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Poema: Aos doutores da saúde mental
Poema: Aos doutores da saúde mental Autor: Douglas Aparecido
“Temos que nos cuidar uns dos outro para que a loucura não se torne uma sangria” m.o.i
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Declaro para todos os fins, minha veemente e instituída loucura. Aquela velha e boa, descabida e maldizida.
A mesma, que levou Zaratustra pra montanha, Jesus pro deserto, Ícaro pro Sol, e Jonas pra Baleia.
A mesma, que fez Quixote se atracar com moinhos, Kafka perder-se em si mesmo. Torquato Neto a matar-se num banheiro, Cazuza a Viver amores inventados. Nero a Botar fogo em Roma e Moisés a cruzar o mar vermelho.
Permitam-me Drs da Saúde Mental, por favor me respondam: como manter a sanidade, nesta ridicularizante sociedade? como manter-se mudo, diante de uma corja de boas-vidas, pernas-longas e umbigos miúdos? como levar a sério, esta estrutura nefanda e carcomida esta merda toda, que só tem sido adoecedora e anti-vida?
Estou aqui sim vomitando palavras, a verborragia é efeito do contágio, estou doente, veementemente demente de mente cheia de tudo isto!
Trago em mim o cansaço dos justos injustiçados, sou o eco dos gritos amordaçados.
Drs, por favor, me respondam, tem remédio? tem? remédio? por mim vos digo, tomem receita, loucura pouca é bobagem: eis o antídoto contra esta antibiótica sacanagem!
Douguinissimo @barroco_afrofuturista