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Cap 10: Quero um marido missionário

Quero um marido missionário

Na zona rural de Andradas, no sul de Minas Gerais, o cultivo do café era a única fonte de sustento para muitas famílias. Quem não possuía terra, poderia trabalhar em um acordo chamado “à meia”, onde o lucro da colheita é dividido entre fazendeiro e arrendatário.

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Enquanto o marido estava na roça, a mãe de Sirlei Teixeira Malaquias cuidava da casa e completava a renda fazendo doces para vender e lavando roupa para fora. Os filhos foram nascendo e completando uma prole de quatro.

A escola mais próxima ficava a 2 km de distância mas, assim como as outras da região, só tinha turmas até a quarta série. Quando necessitava ajudar o marido na colheita, a mãe levava as crianças pequenas para serem cuidadas, mas, quando alcançavam nove ou dez anos, os filhos já eram mão-de-obra importante e necessária.

Neste contexto, Sirlei e os irmãos cresceram, sem muitos sonhos. Não havia outros padrões para se inspirar ou comparar, e a vida ideal parecia ser aquela mesmo. Alegria mesmo acontecia quando iam para a igreja com a mãe, e participavam das atividades infantis com muita música.

A igreja ficava em outra comunidade e a cada vez que iam para lá, acontecia uma briga em casa. O pai era totalmente contrário ao envolvimento com crentes, mas a mãe e as crianças gostavam muito, além de saberem que avós e tios maternos também gostavam dos cultos. Mas, a oposição do pai venceu e, aos poucos, todos foram deixando de ir aos cultos.

Aos 11 anos de Sirlei, quando se mudaram para uma fazenda maior, as crianças começaram a ter vontade de morar na zona urbana. O trabalho no campo era pesado, eles já não tinham escola para ir; porém o sustento da família era tirado da terra, e assim os anos foram se passando.

Aos 16 anos, o sonho de Sirlei foi realizado quando a família toda se mudou para a cidade. Os sonhos agora eram outros. Ela queria estudar, ter uma profissão e havia escola para seguir estes passos. Mas, o impedimento desta vez vinha da mãe que, há anos lutando contra uma depressão, tinha medo de que os filhos fossem para a escola, e assim, nenhum deles realmente foi. 43

Mesmo assim, Sirlei conseguiu um bom emprego em uma loja da cidade, aos 17, e já estava atenta para enxergar o rapaz que seria resposta das suas orações. Começou a namorar com um, que era evangélico, mas se desiludiu ao analisar alguns comportamentos. Ela não desistia. Sentia que o seu marido seria aquele que estudaria a Bíblia com ela, “como os crentes que via lá na roça”.

Por um tempo Sirlei frequentou uma igreja evangélica na cidade, mas sentia que não se encaixava com os rituais e mensagens; até que um vizinho, que era adventista, a convidou para estudar a Bíblia. Imediatamente ela se lembrou dos tios que falavam bastante a respeito dos adventistas.

A resposta veio em uma noite onde vários amigos se juntaram para comer pastel, e Sirlei não só foi convidada como convocada para preparar os pastéis. Entre outros jovens, Sirlei se sentiu atraída por um rapaz, e a receita desandou. A receita dos pastéis deu errado como nunca antes, mas, mesmo assim, naquele mesmo dia eles iniciaram uma aproximação, o que resultou em namoro pouco tempo depois.

Eles passaram a estudar a Bíblia juntos e mesmo antes do batismo de Sirlei já estavam dando estudos bíblicos para outras pessoas. O pai dela não fazia oposição, já que ela entrava na fase adulta, trabalhava e era evidente que eles logo se casariam. Dar estudos bíblicos com o namorado era uma confirmação dos sonhos de infância.

O batismo aconteceu na primavera, em 1990 e, no ano seguinte, eles se casaram. De volta à roça, morando em uma casa emprestada por uma amiga da igreja, eles iniciaram a vida com bastante dificuldade, porém cientes da direção divina.

Mesmo morando na zona rural, o casal continuou dando estudos bíblicos na cidade, à noite, após o expediente. Os filhos vieram, ficou mais difícil a rotina, mas ainda assim eles nunca deixaram de dar estudos bíblicos juntos.

Cerca de 100 pessoas já foram alcançadas pelo casal, que se envolve também em outras atividades da igreja. Por 14 anos, Sirlei conduziu as iniciativas sociais da Ação Solidária Adventista, realizando mutirões solidários, que atenderam a população em grandes calamidades, com entrega de alimentos, roupas e sapatos. Este reconhecimento das iniciativas levou-a compor a diretoria da Santa Casa da cidade, um trabalho voluntário que a coloca a frente na resolução de um importante aspecto da comunidade: a saúde.

Desde a primeira semana como adventista, Sirlei atende os departamentos infantis da igreja, cuidando principalmente dos juvenis e rol do berço. Atualmente, na liderança do Ministério da Mulher, o projeto envolve mulheres da região em ações que as insiram em atividades de pregação, em classes bíblicas, pequenos grupos ou em duplas missionárias.

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