Aw november 2014 portuguese

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Revista Internacional da Igreja Adventista do SĂŠtimo Dia

Nove m b ro 201 4

Sofrendo com 14 Um

time,

uma missĂŁo

Ateus no

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Antigo Testamento?


Nove mb ro 2 01 4

A R T I G O

The International Paper for Seventh-day Adventists

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Nove m b e r 2 01 4

D E

C A P A

Sofrendo com Jó

Lael Caesar

Enquanto vivermos, teremos que enfrentar o problema da dor.

Suffering with

14 One Team, OneMission

Atheists in the

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Old Testament?

8 O privilégio de abrir a Bíblia V I S Ã O

M U N D I A L

Ted N. C. Wilson

Mensagens de esperança e encorajamento ao nosso alcance.

12 O que é realmente importante

14 Um time, uma missão C R E N Ç A S

F U N D A M E N T A I S

Manuel Gómez

Trabalhando juntos para fazer a diferença.

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V I D A

A D V E N T I S T A

Nosso próximo durante a jornada

Marcos Gabriel Blanco

Quando nos doamos, compartilhamos nossos princípios.

2 2 A obra de um profeta verdadeiro D E S C O B R I N D O D E P R O F E C I A

O

William Fagal

Não é como alguns supõem.

E S P Í R I T O

D E V O C I O N A L

24 Uma história missionária atípica S E R V I Ç O

Gerald A. Klingbeil

Quando a vida é cheia de desvios e divergências.

A D V E N T I S T A

Ted Huskins

A conexão entre New Hampshire, Estados Unidos, e Kauma, Malaui.

SEÇÕES 3 R E P O R T A G E N S DO

MUNDO

3 Notícias Breves 5 Notícia Especial 10 Histórias do GLOW

11 S A Ú D E N O M U N D O Vírus Ebola

27 E S T U D O B Í B L I C O A paz do Céu

RESPOSTAS 26

28

PERGUNTAS

A BÍBLICAS

Ateus no Antigo Testamento?

www.adventistworld.org On-line: disponível em 11 idiomas Tradução: Sonete Magalhães Costa

Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald Publishing Association. Copyright (c) 2005. V. 10, Nº- 11, Novembro de 2014.

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TROCA

DE

IDEIA


N ot í cias do M u ndo

40 mil pessoas

transformam estádio brasileiro em

local de louvor a Deus

D i v i s i o n

Adventistas lotam um dos estádios da Copa do Mundo para comemorar o fim de uma iniciativa que compartilhou Jesus após os jogos de futebol.

A m e r i c a n

ma sala de reuniões comum, com um conjunto de mesas no centro e, ao redor, cadeiras para quinze pessoas. A segunda fila de mesas – geralmente usadas pelos retardatários – lota a sala até perto da janela. Nas paredes, em tom azul-acinzentado claro, estão pendurados os instrumentos necessários a um grupo de trabalho: um quadro branco, um bloco grande de papel com folhas destacáveis e uma tela para projeção de vídeos e apresentações em PowerPoint. Toda quarta-feira, às 8h15 (horário do leste dos EUA), na sede mundial da igreja, essa mesma sala de reuniões se torna o centro de uma reunião internacional de oração promovida pela equipe editorial da Adventist World. Semana após semana, aproximadamente 50 pedidos de oração oriundos de cerca de 30 países diferentes são lidos em voz alta, lembrando a todos os que estão reunidos ali quão apropriado é o nome desta revista. Uma mãe da Zâmbia pede que intercedamos por seu filho adulto que não está mais nos caminhos do Senhor. Um universitário das Filipinas, que enfrentará um exame acadêmico crucial, busca o apoio de seus irmãos crentes. Doze comoventes pedidos nos lembram de sofrimentos como os de Jó, enfrentados por pessoas fiéis: câncer, diabetes, perda da visão, problemas conjugais, tragédias prematuras e inexplicáveis. É quase impossível para nossa equipe passar por essa rotina semanal sem se emocionar, pois são abertas as cortinas que nos mantêm isolados em nosso mundo particular. Conscientizamo-nos – às vezes dolorosamente – de como nosso planeta se encontra deteriorado e quanto o povo de Deus anseia pela restauração de todas as coisas. Sentimos a impotência natural que todos os seres humanos sentem diante de tanta dor e de tantos problemas. Porém, quase todas as semanas, pelo menos um pedido de oração nos faz lembrar que estamos escolhendo nos unir mais uma vez ao Senhor do Universo, que Se preocupa com a justiça, cura corações partidos, faz com que o amor renasça e com que ossos fraturados se tornem fortes outra vez. Assim, caro leitor, onde quer que você leia estas palavras, saiba disto: seja individualmente (em resposta ao seu pedido) ou coletivamente (porque você pertence ao povo remanescente de Deus), alguém orou por você hoje!

ESTÁDIO LOTADO: Vista do estádio, Arena Amazonense Vivaldo Lima, em Manaus, Brasil, com aproximadamente 40 mil pessoas louvando a Deus no sábado, 16 de agosto.

S o u t h

U

■■ Um estádio esportivo, em que recentemente ecoavam os gritos dos fãs do futebol, se transformou num local de culto, com oração e cânticos. Após a Copa do Mundo de 2014, cerca de 40 mil pessoas celebraram o fim de uma campanha para compartilhar Jesus, na cidade brasileira de Manaus. A multidão, em sua maioria formada por adventistas, lotou quase todos os 41 mil lugares da Arena Amazonense Vivaldo Lima, no sábado, 16 de agosto. Esse foi o primeiro grande evento público realizado na cidade de dois milhões de habitantes, após o encerramento da Copa do Mundo, em 13 de julho. Manaus foi uma das doze cidades que sediaram os jogos. “Esse momento na arena foi o ponto alto do projeto Esperança Manaus e proporcionou à sociedade uma grande visibilidade do trabalho desenvolvido pela Igreja Adventista do Sétimo Dia”, comentou Gilmar Zahn, presidente da igreja na União Noroeste Brasileira. O encontro, que reuniu altos líderes ​​locais, coroou uma semana de esforços evangelísticos sociais, denominada “Esperança Manaus”. Várias atividades foram desenvolvidas nesse evento, entre elas a distribuição de milhares de exemplares do livro missionário A Única Esperança, realizada por voluntários. “Há milhares de pessoas em busca de esperança, e nós precisamos concluir a obra de anunciar as boas-novas do evangelho iniciada por nossos pioneiros”, disse Erton Köhler, presidente da Divisão Sul-Americana (que inclui a União Noroeste Brasileira), enquanto agradecia a participação das igrejas locais. O projeto Esperança Manaus faz parte da iniciativa “Missão Para as Cidades”, promovida pela igreja adventista mundial, cujo objetivo é levar Jesus às grandes cidades do mundo. “Por meio do desenvolvimento de projetos como este, é possível

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N ot í cias do M u ndo

Ka r l

L i n dsa y

compreender a preocupação da Igreja Adventista do Sétimo Dia para com outras pessoas”, disse ele. No fim do evento, dez pessoas foram batizadas – uma representação das 350 pessoas que foram batizadas durante a semana. – Magdiel E. Pérez Schulz, secretário executivo da Divisão Sul-Americana

O fotógrafo australiano Karl Lindsay viu a loja de conveniência chamada “Deus é Capaz” em Mambwe, capital da província da Zâmbia oriental, enquanto trabalhava no país para a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais. “Pensei: Isso ficaria impressionante sob um céu estrelado”, disse ele. Céus estrelados são comuns na Zâmbia, e Lindsay teve sua chance na noite seguinte. “Isso é um perfeito manifesto”, disse ele. Com esta foto, Lindsay ganhou o prêmio de Fotografia das Belas Artes de Avondale, no Festival de Manifestações de Artes Criativas.

Nauru: Primeira igreja em obras ■■ No fim deste ano, os líderes adventistas planejam iniciar a construção da primeira igreja adventista em Nauru, uma pequena nação insular no Sul do Pacífico, depois de adquirir um contrato de arrendamento de terras por 99 anos, como doação de um membro da igreja. “Isso é algo que os membros da igreja de Nauru almejavam há anos”, afirmou Glenn Townend, presidente da igreja na União-Missão Transpacífico. “Os terrenos em Nauru são muito caros e difíceis de ser transferidos para outros.” Nauru é o menor país do Sul do Pacífico, com 9.400 habitantes e 21 km2 de rocha fosfática. O único país no mundo com população menor que esta é o Vaticano, com cerca de 850 pessoas. “Vinte e cinco adventistas moram na ilha, mas a frequência semanal ao

local de reuniões – um salão alugado – é de aproximadamente 40 pessoas”, disse Eparama Drou, diretor associado de finanças da União-Missão Transpacífico. Em maio, o presidente nauruano Ribulik Naoero assinou a transferência de um arrendamento de terras para a Igreja Adventista em nome de Steve Mwea Amwano, membro da igreja local. O terreno foi doado para a construção de uma igreja em Nauru. Segundo Townend, Mwea Amwano doou o terreno em agradecimento pela educação que ele recebeu na Escola Adventista de Ensino Médio Navasau, em Fiji. Em troca dos terrenos, a igreja concordou em construir uma casa de dois quartos para Mwea Amwano e sua família em outro lugar de Nauru. – Andrew McChesney, editor de notícias da Adventist World, com reportagem da equipe da União-Missão Transpacífico.

MENOR NAÇÃO INSULAR: Vista aérea da ilha Nauru, no Sul do Pacífico, cujos 25 membros adventistas aguardam ansiosamente sua primeira igreja.

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W i k i c o m m o n s

Colômbia: Planos de pregar sobre Jesus no Oriente Médio

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■■ Mais de cem jovens sul-americanos receberão treinamento para pregar sobre Jesus no Oriente Médio. Os voluntários se matricularam na Escola de Missões da Universidade Adventista da Colômbia durante o Congresso Internacional Adventista de Missões realizado na universidade, em Medelín, a segunda maior

cidade da Colômbia. O evento reuniu dois mil jovens, estudantes e profissionais da Colômbia, Peru e Argentina. O congresso, realizado em agosto, procurou motivar os participantes a servir no campo missionário. “Queremos inspirar nossos jovens estudantes nas diferentes carreiras profissionais e que, à medida que eles crescerem academicamente, também possa crescer neles o compromisso e a paixão pela missão da igreja”, disse Abraham Acosta, presidente da Universidade Adventista da Colômbia e principal organizador do evento. – Equipe da Divisão Interamericana e Adventist World

Laos realiza primeira conferência bíblica ■■ Um grupo de adventistas participou de uma série inédita de conferências no Laos, realizada no fim de agosto. Nesse seminário, três teólogos apresentaram os seguintes temas: alimentos limpos e imundos, observância do sábado e autoridade da Bíblia. Cerca de 60 obreiros bíblicos e pastores estiveram presentes à conferência no Laos. Na ocasião, a igreja intensificou seus esforços para falar de Jesus em uma parte do mundo que ficou isolada por décadas. Conferências bíblicas semelhantes a essa também foram realizadas


nos países vizinhos: Vietnã e Camboja. Os organizadores disseram que o evento foi marcante porque, embora a maioria dos participantes fosse analfabeta (portanto, com pouca educação formal), eles entenderam a mensagem apresentada. “Nossos irmãos apreciaram tanto o seminário que pediram para que as conferências fossem realizadas anualmente”, comentou um dos organizadores do evento. Os planos já estão em andamento para a realização de outra conferência no próximo ano. – Andrew McChesney, editor de notícias da Adventist World

Alemanha: Congresso procura capacitar mulheres ■■ Mais de 700 mulheres de 20 países europeus se reuniram no Congresso de Mulheres da Divisão Intereuropeia, evento de quatro dias que terminou em 9 de setembro, realizado na cidade alemã de Schwäbisch Gmünd. Essa primeira conferência – destinada a suprir as necessidades das mulheres e a capacitá-las para ajudar outras mulheres da Igreja Adventistas do Sétimo Dia em suas comunidades – incluiu apresentações plenárias, 17 workshops e uma rápida passeata contra a violência. Denise Hochstrasser, organizadora da conferência, também destacou a necessidade de as mulheres desempenharem um papel ativo em suas comunidades. “Homens e mulheres precisam uns dos outros”, disse Denise, que é natural da Suíça e dirige o Departamento do Ministério da Mulher na Divisão Intereuropeia. Denise graduou-se em administração pelo Newbold College e foi esposa de pastor. Após a morte prematura do esposo, ela dedicou mais de 25 anos de sua vida às mulheres adventistas, apoiando-as em suas necessidades. – Equipe da Divisão Intereuropeia e Adventist World

Andrew Mc Chesney, editor de notícias, Adventist World

Adventistas são

incentivados a estudar individualmente sobre a Ordenação de mulheres

Os pastores Ted N. C. Wilson (presidente da AG) e Artur Stele (presidente da TOSC) também pedem oração pela direção do Espírito Santo durante o processo.

T

ed N. C. Wilson, presidente da Igreja Adventista do Sétimo Dia, apelou aos membros da igreja em todo o mundo para que leiam diligentemente o que diz a Bíblia sobre a ordenação de mulheres, e que orem por ele e pelos demais líderes da igreja para que sigam humildemente a orientação do Espírito Santo a esse respeito. Os membros da igreja que desejam compreender o que a Bíblia ensina sobre a ordenação de mulheres podem recorrer a um excelente material a respeito do assunto, informou Artur A. Stele. Como presidente da TOSC – Theology of Ordination Study Committee (Comissão de Estudo sobre a Teologia da Ordenação), por dois anos ele supervisionou um estudo inédito sobre o tema, encomendado pela igreja. O pastor Stele repetiu o apelo do pastor Wilson para que os membros da igreja leiam a Bíblia e orem sobre o assunto, recomendando a leitura de três declarações sucintas do estudo, que apresentam textos bíblicos e de Ellen G. White, cofundadora da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Essas declarações apoiam cada uma das

três posições que surgiram durante a investigação da comissão a respeito da ordenação de mulheres. O resultado do estudo foi discutido em meados de outubro, no Concílio Anual – a principal reunião dos líderes da igreja. Os 338 membros do Concílio Anual tiveram que decidir se deveriam solicitar aos 2.600 delegados da igreja mundial que tomassem uma decisão final sobre a ordenação de mulheres, votando o assunto na assembleia da Associação Geral, em julho de 2015. O pastor Wilson, falando em entrevista, instou cada um dos 18 milhões de membros da igreja a orar fervorosamente e a ler os materiais do estudo que estão disponíveis na página dos Arquivos, Estatística e Pesquisas da igreja, na internet. “Os documentos e as apresentações foram elaborados a partir da compreensão de uma leitura clara das Escrituras”, afirmou o pastor Wilson em seu escritório na sede da Associação Geral, em Silver Spring, Maryland (EUA). “O Espírito de Profecia nos adverte a aceitar a Bíblia como ela se apresenta”, disse ele. “Gostaria de encorajar cada

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Três pontos de vista sobre a ordenação de mulheres

Em um esforço para compreender o ensino bíblico sobre a ordenação de mulheres, a Igreja estabeleceu a Theology of Ordination Study Committee (Comissão de Estudo sobre a Teologia

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/ O l i v e r A n s e l

membro da igreja, e certamente aqueles que serão delegados na assembleia da Associação Geral, a revisar essas declarações em oração, e então pedir que o Espírito Santo os ajude a entender qual é a vontade de Deus.” O Espírito de Profecia se refere aos escritos de Ellen G. White que, entre suas declarações de como ler a Bíblia, escreveu no livro O Grande Conflito: “A linguagem da Bíblia deve ser explicada de acordo com seu óbvio sentido, a menos que seja empregado um símbolo ou figura” (p. 599). “Não temos o privilégio de possuir o Urim e o Tumim”, disse Ted Wilson, referindo-se às pedras que o sumo sacerdote israelita usava no tempo do Antigo Testamento para saber qual era a vontade de Deus. “Nem temos um profeta vivo entre nós. Portanto, precisamos contar com a direção do Espírito Santo em nosso estudo particular da Bíblia, ao revisarmos os ensinos das Escrituras.” Ele disse que a liderança da igreja mundial está comprometida com um processo muito aberto, justo e cuidadoso” sobre a questão da ordenação de mulheres. O pastor Wilson acrescentou que a questão crucial frente à igreja não é se as mulheres devem ou não ser ordenadas, mas se os membros que não concordarem com a decisão final sobre o assunto, seja ela qual for, estariam dispostos a deixar de lado suas diferenças e se concentrar na missão de 151 anos desta igreja: proclamar a mensagem dos três anjos de Apocalipse 14, de que Jesus está voltando.

A NN

N ot í cias do M u ndo

PRESIDENTE: Artur Stele, presidente da Comissão de Estudo da Teologia da Ordenação, falando em uma reunião do grupo, em Baltimore, Maryland (EUA), em 23 de julho. da Ordenação), um grupo com 106 membros e comumente chamado pelos líderes da igreja pela sigla TOSC. A comissão não foi organizada ligada a números proporcionais da representatividade da igreja mundial, mas simplesmente para realizar um estudo de dois anos. No início, comissões especiais de pesquisas bíblicas, em cada uma das 13 divisões mundiais da Igreja, contribuíram no processo de estudo e foram representadas na TOSC. O principal objetivo dessa comissão, que concluiu seus trabalhos em junho, foi determinar se era possível encontrar um consenso sobre a ordenação de mulheres, o que não aconteceu. Os membros dividiram as conclusões em três campos, conhecidos como Posição 1, 2 e 3: Posição 1: Enfatiza as qualificações bíblicas para a ordenação como encontradas em 1 Timóteo 3 e Tito 1, bem como o fato de que, na Bíblia, as mulheres nunca eram ordenadas como sacerdotes, apóstolos ou anciãos. Por isso, conclui que a Igreja Adventista do Sétimo Dia não tem base bíblica para ordenar mulheres. Posição 2: Enfatiza os papéis de liderança de mulheres tanto no Antigo

como no Novo Testamento, como Débora, Hulda e Júnia, e passagens bíblicas em Gênesis 1 e 3, e Gálatas 3:26-28 que declaram que todas as pessoas são iguais aos olhos de Deus. Portanto, conclui que o princípio bíblico de igualdade permite à Igreja Adventista ordenar mulheres para cargos de liderança na igreja sempre que possível. Posição 3: Apoia a Posição 1 ao reconhecer o padrão bíblico de liderança masculina em Israel e na igreja cristã primitiva. Mas, também enfatiza que Deus fez exceções, como no caso de conceder um rei a Israel, quando esse foi o desejo do povo. Esta posição conclui que a ordenação de mulheres é uma questão política da igreja e não um imperativo moral. Portanto, a Igreja Adventista deve permitir que cada campo decida se deve ou não ordenar mulheres. Ted Wilson apela aos membros da igreja para que examinem as três posições apresentadas no fim do relatório da TOSC: "Examine todas as apresentações para compreender o que Deus está falando a você pela Palavra e por meio de sua caminhada diária com Ele.”


Embora a TOSC não tenha chegado a um consenso sobre a ordenação de mulheres, seus membros aprovaram, em unanimidade, uma declaração sobre a teologia da ordenação e, em declaração separada, afirmaram que permanecem “comprometidos com a mensagem e missão da Igreja Adventista do Sétimo Dia como expressa nas 28 crenças fundamentais.” O pastor Wilson espera que todos os membros da igreja assumam a mesma postura de boa vontade. “Se não formos cuidadosos, o inimigo irá fomentar a controvérsia entre nós, distraindo-nos do propósito de

Deus para Sua igreja remanescente, que é proclamar as três mensagens angélicas e anunciar com alegria a breve volta de Cristo”, disse ele. “A grande questão é: qual será nossa atitude em relação à missão contínua da igreja?”

A n s e l

O l i v e r

/

A NN

O que os membros da igreja devem ler

COMISSÃO: A Comissão de Estudo da Teologia da Ordenação, composta por 106 membros, não foi organizada para representar proporcionalmente a Igreja em nível mundial, mas simplesmente para realizar um estudo de dois anos.

Artur Stele, presidente da TOSC e diretor do Instituto de Pesquisa Bíblica da igreja, disse que os membros da igreja devem ler pelo menos o resumo das declarações da comissão. “Se as pessoas quiserem ter uma rápida noção, podem ir às declarações resumidas”, informou o pastor Stele em entrevista. “E então, poderão ler os resumos das posições.” Os resumos mais longos são parte do relatório final, com 127 páginas, que incluem a definição da teologia da ordenação aprovada pela TOSC, a história da Comissão e uma lista de diversos trabalhos acadêmicos elaborados para estudo. Esse estudo foi iniciado a pedido de um delegado na última assembleia da Associação Geral, em 2010, e sua necessidade foi enfatizada por um coro crescente de pedidos de alguns líderes para ordenar mulheres em algumas regiões. Para complicar a situação, três das 124 uniões da igreja – duas nos EUA e uma na Alemanha – autorizaram a ordenação de mulheres em 2012, apesar do apelo dos administradores da igreja para que esperassem o resultado do estudo e o possível voto na assembleia da Associação Geral, em 2015. A igreja mundial não reconhece a decisão dessas três uniões. O pastor Stele insta com os membros da igreja para que não sejam influenciados pelo ponto de vista de outras pessoas sobre a ordenação de mulheres, mas que cheguem às suas próprias conclusões por meio do estudo da Bíblia, com oração.

“Essas declarações das posições poderiam realmente ajudar, porque nelas, todas as passagens principais são interpretadas sob diferentes ângulos”, disse ele, tendo em mãos uma cópia do relatório final da TOSC. O pastor Stele disse que os membros da igreja podem influenciar de várias maneiras a discussão sobre a ordenação de mulheres, inclusive falando com os delegados que irão representá-los na próxima assembleia da Associação Geral, que será realizada em San Antonio, Texas (EUA). De igual modo, o pastor Wilson disse que os membros da igreja devem expressar suas convicções para os pastores de sua igreja e os presidentes das associações, mas pede que toda conversa ou carta seja respeitosa e cristã. “Porém, o mais importante é contarmos com as orações para que, como líderes, possamos humildemente ouvir a voz da intervenção direta do Espírito Santo e a vontade de Deus como revelada nas Escrituras.” O pastor Stele concorda dizendo: “Penso que o melhor e mais importante modo de cada membro da igreja participar é orando. Ore pelo processo e pela assembleia para que prevaleça não a sabedoria humana, mas a vontade de Deus.” n

Links da Web relacionados Relatório final da TOSC com declarações avançadas:

adventistarchives.org/final-toscreport.pdf Todos os documentos relacionados com a questão da teologia da ordenação podem ser encontrados nessa seção especial, na página dos Arquivos, Estatísticos e de Pesquisa da igreja:

adventistarchives.org/ordination.

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V I S Ã O

M U N D I A L

Ted N. C. Wilson

O

privilégio de

abrir a Bíblia Uma bênção a ser desfrutada

W

illiam Hunter tinha apenas 19 anos de idade quando foi acorrentado a uma estaca de madeira e queimado vivo. Seu crime? Ler a Bíblia! Duas décadas antes, a Bíblia de Tyndale, a primeira a ser impressa no idioma inglês, foi contrabandeada para a Inglaterra vinda da Alemanha, para onde o erudito de Oxford, William Tyndale havia fugido para concluir o importante trabalho de traduzir a Bíblia na linguagem de seus compatriotas. Ao que parece, os pais de William Hunter estavam familiarizados com a Bíblia Tyndale, e talvez tivessem acesso a porções dela. Eles estavam beminformados a respeito de muitas de suas passagens importantes e ensinaram seu filho William a honrar a Deus e à Sua Palavra. No período em que William Hunter foi aprendiz de um tecelão de seda em Londres, teve consciência de que, ao contrário do que alegava a Igreja Católica Romana, a hóstia usada durante a missa não se transforma realmente no corpo de Cristo. Consequentemente, quando um edito real foi divulgado

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por toda a cidade de Londres exigindo a participação de todos na missa semanal, William se recusou. Devido à sua recusa, o jovem aprendiz perdeu seu emprego na tecelagem de seda e retornou para a casa dos pais, em Brentwood, aproximadamente 40 km a nordeste de Londres. Martirizado por ler a Bíblia

De volta à sua casa, William começou a sentir o desejo de ler mais da Palavra de Deus. Assim, ele às vezes entrava furtivamente na velha capela medieval de Brentwood onde silenciosamente lia a “Grande Bíblia” que ficava acorrentada ali. Certo dia, Atwell, o servo do Bispo, flagrou William lendo o “Livro proibido”. – Por que te intrometes com a Bíblia? – inquiriu Atwell. – Eu a leio para meu conforto – respondeu humildemente o adolescente. – Se não te arrependeres, tu e muitos outros hereges serão queimados em virtude de suas opiniões! – retorquiu Atwell.1 Logo, a ameaça de Atwell se tornou realidade. No sábado, 26 de março de 1555, William Hunter foi queimado na

estaca porque amava a Palavra de Deus e se recusou a abandonar as verdades que havia encontrado nela. Hoje, um memorial marca o local em que o jovem William deu a vida pela verdade. Inscritas nas pedras estão as estimulantes palavras: “WILLIAM HUNTER. MÁRTIR. Entregue às chamas no 26º- dia de março de MDLV [1555]. Leitor cristão: aprenda pelo exemplo de William a valorizar o privilégio de abrir a Bíblia. E cuide para mantê-lo.” Tornando a Bíblia acessível

Durante a Reforma, os olhos de milhares de pessoas foram abertos quando, pela primeira vez, a Bíblia foi disponibilizada para o povo em sua língua materna. Heróis como Martinho Lutero (1522), William Tyndale (1529) e Pierre Robert Olivétan (1535) sofreram muito (às vezes até sacrificando a vida) ao traduzirem cuidadosamente a Bíblia do texto em grego e hebraico para idiomas mais conhecidos, tornando as Escrituras inspiradas acessíveis a todos. Esses homens consagrados sabiam que há poder na palavra simples do Senhor F o t o :

R e u e l

w h i t e


A Bíblia, fielmente preservada e selada com o sangue dos mártires, transcende o tempo e a cultura. e que nenhum homem tem o direito de agir como intérprete da Palavra de Deus para o povo. A Bíblia, por si só, é sua própria intérprete e todos deviam ter igual acesso a ela. Ao longo dos séculos, a luz fulgurante que brilha da Palavra de Deus tem guiado Seus fiéis seguidores no caminho da verdade. “Tua Palavra”, escreveu o salmista, “é lâmpada para meus pés e luz para o meu caminho”(Sl 119:105). Simples o suficiente para ser compreendida por uma criança, mas tão profunda a ponto de envolver o alto intelecto, a Bíblia brilha em cada aspecto de nossa vida pessoal e na vida da igreja de Deus. Fundamentada sobre a Palavra de Deus

Desde seu início, a Igreja Adventista do Sétimo Dia fundamentou seu destino, propósito e alicerce na Palavra de Deus. Brilhando em meio à escuridão do grande desapontamento de 22 de outubro de 1844, os primeiros crentes se voltaram para a Bíblia em busca de conforto e esperança e, em oração, pesquisavam as Escrituras em busca da verdade. Cuidadosamente, releram as passagens em Daniel sobre a purificação do santuário e descobriram que o erro não estava nas Escrituras, mas em adotar sua compreensão prestabelecida sobre o texto bíblico. Ao comparar texto com texto, descobriram que “o santuário” a que se refere Daniel 8:14 não era na Terra, como supunham, mas no Céu. À medida que o pequeno grupo continuava a ser conduzido pela Palavra de Deus, descobriu outras verdades bíblicas e o grupo de crentes cresceu rapidamente. Ao manter os princípios protestantes de aceitar a leitura simples do texto e permitir que a Bíblia interprete a si mesma, a maior parte de nossas crenças fundamentais – o sába-

do, o estado dos mortos, o santuário e o juízo investigativo – foi estabelecida na época em que a Igreja Adventista do Sétimo Dia foi organizada, em 1863. Evidentemente havia mais a ser aprendido e, à medida que o tempo passou, os adventistas continuaram a descobrir outras verdades importantes, como nossa mensagem de saúde, a educação adventista com base bíblica e nossa missão de alcançar o mundo. Cada nova descoberta, no entanto, era sempre comparada com o texto bíblico encontrado em Isaías 8:20: “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles”(ACR). A Bíblia transcende tempo e cultura

Ainda hoje é assim quando fundamentamos nossa fé e crenças na eterna Palavra de Deus. A Bíblia, fielmente preservada e selada com o sangue dos mártires, transcende o tempo e a cultura. Ela é a Palavra de Deus viva, e, por meio da orientação do Espírito Santo, podemos encontrar as respostas que buscamos. Hoje, a Igreja enfrenta muitas dificuldades – secularização, desafios educacionais, espiritualismo, dúvidas sobre a inspiração e o “alto” criticismo, evolução teísta, opiniões diferentes sobre ordenação, homossexualidade e mais. Entretanto, não importa o desafio, podemos estar certos de que encontraremos a direção de Deus, se em oração estudarmos Sua Palavra e formos guiados por Seu Espírito. “Devemos aplicar o coração a conhecer o que é a verdade”, escreveu Ellen G. White no livro Patriarcas e Profetas. “Todas as lições que Deus fez com que fossem registradas em Sua Palavra, são para nossa advertência e instrução. São dadas para nos salvar do engano.

A negligência a elas resultará em ruína para nós mesmos” (p. 55). Agora é o tempo para desenvolver total confiança e fé na Palavra de Deus. Sabemos que está chegando o tempo em que não poderemos confiar em nossos sentidos, pois virá um grande e “poderoso engano, quase invencível”2 e o engano será tão sedutor que enganará “se possível, os próprios eleitos” (Mt 25:25). A Bíblia tem todos os princípios importantes para a vida, mas em muitos casos, ela fornece instruções específicas sobre qual é a intenção de Deus. Precisamos estudar a Palavra para entendermos claramente qual é Sua vontade para nós. Os métodos determinam os resultados

É lamentável que, em nossos dias, muitas denominações e teólogos cristãos têm adotado o método histórico-crítico, e muito do que se lê na literatura teológica já foi influenciado por uma abordagem que não é abençoada por Deus. Segundo essas abordagens críticas, é dada à interpretação bíblica uma enorme margem para que o leitor decida o que é ou não verdade. Porém, como adventistas do sétimo dia, rejeitamos essa forma de estudar as Escrituras e abraçamos a interpretação histórica-bíblica (também conhecida como histórica-gramatical). Usando esse método, aceitamos a Bíblia como está escrita, comparando texto com texto, e permitindo que ela interprete a si mesma. Essas várias abordagens de interpretação são atribuídas à hermenêutica. Você já se perguntou como é que as pessoas podem ler os mesmos textos bíblicos e chegar a conclusões divergentes? Com frequência é devido ao uso de diversas abordagens hermenêuticas em seu estudo.

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V I S Ã O

M U N D I A L

Como adventistas do sétimo dia, recebemos conselhos específicos sobre aceitar a Palavra de Deus como está escrita: “Quando os que professam crer na verdade caem em si, quando aceitam a Palavra do Deus vivo, assim como está escrita e não tentam torcer as Escrituras, então eles irão construir sua casa sobre a rocha eterna, Cristo Jesus.”3 Os que aceitam a Bíblia como ela se apresenta recebem uma promessa: “Deus exige mais de Seus seguidores do que muitos pensam. Se não queremos alicerçar nossas esperanças do Céu num falso fundamento, precisamos aceitar o que diz a Bíblia e crer que o Senhor cumpre o que afirma. Ele não requer de nós coisa alguma para cuja realização não nos conceda graça”.4

Histórias do GLOW: Levando luz ao nosso mundo GLOW (inglês, BRILHO – Giving Light to Our World [Levando luz ao nosso mundo]) – é um projeto evangelístico que surgiu na Califórnia, Estados Unidos, no território da Divisão Norte-Americana, e que atualmente se estendeu às outras Divisões do mundo. Tem por objetivo motivar os membros a ter sempre em mãos literatura – panfletos chamados GLOW – para ser distribuídos gratuitamente. Atualmente, os panfletos estão sendo impressos em 45 idiomas. A seguir, duas pequenas histórias que retratam vidas alcançadas pelo GLOW:

Construído sobre a Rocha

Mais de 450 anos atrás, o jovem William Hunter, e muitos outros, selaram com a vida sua crença em Deus e em Sua Palavra. Tal era e ainda é, sua importância, que, em algumas partes do mundo hoje, ainda existem mártires que entregam a vida pela verdade de Deus. Sabemos que há uma tempestade chegando. Agora é o tempo de construirmos sobre o firme fundamento da Palavra de Deus. “Todo aquele, pois, que ouve estas Minhas palavras e as pratica, disse Jesus, será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a rocha” (Mt 7:24, 25 ARA). n 1 Extraído

do “The Boy Martyr of Brentwood,” Essex Protestant Council, http://cabam.global-warning.co.uk/epc/william_hunter.html 2 Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 624. 3 Ellen G. White, Manuscript Releases, 21, p. 346. 4 Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja, v. 5, p. 170.

Ted N.C. Wilson é

presidente mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

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História 1: Certo sábado, recentemente, enquanto um grupo de adventistas adultos participava de um evento na Arena Vodafone, em Suva, Fiji, vários jovens adventistas caminhavam por uma praia próxima, entregando folhetos do GLOW. Um rapaz chamado Pravin entregou um folheto intitulado Por que eu vou à igreja aos sábados para uma pessoa chamada Manoj. Como resultado, eles começaram a estudar a Bíblia juntos e Manoj agora está frequentando a igreja Adventista Indiana Nasinu, aos sábados. História 2: Enquanto visitava a família na Polônia, um jovem ofereceu aos parentes um folheto GLOW, intitulado Passos para a Saúde. A mãe e a avó apreciaram muito o folheto e disseram que gostariam de adotar uma dieta estritamente vegetariana, mas não sabiam como. Esse encontro abriu as portas para futuras visitas à família e para discussões não apenas sobre a mensagem de saúde, mas também sobre outros assuntos da Bíblia. O filho mais velho recebeu um livro O Grande Conflito e prometeu que o leria. As histórias são relatadas por Nelson Ernst, diretor do GLOW na Associação Central da Califórnia. Para saber mais sobre esse projeto, acesse sdaglow.org. Para assistir aos vídeos de testemunhos, acesse vimeo.com/ user13970741.


S aúde

no

M undo

Peter N. Landless e Allan R. Handysides Já ouvimos muito sobre o surto do vírus Ebola, que inicialmente esteve restrito apenas aos países da África Ocidental. Existe o temor de que ele se espalhe pelo resto do mundo como o vírus da gripe.

O

vírus Ebola (DVE), no passado também conhecido por febre hemorrágica, é uma doença severa e quase sempre fatal em seres humanos. Os surtos da doença foram reconhecidos por serem fatais em 50 a 90% das pessoas infectadas. No surto atual, a média de mortes chega a aproximadamente 50%. Os surtos da DVE aconteceram inicialmente em aldeias remotas na África Central e África Ocidental, particularmente em áreas próximas a florestas tropicais. Trata-se de um vírus transmitido a seres humanos que manipulam animais infectados. O morcego, hospedeiro natural da DVE, é considerado uma iguaria em partes do mundo onde aconteceram os surtos do Ebola. A doença apareceu pela primeira vez em 1976, no Sudão e na República Democrática do Congo. Nesse último, em uma aldeia situada próxima ao Rio Ebola, daí o nome da doença. O Ebola é introduzido nas populações humanas e difundido por elas pelo contato próximo com sangue, secreções e outros fluídos corporais de animais infectados. Em seguida, ele se espalha de pessoa para pessoa, como resultado direto do contato com sangue e secreções, incluindo suor e outros fluídos corporais, ou do contato com pessoas infectadas. Pode ainda ser transmitido pelo contato direto com ambientes contaminados com tais fluídos. O período de incubação varia entre 2 e 21 dias. A DVE começa com sintomas agudos de febre, fraqueza intensa, dor muscular, dor de cabeça e de garganta. Esses sintomas são, muitas vezes, seguidos por vômito e diarreia, erupções cutâneas, problemas nas funções renais e hepática. Quase sempre esses sintomas ocorrem associados a sangramentos internos e externos. O desenvolvimento da vacina está no estágio F o t o :

C o r t e s i a

d e

C D C / C y n t h i a

experimental, como um tratamento específico com anticorpos. É necessário terapia de apoio imediata, incluindo reidratação e transfusão de sangue quando for o caso. Técnicas estritas de isolamento devem ser aplicadas para prevenir que a doença atinja outras pessoas. É essencial tratar a doença em seu estágio inicial! Se houver alguma possibilidade de contato e se ocorrer os sintomas, procure ajuda imediatamente. O surto recente do Ebola na África Ocidental já causou mais de quatro mil mortes neste ano, até o momento em que este artigo foi escrito. Os principais países atingidos são: Libéria, Serra Leoa e Guiné, com alguns casos na Nigéria. Até hoje, o surto atual tem sido o mais mortal em todo o mundo. Durante essa crise, os Centros de Controle da Doença e a Organização Mundial da Saúde estão monitorando cuidadosamente a situação, colocando em vigência alertas de viagem para os países afetados e desses para os demais. Precauções adicionais incluem: n Evitar viajar (sair) dos três países afetados para participar de conferências em qualquer outro lugar; n Evitar frequentar qualquer reunião pública nas áreas mais severamente afetadas; n Lavar bem e regularmente as mãos; usar em abundância desinfetante para as mãos; n Durante esse tempo de crise, evite abraçar ou expressar afeição em público por meio do contato físico. Essas recomendações são rigorosas, porém necessárias, e lembram as recomendações sugeridas, alguns anos atrás, durante o surto da SARS (Síndrome

G o l ds m i t h

Respiratória Aguda Severa). A DVE irá se espalhar como a gripe? Felizmente, não, pois não é transmitida pelo ar, mas somente pelo contato direto, conforme descrito. Como membro da grande família da Igreja de Deus, todos nós, temos a responsabilidade de fazer nossa parte para prevenir a possível propagação da epidemia do Ebola. A Associação Geral está trabalhando em parceria com a ADRA, a Adventist Health International e a Universidade Loma Linda, ajudando na segurança dos profissionais e pacientes dos hospitais da igreja na Libéria e em Serra Leoa. Na Libéria, o Hospital Adventista Cooper, com seus bravos e dedicados funcionários, foi designado como hospital sem Ebola, em sinal de apoio ao sistema de saúde sobrecarregado daquele território. O governo liberiano determinou que os pacientes suspeitos de contaminação pelo Ebola sejam encaminhados diretamente aos hospitais públicos, especificamente designados ao tratamento dessa doença devastadora. Nossas orações e nosso apoio estão com todos os afetados e infectados. Adicionemos às nossas orações, nosso apoio, inclusive financeiro, aos esforços que a ADRA (www.adra.org) e a Adventist Health International (www.ahiglobal.org) estão empregando nesse trabalho. n

Peter N. Landless, médico cardiologista

nuclear, é diretor do Ministério de Saúde da Associação Geral.

Allan R. Handysides, médico ginecologista aposentado, é ex-diretor do Ministério de Saúde da Associação Geral.

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D evocional

S

ua vida poderia ter sido diferente. O homem que todo mundo chamava de “abençoado” não parecia ser abençoado. Baruque havia frequentado as melhores escolas. Recebeu treinamento em um dos melhores escritórios da corte real. Seu irmão servira como “oficial do exército” de Zedequias (Jr 51:59), o último rei de Judá. No museu de Israel, em Jerusalém, você pode ver uma bula, um selo de argila fechando um documento, com seu nome e o nome de seu pai.* Sua família tinha feito parte do estabelecimento de Jerusalém. No entanto, Baruque não se uniu à corte como um dos escribas da realeza. A vida dele tomou um rumo diferente – um caminho cheio de desapontamentos, perseguições e dor, permeado pela penetrante “Palavra do Senhor”. As escolhas da vida

Certo dia, Baruque se encontrou com Jeremias, o profeta, e de alguma forma o ministério de Jeremias se tornou também seu ministério. Ele escreveu o que Jeremias tinha visto e ouvido (Jr 36:4; 45:1). Havia inclusive ido ao templo como porta-voz de Jeremias para ler as mensagens de Deus quando o profeta não podia ir pessoalmente (Jr 36:5-10). Seu

envolvimento com Jeremias não lhe rendeu nenhuma nomeação lucrativa no palácio. Ao contrário, colocou Baruque, o abençoado, no alvo de críticas intermináveis e perseguições implacáveis. Significava viver constantemente no seu limite. Finalmente, foi forçado a emigrar para o Egito (Jr 43:1-7) e morrer longe da terra natal. Certamente, um epílogo nada emocionante. No entanto, mais de 2.500 anos após a morte de Baruque, ainda nos lembramos dele. Sem seu ministério, o de Jeremias não teria sido tão divulgado como foi. Não fosse seu comprometimento com a Palavra, poucas palavras de Jeremias teriam chegado até nós. Não podemos nos esquecer de Baruque – e Deus também não Se esqueceu dele. Não esquecido

É fácil questionar sobre as escolhas de vida, quando as coisas não vão bem. Baruque certamente as questionou. Muitas vezes, ele deve ter se sentido abandonado. De alguém íntimo e privilegiado, ele se tornou um estranho cuja associação com o profeta de Deus, aparentemente, não oferecia nenhuma regalia visível. Pelo menos foi o que pensou. Um capítulo pequeno (Jr 45), escrito por volta do ano 605 a.C. durante o quarto ano do reinado do rei Jeoaquim, foi exclusivamente

Gerald A. Klingbeil

O que é

realmente importante Quando Deus nos desafia a manter a eternidade em nosso coração


dirigido a Baruque. Imagine apenas por um momento: como você se sentiria se Deus enviasse uma mensagem pessoal diretamente para você? Ela estaria em seu nome, trataria de um assunto em particular que só você saberia, e daria a perspectiva de Deus sobre tal assunto. Imagino que Baruque tenha ficado impressionado. O ano 605 a.C. marca a primeira vez que ouvimos sobre Baruque escrevendo as palavras de Jeremias (Jr 36). Esse deve ter sido o início da amizade entre Jeremias e Baruque. Neste mundo em que constantemente se procura pelo maior, mais amplo, mais forte, mais longo – e tudo mais – podemos aprender lições valiosas da mensagem de Deus a Baruque sobre o que é realmente importante. 1 Deus sabe todas as coisas: Em momentos de crise, muitas vezes nos sentimos isolados. Estamos feridos, lutamos para enxergar além do problema que turva nosso dia e deixa nossa visão limitada e interiorizada. Deus sabe disso. “Você disse, ‘Ai de mim! O Senhor acrescentou tristeza ao meu sofrimento. Estou exausto de tanto gemer, e não encontro descanso’” (Jr 45:3). 2 Deus nos envolve: Deus não apenas sabe como estamos nos sentindo e sobre o que estamos remoendo, como também está ansioso para nos envolver e nos trazer de volta à vida. Ele sabe, tanto quanto nós nos momentos de lucidez, que uma batalha de dimensões cósmicas está sendo travada ao nosso redor. Às vezes podemos nos sentir como peões nessa batalha. No entanto, finalmente podemos ver que Deus está realmente no controle. “Destruirei o que edifiquei e arrancarei o que plantei em toda esta Terra” (Jr 45:4). Seu envolvimento ativo neste mundo e na vida de Seus filhos nos anima a confiar. 3 Deus nos desafia: Quando as coisas ficam difíceis e lutamos para manter a fé, a esperança e o amor, muitas vezes precisamos ser desafiados. Nosso Pai celestial, o Educador, Mestre e mais sábio Conselheiro sabe disso. “Você deveria buscar coisas especiais para você? Não as busque, pois trarei desgraça sobre toda a humanidade’, diz o Senhor” (Jr 45:5). Busque aquilo que possa levá-lo para a eternidade – podemos ouvir Deus dizer – não se concentre no que certamente perecerá. 4 Deus nos salva: A mensagem especial a Baruque não termina com um desafio. Ela conclui com a promessa de salvação. Sim, a vida pode ser difícil e podemos sentir suas contusões e desapontamentos, mas como filhos de um Pai amoroso, podemos ter certeza de que Deus quer nos salvar – de nós mesmos, da dor, dos ferimentos e de nossas más escolhas. “Mas Eu o deixarei escapar com vida aonde quer que você vá” (Jr 45:5).

Há uma pergunta específica da qual me recordo quase todos os dias. Enquanto estudava no Seminário Schloss Bogenhofen, na Áustria, há quase três décadas, fui abençoado por uma Semana de Oração ministrada pelo Pastor Kurt Hasel, um dos principais evangelistas públicos. Seus sermões eram bem construídos; suas ilustrações, no lugar exato; sua apresentação, graciosa – mas eu me esqueci dos seus sermões, da maioria das ilustrações e de suas apresentações. No entanto, há uma pergunta específica, da qual me recordo quase todos os dias. Na verdade, sempre falo sobre ela com minhas filhas adolescentes, enquanto viajam em direção à vida adulta pela estrada muitas vezes assustadora e desafiadora. O que fazemos hoje fará diferença para a eternidade? O ministério silencioso de Baruque não lhe garantiu um imóvel numa região nobre em Jerusalém, com um bom salário do tesouro real. Em face ao avanço do exército babilônico, ele percebeu que as coisas que desordenam nossa vida são apenas isso: coisas. Um dia, na última parte do século VII a.C., Baruque tomou uma decisão que fez a diferença para a eternidade. A despeito das marcas, desapontamentos e questões não resolvidas, ele permaneceu firme àquela decisão. Sua vida nos desafia a estar concentrados no que é realmente importante. Seu serviço nos relembra que, de maneiras pequenas ou grandes, nós também podemos fazer a diferença. Suas decisões nos animam a ouvir cuidadosamente o ritmo da eternidade em nosso coração. Muito suave, mas ainda audível, ele nos fala do amanhã sem marcas, doenças, desapontamentos e dor. O que fazemos hoje fará diferença para a eternidade? n * Na estampa da bula lê-se: “Pertence a Berekyahu, filho de Neriayahu, o escriba”. Berekyahu e Neriayahu são formas mais longas de Baruque e Neria. Veja Nehaman Avigd e Benjamim Sass, Corpus of West Semitic Stamp Seals (Jerusalém: Academia de Ciências e Humanidades de Israel/ Sociedade Exploração de Israel/Instituto de Arqueologia, Universidade Hebraica de Jerusalém, 1997), p. 175, 176, bula nº 417.

A eternidade em nosso coração

A história de Baruque é um bom lembrete do grande conflito que ocorre em nossa vida. Ele não foi esquecido. Deus o envolveu. Deus o desafiou. Deus o salvou. Ele faz o mesmo por nós. A história de Baruque também nos desafia a olhar para o que é realmente importante.

Gerald A. Klingbeil é editor associado da Adventist World.

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C renças

F undamentais

NÚMERO 14

Um

Manuel A. Gómez

uma F

azer um gol contra é a pior maneira de perder um jogo de futebol. O que é gol contra? É quando o jogador chuta a bola para o gol do próprio time e ela entra. Na maioria das vezes, isso acontece por falta de comunicação ou simplesmente por acidente, mas é sempre vergonhoso. Os jogadores de um time normalmente sabem para onde devem chutar, mas há momentos de extrema confusão, em que eles se esquecem de trabalhar como um time. Os resultados podem ser catastróficos. Quando um jogador faz gol contra, especialmente em um campeonato, isso pode custar tudo ao time. Em muitas maneiras, a igreja é semelhante a um time, com uma missão: “Levar o evangelho ao mundo”. Cada um de nós desempenha um papel importante no cumprimento da missão. Seja na defesa, no ataque ou no gol, somos todos igualmente importantes. O apóstolo Paulo parece concordar. Ele escreveu: “Assim como cada um de nós tem um corpo com muitos membros e esses membros não exercem todos a mesma função, assim também em Cristo nós, que somos muitos, formamos um corpo, e cada membro está ligado a todos os outros” (Rm 12:4, 5).1 Assim como no time de futebol, cada membro é importante na igreja. Porém, coisas perigosas acontecem quando tiramos os olhos do nosso objetivo e nos concentramos em coisas menos importantes. Torna-se fácil esquecer para quem estamos jogando, dando vantagem ao nosso adversário e até marcando gol contra. Uma missão

Cada jogador de futebol sabe que, para ganhar, é necessário fazer gol. Marcar é importante! Essa é a missão do time. E na igreja, o que é marcar gol? Qual é nossa missão?

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Muitos livros foram escritos sobre a missão da igreja, mas Ellen G. White expressou muito bem esse conceito: “A igreja é o instrumento apontado por Deus para a salvação de pessoas. Foi organizada para servir e sua missão é levar o evangelho ao mundo. […] Aos membros da igreja, a quem Ele chamou das trevas para Sua maravilhosa luz, compete manifestar Sua glória.”2 Como igreja, somos o instrumento que Deus escolheu para mostrar Seu caráter ao mundo. Nosso objetivo é revelar a glória de Deus a este mundo em crise, para que seus habitantes possam aceitá-Lo como seu Salvador. Essa é a missão mais importante que qualquer ser humano ou instituição já teve. É realmente uma questão de vida ou morte. É constrangedor pensar que o Criador do Universo confia uma tarefa tão importante a um grupo de pessoas tão incompetentes. Todos já lemos livros ou assistimos a filmes em que os heróis salvam o mundo, de alguma forma, de catástrofes que causariam destruição total. Acontece que todos nós somos esses heróis. De fato, o mundo está à beira da destruição total e nosso Salvador nos escolheu como o veículo para levar esperança aos desesperados, servindo-os e mostrando-lhes a altura e profundidade do amor do Salvador. Um time

Geralmente, há entre 14 e 18 jogadores em um time de futebol. Desses, apenas onze entram em campo. É impressionante pensar que nossa igreja tem mais de 17 milhões de membros em todo o mundo e, diferente do futebol, não há limite para quantos queiram trabalhar para alcançar o alvo. Na realidade, cada um de nós é chamado a contribuir na finalização da nossa missão (e a de Deus), como um time.


Uma das características singulares de ser adventista do sétimo dia é esta: somos uma igreja mundial. Hoje, poucas denominações participam da mesma bênção. Infelizmente, a despeito de nosso alcance global, muito frequentemente nos esquecemos da importância de nos mantermos unidos como uma igreja mundial com propósito claramente definido. Ellen G. White escreveu: “A proclamação do evangelho deve abranger o mundo, e os mensageiros da cruz não poderiam esperar cumprir sua importante missão a menos que permanecessem unidos pelos laços da afinidade cristã, revelando assim ao mundo que eles eram um com Cristo em Deus.”3 Essa mesma unidade deve nos unir como um movimento mundial a fim de que terminemos a tarefa que o Senhor nos confiou. Jogadores diferentes

Por ser o futebol um esporte com imensa repercussão internacional, os times tendem a ter grande diversidade. Há jogadores com diferentes tons de pele, diferentes idiomas, diferentes estilos de cabelo e diferentes habilidades. Pode-se dizer que eles têm bem pouco em comum. São justamente as peculiaridades de cada um que os tornam mais eficientes. A unidade entre o povo de Deus é tão importante quanto não confundi-la com uniformidade. Unidade é mais profunda e mais forte que a uniformidade. Enquanto a unidade nos mantém firmemente unidos, a despeito das diferenças exteriores, ou seja, como somos, como nos parecemos ou falamos, a uniformidade se concentra nas normas superficiais, frequentemente impostas pelas diferenças culturais ou origens socioeconômicas. Às vezes, confundimos unidade com uniformidade e gastamos mais energia e recursos para manter a igreja mundial em uniformidade, do que em união. Jesus especificou claramente que nossa missão envolve fazer discípulos de “todas as nações” (Mt 28:19). Isso inclui pessoas de “toda nação tribo, língua e povo” (Ap 14:6).

É assustador pensar na grande diversidade cultural que há no mundo. Mas o remanescente de Deus é chamado a levar as boas-novas para cada pessoa do mundo. Na realização desse incrível desafio a nós confiado pelo Criador, a diversidade é tão importante quanto a unidade. Para alcançarmos todas as nações, tribos e línguas, devemos nos manter unidos em nossos princípios, mas diversos em nossa abordagem. Somos chamados à unidade, mas não à uniformidade. O tempo está acabando

Às vezes, quando uma partida decisiva de futebol termina em empate ou sem um gol sequer, é preciso haver a prorrogação. Isso significa que cada time deve jogar com todas as forças, sem medo e se arriscando para conseguir a vitória. Mas, acima de tudo, os integrantes do time devem jogar unidos, confiando completamente uns nos outros e se mantendo concentrados no alvo. Para mim, também estamos na prorrogação da partida final. Este mundo logo chegará ao seu fim, e não podemos nos dar ao luxo de perseguir uns aos outros enquanto o mundo caminha para a destruição eterna. Agora é o tempo de ter a consciência de que somos um time, com diferentes jogadores, unidos por uma missão e um objetivo: “O evangelho a toda nação.” n 1 Todos 2 Ellen

os textos bíblicos foram extraídos da Nova Versão Internacional. G. White, Atos dos Apóstolos, p. 9.

3 Ibid., p. 90.

Manuel A. Gómez, natural de Cuba,

graduou-se recentemente pela Universidade Andrews, onde atualmente cursa o Mestrado em Divindade, com ênfase em Liderança.

Unidade no

corpo de cristo

A igreja é um corpo com muitos membros, chamados de toda nação, tribo, língua e povo. Em Cristo somos nova criação; distinções de raça, cultura e nacionalidade, e diferenças entre altos e baixos, ricos e pobres, homens e mulheres não devem ser motivo de dissensões entre nós. Todos somos

iguais em Cristo, o qual por um só Espírito nos uniu numa comunhão com Ele e uns com os outros; devemos servir e ser servidos sem parcialidade ou restrição. Mediante a revelação de Jesus Cristo nas Escrituras, compartilhamos a mesma fé e esperança e estendemos um só testemunho para

todos. Essa unidade encontra sua fonte na unidade com o Deus triúno, que nos adotou como Seus filhos (Rm 12:4, 5; 1Co 12:12-14; Mt 28:19, 20; Sl 133:1; 2Cr 5:16, 17; At 17:26, 27; Gl 3:27, 29; Cl 3:10-15; Ef 4:14-16; 4:1-6; Jo 17:20-23). – Crenças Fundamentais dos Adventistas do Sétimo Dia, nº- 14 (Nisto Cremos, p. 226).

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A rtigo de C apa

Sofrendo Os dez filhos de Jó receberam exatamente o que mereciam quando morreram naquela casa durante uma de suas festas costumeiras.1 A perspectiva cósmica no livro de Jó fornece uma poderosa prova do grande conflito entre Cristo e Satanás.2 Como essas declarações se relacionam uma com a outra? Antes que você decida, veja esta história:

com

Lael Caesar

A história de Stan

Stan era uma pessoa singular. Ele só bebia água quente e considerava os cachorros impuros (Ap 22:15). Quando meu pai e eu sofremos um acidente de trânsito, e papai passou um mês no hospital recebendo enxertos no crânio e na mão esquerda, Stan anunciou que aquilo havia acontecido por causa dos nossos pecados. Ter escapado sem ferimento devia significar que eu era mais justo do que meu pobre pai. De acordo com Stan, sofremos na vida para pagar nossos pecados. Conforme declaração de Elifaz, amigo de Jó: “Qual foi o inocente que chegou a perecer?”(Jó 4:7).3 Os 1.836 mortos pelo furacão Katrina foram destruídos em virtude dos pecados deles, e a tempestade foi uma punição de Deus à América ou especificamente sobre a cidade de Nova Orleans, Louisiana.4 Em 2014, Guiné, Serra Leoa, Libéria e Nigéria atraíram a febre hemorrágica do Ebola devido à deturpação moral nesses países. Elifaz continua: “Pelo que tenho observado, quem cultiva o mal e semeia maldade, isso também colherá” (v. 8). Tudo o que você faz na vida tem consequências. Se você planta problemas, colhe seus frutos. Na verdade, se você semeia vento, colhe tempestade (Os 8:7). O salário do seu pecado pessoal é o acidente que danificou seu crânio, enquanto seu filho escapou

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Revendo nossas respostas para o dilema da dor


sem nenhum ferimento, provando a integridade dele. Para Stan e os amigos ricos e saudáveis de Jó, os pecadores pecam, e por isso “levam um chute na canela” e caem.

rados? E, se os horrores do capítulo 1 significam uma punição para Jó, que tipo de teologia seus amigos aplicaram à esposa dele? Stan e as verdades heréticas

Algumas perguntas de Stan

As convicções de Stan e a teologia de Elifaz despertam perguntas sobre as mães que se esforçam para alimentar seus bebês e as intervenções dos assistentes sociais nos desastres em todo o mundo. Se eu pago ou me pagam pelos meus pecados e sofrimentos da vida, então por que as mães deveriam intervir para aliviar o sofrimento de bebês que choram de fome? E por que as equipes de resgate deveriam correr para o local do acidente para salvar as vítimas das ruínas provocadas por um terremoto? Por que se esforçar tão dramaticamente para ressuscitar alguém em estado de coma ou que está agonizando? Esforçamos o músculo da lógica, da moral e do intelecto sob o peso de uma teologia à qual não conseguimos nos render. Bildade ainda nos fala: “Acaso Deus torce a justiça? Será que o Todo-poderoso torce o que é direito? Quando os Seus filhos pecaram contra Ele, Ele os castigou pelo mal que fizeram” (Jó 8:3, 4). Mas, quantos pecados os filhos de Jó tiveram que cometer para que a eliminação coincidisse com “o poder da sua transgressão”? E o filho mais novo acumulou sua culpa mais rapidamente para perecer exatamente no mesmo momento que o mais velho? Além disso, quem sofre mais quando dez filhos são ceifados com um único golpe: os filhos mortos, ou seus pais desespe-

A mensagem de certeza de Zofar para seu amigo Jó conduz a teologia dos amigos a outro nível: “Deus esqueceu alguns dos seus pecados” declarou ele (Jó 11:6). Um fundo de verdade torna o engano muito mais forte. E a fala genial de Zofar é confusa, mas tem um fundo de verdade: Deus não lida com os pecadores conforme os pecados de cada um (Sl 103:10). Teologias populares de predestinação, enviando pessoas para o inferno mesmo antes de nascerem, compartilham da genialidade de Zofar, pois são fundamentadas na soberania de Deus. E ainda podem citar Romanos 9 para provar Sua inquestionável soberania, pois os perdidos certamente sofrerão a separação eterna de Deus. A ganância selvagem que garante a prosperidade resultante de nossas doações compartilha da genialidade de Zofar, pois se baseia na própria promessa de Jesus: “Deem, e lhes será dado: uma boa medida, calcada, sacudida e transbordante será dada a vocês. Pois a medida que usarem também será usada para medir vocês” (Lc 6:38, ARA). A incompreensão de Stan

A incompreensão de Stan é a mentira de que podemos medir o pecado e decidir com quais consequências os seres humanos podem pagar por eles. Certamente, tudo o que fazemos na vida tem consequências. O pecado tem seu salário declarado (Rm 6:23), inclusive em cada folha que cai, flor que murcha, nível de água contaminada e camada

de ozônio degradada; é verdade que “o caminho do infiel é áspero” (Pv 13:15). Mas as respostas que buscamos de Jesus só mostram quão confusos realmente somos: Quem pecou? Foram os passageiros do Voo MH17 da Malaysia Airlines, mortalmente atingidos? Foram seus parentes desconsolados? Foram as pessoas aterrorizadas que estavam em terra, em Donetsk Oblast, Ucrânia, as quais nunca se recuperarão do choque de presenciar, com horror, corpos humanos arremessados do avião? Quem pecou? (Veja Jo 9:1, 2.) Os que acreditam na Bíblia sabem que todas as discórdias e confusões da Terra remontam ao pecado de Adão, no Éden (Rm 5:12). Mas as respostas de Jesus às nossas perguntas expõem quão equivocadas são nossas presunções: “Vocês pensam que esses galileus (os passageiros holandeses5) eram mais pecadores do que todos os outros (passageiros da companhia aérea), por terem sofrido dessa maneira?” (Lc 13:2; veja versos 1-5), ou que sua doença rara é devido à sua intemperança ou a de seus pais? A ajuda de Deus em nossa lei e ordem, removendo e estabelecendo reis (Dn 2:21; 4:17; Rm 13:1), não significa que nossa vida corresponda aos Seus ideais. Às vezes, Ele permite que o mais humilde governe (Dn 4:17). Ao governarem militar, legal, econômica ou politicamente, todos eles caem sob o julgamento de Jeremias: eles mesmos não conseguem dirigir seus próprios passos (Jr 10:23), não sabem quanto é enganoso seu coração (Jr 17:9) e não conseguem tirar nada puro do que é impuro (Jó 14:4). Assim, o caráter de Deus não deve ser determinado por eventos meteorológicos, eleitorais ou atléticos, nem pela descoberta do

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A rtigo de C apa

câncer em alguém. A falta de confiança em Deus foi o exato território da rebelião que trouxe ao nosso Universo toda a dor e todo o sofrimento. Essa desconfiança é totalmente injustificável: “Toda manifestação de poder criador é uma expressão de amor infinito. A soberania de Deus compreende a plenitude de bênçãos a todos os seres criados.”6 Nenhum desses seres pagou para nascer e provar o amor de Deus. Que amor! A loucura de Stan, a nossa loucura e a de Satanás

A compreensão errônea de Stan é a mentira que pesa nossos pecados como mais pesados ou mais leves. Portanto, a loucura de Stan, e a nossa, é que a fé seja uma equivalência mensurável entre o pecado e o sofrimento, uma relação medíocre e não reconhecida de salvação pelas obras. Nossa crença em equações deriva do fato de sermos criados à imagem de um Deus de ordem. Mas pecado é a transgressão da lei (1Jo 3:4) e sua devastação destruiu todo o equilíbrio da Terra de Deus, agora amaldiçoada. Uma vida fervorosa e saudável não garante a segurança de ninguém contra o próximo motorista drogado, ou o próximo vírus letal. E quando pessoas feridas e desesperadas clamam a Deus “por que eu?”, a única resposta que Ele pode oferecer é Seu Filho sobre uma cruz pois, apesar de o pecado ter alterado toda a ordem de Deus, o próprio Deus, antes de Seu primeiro advento na Terra, e mesmo antes da criação deste mundo, tinha assegurado um meio – o único meio – de restaurar o equilíbrio. Pelo sacrifício de Seu Filho, sem pecado, que deu a vida por todos nós, Deus pagaria o preço do rompimento pelo pecado e restauraria Sua Terra destruída ao seu estado de perfeição como foi criada

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(1Pe 1:18-20). A cruz de Cristo, em que Jesus – incomensuravelmente – Se tornou pecado por nós (2Co 5:21) é a única prova que recebemos da correta relação entre o pecado e o sofrimento. Somente a morte de Jesus Cristo, nosso Senhor, pode abranger o custo total do pecado (Rm 6:23). Seu sacrifício incompreensível, Sua cruz, “será a ciência e o cântico dos remidos através de toda a eternidade”.7 Aliás, é o único indicador do amor de Deus para cada um de nós: “Somente à luz do Calvário o verdadeiro valor da alma humana pode ser avaliado.”8

nos. Satanás é o agente monstruoso de crueldade em nossa vida. Deus é amor. Satanás inflige punição. Deus recebe nossos açoites para que tenhamos Sua plenitude (Is 53:5).10 Os desafios de Stan

Stan e os amigos de Jó podem insistir em declarar que o sofrimento é a maneira de Deus agir, expulsando nossos primeiros pais do jardim do Éden, destruindo cidades, nações (inclusive a dEle, Israel), e até o mundo todo, para fazer tudo outra vez.11

Nossa função é ficar do lado de Deus, do lado da restauração e da preservação da vida. A loucura de Satanás é sua obsessão em difamar. Por gerações ele pintou Deus para os outros anjos como um espírito mau e vingativo – o autor do Dilúvio, da destruição de Sodoma e Gomorra, da subjugação de Israel e do lago de fogo e enxofre. Os seres humanos também creram nele. Mas para os anjos não caídos, a encarnação e a crucifixão de Jesus calaram para sempre suas calúnias. Eles compreenderam que o cruel era Satanás, e não Deus: “Nada poderia tão eficazmente ter desarraigado de Satanás as afeições dos anjos celestiais e de todo o Universo fiel, como o fez sua guerra cruel ao Redentor do mundo.”9 O que os anjos viram continua a se tornar evidente sobre nós, seres huma-

Mas isso serve simplesmente para reconhecer a genialidade de Deus tornando as armas do inimigo contra ele mesmo (veja Jo 9:2, 3). O filho aprendeu por meio do sofrimento (Hb 5:8), e Deus ainda disciplina aqueles a quem ama (Pv 3:12; Hb 12:6). O sofrimento, porém, não é uma das ferramentas essenciais para a educação. Aprenderemos por toda a eternidade, mas não experimentaremos a morte, nem a tristeza, nem o choro nem qualquer tipo de dor. O sofrimento nem sempre foi uma ferramenta de educação e a evolução nunca foi a maneira de Deus agir. Apesar de, até mesmo nos dias de hoje, os fanáticos por divindade produzirem sofrimento na caça às bruxas,


decapitando pessoas ou queimando-as em estacas, não foi Deus quem iniciou essas coisas, e Ele irá acabar com tudo isso, assim que for possível. De idêntica maneira, a disciplina dos pais, motivada pelo amor e produzindo “fruto de justiça e paz” (Hb 12:11), é diferente da brutalidade criminosa. A disciplina de nosso Pai não pode ser confundida com a tortura de nosso inimigo.12 De fato, alguns dos Seus ensinamentos nos preservam até mesmo por meio dos desastres de outros, nos alertando para o arrependimento (Lc 13:1-5). Finalmente, grande parte do sofrimento pelo qual os filhos de Deus aprendem é o ataque direto do diabo, o inimigo de Deus. Covas de leões, fornalhas ardentes e as provações listadas em Hebreus 11 são o trabalho de um inimigo desesperado. Mas seu ódio não é nada diante do amor de Deus. O amor está vencendo. O amor vai vencer. O amor já venceu! Compreendendo

Enquanto isso, nós, seres humanos, considerando nossa própria pecaminosidade (Gl 6: 1.), devemos evitar fazer profecias de julgamento sobre as tragédias como castigo divino. Nossa função é ficar do lado de Deus, do lado da restauração e da preservação da vida (Jo 10:10). Satanás é inimigo de Deus e Jesus é o objeto de seu ciúme inextinguível. Difamar o Pai e o Filho é a estratégia de sua propaganda de guerra, pois é sua única maneira de guerrear contra Deus, uma vez que Deus é indestrutível. A vitória de Deus no grande conflito não será por meio de uma retórica sem fundamento que corresponde à do próprio caluniador, mas pela maravilhosa autorrevelação que desmente todas as

calúnias do acusador: “Deus demonstra Seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores” (Rm 5:8). Sua misericórdia não é a misericórdia de Zofar. Ele não Se esquece de “alguns” dos nossos pecados. Ele Se esqueceu de todos eles, ao tomar sobre Si o castigo que era nosso. Ele suportou a dor de cada chicotada até que o castigo fosse integralmente pago, completamente retirado, e não houvesse mais nada a pagar. Em troca, Ele nos dá Sua inocência. O inimigo não suporta isso, portanto nos ataca. E, através da dor, aprendemos que a graça de Deus, que tirou nosso pecado, é maior do que a brutalidade de nosso inimigo que não suporta ver que nos regozijamos com o que ele perdeu. Não mais precisamos buscar a salvação por meio dos seus substitutos: na penitência, no purgatório, nas peregrinações, nem nas missas compradas, que prometem salvar um milhão de almas iludidas. Essas práticas são apenas a expansão da genialidade de Zofar. Não precisamos de nenhum homem chamado sacerdote para nos dizer que somos absolvidos quando Deus exaltou Seu próprio Filho, Jesus Cristo, como mediador entre Deus e o homem (1Tm 2:5), e que gratuitamente nos dá arrependimento e perdão dos pecados (At 5:31). O caos do mundo do inimigo ao nosso redor não termina e se transforma em ordem quando encontramos paz em Jesus. A paz é um milagre, um dom do próprio Jesus, que a concede “não como o mundo a dá”. “No mundo vocês terão aflições”, Ele declarou. Mas Jesus venceu o mundo (Jo 14:27; 16:33). E venceu também o nosso pensamento. Agora, independentemente de quanta devastação o diabo possa provocar ao nosso redor e até mesmo sobre nós, “sabemos que

todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o Seu propósito” (Rm 8:28, ARA). Ele chamou, e nós respondemos; Ele nos deu vida eterna e sabemos que estamos salvos em Sua mão, de onde ninguém, nem nada, pode nos arrancar (Jo 10:28, 29). Enquanto isso, vivemos e oramos pela vinda do Seu reino de glória, quando o pecado e Satanás não mais existirão, quando a morte será tragada pela vitória (Is 25:8; 1Co 15:54), e não mais haverá “luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (Ap 21:4). “Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22:20). n 1 John C. Holbert, Preaching Job (St. Louis: Chalice Press, 1999), p. 40. Holbert está parafraseando, e não confirmando, o sentimento de Bildade. 2 Seventh-day Adventists Believe ... , 2ª- ed. (Silver Spring, MD: General Conference of Seventh-day Adventists, 2005), p. 116. 3 A não ser quando indicado, todos os textos bíblicos foram extraídos da Nova Versão Internacional. 4 www.chron.com/news/hurricanes/article/Some-say-naturalcatastrophe-was-divine-judgment-1938772.php. Razões que Alan Cooperman ouviu e menciona em seu artigo do Washington Post, de 4 de setembro de 2005, incluem o pecado de Nova Orleans “de derramamento de sangue inocente por meio do aborto”, descontentamento de Deus com o “império americano”, e celebrações homossexuais na Bourbon Street da cidade e o French Quarter. 5 Dois terços dos 298 passageiros do fatídico Voo MH17 eram holandeses (www.bbc.com/news/world-europe-28808832). 6 Ellen G. White, Patriarcas e Profetas (Casa Publicadora Brasileira), p. 33. 7 Ellen G. White, Atos dos Apóstolos (Casa Publicadora Brasileira), p. 273. 8 Ibid. 9 Ellen G. White, O Grande Conflito (Casa Publicadora Brasileira), p. 501. 10 “Cristo foi tratado como nós merecíamos. [...] Sofreu a morte que nos cabia, para que recebêssemos a vida que a Ele pertencia. ‘Pelas Suas pisaduras fomos sarados’” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 25). 11 Veja Gn 3:22-24; 6-8; 18, 19; 2Cr 36:15-21; Ml 4:1-3; Ap 20:9-15. 12 “O príncipe dos demônios reveste com seus próprios atributos o Criador e Benfeitor da humanidade. A crueldade é satânica. Deus é amor” (Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 534).

Lael Caesar é editor associado da Adventist World.

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V ida

A dve ntista

Nosso

Marcos Gabriel Blanco

próximo

durante a

jornada Às vezes é necessário mais do que apenas doar dinheiro

AMIGOS VERDADEIROS: Mike (esquerda) ficou surpreso quando seu amigo Gabriel (direita) apareceu em sua casa depois do furacão Haiyan.

C

onhecemos o Mike no Instituto Internacional de Estudos Avançados (IIEA), nas Filipinas, quando minha família e eu ali chegamos, da Argentina, em 2013, para estudar. Ele morava com um tio-avô. Logo se tornou o melhor amigo de nosso filho. Esse filipino de onze anos de idade ensinou Gabriel a subir em qualquer tipo de árvore. Como pais, ficamos felizes de ver Gabriel desenvolvendo amizade com esse garoto sempre sorridente. Certo dia, porém, Mike voltou para a casa dos pais que moravam em Batad, Iloilo, Filipinas. Gabriel lamentou profundamente a partida do amigo. Essa tristeza em breve se tornou preocupação, quando soubemos que o Furacão Haiyan tinha atingido Mike e sua família. Com ventos de até 313 km por hora avançando sobre as ilhas, o Haiyan destruiu tudo que estava em seu caminho. Foi o furacão mais mortal nos registros das Filipinas, matando milhares de pes-

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soas, só naquele país. Haiyan também foi a tempestade mais forte registrada em terra firme e extraoficialmente o furacão mais forte registrado em termos de velocidade do vento.* – Papai, o que podemos fazer para ajudar o Mike? – perguntou Gabriel. – Acho que a gente pode enviar algum dinheiro para comprar comida. – respondi. Gabriel aprovou minha sugestão. Então, providenciamos ajuda financeira para a família de Mike. No entanto, Gabriel não parou por aí. – Por favor, vamos lá para ajudá-lo? – implorou Gabriel. – Vamos ver. – repliquei. Atendendo a um chamado

Não é por coincidência que a parábola do bom samaritano – provavelmente a parábola mais conhecida de Jesus, exemplificando o chamado para amar nossos semelhantes – envolve a história de uma viagem (Lc 10:25-37).

Nessa parábola, certo homem que viajava de Jerusalém para Jericó, caiu nas mãos de ladrões que o deixaram quase morto. Primeiro um sacerdote, depois um levita chegaram ao local onde a vítima estava caída, mas passaram para o outro lado da estrada. Então, um herói improvável, um samaritano, “que seguia o seu caminho, passou-lhe perto e, vendo-o, compadeceu-se dele” (verso 33). O samaritano não passou para o outro lado da estrada. Ele foi ao encontro de seu próximo. A insistência do meu filho me motivou à ação. Postei nosso projeto no Facebook. Logo, alguns dos meus amigos da Associación Casa Editora Sudamericana, em Buenos Aires, Argentina, responderam, indicando que gostariam de ajudar. Em poucas semanas, tínhamos levantado recurso suficiente para ajudar Mike e sua família. Entramos em contato com os líderes da sede da Missão Adventista local, que indicaram Jun (Julieto) Gonzalez para ser nosso f o t o s

C o r t e s i a

d o

a u t o r


PROGRESSO LENTO: Nas áreas afetadas pelo Furacão Haiyan, o processo de reconstrução é muito lento.

Acima: PERDA DO MEIO DE VIDA: Muitas pessoas perderam seu meio de sustento quando seus barcos foram danificados ou destruídos. Esquerda: COMEÇANDO DE NOVO: A família de Mike conseguiu reconstruir parcialmente sua casa após o furacão ter devastado sua região.

guia ali. Jun é o capelão da West Visayan Academy, uma instituição Adventista próxima à casa de Mike, em Batad. Nossa viagem estava toda planejada – uma jornada para ajudar nosso próximo. Surpresa para um amigo

Após uma hora de voo, aterrissamos na cidade de Iloilo, capital da província de Iloiolo, na Ilha de Panay. Então viajamos mais 128 km de carro para chegar à casa de Mike. Na paisagem havia marcas do furacão mais poderoso já registrado. A casa de Mike fica numa vila de pescadores à beira-mar. Chegamos lá no período da tarde. Quando Gabriel viu Mike brincando na praia, pegou o saco de brinquedos que havia trazido e correu até ele. Mike não podia acreditar que seu amigo Gabriel estava ali, na sua aldeia! A necessidade mais urgente da família de Mike era consertar o barco de pesca que tinha sido severamente danificado pelo furacão. Enquanto

discutíamos a situação com o pai de Mike, ele e Gabriel brincavam com alguns pedaços de madeira – sobras de algumas casas que haviam sucumbido com a força da tempestade. Crianças da idade deles podem brincar até em meio à maior tragédia! Um por um, os familiares de Mike começaram a chegar, todos com a mesma necessidade: reparar seus barcos de pesca. No dia seguinte, compramos os materiais necessários para consertar quatro barcos de pesca, inclusive os motores. Além disso, ajudamos as pessoas a reconstruir suas casas. No entanto, para Mike, a coisa mais importante era que seu amigo tinha vindo visitá-lo, e saber que esse amigo realmente se importava com ele. Experiência transformadora

Essa jornada para ajudar nosso próximo foi uma experiência transformadora para mim, como cristão e como pai. Meu filho me estimulou a não

ignorar a necessidade do meu próximo, e estou grato por ter feito isso. Embora estejamos de volta à nossa casa agora, Jun continuará a visitar Mike e sua família e a compartilhar com eles a mensagem do amor de Jesus. Nós também continuaremos a incluí-los em nossas orações. Talvez o desastre do furacão, horrível como possa ter sido, também seja uma experiência transformadora para eles, que poderá resultar em vida eterna com Jesus. n *www.unesco.org/new/en/jakarta/inter-sectoral/haiyan/.

Marcos Gabriel Blanco

é editor-chefe da Associación Casa Editora Sudamericana (ACES), em Buenos Aires, Argentina, e aluno do doutorado em teologia no Instituto Internacional Adventista de Estudos Avançados, nas Filipinas.

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descobrindo

o

a

E spírito

de

P rofecia

obra de um

William Fagal

Ellen G. White e Jeremias têm algo em comum.

U

ma das maneiras utilizadas por Deus para preencher a lacuna que o pecado causou entre Ele e a humanidade é o ministério dos profetas. Na experiência de Jeremias podemos ver, mais claramente, o trabalho de um profeta e podemos estabelecer alguns paralelos com Ellen G. White, a profetisa mais próxima de nossos dias.

A construção de um profeta

É Deus quem chama os profetas, e Ele chamou Jeremias: “Antes de formá-lo no ventre Eu o escolhi; antes de você nascer, Eu o separei e o designei profeta às nações” (Jr 1:5). Jeremias se sentiu inadequado. Ele disse: “Eu não sei falar, pois ainda sou jovem” (v. 6). Mas era ele que Deus havia escolhido, e reafirmou: “Não tenha medo [...], pois Eu estou com você” (v. 8). Jeremias concordou em servir ao Senhor somente quando Deus deu a ele a certeza da Sua presença. De idêntica maneira, Ellen Harmon (mais tarde White), garota tímida, de saúde frágil, que mal havia completado 17 anos de idade, com pouco estudo, quando viu todas as dificuldades que seu chamado implicaria, implorou a Deus que escolhesse outra pessoa. Até desejou a morte como uma boa alternativa. Ela

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temia ceder ao pecado do orgulho e se perder. Em outra visão, pouco depois, o anjo disse a ela: “Se esse mal que você teme a ameaça, Deus estenderá Sua mão para salvá-la; Ele a conduzirá para perto de Si por meio da aflição, para preservar sua humildade. Transmita a mensagem fielmente; persevere até o fim, e comerá do fruto da árvore da vida e beberá da água da vida.” Mais tarde ela escreveu quando saiu daquela visão: “Consagreime ao Senhor, pronta a cumprir as Suas ordens, fossem quais fossem.”1 O método usado por Deus

Jeremias recebeu sua primeira mensagem por meio de uma visão. “E a palavra do Senhor veio a mim: ‘O que você vê, Jeremias?’” (Jr 1:11). A palavra hebraica para “visão”, em Números 12:6, é a forma substantiva do verbo “ver” em Jeremias 1:11. Como Ellen Harmon (White) recebeu sua primeira mensagem, e depois, muitas outras? Ela escreveu: “Não foi muito tempo depois de 1844 que me foi dada a primeira visão.”2 O padrão bíblico de receber as mensagens proféticas é claro: elas vêm por meio de visões. Às vezes, as pessoas garantem que Deus está enviando mensagens a elas por meio de outros métodos,

como impressões. Mas isso é diferente do padrão bíblico, pois não são visões. Às vezes, essas outras mensagens vêm como um ditado que o receptor tem que escrever palavra por palavra. Mais uma vez, é diferente do método usado por Deus no passado, pois tanto os escritores bíblicos como Ellen G. White eram responsáveis por expressar as mensagens que recebiam pela inspiração. Além das visões, Números 12:6 também menciona o sonho como método usado por Deus para Se comunicar com Seus profetas. A maioria dos sonhos deriva de nossos pensamentos. Jeremias nos adverte contra aceitar discriminadamente todo sonho como sendo instrução divina (leia Jr 23:25-28). Mas Deus também usou sonhos para Se comunicar com Seus profetas. Ainda jovem, Ellen G. White recebeu muitas visões, e mais tarde, as mensagens vinham primariamente como sonhos proféticos. A principal diferença parece ser o horário em que recebia: visões durante o dia e sonhos proféticos durante a noite. Um sinal importante de um profeta

Em seu conflito com o falso profeta Ananias, Jeremias observou o teste do


cumprimento da previsão: “Mas o profeta que profetiza prosperidade será reconhecido como verdadeiro enviado do Senhor se aquilo que profetizou se realizar” (Jr 28:9). Esse é um dos testes explícitos das Escrituras para o profeta verdadeiro (veja também Dt 18:22). A profecia de Jeremias (28:15-17) se cumpriu, enquanto que a de Ananias não (v. 1-4). Durante 70 anos de atividade profética, Ellen G. White teve visões que repetidamente passaram no teste de cumprimento da predição. Em 1848, quando os crentes não tinham organização nem dinheiro, foi mostrado a ela que o trabalho de publicações que Tiago White estava para iniciar se tornaria como “raios de luz” que iriam a todo o mundo.3 Nossa obra de publicações está em todo o mundo, hoje. Em 1850, ela predisse o crescimento do espiritualismo das “batidas” misteriosas que começaram com as irmãs Fox, em Nova York.4 As visões espiritualistas são expressivas hoje, mesmo na cultura ocidental. Em 1861, ela predisse a Guerra Civil Americana. A maioria das pessoas daquele tempo não acreditava que a guerra aconteceria, mas ela aconteceu no final daquele mesmo ano.5 Na década de 1890, quando as pessoas acreditavam no progresso ascendente da humanidade, ela predisse que uma terrível guerra aconteceria no mundo, com milhares de navios sendo destruídos e vidas humanas sendo sacrificadas aos milhões.6 Os horrores da Primeira Guerra Mundial, e até mesmo da Segunda, cumpriram sua predição. Essas e muitas outras predições foram cumpridas. Mas Jeremias nos diz que pode ser que algumas profecias não se cumpram. Deus diz: “Se essa nação que Eu adverti converter-se da sua perversidade, então Eu Me arrependerei e não trarei sobre ela a desgraça que Eu tinha planejado” (Jr 18:8). Profecias verdadeiras podem estar condicionadas à resposta do povo.

A difamação de um profeta

A vida de Jeremias revela uma triste realidade para os profetas de Deus – a acusação e oposição que surgem contra eles. Líderes preeminentes declaravam que a mensagem de Jeremias não vinha de Deus, e sim de fontes humanas. “O Senhor não lhe mandou dizer que não fôssemos residir no Egito. Mas é Baruque, filho de Nerias, que o está instigando contra nós” (Jr 43:2, 3). Baruque era o escriba de Jeremias (Jr 36:4). De idêntica maneira, as pessoas do tempo de Ellen G. White (e desde então) têm declarado que suas mensagens vêm de fontes humanas, não de Deus – que foram copiadas de outros, ou que eram resultantes de seu acidente na infância, ou que ela era influenciada por Tiago White, por W. C. White, etc. Podemos esperar oposição ao profeta verdadeiro. A missão de um profeta

Nos tempos de Jeremias, Judá se havia distanciado daquilo que Deus almejava para Seu povo. A nação estava seguindo os deuses de seus vizinhos – uma tentação que ainda hoje nos atinge! Foi isso que havia causado a destruição e exílio de Israel cem anos antes, e então Judá estava fazendo a mesma coisa. Jeremias também teve que lidar com os falsos profetas, cuja influência era contrária à reforma. Ele os menciona como aqueles que “encorajam os que praticam o mal” e “dizem continuamente aos que Me desprezam: ‘O Senhor disse: Paz tereis’” (Jr 23:14, 17 ARA). A obra de um profeta verdadeiro sempre será contra os abusos morais e espirituais do povo de Deus, chamando-o a ser fiel a Ele. Convidar o povo a abandonar sua vida de pecado não é um trabalho agradável. As pessoas ficam iradas. Mas, essencialmente, esse é o trabalho do profeta. Um profeta genuíno deve reprovar o pecado do povo, levando-o a abandonar seus caminhos maus.

Encontramos muito dessa atividade no trabalho de Ellen G. White. Ela foi fiel em reprovar o pecado, oferecendo esperança e convidando o povo à fidelidade a Deus. Isso não era agradável para ela. Em determinado momento, ela disse que preferia morrer a dar outra mensagem de repreensão.7 Mas Deus a susteve, e a igreja tem sido protegida e abençoada por sua missão de nos levar à fidelidade a Deus e à Sua Palavra. A missão de um profeta verdadeiro é nos dizer: “Siga a direção de Deus! Seja fiel a Ele! Confie nEle, mesmo quando é muito difícil fazê-lo; assim vocês estarão em terreno sólido.” Pelos padrões humanos, o ministério de Jeremias não parecia bem-sucedido. O rei rejeitou seus apelos. O povo não acreditou nele. Ele foi para o exílio. Mesmo os poucos que foram deixados na Terra, continuaram rebeldes. Mas a mensagem de Jeremias era verdadeira, e tem ministrado ao povo de Deus através dos séculos. Pela graça de Deus, decidamos acreditar em Seus profetas, mesmo quando estes reprovam nossos pecados ou ideias cultivadas. Deus prometeu que prosperaremos. E esses escritos nos darão uma nova visão de Deus, uma apreciação renovada pelo Seu amorável caráter, e um desejo intenso de aprofundar nossa comunhão com Ele para sempre. n 1 Ellen G. White, Life Sketches of Ellen G. White (MountainView, Calif.: Pacific Press Pub. Assoc., 1915), p. 69-72. 2 Ibid., p. 64. 3 Ibid., p. 125. 4 Veja Ellen G. White, Supplement to the Experience and Views of Ellen G. White (Rochester, N.Y.: James White, 1854), p. 5, 6. 5 Veja General Conference Daily Bulletin, 31 de janeiro de 1893, p. 61. 6 Ellen G. White, Eventos Finais, p. 24. 7 Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 36, 37.

*A menos que especificado, todos os textos bíblicos foram extraídos da Nova Versão Internacional.

William Fagal é diretor associado do Patrimônio Literário de Ellen G. White. Novembro 2014 | Adventist World

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serviço

P

rimeiro fato: Mary Quinn é membro da Igreja Católica Elizabeth Seton, em Bedford, New Hampshire, Estados Unidos. Segundo fato: Mary Quinn está participando de uma campanha para construir uma igreja Adventista do Sétimo Dia, no Malaui. Vendo esses dois fatos juntos, você pode esperar uma história interessante e esclarecedora. De fato, por trás dessas duas afirmações, há uma história marvilhosa sobre a providência de Deus.

Uma

Juntando as peças

A filha mais velha de Mary Quinn, Amy, é funcionária da Agência Internacional de Desenvolvimento dos Estados Unidos (USAID). Amy é agente de saúde pública para estrangeiros, designada para trabalhar em Lilongwe, capital do Malaui. Recentemente, Mary foi àquele país, visitar Amy e sua família. Embora não fosse uma viagem missionária, Mary a fez com o propósito de compartilhar o amor de Cristo com as pessoas daquele lugar.

Mary já havia visitado a filha na África quando Amy trabalhava em Uganda. Dessa experiência, Mary obteve clara percepção de que a pobreza é uma realidade constante em muitas partes da África. Mesmo assim, para ela foi difícil encarar o que viu no Malaui. Esse é um dos países menos desenvolvidos e mais populosos do mundo. Na classificação das Nações Unidas referente ao desenvolvimento humano total de cada país (saúde, escolas, economia, etc.), o Malaui fica bem no fim da lista, com apenas

Ted Huskins

história missionária atípica

Suprindo uma necessidade do outro lado do mundo

Acima: TESTEMUNHO POSITIVO: Rohabitar Vanasiyo canta enquanto pedala a bicicleta em direção ao trabalho na área das embaixadas, no distrito de Lilongwe. Direita: CONEXÃO CRISTÃ: Mary Quinn visita Rodwell Vanasiyo e sua família, e posa em frente à à casa dele, em Kauma, subúrbio de Lilongwe, Malawi.


Acima: VELHO E NOVO: O edifício da antiga igreja (à esquerda) tornou-se inadequado devido ao crescimento vivido recentemente pelo congregação. Mas o novo prédio ainda não tem um teto. Direita: MARCO DA COMUNIDADE: Mary Quinn, Rodwell Vanayuiso e alguns residentes da comunidade posam em frente ao edifício inacabado da igreja. O telhado permitirá à congregação utilizar o edifício durante a estação chuvosa. 10%. É quase impossível encontrar emprego ali. A epidemia da AIDS continua a crescer. O desespero está em todo lugar. Quando chegou ao Malaui, Mary começou a procurar oportunidades para ajudar as pessoas ao seu redor. Então, ela descobriu uma oportunidade bem convincente diante de si. Rodwell Venasiyo é o cozinheiro, empregado doméstico e jardineiro da casa de Amy. Rodwell mora em Kauma, uma “aldeia” congestionada no subúrbio de Lilongwe. Seu “bairro” tem cerca de 45 mil habitantes, e apenas 20% têm eletricidade. Rodwell é casado, tem três filhos pequenos e é o líder de sua comunidade. Ele é o secretário da Igreja Adventista de Kauma. Todos os dias, Rodwell pedala sua bicicleta desde o bairro em que mora até a casa de Amy, no distrito das embaixadas, onde muitas das residências têm piscina e casa para hóspedes. A imensa disparidade entre a vida de Rodwell e a dos que moram no distrito das embaixadas pode fazer com que algumas pessoas fiquem ressentidas, mas Mary não viu nem um traço de ressentimento em Rodwell. Ao contrário, ele conquistou sua amizade por “seu espírito alegre que brilha em seu bonito sorriso e nas melodias que canta com sua voz de anjo”, como diz ela. Todos os

dias, Rodwell chega ao trabalho cantando louvores a Deus. Ele agradece a Deus por todas as Suas bênçãos e continua cantando enquanto trabalha. Desenvolvendo um plano

A princípio, Mary pensou que, de alguma forma, deveria ajudar Rodwell e sua família. Mas ao conversar com ele, ela soube que sua preocupação não era consigo mesmo, mas com sua igreja que estava em campanha para construção. A igreja foi sendo construída com muita dificuldade, porém espalhando alegria e esperança em meio ao desespero. Mas a construção havia parado por falta de recursos. Mary visitou Rodwell e sua família. Ele a levou para visitar sua igreja semiconstruída. Pela fé, a congregação tinha avançado com a construção da igreja, mas a obra só podia progredir à medida que os recursos chegavam. Eles precisavam de 35 mil dólares para completar a construção da igreja para 700 pessoas. Mas sua menor necessidade – porém a mais urgente – era de dez mil dólares para colocar o telhado no prédio, que permitiria à congregação usar o local, embora incompleto, durante a estação chuvosa. Rodwell contou a Mary sobre o trabalho que a igreja tinha realizado

na comunidade e ela concluiu que, se ajudasse Rodwell e sua congregação a construir a igreja, estaria ajudando toda a comunidade. Então, Mary decidiu fazer o que podia para ajudar a terminar a igreja de Rodwell. Porém, ela sabia que iria precisar de ajuda, muita ajuda! Foi assim que Mary compareceu às reuniões campais da Associação do Norte da Nova Inglaterra e, no sábado pela manhã, subiu nervosamente os degraus da plataforma, contou sua história e impressionou os ouvintes. Ela foi recebida calorosamente e arrecadou mais de 4.200 dólares naquela manhã. Mary planeja visitar outras reuniões adventistas na esperança de poder ajudar a igreja de Kauma a levar o amor de Jesus ao Malaui. Milhares de pessoas fervorosas estão dispostas a fazer a vontade de Deus; elas só precisam entender os planos divinos. Todos nós devemos seguir o exemplo de Mary Quinn e deixar que o Senhor nos use para ajudar outros a promover Seu reino. n

Ted Huskins é secretário executivo da Associação do Norte da Nova Inglaterra, Maine, Estados Unidos. Novembro 2014 | Adventist World

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R E S P O S T A S

No Salmo 14:1 lemos: “Diz o tolo em seu coração: Deus não existe.” Havia ateus em Israel?

A

P E R G U N T A S

Ateus no

Antigo Testamento?

Esta passagem claramente nos dá a impressão de que o ateísmo era conhecido em Israel. Minha resposta à sua pergunta seria um sonoro sim. Mas primeiramente farei alguns comentários sobre o ateísmo e, então, exploraremos sua natureza nos Salmos. Tipos diferentes de ateísmo: Eruditos falam sobre tipos diferentes de ateísmo, tornando o significado do termo um tanto ambíguo. A maioria das pessoas usa o termo para se referir ao ateísmo filosófico, que é a crença de que Deus não existe dentro nem fora do Universo, e que diferentes argumentos (filosóficos e científicos) podem ser usados para apoiar, demonstrar ou defender a precisão dessa posição. Para eles existe apenas um cosmo sem propósito. Outros podem crer que existe um deus, mas argumentam que as inadequações da linguagem humana tornam impossível falar sobre ele (ateísmo semântico). Assim, em princípio, Deus não existe. Um exemplo final é o ateísmo prático: a crença de que existe um Deus, mas que devemos viver nossa vida como se Ele não existisse, para que sejamos pessoas responsáveis. Poderia também ser definido como “crer que existe um Deus, mas não viver de acordo com Sua vontade”. Creio que o salmista estava se referindo a essa última definição. 2. O tolo e Deus: De acordo com o salmista, o ateísmo prático do tolo está escondido no coração, mas revelado nas ações. Não é a negação da existência de Deus, mas da Sua relevância na vida deles. Ser tolo não significa ser estúpido nem ter capacidade intelectual continuamente limitada. Tolice consiste em não levar Deus em consideração na vida. Como Deus não ocupa um lugar especial nos pensamentos dos tolos, eles raramente O procuram ou oram a Ele (Sl 14:4; 10:4). A vida deles está em suas próprias mãos. Dizem pra si mesmos: “Deus Se esqueceu; escondeu o rosto; nunca verá isto” (Sl 10:11). Atribuem a Deus sua própria apatia ao descrevê-Lo como despreocupado com o que eles fazem, assim como eles não se preocupam com o que Ele diz. Perguntam, também: “Como saberá Deus? Terá conhecimento o Altíssimo?” (Sl 73:11). “Deus”, dizem eles, “não está interessado em saber o que fazemos nem em reagir a isso”; também dizem

1.

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B Í B L I C A S

Adventist World | Novembro 2014

“de nada me pedirás conta” (Sl 10:13). Sim, existe um Deus, mas Ele não está envolvido nos assuntos humanos, como creem os crentes. 3. Ímpios, mas abençoados: Os tolos não levam Deus a sério, mas criam um caos social. Eles enganam outros por meio de mentiras e pelo mal (versos 6 e 7), e estão bem familiarizados com a “ética” da corrupção. Por isso, maltratam os pobres e inocentes (Sl 14:1-3; 94:6). Sua consciência insensível é um ninho de iniquidade e engano (Sl 73:8, 9). O que confunde o salmista é o paradoxo dos tolos que afirmam que Deus não existe, mas apreciam a vida e o bem-estar. Eles se alegram com suas realizações (Sl 94:3). Apesar de desobedecerem à Lei de Deus, “os seus caminhos prosperam sempre” e com autoconfiança afirmam: “Nada me abalará! Desgraça alguma me atingirá, nem a mim nem aos meus descendentes”(Sl 10:5, 6; 73:3). Na verdade, as coisas vão bem para eles: não têm as lutas nem os encargos da pessoa comum, gozam de boa saúde e são socialmente influentes (versos 4, 5, 10). Consequentemente, são orgulhosos (Sl 94:2; 73:6). É exatamente porque as coisas vão bem para eles, apesar da sua maneira de viver, que os tolos concluem que Deus não Se importa com o que eles fazem. Deus ainda os abençoa. A experiência pessoal é usada para justificar convicções religiosas pessoais. Eles se esquecem de que o propósito da bondade de Deus é levá-los ao arrependimento (Rm 2:4). Após visitar o templo, o salmista declarou: “Compreendi o destino dos ímpios” (Sl 73:17). Esses tolos perecerão (verso 27). O ateísmo prático continua a ser uma ameaça para aqueles que estão dispostos a racionalizar a profundidade da preocupação de Deus pelas nossas convicções e ações. Sua vontade é sempre boa para nós e, quando a seguimos, confirmamos que realmente existe um Deus que governa o Universo. n

Ángel Manuel Rodríguez está jubilado após ter atuado como pastor, professor e teólogo.


E studo

B íblico

Mark A. Finley

A

paz

do Céu

H

á alguns anos, os patrocinadores de um concurso de arte pediram a cada participante que pensasse na palavra “paz” e fizesse uma pintura que melhor representasse sua ideia sobre a paz. Os artistas pintaram lagos tranquilos, paisagens pitorescas, trilhas sinuosas pelas florestas e lindos campos cobertos de flores. Mas, o quadro que ganhou o concurso pode surpreendê-lo. O artista retratou um mar turbulento com ondas furiosas, nuvens escuras no horizonte e rajadas de ventos fortes. No centro da pintura, um facho de luz atravessa as nuvens pesadas e ilumina uma gaivota branca solitária que deliciosamente desliza sobre as ondas. A obra foi simplesmente intitulada: “Paz sobre a tempestade”. Você já descobriu aquela paz interior que o capacita a atravessar as tempestades da vida? O que é paz? Onde você pode achá-la? É possível ter paz no coração quando tudo ao redor está tumultuado e cheio de conflito? Na lição deste mês, descobriremos como ter paz duradoura, agora e para sempre.

1 Leia João 14:27. O que Jesus prometeu dar a Seus discípulos pouco antes de ser crucificado? 2 Quem é a fonte de nossa paz? Onde se origina a paz duradoura? Leia 2 Tessalonicenses 3:16. A paz não é um estado da mente que, de alguma forma, atingimos quando entramos em harmonia com algum poder místico do Universo. Não conseguimos alcançá-la ao tocar alguma calma interior. A paz é um dom que recebemos pela fé ao vivermos um relacionamento com Deus, que é a fonte de toda paz.

3

O que é paz? É a ausência de problemas? É viver livre das lutas e tribulações? Leia João 16:33. A paz é um dom de Deus, que nos conduz a um estado de calma interior apesar das circunstâncias externas. Ela vem da certeza de que Alguém maior que nós está dirigindo nossa vida e que, não importa o que acontecer conosco, no fim, Ele dirigirá tudo para o bem. f o t o :

J . j .

Ha r r i s o n

4 O que destrói nossa paz? Compare essas duas passagens bíblicas para compor sua resposta: Isaías 59:1, 2 e Isaías 57:20 e 21. A paz vem à medida que estamos em harmonia com Deus. O pecado perturba essa harmonia e destrói nossa paz. A falta de fé no Deus que está acima de nossos problemas e é maior do que nossas dificuldades também pode destruir nossa paz. A preocupação é uma resposta natural às circunstâncias desafiadoras ao nosso redor. Às vezes, todos nós passamos por elas, mas a ansiedade perpétua decorrente da culpa é um fardo que não precisamos carregar.

5 Que relação a justificação pela fé tem com nossa paz pessoal? Leia Romanos 5:1-5 e escreva a resposta com suas próprias palavras. 6 Como experimentamos a paz que Cristo oferece gratuitamente? Descubra a resposta em Isaías 26:3 e Romanos 15:13. A paz do Céu flui em nossa vida à medida que nossa mente está concentrada em Deus. Certa vez, um antigo pregador disse: “Quanto mais olho para os problemas, mais os problemas crescem. Quanto mais eu olho para Jesus, mais os problemas se vão.” Possuir a paz de Deus pela fé, a despeito das circunstâncias da vida, abre nosso coração para receber esse dom inestimável de Deus.

7 Leia Isaías 9:6. Cite um dos títulos que o profeta Isaías deu a Jesus. Jesus é o Príncipe da Paz. Em Sua vida, morte e ressurreição, Ele venceu os poderes do inferno e triunfou sobre as forças do mal. Um dia, muito em breve, o Príncipe da Paz irá retornar, e com Ele, nosso coração encontrará o descanso e a paz para sempre. Até virmos Jesus retornando nas nuvens do céu, descansemos pacificamente em Seu amor. n

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TROCA DE IDEIAS

Esta revista revela como nossa igreja e seus membros estão se movendo para a frente e para cima. – C. T. Do Khaw Tuan, Tedim Myo, Chin State, Mianmar

Cartas A batalha

Senti-me muito encorajado pelo artigo de Ted N. C. Wilson, “A Batalha” (AW – agosto). O texto responde claramente a uma pergunta muito frequente: “Devem os adventistas servir às forças armadas?” Quando os japoneses ameaçaram a Austrália e o serviço militar se tornou obrigatório, eu tinha 23 anos de idade e já era casado. Ao expressar meu desejo de ser não combatente no quartel local, foi marcada uma entrevista com a corte magistrada para que eu apresentasse “o motivo” do meu pedido. Quando me perguntaram se eu usaria uma arma de fogo para defender minha família contra o ataque de cem soldados inimigos, respondi que não poderia dizer exatamente como agiria sob tal ameaça, e citei 1 Coríntios 10:12 e 13. Minha petição foi concedida. O pastor Wilson

Oraçãow

está correto. Espero que sua mensagem seja amplamente divulgada! Agradeço a vocês por este ministério diligente. Que o Capitão da nossa salvação oriente Seu exército de colaboradores em todos os momentos! W. F. Taylor Kings Langley, New South Wales, Austrália A voz humana

A Adventist World de agosto está repleta de gemas preciosas. O artigo de Wilhermina Dunbar, “A Voz Humana”, dá um lindo tratamento ao nosso “precioso dom” da fala. Quem pensaria na contribuição dos seios nasais, por exemplo, e outros detalhes que nos permitem transformar pensamentos em comunicação? Dunbar fez excelentes lembretes sobre nosso privilégio de desenvolver esse talento. Alguns dos nossos oradores “com problemas” podem se beneficiar com esse artigo e com a declaração de Ellen G. White sobre uso, desenvolvimento e preservação da voz pelos nossos oradores

públicos. Todos nós que queremos ser ouvidos, tomemos nota. Richard Burns C leveland, Tennessee, Estados Unidos Para a frente e para cima

Sou grato por receber a Adventist World regularmente. Quando ela chega, sempre começo a leitura pelo editorial de Bill Knott. A seguir, leio-a página por página. Minha seção preferida é a coluna de Ángel Manuel Rodríguez, Resposta a Perguntas Bíblicas, e as reportagens das Notícias do Mundo. Desejo que esses itens sejam úteis para nossa missão em todo o mundo. Recentemente, apreciei muito o artigo do Dr. Peter N. Landless, “Genebra” (AW – julho). Ele escreveu: “Cada igreja pode se tornar um centro de saúde comunitário, e cada membro pode ser um promotor de saúde.” Esta revista revela como nossa igreja e seus membros estão se movendo para a frente e para cima. Que Deus os abençoe! C. T. Do Khaw Tuan Tedim Myo, Chin State, Mianmar

GRATIDÃO

Muito obrigado pelas orações feitas em meu favor. Pedi oração por meus estudos e emprego. Tenho sentido no coração o chamado para ser ministro do evangelho. Por favor, continue orando para que Deus providencie recursos para meus estudos. Asa, Quênia

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Ore para que eu consiga um estágio na minha área. Peço também que ore por um parente que está passando por problemas financeiros. Carlos, Brasil Peço oração pelas pessoas que estão sofrendo com o ebola – e para que Deus envie um remédio celestial. Bhekisipho, por e-mail

Louvo ao Senhor, do fundo do meu coração, por este círculo de oração que abençoa tantas pessoas em todo o mundo. Por favor, ore para que minha família se reconcilie. Gitta, Alemanha Agradeço a Deus por minha mãe estar bem melhor agora. Por favor, continue orando para que meu esposo encontre


Que

Lugar

Este?

O artigo de Gerald A. Klingbeil, “Na Rota das Origens” (AW – março), é interessante e criativo. Essa história me fez pensar que 22 de outubro de 1844, dia do grande desapontamento, foi um evento esclarecedor sobre a segunda vinda de Cristo. Graceson Kamei Manipur, Índia A promessa de deleite

O artigo de Afia Donkor, “A Promessa de Deleite” (AW – março), ajudou-me a compreender o significado de considerarmos o sábado um deleite. A resposta oferecida por Donkor à pergunta “Será que um dia específico realmente importa?” ampliou minha visão sobre o sábado. Agradeço a ela e à Adventist World! Rex O’Neal Nabahel Sekondi, Gana Como enviar cartas: letters@ adventist world.org. As cartas devem ser escritas com clareza, contendo, no máximo, 100 palavras. Inclua na carta o nome do artigo e a data da publicação. Coloque também seu nome, cidade, estado e país de onde você está escrevendo. As cartas serão editadas por questão de espaço e clareza. Nem todas as cartas enviadas serão publicadas.

RESPOSTA: Em Silver Spring, Maryland, EUA, uma criança caminha através da Rota de Obstáculos e Educação do Coração, durante a Feira de Saúde Divertido e Em Forma, no terreno da Associação Geral.

Na rota das origens

K i m b e r ly

L u s t e

Ma r a n

é

Reavivados por Sua Palavra Uma jornada de descobertas pela Bíblia Deus nos fala por meio de Sua Palavra. Junte-se a outros membros, em mais de 180 países, que estão lendo um capítulo da Bíblia todos os dias. Para baixar o Guia de Leitura da Bíblia, visite: www.reavivadosporsuapalavra.org, ou inscreva-se para receber diariamente o capítulo por e-mail. Para fazer parte desta iniciativa, comece por aqui: 1º- DE Dezembro DE 2014 • Marcos 2

um emprego e também para que meus parentes resolvam suas divergências e voltem a se entender e dialogar. Sibo, Malaui Por favor, ore por meu parente que foi esfaqueado. Ore também por sua família e pelos envolvidos, pois poderá haver represália. Cecília, Antilhas Francesas

Por favor, ore pelos nossos filhos! Ore para que Deus tenha misericórdia de nós ao enfrentarmos as tormentas da vida. Olhando para trás, nos lembramos de todas as bênçãos que Deus nos concedeu e damos graças a Ele. Glennalee, Bahamas

Oração & Gratidão: Envie seus pedidos de oração ou agradecimentos (gratidão por orações respondidas) para prayer@adventistworld.org. As participações devem ser curtas e concisas, de no máximo 50 palavras. Os textos poderão ser editados por questão de espaço e clareza. Nem todas as participações serão publicadas. Por favor, inclua seu nome e o nome do seu país. Os pedidos também podem ser enviados por fax, para o número: 1-301-680-6638; ou por carta para Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, MD 20904-6600, EUA.

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TROCA DE IDEIAS

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Em 8 de novembro de 1895, Dores A. Robinson e Martha May Taylor chegaram a Calcutá e iniciaram a missão Adventista do Sétimo Dia em uma casa da Rua Bow Bazar. Georgia Burrus preparou e alugou a casa para elas. Em março de 1896 foi inaugurada uma escola para meninas hindus, no primeiro andar da casa da missão, sob a supervisão de Georgia e Martha. A professora era uma senhora de Bengala. As aulas ajudaram as garotas a aprender o idioma e deu a Georgia e Martha a oportunidade de visitar os lares das alunas, onde ensinavam o cristianismo para as mulheres isoladas em “zenanas” (alojamento das mulheres) de famílias numerosas. Enquanto visitavam as zenanas próximas à escola, Georgia Burrus conheceu Nanibala Biswas, que mais tarde se tornou a primeira pessoa a se converter do hinduísmo para o adventismo. Nanibala adotou Burrus como seu sobrenome, em homenagem à pessoa que apresentou a ela a fé cristã.

Anos

Mais de um quarto da população mundial faz dos insetos parte de sua dieta. O besouro é a espécie mais comumente consumida, mas existem duas mil espécies de insetos considerados comestíveis que incluem lagartas, formigas, abelhas, vespas, grilos, gafanhotos, gafanhotos peregrinos, libélulas e cupins. Fonte: National Geographic

O

Alimento do

Bom Humor Não importa se você chama isso de tristeza ou mau humor, mas o kiwi pode ajudar a melhorar o seu humor. Pessoas com níveis baixos de vitamina C e que comeram dois kiwis todos os dias durante seis semanas, declararam melhora de 35% no seu humor. Você não é fã de kiwi? Abacaxi, morango e laranja também são boas fontes de vitamina C. Fonte: Journal of Nutritional Science/Men’s Health

ABAIXO o

bilhões

Ah, se eu tivesse

DIABETES

Treinar com pesos durante uma hora por semana pode reduzir em 28% o risco de desenvolver o diabetes do tipo 2 na mulher. Adicionando duas horas e meia de treinamento aeróbico por semana, reduz o risco em dois terços.

cérebro!

A água-viva não tem cérebro nem sistema nervoso central, mas possui células sensoriais que funcionam como sistema nervoso, permitindo que ela reaja a estímulos químicos e físicos de seu ambiente. Fonte: Smithsonian fOTO :

30

Pa u l

Cap u t o

Adventist World | Novembro 2014 Fonte: PLOS Medicine/Women’s Health


ATÉ

5O

“Eis que cedo venho…”

PALAVRAS

Meu

personagem bíblico preferido

nA

história de Jó, homem íntegro e reto, serve de inspiração para mim. Mesmo quando foi atingido de várias formas pelo inimigo, permaneceu firme em Deus. A história desse patriarca é profundamente significativa para mim. –Carol, Nova Zelândia n Meu

personagem bíblico preferido é João, o discípulo amado, chamado um dos “filhos do trovão”. Porém, após seguir Jesus, tornou-se o discípulo do amor. João aprendeu e colocou em prática um dos ensinos mais preciosos de Jesus, que é o amor. –Hector, Mogi das Cruzes, Brasil

nO

que seria da Bíblia sem Davi? Seus salmos e orações são honestos e transparentes. Ele nos deixou o exemplo para que sejamos genuínos em nossa comunhão com Deus em todas as circunstâncias: quando somos valorizados e apreciados ou oprimidos pela crítica e oposição. –Femi, Lagos, Nigéria

n Meu

personagem preferido da Bíblia é a rainha Ester, pois qualquer pessoa que ousasse se apresentar diante do rei sem ter sido convidada era morta. Ester, no entanto, para salvar seu povo, corajosamente compareceu diante do rei. E seu povo foi salvo. –Isabelle, Austrália

Nossa missão é exaltar a Jesus Cristo, unindo os adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só crença, missão, estilo de vida e esperança. Editor Adventist World é uma publicação internacional da Igreja Adventista do Sétimo Dia, editada pela Associação Geral e pela Divisão do Pacífico Norte-Asiático. Editor Administrativo e Editor-Chefe Bill Knott Editor Associado Claude Richli Gerente Internacional de Publicação Pyung Duk Chun Comissão Editorial Ted N. C. Wilson, presidente; Benjamin D. Schoun, vice-presidente; Bill Knott, secretário; Lisa Beardsley-Hardy; Daniel R. Jackson; Robert Lemon; Geoffrey Mbwana; G. T. Ng; Daisy Orion; Juan Prestol; Michael Ryan; Ella Simmons; Mark Thomas; Karnik Doukmetzian, assessor legal.  Comissão Coordenadora da Adventist World Jairyong Lee, presidente; Akeri Suzuki, Kenneth Osborn, Guimo Sung, Pyung Duk Chun, Suk Hee Han Editores em Silver Spring, Maryland, EUA Lael Caesar, Gerald A. Klingbeil (editores assistentes), Sandra Blackmer, Stephen Chavez, Wilona Karimabadi, Kimberly Luste Maran, Andrew McChesney Editores em Seul, Coreia do Sul Pyung Duk Chun, Jae Man Park, Hyo Jun Kim Editor On-line Carlos Medley Gerente de Operações Merle Poirier Colaboradores Mark A. Finley, John M. Fowler Conselheiro E. Edward Zinke Administrador Financeiro Rachel J. Child Assistente Administrativo Marvene Thorpe-Baptiste Comissão Administrativa Jairyong Lee, presidente; Bill Knott, secretário; P. D. Chun, Karnik Doukmetzian, Suk Hee Han, Kenneth Osborn, Juan Prestol, Claude Richli, Akeri Suzuki, Ex-officio: Robert Lemon, G. T. Ng, Ted N. C. Wilson Diretor de Arte e Diagramação Jeff Dever, Brett Meliti Consultores Ted N. C. Wilson, Robert E. Lemon, G. T. Ng, Guillermo E. Biaggi, Lowell C. Cooper, Daniel R. Jackson, Raafat Kamal, Geoffrey Mbwana, Armando Miranda, Pardon K. Mwansa, Michael L. Ryan, Blasious M. Ruguri, Benjamin D. Schoun, Ella S. Simmons, Alberto C. Gulfan, Jr., Erton Köhler, Jairyong Lee, Israel Leito, John Rathinaraj, Paul S. Ratsara, Barry Oliver, Bruno Vertallier, Gilbert Wari Aos colaboradores: São bem-vindos artigos enviados voluntariamente. Toda correspondência editorial deve ser enviada para: 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring MD 20904-6600, EUA. Escritórios da Redação: (301) 680-6638 E-mail: worldeditor@gc.adventist.org Website: www.adventistworld.org

No próximo mês, diga em até 50 palavras, qual é o seu livro preferido da Bíblia. Envie para letters@AdventistWorld.org e, no assunto, escreva: “Até 50 Palavras”.

Adventist World é uma revista mensal editada simultaneamente na Coreia do Sul, Brasil, Argentina, Indonésia, Austrália, Alemanha, Áustria e nos Estados Unidos.

V. 10, nº- 11

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ร o que mapeia o nosso caminho.

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