Associação dos Docentes da UFF
Nova diretoria toma posse na Aduff Assembleia de posse na sede da seção sindical Páginas 4 e 5
Seção Sindical do Andes-SN Filiado à CSP/Conlutas
Junho (1ª quinzena) de 2016 www.aduff.org.br
Muhhamad Ali, gigante no ringue e na vida Página 8 – Veja em Notas da Aduff
Servidores enfrentam governo Temer Fotos: Luiz Fernando Nabuco
Docentes da UFF aprovam indicativo de paralisação para 16 de junho e vão à Marcha em Defesa da Educação, que abre o II ENE, em Brasília. Conjunto dos servidores tem pressa na mobilização para deter projetos que derrubam direitos e reduzem os serviços públicos – medidas antes defendidas por Dilma e que o governo interino quer aprofundar e acelerar. Página 3 e Editorial na página 2
CONTRA A CULTURA DO ESTUPRO – Milhares de mulheres tomaram as ruas do Rio (foto) e de dezenas de cidades do país após o caso da adolescente que sofreu estupro coletivo, em manifestações já apontadas como as maiores da história do movimento feminista no país. Página 6
Assembleia dos docentes da UFF para decidir a paralisação
Dia 14 de junho, às 15h, no campus Gragoatá
2
Junho (1ª quinzena) de 2016 • www.aduff.org.br
Editorial
Jornal da ADUFF
AGENDA
O
momento em que esta diretoria assume esta seção sindical é dos mais difíceis à classe trabalhadora nos últimos anos. O recente governo Temer (PMDB) abriu uma nova conjuntura na crise brasileira, assumindo interinamente a presidência sem apoio popular, marcado por denúncias de corrupção de representantes de seus ministérios, alguns afastados em tempo recorde. A composição e a reorganização dos ministérios, com a extinção de alguns deles, com destaque àqueles ligados ao combate às opressões, geraram profundas críticas e mobilizações de movimentos sociais, como as que foram produzidas pelos setores ligados à Cultura. O ministro da Educação, Mendonça Filho, que não possui relação com a área, já recebe manifestações de entidades acadêmicas e sindicais exigindo a sua saída do cargo. Dentre o conjunto de medidas autoritárias levadas a cabo pela maior autoridade nacional no campo da educação, destaca-se a grande repercussão da audiência concedida ao ator Alexandre Frota, que acumula em seu currículo a incitação ao crime de estupro em redes sociais, como representante do movimento reacionário “Escola Sem Partido”, que defende a censura de “temas políticos” no processo educativo. O conteúdo dessa visita deve nos causar maior repúdio que a personalidade de seu porta-voz. A crise política aberta há mais tempo, pelo menos desde as jornadas de junho de 2013, e a crise econômica, própria da economia capitalista que, de tempos em tempos, anuncia a sua inviabilidade social, mostram-se uma combinação orgânica explosiva a depositar sobre os ombros dos trabalhadores os ajustes fiscais, a intensificação da exploração e o descarte de grandes contingentes humanos com o aumento do desemprego e da precarização do trabalho.
Fora Temer, todos os corruptos e os reacionários do Congresso! Greve Geral para derrotar as contrarreformas! Por um governo dos trabalhadores! Temer demonstra, em pouco tempo, que terá dificuldades para governar e apresentar-se como solução à crise em curso. O que importa à burguesia é que a agenda de retirada de direitos dos trabalhadores retome o curso e a intensidade que marcaram os últimos governos petistas, agora interrompido pela crise política, e adquira novo fôlego para a realização das privatizações, das reformas trabalhistas, com urgência para a chamada reforma da Previdência, corte de recursos aos serviços sociais e aumento de impostos.
Para os trabalhadores só há um caminho: o de reorganização das lutas, de unificação do campo popular e sindical e de construção de grandes mobilizações contra os governos, os patrões e os ataques a direitos. As ocupações das escolas pela juventude apontam e estimulam novas ações nessa direção, assim como as ocupações de fábricas e prédios sem uso social, mobilizações contra as opressões, como os atos “Por Todas Elas” contra a violência do estupro, além das greves que buscam resistir ao crescente desemprego no Brasil, com dad o s o fi c i a i s (IBGE) que já ultrapassam os 10%, atingindo cerca de 12 milhões de trabalhadores. São essas as apostas que a CSP-Conlutas, o Espaço Unidade de Ação e o Andes-SN fazem a fim de defender os direitos dos trabalhadores na atual conjuntura, com a perspectiva de uma saída para a crise que tenha os trabalhadores e a juventude como protagonistas. No que diz respeito aos serviços públicos é urgente combater o PLP 257/2016 e, do ponto de vista da política educacional, é fundamental a participação no II Encontro Nacional de Educação que ocorrerá entre os dias 16 e 18 de junho, em Brasília, para análise, formulação e disputa de um projeto de educação exclusivamente pública. Na UFF é urgente a luta pela democracia, frontalmente atacada pela atual gestão, sendo o caso mais emblemático o método de aprovação do contrato de gestão com a Ebserh. Nossas tarefas de combate à barbárie do capital, ao combate à mercantilização da educação e da vida avolumam-se e só com unidade na luta seremos capazes de enfrentá-las.
Junho 14 - Assembleia geral dos docentes da UFF, para decidir sobre proposta de paralisação de 24h no dia 16 - Faculdade de Economia, Bloco F, campus do Gragoatá, às 15h. 16 - Manifestações em Brasília da Educação e do funcionalismo contra as reformas que retiram direitos. 16 a 18 - II Encontro Nacional de Educação – (ENE) – “Por um Projeto Classista e Democrático de Educação” - Universidade de Brasília (UnB) – Brasília (DF) 30/06 a 03/07 - 61º Conad do Andes-SN, com o tema central “Defesa dos Direitos Sociais, da Educação e Serviços Públicos” - Universidade Federal de Roraima – UFRR. 30 - Início do 61º Conad, em Boa Vista (RR), com o tema “Defesa dos Direitos Sociais, da Educação e Serviços Públicos”.
Aconteceu Junho 6 - Ato de professores e educadores em apoio às ocupações de estudantes no ensino médio, na ABI. 2 – Protesto defende ‘Fora Temer’, na Cantareira, em Niterói. 1 - Ato “Por Todas Elas”, contra a cultura do estupro, na Candelária (RJ).
Maio 31 - Cine Debate “Viagem à Venezuela”, produzido de forma independente por Danilo Spinola Caruso (IFRJ/UFF) e João Braga Arêas (Colégio Pedro II/UFF). 27 - Ato em frente ao Clube Português repudia a presença do deputado Bolsonaro em Niterói. Luiz Fernando Nabuco
Reorganizar, lutar e construir uma saída dos trabalhadores para a crise
23 - Posse da Diretoria e do CR da Aduff.
Associação dos Docentes da UFF
Presidente: Gustavo França Gomes • 1º Vice-Presidente: Gelta Terezinha Ramos Xavier • 2º Vice-Presidente: Juarez Torres Duyaer • Secretário-Geral: Kate Lane Costa de Paiva • 1º Secretário: Douglas Ribeiro Barbosa • 1º Tesoureiro: Carlos Augusto Aguilar Junior • 2º Tesoureiro: Edson Teixeira da Silva Junior • Diretoria de Comunicação (Tit): Kenia Aparecida Miranda • Diretoria de Comunicação (Supl): Marcio José Melo Malta • Diretoria Política Sindical (Tit): Adriana Machado Penna • Diretoria Política Sindical (Supl): Bianca Novaes de Mello• Diretoria Cultural (Tit): Renata Torres Schittino • Diretoria Cultural (Supl): Ceila Maria Ferreira Batista • Diretoria Acadêmica (Tit.): Antoniana Dias Defilippo Bigogmo • Diretoria Acadêmica (Supl): Elza Dely Veloso Macedo
Seção Sindical do Andes-SN
Editor Hélcio L. Filho Jornalistas Aline Pereira Lara Abib
Filiado à CSP/Conlutas
www.aduff.org.br Biênio 2016/2018 Gestão ADUFF em Movimento: de Luta e pela Base
Projeto Gráfico e diagramação Gilson Castro
Imprensa imprensa.aduff@gmail.com Secretaria aduff@aduff.org.br
Sítio eletrônico www.aduff.org.br Facebook facebook.com/aduff.ssind
Rua Professor Lara Vilela, 110 - São Domingos - Niterói - RJ - CEP 24.210-590 Telefone: (21) 3617.8200
Twitter twitter.com/aduff_ssind Impressão Gráfica O Globo - 10 mil exemplares
Jornal da ADUFF
3
Junho (1ª quinzena) de 2016 • www.aduff.org.br
Marcha em Brasília defenderá educação pública e direitos ameaçados Atos no II Encontro Nacional de Educação e nos estados unirá os setores contrários a Temer e a todos que tentam jogar sobre os trabalhadores o custo da crise Hélcio Lourenço Filho Da Redação da Aduff
O
s servidores públicos federais pretendem fazer no dia 16 de junho a maior manifestação da categoria desde que o presidente interino Michel Temer (PMDB) assumiu a Presidência da República. O dia nacional de protestos com paralisações defenderá direitos previdenciários e trabalhistas ameaçados e a rejeição de propostas que definhem os serviços públicos. É o caso do PLP 257/2016 e do teto para gastos públicos. Haverá atos nos estados e centralizado na capital federal. Na UFF, assembleia dos
professores convocada pela Aduff-SSind aprovou o indicativo de paralisação de 24 horas nessa data – a ser confirmado na assembleia de 14 de junho. O dia de mobilizações coincide com o início, em Brasília, do II Encontro Nacional da Educação, evento que reunirá gente de todo o país para construir a resistência do setor. A Marcha em Defesa da Educação, com servidores de outras áreas, abrirá o encontro. Há simbolismo nessa unificação em torno da educação, um dos setores mais visados por Temer nesses 30 dias. Sinais de um governo con-
servador que, na esfera econômica, tenta se mostrar credenciado para aprofundar e levar adiante medidas que a presidente Dilma Rousseff já vinha defendendo – caso do PLP 257, das reformas constitucionais e da desvinculação de 30% das receitas, aprovada na Câmara e que significará menos dinheiro na educação e na saúde. É, porém, um governo que tem pressa em aprovar tais medidas, talvez até pelos problemas que já enfrenta. Em 20 dias, perdera dois ministros por denúncias de corrupção.
Câmara aprova projetos salariais sem abrir espaço para negociação (Andes-SN) por ampliar as distorções. Os projetos foram para o Senado Federal, onde chegaram em meio ao vazamento da informação de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encaminhou ao STF o pedido de prisão de três nomes da cúpula do PMDB – Renan Calheiros (AL), presidente do Senado, o senador Romero Jucá (RR) e o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Pediu ainda o uso de tornozeleira para o ex-presidente da República José Sarney. Todos são acusados de envolvimento na corrupção na Petrobras. Pouco depois do vazamento da informação, Renan adotou um discurso de preocupação com o reajuste diante da crise econômica e do suposto rombo orçamentário e ameaçou travar os projetos.
n o p o d e r. Na recente ocupação do Ministério da Saúde, no Rio, alguém disse que em três meses os trabalhadores correm o risco de perder conquistas de seis décadas. A mobilização de 16 de junho integra os esforços para impedir que isso aconteça.
Ocupações de escolas prosseguem e já se veem vitoriosas Escolas públicas estaduais seguem ocupadas, apesar da decisão contrária da Justiça. Mas mesmo nos colégios em que os alunos preferiram encerrar essa etapa do movimento, o sentimento é de vitória. É o caso do Visconde de Cairu, no Méier, que marcou a data com assembleias e de-
bates que reuniram centenas. “A ocupação foi de negros, gays, mulheres e favelados”, disse o aluno Douglas Santana. Destacaram a mudança na vida individual e coletiva e conquistas como a eleição para diretor e debate pedagógico. À noite, ato organizado por professores leu manifesto em
apoio às ocupações. A professora Kênia Miranda, da Educação da UFF, representou a Aduff-SSind. “O entusiasmo que vocês nos têm dado é enorme, nos ajuda pensar um projeto de educação que deve ser construído por nós. Chega de empresários e governos dizerem como deve ser a educação”, disse.
Samuel Tosta
A Câmara dos Deputados aprovou 16 projetos salariais referentes a servidores federais – a maioria decorrente das greves de 2015, entre eles o PL 4251/2015, da educação. Não houve reabertura de negociação, o que faz com que a proposta seja igual ao formato em que o então governo de Dilma Rousseff deu como final em meio à greve passada. O projeto prevê duas parcelas de reajuste, em agosto próximo e em janeiro de 2017. Os percentuais representam, respectivamente, 5,5% e 5% sobre a folha salarial total do setor – percentuais que não repõem as perdas salariais acumuladas e menos ainda as futuras. Há ainda três etapas de reestruturação da carreira em 2017, 2018 e 2019, sempre em agosto. Esse é o ponto mais criticado por docentes e pelo Sindicato Nacional
Áudios vazados da Polícia Federal mostram a cúpula do PMDB falando em derrubar o governo e em deter a Operação Lava-Jato. O que parece estar claro é que Temer aposta no cumprimento dessa agenda de cortes para se consolidar
Alunos na ocupação do Colégio Estadual Visconde do Cairu
4
Junho (1ª quinzena) de 2016 • www.aduff.org.br
Nova diretoria defende atuação coletiva para enfrentar ‘tempos difíceis’ Comunidade acadêmica precisa tomar para si defesa de projeto para universidade, disse novo presidente na assembleia de posse Aline Pereira Da Redação da Aduff
“A
defesa de uma universidade pública, gratuita, laica e de qualidade é o que nos unifica. Sabemos que a conjuntura demanda que estejamos atentos e mobilizados para fazer o enfrentamento necessário nesses tempos difíceis”, disse Gustavo Gomes, professor do curso de Serviço Social, eleito presidente da Aduff-SSind, na assembleia posse da direção e do conselho de representantes da seção sindical para o biênio 2016-2018. Durante a cerimônia, no dia 23 de maio, o diretor destacou a importância do sindicato como um polo de resistência, o que exigirá ampla unidade entre os três segmentos da instituição. “É necessário que o corpo acadêmico, os técnicos e os alunos tomem para si a defesa de um projeto de educação, construído arduamente ao longo de gerações. Estamos aqui porque companheiros jovens há mais tempo
lutaram muito pela universidade pública. Somos parte dessa militância”, disse, defendendo diálogo com os movimentos sociais. “Temos a capacidade enfrentar o que está por vir nesses tempos sombrios”. Gustavo Gomes enfatizou que a saudação de posse era um convite à mobilização frente ao avanço de propostas que retiram ainda mais direitos previdenciários, trabalhistas e sociais, a exemplo do Projeto de Lei Complementar – PLP 257, em trâmite na Câmara dos Deputados, como apêndice da proposta de reforma fiscal do Executivo. Esse projeto, que amplia os cortes no setor público, visa, entre outras medidas, o congelamento de salários, a suspensão de concursos e o aumento da alíquota da contribuição previdenciária. “Não é um atentado somente ao funcionalismo ou ao Regime Jurídico Único; o que está em jogo é a redução de direitos sociais em um país desigual como o Brasil”, disse o presidente da seção sindical.
Defesa da democracia e críticas à privatização via Ebserh Gustavo Gomes, que foi vice-presidente da Aduff-SSind no biênio 2014-2016, disse que a atual gestão tem a responsabilidade de continuar a luta por respeito às instâncias democráticas no âmbito universitário, criticando o processo que culminou com a privatização do Hospital Universitário Antônio Pedro, que foi entregue à Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares). “Assim que Sidney Mello assumiu a reitoria na UFF, nos reunimos com ele, que se comprometeu a não encaminhar o assunto sem garantir o mínimo de debate com a comunidade universitária”, disse. Segundo o diretor do sindicato, o reitor não cumpriu a palavra ao adotar medidas que levaram ao contestado convênio entre a UFF e a Ebserh, como votações pela internet, esvaziamento de sessões do Conselho Universitário e falta de transparência do Conselho Deliberativo do Huap.
Houve também desrespeito à decisão da Justiça que garantia o direito de ampla participação pública no CUV Extraordinário, convocado para o prédio da Imprensa Oficial – longe do espaço acadêmico e cercado de forte aparato policial. O reitor conduziu o regime de votação sem contagem de votos, enquanto estudantes barrados do lado de fora eram agredidos pela polícia. Minutos após o termino daquela sessão do CUV, a Reitoria afirmava em nota que a “democracia havia vencido”. Foi pelas páginas do jornal “O Globo” que a comunidade universitária soube que o professor Tarcísio Rivelo – diretor do Huap há vários anos, presidente do conselho deliberativo da unidade e defensor do convênio com a Ebserh – tornou-se, previsivelmente, o superintendente da referida empresa na UFF.
‘É bom ver que não estivemos sozinhos’, disse direção que encerra gestão Renata Vereza, professora do curso de História, despediu-se da presidência da Aduff destacando que os principais feitos da gestão 2014-2016 foram frutos de um trabalho coletivo. Entre os avanços, citou a atuação colegiada da direção, a ampliação da presença do sindicato nos campi fora da sede, a luta pela progressão na carreira, a campanha contra a Ebserh, e a mais longa greve da história da categoria. “Muito bom ver que não estivemos sozinhos. Somos muitos! A diretoria e o conselho de
representantes da Aduff vão precisar ter esse apoio”, disse a docente. De acordo com Renata, todos os professores deveriam ter a experiência de contribuir, participando da direção do sindicato, o que enriquece a percepção que se tem da universidade. “Estar à frente da Aduff permitiu que eu tivesse outra visão da UFF, do que é a instituição, de quem é a categoria, pois foi possível conhecê-la como todo, mais integrada e orgânica. A UFF não é um conjunto de caixinhas”, disse. (AP)
Jornal da ADUFF
5
Junho (1ª quinzena) de 2016 • www.aduff.org.br Fotos: Luiz Fernando Nabuco
Jornal da ADUFF
“Pretendemos convocar mais reuniões do CR para pautar as ações da diretoria da Aduff” Lara Abib Da Redação da Aduff
A
Durente a posse, Gustavo Gomes, presidente da seção sindical, criticou a falta de democracia na Universidade e o processo de privatização do Huap pela Ebserh
Direção do Sindicato para o biênio 20162018 conclama à unidade na luta para enfrentar projetos conservadores que afetam trabalhadores e Universidade
Eleitos para o conselho de representantes da Aduff, professores sinalizam desafios da multicampia e apostam na integração com docentes de várias unidades da instituição
afirmação é de Gustavo Gomes, cujo primeiro ato após assumir a presidência da Aduff-SSind foi dar posse ao novo Conselho de Representantes (CR) da seção sindical, biênio 2016-2018. Nesse primeiro momento, 17 unidades indicaram e elegeram representantes para compor o Conselho de Representante do sindicato. A nova gestão antecipou que, em breve, publicará novo edital para eleger representantes nas unidades restantes. “A presença desses conselheiros vai ser importante para mobilizar a categoria a resistir e conquistar direitos”, ressaltou o novo presidente da Aduff-SSind. A conselheira da Faculdade de Odontologia de Nova Friburgo, Priscila Starosky, disse que é preciso avançar na integração ainda limitada com as outras unidades fora de sede. “O panorama da UFF é difícil, de uma história de Reuni e precarização da expansão universitária. Diante da continuidade dessa precarização, é fundamental compor o Conselho de Representantes do sindicato, interagir com o conjunto dos docentes e construir diálogos e lutas”, disse à reportagem. O representante sindical da
Faculdade de Educação de Pádua, Ivan Ducatti, concorda. “A UFF é muito grande e, infelizmente, o número de não sindicalizados também. O desafio é reverter esse quadro e fazer um trabalho com o docente para que ele supere esse medo do sindicato e comece a atuar. Se não nos unirmos, a política de precarização só tende a aumentar. Temos que trabalhar no sentido de fazer uma universidade grande mesmo, e não uma universidade do interior que segue uma lógica de ‘política pobre para a pobre’“, declarou. A professora Maria Cecília Sousa de Castro, que integra o CR representando o Colégio Universitário Geraldo Reis (Coluni), destacou a importância dos professores do colégio federal da UFF ocuparem os espaços do sindicato. “As conquistas do Coluni vieram muito marcadas pela greve e pela maneira que nós professores nos colocamos nesse espaço de diálogo com as demandas da universidade. Nossas pautas são bem específicas, por isso a gente acredita que a Aduff-SSind é um espaço que a gente precisa compor. Acho que meu papel como representante é não só ajudar no trabalho do sindicato, mas trazer essas especificidades para o debate”, disse.
Entidades defendem aliança da Aduff com movimentos sociais Representantes de entidades dos movimentos sindical e social prestigiaram a posse da nova diretoria da Aduff-SSind. A professora Regina Ferraz parabenizou, pelo Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro, a diretoria que tomava posse. “A nossa luta é uma só. Que a gente se junte cada vez mais neste momento crítico que vivemos”, disse, referindo-se à conjuntura política e às ameaças a direitos democráticos e dos trabalhadores. Também estiveram presentes representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFF (Sintuff); do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST); do Sindicato dos Profissionais da Educação do Estado do Rio (Sepe-RJ); da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa no Serviço Social (Abepss); da Associação dos Professores Inativos da UFF (Aspi UFF); do mandato deputado estadual Flavio Serafini (Psol) e representantes do PSTU.
6
Junho (1ª quinzena) de 2016 • www.aduff.org.br
Jornal da ADUFF
Culpa nunca é da vítima, dizem mulheres contra cultura do estupro Ato “Por todas elas” protesta contra machismo e cultura do estupro após caso da adolescente de 16 anos; houve manifestações em 16 estados e 70 cidades
‘Machismo o tempo inteiro’
Lara Abib Da Redação da Aduff
“T
odas contra a cultura do estupro! A culpa nunca é da vítima; não é não!” foi o mote do ato que levou cerca de dez mil pessoas às ruas do centro do Rio de Janeiro, na noite do dia 1º de junho. A manifestação, convocada e construída por mulheres, foi uma resposta ao caso da adolescente de 16 anos estuprada por 33 homens na cidade do Rio. Os agressores gravaram e divulgaram um vídeo com imagens do estupro e publicaram nas redes sociais; o caso repercutiu internacionalmente. Dados oficiais, provavelmente subnotificados, indicam que uma mulher é estuprada no Brasil a cada 11 minutos. Nas ruas, elas deixaram o recado: “a culpa nunca é da vítima”. Denunciaram o machismo como principal culpado pela violência contra as mulheres e criticaram a tentativa de aprovação no Congresso Nacional de projetos de leis que trazem retrocesso à luta das mulheres, como o PL 5069/2013, de autoria do ex-presidente da Câmara dos Deputados e réu da Lava-Jato, Eduardo Cunha (PMDB), que tenta complicar o acesso ao aborto em casos de estupro, um dos dois casos em que o aborto é legal no país (o outro é em caso de risco à gestante). No ato, as manifestantes se posicionaram contra a criminalização da interrupção da gravidez no país e pela legalização irrestrita do aborto. “O corpo é nosso, é nossa escolha, é pela vida das mulheres”, cantavam.
Interne t
Foto s:L u i z Fer nan
o
Eloísa Samy, advogada que acompanhou a vítima em seu depoimento à polícia
ab uc
“Quero agradecer cada uma e todas as mulheres que apoiaram o meu grito pelo afastamento do delegado Alessandro Thiers do caso; sem vocês isso não teria acontecido. A vítima adolescente apareceu na mídia, foi um caso de comoção e repercussão internacional, mas há mais de um ano eu cuido de mulheres em situação de violência e em situação de risco e elas não aparecem na imprensa. São casos tão graves quanto o dessa adolescente. Todas nós sabemos a dificuldade que é levar uma denúncia na delegacia por violência física e sexual. A atitude machista e misógina desse delegado serviu para mostrar como é o descaso das autoridades, que não é prioridade para esse governo combater a violência contra a mulher.”
do N
‘Elas não aparecem na imprensa’
‘Desconstruir o machismo’ “Nossa escola está ocupada há quase dois meses e esses debates acontecem por lá todos os dias. Homem não quer entrar na cozinha, não quer lavar banheiro porque diz que é trabalho de mulher. Um menino a gente conseguiu colocar na cozinha porque o resto dizia ‘não, isso aí você que tem que fazer’. É um trabalho muito intenso de desconstrução todos os dias para as pessoas entenderem coisas simples como ‘não são só as meninas que têm que limpar a escola’. Por que a mulher não pode também ficar na segurança? A gente coloca mulher na segurança sim, a gente coloca homem na cozinha sim, a gente coloca homem para lavar banheiro!” Ana Luíza Meirelles, estudante secundarista do Colégio Estadual Chico Anysio
“A mídia colabora com a construção e com o reforço da cultura do estupro. As novelas mostram cenas de assédio como um jogo de sedução e não como violência. A insistência como algo positivo e não como algo que faz parte, se não do estupro em si, da cultura do estupro - entendida como um conjunto ideias e valores compartilhados que coloca as mulheres como objetos, primeiro passo para que sejam alvo de violência. A maior parte do jornalismo se coloca no papel de duvidar da vítima. Na cobertura desse caso específico, muitos jornais noticiaram um suposto envolvimento com o tráfico ou a presença em bailes funks para colocar a vítima numa situação moralmente negativa, como se isso justificasse a agressão. Na publicidade, a gente vê machismo o tempo inteiro. Temos uma mídia com um discurso quase único e isso tem tudo a ver com a concentração midiática. Se houvesse mais meios de comunicação e mais diversos, poderíamos ter outras visões sobre a mulher e sobre as questões de gênero; isso colaboraria para a gente disputar essa visão subjugada da mulher.”. Mônica Mourão, da coordenação executiva do Coletivo Intervozes, que luta pelo direito humano à comunicação
‘Uma tragédia apaga a outra’ “Estamos na rua porque esse é o nosso lugar. Direitos humanos é muito mais do que o povo fala por aí, que é defesa de bandido. A gente está na luta defendendo as mulheres da Maré, está na luta pela Raíza, a menina que foi encontrada assassinada, estuprada e esquartejada na Região dos Lagos. Infelizmente, nessa cidade, uma tragédia vai apagando a outra e nem todos os veículos deram destaque ao caso dela. Raíza, como muitas de nós aqui, estava frequentando a ocupação da escola em Cabo Frio, frequentando escolas em Arraial do Cabo. Na noite de sábado para domingo, amigos tiveram contato com ela por volta das 5h da manhã. De segunda para terça, seu corpo foi encontrado. Na quarta, a mãe enterrava a filha de 21 anos, idade dessa juventude que está no ato hoje. Nosso lugar é na rua para dizer que basta estar na escola, no metrô, no dia a dia, nas ruas: as mulheres estão sendo estupradas o tempo todo! Não é pela roupa, não é pelo funk, não é pelo forró ou pelo samba. É o machismo e a cultura de estupro que precisam acabar!” Marielle Franco, Coordenadora da Comissão dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj
7
Junho (1ª quinzena) de 2016 • www.aduff.org.br Luiz Fernando Nabuco
Jornal da ADUFF
Estudantes da Rural e do movimento “Me Avisa Quando Chegar” participam da passeata das mulheres na Presidente Vargas, no dia 1º de junho
Jovem da Rural que se matou foi vítima da cultura do estupro, diz colega Estudantes dizem que aluna que se matou em maio foi mais uma vítima da cultura do estupro; agressor não foi punido Aline Pereira Da Redação da Aduff
T
rês anos após ter sido estuprada por um colega de graduação no alojamento estudantil do campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), a jovem Isadora Cezar da Silva, de 23 anos, do curso de Educação Física, se suicidou no último dia 26 de maio, a mesma semana em que veio a público o caso da adolescente que sofreu estupro coletivo na Zona Oeste do Rio. Isadora é mais uma das vítimas da violência contra as mulheres no campus de Seropédica, na Baixada Fluminense. Estudantes têm se organizado e se mobilizado contra a falta de segurança na instituição, reivindicando posicionamento e providências da administração central para os crimes de abuso sexual que ocorrem com frequência na UFRRJ.“Entendemos que Isadora não se suicidou, mas que foi assassinada pela cultura do estupro e pelo silenciamento da universidade com os nossos corpos. O corpo administrativo da Reitoria, que não está olhando pelas nossas pautas”, lamentou Amanda Souza, do Coletivo de Mulheres Negras Alice Bruno, da UFRRJ, durante o ato “Por Todas Elas”, no dia 1º de junho.
Críticas à Reitoria De acordo com estudantes da UFRRJ, o campus de Seropédica é o segundo maior do Brasil, com mais de três mil hectares pouco iluminados, de acessos não monitorados que se tornam fáceis rotas de fuga. É deficitário em relação ao transporte interno, e não tem número suficiente de vigilantes para dar conta de sua dimensão – o cargo foi extinto pelo Ministério da Educação em 1998, impossibilitando, segundo a Reitoria da UFRRJ, a realização de novos concursos públicos para a área. Torna-se ainda mais perigoso para as estudantes do curso noturno, que se deslocam, muitas vezes a pé ou de bicicleta, praticamente na penumbra, para o alojamento feminino. “A Reitoria publicou uma nota fria, que demonstra que não pensa em nós enquanto mulheres; está mais preocupada com paredes e prédios históricos do que com nossos corpos”, lamentou Amanda. Em duas linhas na página institucional da UFRRJ, a Reitoria formalmente lamenta a morte da estudante e diz estar solidária aos familiares da vítima. Informa que Isadora tinha trancado a matrícula recentemente. Não diz, porém, que para estudar ela
corria o risco constante de cruzar com seu agressor pelos espaços universitários. Ele foi repreendido formalmente nos termos do Código Disciplinar do Aluno, desligado do alojamento, mas permaneceu frequentando a graduação. “Ficou implícito que eles [a Reitoria] estavam retirando a responsabilidade das costas da universidade. Começamos de novo a nos reconstituir depois desse baque, que foi a morte da Isadora”, disse Amanda.
‘Avisa quando chegar...’ Durante a semana, as estudantes realizaram um ato em frente ao Bandejão, que contou com a participação dos familiares das vítimas,
professores e alunos de vários cursos da universidade. Eles caminharam até o curso da Educação Física, cobrando providências da Reitoria da UFRRJ. Formanda em Geologia, Suelem Predes participou do ato e afirmou que a impunidade é regra. “As vítimas são escrachadas de todas as formas e nada é feito com o agressor; é a vítima que tem que deixar a universidade, enquanto os agressores andam livremente por aí”, disse a estudante, que integra o movimento “Me Avisa Quando Chegar”, página criada nas redes sociais. “Que os abusadores sejam punidos”, complementou.
Aduff: debate sobre violência de gênero deve ser prática pedagógica Integrantes da direção da Aduff-SSind e docentes da universidade estiveram presentes no ato realizado dia 1º de junho, na Candelária, como uma forma de se posicionar contra a cultura do estupro e o machismo na sociedade. A direção da seção sindical também elaborou moção de repúdio ao estupro coletivo sofrido por uma jovem de 16 anos, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, no dia 25 de maio, amplamente noticiado pela mídia. A nota afirma que a vítima nunca tem culpa e que é o machismo e a cultura do estupro que precisam ser cotidianamente combatidos. A moção sustenta ainda que é papel do sindicato docente “combater essa e qualquer tipo de prática opressora, incentivando que o debate sobre violência de gênero faça parte das práticas pedagógicas cotidianas em nossos espaços de trabalho, de atuação e em todas as instâncias da sociedade. Somente assim, por meio de uma educação laica, gratuita e de qualidade, poderemos lutar contra a opressão de gênero e a cultura do estupro, que violenta e mata mulheres todos os dias”.
8
Junho (1ª quinzena) de 2016 • www.aduff.org.br
Jornal da ADUFF
Notas da Aduff
Adeus ao lutador
Divulgação
jornalista Caê Batista, após assistir a "I am Ali". Também trouxe recordações. “A luta contra Foreman na África é uma lembrança eterna na minha memória afetiva e por tudo que representou a presença dele no continente, com show do Brown e o escambau”, disse o compositor e sambista Luiz Carlos Máximo, ao recordar a luta que assistira na infância ao lado do pai. Houve quem criticasse a mídia.“É incrível. Muhammad Ali era um lutador, um rebelde e um insolente, lutou por justiça histórica e reparação, amigo de Malcolm X e dos Panteras Negras. Mas o Jornal Nacional o retrata como um pacifista sem conteúdo, íntimo dos altos círculos de poder, uma espécie de Pelé do boxe”, disse Henrique Canary.
Fora Ebserh A sessão do Conselho Universitário (CUV) de 25 de maio teve ato de estudantes e servidores pela revogação do contrato com a Ebserh, empresa a quem a Reitoria cedeu o Huap. O diretor do hospital, Tarcí-
sio Rivello, agora superintendente da empresa, foi vaiado. A Ebserh está sem presidente – Newton Neto foi exonerado por Temer. Ninguém foi nomeado. O interino que assumiu o cargo na empresa está de férias.
Saúde para quem Depois de dizer que é preciso rever o “tamanho do SUS”, o ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP), recuou. Barros foi vice-líder dos governos Lula e Dilma na Câmara. No final do governo Dilma, chegou a ser cotado para a pasta, que agora assumiu na gestão
interina de Temer. Não é especialista da área. A experiência que tem é de ter o empresário Elon Gomes de Almeida como maior doador individual de sua campanha eleitoral. Sócio do Grupo Aliança, administradora de planos de saúde, ele doou R$ 100 mil.
Fotos: Luiz Fernando Nabuco
A morte do campeão mundial de box Muhammad Ali fez gente jovem que pouco o conhecia descobri-lo. “Que sujeito fantástico foi esse Muhammad Ali”, escreveu nas redes sociais o
Viagem na Praça
O filme “Viagem à Venezuela” foi exibido na sessão do Cine-Debate da Aduff-SSind na Praça da Cantareira, em Niterói, na noite de terça-feira (31). Produção independente de uma década atrás, o
SOS Uenf A comunidade da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf ) faz campanha em defesa da instituição, denunciando as dificuldades agravadas pelo corte no orçamento. A Aduenf diz que já foram coletadas mais de 15 mil assinaturas, em documento que será entregue ao governador, juntamente com os sindicatos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e da Universidade Estadual da Zona Oeste (Uezo), no Palácio Guanabara. A data será divulgada em breve.
documentário é dos historiadores Danilo Spinola Caruso (IFRJ/UFF) e João Braga Arêas (Colégio Pedro II/ UFF). As sessões de cinema na praça, seguidas de debate, acontecem uma vez por mês.
Áudios Numa das gravações que vazaram da Polícia Federal, o presidente do Senado insinua que o atual ministro da Educação, Mendonça Filho, estaria muito envolvido em corrupção. Renan chama o ministro de Mendoncinha.
Mais essa A Reitoria agora ataca a jornada de 30h dos técnicos. Pelo teor de comunicado, quer usar uma decisão do TRF, da qual faz a pior leitura possível para os servidores, para tentar instalar pontos eletrônicos e impor as 40 horas.
A ‘escola’ por trás de Frota
Fora Bolsonaro Indignação. É a palavra que define como professoras da UFF e UFRJ reagiram à visita de Jair Bolsonaro a Niterói. Ele foi recebido no Clube Português com protesto, reprimido com gás de pimenta e truculência pela PM. Hostilizadas na página do Clube Português, as professoras divulgaram manifesto no qual criticam a presença do “caricato fascista em Niterói”, que pode ser lido no site da Aduff-SSind.
Por trás da audiência que o ator pornô Alexandre Frota teve com o ministro da Educação, Mendonça Filho, está o projeto Escola Sem Partido, que criminaliza o ato de lecionar. Os representantes do movimento usam o ator – que já narrou na TV o estupro que teria cometido contra uma mãe de santo, depois negado – como garoto-propaganda do projeto, já aprovado em Alagoas. Na
mesma semana em que os recebeu, Mendonça negou audiência ao colegiado de reitores das escolas federais e a dirigentes sindicais da educação.