GREVE UNIFICADA NAS FEDERAIS: o que une professores, técnico-administrativos e estudantes? A construção de uma greve forte nas universidades federais enfrenta vários desafios. Um dos principais desafios é a unificação das nossas ações políticas. Para além das particularidades das nossas pautas específicas, os três segmentos construíram uma pauta conjunta: condições de trabalho e de formação profissional. Em defesa da educação pública e gratuita!
A
marcha que realizamos em Brasília, no dia 5 de junho, reunindo mais de 15 mil pessoas, ajudou a intensificar a greve. Hoje, já temos 52 IFES com greve de professores, mais de 30 greves estudantis e esta semana se intensifica a deflagração das greves dos técnicos. Temos uma pauta conjunta que responde a um profundo processo de reconfiguração das atividades acadêmicas das universidades federais nas últimas décadas. A expansão precarizada através da implantação do REUNI tem sido uma importante referência deste processo. O aumento do número de alunos em sala de aula, somado ao aumento do número de cursos de graduação e da relação professor/aluno na graduação (metas do referido Programa), está configurando o professor do ensino terciário, conforme expressão do Banco Mundial. Turmas lotadas, aulas em contêineres e em porões, professores
sobrecarregados com excesso de disciplinas, ausência de laboratórios. Condições precarizadas de trabalho que dificultam a inserção do professor em atividades de pesquisa, extensão e em programas de pós-graduação. Outra importante referência deste processo é a política de pós-graduação e pesquisa sob a égide do paradigma da produtividade/desempenho/competitividade imposto pelos órgãos de fomento à pesquisa como regra geral de sociabilidade acadêmica. A intensificação do trabalho docente é uma realidade que se apresenta com faces diferenciadas: seja na figura do “professor de ensino da graduação” (substitutos, temporários, recém concursados que atuam na sede ou nos pólos do interior), seja na figura do “professor-pesquisador” que atua na graduação e na pós-graduação, na pesquisa e na extensão. Esta dupla face da intensificação do trabalho não atin-
ge somente os professores. A precarização das condições de trabalho e o paradigma de desempenho também constituem uma dura realidade para os técnico-administrativos. A expressão mais evidente desta precarização é o funcionário terceirizado, contratado por tempo determinado, mal remunerado e destituído dos direitos trabalhistas. As condições precárias de trabalho; a avaliação por desempenho construída a partir de metas e orientada pela lógica gerencial; a perda salarial imposta pelo PL 2203/11 do MPOG são alguns dos elementos que compõem a pauta dos técnico-administrativos em luta. No mesmo quadro dessa reconfiguração das atividades acadêmicas estão os estudantes da graduação e da pós-graduação. Protagonistas nas lutas contra o REUNI através da ocupação de dezenas de reitorias, o movimento estudantil manifesta sua indignação diante das condições precárias de estudo impostas pelo governo federal às universidades federais: as ações políticas em favor do bandejão; pela moradia estudantil; pela democracia interna nas universidades; por salas de aula, bibliotecas, laboratórios, transporte e, ainda, as lutas contra os
cursos pagos, as fundações de direito privado e a “venda de serviços educacionais” por setores das universidades federais têm se constituído em pauta de ação política dos estudantes. Chega de aula em contêiner, em porão ou em qualquer espaço inadequado! Chega de salas de aula com cem estudantes! No que se refere aos pós-graduandos, avaliamos que a mesma lógica produtivista imposta aos professores credenciados nos programas de pós-graduação tem sido imposta aos mestrandos e doutorandos: redução do tempo de duração dos cursos; produção acadêmica orientada pelo produtivismo que tem no seu horizonte o próprio ato de produzir; a produção do conhecimento marcada pela métrica bibliométrica ou bibliometria, onde o que conta são os artigos, em especial os classificados como Qualis A. A greve nas universidades federais indica que estamos construindo a superação da apatia e do conformismo! As pautas específicas expressam a nossa vontade de luta e resistência coletiva à materialização do projeto de educação do governo federal nas universidades federais!
[ Reestruturação da carreira docente, tendo como piso o salário mínimo do Dieese (atualmente calculado em R$ 2.329,35) e step de 5% entre os níveis;
[ Reestruturação da carreira dos servidores técnico-administrativos, com piso de 3 salários mínimos e step de 5% entre os níveis;
[ 22% de reajuste salarial dos servidores técnico-administrativos; [ Isonomia entre ativos e aposentados; [ Bolsas (estudantes de graduação): Aumento no número de bolsas, equiparação com o salário mínimo e vigência de 12 meses;
[ Bolsas (estudantes de pós-graduação): Universalização e Reajuste de 30%, além dos 10% já conquistados; [ Bandejão: Inauguração do bandejão do HUAP e venda dos tickets na Praia Vermelha; [ Moradia: Inauguração imediata da moradia estudantil de Rio das Ostras e do Gragoatá; [ Creche UFF: contratação imediata de professores efetivos, autonomia e seguro-acidente; [ Contra a privatização da educação pública. Suspensão imediata dos cursos pagos na UFF (já aprovado em plebiscito oficial);
[ Contra a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares; [ Discussão e análise dos critérios de avaliação das instituições de fomento e apoio a pesquisa; [ Suspensão imediata do calendário dos órgãos de fomento no período da greve; [ Por uma expansão com qualidade: concurso para docentes e servidores técnico-administrativos, ampliação dos espaços físicos, melhoria da infra-estrutura;
[ Garantia da indissociabilidade do tripé ensino-pesquisa-extensão; [ Pelos 10% do PIB para a Educação Pública Já! A mobilização dos três segmentos ho garantiu que o Consel UFF, de Ensino e Pesquisa da nho, reunido no dia 6 de ju o do aprovasse a suspensã calendário escolar!
Comando de Greve Unificado da UFF (Docentes, técnico-administrativos e estudantes) Associação dos Docentes da UFF
ADUFF SSind Seção sindical do Andes Filiado à CSP/CONLUTAS
Associação de
Pós-Graduandos