AW Português -Julho 2016

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Revista Internacional da Igreja Adventista do SĂŠtimo Dia

Ju l h o 2 01 6

Veja o Cordeiro no Centro do Apocalipse

8 O grande desafio diante de nĂłs 22 Passei no exame da Ordem dos Advogados 27 Vidas transformadas transformam o mundo


Julho 2016

A R T I G O

16

D E

Arnion

C A P A

Gerald A. Klingbeil

O livro do Apocalipse é centro de evangelismo com abordagem singular.

14 A igreja, a missão, o jovem C R E N Ç A S

F U N D A M E N T A I S

Pako Mokgwane

A idade não deve ser uma barreira quando se trata de construir o reino de Cristo.

22

V I D A

A D V E N T I S T A

Passei no exame da Ordem dos Advogados

8 O grande desafio diante de nós V I S Ã O

M U N D I A L

Ted N. C. Wilson

Jesus quebrou muitas barreiras para alcançar o maior número possível de pessoas.

Joice Manurung

Desafio adventista: fidelidade a Deus ou à profissão.

24 Presente antigo –

D E S C O B R I N D O O E S P Í R I T O D E P R O F E C I A

que sempre abençoa

12

D E V O C I O N A L

Preso?

Lael Caesar

A liberdade em Cristo é mais do que um conceito.

Dwain N. Esmond

Para apreciar Ellen White, você precisa ler Ellen White.

SEÇÕES 3 N O T Í C I A S

DO

MUNDO

3 Notícias breves 6 Notícia especial 10 Igreja de um dia

11 S A Ú D E N O M U N D O Osteoporose: Só afeta mulheres? RESPOSTAS 26

PERGUNTAS

27 E S T U D O B Í B L I C O Vidas transformadas transformam o mundo

A BÍBLICAS

A criação e o Espírito de Deus

28

TROCA

DE

IDEIAS

www.adventistworld.org On-line: disponível em 12 idiomas Tradução: Sonete Magalhães Costa Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald Publishing Association. Copyright (c) 2005. v. 12, nº- 7, julho de 2016.

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F O T O

D A

C A PA :

C O R T E S I A

D O

C E N T R O

D E

M Í D I A

I N T E R - E U R O P E U .


Água da Rocha

Q

Igreja Adventista alcança

19 milhões de membros Crescimento ocorre em meio à extensa auditoria no número de membros

/

I A D

Andrew McChesney

M E N E N D E Z

Os registros coloniais indicam que cerca de 500 pessoas se reuniram naquela colina acima de Brookfield para ouvir esse evangelista dramático, e comovente – para o desgosto de muitos dos pastores estabelecidos em todas as capelas das vilas na redondeza. Como os irmãos John e Charles Wesley, com quem trabalhou por décadas, Whitefield decididamente utilizava métodos “não ortodoxos” para compartilhar o evangelho de Jesus: pregava nos campos; falava com os fazendeiros. Certa vez até falou para uma multidão de 30 mil pessoas no Boston Commons – sem amplificação do som – quando a população total de Boston era de apenas metade desse número – 15 mil habitantes. No século 20, evangelistas pioneiros como Billy Graham utilizaram eventos realizados em estádios para ser televisionados para todo o país. Milhares, incluindo eu, foram movidos a entregar o coração a Jesus. De idêntico modo, evangelistas adventistas como Mark Finley e Alejandro Bullón pregaram para milhares de pessoas em locais totalmente diferentes das igrejas tradicionais. Cada um desses inovadores do evangelho de sucesso, muitas vezes enfrentou críticas severas de pessoas que acreditavam que seus métodos fossem incompatíveis com a mensagem que pregavam. No entanto, o evangelho ainda triunfa, e é falado para novos públicos, de novas maneiras e com o mesmo poder. Ao ler o artigo de capa deste mês, “Arnion: Veja o Cordeiro no centro do Apocalipse”, ore por um coração aberto para apoiar os novos métodos, novas abordagens, e novos “evangelistas” que compartilham a “velha, velha história” com métodos dramaticamente novos e empolgantes.

NOTÍCIAS DO MUNDO

G U S TAV O

uando eu era um jovem pastor no estado americano de Massachusetts, muitas vezes eu parava na linda e grande colina situada perto de uma das cidadezinhas pitorescas do meu distrito, na Nova Inglaterra. Sim, eu estava idealizando e orando, enquanto procurava por um local em que houvesse um terreno disponível para construir uma igreja para as duas congregações que estavam se unindo. Para mim, entretanto, o mais importante naquele local era a pedra de granito maciço sobre uma borda da colina que exibia uma placa histórica com as seguintes palavras: George Whitefield evangelista metodista pioneiro pregou nesta rocha no dia 16 de outubro de 1740 em sua primeira visita à América

Batismo de mil pessoas no Lago Atitlén, Guatemala, em março de 2015.

S

egundo relatório recente, pela primeira vez o número oficial de membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia alcançou os 19 milhões, e o número de igrejas locais em todo o mundo dobrou para mais de 80 mil, em apenas duas décadas. No dia 31 de dezembro de 2015, o número de membros da Igreja Adventista era de 19.126.447, crescimento real de 647.144 pessoas, ou 3,5 por cento, em relação ao ano anterior, afirma o departamento de Arquivos, Estatísticas e Pesquisa da igreja mundial. Outro marco estatístico, são as 81.551 igrejas locais, além dos 69.909 grupos. “As 2.741 novas igrejas organizadas em 2015, representaram o maior crescimento de nossa história, superando as 2.446 em 2014, recorde anterior de novas igrejas locais”, disse David Trim, diretor do departamento. “Só em 1995, ultrapassamos a marca de 40 mil igrejas.” O crescimento acontece inclusive enquanto a igreja, fundada em 1863 com apenas 3.500 membros, passa por uma extensa auditoria para confirmar que o relatório estatístico reflete a realidade. “Louvado seja Deus por esse crescimento maravilhoso”, disse Ted N. C. Wilson, presidente da igreja Adventista mundial. “O resultado nos mostra que, mesmo com a auditoria cuidadosa dos registros de membros em todo o mundo realizado pela secretaria nos últimos anos, a Palavra de Deus está avançando de maneira maravilhosa por meio do poder o Espírito Santo, e o trabalho de Deus está se expandindo.”

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A N N

NOTÍCIAS DO MUNDO G. T. Ng, secretário executivo da igreja adventista mundial e responsável pelo início da auditoria, ecoou a alegria de Wilson com os números que refletem o crescimento da igreja. “O crescimento rápido da igreja é um testemunho da promessa encontrada em 2 Crônicas 20:20: ‘Crede no SENHOR, vosso Deus, e estareis seguros; crede nos seus profetas e prosperareis’”, disse ele. “A igreja prosperou porque temos seguido fielmente as instruções de Deus em Mateus 24:14, para evangelizarmos o mundo.” A Igreja Adventista, organizada em 13 divisões no mundo e dois campos anexos, constatou o crescimento mais rápido na Divisão Centro-Oeste Africana, onde o número de membros subiu 7,6 por cento, chegando a 683.318 pessoas. As duas Divisões com maior crescimento foram a Divisão Sul-Africana Oceano Índico e a Divisão Sul-Americana. Na África, o número de membros do Zâmbia ultrapassou a marca de um milhão, e em maio de 2015, uma campanha evangelística, em Zimbábue, levou 30 mil pessoas ao batismo. Parte do crescimento na Divisão Sul-Americana, resultou de um programa de resgate dos ex-membros. A Revista Adventista de abril de 2016 reportou que 15 por cento dos batismos no ano anterior, foram de ex-adventistas. Mas o motor propulsor do crescimento da igreja foi a inauguração de novas igrejas, disse Gary Krause, que supervisiona o plantio de igrejas como diretor da Missão Adventista. Ele disse que se emocionou ao ver que, no ano passado, foi estabelecida uma nova igreja a cada 3,2 horas, além de muitos outros grupos. “Incentivo cada igreja a não se concentrar apenas no crescimento da sua própria igreja, mas a orar e planejar maneiras de iniciar novos grupos de crentes”, disse Krause. n

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Homer Trecartin Rick McEdward, à direita, viajando em um trem lotado, na Índia, em 2016. F O T O :

R I C K

M C E D W A R D

Andrew McChesney

Rick McEdward

é eleito o novo presidente da MENA

McEdward retorna ao lar da sua juventude.

R

ick McEdward, novo presidente da União do Oriente Médio e Norte da África da Igreja Adventista do Sétimo Dia (MENA), relembra sua adolescência quando observava, fascinado, filas de pessoas desembarcando dos navios no porto saudita de Jeddah, para o hajj anual. Mais recentemente, ao caminhar pelas ruas movimentadas de Istambul, Turquia, chegar ao alto da colina, acima da Universidade do Oriente Médio, e observar a metrópole de Beirute, Líbano, McEdward foi invadido por um sentimento desafiador. Um único dilema invadiu seus pensamentos: Como levar o amor de Jesus a cada uma daquelas pessoas? “Temos a responsabilidade de ser a luz que transmite luz. Como vamos ser luzes aqui?” disse McEdward. “Todos nós precisamos receber a glória e o amor de Deus em nossa vida, e gostaria muito de apresentá-Lo de um modo maravilhoso aqui.” A questão se tornou ainda mais pessoal para McEdward após ser eleito,

em abril, como presidente da União do Oriente Médio e Norte da África, uma região com mais de meio bilhão de pessoas e que é um dos lugares mais difíceis do mundo para a pregação do evangelho. Os líderes da igreja mundial elegeram McEdward para substituir Homer Trecartin, que pediu o retorno para os Estados Unidos devido a problemas de saúde e razões familiares. Trecartin e sua esposa Bárbara, serviram na sede da união localizada ao lado da Universidade do Oriente Médio, por quatro anos. McEdward que, por muito tempo, foi um plantador de igrejas, mais recentemente serviu como diretor dos Centros de Missão Global para as Religiões do Mundo e como diretor associado da Missão da Igreja. É casado com Márcia McEdward, enfermeira na Associação Geral, e têm dois filhos jovens. “Somos muito gratos a Homer e Bárbara pelo maravilhoso trabalho espiritual, administrativo e pela importante contribuição para a missão na região da MENA”, disse Ted N. C.


Wilson, presidente da Igreja Adventista mundial. “Louvamos a Deus pelos avanços já realizados e que continuam se realizando”, disse Wilson. “Somos gratos por Rick e Márcia terem aceitado essa tarefa nova e importante.” Para McEdward, a mudança para o Oriente Médio é como retornar ao lar da sua juventude, um lugar cheio de memórias agradáveis, e do reencontro dele com Jesus. McEdward, 50, nasceu em lar adventista, em Seattle, estado de Washington (EUA). Aos 12 anos de idade se mudou com a família para Jeddah, Arábia Saudita, onde seu pai foi trabalhar como técnico de Raio X em um grande hospital militar. Quanto a família saiba, eles eram os únicos adventistas na cidade. A casa que McEdward chamava de lar nos cinco anos seguintes, situava-se na praia arenosa do Mar Vermelho, de onde podia ver grandes navios com muçulmanos chegando em peregrinação a Meca, para o hajj. Foi nas praias do Mar Vermelho que ele desenvolveu um relacionamento pessoal com Jesus. “Parte dessa experiência resultou de observar a generosidade dos nossos vizinhos que não eram de tradição cristã”, disse ele. “Eram tão amáveis e bondosos conosco, americanos! Isso realçou o meu egoísmo e me levou a pedir ajuda ao Senhor para lidar com esse problema.” McEdward graduou-se pelo Walla Walla College em 1990, e três anos mais tarde terminou um mestrado em divindade pela Universidade Andrews. Em 2012, completou um doutorado em missiologia pelo Seminário Teológico Fuller. Olhando para o futuro, disse Trecartin, 60, Márcia McEdward pode desempenhar um papel essencial naquela região e incentivou Rick McEdward a levá-la em suas viagens. “Se ela compreender o que você está fazendo, poderá ministrar a pessoas às quais você não pode”, disse ele. n

Em Seul,

Andrew McChesney

Casa Funerária leva pessoas a Jesus O Centro Médico Sahmyook batiza mais de 140 pessoas por ano.

O

médico sul-coreano, Sungsik HaSouth, não acreditava em Deus, mesmo tendo trabalhado por três décadas no hospital adventista, em Seul. Quando o sogro faleceu, Ha ouviu o sermão do capelão na cerimônia fúnebre realizada na casa funerária do hospital. Ele ficou profundamente emocionado ao ouvir a promessa da segunda vinda de Jesus e a esperança da ressurreição. Pouco tempo depois, a sogra também faleceu, e mais uma vez ele assistiu ao funeral dirigido pelo capelão. Seu coração foi mais uma vez tocado pela mensagem de esperança. Ele começou a ler a Bíblia e, vários meses mais tarde, foi batizado na Igreja Adventista. “Trabalhei ali como médico a minha vida inteira”, disse o Dr. Ha, uma figura atarracada de sorriso amável, ao ser entrevistado no Centro Médico Sahmyook do Hospital Adventista de Seul, onde trabalha como diretor clínico. “O hospital exerceu sobre mim uma atração irresistível”, disse ele. “Gradualmente me tornei adventista.” Servir como as mãos curadoras de Jesus – e apresentar o Salvador às pessoas – tem sido a missão do Centro Médico Sahyook, ou SYMC, desde sua origem humilde como clínica em um prédio simples estabelecido em 1908 pelo Dr. Riley Russel, médico missionário adventista, na Coreia. Hoje, o hospital geral com 426

leitos, tem uma equipe com mais de 800 funcionários que tratam de meio milhão de pacientes ao ano. O hospital também administra um lar para idosos com 120 leitos e uma casa funerária luxuosa, estabelecida em um prédio de dois andares, com apartamentos privados, onde as famílias podem se hospedar por três dias, enquanto lidam com a perda de seus queridos. Muitas famílias também ouvem a mensagem encorajadora de esperança proferida pelos capelães do hospital. Para entender como a casa funerária funciona, é necessário compreender como funciona o Sistema de Seguro de Saúde Nacional coreano, criado em 1970. Inicialmente, os coreanos eram relutantes em adquirir um seguro de saúde, forçando o governo a estipular um preço bem acessível, que motivou o povo a participar. Hoje, quase todos os coreanos têm a cobertura de um seguro de saúde. O preço do seguro de saúde pode permanecer baixo, mas o reembolso do plano também permanece pequeno, disse Ji Yoon Lee, diretor associado do plano de saúde do Hospital Adventista. Por isso, o governo autorizou os hospitais a abrir casas funerárias. Os coreanos tendem a gastar grandes somas de dinheiro nos serviços funerários, tornando esse tipo de negócio altamente lucrativo, disse Lee. O Hospital Adventista não é uma exceção. “No fundo, é o recurso

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NOTÍCIAS DO MUNDO Andrew McChesney

S Y M C

Brasil:

Capelão fala durante cerimônia fúnebre na Casa Funerária do Centro Médico Sahmyook. gerado pela casa funerária que torna o hospital rentável”, disse Lee. A casa funerária realiza de 20 a 30 funerais por semana, sendo que 14 por cento é realizado pelos capelães adventistas. As famílias podem convidar seus próprios sacerdotes para realizar o funeral, mas o hospital disponibiliza dois pastores adventistas ordenados e um pastor aspirante. “A maioria deles não tem esperança de vida após a morte para seus entes queridos”, disse Yung Han Yoon, capelão chefe do hospital. “Compartilho a mensagem bíblica de esperança de vida após a morte. Isso é novo para eles.” Após o funeral, o hospital conecta a família com a igreja adventista mais próxima. Entre as pessoas que foram batizadas por meio do trabalho da casa funerária está um ator famoso do cinema coreano, cujo coração foi tocado no funeral de seu irmão, que também foi batizado pouco antes de sua morte, disse Yoon. O hospital tem um serviço de capelania vibrante, com três pastores e uma diaconisa em tempo integral. Os quatro levam mais de 140 pessoas ao batismo todo ano, disse Lee. Em 2014, quando o Dr. Ha foi batizado, o hospital batizou 174 pessoas. n

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Igreja batiza dezenas de pessoas alcançadas

por meio do

Facebook

Policial de 42 anos de idade está à frente.

D

urante o dia Roberto Roberti é policial. À noite – e sempre que tem a chance – ele acessa a página do Facebook mais popular na Igreja Adventista do Sétimo Dia, respondendo os comentários e perguntas dos leitores. Desde o mês de julho do ano passado, seu trabalho voluntário na página do Facebook da Divisão Sul-Americana, em português, já resultou em 45 batismos. Roberti, 42, é uma figura imponente: alto, musculoso e determinado. Ninguém se arriscaria a mexer com ele nas ruas, ou quando está de plantão nos subúrbios de São Paulo, Brasil. Mas Roberti também é dono de um sorriso gentil e uma voz profunda de barítono que rapidamente ganha a confiança das pessoas. O fundamental é que ele conhece os meandros de como ganhar corações on-line. Seu segredo? Responde imediatamente às perguntas das pessoas, disse ele. “As pessoas que usam a Internet querem respostas rápidas”, disse Roberti. “Desde que iniciei esse trabalho, um número cada vez maior de pessoas faz perguntas no Facebook. O segredo é

que respondo rapidamente.” Os adventistas da América do Sul são conhecidos pela igreja mundial por seu uso inovador da tecnologia para compartilhar o evangelho. Mas Roberti está na linha de frente do que em sua visão, é uma mina de ouro pouco explorada: simplesmente respondendo aos comentários dos usuários no Facebook. Ele e três colegas voluntários têm um trabalho talhado para eles. A página do Facebook, em português, é uma das mídias sociais da Igreja Adventista na Divisão Sul-Americana e recebe cerca de 1,1 milhões de curtidas. A página é principalmente voltada para o Brasil, embora a Divisão também mantenha uma página em espanhol para os outros países do seu território. Desde janeiro de 2015, cerca de 200 pessoas já foram batizadas por meio do trabalho de Roberti combinado ao dos outros três voluntários. Roberti, policial há 22 anos, disse que se envolveu com essa mídia social adventista pouco depois de ser batizado, em 2010, para evitar que outras pessoas sintam o medo que sentiu ao ler a Bíblia pela primeira vez. “Eu


A R / M C C H E S N E Y A N D R E W

Roberto Roberti, policial e moderador do Facebook, no saguão da sede da Novo Tempo.

queria compartilhar com os outros a nova esperança que aprendi na Igreja Adventista”, disse ele na recente conferência para especialistas em comunicação adventista de toda América do Sul, realizada em São Paulo. Ele diz que quando as pessoas deixam uma mensagem no Facebook e mostram interesse em ter mais informação, ele oferece um curso bíblico por e-mail. O trabalho demanda tempo. Ele escreve cerca de 100 mensagens por dia, cerca da metade é no Facebook e o resto é respondendo às dúvidas dos estudos bíblicos por e-mail. Muitas das pessoas que postam no Facebook são jovens, e escrevem nos e-mails sobre estarem deprimidos, com ideias suicidas, ou desesperados para escapar das famílias fragmentadas, disse ele. No Facebook é fundamental responder rapidamente, disse. Roberti, que é casado e pai de três filhos. Ele se levanta cedo para acessar o Facebook e a conta do Gmail que a igreja usa para a correspondência da mídia social. Certa manhã, ele encontrou no Facebook uma mensagem escrita por uma jovem, Elena, pedindo o batismo.

Em menos de duas horas após ela ter escrito, ele respondeu oferecendo o curso bíblico preparatório por e-mail. Cerca de quatro meses mais tarde ela foi batizada. Na mesma ocasião, duas outras jovens viram a postagem da Elena e comentaram que também estavam interessadas no batismo. Do mesmo modo, Roberti começou a estudar a Bíblia com elas. Hoje, ambas estão batizadas na Igreja Adventista. Elena está entre os três moderadores que trabalham com Roberti na página do Facebook da Divisão. Ele está treinando outras 20 pessoas para trabalhar como moderadores, todos batizados após entrar em contato com a Igreja Adventista por meio do Facebook. Roberti testemunhou uma conversão extraordinária pouco depois de começar a trabalhar no Facebook que, segundo ele, confirmou a importância do seu trabalho. Um casal que mora em uma cidade sem presença adventista, no estado de Santa Catarina, região sul do Brasil, postou uma pergunta sobre a Bíblia. Imediatamente Roberti os convidou a estudar a Bíblia por e-mail.

Quando chegaram ao assunto do sábado, o casal começou a pressionar seu pastor para explicar por que sua igreja guardava o domingo. Logo, outros 28 membros daquela igreja entraram na discussão, crivando o pastor com perguntas sobre o sábado. “Ele não soube responder”, disse Roberti. “Logo depois ele deixou a cidade. Simplesmente abandonou a igreja.” Então Roberti entrou em contato com o pastor adventista de uma cidade próxima. O pastor visitou a igreja e falou com os membros. Todos os 30 membros pediram batismo. Roberti chorou quando recebeu a notícia. “Aconteceu o que sempre acontece quando ouço de que um dos meus alunos da Bíblia pede o batismo”, disse ele. “Comecei a chorar. O que aconteceu foi só pelo poder de Deus.” n Esta é uma das seis histórias escritas pelo editor de notícias Andrew McChesney sobre como a Igreja Adventista do Sétimo Dia na América do Sul está usando a tecnologia para espalhar o evangelho. Para ler as outras histórias e saber como Roberto Roberti foi batizado, acesse: bit.ly/SouthAmericaGospel

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V I S Ã O

M U N D I A L

Nota do editor: Este artigo foi adaptado do sermão proferido pelo Pr. Ted Wilson, em 30 de janeiro de 2016, em Linthincum Heights, Maryland (EUA). Foram mantidos os elementos do estilo oral.

Q

ue bênção e privilégio é fazer parte da missão de Deus, compartilhar as boas-novas sobre o amor de Cristo e Seu breve retorno nesses últimos dias da história da Terra! Mas se não sairmos do nosso caminho para entrar em contato com as pessoas, como elas irão saber? Lemos em Lucas 15:1 e 2: “Todos os publicanos e pecadores estavam se reunindo para ouvi-Lo. Mas os fariseus e os mestres da lei O criticavam: Este homem recebe pecadores e come com eles.” Os rabinos estavam irritados e expressavam seu ódio. “Este Homem recebe pecadores e come com eles.” Ao longo da história, sempre que o egoísmo e os interesses egocêntricos assumiram o controle do coração, houve o desenvolvimento de várias classes: os que têm e os que não têm; os que puderam estudar e os que não tiveram essa vantagem; os que são exclusivos e os que não têm ninguém para falar por eles; os santos e os pecadores. É certo que todos somos pecadores e necessitamos ir aos pés da cruz todos os dias, aceitar o manto de justiça de Cristo e Seu poder transformador. Todos os dias devemos nos humilhar diante do Senhor. Ninguém se tornou imune aos pensamentos egocêntricos e egoístas. Compreensão intercultural

Como adventistas, tendo a missão em mente por meio da direção do Espírito Santo, vamos aprender como usar a compreensão intercultural na proclamação das três mensagens angélicas, do amor de Deus e do breve retorno de Cristo. Sejamos mais sensíveis às diferenças culturais e de contexto para que nosso comportamento não seja um obstáculo em nosso trabalho tão importante.

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O

grande de diante de nós Uma igreja unida e culturalmente sensível

Quando cheguei a Moscou para assumir meu trabalho na Divisão EuroAsiática, lembro-me de que gostava de assobiar nos corredores. Mais tarde, um líder da Igreja me disse respeitosamente, que assobiar significava falta de educação e que algumas pessoas acreditavam que os assobios invocavam maus espíritos. Foi muito difícil para mim ficar sem assobiar por três anos, mas tive muito cuidado e respeitei, pois aquele comportamento poderia ferir minha habilidade de influenciar positivamente o trabalho de Deus. Outra lição que aprendi para evitar mal-entendidos foi orar do modo apropriado. Certo dia, quando estava orando, mantive minhas mãos para trás. Mais tarde fui instruído pelo mesmo líder que sempre devemos orar com as mãos postas em frente ao corpo, pois de outra forma, naquela cultura, é sinal de grande desrespeito para com Deus. Adaptei-me rapidamente, pois essa não era uma questão moral. É importante que nos humilhemos

e abandonemos pensamentos etnocêntricos, pedindo a Deus que nos ajude a modificar nosso comportamento para que não se torne um problema que iniba nossos esforços para enaltecer a Cristo. O pensamento cristão deve tomar o lugar de tudo o que possa causar atrito e mal-entendidos. Que nossos escritórios, lares, igrejas e convívio sejam preenchidos com os grandes temas da mensagem adventista, tendo ao centro, Cristo e Sua justiça. Todas as nossas disputas por proeminência, internas e externas, desaparecerão quando Jesus e Sua preciosa doutrina forem enaltecidos em sua plenitude. Doutrina e crença

Em todas as culturas, os ensinos e a doutrina de Cristo são o âmago do que acreditamos e compartilhamos. Dizer que tudo que precisamos fazer é nos concentrar em Jesus e não nas Suas doutrinas, é aceitar um modo superficial de crença sem a substância sólida da mensagem de Cristo. Doutrina e crença


safio Ted N. C. Wilson

emanam de Cristo. Sua plenitude e a riqueza do Seu amor abrangente, representam o enorme campo de verdade que é Jesus. “Cristo é o centro de toda doutrina verdadeira.”1 Jesus é a rica incorporação da crença e da doutrina cristocêntricas. Nunca deixe que ninguém sugira que você precise eliminar a doutrina para ver a Cristo. Ele e Sua doutrina andam juntos e produzem a mensagem que proclamamos hoje como uma igreja unida e multicultural. Tenho visto em vários lugares os efeitos prejudiciais do movimento emergente na igreja abrindo seu caminho à força, inclusive para dentro da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Esse movimento se fundamenta mais na compreensão experimental e muito menos na compreensão cognitiva, das crenças que têm por base a Bíblia, que nos são tão caras e que são parte vital do nosso relacionamento próximo e diário com Cristo. Fique atento ao esforço sutil de

diminuir a Bíblia. Crenças doutrinárias estão minando a mensagem adventista do sétimo dia e neutralizando nossa mensagem singular. Peça a direção do Espírito Santo para que nos ajude a trabalhar de modo intercultural na proclamação das três mensagens angélicas e a combater as influências místicas que emergem na igreja. Grande tarefa diante de nós

A grande tarefa diante de nós como uma igreja unida e culturalmente sensível é abraçar completamente a tarefa que Deus nos confiou para os últimos dias. Nunca devemos nos desviar da verdade como é em Jesus. Qualquer lugar para onde você olhar, parece que o mundo está se desintegrando. Agora é tempo de nos unir de maneira cultural e sensível ao chamado singular de Deus. Você e eu somos parte da última proclamação de esperança para o mundo – a culminação de Apocalipse 14. Não podemos hesitar em nossa proclamação final dessa mensagem do advento. “Não devemos adular o mundo nem lhe pedir perdão por ter que dizer a verdade. Devemos desprezar toda dissimulação. Ergamos nossa bandeira para pelejar pela causa dos homens e dos anjos. Entenda-se que os adventistas do sétimo dia não devem fazer acordos.”2 É lamentável o fato de que os adventistas do sétimo dia em vários lugares estejam sucumbindo à pressão do “politicamente correto” e da conformidade com as mudanças sociais e morais não bíblicas, além da neutralização de preciosas verdades das Escrituras. Permaneçamos firmes em todas as verdades da Bíblia, verdades e princípios de Deus para a vida pessoal e a da igreja ao interagirmos de forma intercultural com as pessoas, mostrando a elas Aquele que coloca tudo em perspectiva. O Senhor está voltando em breve e todos devemos seguir Seu exemplo, fazendo conexões interculturais com

aqueles que ouvirão. Sob a liderança do Espírito Santo, e cumprindo a missão, sejamos amigo deles. Não podemos testemunhar por procuração. Não podemos dar nosso testemunho pessoal por controle remoto. Não podemos nos socializar usando um drone (câmera teleguiada)! Para causar impacto, precisamos entrar em contato com as pessoas. Pesquisas evangelísticas mostram que o contato pessoal, sob a direção do Espírito Santo, é o maior fator isolado a conduzir pessoas a Cristo e às nossas crenças centradas nEle. Precisamos da televisão, rádio, internet, publicações, serviços comunitários, campanhas de saúde e muitas outras maneiras de chamar a atenção para a verdade, mas tudo isso se resume na interação pessoal e no testemunho. Em busca do perdido

Cristo tinha um desejo ardente de ver todos salvos. Ele não olhava com indiferença os pecadores e desprezados. Deus nos pede que sigamos Seu exemplo e busquemos os perdidos, alcançando as pessoas com sensibilidade intercultural e amor, sendo participantes ativos na última proclamação a este mundo. Ao nos tornarmos mais próximos do Salvador, estamos falando a outros do Seu caráter de amor? Estamos dispostos a fazer o que for necessário em nossa missão de buscar os que estão longe da verdade? “Todo pecador que Cristo salvou, é chamado a atuar em Seu nome pela salvação dos perdidos”, escreveu Ellen White. “Você reconhece que despreza os que Cristo procura, quando se desvia dos que parecem pouco promissores e não atraentes? [...] Os anjos se compadecem desses errantes. Eles choram, enquanto os olhos humanos estão enxutos e o coração cerrado à compaixão [...] Oh, se houvesse mais do Espírito de Cristo e menos, muito menos do próprio eu!”3

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V I S Ã O

M U N D I A L

Nosso trabalho é seguir o exemplo de Cristo e buscar diária e ativamente os que necessitam ouvir da graça e do poder de Deus para transformar vidas – seja por telefone, e-mail, carta, contato pessoal, reuniões públicas – Deus quer que nos socializemos com outros como Ele fez, cuidadosamente e em oração, levando as pessoas à completa verdade bíblica e ao conhecimento do plano de Cristo para a redenção deles, culminando com Sua segunda vinda. Permitamos que o Espírito Santo nos ajude a nos socializar da maneira correta e com a abordagem certa, reconhecendo que nós também somos pecadores e necessitamos do poder salvador de Cristo. No Jardim do Getsêmani, Cristo agonizou por você e por mim. “[Ele] aceitou Seu batismo de sangue, para que, por meio dEle, milhões de almas a perecer obtenham a vida eterna. [Ele] deixou as cortes celestiais, onde tudo é pureza, felicidade e glória para salvar a única ovelha perdida, o único mundo caído pela transgressão. E não Se desviará de Sua missão.”4 Hoje, Jesus nos oferece uma missão intercultural: o total envolvimento de membros na igreja remanescente de Deus, capacitada para proclamar a última mensagem de amor e advertência. Cristo foi para a cruz, morreu por nós, ressuscitou por nós, está neste momento intercedendo no lugar Santíssimo do santuário celestial e em breve retornará para nos levar para nosso lar no Céu. Mal posso esperar! Vamos nos preparar para Sua breve volta e vamos preparar outros nos socializando com eles para a missão. n 1 Manuscript

Releases, Nº 13, p. 261.

2 Evangelismo, p. 179. 3 Ellen 4 Ellen

G. White, Parábolas de Jesus, p. 191, 192. G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 693.

Ted N.C. Wilson é

presidente mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia

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Igreja de um dia

Carrie Purkeypile

O sonho de Gessé: Construir em Oriximiná, Brasil

Esquerda: Gessé Viera Matios e sua esposa estão extasiados com o início dos esforços evangelísticos para sua comunidade, no Brasil. Direita: A equipe da Maranata monta a estrutura da Igreja de Um Dia em apenas um dia completo de trabalho. A estrutura da igreja é uma grande solução para muitas comunidades construírem as paredes e o chão segundo a necessidade. Ao longo do rio Amazonas, no Brasil, há milhares de comunidades só alcançadas por meio de embarcação. Algumas são aldeias minúsculas; outras são lugarejos ou cidades pequenas. A equipe da Maranata, viajando por esse rio extenso, no estado do Pará (norte do Brasil) tem se empenhado em construir igrejas nos lugares em que grupos de fiéis necessitam de templos para adorar a Deus. Oriximiná é uma cidade ribeirinha de médio porte, com bonitos parques, pequenas lojas e duas igrejas adventistas, mas que logo serão três! Gessé Viera Matias tem estado ansioso com o crescimento da nova igreja na comunidade que está florescendo nos arredores da cidade. Os membros trabalharam juntos para encontrar o terreno no bairro novo. Eles compraram um lote próximo aos limites da cidade. Embora Gessé trabalhe no centro da cidade, ele e a esposa compraram um lote bem ao lado da nova igreja. Para ele, poder ajudar no crescimento da igreja é mais importante do que o trajeto percorrido de motocicleta todos os dias para o trabalho. Ele sonha em ser o primeiro a chegar e o último a sair da igreja sempre que ela estiver aberta durante a semana. “Queremos oferecer uma boa igreja, que seja um lar para as pessoas daqui”, diz ele. A equipe da Maranata construiu uma Igreja de Um Dia no domingo, e na noite seguinte já foi realizada a primeira reunião evangelística! A congregação de Oriximiná tem planos de levantar as paredes de tijolos e assentar um piso bonito de cerâmica. Essa igreja logo será o melhor e mais bonito destino do bairro. E o mais importante: a igreja recebe as pessoas de braços abertos. *Maranatha Volunteers International, é uma organização sem fins lucrativos, que constrói igrejas adventistas do sétimo dia e escolas paroquiais em áreas com necessidade urgente. F O T O S :

M A R A N AT H A

V O L U N T E E R S

I N T E R N AT I O N A L


S A Ú D E

N O

M U N D O

Peter N. Landless e Allan R. Handysides

Osteoporose Só afeta mulheres?

Tenho 64 anos de idade e fielmente levo minha esposa para fazer seu exame anual de densidade óssea. Ela diz que homem também corre o risco de ter osteoporose. Isso é verdade? Pensei que essa doença só afetava mulheres.

F

omos feitos de um modo assombrosamente maravilhoso. Embora os ossos possam parecer imutáveis e estáticos, há produção frequente de novo tecido ósseo e a eliminação dos antigos. Esse processo dinâmico é contínuo e mantém os ossos fortes e saudáveis. A osteoporose acontece quando os ossos se tornam porosos e enfraquecidos. A densidade e qualidade dos ossos é reduzida, e eles se tornam mais frágeis. A osteoporose afeta não apenas as mulheres, mas os homens também. Os indivíduos do grupo de maior risco são mulheres asiáticas e caucasianas, após a menopausa. A ênfase tem sido maior na prevenção e tratamento em mulheres, embora haja estudos mostrando que homens com fratura de quadril são duas a três vezes mais propensos a morrer dentro um ano após a fratura do que as mulheres. Esses dados incentivaram a realização de exames em homens, cujo risco para a osteoporose tem aumentado. É importante conhecer seu risco de desenvolver a doença, especialmente nos homens, em quem o cuidado muitas vezes é negligenciado. A idade é o fator de risco mais consistente. Outro fator é a história de fraturas de ossos, após os 50 anos de idade. Alguns pro-

blemas endócrinos e doenças aumentam o risco de osteoporose, incluindo os baixos níveis de testosterona, assim como a tireoide e as glândulas paratireoide hiperativas. Doenças inflamatórias do intestino e celíaca (intolerância ao glúten) podem aumentar o risco de osteoporose. O uso prolongado de corticoides pode causar o enfraquecimento dos ossos. Um fator de risco adicional para homens ocorre durante o tratamento de câncer de próstata, que muitas vezes tem como alvo a redução do hormônio androgênio (e.g., testosterona). O uso regular de álcool aumenta o risco da doença, bem como o uso do tabaco. Outros indicadores de aumento do risco incluem baixo peso corporal e diminuição de altura. Isso é algo que tendemos a esquecer, mas não deveríamos! É igualmente importante conhecer sua história familiar, pois pode indicar aspectos que aumentam o risco. Muitas vezes falamos sobre a importância dos exercícios e de se manter saudável. A inatividade é um fator de risco importante no desenvolvimento da osteoporose. Quer seja para a saúde do cérebro, do coração, e até dos ossos, o exercício desempenha um papel importante nos mantendo bem e saudáveis! Foi declarado que o exercício

é o fator mais importante para a longevidade. É melhor fazer exercício! Sim, a osteoporose afeta tanto homens como mulheres. Os homens com fatores de risco devem fazer regularmente o exame de Densitometria Óssea e Medida de Absorção do Raio X de Dupla Energia (DEXA). Esses exames ajudam a avaliar o risco e a efetividade do tratamento. Medidas adicionais de prevenção em geral: tomar 1000 mg de cálcio diariamente (vegetais verdes como a couve e brócolis, produtos lácteos com baixo teor de gordura); 1000 IU de vitamina D diariamente; e exercício diário, que inclui caminhadas e musculação. Seu médico pode recomendar medicamentos como os bisfofonatos, que retardam a degradação e enfraquecimento dos ossos. Não deixe de falar sobre seu risco com seu médico. Ele ou ela indicarão os exames e tratamentos, se necessário. n

Peter N. Landless, médico cardiologista

nuclear, é diretor do Ministério da Saúde da Associação Geral.

Allan R. Handysides, médico ginecologista aposentado, é ex-diretor do Ministério da Saúde da Associação Geral. Julho 2016 | Adventist World

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D E V O C I O N A L

J

eremias estava em apuros: estava cumprindo pena no presídio de segurança máxima. O lugar era horrível, em Judá, numa cisterna em que ele ficava imerso na lama. A contradição

Jeremias sempre soube que um dia isso iria acontecer: era a promessa do Senhor. Desde o momento em que foi chamado, quando criança, o Senhor disse que ele teria problemas com o rei, os sacerdotes e as pessoas comuns. Mas seria bem-sucedido porque Ele tinha prometido “Eu sou contigo, diz o Senhor, para te livrar” (Jr 1:19). Então, as provações vieram. Mas, e o livramento? Jeremias não se sentia muito livre dentro da lama e no escuro. Exceto por um fato, seu aprisionamento era uma contradição: seus captores pareciam não conseguir deixá-lo totalmente isolado. “Veio a palavra do Senhor a Jeremias [...], estando ele ainda encarcerado no pátio da guarda” (Jr 33:1). Se fosse nos dias de hoje, seria inevitável a pergunta: como o prisioneiro Jeremias fala com pessoas de fora? Nós demos ordem de prisão, algemamos, registramos e o prendemos. Ele não tem nenhum telefone fixo em sua cela, nenhum celular escondido no corpo e já bloqueamos todas as transmissões por satélite e eliminamos os sinais para ter certeza de que os presos desse presídio de segurança máxima não causem mais problemas para nós, nem para eles mesmos. Mas parece que Jeremias continuava falando com Alguém de fora. Esse é um paradoxo que não podemos ignorar: Jeremias estava mais livre do que aqueles que o haviam prendido. Ele tinha recursos e níveis de comunicação aos quais os demais não tinham acesso, e eram incapazes de controlar. O Senhor que Se comunicava com Jeremias não está sob o controle de ninguém. Ele não depende de satélites

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Lael Caesar

Um paradoxo entre liberdade desbloqueados para Se comunicar. Não necessita de ninguém para ajudá-Lo a decifrar ou a derrubar os códigos criptográficos da Apple. Ele é a comunicação, a Palavra, e é livre para Se movimentar quando quiser: Ele invadiu uma prisão em Filipos com um terremoto, quebrou todas as algemas e soltou todas as correntes. Entrou silenciosamente em uma masmorra herodiana onde Pedro continuava dormindo até ser acordado. Só o pecado obstrui Sua comunicação conosco, e esconde Sua face de nós (Is 59:1, 2). O verdadeiro problema não é o poder de Deus para Se comunicar, mas nossa disposição para ouvir. E a liberdade que realmente importa requer mais do que sair de um poço de lama na antiga Judá: É a liberdade da escravidão do pecado (Rm 6:17, 20).

Por que Jeremias estava na prisão?

Você pode estar se perguntando, por que Jeremias estava preso? Ele estava prezo “pois Zedequias, rei de Judá, o havia encerrado, dizendo: Por que profetizas tu que o Senhor disse que entregaria esta cidade nas mãos do rei da Babilônia, e ele a tomaria?” (Jr 32:3). Jeremias estava preso por pregar desgraça e sofrimento. O rei Zedequias, seus conselheiros e os cidadãos em geral não acreditariam em histórias pessimistas sobre o fim de Jerusalém, o fim do seu reino e o fim do seu mundo. Pregar sobre o fim do mundo, muitas vezes gera rejeição nas pessoas. No caso de Jeremias, a solução foi prendê-lo por falar a verdade em vez de confirmar as mentiras, como fazia o profeta Ananias (Jr 28). Jeremias é lembrado como uma pessoa emocionalF O T O :

C O N N O R TA R T E R


Quando Pasur o feriu e o colocou no tronco por dizer a verdade, Jeremias anunciou que Deus tinha mudado seu nome de Pasur (provavelmente libertação) para Magor-missabib (terror-portodos-os-lados (ver Jr 20:3). Além disso, Pasur assistiu impotentemente ao Senhor entregando seus amigos à espada. E o Senhor prometeu: “Todo o Judá entregarei nas mãos do rei da Babilônia; este os levará presos à Babilônia e feri-los-á à espada” (v. 4). O Senhor prometeu: “Entregarei toda a riqueza desta cidade, todo fruto do seu trabalho e todas as suas coisas preciosas; sim, todos os tesouros dos reis de Judá entregarei nas mãos de seus inimigos, os quais hão de saqueá-los, tomá-los e levá-los à Babilônia” (v. 5). Cumprimento da Palavra

e cativeiro mente sensível, mas quando se referia à verdade, ele não se curvava. A mentira na qual acreditavam era que Jerusalém não seria derrubada por Babilônia. Essa era a mentira mais surpreendente, pois negava os fatos diante dos seus olhos. O fato de crer em algo tão escandaloso e negar o óbvio deveria provocar uma pausa para reflexão nas pessoas que hoje rejeitam as advertências sobre o fim do seu mundo: “Durante 23 anos, desde o décimo terceiro de Josias, filho de Amom, rei de Judá” (Jr 25:3) até o dia em que Jeremias se encontrava na lama, o profeta chorou e clamou contra o rei, sacerdote, e o povo por terem escolhido a apostasia em lugar do reavivamento e da reforma. Ele alertou declarando que o preço por rejeitar seu Deus seria a morte, espada, fome e cativeiro (Je 15:2).

Os anos vindicaram as advertências de Jeremias. Nabucodonosor fez vários ataques, em todas eles, roubou, destruiu e escravizou. Gigantes espirituais como Daniel e seus amigos, e sem dúvida outros conciliadores ignóbeis cujos nomes nunca saberemos, tinham sido levados cativos cerca de duas décadas antes. O rei Jeoaquim e o profeta Ezequiel já viviam no exílio por uma década inteira, após outro ataque devastador da Babilônia. Depois de Josias vieram quatro reinados desastrosos, e esse, o quarto, seria o mais desastroso de todos. Paralisado pela indecisão e conselho perverso, Zedequias se assentou no trono de Davi encarando a verdade de olhos fechados. Esse, seu décimo ano (Jr 32:1), se transformaria em onze e não mais. Na prisão de sua própria covardia, com medo de seus próprios cidadãos e conselheiros, ele convocaria o prisioneiro para uma consulta secreta sobre a direção em que deve seguir (Jr 38:14-18).

Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará (Jo 8:32).* mistério. Por isso, e não por falta de evidência, ele e seus conselheiros julgaram Jeremias como falso ou insano ou, em algum outro relato, perigoso. Por fim, quando o tempo chegou, o muro foi derrubado, e as palavras do profeta se concretizaram, mas para Zedequias ainda não foi possível atender ao conselho do profeta. Ele podia ser rei, mas sempre esteve preso por suas fraquezas de caráter, preso por sua covardia, preso por sua inabilidade de defender a verdade. Ele podia ser rei, mas nunca encontrou liberdade. Seus filhos foram imolados diante dos seus olhos e ele foi arrastado para Babilônia (Jr 39:6, 7). Jeremias, o prisioneiro, ficou responsável pela terra: O oficial de Nabucodonosor disse a ele: “Olha, toda a terra está diante de ti; para onde julgares bom e próprio ir, vai para aí” (Jr 40:4). Acontece que, apesar de seus troncos e masmorras, Jeremias sempre foi livre. Pois a verdade sempre o libertou (Jo 8:32). n * Todos os textos bíblicos foram extraídos da versão Almeida Revista e Atualizada.

Então, quem está livre?

Nossa capacidade humana de acre­ ditar e seguir uma mentira pode ter sido o próprio mistério inescrutável e a farsa vacilante da pessoa e reinado de Zedequias. Ele permanece como testemunha desse

Lael Caesar, editor

associado da Adventist World, ama a liberdade em Jesus.

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C R E N Ç A S

A

F U N D A M E N T A I S

igreja,

NÚMERO 13

missão, postar, o jovem Tuitar, pregar a mensagem

Pako Mokgwane

a

O

fato de eu ter sido criado na aldeia de Serowe, Botswana, me ensinou a beleza e a importância das relações sociais. Os seres humanos são naturalmente sociais. Todos viemos à existência em comunidades. Nesse contexto, Deus dá uma ordem a cada um de nós: proclamar Seu amor e o segundo advento. Todo cristão tem um papel a desempenhar. Homens e mulheres, jovens e idosos, leigos e pastores, todos foram chamados para desempenhar seu papel individual: “Portanto vão, e façam discípulos em todas as nações […] E Eu estarei sempre com vocês até o fim do tempo” (Mt 28:19, 20, NVI). Está claro que “Deus não chamou Seu povo para os tornar espectadores.”1 Além disso, nosso envolvimento não é apenas pelo bem daqueles para quem testemunhamos. Nosso trabalho protege nossa própria vida: “a força para resistir ao mal é mais bem alcançada pelo trabalho intenso.”2 Os dons

Cada membro convidado para participar nesse serviço ativo é capacitado para realizar sua tarefa por meio dos dons espirituais. Que privilégio maravilhoso! Deus, em Sua graça, proporciona aos pecadores o privilégio de trabalhar pela redenção de outros de maneira inimitável e singularmente planejada para cada pessoa. O Espírito Santo concede a cada cristão um dom especial e a habilidade para testemunhar (1Co 12:4, 8-10; Ef 4:7-11). Cada cristão tem pelo menos um dom espiritual, embora alguns tenham mais. E todos eles são fundamentais para a sinergia e concórdia na obra do evangelho. Nenhum ofício é mais importante do que o outro. Os vários ofícios funcionam como um corpo, com todos os seus sistemas e partes em harmonia. O olho não pode andar;

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nem os ossos falar. Cada parte deve realizar sua função corretamente, uma vez que os vários sistemas dependem uns dos outros. E a metáfora das diferentes partes do corpo (olhos, ossos, etc.) pode ser perfeitamente aplicada aos diferentes grupos dentro da igreja – crianças e idosos, adolescentes e jovens. Para que a obra de Deus seja terminada e todos sejam salvos, todas as partes devem trabalhar em harmonia. Conexão social

Os círculos sociais são uma grande oportunidade e espaço para a atividade da missão. O Deus que nos convidou para o serviço nos capacita e dá a todos o espaço e o terreno de que necessitam para seguir Suas instruções. Os relacionamentos são o contexto natural para a realização da nossa missão evangélica. A interação social pode ser digital ou física. Embora a comunicação eletrônica possa parecer algo radicalmente novo e diferente, Júlia Roy observou que “a mídia social hoje é a mesma de ontem. Porém, hoje, atingiu um alcance bem mais amplo; e é simplesmente muito difícil ignorar. Nós não queremos ser ‘aquele cara’ ou ‘aquela marca’ que se recusa a se adaptar, a mudar e perder o contato com a realidade.”3 Nem todos concordarão com a declaração de que a mídia social não é nova. Alguns podem querer descobrir a idade de Júlia Roy. No entanto, não podemos desconsiderar a realidade da mídia social. Ao contrário, devemos aproveitar seu potencial na suprema causa do evangelismo. Isso significa envolver os jovens de hoje com a alta tecnologia que é a herança natural de ter nascido nesta era caracterizada pelo dinamismo da mídia social. Nos lugares em que os jovens com idade entre


A boa-nova do reino será espalhada pelos CRIATIVOS jovens adventistas deste milênio. 16 e 30 anos constituem a maioria dos membros, a igreja está bem preparada para aproveitar seus talentos para catalisar nosso trabalho missionário enquanto eles assumem o legado das gerações anteriores. O Departamento Jovem fez uma aplicação específica da iniciativa Total Envolvimento dos Membros, da Associação Geral, adaptado para Total Envolvimento Jovem. Durante a assembleia da Associação Geral, em San Antonio, Texas, a Secretaria da Associação Geral (AG) relatou que a igreja perde metade das pessoas que se batizam. G. T. Ng, secretário da AG também falou sobre o aumento alarmante do atrito com os jovens. Uma forma de conter essa hemorragia, disse ele, é “dar aos jovens as chaves [da igreja].” Essa iniciativa da AG responde ao desafio do atrito com os membros em todos os níveis, particularmente entre nossos jovens. O desafio da igreja em todos os níveis é capacitar seus jovens confiando a eles a chave da liderança e da missão. Ela permite que o jovem adventista compreenda melhor que tanto seu Pai celestial quanto sua família da igreja terrena valorizam seu trabalho e seu ministério. Permite que se sintam mais plenos do que nunca antes, que pertencem à família de Deus e que são donos da missão. Com tal compreensão, não será difícil convencê-los a realizar o propósito que Deus tem para eles.

O

Remanescente e sua

Missão

A Igreja universal se compõe de todos os que verdadeiramente creem em Cristo. Mas, nos últimos dias, um tempo de ampla apostasia, um remanescente tem sido chamado a fim de guardar os mandamentos de Deus e a fé de Jesus. Esse remanescente anuncia a chegada da hora do juízo, proclama a salvação por meio de Cristo e prediz a aproximação de Seu segundo advento. Essa proclamação é simbolizada pelos três anjos de Apocalipse 14; coincide com a obra de julgamento no Céu e resulta numa obra de arrependimento e reforma na Terra. Todo cristão é convidado a ter uma parte pessoal nesse testemunho mundial. (Ap 12:17; 14:6-12; 18:1-4; 2Co 5:10; Jd 3, 14; 1Pe 1:16-19; 2Pe 3:10-14; Ap 21:1-14) – Crenças Fundamentais dos Adventistas do Sétimo Dia, nº- 13

Uma tarefa para todos

Cumprir a missão da igreja e salvar seus jovens não são empreendimentos distintos e separados. Ellen White falou sobre o poder de nossos jovens para completar a tarefa que Deus nos confiou: “Com tal exército de obreiros como o que poderia fornecer nossa juventude devidamente preparada, quão depressa a mensagem de um Salvador crucificado, ressuscitado e prestes a vir poderia ser levada ao mundo todo!”4 Apelamos aos nossos jovens para que sejam úteis no serviço do exército do evangelho. Agradecemos a Deus, também, pelos líderes locais, anciãos, pastor e membros que diligentemente desempenham seu papel e intencionalmente envolvem seus jovens na liderança e na missão. Como decidimos recentemente, no Planejamento Mundial de Jovens: “A igreja local deve se tornar o alvo primário do ministério jovem mundial. Nossa função principal é fornecer recursos e construir o ministério jovem em cada uma das igrejas. O ministério jovem só é efetivo quando responde às necessidades locais, orientado pelas convicções do povo, nas mãos da própria comunidade.” As respostas a essas necessidades como oferecidas pela igreja local mostrarão à comunidade e ao mundo inteiro que as boas-novas da salvação em Jesus é a resposta que as pessoas estão buscando para seus questionamentos pessoais. Podemos tuitar, enviar mensagem de texto, ou postar essas respostas para nossos contatos, e compartilhar com eles por meio de milhões de apps do mundo da mídia social. Ou podemos compartilhar pelos meios que existiam muito antes do Facebook ou WhatsApp. A boa-nova do reino será espalhada pelos jovens adventistas e criativos deste milênio e pelos baby boomers experientes; por telefones, laptops, ou tablets; nas varandas, pela cerca, ou pelo mundo eletrônico; nas salas de estar ou nas salas de chat, em solários e nas salas de jantar; em parques e quadras esportivas, nas piscinas e centros comunitários, em testemunho a todos os nossos queridos, amigos, e vizinhos. Então virá o fim. n 1 K. Kenaope, Grassroots

Mobilization (Berrien Springs, Mich.: Tribute Books, 2008), p. 21. G. White, Atos dos Apóstolos (Casa Publicadora Brasileira), p. 105. Roy, em P. R. Scott e J. M. Jacka, Auditing Social Media: A Governance Risk and Guide (New York: John Wiley and Sons, 2011), p. 85. 4 Ellen G. White, Educação (Casa Publicadora Brasileira), p. 271. 2 Ellen 3 Julia

Pako Mokgwane é diretor associado do Ministério Jovem da Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Julho 2016 | Adventist World

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Gerald A. Klingbeil

Veja o Cordeiro no centro do Apocalipse

AR RAREFEITO: Muitas das cenas de ARNION gravadas na BolĂ­via foram filmadas no Altiplano a 3.400 metros acima do nĂ­vel do mar. F O T O :

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B O R I S

C H A M B I

Adventist World | Julho 2016


A R T I G O D E C A PA ILUSTRAÇÃO: Manuel Wildemann, diretor de fotografia, prepara a câmera para a cena “cemitério de trens”, em Uyuni, Bolívia. Apocalipse – Jesus Cristo – e o conflito cósmico entre Cristo e Satanás. A mensagem

F O T O :

I

magine que você esteja andando em uma grande floresta, tentando encontrar uma saída entre as enormes árvores ao seu redor. Primeiro você encontra um carvalho majestoso, depois reconhece um abeto massivo ao lado da esbelta árvore de faia, um vidoeiro menor está à sua direita, próximo à imponente árvore de bordo. Ao olhar ao redor você reconhece mais e mais árvores, e elas se parecem muito semelhantes. De fato, de certo momento em diante, em meio a tantas árvores, você não mais vê uma floresta. Você sabe que direção estou tomando, não sabe? Todos nós passamos por momentos em que perdemos a visão panorâmica e nos concentramos exclusivamente nos detalhes. Somos distraídos pelas peculiaridades e perdemos a perspectiva do todo. Essa tendência tipicamente humana levou a equipe no Centro de Mídia Intereuropeu (Stimme der Hoffnung) em Alsbach-Hähnlein, Alemanha, a pensar na criação de uma abordagem criativa para estudar o livro do Apocalipse, que fosse relevante para as pessoas que vivem em culturas seculares. O projeto foi denominado ARNION, que em grego significa “cordeiro”. Os dois apresentadores dos episódios interessantes da versão em alemão sobre o Apocalipse são Judith e Sven Fockner, cujos dez episódios de aproximadamente trinta minutos em estilo de narrativa, F O T O S :

C O R T E S I A

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M Í D I A

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C H A M B I

apresentam o panorama geral do Apocalipse, como nunca visto antes. O público

O evangelismo é um desafio naquela parte do mundo em que o secularismo e o pós-modernismo se tornaram o estilo de vida dominante. Entre a população da Europa Ocidental, Austrália, Nova Zelândia, América do Norte e, – cada vez mais – de muitos dos grandes centros urbanos do mundo há bem pouco espaço para Deus e a Bíblia. O conceito de estudar a Bíblia na TV e, mais especificamente, o livro do Apocalipse que é desafiador para muitos, não interessa a maioria das pessoas dessas regiões. A pergunta “como podemos alcançar as pessoas seculares que não têm a menor ideia sobre a Bíblia e nenhuma noção sobre o livro profético do Apocalipse?” era prioridade na agenda da equipe do Centro de Mídia Intereuropeu ao pensarem em maneiras criativas de comunicar o evangelho e a mensagem profética singular do Apocalipse. ARNION nasceu da percepção de que os pós-modernos ouvem narrativas sobre o panorama da humanidade e estão intrigados com o que pode ser aplicável e relevante para sua vida. Reúna alguns segmentos interessantes gravados em várias locações internacionais (como Bolívia, África do Sul e Alemanha), e terá uma série de vídeos envolventes que introduzem aos espectadores, o centro do I N T E R E U R O P E U

Um dos elementos principais da série ARNION é destacar as dimensões pessoais e existenciais. Simplificando: cada episódio faz a pergunta chave sobre a relevância de um determinado assunto do Apocalipse, apresentado naquele episódio. Como isso pode ser aplicado à minha vida? No episódio 6, por exemplo, o foco está no Cordeiro encontrado em Apocalipse 5. Na cena de abertura vemos um homem lutando para atravessar o que aparenta ser um deserto implacável. A trilha musical acentua a desolação. Sven Fockner começa a narrativa relembrando momentos do seu passado quando em que seus comentários “inteligentes” feriam as pessoas ao seu redor. Todos nós nos lembramos de já ter ferido alguém – às vezes, consciente ou inconscientemente. Se Deus é o Criador de tudo, então somos culpados quando prejudicamos ou ferimos Sua criatura, comenta Steven olhando para a câmara. Culpa requer ajuda externa – algo que muitas vezes relutamos em aceitar. Semelhante ao que acontece com os comentários nocivos, logo concluímos que a culpa não pode ser remediada facilmente. O que foi dito permanecerá para sempre. O que foi feito sempre deixará marcas e afetará outras pessoas. Os dominós começam a cair; a mágoa é propagada; a dor é duplicada… Enquanto Judith e Sven Fockner falam sobre a cena da sala do trono de Apocalipse 4 são interrompidos pelas cenas da abertura, em que alguém está perdido no deserto. Então, voltam para Apocalipse 5 e sua ênfase no rolo que ninguém pode abrir. A glória e solenidade da cena da sala do trono são substituídas por lágrimas de desespero: Quem será capaz de abrir os selos que mantêm o rolo fechado? Como expresso por Judith: João procura um Leão poderoso – e encontra um pequeno Cordeiro.

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A R T I G O D E C A PA F O T O : T O B I A S

P R AT Z

O LADO NEGRO DO PROGRESSO: Um câmera de ARNION se apronta para gravar uma cena em uma fábrica abandonada, em Hirschhagen, Alemanha.

O Cordeiro é a maneira de Deus lidar com a grande rebelião na qual este planeta está envolvido. A resposta

De repente, essa interação de comentários, sequência de música e vídeo que funcionam como ilustrações visuais, dão um novo sentido aos textos familiares. Os espectadores da versão alemã de ARNION reagiram muito positivamente à série. “Finalmente, me interessei por algo no Hope Channel”, disse um jovem de 17 anos de idade à equipe do Hope Channel. As pessoas gostam da autenticidade e caráter pessoal da série e de como pode ser aplicada na vida real. As reações variam de

“super, mas muito curta” a “vídeo maravilhoso e belas ilustrações” – embora alguns comentem que as mudanças da narrativa para a sequência de vídeo são, às vezes, um pouco dispersivas. Essa impressão também foi expressa por vários expectadores com mais idade, enquanto os mais jovens se sentem atraídos e cativados, sugerindo que, se quisermos nos comunicar eficientemente, essa mídia deve ser personalizada para públicos específicos. Um representante da Sociedade Bíblica Alemã, que fez parceria com o Centro de Mídia Intereuropeu, fornecendo a nova tradução da Bíblia em alemão declarou que o formato dos episódios é um grande sucesso.

Compreenda a sequência

Oc onfl ito Od rag ão OF ilho Am ulh er Ot ron o OC ord eir o Ab est a Oj ulg am ent Ap o ros titu ta An oiv a

O projeto ARNION não começa com Apocalipse 1, mas com uma viagem pelo livro, com o conflito entre o dragão e a mulher descrito em Apocalipse 12, bem no centro do livro. A ênfase sobre os protagonistas principais e seu papel na batalha cósmica entre Cristo e Satanás, destaca a abordagem de narrativa do projeto.

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Outro expectador escreveu uma nota pessoal a Sven Fockner: “Estou maravilhado! […] Muitas vezes não me interesso pelos programas apresentados em nossa igreja e às vezes me sinto provocado; outras, racional […] No entanto, se minha igreja concorda com esse programa, se ele representa a Igreja Adventista do Sétimo Dia, quero permanecer nela.” Simret Mahary, pastor na Alemanha, comentou que “o trabalho das câmeras, produção, música, silêncio, close-ups nos apresentadores, e o equilíbrio entre as duas narrativas, são simplesmente perfeitos.” Colaboração

O mundo em que vivemos está interconectado. As mídias sociais, Holllywood e as atualizações instantâneas dos noticiários nos conectam globalmente – quer vivamos em Buenos Aires, Bangkok, Berlim, Cairo ou Cidade do Cabo. Embora nossa cultura e idiomas possam variar, ainda sentimos a necessidade humana básica de encontrar respostas para nossos questionamentos mais profundos. De onde vim? Qual é o propósito para minha vida? Para onde estou indo? Soam verdadeiras na maioria das culturas. ARNION é uma tentativa de abordar essas questões existenciais e observá-las através das lentes do livro do Apocalipse. Desde o início a perspectiva global foi incluída. A colaboração foi muito importante no processo de escrever o


roteiro, a gravação do vídeo e a seleção das locações. Bolívia, África do Sul e Alemanha representam regiões vastamente diferentes – e ao apresentar as cenas do filme em diferentes partes do mundo, ARNION se tornou um projeto mundial. O recurso veio de várias entidades e fontes e o projeto foi contextualizado para as diferentes culturas. Os resultados têm sido impressionantes, como demonstra o número crescente de adaptações para os diferentes idiomas (veja quadro Qual idioma e onde?). No entanto, as cenas do filme não visavam apenas a uma audiência internacional. A combinação singular e envolvente da trilha sonora e fotografia primorosa de cada episódio funcionam como uma ilustração do assunto principal e ajudam os expectadores a se envolverem no nível emocional e estético. De fato, diz Sven, “as imagens funcionam como metáforas”, expressando a mensagem básica de cada episódio. O Cordeiro é o futuro

ARNION nos lembra de que o Cordeiro deve estar no centro de tudo o que fazemos – inclusive em nosso modo de interpretar e comunicar a mensagem do livro do Apocalipse. Visualizar o panorama do conflito cósmico entre Cristo e Satanás é a maneira singular de conectar a visão que Deus tem da história com nossas necessidades humanas de obter respostas aos questionamentos existenciais. O logotipo de ARNION reflete uma pequena parte do propósito dessa ferramenta evangelística criativa. Três pessoas em pé sob um céu azul, que olham expectantes para o futuro. Estão sobre uma rocha sólida, e, imagino, devem estar pensando no Cordeiro que foi morto. n

Gerald A. Klingbeil é

editor associado da Adventist World.

V E J A A V E R S Ã O C O M P L E TA N A P Á G I N A

www.adventistreview.org/artv

Entrevista com

Sven & Judith Fockner Gerald Klingbeil, editor associado da Adventist World entrevistou Judith (JF) e Sven Fockner (SF), os dois apresentadores da versão alemã de ARNION, para saber sobre sua experiência e lições aprendidas.

Assistindo aos diferentes episódios, em alemão, pude perceber sua paixão ao ligar os questionamentos existenciais à grande linha histórica do livro do Apocalipse. Por que você é tão apaixonado pelo assunto? JF: Sou apaixonado porque ARNION mostra Cristo com a profundidade que inspirou Sua carta mais apaixonada. Nosso ponto de vista adventista é transmitido nesses episódios. Sua aparência é profissional e contemporânea, e é atrativa para a nova geração. Todos que têm esses questionamentos existenciais profundos sobre a vida podem usar ARNION para explorá-los.

Qual foi a reação dos expectadores? SF: Muitas pessoas gostaram do formato com dois apresentadores, um homem e uma mulher, trazendo perspectivas diferentes. Talvez um elemento mais emotivo e outro mais racional. No geral, a reação foi muito positiva, especialmente das pessoas à margem do cristianismo ou novos na fé. Eles apreciaram essa abordagem franca e direta de explicar o assunto.

JF: O público expressou sua gratidão pela série porque foi “a primeira série” que “ousaram” assistir com seus amigos não adventistas ou familiares não ligados à igreja. Seu visual é de qualidade e de beleza artística que não “cheira” como um material missionário. Sim, eu assistiria com praticamente todos os que têm curiosidade sobre a vida – se eu não tivesse que assistir a mim mesmo.

As reações são diferentes entre as gerações? SF: Penso que sim. Percebemos isso quando falamos pessoalmente com os expectadores. A geração mais jovem se identifica mais facilmente com o formato do que a geração mais idosa.

Por que vocês decidiram filmar as cenas em locais diferentes? SF: Primeiramente, porque conseguimos mini-histórias retratadas com imagens. Então percebemos a necessidade de locais visualmente impactantes. Conversamos com nossos parceiros da rede mundial do Hope Channel (televisão da igreja mundial). Acabamos indo a lugares em que a presença do Hope Channel é forte, como na América do Sul, e gravamos na Bolívia e na África do Sul. Gravamos dois episódios na Alemanha, também.

Por que essa perspectiva internacional foi incluída no ARNION? SF: Quando fui incluído no projeto,

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P H O T O G R A P H E R :

A D R I A N

D U R É

AÇÃO: Sven Fockner, um dos apresentadores de ARNION, se prepara para gravar a próxima cena.

ele já tinha esse formato. Os produtores queriam incluir a colaboração internacional – levando em conta as implicações financeiras. Não teríamos conseguido fazer tudo sozinhos. Mas também era nosso propósito alcançar um público muito maior. Gravamos de maneira que a parte dos apresentadores pode ser facilmente substituída. Elas estão totalmente separadas dos videoclipes, em que não há diálogos.

É possível produzir uma série que seja totalmente mundial? SF: Desde o início, sempre estivemos abertos, e dissemos: “Se for preciso adaptar, adapte.” E houve adaptações. Por exemplo, a equipe brasileira desenvolveu um jogo online utilizando a série. No Reino Unido mudaram um

Onde

pouco a aparência, mas fiquei surpreso quão pouco do conteúdo foi mudado. Portanto, me parece que esses temas existenciais encontram eco nas pessoas das mais diversas culturas.

O que vocês aprenderam em todo o processo? SF: Há, no projeto, uma série de pequenas coisas a ser ajustadas aqui e ali. Mas penso que o que funciona na abordagem em geral é a troca de ideias, quando nos reunimos e criamos algo em conjunto. Esse é um modelo que tem provado ser muito efetivo. Algo que não funcionou muito bem foi a divulgação – tornar o projeto e suas qualidades conhecidos às pessoas. JF: Para mim há três grandes desafios: Primeiro, como reduzir um dos textos

Que outros projetos interessantes o Centro de Mídia Intereuropeu planeja para o futuro? SF: Vou escolher o meu preferido. É outra série para TV – e dessa vez não é sobre um livro bíblico, mas sobre a espiritualidade em geral, e é direcionado para a geração do milênio. É chamado Encontros, e mostra o que a fé pode fazer no cotidiano dos estudantes universitários que enfrentam assuntos e decisões difíceis. n

Arnion pode ser visto?

O projeto ARNION é uma iniciativa mundial. Desde a concepção, os produtores Wolfgang Schick e Adrian Duré do Centro de Mídia Intereuropeu, fizeram parcerias com centros de mídia e entidades da igreja, em todo o mundo, para financiar o projeto. As sequências do vídeo foram projetadas para utilização nas diferentes culturas. Os roteiros em inglês, música, arquivos editáveis, trailers, etc., foram fornecidos a todos os parceiros interessados, que traduziram os roteiros e gravaram as cenas dos apresentadores com apresentadores nativos. Assim, foi possível a igrejas e entidades com orçamentos mais limitados para mídia, produzirem a série que parece ser personalizada para sua região. Até o presente, ARNION foi transmitido nos seguintes países:

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bíblicos mais complexos à sua mensagem central? Segundo, como trabalhar com sucesso, juntos e como equipe? Em um grupo de trabalho não se pode controlar tudo. Tive que aprender a delegar e confiar – e valeu a pena. Finalmente, tivemos que aprender como nos comunicar com calma e autoridade. Na verdade, fizemos um curso intensivo com um profissional – e aprendi muita coisa nova.

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Alemanha, Áustria e Suíça: bit.ly/1WBt8MN Noruega: bit.ly/1Nvy0QZ Brasil: Uma adaptação diferente em forma de jogo (game). terradearnion.com.br/ bit.ly/1Thynz7 Reino Unido: bit.ly/1Nvyx5p As seguintes entidades estão trabalhando nas versões específicas para seu idioma, e em breve estarão disponíveis: Itália Romênia Espanha Divisão Norte-Americana Portugal Divisão Interamericana


Legendas para o

Team Adventist

N

os últimos anos, o vídeo tem explodido na Internet. O YouTube recebe um bilhão de visualizações por dia, e dizem que 60 por cento do tráfego atual é constituído por vídeo. Os produtores da Igreja Adventista em todo o mundo estão criando vídeos dinâmicos e poderosos com mensagens transformadoras de vida. Recentemente, a equipe digital da Adventist World e Adventist Review começou a produzir vídeos curtos, e o plano é liberar sete vídeos novos por semana, nas várias plataformas digitais em desenvolvimento. Gostaríamos que todos os nossos leitores, e a comunidade online de todo o mundo, assistisse a esses vídeos. No entanto, com centenas de idiomas no mundo, como podemos nos comunicar com todos em sua língua? Apresentamos o Team Adventist (Equipe Adventista), uma comunidade de voluntários do público que trabalha durante seu tempo livre para transcrever e traduzir os vídeos em seu idioma. Atualmente, 200 voluntários trabalham em 45 idiomas diferentes. Mas precisamos de muito mais voluntários – na realidade, de outros milhares. Você está interessado? Tudo o que precisa é de uma conexão de Internet. Quando conectar, selecione um vídeo de sua preferência e comece a trabalhar nele. O Team Adventist está hospedado na plataforma Amara, um editor de legendas premiado, que facilita a captação e a tradução dos vídeos. Esses já são hospedados por vários ministérios adventistas. Por exemplo, você pode selecionar um vídeo curto para traduzir para a Adventist World, ou pode trabalhar em um vídeo missionário produzido pela Missão Adventista. Para você, talvez seja interessante traduzir um vídeo da Escola Sabatina do Hope Channel para seu idioma, ou transcrever um vídeo para o novo Hope Channel para surdos. O Amara é divertido e fácil de aprender. Você pode começar um projeto, salvar, e continuar trabalhando nele mais tarde. Precisamos de transcritores, tradutores, revisores e gestores de linguagem. Una-se hoje ao Team Adventist. Faça desse o seu ministério pessoal. Para participar, acesse amara.org/teams/adventist. É simples assim! n

E S P E C I A L

Amara torna os vídeos acessíveis mundialmente. Com 504 mil usuários registrados, de 230 países. O conteúdo foi criado em idiomas diferentes.

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O sistema aceita mais de 330 idiomas. O Team Adventist tem mais de 200 voluntários representando 45 idiomas.

Por que aderir ao

Team Adventist “Quero que o evangelho de Jesus Cristo chegue a todo o mundo o mais rápido possível” – Alexandra, Alemanha. “O chinês é minha língua materna. Aprendi inglês, e uma vez traduzi um testemunho de Ellen G. White com objetivos missionários” – Liyan, China. “Quero fazer legendas, para que os surdos possam desfrutar dos benefícios de nossos vídeos, assim como sou beneficiado por eles” – Donna, Estados Unidos. “Falo francês e desejo ver meus compatriotas desfrutando os abençoados materiais em inglês, traduzidos para o francês, para que as três mensagens angélicas sejam espalhadas em outra dimensão” – Mihindou, Gabão. “Creio que foi Deus quem me deu a habilidade de aprender idiomas estrangeiros, por isso quero usar esse talento para Seu serviço” – Leandra, França. “Como os tradutores que têm o privilégio de traduzir sermões e outras mensagens relevantes, ao legendar os vídeos, em oração, poderei aprender da Bíblia e me conscientizar das coisas que estão acontecendo em toda a igreja mundial” – Amara, Canadá.

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V I D A

A D V E N T I S T A

Joice Manurung

O

dia chegou, finalmente! Alguns de nós esperamos e oramos durante dois, oito, e até doze anos pela oportunidade de fazer o exame da ordem dos advogados, na Indonésia, em outro dia, que não fosse o sábado. Agora, faço parte do grupo de cerca de 20 adventistas em uma sala da sede da União Missão Indonésia Ocidental da Igreja Adventista do Sétimo Dia, em Jakarta, capital do país, para fazer a prova que, se passar, nos tornará advogados com plenos direitos. Louvado seja Deus! Pensei comigo mesma. Estávamos reunidos em um domingo. Por anos parecia improvável que algum dia os adventistas pudessem prestar esse exame na Indonésia. Em 1999, quando prestei o primeiro exame da Ordem dos Advogados, fui reprovada. Na época, era administrado pela Suprema Corte e sempre marcado em um dia da semana. Mas, em 2003, uma lei nacional passou à Associação Indonésia de Advogados, conhecida no idioma indonésio pela sigla PERADI, a tarefa de administrar o exame e, a partir de então, todos exames da Ordem dos Advogados passaram a ser marcados para o sábado. Após ter sido reprovada, em 1999, fiz uma pausa na minha carreira legal para me casar e começar minha família. Mas em 2008, decidi retornar à minha profissão e soube que não poderia refazer o exame devido ao conflito com o sábado. Resolvi coletar os nomes dos meus colegas adventistas que também queriam se tornar advogados, para entrar com uma petição para a PERADI oferecesse o exame em outro dia. Meus esforços iniciais não foram longe. Enviei uma grande quantidade de e-mails, mas recebi a resposta de uma pessoa, apenas, Markus Setiawan. Ele disse que a PERARI havia negado recusado seu pedido escrito para que o exame de advogados fosse oferecido em outros dias. Assim, coloquei de lado minha ambição legal e me tornei

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Passei no

exame da

Ordem dos Advogados A luta para mudar as regras do exame no sábado missionária na área médica. Eu não sabia o que fazer a seguir. Vários anos se passaram. Minha luta acabou durando nove anos. Próxima grande tentativa

Em 2011, Apriani Sijabat, adventista, entrou em contato comigo para dizer que seu chefe estava requerendo que ela fizesse o exame de advogados como parte do seu trabalho. Após várias reuniões, decidimos levar nosso dilema a Samuel Simorangkir, diretor de liberdade religiosa local da Igreja Adventista. Simorangkir estava ansioso para ajudar e sugeriu que criássemos uma organização chamada Instituto de Assistência Legal para representar os interesses de nosso grupo adventista. O Instituto de Assistência Legal, com o apoio da União Missão Indonésia Ocidental, onde Simorangkir trabalha, submeteu um pedido escrito à PERADI para que oferecesse o exame em um dia alternativo. Passaram-se vários dias sem nenhuma resposta. Entrei em contato com um

membro da comissão de supervisão da PERADI para perguntar se a carta havia chegado. Ele confirmou que sim, mas disse que nosso pedido chegou muito tarde. A preparação final para o próximo exame já estava pronta. Ficamos desapontados, mas continuamos a orar com esperança. Nosso grupo de adventistas que queria prestar o exame cresceu para 25 membros. Nosso apelo seguinte, enviado em 2013, também foi rejeitado pela PERADI. Um possível avanço

Em dezembro de 2014, surgiu uma possibilidade. Um colega adventista, Timbang Pangaribuan, me disse que ele tinha feito um lobby independente com a PERADI por algum tempo, e tinha acabado de saber que eles estavam prontos para oferecer o exame para os adventistas após o pôr-do-sol do sábado. No entanto, a PERADI queria que os adventistas ficassem isolados durante todo o dia para garantir que as questões da prova não vazassem.


podemos defender as leis do mundo se transgredimos a lei de Deus? Notícia surpreendente

Acima: A sede da União Indonésia Ocidental, em Jakarta, foi o local do exame da Ordem dos Advogados. Direita: A autora (segunda da direita, na fila da frente) posa com outros adventistas que prestaram o exame.

Reunimo-nos várias vezes com a PERADI e a comissão organizadora do exame para discutir os pormenores. Eles nos disseram que esperássemos o próximo passo: a aprovação do decreto relevante da PERADI. A aprovação nunca chegou. Os diretores da PERADI mudaram de ideia repentinamente e cancelaram o plano de realizar o exame após o pôr-do-sol. Ficamos extremamente desapontados. Oramos por tanto tempo e a solução parecia tão próxima… Lembrei-me de uma das minhas últimas conversas com os líderes da PERADI. Disse a eles que não estávamos procurando ser advogados especiais, mas só queríamos guardar a lei de Deus e adorar no sábado. Sublinhei a importância de obedecer à lei de Deus. Mas os líderes da PERADI pareciam não se importar com nosso pedido. Estavam ocupados na preparação do congresso para eleger o novo diretor. Um mês após o congresso, de repente a PERADI se dividiu em três F O T O :

C O R T E S I A

D A

A U T O R A

organizações e todas se diziam ser a PERADI legítima. A separação nos deixou confusos. Não sabíamos para qual das três organizações devíamos voltar a tratar do nosso pedido sobre o sábado. Perguntei o que havia acontecido. Por que estava sendo tão difícil fazermos a prova? Qual seria o propósito de Deus? Enquanto eu pensava sobre a situação, em oração, descobri a resposta em meu filho pequeno. Certo dia, quando ele entrou no quarto, olhei para ele e concluí que eu me sentiria muito mal se um dia ele desejasse ser advogado, mas eu não tinha feito o meu melhor para mudar o dia do exame. Compreendi que não estava lutando apenas por mim e pelo nosso grupo de 25 adventistas, mas pelas próximas gerações. Ao mesmo tempo, compreendi que talvez Deus estivesse permitindo as dificuldades com o exame dos advogados porque não queria que fôssemos advogados medíocres, pois procuramos seguir o exemplo de Jesus Cristo, nosso advogado extraordinário. Como

Em setembro de 2015, recebemos a impressionante notícia de que a Suprema Corte da Indonésia havia decidido que todas as organizações de advogados – incluindo as três divisões da PERADI – poderiam oferecer o exame de advogados. Com a ajuda da União Missão Indonésia Ocidental, apelamos ao Congresso Indonésio de Advogados, umas das instituições separadas da PERADI vários anos antes, e recebemos uma resposta positiva. No domingo, 24 de janeiro de 2016, o Congresso Indonésio de Advogados ofereceu o exame dos advogados para um grupo de adventistas e não adventistas na sede da União Missão Indonésia Ocidental. A organização até colocou uma grande faixa na parede anunciando que o exame estava sendo realizado com a colaboração da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Markus Setiawan e Apriani Sijabat estavam entre os 20 adventistas naquela sala. Inclinamos a cabeça em oração antes do início da prova. Tínhamos trabalhado tão duro para nos preparar para esse momento! Estudamos os livros de leis. Passamos vários anos orando e apelando pelo direito de guardar a lei de Deus sobre o sábado. Então, estávamos cheios de gratidão e do desejo de glorificar o nome de Deus com o resultado do nosso exame. Duas semanas depois soubemos que todos os participantes adventistas tinham sido aprovados com destaque. Como diz o salmista: “Deleite-se no Senhor e Ele atenderá aos desejos do seu coração” (Sl 37:4). Deus é real, e a liberdade religiosa está bem viva na Indonésia, mesmo que, às vezes, precisemos lutar por ela. n

Joice Manurung é advogada, em Jakarta,

Indonésia.

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D E S C O B R I N D O

O

E S P Í R I T O

D E

E

ra o início do meu terceiro ano em uma escola de ensino médio, no centro da cidade, com todos os seus problemas: violência, drogas, imoralidade sexual, etc. Meus pais sabiam que precisavam conseguir um lugar melhor para mim, um adolescente de 17 anos de idade, de olhos arregalados e com dificuldade de controlar o próprio temperamento. Pine Forge Academy – escola-internato nas colinas sonolentas de Pine Forge, Pensilvânia, EUA – era o perfeito antídoto contra o centro da cidade. Eu estava feliz em poder terminar meu ensino médio naquela escola, pois já estava cansado do “drama” da escola anterior, mas mal eu sabia que algo impactaria muito mais a minha vida do que a nova escola. O presente

Quando meu pai estava carregando o carro para nossa viagem a Pine Forge, me presenteou com uma coleção de dois volumes de Ellen G. White. Infelizmente, seus escritos foram muitas vezes usados para corrigir problemas de comportamento. Assim, durante o início da minha adolescência, perdi a beleza e doçura dos seus conselhos. No entanto, aceitei o presente do meu pai, e lá fomos nós. Quando, finalmente, abri os dois volumes de Mente, Caráter e Personalidade, algo aconteceu comigo. Vi minha experiência acadêmica como uma oportunidade de fazer algumas mudanças positivas em minha vida, de começar outra vez. E nada me ajudou tanto nessa empreitada como esses dois livros.

Presente que sempre abençoa Dwain N. Esmond

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P R O F E C I A

Como jovem e batizado na cultura da cidade, Deus começou a colocar Seu dedo sobre as coisas difíceis que me seguravam, por meio de Ellen White. Eu cresci em um lar em que Deus era amado, os cultos eram constantes e a vida na igreja estimada. Mesmo assim, comecei a me perder ao longo do caminho. Queria desesperadamente ser um bom aluno. Por meio de Sua serva ungida, Deus providenciou as ferramentas necessárias para que eu alcançasse meu alvo. Foi durante esse período da minha vida que li o seguinte: “Como poderoso meio de educação, a Bíblia é única. Nada dará tanto vigor a todas as habilidades como o desejo de os estudantes compreenderem as maravilhosas verdades da revelação. A mente se adapta de maneira gradual aos assuntos sobre os quais se detém. Se apenas se ocupa com assuntos comuns, sem considerar temas abrangentes e distintos, se tornará limitada e insuficiente. Se nunca for solicitada a lidar com problemas difíceis ou obrigada a compreender verdades importantes, depois de algum tempo ela praticamente perderá o poder de crescimento.”1 Nenhum capítulo daquela compilação incrível de dois volumes me impactou mais do que o capítulo 11 do volume 1: “O Estudo Bíblico e a Mente.” Foi após ter lido esse texto que estudei a Bíblia com intenção e precisão. Os escritos da Sra. White funcionaram em minha vida jovem exatamente como, segundo ela, eles deveriam ser – “uma luz menor para guiar […] à luz maior da Palavra de Deus.”2 Hoje, amo e aprecio tanto um quanto o outro, mas tenho certeza de que não


Por meio de Sua serva ungida, Deus providenciou as ferramentas necessárias para que eu alcançasse meu alvo. seriam tão importantes para mim quanto são hoje, se não tivesse recebido aqueles livros como presente do meu pai. Encarando o desafio

Hoje, a Igreja Adventista do Sétimo Dia enfrenta uma dura realidade: o número de membros que lê regularmente os conselhos inspirados de Ellen White está declinando rapidamente. Isso é um problema porque significa que a maioria dos membros não está experimentando a riqueza de bênçãos dos seus conselhos sagrados. Mas há outro motivo para estar alarmado. Em um estudo com mais de 8.200 adventistas que frequentam 193 igrejas no território da Divisão Norte-Americana, os pesquisadores Roger L. Dudley e Des Cummings Jr. relataram: “Os que estudam os escritos de Ellen White regulamente são mais propensos a ser cristãos mais sólidos em sua vida espiritual e no testemunho em suas comunidades, do que os membros de igreja que não estudam.”3 O que fazer agora?

Esses são dados de 1982 – ano em que alguns resultados da pesquisa foram publicados na edição de outubro da revista Ministério. Nos anos seguintes, houve um declínio drástico no número de adventistas que leem alguma coisa de Ellen White, mesmo que não regularmente. Atualmente, estamos testemunhando o advento da geração digital/visual que lê de maneira diferente. Segundo observado por estudo recente do Centro de Pesquisa Pew, – na América do Norte onde o estudo foi realizado – a geração do milênio está lendo mais do que a geração acima dos 30 anos. “No geral, 88 % dos americanos com menos de 30 anos leu um livro no ano anterior, comparado com 79 por cento dos de 30 anos ou mais de idade. Os jovens adultos já alcançaram os adultos de 30 e 40 anos na leitura digital, com 37 por cento dos adultos com idades entre 18 e 29 anos com a afirmação de que leram um e-book no ano anterior.”4 Como devemos acender a centelha de amor pelos escritos de Ellen White nos adventistas jovens e jovens adultos no século vinte e um? A seguir estão duas sugestões para iniciar.

1 Lembre-se de que a verdade eterna é antes e acima de tudo, relacional. Jesus declarou que Ele é a verdade (Jo 14:6). Portanto, a verdade é uma Pessoa que deve ser conhecida. Atualmente, os jovens consomem mais informação por uma rede de conectividade que chamamos de mídia social. Eles dependem uns dos outros para investigar e entregar a informação que é significativa para sua vida. Para alcançar os jovens com os escritos de Ellen White hoje, eles devem ser utilizados com uma abordagem que supra as necessidades específicas na vida deles. Por exemplo, em vez de recomendar a um adolescente que está se debatendo com sua crença em Deus que leia “O que fazer com a dúvida”, em Caminho a Cristo, alguém deve selecionar um parágrafo específico e gravar um vídeo curto explicando por que essa informação é importante. Esse vídeo deve, então, ser enviado via mensagem de texto, com uma nota de amor e aceitação. Esse processo de atribuição de significado, ou contextualização, é imprescindível ao compartilhar a verdade com os jovens de hoje. 2 Nunca subestime a influência dos pais, tutores ou parentes no compartilhamento da verdade. O fato de meu pai ter considerado meu desenvolvimento espiritual importante o bastante para me dar aquele presente, não foi em vão, ele mudou minha vida. Eu aceitei os livros porque vieram do meu pai, um homem a quem eu amo, respeito e admiro. As famílias são a unidade fundamental na divulgação da verdade. Creio que Deus age por meio de tudo – mesmo aqueles que não têm pais – que têm interesse na salvação dos Seus jovens. Quando pais, tutores, ou parentes destacam uma citação de Ellen White e dizem para seus jovens: “Li isso hoje, e me ajudou muito; você gostaria de dar uma olhadinha e me dizer o que acha?” Quantos jovens rejeitariam essa oferta? Hoje, tenho a distinta honra de trabalhar em uma grande instituição da Igreja Adventista do Sétimo Dia, o Patrimônio Literário de Ellen G. White. Realmente, duvido que eu estaria aqui se meus pais não tivessem me apresentado os escritos dela em minha idade precoce. À medida que nossa igreja apoiar as famílias adventistas em sua missão de cumprir o imperativo encontrado em Deuteronômio 6, teremos feito à igreja remanescente de Deus, e a nossos jovens, um grande serviço. n 1 Ellen

G. White, Mente, Caráter, e Personalidade (Casa Publicadora Brasileira), v. 1, p. 91. G. White, Testemunhos Seletos (Casa Publicadora Brasileira), v. 3, p. 30. L. Dudley e Des Cummings, Jr., “Who Reads Ellen White?” Ministry 55, no. 1 (1982): 10-12. 4 Kathryn Zickhur e Lee Rainie, “Younger Americans and Public Libraries,” Pew Research Center, 10 de setembro de 2014, http://www.pewinternet.org/2014/09/10/younger-americans-andpublic-libraries/ 2 Ellen

3 Roger

Dwain N. Esmond, é pastor, editor, orador, e

diretor associado do Patrimônio Literário de Ellen G. White. É casado com Kemba M. Esmond há mais de 20 anos e são orgulhosos de seu filho Dwain, Jr., que é leitor assíduo os escritos de Ellen White.

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R E S P O S T A S

A

P E R G U N T A S

B Í B L I C A S

A

criação e o Qual é o significado da declaração: “E o Espírito de Deus Se movia sobre a face das águas” (Gn 1:2)?*

Espírito de Deus

Essa é a primeira vez em que o Espírito de Deus é mencionado na Bíblia e é mencionado no contexto da criação. É difícil saber o significado da declaração, porque ela não é esclarecida imediatamente. Para compreendê-la temos apenas a linguagem e o seu contexto. Examinarei os dois. 1. O Espírito (no hebraico, “vento”, “fôlego”) de Deus: Embora alguns interpretem a frase “o Espírito de Deus” do verso, como “o vento de Deus”, ou como “um forte vento”, não existe uma razão válida para rejeitar a interpretação tradicional. No Antigo Testamento a frase no hebraico sempre significa “o Espírito de Deus.” Em Salmo 104:30 a presença do Espírito durante a criação é descrita em termos pessoais como “Seu Espírito”, enviado por Deus para atuar no mundo natural. A Bíblia não diz muito sobre o papel do Espírito no ato divino da criação. Salmo 104:30 identifica o Espírito como instrumento de Deus para criação, e para renovar e preservar a criação. Sabemos, também, que “mediante a palavra do Senhor foram feitos os céus e os corpos celestes, pelo sopro [ruach, “vento,” “espírito,” “sopro”] de Sua boca” (Sl 33:6; cf. Jó 26:13). Nesse caso Deus cria por meio da “palavra” e do “fôlego/Espírito.” O Novo Testamento identifica a “palavra” com Cristo, a Palavra de Deus encarnada (Jo 1:1-3). Como Pai, Filho e Espírito Santo estão envolvidos na criação e criação é uma prerrogativa de Deus, os três são divinos por natureza. 2. O verbo “pairar” (no hebraico rakhaph): O verbo rakhaph tem sido traduzido por alguns como “ninhada” o que implica que o mundo seria um tipo de ovo cósmico sendo chocado pelo Espírito. Isso tem por base as ideias mitológicas da antiguidade. Mas de modo nenhum o verbo significa “ninhada”. Ele pode significar “tremer”(Jr 23:9) ou “pairar” (Dt 32:11). Em Deuteronômio 32:11 ele é usado para descrever o movimento rápido de uma águia ao voar para pegar seus filhotes quando estão aprendendo a voar. Ela transmite a ideia de movimentos rápidos de ida e vinda. Aqui ela indica que o Espírito estava ativo na criação. O primeiro capítulo de Gênesis declara várias vezes que Deus é o criador

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transcendental, mas a presença ativa do Espírito na criação também fala sobre um Deus imanente. 3. O Espírito e a criação: Ao olharmos o contexto imediato e amplo de nossa passagem, podemos afirmar, com segurança, várias coisas. Primeiro, como o Espírito de Deus em Gênesis é o mesmo Espírito revelado no restante das Escrituras, o que é dito sobre Ele em outros lugares pode nos ajudar a compreender Seu papel na criação. Sabemos que o Espírito, entre outras coisas, capacita as pessoas a desenvolver seu potencial para a realização de determinadas tarefas. Ele está diretamente envolvido na criação preservando e desenvolvendo seu potencial. Segundo, podemos afirmar o óbvio também: ou seja, que o Espírito estava presente no planeta antes de ele ser organizado para se tornar o habitat humano. Portanto, podemos seguramente dizer que a obra do Espírito está relacionada com a obra da criação descrita em seguida no texto. Em outras palavras, o Espírito de Deus é introduzido no início da narrativa para indicar que Sua atividade é preparatória para a obra de Deus durante a semana da criação. Terceiro, Deus criou as matérias primas com um potencial que somente Ele poderia preservar e desenvolver (e.g., Gn 1:11, 24). O potencial da criação não se atualiza a si mesmo, como sugere a evolução teísta. A Palavra atualiza a criação segundo a intenção divina. Com esses comentários em mente, permita-me uma sugestão: A presença do Espírito na criação – Sua atividade/ movimento constante expressa pelo verbo “pairar” ou “mover” – é o meio pelo qual o potencial da criação finita foi preservado e será ativado em combinação com a Palavra criadora de Deus. De maneira misteriosa, a Palavra e o Espírito de Deus trabalharam em conjunto para trazer nosso mundo à existência. n *Todos os textos bíblicos foram extraídos da Nova Versão Internacional.

Ángel Manuel Rodríguez está aposentado após servir como pastor, professor e teólogo.


B Í B L I C O

N I C O L A S - B E R N A R D

L E P I C I E

E S T U D O

Vidas transformadas Mark A. Finley

transformam o mundo

É

difícil superestimar a influência de pessoas totalmente comprometidas com Jesus. Vidas transformadas pelo poder de Deus transformam o mundo ao seu redor. O apóstolo Paulo, com certeza, transformou! O poder do Cristo vivo o transformou do zelote religioso perseguidor, no apóstolo da cruz e evangelista pregador do evangelho. Na lição deste mês estudaremos o poder maravilhoso da graça.

1 Qual era o propósito de Saulo ao viajar para Damasco? Leia Atos 9:1, 2 com atenção e explique a atitude dele em relação aos cristãos. Saulo, cujo nome mais tarde foi mudado para Paulo, era um perseguidor ferrenho dos cristãos. Ele tinha prazer em deter e aprisionar o maior número possível de seguidores de Cristo. A lição de hoje revela que Deus é incansável na busca de Seus filhos perdidos e mostra que Sua graça pode transformar o mais duro dos corações.

2 Descreva a conversão de Paulo em Atos 9:3-6. Todas as conversões são tão dramáticas como foi a do apóstolo Paulo? Compare a conversão de Paulo com a conversa de Jesus com Nicodemos em João 3:3-8. Algumas conversões são dramáticas como a do apóstolo Paulo. Em algumas vidas o Espírito Santo realiza um milagre inexplicável e repentino. Outras se parecem mais com a conversão de Nicodemos: O Espírito Santo as atrai gentilmente. Gradualmente, elas atendem a súplica insistente do Espírito e entregam a vida a Cristo. Seja como for a conversão, repentina ou gradual, dramática ou imperceptível, o resultado final ainda é o mesmo: uma vida transformada pelo poder de Deus.

3 Que lições podemos aprender com as palavras de Jesus a Paulo em Atos 9:5: “Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões”? (Versão Almeida Revista e Corrigida). Um aguilhão era um cajado de ferro afiado usado para fustigar o boi a apressar o passo. A expressão “recalcitrar contra os aguilhões” podia muito bem ser um provérbio grego referindo-se ao desconforto do boi por ser constantemente fustigado. O Espírito Santo podia muito bem ter falado

continuamente a Saulo: “É difícil para você continuar lutando contra os apelos do Espírito à sua consciência.”

4 Leia Atos 9:6, 11, 12, 15-17. Após sua conversão, para onde Jesus disse que Paulo deveria ir imediatamente? Por que você acha que Paulo recebeu aquela instrução? Esse é um bom exemplo do Espírito Santo dirigindo o cristão recém-convertido para entrar em contato com a igreja de Cristo e receber mais instrução após sua conversão.

5 O que Paulo fez após sua conversão? Sendo nós seguidores de Jesus, como isso se aplica à nossa vida? Leia Atos 9:20. Quando Jesus mudou a vida de Paulo, seu desejo era compartilhar Cristo com os outros. Quando Cristo nos transforma, nos tornamos testemunhas poderosas da Sua graça e embaixadores do Seu amor.

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Explique a experiência de Paulo em Atos 16:9. Por que isso é tão importante? Uma vida consagrada transforma o mundo. Paulo ouviu a voz do Espírito e plantou as primeiras igrejas cristãs na Europa. A mensagem do apóstolo foi às cidades em todo o continente Asiático e Europeu.

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Após sua conversão, Paulo tinha uma nova paixão e uma nova razão para viver. Leia Atos 28: 28-31 e descreva a paixão da vida de Paulo. Quando somos transformados pela graça de Deus, nosso maior desejo é testemunhar para outros sobre Seu amor. Não podemos ficar em silêncio. Vivemos com um propósito especial em nossa vida: compartilhar a mensagem de Deus sobre a vida eterna, revelar a clareza da Sua verdade, e a beleza do Seu caráter. O apóstolo Paulo transformou seu mundo; e nós também podemos transformar o mundo ao nosso redor. Vamos permitir que Cristo, por meio do Seu Santo Espírito, nos capacite a ser transformadores do nosso mundo hoje. n

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TROCA DE IDEIAS Agradeço a vocês por publicarem a Adventist World. Ela é uma excelente revista que constantemente me conforta. Dificilmente recebo minha revista na data prevista, pois leva muito tempo para chegar até aqui. Mas sempre sou inspirado por ela. Sigam em frente com esse maravilhoso trabalho! David Amos Banda Maláui Há algo para as crianças?

Cartas Alegria

A edição de janeiro da Adventist World nos proporcionou mensagens de muita alegria e poder. Que edição maravilhosa! Deus os abençoe pelo ministério que realizam! Colocar Cristo no centro de tudo é uma grande bênção. Esse é o lugar dEle! Sylvia Renz Alsbach-Hähnlein, Alemanha Obedecer é servir

Sou muito grato pelo artigo de Ángel Manuel Rodriguez: “Uma questão de obediência” (novembro de 2013). Esse foi um assunto muito interessante. Concordo plenamente com o autor: “Obediência é serviço [...] Essa é uma resposta à voz divina que leva o corpo todo à ação.” Ele me ensinou a sempre colocar a Palavra de Deus em ação.

OraçãoW

Aprecio muito a leitura da Adventist World, mas tenho uma sugestão. Por que não acrescentam uma página com jogos e perguntas bíblicas para as crianças? Só uma ideia. Sisa Nkomanzana Zimbábue Apreciamos envolver as crianças de nossa igreja. Confira nossa KidsView na página www. kidsviewmag.org. – Os Editores Esclarecimento

Minha gratidão à organização por nos esclarecer sobre o que está acontecendo no mundo adventista. Nicholas Koech Quênia Ser fiel a Ele

Muito obrigado por publicar o devocional de Ty Gibson “Uma história para contar” (abril de 2016). Esse artigo que nos leva a imergir nossa vida em Jesus, causou um grande impacto em mim,

para a glória de Deus. Gosto especialmente da frase: “Como Deus, Ele foi fiel à humanidade. Como humano, Ele foi fiel a Deus.” A rainha Elizabeth, chefe de estado aqui na Inglaterra, disse recentemente que tem sido fiel a Deus porque Ele tem sido fiel a ela. Se vivêssemos somente para falar do incrível amor e fidelidade de Deus, seria o suficiente para atrair as pessoas a Ele. Precisamos conhecer esse amor e fidelidade, por nós mesmos. Tina Bunker, Inglaterra

Queremos ouvir sua

Voz:

Gostaríamos de ouvir sua opinião. Por favor, escreva para: letters@adventistworld.org. Por favor, o texto deve ser claro, com até 100 palavras. Inclua em seu comentário o nome do artigo e data da publicação, além do seu nome, cidade, estado e país. As cartas serão editadas de acordo com o espaço disponível e clareza do texto. Nem todas as cartas serão publicadas, mas nos alegramos em saber sua opinião!

GRATIDÃO

Ore por minha família. Realmente necessitamos das bênçãos de Deus. Ludovic, Haiti

Gostaria de continuar meus estudos em uma área que honre a Deus, mas estou confuso. Reine, Mauritius

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Adventist World | Julho 2016

Sou contador. Ore para que eu encontre uma boa esposa e pelo êxito nos meus negócios. Shawky, Egito Por favor, ore por mim! Necessito de recurso financeiro para concluir meus estudos. Andrew, Uganda

Por favor, ore para que eu consiga um bom emprego. Sammy, Quênia Oração & Gratidão: Envie seus pedidos de oração ou agradecimentos (gratidão por orações respondidas) para prayer@adventistworld.org. As participações devem ser curtas e concisas, de no máximo 50 palavras. Os textos poderão ser editados por questão de espaço e clareza. Nem todas as participações serão publicadas. Por favor, inclua seu nome e o nome do seu país. Os pedidos também podem ser enviados por fax para o número: 1-301-680-6638; ou por carta para Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, MD 20904-6600, EUA.


Oração

(com base no Salmo 15)

Senhor, Quem irá morar contigo no Céu? Quem será Teu vizinho? Os que vivem com integridade, Os que fazem o que é certo porque é certo, Os que falam a verdade, Os que falam bem dos outros. Os que são amigos verdadeiros, Os que tratam o próximo como a si mesmos, Os que não se associam com o mal, Aqueles cuja vida reflete a graça. Os que mantêm a palavra a qualquer custo, Os que emprestam dinheiro sem juro aos necessitados, Os que não aceitam suborno para prejudicar o inocente, Aqueles cujo caráter é respeitável. Minha oração hoje É ser convidado a viver para sempre Na Tua vizinhança. Amém. – Andrew Hanson, Chico, Califórnia, Estados Unidos

A L I

27anos

Em 1º de julho de 1989, foi fundado o Centro Global Adventista do Sétimo Dia para Estudos Islâmicos. Ele resultou de uma estratégia anunciada por Neal C. Wilson, então presidente da Associação Geral, no Concílio Anual no Rio de Janeiro, em 1986, e mais tarde apresentado como parte da iniciativa de Missão Global na assembleia da Associação Geral em Indianápolis (Estados Unidos). A razão para o estabelecimento de um centro de estudo islâmico foi o fato de que, embora a igreja estivesse fazendo um progresso rápido em suas atividades missionárias em todo o globo, em muitas partes do mundo era mínimo o crescimento entre as populações islâmicas – cerca de 20 % da população do mundo.

O Centro Global para Relações Adventistas-Muçulmanos (gcamr.global missioncenters.org) funciona hoje no Newbold College, em Bracknell, Inglaterra. Ele é um dos seis Centros de Missão Global que busca construir pontes de compreensão e amizade com pessoas das principais religiões e filosofias do mundo. Os outros centros incluem o Centro de Amizade do Mundo Judeu-Adventista, o Centro para Religiões do Leste-Asiático o Centro de Estudos Secular e Pós-moderno, o Centro para Religiões do Sul-Asiático, e o Centro Urbano de Missão Global.

A L I

Para mais informação, visite

Z A F E R

Z A F E R

gm.adventistmission.org/ global-mission-centers.

Julho 2016 | Adventist World

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TROCA DE IDEIAS

Sem escolha Embora a escravidão seja ilegal em todas as nações da Terra, em 2014 o Índice de Escravidão Global estimou que 35,8 milhões de pessoas em todo mundo estavam presas nas cadeias invisíveis do medo, do controle psicológico e da violência. O lucro ilegal com o tráfico humano é avaliado em 150 bilhões de dólares ao ano. International Children’s Care Australia, um ministério oficial mantido pela Igreja Adventista do Sétimo Dia, ajuda crianças em risco no Camboja, Filipinas, Sri Lanka e Tailândia (iccaustralia.org). Fonte: The Rotarian/International Children’s Care Australia

SERMÃO de

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SEGUNDOS A

Porta Aberta A porta se abre

! e t u Ch

E, já sei, sem tentar, Que não devo fechá-la. Sinto medo E vou para o canto oposto da sala. Oro por coragem. Oro por perdão.

“Brincar é parte vital para a sobrevivência humana. Brincar é uma das terapias mais efetivas para qualquer tipo de trauma ou dificuldade, seja em campos de refugiados ou nos centros das cidades afetados por gangues violentas – onde quer que crianças tenham sofrido abusos dos direitos humanos, o efeito da pobreza, ou desastres naturais. Brincar é o que permite que elas se recuperem e se conectem com outras comunidades.” – Tim Jahnigan, One World Play Project (Projeto Um Mundo que Brinca) que em cerca de 10 anos, doou mais de 1,5 milhões de bolas duráveis de futebol em mais de 175 países (oneworldplayproject.com).

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Adventist World | Julho 2016

Oro por força. Por último, oro por paz. Vejo, então, uma luz E reconheço que ela esteve ali o tempo todo. – Donalda Thorn, Nine Mile Falls, Washington, Estados Unidos


“Eis que cedo venho…”

Nossa missão é exaltar a Jesus Cristo, unindo os adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só crença, missão, estilo de vida e esperança.

Lanche

Editor Adventist World é uma publicação internacional da Igreja Adventista do Sétimo Dia, editada pela Associação Geral e pela Divisão do Pacífico Norte-Asiático. Editor Administrativo e Editor-Chefe Bill Knott

INTELIGENTE

Gerente Internacional de Publicação Pyung Duk Chun Comissão Editorial Ted N. C. Wilson, presidente; Benjamin D. Schoun, vice-presidente; Bill Knott, secretário; Lisa Beardsley-Hardy; Daniel R. Jackson; Robert Lemon; Geoffrey Mbwana; G. T. Ng; Daisy Orion; Juan Prestol; Michael Ryan; Ella Simmons; Mark Thomas; Karnik Doukmetzian, assessor legal.

Comer um pedaço de fruta antes de fazer compras de alimentos, pode prevenir a compra de guloseimas com alto índice calórico. Segundo pesquisa da Universidade Cornell (Estados Unidos), as pessoas que comeram maçãs antes de ir às compras, compraram 28% mais produtos saudáveis do que os consumidores que comeram biscoitos. Moral: Quando você faz um lanche saudável, seu subconsciente continua a levá-lo na mesma direção.

Comissão Coordenadora da Adventist World Jairyong Lee, chair; Yutaka Inada, German Lust, Pyung Duk Chun, Suk Hee Han, Gui Mo Sung Editores em Silver Spring, Maryland, EUA André Brink, Lael Caesar, Gerald A. Klingbeil (editores assistentes), Sandra Blackmer, Stephen Chavez, Wilona Karimabadi, Andrew McChesney

Fonte: Men’s Health

Editores em Seul, Coreia do Sul Pyung Duk Chun, Jae Man Park, Hyo Jun Kim

lugar

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Conselheiro E. Edward Zinke Administradora Financeira Kimberly Brown Assistente Administrativa Marvene Thorpe-Baptiste Comissão Administrativa Jairyong Lee, presidente; Bill Knott, secretário; Chun, Pyung Duk; Karnik Doukmetzian; Han, Suk Hee; Yutaka Inada; German Lust; Ray Wahlen; Ex-officio: Juan Prestol-Puesán; G. T. Ng; Ted N. C. Wilson Diretor de Arte e Diagramação Jeff Dever, Brett Meliti Consultores Ted N. C. Wilson, Juan Prestol-Puesán, G. T. Ng, Leonardo R. Asoy, Guillermo E. Biaggi, Mario Brito, Abner De Los Santos, Dan Jackson, Raafat A. Kamal, Michael F. Kaminskiy, Erton C. Köhler, Ezras Lakra, Jairyong Lee, Israel Leito, Thomas L. Lemon, Geoffrey G. Mbwana, Paul S. Ratsara, Blasious M. Ruguri, Saw Samuel, Ella Simmons, Artur A. Stele, Glenn Townend, Elie Weick-Dido Aos colaboradores: São bem-vindos artigos enviados voluntariamente. Toda correspondência editorial deve ser enviada para: 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring MD 20904-6600, EUA. Escritórios da Redação: (301) 680-6638 E-mail: worldeditor@gc.adventist.org P O I R I E R

do

Colaboradores Mark A. Finley, John M. Fowler

M E R L E

Em que

Gerente de Operações Merle Poirier

Website: www.adventistworld.org Adventist World é uma revista mensal editada simultaneamente na Coreia do Sul, Brasil, Argentina, Indonésia, Austrália, Alemanha, Áustria, México e nos Estados Unidos.

V. 12, nº- 7

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RESPOSTA: “A Bendita Esperança”, pintura representando a segunda vinda de Cristo, está em exposição na sede da Associação Geral, em Silver Spring, Maryland, Estados Unidos. Recentemente, os presidentes das Divisões do mundo foram presenteados com cópias da pintura original do artista adventista, Nathan Green, para que sejam expostas nos respectivos escritórios. Cópias da pintura também estão sendo oferecidas para cada escola adventista de ensino médio, na América do Norte.


SINCE 1849, ADVENTISM’S FLAGSHIP JOURNAL OF FAITH, INSPIRATION, NEWS, AND PROPHECY

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