dizer que existe um conluio entre instituições corruptas neste país, que envolve o Congresso, o próprio presidente da República e um Judiciário que dá suporte a tudo isso. É um momento difícil, no qual o sindicato precisa se debruçar e fazer uma leitura da realidade para que possamos encaminhar o que a nossa categoria deseja para o futuro. Vamos discutir as consignas e nossa política de enfrentamento ao Temer”, ressaltou.

Delegação Na assembleia geral realizada no dia 22 de junho, os docentes da UFF referendaram o nome do presidente da Aduff-SSind, professor Gustavo Gomes, como delegado indicado pela diretoria da seção sindical ao 62º Conad. Também deliberaram a participação de 30 professores observadores, com direito a voz. A delegação da Aduff-SSind participará de um seminário preparatório para o Conad, no dia 8 de julho (sábado), requisito para ida ao 62º Conselho. O objetivo é debater o Caderno de Textos e as propostas de resoluções apresentadas aos docentes. O encontro acontecerá na sede da Aduff-SSind (Rua Prof. Lara Vilela, 110, São Domingos – Niterói), de 8h às 17h. Programação Todas as plenárias temáticas do 62° Conad têm acesso aberto aos docentes e serão realizadas no Teatro Popular Oscar Niemayer, entre quinta (13) e domingo (16). São elas: Tema I: Movimento docente e conjuntura: avaliação da atuação do Andes-SN frente às ações estabelecidas no 36° Congresso; Tema II: Avaliação e atualização do plano de lutas: educação, direitos e organização da(o)s trabalhadora(e)s; Tema III: Avaliação e atualização do plano de lutas: setores; Tema IV: Questões organizativas e financeiras e plenária final.

Luiz Fernando Nabuco

Aduff recebe o 62º Conselho do Andes-SN em meio à luta contra reformas, que podem levar a maior retirada de direitos trabalhistas e previdenciários da história

Assembleia dos docentes da UFF, que definiu a delegação ao Conad

Os grupos mistos são restritos a delegados e observadores e acontecerão em salas do Bloco N, no Gragoatá. A programação do Conad também terá apresentações culturais. A Orquestra de Cordas da Grota, de Niterói, apresenta-se na abertura do evento, na quinta de manhã. No mesmo dia, após a plenária do Tema I (com término previsto para 19h30), entra em cena a peça “Bonecas Quebradas”. A festa do 62º Conad, na noite de 14 de julho, no Teatro Popular, contará com apresentações do músico João Donato e da Orquestra Sinfônica Ambulante.

Conad é uma das principais instâncias de debate e deliberação do Andes-SN Para além da sua função política, e como instância de decisão, o Conad em Niterói também é uma oportunidade de os docentes da UFF conhecerem e participarem de um espaço do Andes-SN. É o que observa a diretora da Aduff-SSind e professora da UFF de Santo Antônio de Pádua, Adriana Penna. “Pelo fato de ser em Niterói, o Conad dá mais possibilidade aos colegas da UFF de participarem presencialmente de uma das instâncias mais decisivas e importantes do Sindicato Nacional, sobretudo nessa conjuntura que a gente está vivendo. Digo isso especialmente aos professores dos campi fora da sede, que geralmente acessam os debates do Sindicato através de informes em reuniões ou por documentos e materiais da nossa imprensa”, pontua. Apesar de o evento ter um número limitado de observadores com direito a voz, tanto as plenárias como a festa são abertas a qualquer professor. “Estamos muito contentes de sediar o Conad, sobretudo porque há na UFF muitos docentes que, como eu, ingressaram há pouco tempo na universidade. Geralmente, o primeiro contato que o professor tem com a vida universitária é com a parte institucional, com os regulamentos da universidade, as burocracias. Quando a gente participa de um espaço do Andes-SN, como é o Conad, isso permite que a gente tenha um olhar mais reflexivo e crítico sobre as políticas públicas de Educação, por exemplo. O debate amplia”, destaca Bianca Novaes, diretora da Aduff-SSind e professora da UFF de Friburgo.


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