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EM FAMÍLIA

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ESTANTE

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MENOS SEXO POR QUE ALGUMAS PESQUISAS APONTAM QUE OS JOVENS ESTÃO OPTANDO PELA ABSTINÊNCIA SEXUAL?

TALITA CASTELÃO

Aabstinência sexual parece estar em alta entre os jovens, mas isso não tem que ver necessariamente com questões morais e religiosas. Pesquisas realizadas nos Estados Unidos e no Reino Unido indicam que os mais jovens, especialmente homens, estão fazendo menos sexo. Minha intenção aqui não é discutir os benefícios de uma vida sexual saudável MUITOS JOVENS TÊM PREFERIDO nem o que diz a ética cristã tradicional sobre sexualidade, mas pensar que esse indicador FICAR EM CASA DE pode apontar para tendências socioculturais mais abrangentes. PIJAMA DIANTE

O Centro Nacional de Pesquisa de Opinião DE UMA TELA (NORC) da Universidade de Chicago, por exemplo, constatou que 51% dos adultos entre 18 e A SAIR PARA 34 anos nos Estados Unidos não estavam num relacionamento estável com alguém por ocasião UM ENCONTRO do estudo. Isso talvez tenha contribuído para AMOROSO EM que 28% dos homens com menos de 30 anos de idade dissessem que não haviam tido conQUE PODERÃO SER tato sexual nos 12 meses anteriores à pesquisa. De modo similar, um estudo incluindo 45 MAL AVALIADOS mil britânicos, de ambos os sexos, e publicado no British Medical Journal, em 2019, constatou que aproximadamente um terço dos pesquisados não tinha feito sexo no mês anterior à pesquisa.

Uma explicação proposta por Simon Forrest, professor no Instituto para Saúde e Sociedade da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, é que as pessoas estão se comprometendo em viver com alguém somente após os 30 anos de idade, ficando assim por muito mais tempo dependentes financeiramente dos pais e morando com eles. Forrest também vê influência do elevado consumo de material pornográfico on-line, o que aumenta a ansiedade e obsessão com o próprio corpo e torna as mulheres mais ressentidas com o comportamento de seus companheiros.

O modo de as pessoas procurarem relações duradouras também mudou. Nos aplicativos de namoro, homens e mulheres escolhem com base em critérios diferentes. Um estudo que envolveu universidades da Inglaterra, Itália e Canadá, chamado de “A First Look at User Activity on Tinder”, demonstrou que mulheres são mais seletivas, enquanto os homens curtem os perfis de maneira mais indiscriminada. É por causa disso que fica mais difícil dar match.

O antropólogo brasileiro Michel Alcoforado também entende que o uso de apps de relacionamento trouxe transformações para a vida afetiva das pessoas. Em entrevista a um canal no YouTube, no fim de março, ele disse que essas ferramentas funcionam a partir de metrificação, de notas de avaliação. Nesse contexto, a tendência é os usuários publicarem o que parece se encaixar no que é mais valorizado pelos outros. Ou seja, lentamente as pessoas vão se tornando um produto no “mercado dos afetos”.

E a angústia desses usuários cresce quando chega o momento do primeiro encontro, porque, afinal, é preciso sustentar presencialmente aquela imagem que se “vendeu” virtualmente. Segundo Alcoforado, muitos jovens estão trocando um encontro amoroso para ficarem em casa de pijama na frente da tela, porque preferem não se expor a uma situação em que terão que dar conta de atender certa expectativa, correndo o risco de serem mal avaliados. Nessa lógica do custo-benefício, a abstinência sexual acaba sendo interessante para uma parcela deles.

O ponto é que, se a promiscuidade é prejudicial, essa nova tendência também revela uma maior desconexão entre as pessoas. ]

TALITA CASTELÃO é psicóloga clínica, sexóloga e doutora em Ciências

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