Greve - O que os estudantes tem a ver?

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Aos estudantes da UFF

Professores fazem greve em defesa da Universidade publica

Foto: Andrew Costa

Os professores reunidos na Assembléia Geral da ADUFF, na quinta-feira,

dia 17, no campus do Gragoatá aprovaram a deflagração da greve a partir da terça-feira, dia 22. A pauta da greve dos professores federais tem dois pontos: a) reestruturação da carreira docente, prevista no Acordo 04/2011, descumprido pelo governo federal, com valorização do piso e incorporação das gratificações; b) valorização e melhoria das condições de trabalho docente nas instituições federais de ensino superior (IFES). O primeiro ponto de pauta parece ser específico dos docentes, mas acreditamos que a reestruturação da carreira docente tem implicação direta na melhoria da formação discente, pelos seguintes motivos, entre outros: 1) com o rebaixado piso salarial a carreira docente se torna cada vez menos atrativa. Atualmente o piso salarial de um professor 20h é de R$ 557,51; e 2) a proposta do governo de manutenção da classe de titular fora da carreira e a avaliação diferenciada para ascensão a classe de professor associado, tem por base a produtividade o que im-


plica que o professor se dedique cada vez mais à pós-graduação e não à graduação, tendo que se submeter aos critérios de produtivismo (diferente de produtividade), impostos pelos órgãos de fomento. O segundo ponto de pauta é diretamente relacionado a todos os segmentos da universidade: docentes, servidores técnico-administrativos e estudantes. E é por isso que o processo de mobilização precisa ser unificado.

Precarização das condições de trabalho e de estudo Vivemos um processo de expansão das Universidades federais que levou à precarização das condições de trabalho, com turmas lotadas, aulas em contêineres e em porões, professores sobrecarregados com excesso de disciplinas e de orientações na graduação e na pós-graduação, ausência de laboratórios, salas de aula para mais de cem alunos, prédios construídos precariamente. O tripé, que deveria ser a base da formação na Universidade ensino, pesquisa e extensão - está sendo desmon-

tado, e a Universidade vai se transformando rapidamente em “escolão”. Além disso, não existe uma política de assistência estudantil. O bandejão é absolutamente insuficiente para atender à demanda dos estudantes, e a moradia estudantil, praticamente insignificante. O número de bolsas também é inexpressivo. O processo de interiorização da UFF e de outras universidades federais não foi acompanhado das necessárias medidas para garantir a permanência do estudante na universidade. Em Rio das Ostras, os alunos estudam há sete anos em contêineres, o Serviço de Psicologia Aplicada (SPA) não funciona e a moradia estudantil está fechada, apesar da obra estar concluída há mais de 1 ano. Equipamentos adquiridos para o campus de Nova Friburgo ainda estão parados em Niterói. Em Pádua, o terreno destinado ao bandejão foi usado na construção de um campo de futebol por um vereador. Em Itaperuna, muitas das cadeiras


utilizadas em salas de aula são infantis. No Hospital Universitário Antônio Pedro, os estudantes fazem “vaquinha” para comprar remédios que faltam para os pacientes. É fundamental construirmos uma greve forte, que pare a Universidade e que mobilize os três segmentos (professores, técnicos e alunos), mostrando nossa indignação e insatisfação diante de todos os ataques que o governo federal vem realizando contra os direitos dos servidores públicos federais, como a criação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) e do Fundo de Previdência dos Servidores Públicos (Funpresp), que representa a privatização da Previdência Social do funcionalismo público. A expansão se preocupou em inserir um maior número de alunos na Universidade, mas não se preocupou em assegurar sua permanência. Na UFF, o número de alunos após a expansão passou de 22 mil para cerca de 36

mil. Ótimo! A Universidade deve ser democratizada. Mas e o número de professores? E o número de servidores técnico-administrativos? E o bandejão? E a moradia estudantil? E as bolsas? E os projetos de pesquisa e extensão? E as salas de aula? E os laboratórios? Por tudo isso, convocamos todos aqueles que defendem a Universidade pública, 100% gratuita e de qualidade a construir a greve e a mobilização. Precisamos mostrar ao governo e a reitoria a força de nossas reivindicações, e para isso, é fundamental construirmos juntos essa luta! Associação dos Docentes da UFF

ADUFF SSind Seção sindical do Andes Filiado à CSP/CONLUTAS

Comando Local de Greve


Movimento estudantil apoia greve docente O movimento estudantil da UFF tem

acompanhado as recentes mobilizações dos docentes em nível nacional contra o processo de precarização do ensino superior público e de qualidade. Na última quinta-feira, 10 de maio, realizamos um conselho de centros e diretórios acadêmicos com 49 cursos representados.Neste conselho aprovamos apoio consensual ao indicativo de greve dos professores da UFF. Os cortes de verba do governo Dilma nas áreas sociais como saúde e educação, os maiores da histórias do país, são características de um projeto de subordinação das politicas do Estado aos interesses privados. Um exemplo disso está na figura das fundações de apoio, dos cursos pagos em universidades públicas, ou ainda a empresa brasileira de serviços hospitalares que vem privatizando os serviços nos Hospitais Universitários. Reflexo desse projeto na educação é uma crescente deterioração das condições de trabalho e estudo somada a uma descaracterização do papel social da universidade, que deveria ser de articulação com as demandas da maior parcela da população. Nós, estudantes da UFF, que também sofremos com essa precarização no ensino superior, temos nos organizado para enfrentar esse projeto. Recentemente, construímos processos de luta em unidade com os docentes e servidores: uma grande

campanha contra a cobrança de mensalidades no plebiscito sobre os cursos pagos; a ocupação da reitoria que reivindicava, entre outras coisas, melhores condições de trabalho e estudo; a greve dos servidores do ano passado também contou com solidariedade estudantil e docente. Conseguimos avançar neste enfrentamento, porém, entendemos que a luta por uma universidade pública, gratuita e de qualidade, que seja socialmente referenciada nos interesses populares somente será vitoriosa com o fortalecimento de nossa unidade. São legitimas as pautas do movimento docente como: a carreira única, a restruturação da carreira com a valorização do piso e a incorporação das gratificações aos salários, ou ainda a melhoria das condições de trabalho nas IFES entre outras. E nosso apoio não se resume apenas a solidariedade com as reinvindicações dos professores, mas também, no nosso intuito em se somar a luta. Esse é o momento de unidade de todos aqueles que querem uma outra educação. SÓ COM UNIDADE NA LUTA, ENFRENTAMOS OS ATAQUES DO GOVERNO E CONSTRUIMOS A UNIVERSIDADE QUE QUEREMOS!!! Conselho de CAs e DAs 10 de maio de 2012


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