Aw august 2014 portuguese

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Órgão Internacional dos Adventistas do Sétimo Dia

Agos to 201 4

amar

nosso inimigo?

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Religião do

Coração

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Imagem ou

Caricatura?

Libertação do

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Pecado, Lei e Morte


Agosto 2 01 4

A R T I G O

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D E

14 A Voz Humana

C A P A

V I D A

A D V E N T I S T A

Amar Nosso Inimigo?

Denis Kaiser

Há cem anos, uma guerra na Europa incitou crentes contra crentes.

Wilhelmina Dunbar

Como a voz é usada para louvar a Deus e abençoar a outros.

20 Imagem ou Caricatura? C R E N Ç A S

F U N D A M E N T A I S

8 A Batalha V I S Ã O

M U N D I A L

Jens O. Mohr

Graças a Deus fomos criados à Sua imagem.

24 Da Exclusão à Inclusão H E R A N Ç A

Ted N. C. Wilson

O motivo de não portarmos armas.

A D V E N T I S T A

Glenn O. Phillips

Como uma pequena ilha se tornou uma grande testemunha.

12 Religião do Coração D E V O C I O N A L

Raúl Quiroga

Quando o comportamento exterior corresponde à convicção interior.

SEÇÕES 3 N O T Í C I A S

DO

MUNDO

3 Notícias Breves 6 Notícia Especial 10 Igreja de Um Dia

11 S A Ú D E N O M U N D O Câncer de Cólon

ESPÍRITO 22 DE

PROFECIA

Fé e Doutrina, Lei e Testemunho RESPOSTAS 26

A PERGUNTAS BÍBLICAS

Libertação do Pecado, Lei e Morte

www.adventistworld.org On-line: disponível em 11 idiomas Tradução: Sonete Magalhães Costa

Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald Publishing Association. Copyright (c) 2005. V. 10, Nº- 8, Agosto de 2014.

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27 E S T U D O B Í B L I C O O Elevado Preço da Salvação 28

TROCA

DE

IDEIAS


Centenário Solene

N ot í cias do M u ndo

Mais de 40 Mil Pessoas São Esperadas para a

Série Evangelística, em Zimbábue

d e

J u d i t h

M u s v o s v i

■■ Os líderes da Igreja Adventista em Zimbábue estão se preparando para receber mais de 40 mil pessoas em uma série de conferências de duas semanas, no próximo ano. O evento de maio de 2015, que será realizado em Harare, capital desse país da região sul da África, promete ser um dos esforços mais ambiciosos de compartilhar Jesus sob os auspícios da iniciativa “Missão Para as Cidades”, da igreja mundial. Jonathan Musvosvi, presidente da Associação Zimbábue Oriental, organizador do evento, disse que a HOMEM NA MISSÃO: série evangelística será iniciada com Jonathan Musvosvi, presidente o presidente mundial da Igreja, Ted da Associação Zimbábue N. C. Wilson, falando, na primeira Oriental, posa em frente à semana, a empresários e funcionários sede da Associação em Harare. do governo de Harare no International Conference Center, local de alto nível social da cidade. “Esse é um segmento da população de difícil acesso, e onde a igreja não cresce tão rapidamente como gostaríamos”, disse Musvosvi, por e-mail. Os líderes da Associação esperam contar com os adventistas influentes para convidar pessoas para as reuniões, semelhantemente ao que foi feito na campanha evangelística “Hope Manila 2014: iCare”, na capital Filipina, que resultou em mais de três mil batismos, em maio deste ano. Na segunda semana, a série evangelística será transferida para o Estádio Nacional de Esportes, com capacidade para 60 mil pessoas sentadas, em uma região densamente populosa de Harare, a maior cidade de Zimbábue, com uma população de 1,6 milhão de pessoas. “Esperamos um público de 40 mil pessoas”, disse Musvosvi. Zimbábue passou por grande instabilidade política e econômica na maior parte da última década, uma realidade que, segundo Musvosvi, preparou o terreno para a série evangelística de 2015. “Sim, passamos por nossa turbulência política e econômica, mas isso fez com que nos voltássemos para Deus”, disse ele. “A receptividade das pessoas ao evangelho está alta.” – Andrew McChesney c o r t e s i a

ssa é uma das tristes ironias anunciada no alvorecer da era moderna. Não foi a descoberta de algum remédio para salvar vidas ou a invenção de uma tecnologia para economia de tempo, mas o staccato mortal de metralhadoras e a matança de milhões de seres humanos. Aprendemos muitas lições no curso fundamental sobre os avanços da medicina e as contribuições de heróis do século 19, como Pasteur e Lister, ou a mudança nos métodos de viagem por Karl Benz, Henry Ford e os irmãos Wright. Porém, os historiadores são quase unânimes em considerar o mês de agosto de 1914 como o trágico anúncio do mundo moderno. Como o primeiro verdadeiro conflito mundial da história, a Primeira Guerra Mundial transformou para sempre a compreensão da cultura, política e até da teologia. O alardeado progresso da humanidade no início do “milênio de ouro” que traria paz e prosperidade expirou nos barrentos campos de batalha de Somme, Verdun e das Ardenas. As armas letais que a historiadora Barbara Tuchman imortalizou como “armas de agosto”, de certa forma nunca pararam de produzir seu ruído tenebroso, projetando-nos para o que, de longe, foi o século mais sangrento da história humana. Quando esse terrível conflito eclodiu há um século, a jovem Igreja Adventista do Sétimo Dia, com apenas 51 anos de idade, teve seus membros recrutados nos exércitos de nações opostas. Com o mandamento bíblico “não matarás” soando em seus ouvidos, os jovens adventistas foram forçados por vários governos a violar a consciência e portar armas de combate. Os que se recusaram, sofreram graves punições em prisões e humilhações públicas. Como reportado pelo historiador Denis Kaiser no artigo de capa deste mês, até alguns líderes adventistas da época, imprudentemente promoveram o porte de armas como um sinal de patriotismo. Nesse solene aniversário para o mundo, nós, os que esperamos pelo breve retorno do Príncipe da Paz, fazemos bem em renovar nosso compromisso de lealdade ao Senhor, cujas reivindicações superam em muito as emoções turbulentas de amor à pátria ou a uma filosofia política. Aquele em quem “tudo subsiste” (Cl 1:17, NVI) logo estabelecerá Seu reino, “mantido com justiça e retidão, desde agora e para sempre” (Is 9:7, NVI).

F o t o :

E

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N ot í cias do M u ndo A Despeito da Instabilidade Econômica, Dízimo Cresce na Europa ■■ Muitos adventistas dos vinte países europeus que formam a Divisão Intereuropeia, estão devolvendo mais dízimos, apesar de 40 por cento deles não frequentar a igreja regularmente; desafio que os líderes estão comprometidos a resolver. O dízimo devolvido em 2013 totalizou 100 milhões de euros, valor semelhante ao de 2012. Essa informação foi apresentada aos líderes da Divisão Intereuropeia nas reuniões da primavera da Comissão Executiva, realizada no Instituto Adventista di Cultura Biblica Villa Aurora, em Florença, Itália. As ofertas caíram significativamente nos países afetados pela instabilidade econômica como Espanha e Portugal, onde os dízimos também caíram cerca de 20 por cento nos últimos cinco anos, disse Norbert Zens, tesoureiro da Divisão, em comentário publicado na página da web da Divisão. Isso significa que houve um aumento dos dízimos em outras partes da Divisão, cujo território abrange desde a República Checa e Bulgária ao leste, à França e Portugal a oeste, o que ajudou a estabilizar o cenário geral, disse Zens. Por exemplo, o dízimo devolvido pelos adventistas da França, Bélgica e Luxemburgo aumentou cerca de 30 por cento em cinco anos. O que é especialmente significativo, é que a maior parte do crescimento é devido ao aumento do dízimo devolvido pelos membros da igreja, disse Zens.

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PARABÉNS: Larry Wu (left), diretor da clínica odontológica do Hospital Sir Run Run Shaw e Shirley Lee da Escola de Odontologia da Universidade Loma Linda, parabenizam Oliver Zhang Yi pela formatura no curso de higiene dental. L L UH

“Somos gratos a Deus, que continua a abençoar os membros de nossa igreja, de maneira especial aqueles que continuam doando para levar ao mundo as boas-novas da salvação que encontramos em Cristo e do Seu breve retorno”, disse Zens nas reuniões de maio. Gabriel Maurer, secretário executivo da Divisão, apresentou um primeiro relatório, ainda incompleto, sobre a porcentagem dos membros que regularmente frequentam a igreja. Uma conclusão precoce indica um quadro de 60 por cento. “Temos que considerar seriamente essa tendência, planejando uma estratégia para ajudar nossos membros a ser mais consistentes em sua participação”, disse Maurer. – Equipe da Adventist Review

Loma Linda Leva Higiene Dental à China ■■ O primeiro curso de higiene dental, uma parceria entre a Escola de Odontologia da Universidade Loma Linda e o Hospital Sir Run Run Shaw, espera mudar a mentalidade do país no que diz respeito ao cuidado com os dentes. Apesar de não reconhecido oficialmente pelo governo chinês, duas turmas de alunos se formaram nesse curso inovador, no dia 4 de maio.


A formanda Lily Gong Li Li disse que sua esperança é que a higiene dental crie raízes e cresça não apenas em Hangzhou, onde está localizado o hospital, mas em toda a China. “Estou muito feliz por ter sido uma das primeiras higienistas dentais da China”, disse ela. “Vamos continuar a crescer e a ajudar a outros a aprender mais sobre o curso.” Noventa por cento da população chinesa têm problemas na gengiva e esse dado não inclui as crianças ou pessoas que só têm cáries, disse Claudine Stevenson, professora de higiene dental no Hospital Sir Run Run Shaw. “Na China, as pessoas só visitam o dentista para a extração de dentes, quando estão sentindo dor”, disse Stevenson. Os vinte e três formandos, foram contratados pela clínica dental do hospital e podem se candidatar a nove meses de estudo na Escola de Odontologia da Universidade Loma Linda, começando em setembro de 2015, disse Shirley Lee, professora da Escola de Odontologia e orientadora da recente turma de formandos. Ela disse que duas pessoas podem ser convidadas a estudar na Califórnia e, mais tarde, retornar ao hospital chinês para trabalhar como instrutores ou diretores do curso. “É por meio desse círculo completo de colaboração mútua que vemos a mão de Deus agindo”, disse ela. – Courtney Beckwith, Loma Linda University Health

Adventista Perde 53 kg e Motiva Sua Comunidade ■■ Um homem da Flórida (EUA), que perdeu 53 quilos, está inspirando seus colegas de trabalho na universidade adventista, e a muitos outros, com a história de como seu amor por Deus e por sua filha o levou a entrar em forma. Kelvin Santana, funcionário da Universidade Adventista de Ciências da Saúde em Orlando, Flórida, chegou ao fundo do poço em sua vida, quando viu sua filha Arianna, de 21 meses de idade, cair de rosto no piso de ladrilho de sua casa. Ele tentou tirar seu corpo de 145 quilos do sofá, para ajudá-la, mas não conseguiu. Enquanto lutava para se mover, sua esposa, que na época estava grávida de oito meses, veio correndo de outro cômodo e pegou a menina, que saiu ilesa. “Fiquei ali no chão, chorando como criança”, disse Santana em entrevista publicada na Southern Tidings do mês de junho, revista oficial da União do Sul dos Adventistas do Sétimo Dia. Naquele momento, Santana resolveu mudar. Começou jogando basketball uma vez por semana e, mais tarde, associou-se a uma academia de ginástica. Ele também modificou seus hábitos alimentares. Finalmente, adotou uma nova rotina matinal, que se tornou seu estilo de vida: Acorda às 5h da manhã para adorar a Deus e meditar em um único versículo da Bíblia, vai para academia onde dá seu máximo nos exercícios, em seguida, vai para a Universidade Adventista de Ciências da Saúde, onde trabalha há quatro anos. Jennifer Galeana, que trabalha com Santana, disse que muitas pessoas estão inspiradas com a perda de peso dele. “Vendo onde ele estava e onde está agora, provou para os membros de

nossa equipe que isso é algo que qualquer pessoa pode fazer, desde que haja comprometimento”, disse ela à Southern Tidings. Santana participou de várias competições e ganhou um concurso de perda de peso que lhe rendeu um prêmio em dinheiro e artigo em uma revista. O tamanho de sua calça passou de 56 para 34, perdeu 35 por cento da gordura corporal e ganhou 10 kg de músculo. “Tenho visto que a mão de Deus definitivamente tem desempenhado um grande papel em meu sucesso”, disse ele. – Equipe da Adventist Review

ANTES E DEPOIS: Kelvin Santana, acima, quando pesava 145 kg e hoje. S o u t h e r n T i d i n g s

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Andrew McChesney, editor de notícias da Adventist Review

N ot í cias do M u ndo

A Igreja Adventista realiza grande esforço evangelístico para pessoas da classe alta. C o r t e s i a

U

ma destacada mulher de negócios de Manila poderia servir como garota-propaganda para uma série evangelística que resultou em mais de três mil batismos na capital das Filipinas. A empresária Lourdes BarberoRamos, frequentou as reuniões realizadas nos dias 4 a 7 de maio, dirigidas pelo presidente da igreja adventista mundial, pastor Ted N. C. Wilson, em Manila. Mas ela não foi sozinha. Lourdes, que foi batizada pelo pastor Ted Wilson em uma série evangelística em 2009, trouxe vários amigos influentes, entre eles, Minnie Aguilar, comediante da televisão, nacionalmente conhecida. “Não foi difícil trazê-la, porque ela assiste à 3ABN e conhece nossos ensinamentos”, disse Lourdes por telefone. A 3ABN é uma rede de televisão privada, dirigida por adventistas. “Mas quando Minnie ouviu o Pr. Ted…” disse Lourdes, “não digo isso porque ele é nosso presidente, mas porque ele explicou de forma muito clara a verdade”. “Apocalipse da Esperança” foi o tema das palestras apresentadas pelo pastor Wilson. As profecias do tempo do fim no livro de Apocalipse foram o destaque do “Hope Manila 2014: iCare”, projeto de 1,2 milhão de dólares, a ser realizado durante todo o ano de 2014. Esse projeto visa anunciar Jesus ao povo de Manila, especialmente aos principais empresários e políticos da cidade. Ao perceberem como é complexo e desafiante alcançar pessoas influentes, os

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d e

R u d o l p h

Al b e r t

E s e r

M a s i n a s

organizadores incentivaram os membros bem relacionados da igreja, como Lourdes, a convidar seus amigos para a série evangelística e para os seminários de saúde, estudos bíblicos e outros eventos associados à visita do pastor Wilson. Nas semanas e meses que antecederam a série, uma equipe de 100 voluntários, com idade entre 18 e 25 anos, naturais das Filipinas, Sri Lanka, Vietnã e de outros países, espalharam-se por toda a cidade de Makati, distrito financeiro muito dinâmico, para fazer amizade com jovens profissionais e estudar a Bíblia com eles, em restaurantes (cafés) de luxo. Essas e outras iniciativas culminaram com a chegada do pastor Ted Wilson para o que ele identificou como um dos principais esforços evangelísticos da igreja em 2014: duas semanas de conferências com uma audiência de legisladores nacionais, empresários, atores e músicos. Enquanto o Pr. Wilson falava para seu público diferenciado e influente, outros líderes da Igreja Adventista, como Dan Jackson, presidente da Divisão Norte Americana e Duane McKey, vicepresidente da União Southwestern (EUA), realizavam séries evangelísticas simultaneamente em outros 75 auditórios, em Manila, cuja população da área metropolitana é de 11,8 milhões de pessoas. Foram batizadas 3.152 pessoas durante os primeiros três sábados de maio, disse E. Doug Venn, um dos organizadores do Hope Manila. Combinado com outros sete mil batismos desde o

começo do ano, mais de dez mil novos membros se uniram à igreja, como resultado da Hope Manila. “Esse foi um esforço especial para alcançar uma classe da sociedade negligenciada por muitos anos”, disse Venn, diretor da Missão Adventista da Divisão Ásia-Pacífico Sul, que abrange as Filipinas e outros 13 países asiáticos. “Infelizmente”, disse Venn, “às vezes não nos importamos com as pessoas; temos outras prioridades.” Angel Manlapas, 45, personal trainer em saúde dos empresários de Makati, compareceu às reuniões realizadas pelo pastor Wilson, durante a semana. “Gosto desse estilo de vida. Tenho estudado o adventismo há dois anos”, disse ela em entrevista. Angel, que é enfermeira padrão, decidiu ser batizada na campanha do pastor Wilson, que era precedida por palestras diárias sobre saúde, pelo Dr. Peter Landless, diretor do ministério da saúde para a igreja mundial. “Só no último dia do Hope Manila, quando o pastor Wilson disse: ‘Se você está buscando a verdade e já andou por todos os lugares à sua procura, é a você que Deus está chamando’”, disse Angel. Ela foi batizada pelo Pr. Ted Wilson, no dia 17 de maio. Cinco pessoas influentes assistiram às reuniões devido ao esforço de Majintha Gunatilake, natural do Sri Lanka, e também um dentre os 100 voluntários que foram treinados para o Hope Manila, na Escola Internacional


PREGANDO EM MANILA: Aproximadamente 13 mil pessoas compareceram à campanha evangelística “Esperança no Apocalipse”, no Cuneta Astrodome, Manila, no dia 17 de maio.

Ele também despertou a curiosidade de três empresários com uma apresentação em PowerPoint sobre a Bíblia, por meio de um amigo adventista em comum. Ao perceber o interesse, o amigo organizou uma reunião em um restaurante e ali nasceu um grupo de estudo da Bíblia. A grande esperança de Majintha é que os sete novos amigos aceitem a

Jesus antes que ele deixe Manila. “Precisamos de mais tempo com eles”, disse ele. “Mas o trabalho está em progresso. Creio que muito em breve todos eles e suas famílias, vão se entregar a Cristo.” n

C o r t e s i a d e L o u r d e s B a r b e r o - R a m o s

de Evangelismo Urbano da igreja. Majintha trabalhou inicialmente com sete empresários, quatro dos quais ele conheceu por meio de seus amigos adventistas e os outros três através de um pastor local. Ao ser perguntado sobre como havia convencido os empresários a estudar a Bíblia com ele, respondeu: “As orações sinceras realmente funcionam!”

Empresária Influente de Manila

Revela Estratégias

para Evangelizar Pessoas da Classe Alta

Falar a respeito de Jesus para pessoas de elevada condição social e financeira é um desafio que requer contatos pessoais e a habilidade de expor o evangelho com ousadia, disse Lourdes Barbero Ramos, destacada empresária das Filipinas. Lourdes aceitou a mensagem adventista em 2009, e desempenha um papel de liderança no evangelismo para a classe alta de Manila. Ela constatou que fazer amizade com pessoas influentes é o primeiro passo antes de convidá-las para assistir a palestras como as que o presidente mundial da igreja, pastor Ted N. C. Wilson, apresentou no mês de maio. Mas isso é apenas o começo. “No primeiro dia eles vão porque são meus amigos, mas não sei se voltarão”, disse Lourdes por telefone. “Esta é minha

grande preocupação.” Geralmente, as pessoas de sucesso são intransigentes, esclarecidas, inteligentes, e não costumam atender a qualquer um, por melhores que sejam as intenções. “A fim de se comunicar com pessoas bem-sucedidas, você tem que falar como elas falam. Você tem que ser como elas são”, disse ela. Na opinião dela, há uma grande necessidade de pastores adventistas capazes de interagir com os ricos. A falta de pastores com essa habilidade, pelo menos em Manila, tem dificultado a tarefa de falar a respeito de Jesus a essas pessoas. Usando sua própria história como exemplo, Lourdes disse que nenhum pastor adventista conseguiu convencê-la a aceitar o

sábado através de um apelo pessoal. “Fui católica por mais de meio século”, disse ela. “Eu já tinha 55 anos de idade quando conheci os adventistas. Os pastores não me acharam. Eu os encontrei pela internet.” Além de preparar uma nova geração de pastores, Lourdes sugeriu que também se poderia envolver os membros leigos capacitados para trabalhar individualmente com as pessoas abastadas. Ela disse que empresários adventistas de sucesso deveriam liderar a iniciativa. “Esta igreja é o negócio de Deus, e devemos ser os melhores vendedores que pudermos”, argumentou ela. “Deus disse: ‘Prove-Me, teste-Me. Você verá que nenhuma empresa humana pode proporcionar o retorno que darei ao seu investimento’.”

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V I S Ã O

M U N D I A L

A

questão do serviço militar surgiu cedo na história da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Oficialmente organizada em 1863, no auge da Guerra Civil Americana, a nova denominação precisou lidar com a maneira como seus membros responderiam à convocação para a guerra. Da mesma forma como em outras questões difíceis, os líderes pioneiros estudaram o assunto usando a Bíblia como guia e concluíram que a posição consistente com os princípios bíblicos era a de não combatente (por questão de consciência, objeção ao porte de armas). A razão principal para essa posição era que os adventistas, servindo as forças armadas americanas, poderiam ser forçados a transgredir sua lealdade a Deus caso obedecessem aos comandantes de suas companhias. Dois mandamentos bíblicos estavam diretamente relacionados à questão: o quarto, sobre a guarda do sábado, e o sexto, “não matarás”. A Posição de não Combatente

Por um tempo, as congregações adventistas ajudaram seus rapazes a evitar o serviço militar, pagando a taxa de comutação de 300 dólares. Mas em 1864, a jovem igreja apelou com sucesso para o governo federal dos Estados Unidos para uma designação oficial de não combatente. Essa posição, atualizada ao longo dos anos, declara que o “serviço não combatente” significa: a. “Serviço em qualquer unidade das forças armadas que seja desarmada em todos os momentos”; b. “Serviço no departamento médico em qualquer setor das forças armadas”; c. “Qualquer outra atribuição da função primordial que não requeira o uso de armas em combate, desde que a outra atribuição seja aceitável para o indivíduo em causa e não requeira o porte de armas ou que seja treinado a usá-las”1. Ao tomar uma posição oficial de não combatente, a igreja abriu o caminho para que seus membros convocados para o serviço militar, servissem em funções em que pudessem levar cura e restauração. Desde esse tempo, milhares de homens e mulheres adventistas têm

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Ted N. C. Wilson

Batalha

Devem os Adventistas Servir às Forças Armadas?

servido nas forças armadas de seu país como padioleiros, médicos, enfermeiros e outros profissionais da área da saúde. Muitos outros conseguiram ocupar cargos no serviço civil em lugar do serviço militar compulsório. Serviço Compulsório

No entanto, a opção de não combatente não existe em alguns países e os adventistas têm a obrigação de prestar o serviço militar de seu país. Mesmo assim, esses jovens adventistas têm buscado maneiras de ser fiéis a Deus

enquanto servem sua pátria. Durante a II Guerra Mundial, Franz Hasel, um fiel adventista da Alemanha, foi convocado para o exército alemão. Sofrendo todos os tipos de provocações e abusos de seus colegas soldados e comandantes devido à sua fidelidade a Deus, Franz passou a ser respeitado pela excelente pontaria durante o treinamento. Porém, quando foi enviado para as linhas de frente, Franz tirou sua pistola do coldre e secretamente a jogou em um lago, substituindo-a por uma pistola de madeira. Dos 1.200 soldados de sua


unidade, apenas sete sobreviveram ao exército russo. Franz foi um deles.2 No teatro do Pacífico, Sigeharu Suzuki, de 16 anos de idade, foi convocado pela marinha japonesa e designado para a infame unidade dos Kamikazes. Todas as noites, enquanto seus amigos pilotos militares saíam para beber, Sigeharu ficava para engraxar as botas dos colegas. Por quê? Porque sua avó adventista o havia ensinado a, sempre que possível, fazer algo bom. Vinte anos após a guerra, durante uma reunião de sobreviventes da unidade Kamikaze, Sigeharu soube que o fato de engraxar as botas havia salvado sua vida. “Todas as noites eu via você engraxando as botas de seus amigos soldados”, disse-lhe o comandante aposentado da companhia, “e sempre que seu nome aparecia nos registros de voo, eu o trocava para o fim da lista”. Serviço Militar Voluntário

Em tempos mais recentes, o serviço militar voluntário, em lugar do compulsório, tem sido cada vez mais a opção de muitos países. Como incentivos para servir, os governos oferecem muitos benefícios como bolsa de estudos, cursos profissionalizantes, bônus financeiros e muito mais. Além desses benefícios, algumas pessoas têm o desejo de servir seu país como uma expressão de patriotismo ou de seus ideais políticos. A pergunta é: Como nós, adventistas e como igreja mundial, devemos nos posicionar em relação ao serviço militar voluntário? Gary Councell, diretor do Ministério Adventista de Capelania, aborda a questão em seu livro, Seventh-day Adventists in Military Service (Adventistas do Sétimo Dia no Serviço Militar): “Embora a Igreja Adventista do Sétimo Dia defenda a posição de não combate, o pacifismo, o serviço militar, ou a posição de não combatente não são testes para os membros da igreja. A denominação não age como a consciência de qualquer membro ou comandante militar, mas procurará informar a consciência e o comportamento de ambos, a fim de que as decisões possam ser tomadas com

Precisamos orar pela paz – a paz que somente Jesus pode oferecer agora e no Seu reino vindouro, onde não haverá mais guerras. máxima reflexão e compreensão”.3 Assim, enquanto a posição oficial da igreja é a de não combate – por questão de consciência, objeção ao porte de armas – a decisão de prestar ou não o serviço militar e portar armas é deixado a critério da consciência de cada indivíduo. No entanto, a igreja não incentiva ninguém a ingressar no serviço militar por razões que incluem o conceito bíblico do não combate, da dificuldade para observar o sábado e outros desafios. Independentemente da decisão individual de cada um, a igreja tem o compromisso de prestar assistência pastoral e apoio a todos os seus membros, inclusive aos que estão no serviço militar e respectivas famílias. Posição Reafirmada

A posição oficial de não combate da igreja foi reafirmada na década de 1950, e mais uma vez no Concílio Anual da Associação Geral de 1972. Uma parte do documento diz o seguinte: “O cristianismo genuíno é manifestado pela boa cidadania e lealdade ao governo civil. A declaração de guerra entre os homens não altera em nada a fidelidade e responsabilidade suprema do cristão para com Deus nem modifica a sua obrigação de praticar suas crenças e colocar Deus em primeiro lugar. “Essa parceria com Deus, por meio de Jesus Cristo que veio a este mundo não para destruir a vida dos homens, mas para salvá-los, faz com que os adventistas do sétimo dia defendam a posição de não combate[...].”4

O Heroísmo de um Opositor por Questão de Consciência

Provavelmente o soldado adventista não combatente mais conhecido foi Desmond Doss, que serviu como enfermeiro padioleiro no Exército dos Estados Unidos durante a II Guerra Mundial. O Cabo Doss, cuja história heroica foi contada em um filme de 2004, “The Conscientious Objector” (O Objetor de Consciência), é muito conhecido pelo fato de salvar a vida de 75 de seus colegas soldados durante uma batalha feroz, na ilha de Okinawa. Sob constante fogo inimigo, Doss recusou procurar abrigo. Pelo contrário, carregou os soldados feridos, um a um, colocando cada um deles em uma maca amarrada com corda, que ele mesmo tinha inventado. Cada homem ferido foi conduzido para um local seguro, quase onze metros abaixo do local em que estava acontecendo a batalha. Esse ato de coragem conferiu a Desmond Doss a mais alta honra que seu país podia conceder – a U.S. Congressional Medal of Honor. Ele foi o primeiro e um dos três únicos objetores de consciência a receber essa honra. Testemunha da Paz

Os adventistas do sétimo dia têm mantido seu testemunho histórico em favor da paz e do não combate pelos 151 anos de existência da igreja. Essa posição nunca foi escondida: da maneira mais pública possível, os líderes da igreja têm solicitado periodicamente aos líderes do mundo que evitem os conflitos e procurem o Príncipe da Paz. Observe a carta aberta, publicada três anos após o fim da I Guerra Mundial, na capa interna da Advent Review and Sabbath Herald (Revista Adventista e Arauto do Sábado), a revista oficial da igreja. A carta foi assinada pelo presidente, secretário e tesoureiro da Associação Geral: “Como adventistas do sétimo dia, em acordo com outros grupos religiosos, defendemos sobremaneira a limitação de armamentos e, se fosse possível no presente estado da sociedade, defenderíamos a abolição de todas as guerras entre as nações dos homens. Somos forçados a essa posição pela própria

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V I S Ã O

M U N D I A L

lógica de nossa crença nAquele que é o Príncipe da Paz, e de nossa experiência como súditos de Seu reino”.5

Igreja de Um Dia Uma Festa em Benfica!

ESTRUTURA: Membros e amigos da Igreja Adventista em Benfica, Angola, preparando a estrutura do prédio para receber as paredes e o telhado.

Pessoas de Oração

Como adventistas do sétimo dia, necessitamos ser um povo de oração. Enquanto o mundo está envolvido em batalhas que podem ser vistas, todos os dias acontecem muitas batalhas reais do grande conflito, porém invisíveis. Satanás e seus anjos estão guerreando contra cada um de nós, lutando para, finalmente, declarar que este mundo lhes pertence. As profecias de Daniel e Apocalipse nos dizem que estamos vivendo no fim dos tempos. Jesus está chegando! Precisamos orar por nosso país, onde quer que estejamos no mundo, e pelos líderes de nosso país, para que tomem decisões sábias e defendam a liberdade religiosa e de consciência. Precisamos orar uns pelos outros e por aqueles que se encontram em situações muito difíceis em todo mundo. Mas, acima de tudo, precisamos orar pela paz – a paz que somente Jesus pode oferecer agora e no Seu reino vindouro, onde não haverá mais guerras. “E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (Ap 21:4, ARA). É hora de nos levantarmos e proclamar a Cristo, o Príncipe da Paz, nosso Rei que está voltando. n 1 Da

posição oficial da Igreja Adventista do Sétimo Dia sobre o não combate, http://www-adventistchaplains-org.gcnetadventist. org/noncombatancy 2 Veja Mil Cairão ao Teu Lado, por Susi Hasel Mundy e Maylan Schurch, Casa Publicadora Brasileira, 2003. 3 Seventh-day Adventists and Military Service, por Gary R. Councell, Adventist Chaplaincy Ministries, 2011, p. 30, 31. 4 Posição oficial sobre o não combate, http://www-adventist chaplains-org.gcnetadventist.org/noncombatancy 5 (“Address to President Harding,” Advent Review and Sabbath Herald, 8 de dezembro de 1921, p. 2).

Ted N. C. Wilson é

presidente da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

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R i c h a r d

D u e r k s e n

Todo mundo foi convidado, e todo mundo veio. Entre os convidados estavam os vizinhos que vendiam castanhas e verduras na barraca do outro lado da estrada, o homem alto com uma bota e uma sandália, e quatro motociclistas de motocross que fizeram uma pausa para fumar sob a sombra fresca da igreja. Até mesmo alguns pilotos locais de corrida pararam. À equipe angolana do Maranatha – Eder, Ismael, Daniel, Fush, Pereira e Mateo – se uniram sete, oito, uma dúzia de membros da igreja, para levantar a estrutura de aço, mudar os andaimes e, ansiosamente, apertar os parafusos. Desbravadores marchavam debaixo de um cajueiro gigante. O clube feminino trouxe peixe, verduras, castanhas de caju, arroz, feijão e dançavam alegremente ao redor do fogo onde cozinhavam, enquanto a igreja era levantada ao lado delas. Muita água foi carregada. Foi uma festa, a festa da construção da igreja que está levando nova vida à comunidade de Benfica. As congregações adventistas em Angola estão fazendo com que os secretários das igrejas trabalhem horas extras. Uma grande campanha evangelística em 2013, trouxe 24 mil novos membros, dobrando ou triplicando o tamanho de muitas congregações. Os membros estão dando estudos bíblicos, entregando O Grande Conflito de porta em porta e imitando a bondade de Cristo em seu bairro. Quase todas as igrejas precisam de prédio novo! A Igreja de Um Dia de Benfica, é a construção de número 76 dos mais de 400 prédios de igreja solicitados só para a área da cidade de Luanda, capital de Angola! Parece que 2014 será o ano de festas de construção de igreja em Angola! ASI* e Maranatha Volunteers International colaboram financiando e facilitando projetos de Igrejas de Um Dia e Escolas de Um Dia. Desde que esse projeto foi lançado em agosto de 2009, já foram construídas mais de 1.600 dessas igrejas em todo mundo. História por Dick Duerksen.


S aúde

no

M undo

Câncer de

Cólon

Peter N. Landless e Allan R. Handysides Meu irmão mais velho foi diagnosticado com câncer de cólon (intestino grosso). Ele foi submetido à cirurgia, mas não sabemos se já houve metástase. Tenho 48 anos; será que corro risco de contrair essa doença? Se for este o caso, há algo que eu possa fazer a fim de reduzir a possibilidade de tal tipo de câncer?

I

nfelizmente, como parente de primeiro grau, se seu irmão foi diagnosticado com câncer de cólon, você também corre risco de contrair a doença. O câncer de cólon e reto é uma doença que geralmente ocorre em pessoas idosas, mas cerca de dez por cento dos casos atingem indivíduos com 50 anos de idade ou mais jovens. Não sabemos a idade do seu irmão, mas você está nessa faixa etária. Embora, em geral, esteja havendo uma diminuição na incidência do câncer colorretal, esse mal parece estar aumentando entre os jovens. Ele é mais comum em homens do que em mulheres, e os homens tendem a desenvolver esse tipo de câncer em média de cinco a dez anos mais cedo do que as mulheres. Os cânceres no intestino grosso tendem a ocorrer aproximadamente de cinco a dez anos mais cedo na população negra americana do que nos caucasianos. O fato de ter um parente próximo com esse diagnóstico aumenta o risco de desenvolver esse tipo de câncer em duas a três vezes. Alguns estudos científicos demonstram que há uma série de fatores predisponentes associados com o diagnóstico de câncer colorretal. São eles: obesidade, falta de atividade física, tabagismo, consumo de álcool e uma dieta rica em gorduras. Alguns estudos também citam a falta de fibra na dieta. O consumo de carne vermelha está associado com o aumento significativo

do risco de câncer de cólon. O risco é muito menor em vegetarianos, mas mesmo nas pessoas que comem carne, tende a diminuir quando acrescentam na dieta mais legumes e vegetais. Recentemente, vastos estudos mais uma vez enfatizaram a relação casual entre o consumo de álcool e o câncer no cólon, especialmente nos homens. Esse câncer e o de mama não são as únicas doenças malignas associadas ao consumo do álcool, mas as evidências científicas relacionadas com o assunto são significativas. Para diminuir suas chances de desenvolver câncer de cólon, primeiro você precisa ser submetido a uma colonoscopia. Esse exame permite que o médico examine o interior do seu cólon e reto. Ele também oferece a possibilidade de remover qualquer pólipo (pequenos nódulos), que pode predispor ao desenvolvimento do câncer. Todos os adultos devem começar a fazer esse exame aos 50 anos de idade, e então repetir a cada dez anos. Se forem detectadas anomalias, tais como pólipos, é aconselhável repetir esse exame a cada cinco anos. É importante observar, também, a presença de sangue nas fezes. Existem testes à venda nas farmácias que permitem detectar a presença de sangue, mesmo que não seja aparente (sangue oculto). A presença de sangue nas fezes indica a possibilidade de câncer de intestino e esse é um sinal que nunca

deve ser ignorado! Se você perceber sangue nas fezes, procure um médico imediatamente. Outras medidas que você pode tomar incluem o exercício regular, com o objetivo de atingir pelo menos 150 minutos de exercício de intensidade moderada, por semana, como caminhar rapidamente. Aumentar a proporção de alimentos de origem vegetal na dieta contribui para reduzir o risco de câncer de cólon, cortar o uso da carne e o consumo de álcool. O uso diário de aspirina também pode ser uma medida preventiva para os que correm risco acentuado de câncer do cólon. O consumo diário de aspirina, porém, não é benigno e pode estar associado com irritação e sangramento gástrico. A aspirina só deve ser tomada mediante receituário médico. Todos esses conselhos preventivos nos despertam para a maravilhosa mensagem de saúde com a qual esta igreja tem sido abençoada. Aproveite a oportunidade e faça as mudanças necessárias. Sua vida pode depender de escolhas sábias. n

Peter N. Landless, médico cardiologista nuclear, é diretor do Ministério de Saúde da Associação Geral. Allan R. Handysides, médico ginecologista aposentado, é ex-diretor do Ministério de Saúde da Associação Geral. Agosto 2014 | Adventist World

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D evocional

Raúl Quiroga

Religião do

Coração

L

embro-me de dois pedidos especiais de oração quando comecei a trabalhar como pastor. Primeiro, pedia a Deus que eu nunca sofresse um acidente grave de carro e também não atropelasse nenhuma pessoa, especialmente criança. Segundo, que eu nunca necessitasse de uma cirurgia importante. Até hoje sou muito agradecido a Deus, pois Ele atendeu ao meu primeiro pedido, porém não ao segundo. Em 2002, com a idade de 46 anos, meu cardiologista disse que as palpitações constantes e arritmias no meu coração eram o resultado de uma doença cardíaca congênita: uma má formação chamada defeito do septo atrial (DSA). Para resolver esse problema, fui submetido a duas cirurgias: uma em 2002 e outra em 2011. Graças a Deus e aos meus cardiologistas e cirurgiões, está tudo bem com o meu coração «físico». Outro Problema Cardíaco

No entanto, antes disso, em 1977 e com 20 anos de idade, Deus realizou uma cirurgia em meu coração “espiritual”. Conheci uma jovem adventista e descobri as Escrituras. No devido tempo, fui batizado em nome de Jesus Cristo, como sinal de perdão dos meus pecados e do meu compromisso pessoal com meu Salvador e de obediência aos Seus mandamentos. As Escrituras nos exortam a praticar a religião do “coração” e não apenas a falar a respeito dela. De fato, o “coração” na Bíblia parece referir-se a todo o ser, o que envolve “espírito, alma e corpo” (1Ts 5:23). Os adventistas do sétimo dia têm uma perspectiva singular a esse respeito. Nós reconhecemos a importância dos

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Permita ao Cirurgião Mestre realizar o que Ele faz de melhor aspectos físicos da vida assim como sua dimensão espiritual. Damos grande importância ao cuidado apropriado do corpo, bem como do espírito e da alma. “Todo o nosso ser” inclui também o corpo. A medicina moderna e a ciência estão muito interessadas no corpo humano, porém com frequência excluem a religião e a necessidade espiritual de nossa existência. Frequentemente, os cientistas demonstram demasiado interesse pelo corpo físico, e ignoram a adoração ao Deus que criou o corpo. Por outro lado, muitas religiões parecem pregar que somente o espírito e a alma são importantes para o reino do Céu, mas não o corpo. Isso soa como eco de Isaías: “Comamos e bebamos, que amanhã morreremos” (Is 22:13). A Bíblia registra vários teólogos da religião do amor, principalmente Moisés, Salomão, Jeremias e Paulo:


Teólogos da Religião do Coração na Bíblia Moisés

Salomão

Jeremias

Paulo

c. 1450 A.C.

c. 970 A.C.

c. 606 A.C.

c. D.C. 68

Deuteronômio 10:12, 16; 11:13

Provérbios 23:26; 2:1-3

Jeremias 31:33

Hebreus 8:10; 10:16

Todos esses especialistas da religião do coração nos ensinam que é muito importante ter as tábuas da lei de Deus, os Dez Mandamentos, escritos em pedra, guardados na parte mais íntima do santuário: o lugar santíssimo. Mas eles também nos alertam sobre o fato de que nossa religião é vã se nós não formos santuários vivos com as tábuas da lei de Deus escritas nas tábuas de nosso coração. Segundo os especialistas da Bíblia em coração, a expressão do caráter de Deus deve estar na parte mais íntima e central de nosso coração. Se não atentarmos para seus ensinamentos, podemos estar adorando somente com palavras. É maravilhoso pensar que, aonde o santuário vivo de Deus vai, Ele e Sua Palavra também vão. Com o coração obediente aos Seus mandamentos, cada seguidor de Cristo torna-se bênção ambulante. Forma e Substância

Quando olhamos para a história, inclusive para a era moderna, percebemos a importância da forma externa sobre a substância ou princípios internos. A religião e a cultura enfatizavam o que podia ser visto, e não o que se encontrava no íntimo. No entanto, parece ocorrer o reverso na era pós-moderna. As pessoas estão mais preocupadas com as questões reais e não com as formas de expressão religiosas e culturais. Parece que hoje as pessoas possuem um detector de sinceridade interno. Os pós-modernos querem perceber consistência no que dizemos e no que fazemos. Esse novo paradigma cultural enfatiza a autenticidade. Os pós-modernos são genuínos e sinceros, tanto para o bem como para o mal. Eles não perdoam a hipocrisia religiosa, ao perceberem que professamos lealdade a Deus e a Seus princípios, mas O negamos com nosso comportamento. Sem dúvida, a verdadeira religião do coração seria a ferramenta mais efetiva na missão de alcançar os pós-modernos e aqueles que buscam pela autenticidade e genuinidade. Ao longo da história, todos os teólogos bíblicos da verdadeira religião do coração destacaram a importância de um coração não dividido. O forte Moisés, o sábio Salomão, o desafiador Jeremias e o intrépido Paulo, todo povo de Deus, em diferentes períodos, foram chamados a considerar

Necessitamos ter um coração transformado que seja sensível à Palavra de Deus e à Sua lei. uma cirurgia cardíaca completa pelo Cirurgião Mestre. O que foi verdade durante toda a história, ainda é verdade hoje. Necessitamos ter um coração transformado que seja sensível à Palavra de Deus e à Sua lei. Necessitamos de uma transformação genuína no coração, que faça sentido para as pessoas que nos observam e que interagem conosco. Ainda sou grato por minhas duas cirurgias literais no coração que me deram uma nova chance de vida. Mas, sou muito mais grato a Deus pela cirurgia no meu coração espiritual, quando Deus transformou meu coração empedrado e me fez parte de um movimento de crentes que espera e prega a respeito de Seu iminente retorno. Olhando para trás, para aquele momento único da minha vida, que mudou tudo, compreendo que sem a cirurgia cardíaca do habilidoso Deus, nada mais teria sentido. Essa transformação, como muitas outras realizadas pelo Cirurgião celestial, era parte do plano de Deus “mostre e fale” às pessoas ao redor. Compreendi que essa transformação não é uma cirurgia que dura para sempre, mas que requer uma entrega diária à influência do Seu Espírito. n

Raúl Quiroga, é professor de Antigo Testamento na Universidade Adventista da Bolívia, em Cochabamba. Agosto 2014 | Adventist World

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V ida

A dventista

Wilhelmina Dunbar

A

Voz

Humana Presente de Deus A

habilidade de falar e cantar é um presente singular de Deus. Certamente, nenhum dom é maior do que este, pois com ele podemos orar e oferecer louvores ao Criador. “Ergue a tua voz fortemente; levanta-a, não temas” (Is 40:9, ARA). Esse é o nosso primeiro dever, ao concluirmos quão maravilhosamente fomos criados. Este é um dom que desenvolvemos na primeira infância e que ajuda a nos comunicar com os outros ao longo da vida, de forma inteligente. Muitas vezes, em reuniões públicas, ouvimos uma mistura de vozes de pessoas em muitos idiomas. Porém, não importa o dialeto falado, cada pessoa usa um maravilhoso instrumento produtor de som, mais complicado do que qualquer instrumento musical. Muitas pesquisas e estudos foram feitos, na tentativa de compreender a voz humana, e cientistas tentaram em vão copiá-la instrumentalmente. Para se produzir algo parecido, são necessários vários tubos de espessura e comprimento diferentes. Pode-se produzir eletronicamente um som vocal com alguma semelhança ao da voz humana, mas não é possível produzir simultaneamente a expressividade e o som compreensível das palavras. Normalmente, a voz humana

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consegue produzir pelo menos duas oitavas de som (a maior parte dos cantores profissionais produzem mais) usando apenas a vibração de duas pregas de ligamento e músculo chamadas “pregas vocais”. Para se produzir uma única nota, as pregas vocais vibram um número específico de vezes por segundo – que é controlado pela mente. Pensamos em uma nota e as pregas vocais respondem instantaneamente. É impressionante que, para cantar uma nota dó aguda, as pregas vocais de uma soprano devem vibrar (abrir e fechar) 1.200 vezes por segundo, ou 72 mil vezes por minuto. Por outro lado, para um baixo cantar a sua nota mais grave, são necessárias apenas 40 vibrações por segundo. Muitas vibrações por segundo farão com que o cantor desafine para “cima” (som mais agudo do que a nota desejada), e muito poucas vibrações farão com que desafine para “baixo” (som mais grave do que a nota desejada). Nós, realmente, possuímos em nosso corpo, um instrumento maravilhoso de reprodução de som. Assombrosa e Maravilhosamente Criados

Ao criar a voz humana, Deus cuidou de todos os requisitos acústicos. Por exemplo, temos cavidades (seios) em nossa face que são ressoadores ou amplificadores internos. Certa vez, fui surpreendida ao ouvir um médico dizer que não há necessidade desses “buracos” na face, e de como f o t o s :

J o e l

D.

S p r i n g e r

e

A u s t i n

R.

H o

(E s q u e r d a )


incomodam quando ficam obstruídos com muco durante uma crise de gripe ou resfriado. Entretanto, nosso Criador nunca comete erros. Além do comprimento e espessura das pregas vocais, essas cavidades da face ou seios paranasais, também determinam em grande parte, a qualidade da voz de um cantor. Quanto mais curtas e finas forem as pregas vocais, mais agudo será o som produzido, e quanto mais longas e espessas forem, mais grave será o som. Os seios da face também podem variar de tamanho. Algumas pessoas possuem seios faciais grandes, enquanto em outras são quase inexistentes. Até a espessura do osso em nossa estrutura facial é importante. A maioria dos cantores tem palato elevado; língua maior e mais espessa e boca de tamanho generoso. É interessante observar a constituição física dos cantores. Pessoas baixas são mais propensas a ter pregas vocais mais curtas, permitindo-lhes cantar notas mais agudas, enquanto que nas pessoas mais altas as pregas vocais são mais longas, possibilitando sons mais graves. Podemos usar como exemplo o comprimento e espessura das cordas do piano, em que as notas graves têm cordas longas e mais grossas e as notas agudas têm cordas curtas e mais finas. Deus ama a variedade e, por isso, criou os seres humanos com uma gama infinita de qualidade de som. Não é de admirar que um coral misto possa produzir um som maravilhoso! Complexidade Surpreendente

Além da voz cantada, o ser humano também é capaz de produzir as mais complexas variações na fala. Para controlar os sons da fala, 72 grupos de músculos trabalham num ritmo de frações de segundo. Ao falar por um minuto, a língua, mandíbula e lábios fazem pelo menos 300 movimentos separados. Ao mesmo tempo, nossas pregas vocais estão vibrando e nossa respiração, ou músculos respiratórios, forçam a saída da exata quantidade de ar necessária. E se isso não fosse suficientemente complexo, pense nas muitas inflexões capazes de ser produzidas pela voz, variando em até 500 tons audíveis. A intensidade do som pode variar tremendamente: de um grito forte ao delicado sussurro. Cantores treinados podem segurar uma nota por um longo tempo enquanto que um leiloeiro pode falar com um som cortado, em staccato. A fala pode ser distinta ou abafada, clara ou confusa, dependendo dos fatores de ressonância. Adicione a tudo isso as incríveis variações encontradas nos diversos idiomas do mundo. É incrível!

rios anos, o vocabulário ficou limitado a quatro sons, apenas. É verdade que alguns pássaros, como periquitos e papagaios, podem aprender a imitar palavras, frases e até pequenas canções, mas não significam nada para o pássaro, e eles não conseguem manter uma conversação inteligente. Usando a Voz para Espalhar o Evangelho

O conhecimento das peculiaridades físicas da voz humana e como ela funciona deveria nos incentivar a ser mais criativos como instrumentos para espalhar o evangelho. A inspiração deu instruções aos pastores, professores e músicos sobre o treino da voz. A respiração correta e o uso dos pulmões, músculos abdominais e clareza da fala são mencionados em muitos dos escritos de Ellen White. Ela também fala acerca dos efeitos nocivos sobre os órgãos vocais quando mal usados.1 Entretanto, o treino correto da voz tem aspectos saudáveis. “Ocupa lugar importante na cultura física, visto que ela tende a expandir e fortalecer os pulmões, e desta maneira afastar as enfermidades.”2 Ellen White também escreve que “A voz humana é um precioso dom de Deus; é uma força para o bem, e o Senhor quer que Seus servos lhe conservem o acento e a melodia.”3 Falando aos ministros, em particular, ela os aconselha a sempre falar com reverência e diz que alguns destroem a impressão solene que possam haver causado nas pessoas “por elevarem a voz muito alto, proclamando a verdade com brados e gritos. [...] Se, porém, a voz tem a devida entonação, se traz solenidade e é modulada de maneira a ser comovente, produzirá muito melhor impressão. Tal era o tom em que Cristo ensinava os discípulos. [...] O tom da voz tem muita influência em afetar o coração dos que ouvem.”4 Precisamos nos lembrar de que a habilidade de falar e cantar é realmente um precioso dom de Deus. Apreciemos e cuidemos desse presente e o usemos de tal maneira a honrar e glorificar o Doador de todas as coisas. Como a sociedade em que vivemos seria silenciosa e empobrecida se não tivéssemos o dom da voz! E esse dom se tornará ainda mais precioso quando chegarmos ao Céu, pois lá falaremos a “linguagem de Canaã” e cantaremos com o coro angelical. Que nossa decisão seja colocar em prática no presente aquilo que faremos na terra renovada no futuro! n 1 Ellen

G. White, Testemunhos Para a Igreja (Casa Publicadora Brasileira), v. 2, p. 616. , Educação (Casa Publicadora Brasileira), p. 199. 3 ___________ , Evangelismo (Casa Publicadora Brasileira), p. 667, 668. 4 ___________ , Testemunhos Para a Igreja, (Casa Publicadora Brasileira), v. 2, p. 615. 2 ___________

Processos da Mente

Quais são os processos no cérebro humano que nos permitem produzir uma fala significativa? Nenhum animal foi ensinado a manter uma conversação inteligente. Chimpanzés foram criados em lares de psicólogos onde receberam todo o cuidado e treinamento que uma criança recebe, mas após vá-

Wilhelmina Dunbar, aposentada, mestre em música pela Universidade Andrews, lecionou música e foi diretora do coral do Helderberg College, na África do Sul. Agosto 2014 | Adventist World

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A rtigo de C apa

O

ano de 2014 marca o centenário do início da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Essa guerra marcou o começo de um novo período de guerras, e entrou para os anais da história como um dos conflitos militares mais mortíferos que o mundo já viu. Novos métodos de matar o maior número possível de pessoas foram empregados sem hesitação. Cem anos mais tarde, a maioria dos sobreviventes desse terrível evento e seus resultados desastrosos, já faleceu. No entanto, nos próximos cinco anos, muitos países comemorarão a guerra fazendo exibições, organizando conferências, palestras e exibindo documentários na TV. Isso denota a importância que é atribuída a esse evento. Curiosamente, nem todos os países comemoram a Grande Guerra do

mesmo modo. Por ser um país que permaneceu neutro durante essa guerra, a Dinamarca, por exemplo, celebra o evento como sendo um grande passo para a modernização da Europa. A Inglaterra mergulha nas memórias da vitória sobre a Alemanha e, para os americanos, a participação na guerra em 1917 marca a ascensão dos Estados Unidos à superpotência. Ao refletirmos sobre as experiências negativas e positivas vividas pelos adventistas do sétimo dia durante a Primeira Guerra Mundial, podemos nos tornar melhores cidadãos de nosso país natal e mais bem preparados para a pátria celestial.

A Crueldade e Insanidade da Guerra

A Primeira Guerra Mundial arrastou muitos, até mesmo cristãos devotos, para circunstâncias indesejáveis, deixando-os sem noção sobre como deviam agir. Era claro que nenhum dos países envolvidos realmente previa uma guerra mundial. Pelo contrário, no início de 1900, diversas alianças políticas e militares, bem como a corrida armamentista entre os principais países europeus, tinham a intenção de criar um mundo mais seguro. O império Austro-Húngaro declarou guerra contra a Sérvia no dia 28 de julho de 1914 e essa circunstância desencadeou uma rápida sucessão de declarações de guerra entre vários países. As

Denis Kaiser

Amar nosso

inimigo?

Reflexões sobre o Centenário da I Guerra Mundial


partes em conflito empregaram alta tecnologia e métodos de guerra, como tanques, mísseis de longo alcance, bombas lançadas de aviões, armadilhas, projéteis de fósforo e gás venenoso. Nas trincheiras da guerra entre Alemanha e França, milhões de soldados perderam a vida porque seus superiores os empurraram como “material” calculado para um massacre predeterminado e inútil.1 Dezessete milhões de soldados e civis morreram como resultado de ações militares, desnutrição, doenças, fome e acidentes. Oito milhões de soldados desapareceram e cerca de vinte e um milhões ficaram feridos. É difícil crer que esses países eram conhecidos pela impressionante contribuição na música, literatura, ciência e teologia. Como suas autoridades políticas e militares caíram no barbarismo e na fúria desse tipo de guerra? Alguém pode supor que cristãos jamais teriam planejado e participado de tal massacre. No entanto, muitos dos políticos, líderes militares e os próprios soldados professavam a crença cristã. É impossível para nós agora, entretanto, determinar o que o cristianismo significava para eles no momento em que se tornaram assassinos ou vítimas. É provável que muitas das vítimas estivessem prontas a matar a fim de escapar de seu destino cruel.2 Essa hostilidade mortal revela que o mero formalismo religioso e a diplomacia não são suficientes para nos salvar de nos enredarmos na insanidade da guerra. Sim à Defesa, mas Não ao Ataque

Mesmo aqueles que, por motivos religiosos e de consciência, se opuseram a usar armas e violência, enfrentaram situações difíceis. A maioria das partes

NÃO MAIS INIMIGOS: Médico alemão se entrega a um soldado inglês, próximo ao final da “Guerra, para Acabar com Todas as Guerras”. Im a g e m :

G u e r r a

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N a ç õ e s ,

em conflito não previu exceções para os que não queriam se envolver no uso da violência. Tentando evitar qualquer participação direta em combate, os adventistas do sétimo dia eram conhecidos como pessoas que, por questão de consciência, se opunham a tomar parte ativa na guerra. Essa atitude ocorrera desde a Guerra Civil Americana (18611865). Desde muito cedo, já se havia reconhecido que a situação europeia era diferente das circunstâncias na América do Norte. Assim, em 1885, os líderes da igreja na Europa procuraram encontrar soluções para o serviço militar compulsório e a realização das tarefas regulares no sábado. No entanto, como não conseguiram encontrar a solução, deixaram que cada recruta adventista seguisse os ditames da própria consciência. Ellen G. White enfatizou que não havia uma resposta única e universal aplicável a essas questões, devido às circunstâncias e condições variarem de país para país. Ela reconheceu que os soldados adventistas não se alistaram por escolha própria, mas seguindo as leis de seu país. Ela os animou e orou por eles para que fossem verdadeiros soldados da cruz de Cristo e que os anjos de Deus os guardassem de toda tentação.3 Eles tiveram que aprender a maneira de aplicar os princípios bíblicos nas situações mais distintas. Os adventistas encontraram as mais diversas situações em vários países da Europa. Por exemplo, como não houve alistamento na Grã-Bretanha, os adventistas foram poupados desse problema. Mas em outros países como Alemanha, Áustria-Hungria e França, o alistamento era obrigatório e a recusa em obedecer às ordens era punida com aprisionamento ou execução. Por isso, nesses países, os recrutas adventistas geralmente cumpriam o serviço militar recusando-se a trabalhar aos sábados em “tempos de paz”. Alguns deles foram condenados pela corte marcial a cumprir vários anos de prisão por sua estrita observância do sábado.

N e w Y o r k T i m e s ,

C o .

No entanto, antes da corte marcial, eles frequentemente declaravam que lutariam até mesmo no sábado, quando o seu país fosse atacado por algum inimigo. Mas que não iriam participar de uma guerra de agressão.4 A Guerra É Mais Complexa

Quando a guerra estourou em julho de 1914, os adventistas do sétimo dia da Europa Central imediatamente começaram a reconhecer sua complexidade. Quem estava declarando guerra contra o outro país? Quem estava simplesmente tentando defender sua terra natal? Tendo em vista a rápida sucessão de declarações de guerra recíprocas, era fácil perder o controle da situação. Cada país alegou estar se defendendo contra um agressor externo. Ao serem mobilizados os exércitos, jovens adventistas eram recrutados e arrastados para o mecanismo da guerra. Alguns líderes denominacionais, na Alemanha, perderam a cabeça e garantiram às autoridades militares que seus recrutas defenderiam a terra natal, com armas, mesmo no sábado. Ao mesmo tempo, tentavam convencer os membros da igreja de que a prontidão para a guerra no Antigo Testamento continuava em vigência nos dias atuais.5 Essa posição não era totalmente nova para os adventistas na Europa Central. No entanto, o fato de esses líderes praticamente dizerem aos membros da igreja o que esperavam deles, foi certamente singular. Várias pessoas manifestaram seu descontentamento e oposição. O tumulto resultante, aparentemente, só poderia ser interrompido pela exclusão dos “desordeiros”, o que provocou ainda mais alienação, antagonismo e ressentimentos. Essa “guerra” interna eventualmente levou ao estabelecimento do Movimento Adventista da Reforma.6 Na Grã-Bretanha, as circunstâncias mudaram quando o governo introduziu o alistamento geral, em 1916. Como previam algumas isenções do combate, a maioria dos soldados adventistas britânicos puderam se

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A rtigo de C apa

matricular como pessoas que se opunham à guerra por questão de consciência e serviram como não combatentes. Isso não os isentou de perseguições, medidas repressivas e ordens de prisão devido a seus superiores e a população em geral considerá-los “traidores da causa nacional”, e negavam a eles o privilégio de guardarem o sábado.7 Era difícil para os recrutas adventistas se manterem fieis às suas convicções, independentemente do exército em que serviam: francês, britânico ou alemão. Qual foi a solução? Como deviam se comportar e agir sob tais circunstâncias? O Caráter dos Seguidores de Jesus

No Sermão da Montanha (Mt 5-7) Jesus apresentou as leis do Seu reino e nos deu um vislumbre do quadro geral, abordando questões morais e éticas. John Howard Yoder, teólogo menonita e especialista em ética, detectou sete princípios éticos nesse famoso sermão que, creio ser útil, se considerarmos como os princípios bíblicos podem ser aplicados quando as condições e circunstâncias mudam.8 1. Uma Ética de Arrependimento. Jesus começou o ministério da pregação com as seguintes palavras: “Arrependam-se, pois o reino do céu está próximo” (Mt 4:17). O que Jesus estava pedindo era uma metanoia, uma mudança da mente, “tristeza pelo pecado e afastamento [dele]”, como observa Ellen White.9 É digno de nota que o chamado que Jesus fez aos primeiros discípulos (versos 18-22) e a ética do Seu reino (Mt 5–7) são precedidos por um apelo para mudança da mente. Jesus nos lembra de que Sua ética é uma caracterização da pessoa cuja mente foi transformada e não a descrição de uma sociedade secular ideal ou as orientações para uma vida bem-sucedida e feliz. 2. Uma Ética de Discipulado. As bem-aventuranças descrevem que os discípulos de Jesus (Mt 5:1) são os pobres de espírito, mansos, misericor-

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PRISIONEIROS DE DARTMOOR: Adventistas do sétimo dia, fotografados na Prisão de Sua Majestade, em Dartmoor, Inglaterra, presos por sua oposição moral a matar, realizar trabalho desnecessário no sábado, e por se recusarem a carregar munição.

diosos, puros de coração, pacificadores, perseguidos pela justiça por amor a Ele, aqueles que choram e os que têm fome e sede de justiça (versículos 3-10). Jesus não prometeu a Seus seguidores, que quase sempre representam a minoria na sociedade, recompensas temporais (riquezas, fama e sucesso), mas recompensas eternas (o reino do céu, conforto, a Nova Terra, satisfação, misericórdia, a visão de Deus e a adoção divina). Portanto, Seus discípulos não se caracterizam pelas recompensas que tentam ganhar ou pelo sucesso que buscam alcançar, mas por procurar refletir uma semelhança com o Senhor. 3. Uma Ética de Testemunho. Jesus, então, comparou os discípulos com o sal da terra e a luz do mundo (versículos 13-16). Suas palavras, ações e comportamento testificam para o mundo. Se fôssemos soldados, como alguns de nossos irmãos europeus na Primeira Guerra Mundial, qual seria nosso testemunho sobre a aparência de Deus? Apenas reflita nos seguintes pontos: O “inimigo” não escolheu nascer em determinado país e provavelmente não era responsável pelos erros dos governantes de seu país. Talvez nem tenha escolhido alistar-se no exército. Como um ser humano irmão, ele necessita de salvação tanto quanto eu. Então, como transmitir a ele o amor e o perdão infinito de Deus? 4. Uma Ética de Execução. Jesus sugeriu que os escribas e fariseus

haviam tornado o cumprimento da lei mais fácil, rebaixando seus padrões e esvaziando a lei do seu real significado. Ele argumentou que eles não matavam ou cometiam adultério considerando apenas os padrões externos, embora abrigassem sentimentos de ódio e cobiça. Eles pareciam pensar que seus pensamentos e atitudes pecaminosos não eram um problema, desde que não resultasse em transgressões exteriores da lei. No entanto, Jesus disse que Ele não veio para abolir a lei, mas para cumpri-la e revelar a sua plenitude (versículo 17). Ele ilustrou seu verdadeiro propósito, intensificou sua aplicação e criou nela, um sentido espiritual (versículos 19-48). 5. Uma Ética Perfeita no Amor. Podemos objetar: “O que isso tem a ver com os conflitos militares?” Muito! Lembre-se de que dos seis exemplos de Jesus, “Vocês ouviram o que foi dito aos seus antepassados. […] Mas Eu lhes digo”, três são a respeito de inimizade, violência e vingança (versos 21-26, 38-42, 43-48). Não há nada de especial em amar um amigo. Mas Jesus pediu a Seus seguidores que amem até os que parecem não merecer nosso amor ou que são inclinados para o mal (versos 43-48). Podemos, então, perguntar: “Agindo assim, não estamos sendo cúmplices de suas más intenções?” Será que consideramos nosso Pai celestial culpado por nos amar e nos dar Jesus quando ainda éramos pecadores – até inimigos (Rm 5:8, 10)? Semelhantemente, Jesus


S ta n b o r o u g h

P r e s s

CONVOCADOS: Os adventistas do sétimo dia muitas vezes se ofereciam para trabalhar em tarefas compatíveis com suas convicções morais de salvar vidas. Vários dos fotografados aqui, foram servir a igreja como pastores, missionários e administradores.

pede que reflitamos o perfeito amor de nosso Pai celestial e que mostremos um interesse criativo pela salvação de nossos inimigos (Mt 5:48). 6. Uma Ética de Excesso. Ao perguntar “O que estão fazendo de mais?” (v. 47), Jesus nos desafia a pensar fora do convencional. Gostamos de saber o que os outros esperam de nós, quais as opções que temos, ou qual decisão é menos ruim. Mas Deus sempre faz o inesperado, algo que pode não estar em nossa lista de opções. Jesus não pede que nos exibamos para testemunhar, para nos atermos apenas às regras, ou para sermos bem-sucedidos. Ao contrário, Ele pede que reflitamos o Seu caráter. Ele próprio possivelmente perguntaria: “Nesta situação, como o poder vivificador do Espírito irá além de modelos e opções disponíveis para fazer algo novo, cuja novidade será um testemunho da presença divina?”10 7. Uma Ética de Reconciliação. Em Suas considerações sobre a ira em Mateus 5:21-26, Jesus sugeriu que um sentimento íntimo de ódio por um irmão é mais sério do que o exteriorizado. Mas Jesus ainda não tinha acabado; Ele continuou destacando a importância de se reconciliar antes de se oferecer a verdadeira adoração. Assim como Deus faz o possível para reconciliar o mundo

com Ele, nós, Seus filhos, devemos retratar Seu caráter nos reconciliando com os outros. Embora as pessoas possam exteriormente rejeitar a participação em atos de violência e morte, podem abrigar uma atitude interior de ódio e intransigência. No entanto, os filhos de Deus são embaixadores do Seu reino, e serão caracterizados por retratar Seu amor reconciliador tanto para os amigos como para os inimigos. Refletir o Caráter de Deus – uma Missão Mundial

Na Primeira Guerra Mundial, os soldados adventistas da Alemanha e França se encontravam em circunstâncias longe das ideais, no entanto, muitos deles tentaram obter posições no exército, onde cuidavam dos feridos em vez de ferir outros. Assim, eles serviram como médicos, padioleiros, intérpretes, cozinheiros, condutores de trem, etc. Muitos deles oravam com seus companheiros, davam estudos bíblicos, distribuíam literatura evangelística, e adoravam com outros crentes no sábado. Semelhantemente a eles, ainda há no mundo muitos membros da igreja que enfrentam circunstâncias similares. Por outro lado, embora vivamos em circunstâncias aparentemente pacíficas,

enfrentamos diariamente uma guerra interior. Todos nós somos tentados a abrigar um espírito de guerra quando nos deparamos com um conflito. Os filhos de Deus devem ser caracterizados principalmente pela busca de um caráter semelhante ao caráter de Deus, cujo amor é perfeito, excessivo e reconciliador tanto pelos amigos como pelos inimigos. Em última análise, como adventistas do sétimo dia, consideramos ser nossa missão proclamar as três mensagens angélicas “a toda nação, tribo, língua e povo”(Ap 14:6) e levar pessoas a Jesus, para que não pereçam, mas para que sejam salvas. n 1 Hartmut Lehmann, Das Christentum im 20. Jahrhundert: Fragen, Probleme, Perspektiven, Kirchengeschichte in Einzeldarstellungen (Leipzig: Evangelische Verlagsanstalt, 2012), v. VI/9, p. 141, 142. 2 Ibid., p. 142. 3 Ellen G. White, Mensagens Escolhidas (Casa Publicadora Brasileira), v. 2, p. 335. 4 Ulysse Augsburger, “Un soldat adventiste devant le conseil de guerre,” Le Messager, May 1914, p. 51-54; Gerhard Padderatz, Conradi und Hamburg: Die Anfänge der deutschen Adventgemeinde (1889-1914) unter besonderer Berücksichtigung der organisatorischen, finanziellen und sozialen Aspekte (Hamburg: author, 1978), p. 243-253. 5 Veja, por exemplo, Guy Dail, “An unsere lieben Geschwister!” (broadside, Hamburg: Aug. 2, 1914); G. Freund, “Krieg und Gewissen,” Zions-Wächter, Dec. 6, 1915, p. 365. 6 Helmut H. Kramer, The Seventh-day Adventist Reform Movement (German Reform) (Washington, D.C.: Biblical Research Institute, 1988), p. 9-17. 7 Francis M. Wilcox, Seventh-day Adventists in Time of War (Washington, D.C.: Review and Herald Pub. Assn., 1936), p. 253-296. 8 John Howard Yoder, The Original Revolution: Essays on Christian Pacifism (Scottdale, Pa.: Herald Press, 2003), p. 36-51. 9 Ellen G. White, Caminho a Cristo (Casa Publicadora Brasileira), p. 23; cf. p. 23-36. 10 Yoder, p. 49.

Denis Kaiser é natural

da Alemanha e está completando o doutorado em História Adventista e Teologia Histórica, na Universidade Andrews, Berrien Springs, Michigan, E.U.A.

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C renças

F undamentais

J

á no primeiro capítulo, a Bíblia afirma que fomos criados à imagem de Deus: “Então disse Deus: ‘Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os grandes animais de toda a terra e sobre todos os pequenos animais que se movem rente ao chão’. Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” (Gn 1:26, 27).1 A relação singular entre a humanidade e Deus é descrita pela expressão “imagem de Deus”– termo um tanto paradoxal, uma vez que a Bíblia enfaticamente proíbe que os homens façam qualquer imagem de Deus. Justamente por ter sido formada à imagem de Deus, a humanidade se distingue dos animais e do resto do mundo material. O Pensamento Original de Deus

O que significa ter sido criado à imagem de Deus? Nesse conceito, há pelo menos três elementos importantes: 1. A humanidade compartilha de certas qualidades de Deus. Nesse aspecto, a humanidade é semelhante a Ele. Fomos criados como seres moralmente responsáveis e desfrutamos de uma personalidade distinta, do livre-arbítrio, sentimentos, etc. 2. Os seres humanos representam Deus devido ao mandado de Sua criação. A humanidade tem um papel funcional: Ela deve ter domínio “sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra” (verso 28). Ser criado à imagem de Deus significa representá-Lo como vice-regente. 3. Os seres humanos se reportam a Deus porque foram criados para se relacionarem com Ele. No relato da Criação, Deus e a humanidade se encontravam. Deus falava pessoalmente com Adão e Eva. Consequentemente, a dignidade humana é derivada do fato de que

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NÚMERO 7

Imagem

ou Carica Formado à Imagem do

a humanidade foi criada à imagem de Deus. Fomos chamados para ser representantes de Deus, bem como Seus parceiros num relacionamento pessoal. A Força Destrutiva do Pecado

A Criação nos mostra um lado da moeda. Entretanto, depois da queda, a humanidade foi separada de Deus, degradada pelo pecado, egocentrismo, falta de amor e pela incapacidade de resistir ao mal. E, à medida que o tempo passa, a degradação só aumenta. Segundo uma antiga lenda judaica, Deus consultou Seus anjos antes de criar a humanidade. “Não crie”, disse o anjo da justiça, “porque ela [a humanidade] criará todos os tipos de maldade contra o seu semelhante; será dura e cruel, desonesta e injusta.” “Não crie”, disse o anjo da verdade, “porque será falsa e enganará os seus irmãos, e até o Senhor.” “Não crie”, disse o anjo da santidade, “porque ela seguirá o que é impuro aos Teus olhos e desonrará a Tua face.” Os anjos da lenda estavam certos. Todos os seus temores se tornaram re-

alidade. Daí a pergunta: Podemos hoje falar com sinceridade dos seres humanos como sendo criados à imagem de Deus? Como justificar essa afirmação, quando vemos toda a miséria, tristeza e destruição causadas pela humanidade? Será que essa imagem foi tão distorcida pelo pecado de modo que não há mais como reconhecer a imagem de Deus? Teria se tornado uma simples caricatura? Quem somos nós? Será que, no íntimo, somos bons e nossas terríveis ações são apenas uma aberração que pode ser consertada? Ou somos maus por natureza e o bem que fazemos funciona apenas como uma máscara que esconde nossa verdadeira natureza? Ao longo da história, teólogos e filósofos têm lutado com essa questão. Suas respostas, às vezes, são muito diferentes. O fato é que o tema da imagem de Deus aparece somente duas vezes no Antigo Testamento, além do relato da Criação. Ele aparece em Gênesis 5:1, 3 e 9:6. Ambas as ocorrências sugerem que, apesar do pecado, os seres humanos ainda são considerados como tendo sido criados à imagem de Deus. Essa imagem pode


A Jens O. Mohr

tura? Criador

estar distorcida, mas não desapareceu totalmente. Imagem ou caricatura? No fim, não podemos resolver essa tensão. A imagem foi estragada pelo pecado, mas ainda pode ser encontrada em cada pessoa. Assim, somos os dois: criaturas feitas à imagem de Deus e pecadores caídos. A vida de cada pessoa é um testemunho de sua ambivalência. Restaurados pela Graça

Houve, através da história, muitas tentativas de superar essa ambivalência. Enquanto o humanismo sugere que podemos vencer o mal por nós mesmos, Ellen White oferece uma reflexão crucial: “É-nos impossível, por nós mesmos, escapar ao abismo do pecado em que estamos mergulhados. Nosso coração é ímpio, e não o podemos transformar. [...] A educação, a cultura, o exercício da vontade, o esforço humano, todos têm sua devida esfera de ação, mas neste caso são impotentes. Poderão levar a um procedimento exteriormente correto, mas não podem mudar o coração; são incapazes de purificar as fontes da vida.”2

Natureza do Homem

O homem e a mulher foram formados à imagem de Deus com individualidade, poder e liberdade de pensar e agir. Conquanto tenham sido criados como seres livres, cada um é uma unidade indivisível de corpo, mente e dependente de Deus quanto à vida, respiração e tudo o mais. Quando nossos primeiros pais desobedeceram a Deus, negaram sua dependência dEle, caíram de sua elevada posição abaixo de Deus. A imagem de Deus neles foi desfigurada, e tornaram-se sujeitos à morte. Seus descendentes compartilham dessa natureza caída e de suas consequências. Nascem com fraquezas e tendências para o mal. Mas Deus, em Cristo, reconciliou consigo o mundo e por meio de Seu Espírito restaura nos mortais penitentes a imagem de seu Criador. Criados para a glória de Deus, são chamados para amá-Lo e uns aos outros, e para cuidar de seu ambiente (Gn 1:26-28; 2:7; Sl 8:4-8; At 17:24-28; Gn 3; Sl 51:5; Rm 5:12-17; 2Co 5:19, 20; Sl 51:10; 1Jo 4:7, 8, 11, 20; Gn 2:15) – Crenças Fundamentais dos Adventistas do Sétimo Dia, Nº- 7

Entretanto, a Bíblia afirma que é possível uma verdadeira mudança, mas somente por meio de Jesus Cristo. Ele deseja renovar Sua imagem em nós. A lenda judaica mencionada anteriormente continua. Após a aparição do anjo da santidade, o anjo da misericórdia deu um passo à frente e disse: “Nosso Pai celestial, crie a humanidade, pois quando ela pecar e se desviar do caminho correto, da verdade e da santidade, eu a tomarei carinhosamente pela mão e falarei amorosamente com ela. A seguir, vou levá-la de volta para Ti.” O Novo Testamento mostra claramente que Deus estende Sua mão por meio de Cristo. Somente Jesus pode tornar perfeito o caráter humano. Somente Ele pode restaurar completamente a imagem de Deus. Essa transformação pode começar nos seguidores de Cristo, aqui e agora. Encontramos a visão de Paulo em Colossenses 3:9, 10: “Não mintam uns aos outros, visto que vocês já se despiram do velho homem com suas práticas e se revestiram do novo, o qual está sendo renovado em conhecimento, à imagem do seu Criador.”

O “velho homem” é a pessoa sem Cristo. O “novo homem” é a pessoa nascida de novo, pelo Espírito Santo. É curioso que Paulo diz que o “novo homem” ainda pode ser renovado! Portanto, “renovação” não é simplesmente outra expressão para a experiência do novo nascimento. Essa expressão descreve um processo constante no “novo homem” e afeta a pessoa por inteiro. Podemos reconhecer a vontade de Deus e, em Sua força, viver uma vida de fidelidade. Finalmente, quando desfrutarmos da nova criação de Deus na terra renovada, a caricatura terá a imagem de Deus restaurada para sempre. n 1 Todos os textos bíblicos foram extraídos da Nova Versão Internacional. 2 Ellen G. White, Caminho a Cristo, p. 18.

Jens O. Mohr é pastor da Igreja Central de Stuttgart, Alemanha.

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E S P Í R I T O

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P R O F E C I A

A

o viajar pela Europa, descobri que não estava familiarizada com algumas das menores leis dos países. Senti a necessidade de me informar acerca dos costumes daquelas pessoas para não ser considerada transgressora. Muito mais deveríamos compreender a lei de Deus para não sermos condenados como infratores. Deus abençoará os que se dispõem e obedecem. Assim como necessitamos compreender a lei de governos terrenos, deveríamos ainda mais intensamente desejar conhecer o que Deus requer de nós. Como estamos ansiosos para compreender nosso dever, Ele não nos deixará envoltos em trevas. Pelo contrário, iluminará nosso entendimento para conhecermos por nós mesmos a verdade. Não queremos aceitar erros perigosos como sendo verdade. Também não queremos, de forma alguma, colocar nossa alma em perigo por rejeitar as mensagens de advertência e os conselhos de Deus. Nosso maior perigo encontra-se em nossa tendência de recusar o aumento da luz, e nossa única segurança é ver e compreender por nós mesmos “o que diz o Senhor”. O profeta diz: “À lei e ao testemunho!

Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva” (Is 8:20). A Palavra de Deus deve ser a única regra da nossa fé e doutrina. Uma grande disputa a respeito da lei de Jeová está ocorrendo em nossos dias; mas lemos em Isaías essas instruções: “Resguarda o testemunho, sela a lei no coração dos meus discípulos” (Is 8:16) “Eis-me aqui, e os filhos que

o Senhor me deu, para sinais e para maravilhas em Israel da parte do Senhor dos Exércitos, que habita no monte Sião” (Is 8:18). A controvérsia em relação à lei de Deus já começou, e nós devemos estar preparados para dar, com mansidão e temor, a razão da esperança que há em nós (1Pe 3:15, 16). Precisamos saber onde estão firmados os nossos pés.

Fé Doutrina, Lei e Testemunho e

Ellen G. White

Sim, eles funcionam juntos!

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E S P Í R I T O

D E

P R O F E C I A

Nosso maior perigo encontra-se em nossa tendência de recusar o aumento da luz. Servos Leais dos Céus

A lei de Deus será anulada em quase todo o mundo. Apesar disso, haverá um remanescente dos justos que será obediente aos mandamentos de Deus. A ira do dragão será dirigida contra os servos fiéis do céu. Diz o profeta: “Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus” (Ap 12:17). Neste texto, podemos ver que não é a verdadeira igreja de Deus que fará guerra contra os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus Cristo. É o povo que anulou a lei, que tomou o lado do dragão e perseguiu os que vindicaram os preceitos de Deus. Muitos têm declarado que, se alguém observa a lei de Deus “cai da graça”. Fazem firmes afirmações para as quais não existe fundamento bíblico, levando as pessoas ao erro, pois não sabem do que estão falando. O profeta diz: “Resguarda o testemunho, sela a lei no coração dos meus discípulos” (Is 8:16). Os que procuram destruir a lei não pertencem ao grupo que está selando a lei entre os discípulos de Cristo, mas são do grupo que “tropeçarão e cairão, serão quebrantados, enlaçados e presos” (Is 8:15). João escreveu a respeito de cenas que têm a ver com o nosso tempo. Ele diz: “Abriu-se, então, o santuário de Deus, que se acha no céu, e foi vista a arca da aliança no Seu santuário” (Ap 11:19). Essa arca contém as tábuas onde foi gravada a lei de Deus.

Na ilha de Patmos, João contemplou o povo de Deus em visão profética, e viu que, neste tempo, a atenção dos seguidores leais e verdadeiros de Cristo seria atraída para a porta aberta do lugar santíssimo, no santuário celestial. Ele viu que, pela fé, eles seguiriam Jesus para dentro do véu onde Ele ministra acima da arca de Deus, contendo Sua lei imutável. O profeta descreveu esses fiéis dizendo: “Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus” (Ap 14:12). Esse é o grupo que provoca a ira do dragão porque obedece a Deus e é leal aos Seus mandamentos. Ventos de Doutrina

Os ventos de doutrina soprarão ferozmente sobre nós, mas não seremos movidos por eles. Deus nos deu o correto padrão de justiça e verdade: a lei e o testemunho. Há muitos que professam amar a Deus, mas quando as Escrituras são abertas diante deles, e as evidências apresentadas revelam os reclamos obrigatórios da lei de Deus, manifestam o espírito do dragão. Detestam a luz e não irão a ela para que suas obras não sejam reprovadas. Não compararão sua religião e doutrina com a lei e o testemunho. Eles tapam os ouvidos para não escutar a verdade e, impacientemente, declaram que só querem ouvir sobre a fé em Cristo. Afirmam ser guiados pelo Espírito, e mesmo assim o seu espírito os leva na direção contrária à lei dos Céus. Eles recusam reconhecer o quarto mandamento que requer que o homem

santifique o dia de sábado. Declaram que o Senhor os instruiu de que não necessitam guardar o sábado da Sua lei. A Palavra de Deus declara: “Aquele que diz: Eu O conheço e não guarda os Seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade. Aquele, entretanto, que guarda a Sua palavra, nele, verdadeiramente, tem sido aperfeiçoado o amor de Deus” (1Jo 2:4, 5). Não é suficiente concordar nominalmente com a verdade. Devemos ter os seus princípios entrelaçados na vida e impressos no caráter. Podemos muito bem temer qualquer grupo que se recusa a comparar sua religião e doutrina com as Escrituras. Há segurança apenas quando tomamos as Escrituras como nossa regra de vida e como o teste de nossas doutrinas. Martinho Lutero exclamou: “A Bíblia, e somente a Bíblia, é o fundamento de nossa fé!” É nosso dever elevar a lei de Deus; pois Cristo disse que “É mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til sequer da Lei” (Lc 16:17). Ele disse: “Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas” (Ap 22:14). n

Este texto foi extraído do artigo “Preparação Para o Tempo de Prova”, publicado pela Signs of the Times, do dia 22 de abril de 1889. Os Adventistas do Sétimo Dia creem que Ellen G. White (1827-1915) exerceu o dom de profecia bíblico durante mais de 70 anos de ministério público.

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H erança

A D V E N T I S T A

Glenn O. Phillips

N

o sábado, 11 de janeiro de 2014, milhares de adventistas do sétimo dia de toda a ilha caribenha de Barbados, reuniram-se para adorar no Complexo Esportivo Sir Garfield Sobers, próximo a Bridgetown. O presidente da Associação Caribenha, R. Danforth Francis pregou sobre o tema “Deus Está Pronto – e Você?” Em toda a nação, de cada 15 barbadianos, um é adventista, tornando o adventismo uma das principais religiões cristãs do país, com mais de 18.442 membros em 57 congregações. Os barbadianos adventistas também participam dinamicamente dos programas evangelísticos e coordenam várias instituições educacionais e de saúde no país.

A Oposição do Início

Os barbadianos adventistas percorreram um longo caminho desde seu início há 130 anos, quando um exemplar da revista The Signs of the Times (Sinais dos Tempos) foi enviado para Anna Alleyne, por sua irmã do país vizinho Guiana Inglesa (hoje Guiana). Anna imediatamente leu a revista, aceitou seus ensinos e começou a guardar o sábado. Ela também contou a seus vizinhos sobre o que havia lido, e alguns deles aceitaram a mensagem adventista. Naquela época, deixar a religião estabelecida pelo colonizador da ilha era tão difícil e perigoso que o pioneiro James R. Braithwaite foi preso e colocado em um hospício por testemunhar de sua fé. Braithwaite, um imigrante caribenho batizado nos Estados Unidos, retornou a Barbados no fim da década de 1880, quando aceitou sua nova religião. Ele se correspondia com Stephen A. Haskell, presidente da New England Tract Society, lia a Bíblia entre seu povo e organizou o primeiro grupo de guardadores do sábado na ilha. Na sociedade colonial britânica altamente conservadora de Barbados, o clero das principais denominações cristãs caracterizavam o adventismo como um “culto moderno” dirigido por uma profetisa americana. Eles proibiram seus membros de ler a literatura adventista e de participar de seus cultos. Essas proibições aumentaram a curiosidade do povo. No fim do século dezenove, pessoas de vários níveis socioeconômicos e étnicos solicitaram literatura adventista adicional. Colportores adventistas americanos distribuíram muitos exemplares do livro Daniel e o Apocalipse, de Urias Smith, e Patriarcas e Profetas, de Ellen G. White.

Da

Exclusão à

Inclusão Como uma pequena ilha se transformou em grande testemunha Destaque: PIONEIROS MÉDICOS: Charles J. B. Cave foi médico adventista pioneiro em Barbados. Abaixo: REFORMADA RECENTEMENTE: Vista da igreja da Rua King, “igreja mãe” do Adventismo em Barbados.

A Chegada do Pastor

Dexter A. Ball foi o primeiro pastor adventista a chegar a Barbados, no dia 20 de novembro de 1890. Seu primeiro esforço evangelístico em Bridgetown, para a classe de comerciantes abastados em 1891, resultou em 17 batismos. Ball estabeleceu sua primeira congregação com onze mulheres e seis homens, inclusive um médico. A mensagem de saúde, a observância do sábado e o breve retorno de

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Im a g e n s :

C o r t e s i a

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A u t o r


Jesus Cristo tornaram-se as verdades adventistas que mais atraíram os barbadianos de todas as esferas a se unirem ao movimento incipiente. Especialmente durante as primeiras décadas, as práticas sociais dos barbadianos que aceitavam muitos dos “maus hábitos populares” da época, eram opostas aos ensinos do adventismo, incluindo o sábado como um dia importante de trabalho, o consumo de alimentos imundos, bebidas alcoólicas e o uso do fumo. Consequentemente, tornar-se adventista resultava em perda de emprego, ostracismo e adjetivos pejorativos. Ao longo das décadas, a aceitação do adventismo, à medida que se expandia por Barbados, sofreu mudança lenta e dramática, passando por cinco fases distintas: (1) Primeiros Encontros, 1884-1901; (2) Criação de uma Identidade Adventista, 1902-1944; (3) Iniciativas Evangelísticas Arrojadas, 1945-1965; (4) Fase da Aceitação, 1966-1991 e (5) Crescimento e Preservação da Fé, 1992-2014. Pioneirismo Inflexível

O primeiro missionário permanente a chegar dos Estados Unidos (1896) foi Elam Van Duesen e sua esposa. Eles permaneceram ali até 1901 e construíram o primeiro prédio de igreja, fundaram a escola e facilitaram a criação de clínicas ao redor de Bridgetown. O número de membros da igreja cresceu de 30 para quase 100. Entre os conversos, estavam muitos jovens em ascensão profissional, que ocupavam cargos na educação, mas que foram forçados a abandonar o emprego por se tornarem adventistas. Três deles se tornaram pioneiros da obra adventista, tanto em seu país como no exterior. Charles J. B. Cave graduou-se no Colégio Médico Missionário Americano, do Dr. John Harvey Kellog e, em 1907, retornou a Barbados e dirigiu seu próprio hospital por quase 30 anos, treinando moças adventistas para trabalhar como enfermeiras, parteiras e administrando clínicas de saúde para os pobres da ilha. Seu nome é lembrado em duas instituições da igreja – a Clínica de Diagnósticos Cave e o Lar Para Idosos Cave. Wilbert D. Forde e Lambert W. Browne deixaram sua marca na igreja fora das fronteiras de seu pequeno país insular. Ambos estudaram no Battle Creek College e se tornaram pastores pioneiros nos Estados Unidos e em outros lugares. Em 1906, Browne foi trabalhar com D. C. Badcock, na África, fundando a primeira igreja em Serra Leoa. Forde foi pastor da primeira igreja em Chicago, em 1910, e de muitas outras nos Estados Unidos, pelos 40 anos seguintes. De volta a Barbados, sentimentos peculiares entre os primeiros adventistas havia gerado uma intriga com seu pastor, que resultou em uma carta a Ellen White. Esses membros insistiam que todos deveriam tirar os sapatos antes de entrar na igreja, e que a oração deveria ser feita com os olhos abertos. A resposta da Sra. White foi compassiva e firme: “Deus não leva nenhum homem a defender tais ações”.

Crescimento e Desenvolvimento

O centro do crescimento e desenvolvimento do adventismo foi a congregação “mãe” da King Street, em Bridgetown, que ajudou a criar uma forte compreensão dos princípios e da identidade adventista em face às contínuas oposições das religiões estabelecidas. Ao fim da II Guerra Mundial, havia 1.675 membros batizados que se reuniam em dez igrejas organizadas. Os barbadianos adventistas tornaram-se conhecidos como estudantes diligentes da Bíblia e começaram a reconhecer que estavam qualificados para testemunhar para seus vizinhos e parentes. Nos anos pós-guerra, os líderes leigos Wrensford Greaves e Christopher Greenidge contribuíram incansavelmente com a igreja. O. P. Reid foi quem mais ganhou pessoas para Cristo e o número de membros subiu para 3 mil em 24 igrejas e grupos. Em setembro de 1953, B. G. O. French tornou-se o diretor da primeira escola de Ensino Médio da igreja e, pela primeira vez, a obra educacional adventista recebeu os aplausos do governo de Barbados. Em menos de 20 anos, no fim de 1965, o número de membros da igreja havia triplicado. Impacto Global

Deus tem honrado grandemente a fidelidade de Seu pequeno rebanho, uma vez desprezado como seita. O adventismo tem crescido em número e estrutura, multiplicando-se desde os anos 1990 a uma média de sete por cento ao ano. Entre os fiéis membros da igreja, que são admirados por sua contribuição à sociedade barbadiana estão: Ena K. Walters, enfermeira chefe do “Hospital de Barbados Rainha Elizabeth II” por 25 anos (1957-1983); Bradley E. Niles, tutor extra na Universidade das Índias Ocidentais em Barbados, por mais de 25 anos (1979-2005); Emerson S. Graham, distinto magistrado do sistema judicial de Barbados por oito anos (19942002); e o excelentíssimo Sr. Victor L. Johnson, membro do parlamento, ministro do governo e embaixador. Entre os nomes de barbadianos adventistas conhecidos internacionalmente estão o evangelista Kembleton Wiggins e os administradores da igreja e universidades, Michael S. Banfield, Carlyle Bayne, Danforth Francis, Trevor H. C. Baker, K. Eugene Forde, Sylvan A. Lashley. Um filho da ilha, G. Ralph Thompson, detém a honra de ter servido como secretário da Associação Geral pelo maior período de tempo. Neste ano, em que a igreja comemora seu 130º aniversário, os barbadianos adventistas ainda desejam estar prontos para ser usados por Deus a fim de abençoar seu país e o mundo. n

Glenn O. Phillips é historiador, e quarta geração de barbadianos adventistas.

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R E S P O S T A S

A

P E R G U N T A S

B Í B L I C A S

Libertação do Em Romanos 7:1-6 Paulo afirma que fomos libertos da lei? Se sim, por que ainda temos que nos submeter a ela?

Pecado, Lei, e Morte

Ao responder a sua questão, comentarei o contexto da passagem, resumirei minha compreensão do argumento de Paulo e discutirei a natureza da lei nesse texto, em particular. 1. Contexto: A conexão entre o pecado e a lei é brevemente mencionada em Romanos 5:20 e 6:14, mas, nessa passagem, Paulo aborda a ligação entre pecado, lei e morte. Ele esclarece que a lei não pertence à esfera do pecado, estabelece limites para o papel da lei (Rm 7:1-6) e indica que a culpa é do pecado que deturpou o que é bom e santo, isto é, a lei de Deus (versos 7-25). Há algumas ligações contextuais marcantes entre essa passagem e Romanos 6: o reinado do pecado e da lei (Rm 6:12; 7:1); eles governam enquanto estamos vivos (Rm 6:7; 7:1); temos que morrer para os dois (Rm 6:9; 7:4); morremos com Cristo (Rm 6:7) e por meio de Cristo (Rm 7:4); nós trocamos de mestre (Rm 6:17; 7:4); o fruto do pecado é a morte (Rm 6:21), e por causa do pecado a lei nos conduz à morte (Rm 7:5); os cristãos devem produzir frutos (Rm 6:22); há um velho homem (Rm 6:6) e uma velha letra (Rm 7:6); e há novidade de vida (Rm 6:4) e do Espírito (Rm 7:6). Os paralelos indicam um tema geral e contínuo, ou seja, que a lei, de alguma forma, está envolvida na ligação entre o pecado e a morte. 2. Resumo do Argumento: Paulo declara um princípio: A lei governa sobre nós enquanto vivermos (Rm 7:1). Quando morremos somos libertos da lei. Esse princípio é ilustrado pelo exemplo da mulher casada. A lei relacionada com o casamento governa sobre ela enquanto o marido está vivo. Depois que ele morre, ela pode se casar com outro homem sem ser condenada pela lei como adúltera (Rm 7:2, 3). Paulo começa a aplicar esse princípio aos crentes (Rm 7:4): Nós já fomos libertos do poder da lei, pois morremos para a lei por meio de Cristo; legalmente passamos a pertencer a Ele. A lei não pode condenar esse novo relacionamento. Paulo explica que a ligação entre pecado, lei e morte é encontrada em nossa natureza pecaminosa rebelde. O pecado usa a lei

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para estimular nossas paixões pecaminosas, e o resultado é a morte (Rm 7:5). Nesse cenário, a lei funciona como um guarda, mantendo-nos confinados na prisão do pecado (Rm 7:6; Gl 3:23). Quando o pecado e a lei trabalham juntos, o resultado é fatal. Porém, uma vez que já morremos por meio de Cristo, agora podemos servir em novidade de espírito, e não na antiga forma da lei, como um código escrito (“letra”) nos condenando à morte (Rm 7:6). 3. A Lei: Paulo discute o papel da lei em um mundo de pecado e sua má utilização pelo pecado. Primeiro, a lei nessa passagem se refere à lei antes da vinda de Cristo e do Espírito. Naquele tempo, a lei governava sobre os seres humanos e, com o pecado, levava à morte (condenação). Isto é, quando éramos controlados por nossas paixões pecaminosas (Rm 7:5), no tempo da “caducidade da letra” (Rm 7:6). Segundo, isso era quando a lei condenava os pecadores até a morte e o pecado usou a lei para estimular o pecado em nós (verso 5). Estávamos sob o poder do pecado e da lei. Precisamos obter a liberdade de ambos. Terceiro, a liberdade de ambos só acontece quando morremos! A conexão entre pecado, lei e morte foi quebrada por Cristo, quando deu Sua vida por nós e em quem nós morremos para o pecado através do batismo (Rm 6:1-7). A condenação e a maldição da lei foram cumpridas na morte de Cristo (Gl 3:13). A lei não morreu, mas nós sim! Quarto, a lei é agora colocada em sua perspectiva cristológica adequada. Por meio do Espírito, somos capazes de fazer o que, por causa do pecado, não podíamos fazer antes: os requerimentos da justiça da lei são agora cumpridos naqueles que não vivem “segundo a carne, mas segundo o Espírito”(Rm 8:4). Por meio de Cristo fomos libertados do poder do pecado e da condenação da lei. n

Ángel Manuel Rodríguez atuou como diretor do Instituto de Pesquisa Bíblica da Associação Geral por muitos anos. Atualmente, aposentado, mora no Texas, EUA.


E studo

B íblico

Mark A. Finley

O

Elevado Preço da Salvação

T

emos a tendência de valorizar os objetos levando em conta apenas o preço. Se o preço cobrado por determinado item for alto, valorizaremos mais do que um artigo que custa menos. Você já encontrou algo que queria muito comprar, mas ao olhar a etiqueta constatou que era muito caro? Certamente muitos de nós já passamos por essa experiência mais de uma vez. Gostaríamos de possuir muitas coisas, mas simplesmente não podemos comprar. O preço faz a diferença. De certa forma, isso também acontece em relação ao pecado. Quanto mais compreendemos o custo do pecado, mais desejamos nos distanciar dele. A percepção do preço eterno pago pela nossa salvação produz uma sensível diferença em nossa vida.

1 Como Deus mostrou a Adão e Eva o preço de seu pecado? Gênesis 3:20-24. De onde vieram aquelas “roupas de pele”? É difícil imaginar a intensidade da dor sentida por Adão, semelhante a uma faca no peito, ao Deus ordenar que ele imolasse o inocente animal, o primeiro sacrifício oferecido em consequência do seu pecado. Naquele momento, Adão começou a experimentar o imenso preço do pecado. Quando nossos primeiros pais deixaram seu lar no Éden com a lembrança do primeiro sacrifício bem gravada na mente, reconheceram o elevado custo do seu pecado.

2 Leia Êxodo 25:8. Que plano Deus instituiu no Antigo Testamento para manter na mente do povo de Israel o alto preço pago pelo pecado? Deus instituiu o sistema do santuário por duas razões básicas: Primeira, a morte sacrificial de animais no santuário revelava o imenso preço pago pelo pecado. Segundo, o método da salvação é demonstrado de forma vívida por meio do sacrifício daqueles animais e do ministério do sacerdote no santuário.

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Como o apóstolo João aplicou esse simbolismo a Jesus? João 1:29.

5 Leia 1 Pedro 1:18, 19. Segundo Pedro, qual é o preço de nossa salvação? O apóstolo declara que o preço de nossa salvação excede a compreensão humana. Nunca devemos pensar que o fato de Cristo oferecer a salvação gratuitamente rebaixa o preço pago pelo Céu. Nossa compreensão do imenso preço requerido pelo pecado nos motiva a fugir para longe dele.

6 Por que a compreensão do sacrifício de Cristo na cruz nos transforma? Zacarias 12:10. Ao compreendermos que foram os nossos pecados que levaram Jesus para a cruz e, ao olharmos para Aquele a quem “traspassamos”, entenderemos o preço que Ele pagou pela nossa redenção. Diante desse quadro, iremos chorar pela nossa participação em Seu sofrimento.

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Leia Hebreus 6:4-6. O que nossa persistente rebelião causa em Jesus? A compreensão de que foram os nossos pecados que feriram Jesus e Lhe causaram dor, nos leva a abandonar qualquer coisa que seja contrária à Sua vontade. Não queremos ferir o coração dAquele que nos ama tanto. Seu amor por nós, revelado em Seu sacrifício na cruz, parte nosso coração e nos impulsiona a uma dedicação total a Ele.

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Que ritual especificamente mantinha bem claro o preço do pecado na mente dos israelitas? Levítico 1:2-6, 10-13.

Quando aceitamos o sacrifício de Cristo em nosso favor, o que Ele faz por nós? O que Ele faz em nós? Efésios 2:8-10.

O pecado não era barato para os israelitas. A quebra da lei de Deus requeria um custo financeiro, emocional e espiritual. O preço do pecado era o sacrifício de um animal, pois “sem derramamento de sangue não há remissão” de pecados (Hb 9:22). O plano divino era manter o custo do pecado constantemente diante dos israelitas. A graça de Deus é sempre gratuita, mas nunca é barata. A salvação é um presente que custou ao Céu um preço incalculável.

Somos salvos por meio da graça de Cristo, e por Sua graça somos também transformados. A graça nos transforma; Seu amor nos transforma. O mesmo Cristo que nos redime, age em nós por meio do Seu Santo Espírito, para tornar-nos semelhantes a Ele. Ao compreendermos o elevado preço pago pela nossa salvação, humildemente aceitamos essa dádiva que Ele tão graciosamente nos oferece. Esta é a incrível “boa-nova” do evangelho. n

Il u s t r a d o

p o r

C a r l

H e i n r i c h

Bl o c h

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TROCA DE IDEIAS Aos olhos de Deus, qualquer pessoa é um ministro e mensageiro em potencial.

Cartas O Diário

Achei a história de William Robinson, “O Diário” (maio de 2014), muito intrigante. Sou jamaicano e adventista há mais de trinta anos, mas nunca li a história de como a igreja foi organizada na Jamaica. Profundo e informativo esse artigo! Robinson afirmou que Lillie Grace “ficaria surpresa se soubesse que a primeira igreja organizada em 1894, com 37 membros, conta atualmente com 250.000 membros em toda a Jamaica”. E eu fiquei muito impressionado e emocionado ao saber que essa história permaneceu “escondida” por tanto tempo. Devon L. Sanderson Wilmington, Delaware, Estados Unidos

Oraçãow

– Nabahel Rex-Oneal, Sekondi Central, Gana

Batalha de Serpentes

Hipertensão

Aprecio ler a Adventist World, e às vezes doo um exemplar para meus amigos lerem. No entanto, o artigo de Heather e Bill Drick, “Batalha de Serpentes”(maio de 2014), deixou-me preocupada com nossa posição em relação a Gêneses 3:6. A Bíblia declara que Adão estava com Eva e “ela tomou do seu fruto, comeu-o e o deu a seu marido, que comeu também”(NVI) O casal Kricks menciona o livro “Patriarca e Profetas”, de Ellen White, como fonte. Essa é a posição oficial da igreja sobre o assunto? Acreditamos que Adão estava com Eva, como diz a Bíblia, ou que Eva se afastou de Adão como diz Ellen White? Garcelle Hill Morristown, New Jersey, Estados Unidos

O artigo dos Drs. Peter N. Landless e Allan R. Handysides, “Hipertensão” (abril de 2014) foi muito útil para nós, missionários aqui em Samar, Filipinas, porque quase todas as pessoas de nosso campo missionário têm hipertensão, ou pressão arterial alta (PA). Usamos a verificação da PA como um modo de entrar nas casas, fazer amizade com eles e apresentar Jesus como a única pessoa que pode curar nossa alma. Mesmo não tendo medicamento para oferecer, esclarecer a situação de sua PA é melhor do que deixá-los na ignorância. Esperamos que, ao serem informados, tomem alguma providência. Como diz o artigo, “a hipertensão é conhecida como o ‘assassino silencioso’”. Abraham Roland Beniga B orongan, Samar Oriental, Filipinas

Gênesis 3:6 não infere que Adão estava presente durante a conversa de Eva com a serpente. O comentário de Ellen White oferece mais esclarecimento ao texto e não contradição. Primeiro Eva comeu e em seguida deu a seu esposo, que também comeu a fruta. – Os Editores

O Dia de Sábado

Muito obrigado por publicar o artigo de Afia Donkor “A Promessa de Deleite” (março de 2014). O dia de sábado é santo. Ele pode, inclusive, produzir em nós um senso de comunidade por meio de nossa humanidade e experiência,

GRATIDÃO

Por favor, ore por minha igreja em Chepkorio, pois necessitamos de recursos para a construção de mais salas de Escola Sabatina para nossos membros. Barmasai, Quênia

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Adventist World | Agosto 2014

Sou um jovem de 25 anos de idade que tem acessado sites de pornografia com frequência. Sei que é pecado, mas quando percebo, já estou lá. Por favor, ore sinceramente por mim. Eu quero mudar. Benjamin, Angola

Sou médica em Vangai Hills de Manipur. Estou servindo como voluntária (não assalariada) em uma das regiões mais remotas da Índia, onde não há incentivo do governo para a medicina, nem mesmo para vacinas. Por favor, ore pela saúde dessa comunidade. Ore também para que eu consiga servi-los melhor. Joy, Índia


independentemente dos problemas que possamos enfrentar na vida. A primeira coisa a fazer é agradecer a Deus por nos ter dado o fôlego da vida. Boka Martinez Sul do Sudão Deus Ama a Todos

Fiquei muito feliz quando li o artigo de Zebrom Ncube, “Aquele que Rasteja” (janeiro de 2012). Esse artigo me inspira todas as vezes que o leio. Aos olhos de Deus, qualquer pessoa é um ministro e mensageiro em potencial. Deus não subestima ninguém. Aleijados, surdos, mudos ou cegos, todos podem ser ministros. Muito obrigado por publicar essa história! Nabahel Rex-Oneal Sekondi Central, Gana Transformado

Estou feliz, pois agora sou adventista do sétimo dia. Eu era membro de outra igreja protestante. Minha vida foi transformada quando reconheci a verdade sobre o sábado de Jesus em um artigo escrito por Mark Finley, na Adventist World. A leitura dessa revista tem me transformado, e também alguns dos meus amigos de outras igrejas. Biwott Eliud Quênia Como enviar as Cartas: Por favor envie para letters@ adventist world.org. As cartas devem ser escritas com clareza, contendo, Letters Policy: Please send to: letters@adventistworld.org.

no máximo, 100 palavras. Inclua na carta o nome do artigo e a Letters must be clearly written, 100-word maximum. Include data da publicação. Coloque, também, seu nome, a cidade, o the name of the article and the date of publication with your estado e país de onde você está escrevendo. As cartas serão letter. Also include your name, the town/city, state, and country editadas por questão de espaço e clareza. Nem todas as cartas from which you are writing. Letters will be edited for space and enviadas serão publicadas. clarity. Not all letters submitted will be published.

Por favor, ore a Deus em favor da minha vida espiritual, família, por um trabalho e pelo meu casamento. Marcela, Brasil Fui batizada no ano passado, porém não estou vivendo de acordo com o que prometi no meu batismo. Os primeiros

É Casado?

O cálcio não é a única coisa que contribui para fortalecer os ossos. O casamento também. Um estudo da Osteoporose Internacional relata que homens que têm casamentos estáveis possuem maior densidade óssea do que os que nunca se casaram, viúvos, divorciados ou separados. As mulheres que afirmam ter bons maridos têm maior densidade óssea do que as que não têm. Fonte: Hemispheres.

Reavivados por Sua Palavra Uma Jornada de Descobertas pela Bíblia Deus nos fala por meio de Sua Palavra. Junte-se a outros membros, em mais de 180 países, que estão lendo um capítulo da Bíblia todos os dias. Para baixar o Guia de Leitura da Bíblia, visite: www.reavivadosporsuapalavra.org, ou inscreva-se para receber diariamente o capítulo por e-mail. Para fazer parte desta iniciativa, comece por aqui: 1 DE Setembro DE 2014 • Oseias 6

meses foram bem, mas, à medida que o tempo foi passando, comecei a cair pouco a pouco. Agora, cheguei a um ponto em que não me sinto mais culpada quando cometo um pecado. Por favor, inclua-me em suas orações. Quero ser uma pessoa melhor, uma embaixadora de Jesus Cristo. Norm, Zâmbia

Oração & Gratidão: Envie seus pedidos de oração ou agradecimentos (gratidão por orações respondidas) para prayer@adventistworld.org. As participações devem ser curtas e concisas, de no máximo 50 palavras. Os textos poderão ser editados por questão de espaço e clareza. Nem todas as participações serão publicadas. Por favor, inclua seu nome e o nome do seu país. Os pedidos também podem ser enviados por fax, para o número: 1-301-680-6638; ou por carta para Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, MD 20904-6600, EUA.

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11.356

TROCA DE IDEIAS

litros

100

Anos

Em 4 de agosto de 1914, o presidente da União Missão da Alemanha Oriental, reuniu-se com os líderes da Igreja Adventista na região. Em seguida, enviou informação por escrito ao Ministério da Guerra Alemão, em que declarava que os recrutas adventistas portariam armas como combatentes e prestariam serviço mesmo aos sábados, em defesa de seu país. A maioria dos membros, quando convocada, agiu em conformidade com essa determinação. Muitos deles, porém, solicitaram e receberam atribuições em serviço não combatente no corpo médico ou em unidades da Cruz Vermelha. Muitos adventistas, por questão de consciência, discordaram da imposição de portar armas. Consequentemente, alguns deles sofreram tratamento severo em virtude da atitude assumida. Leia mais na reportagem de capa deste mês «Amar Nosso Inimigo?», de Denis Kaiser.

maıs Museus com o maior número de visitantes em 2013 (em milhões): Louvre, Paris

Museu Britânico, Londres

Museu Metropolitano, Nova York

Galeria Nacional, Londres

6,0

Museu do Vaticano, Roma

5,5

30

9,3

Adventist World | Agosto 2014

Excelente

Alimento

Tâmara, a doce fruta da tamareira, que é uma espécie de palmeira, é um excelente lanche. Duas tâmaras contêm cerca de três gramas de fibra, quase a mesma quantidade de fibra encontrada em uma maçã pequena. Coma a tâmara sozinha, em saladas ou com cereais frios e quentes. Fonte: Men’s Health.

Fonte: The Art Newspaper/USA Today.

Uma pessoa comum inspira e expira 11.356 litros de ar por dia.

6,7 6,2

2.800

Variedades de batatas cultivadas no Peru. Mais do que em qualquer outro lugar do planeta. Fonte: Hemispheres.


“Eis que cedo venho…”

5O Meu

ATÉ

Nossa missão é exaltar a Jesus Cristo, unindo os adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só crença, missão, estilo de vida e esperança.

PALAVRAS

Hino

Editor Adventist World é uma publicação internacional da Igreja Adventista do Sétimo Dia, editada pela Associação Geral e pela Divisão do Pacífico Norte-Asiático. Editor Administrativo e Editor Chefe Bill Knott Editor Associado Claude Richli

Preferido

“Sim, na Cruz” é o meu hino preferido. Ele me fortalece e me renova em Cristo.

n

– Nicky Kipkorir Boit, Quênia, África Oriental

Quando canto “Oh, que Amigo em Cristo Temos”, sinto-me abençoada. Jesus está sempre ao meu lado. Ele é um amigo tão fiel, amoroso, e nunca Se esquece de nós quando necessitamos dEle.

n

– Melisha Benny, Papua-Nova Guiné

O hino “Meu Deus e Eu” faz com que eu experimente maior proximidade com Deus. Conto a Ele todas as minhas tristezas e alegrias. Jamais poderia viver sem Ele.

n

– Nomalanga Sally Mpofu, Bulawayo, Zimbábue

Sempre que canto o hino “Quando a Igreja de Jesus” sinto-me desafiado. As palavras desse hino me recordam de que não somos meramente chamados a ser semelhantes a Cristo dentro das quatro paredes da igreja. Nossas comunidades necessitam da revelação do caráter de Jesus.

n

– Brad Underwood, Califórnia, Estados Unidos

Gerente Internacional de Publicação Pyung Duk Chun Comissão Editorial Ted N. C. Wilson, presidente; Benjamin D. Schoun, vice-presidente; Bill Knott, secretário; Lisa Beardsley-Hardy; Daniel R. Jackson; Robert Lemon; Geoffrey Mbwana; G. T. Ng; Daisy Orion; Juan Prestol; Michael Ryan; Ella Simmons; Mark Thomas; Karnik Doukmetzian, assessor legal.  Comissão Coordenadora da Adventist World Jairyong Lee, chair; Akeri Suzuki, Kenneth Osborn, Guimo Sung, Pyung Duk Chun, Suk Hee Han Editores em Silver Spring, Maryland, EUA Lael Caesar, Gerald A. Klingbeil (rédacteurs en chef adjoints), Sandra Blackmer, Stephen Chavez, Wilona Karimabadi, Kimberly Luste Maran, Andrew McChesney Editores em Seul, Coreia do Sul Pyung Duk Chun, Jae Man Park, Hyo Jun Kim Editor On-line Carlos Medley Gerente de Operações Merle Poirier Colaboradores Mark A. Finley, John M. Fowler Conselheiro E. Edward Zinke Administrador Financeiro Rachel J. Child Assistente Administrativo Marvene Thorpe-Baptiste Comissão Administrativa Jairyong Lee, chair; Bill Knott, secretary; P. D. Chun, Karnik Doukmetzian, Suk Hee Han, Kenneth Osborn, Juan Prestol, Claude Richli, Akeri Suzuki, Ex-officio: Robert Lemon, G. T. Ng, Ted N. C. Wilson Diretor de Arte e Diagramação Jeff Dever, Brett Meliti Consultores Ted N. C. Wilson, Robert E. Lemon, G. T. Ng, Guillermo E. Biaggi, Lowell C. Cooper, Daniel R. Jackson, Geoffrey Mbwana, Armando Miranda, Pardon K. Mwansa, Michael L. Ryan, Blasious M. Ruguri, Benjamin D. Schoun, Ella S. Simmons, Alberto C. Gulfan Jr., Erton Köhler, Jairyong Lee, Israel Leito, John Rathinaraj, Paul S. Ratsara, Barry Oliver, Bruno Vertallier, Gilbert Wari, Bertil A. Wiklander. Aos colaboradores: São bem-vindos artigos enviados voluntariamente. Toda correspondência editorial deve ser enviada para: 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring MD 20904-6600, EUA. Escritórios da Redação: (301) 680-6638 E-mail: worldeditor@gc.adventist.org Website: www.adventistworld.org

Da próxima vez, diga-nos, em até 50 palavras, quem é seu personagem bíblico preferido, e por quê. Envie suas respostas para: letters@AdventistWorld.org, na linha do assunto, coloque “50 Words or Less.”

Adventist World é uma revista mensal editada simultaneamente na Coreia do Sul, Brasil, Argentina, Indonésia, Austrália, Alemanha, Áustria e nos Estados Unidos.

V. 10, Nº- 8

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*Marianne Thieme é fundadora do Partido Holandês pelos Animais, o primeiro partido político do mundo a enfatizar os direitos dos animais em um ambiente sustentável. Seu partido ganhou dois lugares no Parlamento Holandês, um no Senado Holandês e um no Parlamento Europeu. Ela tem um worldlog, em onze idiomas.

Todos os meses a Adventist World chega a essas mãos caridosas. Uma Família Mundial! Adventist World.

Marianne Thieme se mantêm em contato com a família adventista em todo o mundo graças à Adventist World. Você também pode ficar em sintonia com essa família. Se a Adventist World não estiver sendo distribuída regularmente em sua igreja, entre em contato com o Departamento de Comunicação ou com a CPB. Você também pode acessá-la on-line, na página www.adventistwolrd.com, em onze idiomas.


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