Revista Internacional da Igreja Adventista do SĂŠtimo Dia
Ou t u b ro 2 01 7
Uma jornada Ă eforma
Out ub ro 2017
Revista Internacional da Igreja Adventista do Sétimo Dia
Out ubro 2017
Uma jornada à eforma
A R T I G O
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D E
12 O santuário e os finais felizes
C A P A
D E V O C I O N A L
De volta às raízes
Gerald A. Klingbeil
Relembramos nossa dívida com aqueles que iniciaram a Reforma. AW 10 - 17 P O R
19 Certeza da salvação Jiří Moskala Chama-se salvação pela fé por um motivo.
20 A Reforma continua
Justin Kim
Não conseguimos recolher o som do sino que tocou.
8 Consciência pessoal e a Reforma V I S Ã O
M U N D I A L
Ted N. C. Wilson
As Escrituras são o centro.
Sylvia e Werner Renz
Parte do evangelho é Deus corrigindo todas as coisas.
14 “A fonte de todo o bem” C R E N Ç A S
F U N D A M E N T A I S
Lazlo Gallusz
Como a Reforma substituiu o desespero pela esperança.
22 Elementos de uma educação D E S C O B R I N D O D E P R O F E C I A
O
E S P Í R I T O
bem-sucedida
Lisa M. Beardsley-Hardy
As melhores práticas do mundo são destacadas nos conselhos de Ellen G. White.
24 GLOW Comemora 10 anos V I D A
A D V E N T I S T A
Caron Oswald
Uma ferramenta simples torna fácil iluminar nosso mundo.
SEÇÕES 3 N O T Í C I A S
DO
MUNDO
10 Papo Rápido
11 S A Ú D E N O M U N D O Escovação e o uso do fio dental
R E S P O S TA S 26
P E R G U N TA S
A BÍBLICAS
Estrangeiros e peregrinos
27 E S T U D O B Í B L I C O O Cristo incomparável 28
TROCA
DE
IDEIAS
www.adventistworld.org On-line: disponível em 10 idiomas Tradução: Sonete Magalhães Costa
Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald Publishing Association. Copyright (c) 2005. v. 13, nº- 10, Outubro de 2017.
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I M A G E M
D A
C A PA :
G E R A L D
A .
K L I N G B E I L
A reforma pessoal
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NOTÍCIAS DO MUNDO Marcos Paseggi, Adventist World
O que a evolução teísta diz sobre
Deus
Conferência de Fé e Ciência explora a criação bíblica. P I E T E R D A M S T E E G T / D I V I S Ã O N O R T E A M E R I C A N A
osso gosto por aniversários de casamento só se equipara a uma coisa: nosso hábito de nos concentrar nos fatores externos do evento que estamos lembrando. Desde caixas de sapato a arquivos antigos, ressuscitamos fotos da noiva e do noivo de 40, 50 e até 60 anos atrás, e comentamos com sorrisos quão jovens eles eram, e como a moda mudou. Da mesma forma, nossas fotos de formatura nos fazem recordar principalmente de onde foi realizada a cerimônia, a estranheza dos capelos empoleirados sobre cabelos fora de moda há tanto tempo e, outra vez, como éramos jovens. Quando contamos as histórias do passado, inevitavelmente nos lembramos dos elementos menos essenciais – a carroça puxada a cavalos na qual viajavam; os chapéus chaminés que alguns homens usavam; o martelo que levou as unhas de Lutero na porta da capela. No entanto, no âmago de todas essas histórias, estava um momento humano substancial e até sacro – o compromisso de um homem e uma mulher de compartilhar uma vida de amor e fidelidade; o compromisso de um formando de usar o conhecimento adquirido para servir a humanidade; uma pessoa que jura viver a verdade e a liberdade do evangelho contra todas as probabilidades, só porque a Bíblia assim ensina. Nossa comemoração legítima dos 500 anos da Reforma Protestante, destacada em toda essa edição da Adventist World, nunca deve abandonar as verdades transformadoras de vidas, as quais, Lutero, Calvino, Zwinglio e Knox nos relembram. Elas são o relacionamento entre você e o Pai – sua crença na salvação concretizada por Jesus; sua dependência em Seus méritos como promessa de vida eterna para você – o que faz com que valha a pena comemorar a Reforma. No fim das contas, as porções das mudanças políticas e mundiais dessa história, desaparecerão. Só restará a história sobre o que você pensa de Jesus, como confiou sua salvação Àquele que renovou sua vida e que finalmente o levará para morar com Ele.
Participantes da conferência assistem a palestras no primeiro dia da Conferência sobre Fé e Ciência, em St. George, Utah, Estados Unidos.
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ais de 330 professores adventistas de ciências e líderes ministeriais da Divisão Norte-Americana (DNA) estiveram em St. George, Utah, Estados Unidos, para a Conferência de Fé e Ciência para toda a região, iniciada no dia 6 de julho de 2017. O evento teve como tema “Confirmando a Criação”, e foi patrocinado pelo Departamento de Educação da DNA – Concílio de Fé e Ciência da igreja mundial e pelo Instituto de Pesquisa em Geociência (GRI). A conferência explorou as questões bíblicas, teológicas e filosóficas que moldam a compreensão adventista sobre as origens, bem como os problemas e respostas que as disciplinas científicas específicas apresentam sobre a compreensão bíblica da história da Terra. Um dos cientistas adventistas que participou da conferência foi Leonard Brand, professor de biologia e paleontologia na Universidade Loma Linda. Brand, estudioso experiente, pesquisou sobre os processos de fossilização e os fatores geológicos que influenciam a preservação dos fósseis. A despeito do seu currículo profissional impressionante, que inclui dezenas de artigos revisados por outros cientistas, e vários livros, ele explicou conceitos difíceis de uma maneira atraente a todos os ouvintes. Um ou outro
Brand falou sobre a importância do tempo geológico para a compreensão das origens segundo a Bíblia. “Há dois caminhos”, disse Brand. “Ou cremos na história da Bíblia de uma criação recente e literal, ou aceitamos os períodos evolutivos descritos em milhões de anos.” Brand deixou claro que ambas as propostas demandam fé. Os cientistas seculares, explicou Brand, assumem muitas coisas como garantidas.
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E S T Á
“Eles dizem: ‘Isso é do modo que é, e isso é da maneira que deve ser’”, disse ele. Qual é a vantagem do criacionista? “Nós podemos comparar e contrastar as duas hipóteses, e tomar uma decisão informada”, disse ele. Muitos cristãos dizem que defendem a Bíblia, mas abraçam a evolução teísta, que acredita que Deus usou o processo descrito pelos teóricos evolucionistas para executar Sua criação. “No entanto, o fato de combinar as duas teorias, não é apenas uma questão de biologia e geologia, pois também afeta nossa compreensão do caráter de Deus”, disse Brand. O fato de aceitar a evolução teísta afeta a maneira como vemos a Deus, e Brand contou uma parábola.
E S C R I T O
NOTÍCIAS DO MUNDO
John Bradshaw, orador e diretor do programa Está Escrito, rodeado por líderes da igreja e da comunidade no lançamento da pedra fundamental da nova sede do ministério.
Annalyse Hasty, Está Escrito
Está Escrito lança pedra
fundamental de nova sede
A história de dois donos de cachorros
“Há um lobo no bairro, e esse lobo está determinado a matar os cachorros”, disse Brand. “Mas o primeiro dono disse: ‘Vou criar muitos filhotes. Muitos irão sofrer e morrer, mas o mais forte vai sobreviver.” “O segundo dono de cachorro escolhe um caminho diferente”, continua Brand. “Ele coloca uma cerca e ensina o cachorro a permanecer dentro da cerca. Quando o lobo pula para dentro da cerca, ele corre e luta contra o invasor para salvar a vida do cachorro. Ele fica muito machucado com as mordidas, mas salva seu cão.” Essa é uma parábola das duas histórias sobre a criação, disse Brand. “Na evolução teísta, o sofrimento é parte do plano criativo de Deus”, disse ele. “A morte é parte do plano criativo de Deus. O mal é do modo que ele é. Não existe caminho ao redor dele: Deus é responsável pelo mal.” “A questão-chave é determinar se temos elementos suficientes para escolher um dentre os dois sistemas”, disse Brand. n
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Prédio incluirá escritórios, estúdio e museu da missão
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o dia 10 de julho de 2017 foi realizada a cerimônia de lançamento da pedra fundamental para a nova sede do ministério Está Escrito. Mais de 300 pessoas compareceram ao evento realizado em Collegedale, Tennessee, Estados Unidos. Na cerimônia estavam presentes os representantes do Está Escrito, líderes empresariais e governamentais e líderes da Igreja Adventista do Sétimo Dia, incluindo Dan Jackson, presidente da Divisão Norte-Americana (DNA), Gordon Pifher, vice-presidente de mídia da DNA, Ed Wright, presidente da Associação Georgia-Cumberland e Katie Lamb, prefeita de Collegedale. Os oradores convidados deram as boas-vindas ao ministério Está Escrito em Collegedale. Ben Wygal, assistente do presidente da Universidade Adventista Southern, disse que o Está Escrito “traz o legado de oferecer espe-
rança e vida a milhões de pessoas em todo o mundo; e agora tudo isso está centralizado bem aqui em Collegedale”. Durante o evento, o orador e diretor do Está Escrito, John Bradshaw, relatou a história de um ministério inovador de mídia e explicou como sua nova sede possibilitará que mais pessoas sejam alcançadas pelo evangelho. Originalmente sediado na Califórnia, esse ministério de 61 anos se mudou para o Tennessee em 2014 e estava alugando um escritório e depósito em Chattanooga. Em 2016, o Está Escrito escolheu um terreno de cerca de nove acres, em Collegedale, para seu endereço permanente devido à proximidade da Universidade Adventista Southern, uma parceria forte para o ministério. O prédio de dois andares terá 3.800 metros quadrados e abrigará escritórios, estúdio, espaço para armazenamento, academia, loja de materiais e o museu da Missão. n
I N T E R N AT I O N A L
Marcos Paseggi, Adventist World
Organização que beneficia
da marca
Awian Aid USA se torna Impacto Infantil Internacional
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tornou-se Impacto Infantil Internacional. “Isso é parte de uma nova e ousada estratégia de crescimento para suprir as necessidades de milhares de crianças carentes e para dar o apoio urgentemente necessário às escolas das missões adventistas”, escreveu Jim Rennie, Diretor-Presidente da organização, em comunicado oficial que anunciou a troca do nome. A comissão diretiva, funcionários, endereço do escritório e diretrizes continuarão os mesmos, disseram os líderes da organização. Mas espera-se que o novo nome reforce a implementação dos projetos em curso e projetos futuros.
i Man, um garoto em idade escolar, em Mianmar, perdeu seu pai recentemente. Sem nenhuma outra fonte de renda, sua mãe e ele correm risco de passar fome. Mas agora Ti Man frequenta a escola da Missão da Igreja Adventista do Sétimo Dia, onde é alimentado todos os dias, graças à Asian Aid USA (AAUSA), um ministério de apoio da igreja que já educou milhares de crianças em suas escolas missionárias, por mais de 50 anos. A Asian Aid USA recentemente anunciou uma mudança de nome. A organização de caridade com sede em Ooltewah, Tennessee, Estados Unidos,
I M PA C T O
com mudança
I N F A N T I L
crianças se torna mundial
Impacto Infantil Internacional (ex Asian Aid USA) é um ministério de apoio baseado em doações que oferece alimento e escola para crianças de vários países do mundo.
“[Cremos] que o Impacto Infantil Internacional permitirá que nossa organização cresça”, disse John Truscott, presidente. “Vai nos dar um impulso para ajudarmos milhares de outras crianças carentes.” A organização patrocina mais de 3.500 crianças nas escolas das missões adventistas na Índia, Nepal, Sri Lanka, Bangladesh e Myanmar, segundo líderes. A instituição ainda mantém uma escola para cegos, uma escola para surdos e um orfanato, todos administrados pela igreja. Outros projetos incluem ajudar escolas nas favelas, combater o tráfico de crianças e desenvolver as escolas das missões adventistas. n
Divisão Intereuropeia e Adventist World
Diretor da ADRA Alemanha é nomeado presidente da
A D R A
A L E M A N H A
Aliança Humanitária
Christian Molke, diretor da ADRA Alemanha, foi nomeado recentemente como diretor do Together for África (Juntos pela África), um consórcio sem fins lucrativos que procura melhorar a condição de vida em todo Continente Africano.
Christian Molke será o líder das organizações de assistência centradas na África.
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ADRA Alemanha, Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais, anunciou recentemente, que Christian Molke, diretor-administrativo da ADRA, foi eleito presidente da Together for África (Juntos pela África), uma aliança de voluntários registrada nas
organizações de ajuda. A eleição de Molke como diretor da comissão diretiva aconteceu em uma reunião geral da organização de assistência, em junho de 2017. A Together for Africa é uma organização guarda-chuva que coordena os esforços de mais de 20 instituições de
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NOTÍCIAS DO MUNDO caridade que ajudam o continente africano, inclusive a ADRA Alemanha. Sua missão é melhorar as condições de vida. “A Europa é considerada preconceituosa em relação à África, o que não é justo nem verdadeiro”, disse Molke após ser informado do resultado da eleição. “Para o povo da Alemanha, a Together for Africa tem um papel muito importante.” Molke explicou que essa aliança está fazendo de tudo para mudar essa percepção. “Estamos ansiosos para compartilhar uma visão equilibrada sobre esse grande continente”, disse ele. “Aqui, a atividade voluntária alcança o âmago da missão da ADRA Alemanha
e, para mim, é evidente que só poderemos realizar melhor esse desafio [se trabalharmos] juntamente com outras organizações.” Together for Africa (Juntos pela África)
A Together for Africa trabalha por meio de 20 organizações de ajuda, usando campanhas, eventos, doações e iniciativas educacionais para chamar a atenção para as condições e oportunidades atuais da África. A ADRA Alemanha, sediada em Weiterstadt, está colocando sua prioridade no combate à fome na África
Tatiane Virmes, Agência de Notícias da América do Sul
Novo filme adventista é produzido na
selva amazônica
Membros da equipe de produção se reúnem para planejar o novo filme missionário que será filmado na selva amazônica, norte do Brasil.
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A G Ê N C I A
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N O T Í C I A S
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D I V I S Ã O
S U L- A M E R I C A N A
O filme será usado como ferramenta missionária.
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m julho de 2017, a Igreja Adventista do Sétimo Dia na América do Sul, iniciou a produção de um novo filme de média duração que deverá ser lançado em março, pouco antes da Semana Santa de 2018. A produção audiovisual do Libertos está usando locações na floresta amazônica, norte do Brasil. O novo filme fará parte da missão da Igreja Adventista, promovendo estratégias num período em que as pessoas em muitos países cristãos se lembram do sacrifício de Cristo e estão particularmente abertos ao evangelho. “A nova produção será diferente de O Resgate, filme lançado em 2017”, disse o diretor do filme Jefferson Nali.
Oriental, anunciou a agência, que faz parte da ADRA Internacional, organização humanitária mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia. A ADRA Alemanha, especificamente, tem se concentrado na administração de projetos nutricionais no sul do Sudão, Quênia e Etiópia, entre outras iniciativas naquele continente. A ADRA Internacional oferece assistência de desenvolvimento para indivíduos em mais de 130 países, independentemente de sua etnia, filiação política ou associação religiosa. A organização, frequentemente, faz parceria com comunidades, organizações e governos para atividades de desenvolvimento e assistência. n
“No entanto seu propósito é o mesmo: impactar vidas.” No dia 16 de julho, os participantes da produção do filme participaram da primeira reunião geral, permitindo que o grupo se familiarizasse e fosse informado sobre os pormenores do processo de filmagem. “Solicitamos aos atores profissionais contratados que participarão da produção para ler o livro História da Redenção e alguns capítulos de O Desejado de Todas as Nações”, disse Luciana Costa, referindo-se a dois das dezenas de livros escritos por Ellen G. White, cofundadora da Igreja Adventista. Esses livros apresentam aspectos importantes do plano redentor de Deus, pela perspectiva bíblica e o elaborado ministério de Jesus na terra, em favor da humanidade. A versão em português do filme O Resgate já foi visualizado mais de 600 mil vezes no canal oficial da Igreja Adventista da América do Sul no YouTube. Nali falou sobre as perspectivas para o novo filme: “As expectativas da nossa equipe é que o resultado seja ainda melhor do que o do filme anterior”, disse ele. n
Teresa Costello, Divisão do Pacífico Sul-Asiático e Rede Adventista de Notícia
Mais de
1.000 pessoas recebem
atendimento médico gratuito
Igrejas Adventistas no Camboja recebem resposta impressionante.
A
dventistas da Igreja Adventista do Sétimo Dia de Battambang, nordeste do Camboja, ofereceram atendimento médico gratuito para mais de mil pessoas durante cinco dias, em parceria com uma equipe médica da Universidade Loma Linda, Califórnia, Estados Unidos. Sete médicos, duas enfermeiras e quatro acadêmicos de Medicina, além dos membros da igreja local, montaram uma clínica na igreja de Battambang nos dias 29 de maio a 2 de junho de 2017. Eles ficaram impressionados com a multidão que compareceu no primeiro dia. A resposta da comunidade foi tão grande que não conseguiram atender a todos. Algumas pessoas tiveram que voltar em outro dia. Originalmente, os organizadores queriam montar clínicas nas áreas rurais perto de Battambang. No entanto, até o primeiro dia de atendimento não haviam recebido permissão do governo para a operação. Assim, as pessoas se aglomeraram na clínica principal, na igreja. Para alguns, essa era a primeira vez que recebiam um cuidado médico profissional. Os adventistas oraram pedindo a Deus que permitisse a abertura de clínicas rurais. No dia seguinte souberam que a tão desejada licença havia sido concedida. Rapidamente, abriram pequenas clínicas rurais em pequenas igrejas adventistas e em uma escola adventista de alfabetização inglesa. Como na clínica na igreja principal,
todas as manhãs, quando a equipe chegava às clínicas rurais, havia filas de pessoas esperando. No último dia, o número de pessoas que não queria perder sua última chance de receber cuidados médicos era tão grande, que a equipe atendeu o dobro de pacientes. “Unicamente pela graça de Deus foi possível tratar muitos dos pacientes”, disse M. C. Shin, missionário no nordeste do Camboja. “Estava chovendo pesadamente, e a entrada da igreja ficou alagada [...], mas mesmo com os pés e roupas enlameados, todos seguiram trabalhando duro para oferecer o melhor tratamento a todos os pacientes [...] [e até] foram embora mais tarde do que planejaram, para tratar das pessoas.” Além do atendimento nas clínicas, a equipe de Loma Linda ofereceu recursos para os líderes e membros da igreja continuarem o tratamento como retorno, controle da pressão arterial e do diabetes, e transporte para o estabelecimento médico mais próximo, se necessário. Milhares de dólares em medicamentos foram distribuídos pela equipe nas clínicas, com a devida autorização do Departamento de Saúde. Shin e outros adventistas sonham com o funcionamento de uma clínica no Centro Urbano de Influência, em Battambang, que deverá ser inaugurado em breve. Esperam ter uma clínica móvel, mas ainda precisam de um médico voluntário e uma enfermeira que desejem servir nessa área predomi-
nantemente budista. Embora a construção do prédio esteja em andamento, foram lançados cursos de música e inglês, muito bem recebidos pela comunidade. A frequência à igreja aumentou ao ponto de tornar inadequado o pequeno prédio da igreja. Líderes e membros oram igualmente para que logo possam oferecer um centro de leitura, formar uma fazenda orgânica, ter uma indústria de alimentos saudáveis e até uma faculdade. Esses sonhos necessitam de voluntários que desejem servir em curto e longo prazos. Enquanto esperam voluntários missionários que os ajude, os membros da igreja visitam os doentes e anotam seu contato para avisá-los quando a clínica estiver pronta. Eles também os encaminham para atendimento médico disponível na área. “Nossas orações e objetivos não visam somente proporcionar a cura espiritual, mas também oferecer ajuda física tangível para as nossas comunidades [...] e falar do amor de Jesus”, disse Shin. “Louvamos a Deus por todas essas preciosas pessoas com as quais entramos em contato. Deus não enviou os recursos para ajudar o pobre e necessitado, mas Jesus veio, em pessoa, para tocar e curar o doente”, disse ele. “Ao ajudarmos os doentes e necessitados nós os conduzimos a Jesus e vimos Jesus nos olhos desses doentes e necessitados. [...] Fazer parte dessa obra foi uma experiência maravilhosa.” n
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M U N D I A L
Duas crenças centrais
Indo adiante dos ensinos correntes daquele tempo, as duas crenças centrais sobre as quais Lutero discutia eram: 1. Sola scriptura: somente a Bíblia é a regra de toda fé e prática. 2. Os seres humanos são salvos pela fé, não por obras. A crença de Martinho Lutero sobre a importância das Escrituras – e da necessidade de ser acessível a todos – era tão forte que, em menos de onze semanas, enquanto estava escondido no Castelo Wartburg, ele traduziu o Novo Testamento para o idioma alemão popular. A formulação linguística que ele usou abriu caminho para a versão popular da Bíblia em alemão de hoje.
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Adventist World | Outubro 2017
F E R D I N A N D
H
á pouco tempo, tive o privilégio de estar em frente ao Castelo Wittenberg, na Alemanha, onde há 500 anos, completados neste mês, Martinho Lutero começou uma grande reforma, pregando na porta de sua igreja, um documento que sacudiu o mundo. As portas originais já não existem, mas a Reforma que iniciou em 31 de outubro de 1517, permanece viva, meio milênio mais tarde. Quando Lutero postou seu “Disputa do Poder e Eficácia das Indulgências” (as “95 teses”), sua intenção era iniciar um debate acadêmico, não uma revolução. O documento inicia humildemente: “Por amor à verdade e pelo desejo de elucidá-la, o reverendo padre Martinho Lutero, mestre em Artes e Teologia Sagrada e palestrante em Wittenberg, pretende defender as seguintes afirmações e discuti-las neste local. Portanto, ele pede àqueles que não podem estar presentes e discutir com ele oralmente, possam fazê-lo mesmo ausentes, por carta. Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Amém.”1
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Ted N. C. Wilson
Consciência pessoal ea
Reforma
Ligados à Palavra de Deus O poder e a força da Reforma levaram as pessoas de volta à verdade bíblica simples, mas profunda. Ao entender o significado claro das Escrituras, Martinho Lutero pôde ensinar essas verdades bíblicas com clareza e eloquência. Lutero abraçou o sola scriptura, descobrindo que as Escrituras por si só são autoautenticáveis, é clara para os leitores racionais, servem como seu próprio intérprete, e é suficiente por si só e a autoridade final como doutrina cristã.2 No livro O Grande Conflito Ellen G. White comentou que os ensinos de Martinho Lutero “feriram o próprio fundamento da supremacia papal. Continham o princípio vital da Reforma”.3 Sola Scriptura ou Prima Scriptura?
Mais tarde, outra doutrina, conhecida como prima scriptura, foi introduzida em algumas igrejas protestantes. Esta doutrina ensina que “embora a Escritura não seja a única regra de fé da igreja,
é a autoridade primária. Refere-se à primazia da Escritura, ou que a Escritura é primordial entre as tradições e as decisões eclesiásticas, embora essas também tenham alguma autoridade ao lado da Escritura”.4 Bem como possa soar, o prima scriptura, vai contra os princípios da Reforma porque nem sempre coloca a Palavra de Deus como autoridade final, acima da tradição ou dos ensinos da igreja. Comentando essa posição de Lutero em relação à superioridade da Bíblia, Ellen G. White escreveu: “Lutero via o perigo de exaltar teorias humanas sobre a Palavra de Deus. Corajosamente atacava a incredulidade especulativa dos escolásticos, e opunha-se à filosofia e teologia que durante tanto tempo mantiveram sobre o povo a influência dominante. Denunciou tais estudos não somente como indignos, mas perniciosos, e procurava desviar o espírito de seus ouvintes dos sofismas dos filósofos e teólogos para as verdades
Martinho Lutero permitiu que as Escrituras regessem sua consciência e seus atos. Assim devemos agir também. eternas apresentadas pelos profetas e apóstolos.”5 Os que abraçam o sola scriptura e os métodos escriturísticos de estudo da Bíblia são, muitas vezes, caracterizados como ingênuos, desinformados e mente fechada por aqueles que veem a Bíblia como um livro humano e usam os métodos críticos para estudá-la. Como explicado no documento oficial “Métodos de Estudos da Bíblia”, votado pelos membros da Comissão Executiva da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia: “Para os que não aceitam a divindade de Cristo é impossível compreender o propósito de Sua encarnação, é também impossível para os que veem a Bíblia como um livro meramente humano, compreender sua mensagem, por mais cuidadosos e rigorosos que sejam seus métodos. “Até os estudiosos cristãos devem aceitar a natureza divino-humana das Escrituras, porém sua abordagem metodológica faz com que permaneçam em seus aspectos humanos, arriscam esvaziar a mensagem bíblica de seu poder ao relegá-la a segundo plano, enquanto se concentram no meio. Esquecem-se de que o meio e a mensagem são inseparáveis e que o meio sem a mensagem é como uma concha vazia que não pode abordar a necessidade espiritual vital da raça humana.” Cristãos comprometidos “usarão apenas os métodos que façam justiça à dupla e inseparável natureza das Escrituras, aumentando [sua] habilidade de compreender e aplicar sua mensagem no fortalecimento da fé”.6 Consciência Pessoal das Escrituras
Quando Lutero tomou sua posição famosa, na Dieta de Worms, ele baseou
suas ações e informou sua consciência pessoal nas Escrituras, não nas tradições, cultura ou opinião pessoal. “Portanto, estou convencido pelo testemunho das Escrituras ou pelo raciocínio mais claro”, declarou Lutero, “a menos que eu seja persuadido pelas passagens que citei e a menos que elas submetam minha consciência à Palavra de Deus, não posso e não vou me retratar, pois não é seguro para o cristão falar contra sua consciência.”7 Ao instarem com Lutero para que concordasse com as exigências da igreja e do estado independente do que a Bíblia diz, ele deixou muito claro que as Escrituras dirigiam sua consciência. “‘Concordo, com todo meu coração’, respondeu ele, ‘que o imperador, os príncipes, e até o pior cristão, deveria examinar e julgar minhas obras; mas sob uma condição: que adotem a Palavra de Deus como seu padrão. Os homens não devem fazer nada a não ser obedecê-la. Não violente minha consciência que está ligada e acorrentada às Escrituras Sagradas’”.8 Martinho Lutero permitiu que as Escrituras regessem sua consciência e seus atos. Assim devemos agir também. A essência da Reforma é um relacionamento pessoal com Deus por meio da Sua Palavra e uma fé viva. A Reforma deve continuar
A Reforma não começou e terminou com Martinho Lutero. “Continuará até ao fim da história deste mundo”,9 escreveu Ellen G. White. Ao longo da história, Deus tem preservado Suas verdades por meio das Escrituras e, por meio da iluminação do Espírito Santo, verdades têm sido reveladas por meio de Sua Palavra. É vital que ao considerarmos uma “verdade nova”, ela seja submetida ao
teste das Escrituras contido em Isaías 8:20: “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva.” As Escrituras eram o centro da Reforma e devem ser o centro da nossa vida, hoje. Devemos ser mensageiros do sola scriptura (somente a Escritura), sola fide (só pela fé), sola gratia (somente pela graça), solus Christus (somente Cristo) e Deo gloria (somente a Deus seja a glória). A Reforma terminou? Não! Que continuemos a levá-la adiante porque, no final dos tempos, nosso testemunho deve continuar a ser enraizado na Palavra de Deus, somente. Vamos permanecer fieis a Deus e à Sua Palavra, para quando a prova vier, nós, como Lutero, possamos tomar posição, tendo nossa consciência “ligada” às Escrituras Sagradas. n 1 “As
95 Teses,” at www.luther.de/en/95thesen.html. 2 Veja “What the Bible and Lutherans Teach,” at wels.net/aboutwels/what-we-believe/. 3 Ellen G. White, O Grande Conflito (Casa Publicadora Brasileira), p. 126. 4 Veja “Prima Scriptura, Sola Scriptura and Sola Ecclesia,” at www.orthodoxevangelical.com/2014/02/26/prima-scripturasola-scriptura-and-sola-ecclesia/. 5 E. G. White, p. 126. 6 “Métodos de Estudo da Bíblia”, aprovado e votado pela Comissão Executiva da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, no Rio de Janeiro, Brasil, em 12 de outubro de 1986. Para acessar o documento na íntegra, visite: www.adventist.org/ en/information/official-statements/documents/article/go/-/ methods-of-bible-study/ 7 J. H. Merle d’Aubigné, History of the Reformation of the the Sixteenth Century, b. 7, ch. 8, citado por E. G. White, p. 160. 8 In d’Aubigné, b. 7, ch. 10, citado por E. G. White, p. 166. (Itálicos acrescentados.) 9 E. G. White, p. 148.
Ted N. C. Wilson é
presidente da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Artigos adicionais e comentários estão disponíveis no Twitter: @pastortedwilson e Facebook: @PastorTedWilson.
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PAPO RÁPIDO
IMPACTO INFANTIL INTERNACIONAL
Asian Aid USA se torna Impacto Infantil Internacional PAPO RÁPIDO
é uma entrevista especial, mensal, para
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a Adventist World.
Jim Rennie
Este mês tivemos a oportunidade de entrevistar Jim Rennie, presidente da Asian Aid, um dos ministérios de apoio mais antigos na Igreja Adventista do Sétimo Dia. Rennie foi o Diretor-Presidente da Asian Aid por pouco mais de dez anos, e agora lidera a transição da organização para o Impacto Infantil Internacional.
Para saber mais, acesse www.asianaid.org.
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Adventist World | Outubro 2017
Asian Aid tem uma história longa e interessante. Fale sobre o trabalho do seu ministério durante todos esses anos. A Asian Aid começou há pouco mais de 50 anos. Sua atividade principal tem sido doar bolsas de estudo para crianças carentes em escolas adventistas na Índia, Nepal, Bangladesh, e agora em Mianmar. A Asian Aid ainda mantém órfãos e crianças surdas em lares especiais, dirigidos pela igreja, na Índia. Lemos na Bíblia: “A religião que Deus, o nosso Pai, aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades” (Tg 1:27, NVI). Na Asian Aid/Impacto Infantil Internacional, consideramos esse texto mandatório sobre nossas ações. Tive a honra de servir por muitos anos, e tem sido uma bênção ver milhares de crianças recebendo uma educação cristã. A Asian Aid USA, que é uma organização separada da Asian Aid Austrália, foi estabelecida há mais de 15 anos e continua crescendo. A Asian Aid USA continua a patrocinar programas de bolsas de estudo e agora há mais de 3.500 crianças estudando em escolas e lares da Missão Adventista. Nos últimos anos, ela está fazendo parceria com o Hospital Adventista Scheer, do Nepal, no trabalho emergencial pós-terremoto, e lançou a Operação de Resgate Infantil, salvando meninas da indústria do sexo na Índia.
Por que a Asian Aid USA está mudando de nome? Cremos que o novo nome, Impacto Infantil Internacional nos dará um impulso para ajudar milhares de outras crianças carentes. Cremos, também, que o novo nome trará os seguintes benefícios: ■ Refletir cuidadosamente no trabalho importante que a organização realiza impactando a vida das crianças. ■ Impulsionar nossa nova estratégia de crescimento.
■ Ajudar para que não sejamos confundidos com outros países participantes da Ásia. ■ Separar-nos da Asian Aid Austrália, que é uma organização diferente. ■ Ajudar nossa comunicação com os doadores. ■ Permitir nossa expansão para fora da Ásia, e nos ajudar a ser mais efetivos internacionalmente.
Essa é uma nova organização com equipe diferente? Não. Queremos crescer e melhorar o que fazemos, mas a diretoria, funcionários, endereço do escritório e diretrizes permanecerão os mesmos.
Assim que os leitores souberem seu novo nome e paixão, como poderão ajudar? Quais são suas necessidades mais urgentes? Atualmente estamos patrocinando mais de 500 crianças muito carentes na Índia e Mianmar. Os doadores podem patrocinar uma criança específica ou contribuir com o nosso Fundo de Patrocínio às Crianças. Os patrocinadores, então, têm uma criança específica com quem podem se comunicar, enviar e receber cartas frequentemente. Patrocinar uma criança é muito compensador; todos os dias você faz a diferença no campo missionário.
Como será o futuro da Asian Aid? Estamos muito animados por estarmos fazendo essa mudança. Será um passo fundamental para nosso crescimento e para ajudarmos milhares de crianças carentes, apoiando ainda mais as escolas da Missão Adventista. Sentimo-nos chamados para um propósito específico, que é dar esperança para as crianças e oferecer recursos urgentes e direito às escolas da Missão Adventista. No entanto, o mais importante é que estamos apresentando Jesus às crianças.
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Escovação e o uso do fio dental A boa saúde dental protege além dos nossos dentes?
A saúde dental afeta nossa saúde geral?
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saúde dental ou bucal é um aspecto da saúde geral, muitas vezes negligenciado. Dentes e gengivas saudáveis são mais importantes do que apenas ajudar na nossa aparência; na verdade eles promovem a saúde, e quando não cuidados colocam todo o corpo em risco. A dor dental, ou bucal, ou dificuldade para se alimentar, mastigar, sorrir e de se comunicar devido a dentes perdidos ou problemas na gengiva pode afetar seriamente a vida diária e o bem-estar de uma pessoa. Nos últimos anos, resultados de pesquisas têm sugerido que a saúde bucal e a saúde geral estão intimamente ligadas. As evidências atuais apoiam uma ligação entre doenças da gengiva e as doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, problemas na gestação e osteoporose. As doenças gengivais mais comuns são os processos inflamatórios nos te cidos ao redor dos dentes, provocado por acumulo de bactérias, também conhecida como placa dental, sobre os dentes. As bactérias se acumulam em pequenos bolsos ao redor dos dentes, causando a inflamação. Essa inflamação pode variar de leve a grave. As gengivites leves afetam cerca de 75 por cento dos adultos, nos Estados Unidos. Provoca vermelhidão, inchaço e sangramento das gengivas, especialmente na escovação dos dentes. Nos Estados Unidos, cerca de 30 por cento dos adultos têm a doença leve, e 10 por cento a têm em grau avançado. A forma grave afeta cerca de 15 por cento da população mundial. A inflamação nas gengivas, ou periodontite, prepara o cenário para reações
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inflamatórias em todo o corpo e sugerese que esse deve ser o veículo pelo qual as doenças bucais afetam a saúde geral. Por outro lado, qualquer doença sistêmica que ativa o sistema imunológico do corpo, como o diabetes, HIV/AIDS, e distúrbios nos glóbulos brancos, pode provocar doenças periodontais. Como em muitas áreas do corpo, há bactérias vivendo na boca. Essas bactérias são tipicamente inofensivas e não problemáticas. No entanto, quando a higiene é imprópria ou inadequada, colônias de bactérias podem alcançar tal nível de concentração que provocam infecções bucais como cáries dentárias e doenças periodontais. Algumas medicações usadas para tratar problemas na saúde sistêmica podem reduzir o fluxo de saliva e assim, limitar a habilidade do corpo de lavar as partículas de alimentos, o que retarda a neutralização da bactéria e dos ácidos da boca – processo natural que protege a boca do crescimento microbiano exagerado, e até de invasão. Exemplos de tais medicações incluem analgésicos, anti-histamínicos, descongestionantes nasais, diuréticos e antidepressivos. Infecções bacterianas progressivas e crônicas da gengiva também provocam destruição do osso ao redor dos dentes, perda da aderência dos dentes, e eventualmente, perda do dente. Hábitos e estilo de vida não saudáveis como dieta, nutrição e higiene bucal deficientes, assim como o uso do fumo e álcool, podem aumentar o risco da doença periodontal. Outras causas podem ser gravidez, uso de esteroides e contraceptivos orais, medicamentos antiepilépticos, agentes quimioterápicos contra o câncer (embora práticas cuidadosas de higiene dental aumentem
a proteção quando os medicamentos mencionados são necessários durante a gravidez), pontes não ajustadas, dentes tortos e obturações soltas. Não só as condições de vida precárias podem contribuir para uma saúde bucal ruim, mas também a disponibilidade limitada de acesso a serviços de saúde bucal. O tabaco, em qualquer forma, combinado ao uso de álcool é responsável por muitos casos de câncer bucal e por mais da metade dos casos de doenças da gengiva em adultos. A mastigação do coquinho areca associado ao álcool e tabaco, empurra o risco de câncer mais para o alto. Para proteger e promover nossa saúde bucal e prevenir sofrimento desnecessário é importante desenvolver boas práticas diárias de higiene bucal: escovar os dentes duas vezes ao dia com pasta de dente apropriada e escova efetiva; usar o fio dental diariamente, especialmente antes de dormir; evitar lanches e bebidas açucaradas, cigarro e químicos ácidos; realizar exames e limpeza dos dentes regularmente. O investimento na saúde bucal resulta em dividendos para a saúde bucal e sistêmica. Não existe boa saúde sem a saúde bucal! n
Peter N. Landless é cardiologista nuclear e diretor do Ministério da Saúde na Associação Geral. Zeno L. Charles-Marcel é internista e
diretor associado do Ministério da Saúde na Associação Geral.
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Sylvia e Werner Renz A entrevista, a seguir, no estilo conversacional entre o casal Sylvia e Werner Renz associa uma das descobertas-chave da época da Reforma, a “justificação somente pela fé”, ao santuário, que são lições objetivas de Deus sobre a justificação e salvação. Sylvia: Em Hebreus lemos que Jesus “vive sempre para interceder” por nós (Hb 7:25). Por que isso é necessário? Pensei que, na cruz, Ele houvesse realizado tudo... Werner: A morte de Jesus na cruz ofereceu a base legal para nossa salvação. Naquele momento Deus Se reconciliou conosco, embora ainda fôssemos Seus inimigos (Rm 5:10). Mas esse ainda não é um final feliz. Concordo. Quando assistimos aos jornais, somos constantemente lembrados disso. Quando Jesus exclamou: “Está consumado!”A resposta lá de cima veio imediatamente, quando a cortina do Templo se rasgou de cima para baixo (Mt 27:51). O véu representava Cristo e, por Sua morte temos, outra vez, livre acesso a Deus, o Pai (Hb 10:20). Quando Jesus exclamou: “Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?” deixou claro que o pecado nos separa da fonte
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O
santuário e os finais
felizes
da vida. Os nossos pecados estavam separando Deus, o Filho, de Deus, o Pai. Ele provou a segunda morte por nós. Assim, Ele cumpriu Sua missão (Gl 4:4). Qual era a Sua missão? Por meio de Sua vida Jesus mostrou como Deus é realmente. Quando assumiu sobre Si a nossa morte, a punição pelo pecado, Ele pagou o preço e nos redimiu. Ele não tinha pecado, por isso a morte não podia detê-Lo. Jesus ressuscitou e venceu a morte, Ele nos trouxe justificação eterna (Dn 9:24). Deus, agora, nos vê como Seus filhos queridos. Ao mesmo tempo, Jesus, como nosso Sumo Sacerdote, nos capacita a viver uma vida de justiça como Ele viveu.
Como isso funciona? O Espírito Santo, como Representante de Jesus, cria uma “conexão on-line” entre nós e Jesus no santuário celestial. Por meio dessa conexão e enquanto estivermos dispostos a receber esse presente, Ele faz com que a vida perfeita de Jesus se torne uma realidade em nossa vida. Assim, nos tornamos aceitáveis a Deus tanto pela vida como pela morte de Jesus. Portanto, Jesus pagou a passagem de ida para o Céu para todos os seres humanos. Mas muitos preferem não ir para lá. Viver com um Deus amoroso não é atrativo para eles. Não conhecem a Deus; não confiam Nele. Preferem seguir suas ideias.
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I N T E R N AT I O N A L / C O L L E G E P R E S S P U B L I S H I N G
D E V O C I O N A L
O santuário celestial é um sanatório onde a praga do pecado é tratada. Lúcifer, o anjo mais esplendoroso, se voltou contra Deus devido ao egoísmo e desconfiança em seu Criador. Como resultado, surgiu a praga fatal do “pecado”, que é curável somente porque Deus, em Seu amor, sacrificou Seu Filho por nós. Sua oferta de reconciliação está disponível a todas as pessoas. Mas nem todos aceitam esse presente. Amor e confiança não podem ser forçados. É por essa razão que Jesus constantemente nos procura e intercede por nós? Sim, Ele quer nos ajudar (cf. Hb 2:18). O santuário celestial é o sanatório onde a praga do pecado é tratada. Desde a queda no Éden, as pessoas sabiam que Deus havia providenciado um caminho para a salvação delas (Gn 3:15). Eram lembradas, todos os dias, quando confessavam suas culpas e um animal inocente morria no lugar delas. Mas por que Jesus teve que morrer na cruz não por apedrejamento, como era o método de execução costumeiro? Jesus lembrou Nicodemos de uma cena do Antigo Testamento: “Da mesma forma como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do Homem seja levantado” (Jo 3:14; cf. Nm 21:4-9). Ele também predisse: “Mas Eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a Mim. Ele disse isso para indicar o tipo de morte que haveria de sofrer” (Jo 12:32, 33), sendo pendurado numa cruz ligando o Céu à Terra. Aqui o vertical celestial cruza o horizontal da história. Esse sinal de “adição” é um símbolo de nossa salvação. Essa é a base de nossa justificação pela fé, e também o fundamento da nossa doutrina de santificação. Um dia alguém perguntou para o caçador de serpentes mais famoso da
Austrália: “Quando a serpente é mais perigosa?” “Quando você não a vê”, respondeu ele. Cristo tornou visível e venceu a “serpente no mastro”. A cabeça dessa serpente foi esmagada em uma tremenda batalha espiritual. Satanás ainda está vivo, mas não tem poder espiritual sobre nós quando cremos que Cristo venceu a serpente na cruz. A morte de Cristo sobre a cruz, confinou, segurou e expôs a serpente. Isso destrói todo o mal em nós. O mal já não terá poder sobre nós se vivermos crendo no seguinte: “a serpente está pendurada no mastro, então erga sua cabeça e viva!”Jesus também venceu o mal que está em nós e todo o medo que resulta dele. Isso é viver a justificação pela fé! Fantástico! Mas por que Deus não deu um fim a tudo isso, logo depois a ascensão de Jesus? Deus quer salvar tantos quanto for possível. Ele quer encher o Céu com os remidos, “como as estrelas do Céu e como a areia das praias do mar”, como prometeu a Abraão (Gn 22:17). Mas Ele não leva todos para o Céu! Apenas os que se deixam ser “curados” por Ele e os que confiam Nele. Deus conhece todos e vê inclusive seu coração e mente. Qual é o objetivo de abrir os livros no Céu? Todos os seres inteligentes são capazes de ver os arquivos. Os motivos mais secretos de alguém só se tornam aparentes pelo seu comportamento. Todos passam pela balança objetiva que são os Dez Mandamentos. Deus quer que eu O ame acima de todas as coisas, e ao meu próximo como a mim mesmo. Somente os que desejam viver dessa maneira e desejam ser curados, estão prontos para o Céu.
Entendi. Mas então um tribunal público na presença dos anjos mostrará quem será salvo por Jesus e quem não será? Isso já deve estar definido antes que Ele volte. Como Deus lida com nossas perguntas quando perdemos os nossos queridos? Há muita gente boa que pode não estar lá. Deus dedica grande quantidade de tempo para dar essa explicação. Após mil anos, o milênio, todos irão compreender e apreciar o porquê de Deus julgar na maneira como julgou. Todas as criaturas pensantes se unirão ao cântico final: “Justos e verdadeiros são os Teus caminhos” (Ap 15:3). Só quando tudo estiver completamente esclarecido, acontecerão os eventos finais. Satanás e seus seguidores demonstrarão pela última vez que não estão prontos para a paz e a confiança. Eles querem vencer a Deus e matar Seus filhos. Mas isso não acontecerá. Satanás e seus seguidores devem arcar com as consequências de suas decisões. Serão mortos pela praga do pecado no fogo final. Em seguida Deus enxugará toda lágrima e nos confortará. Ele cria um novo Céu e uma nova Terra. Esse, finalmente, será o final feliz! n
Sylvia e Werner Renz desfrutam sua aposentadoria ativa próximo ao Centro de Mídia Europeu, em Alsbach-Hähnlein, Alemanha. Eles criaram três filhos e mimam seu neto, Milo. Outubro 2017 | Adventist World
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Reforma do século dezesseis foi o epicentro de profundas mudanças. Essas mudanças não foram causadas por forças econômicas ou sociais. A questão central foi de natureza teológica. A primeira geração de teólogos protestantes concluiu que a igreja e a teologia escolástica haviam enterrado o evangelho sob camadas de tradições humanas. Estava em jogo a compreensão de como alguém pode ser salvo. Essa era uma questão de vida ou morte, uma vez que a igreja estava defendendo um sistema de salvação no qual a graça estava relegada à posição de um benefício que podia ser conquistado. De volta às raízes
No século dezesseis, uma nova compreensão do evangelho provocou mudanças tão amplas que Diarmaid MacCulloc, conhecido estudioso que escreveu sobre a história da Reforma, sintetizou essa mudança de paradigma como “e se fizeram novas todas as coisas”.1 A contribuição fundamental de Martinho Lutero para a teologia foi o reconhecimento de que a salvação é um presente da misericórdia divina e o ser humano não pode fazer nada para consegui-la, a menos que a receba unicamente por meio da fé. Essa ideia foi revolucionária, pois contrastava fortemente com a compreensão medieval da salvação, na qual o conceito do mérito desempenhava um papel importante. O pecado era considerado um problema próprio do existir, e necessitava cura por meio de um processo de transformação. Consequentemente, acreditava-se que a salvação era o resultado de se tornar
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“A
fonte de
A mudança de paradigma que
uma “pessoa santa, cooperando com a graça por todos os meios possíveis”.2 Nesse sistema, os seres humanos devem acrescentar seus esforços à obra da graça de Deus para alcançar a salvação, pois a vida eterna é recebida como recompensa por cooperar com a graça divina. O purgatório, um conceito considerado fundamento teológico para um amplo comércio da igreja no período medieval (incluindo os pagamentos pela salvação, na compra de indulgências), para os reformadores se tornou o símbolo de tudo o que estava errado nessa visão de salvação. A “teologia da cruz” está no coração do argumento de Lutero, destacando a centralidade da misericórdia de Deus apesar do pecado humano, em lugar de exigir virtude do povo como um pré-requisito para a graça. Justiça de Deus
A expressão chave no pensamento de Lutero é a “justiça de Deus” (iustitia Dei). Em Romanos 1:18–3:20 Paulo estabelece o argumento de que todas as pessoas são culpadas, portanto o principal problema da humanidade é enfrentar a justiça de Deus. Na teologia da pré-reforma a “justiça de Deus” era equivalente ao castigo do divino juiz. Lutero desafiou essa visão, como resultado do seu estudo dos Salmos, Romanos e Gálatas no período entre 1513 e 1517, enquanto pregava sobre esses livros na Universidade Wittenberg. Lutero estabeleceu biblicamente que
a iustitia Dei não deve ser compreendida em termos da justiça de Deus, pela qual o próprio Deus é justificado, mas da justiça pela qual Ele justifica os seres humanos pecadores. A justiça é um presente de Deus dado para o benefício da humanidade. É um presente pelo qual Deus declara os crentes justos, mesmo não sendo eles justos. Essa definição de justiça aponta para Deus como a fonte de todo o bem.3 A cruz revela “um Deus exuberantemente feliz que Se gloria em compartilhar Sua felicidade. Ele não é mesquinho ou utilitário, mas um Deus que Se gloria por ser gracioso”.4 Isso é revelado na declaração clímax do argumento de Paulo para a justificação pela fé, em Romanos 4:25: “[Jesus nosso Senhor] foi entregue à morte por nossos pecados e ressuscitado para nossa justificação” (NVI). Em Romanos 5:1-11, após explanar a necessidade de justificação (Rm 1–3) e a maneira como isso funciona (Rm 4), o apóstolo Paulo destaca suas consequências. Nesses textos, ele descreve quão bem-aventurado é o povo de Deus ao receber, em Jesus Cristo, uma nova posição. A declaração fundamental dessa passagem está logo no início: “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo” (v. 1, NIV). Na reconciliação, por meio do sacrifício de Jesus Cristo, Deus Se deu a nós: Ele nos deu Sua amizade, que é a base da esperança e a razão da nossa alegria. Segundo o argumento de Romanos 5:1-11, a principal característica dos F O T O :
P I X A B AY
NÚMERO 10 Laszlo Gallusz
” todo o bem
chamamos de Reforma crentes é a alegria em Deus: encontramos felicidade satisfatória e profunda em adorar a Deus e ao buscarmos a Sua glória para nossa vida. Os cristãos têm bons motivos para se alegrar a despeito das circunstâncias da vida, porque Deus agiu em favor deles e os resgatou da escravidão do pecado para uma nova vida em Jesus Cristo. Podemos ter certeza mesmo em face às nossas fraquezas humanas, porque Deus nos justifica com base na nossa fé na obra de salvação de Cristo, mesmo que não possamos contribuir para essa salvação. Embora a fé vá produzir boas obras na vida da pessoa, a salvação não vem como resultado da fé mais as obras, como é a visão católica romana de salvação.
A E
É realmente pessoal
A justificação pela fé é uma doutrina com significado profundamente existencial. Uma vez que essa experiência transforma o âmago do nosso ser e determina nosso futuro eterno, para os teólogos protestantes do século dezesseis, a doutrina da justificação era “a síntese da doutrina cristã”, “o artigo sobre o qual a igreja se firma ou cai”. Muita coisa mudou ao longo de 500 anos, quando essas questões teológicas importantes incendiaram a Europa. No entanto, hoje, precisamos de um foco ainda mais forte na justificação pela fé, que foi o princípio da Reforma. Esses ensinos bíblicos têm o potencial de nos dar uma experiência renovada sobre a
obra de Deus, o poder de Deus, a sabedoria de Deus, a força de Deus, a salvação de Deus e a glória de Deus tão necessários na atual cultura secular pós-moderna. A Reforma é importante, mesmo após 500 anos. n 1 Diarmaid MacCulloch, All Things Made New: The Reformation and Its Legacy (Oxford: Oxford University Press, 2016). 2 Roger E. Olson, The Story of Christian Theology: Twenty Centuries of Tradition and Reform (Downers Grove, Ill.: InterVarsity, 1999), p. 373. 3 Alister McGrath, Iustita Dei: A History of the Christian Doctrine of Justification, 3rd ed. (Cambridge: Cambridge University Press, 2005), p. 222. 4 Michael Reeves e Tim Chester, Why the Reformation Still Matters (Wheaton, Ill.: Crossway, 2016), p. 209, 210.
Laszlo Gallusz, Ph.D., é professor de estudos do Novo Testamento no Seminário Teológico, em Belgrado, Sérvia.
experiência da salvação
m infinito amor e misericórdia, Deus fez com que Cristo, que não conheceu pecado, Se tornasse pecado por nós, para que Nele fôssemos feitos justiça de Deus. Guiados pelo Espírito Santo, sentimos nossa necessidade, reconhecemos nossa pecaminosidade, arrependemo-nos de nossas transgressões e temos fé em Jesus como Senhor e Cristo, como Substituto e Exemplo. Essa fé que aceita a salvação, advém do divino poder da Palavra e é o dom da graça de Deus. Por meio de Cristo, somos justificados, adotados como filhos e filhas de Deus, e libertados do domínio do pecado. Por meio do Espírito, nascemos de novo e somos santificados; o
Espírito renova nossa mente, escreve a lei de Deus, a lei de amor, em nosso coração e recebemos o poder para levar uma vida santa. Permanecendo Nele, tornamo-nos participantes da natureza divina e temos a certeza da salvação agora e no Juízo. (Gn 3:15; Is 45:22; 53; Jr 31:31-34; Ez 33:11; 36:25-27; Hb 2:4; Mc 9:23, 24; Jo 3:3-8, 16; 16:8; Rm 3:21-26; 5:6-10; 8:1-4, 14-17; 10:17; 12:2; 2Co 5:17-21; Gl 1:4; 3:13, 14, 26; 4:4-7; Ef 2:4-10; Cl 1:13, 14; Tt 3:37; Hb 8:7-12; 1Pe 1:23; 2:21, 22; 2Pe 1:3, 4; Ap 13:8.) – Crenças Fundamentais dos Adventistas do Sétimo Dia, nº- 10
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volt às
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erta tarde quente de julho, subi o caminho íngreme rumo ao Castelo Wartburg, de onde vemos a cidade de Eisenach, na Alemanha. As pessoas ao meu redor estavam conversando. Fiquei em silêncio imaginando como um homem, conhecido pelos moradores do castelo como Junker Jörg (Cavaleiro George), subiu até aquela fortaleza que seria seu lar pelos dez meses seguintes. Conhecemos esse homem como Martinho Lutero. Após o final culminante da Dieta de Worms e Bann e a excomunhão decretada pelo Papa Leão X diante da recusa de Lutero de renunciar sua visão sobre a salvação nas Escrituras, por ordem de Frederico o sábio, o reformador foi levado para um lugar seguro. Esse era o lugar, pensei. Após vários anos de estudo e íntimo contato com a Palavra de Deus em grego, hebraico e latim, em onze semanas Lutero completou sua tradução do Novo Testamento para o alemão. Onze semanas de trabalho dedicado mudaram, para sempre, o rosto da Alemanha – e do mundo. As Escrituras, que por séculos haviam sido mantidas longe do povo, aqueciam o coração, tanto dos leitores como dos ouvintes que, pela primeira vez, ouviam Deus falando em alemão. Pudemos ver o poder da Palavra à medida que se espalhava pela Europa, inspirando traduções em outros idiomas e o movimento da Reforma que transformou o mundo de então. Gosto da maneira com que Ellen White descreveu os meses que Lutero passou em Wartburg: “De seu Patmos rochoso, [Lutero] continuou durante quase um ano inteiro a proclamar o evangelho e a repreender os pecados e erros do tempo.”* Nossa turnê da Reforma durou somente dois dias. Sentamonos na capela do Mosteiro dos Agostinianos, em Erfurt, onde o jovem Lutero, desesperadamente, tentava encontrar um Deus de graça, mas, repetidamente, por mais que tentasse, descobria suas próprias falhas e fracassos. Andamos pelas ruas da cidade velha de Erfurt, onde Lutero estudou direito antes de entrar para o mosteiro. Visitamos a casa de Lutero, em Wittenberg, lugar em que primeiro a Reforma lançou suas raízes, quando Lutero publicou suas 95 teses, também conhecidas como “Disputa sobre o Poder
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Uma jornada à
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Gerald A. Klingbeil
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O Castelo de Wartburg, em Eisenach, Alemanha, foi refúgio para o reformador alemão Martinho Lutero, em 1521.
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das Indulgências,” onde argumentou veementemente contra a venda de indulgências. Quinhentos anos após esse momento crucial da história do cristianismo em 1517, me sentei na Stadtkirche (igreja da cidade) e admirei um quadro, no Altar da Reforma, pintado por Lucas Cranach, o Idoso e o Jovem, que tem ao centro a imagem de Jesus na cruz. A salvação pela fé se tornou o grito de união da Reforma. Jesus era sua bandeira. A declaração de Paulo: “O justo viverá pela fé” (Rm 1:17) ajudou Lutero a reconhecer sua completa necessidade da graça divina. Os teólogos resumem isso como sola gratia (“somente pela graça”) e sola fide (“somente pela fé”). Juntos com a sola scriptura (“pela Escritura somente”), eles representam o fundamento da Reforma, e continuam a fazer o mesmo para a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Ao admirar as exposições e caminhar pelas ruas que os primeiros reformadores percorreram, senti, mais uma vez, o gentil convite de Deus oferecendo-Se a fazer o que não consigo fazer por mim mesmo: descansar Nele como uma criancinha aconchegada nos braços do Pai; a ouvir o Espírito falando por meio de cada Palavra Sua. De volta às raízes: soli Deo gloria. n * Ellen G. White, O Grande Conflito (Casa Publicadora Brasileira), p. 169.
Gerald A. Klingbeil é
nascido e criado na Alemanha. É o editor associado da Adventist World e mora com a família em Silver Spring, Maryland, Estados Unidos.
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Acima: Dentro da Stadtkirche (igreja da cidade) em Wittenberg, local em que Lutero costumeiramente pregava a Palavra em alemão.
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Jirˇí Moskala
Certeza da salvação Sim, isso existe.
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Acima: Imagem idílica do pátio interior do mosteiro Agostiniano, em Erfurt. Esquerda: Foi ali onde Lutero começou a descobrir que nossa segurança está unicamente na graça de Deus.
Abaixo: Vista da casa de Lutero restaurada, e que foi o lar de Martinho Lutero.
certeza da salvação é claramente ensinada nas Escrituras. Deus declara que, em Cristo, podemos ter plena confiança.1 Considere o texto a seguir: “Digam aos desanimados de coração: “Sejam fortes, não temam! Seu Deus virá, virá com vingança; com divina retribuição virá para salvá-los”(Is 35:4).2 ”Filhinhos, agora permaneçam Nele para que, quando Ele Se manifestar, tenhamos confiança e não sejamos envergonhados diante Dele na Sua vinda”(1Jo 2:28). “Dessa forma o amor está aperfeiçoado entre nós, para que no dia do juízo tenhamos confiança [...]”(1Jo 4:17). O apóstolo Paulo evidenciou que, quando estamos em Cristo, somos Dele, e ninguém pode permanecer contra nem separar os crentes do amor de Deus: “Portanto, agora já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8:1; veja também os versos; Ef 2:4-7). O apóstolo João proclamou: “Quem tem o Filho, tem a vida; quem não tem o Filho de Deus, não tem a vida. Escrevi-lhes estas coisas, a vocês que creem no nome do Filho de Deus, para que vocês saibam que têm a vida eterna” (1Jo 5:12, 13; veja também Jo 1:12; 3:16, 17, 36; 5:24; 6:47; 10:28, 29; Rm 5:1-5; Ef 2:1-14; 1Jo 1:7-9; 2:1; 3:1). Dois extremos
Alguns cristãos têm pouca ou nenhuma certeza da salvação. Tendem a sentir lutas interiores, dúvidas, frustrações e medo. Outros têm muita certeza, dormem no travesseiro da autoconfiança e auto-engano.3 Onde está o equilíbrio? Sócrates afirmou: “Uma vida que não é auto-avaliada não vale a pena ser vivida.”4 O apóstolo Paulo aconselha a
introspecção saudável: “Examinem-se para ver se vocês estão na fé; provem-se a si mesmos. Não percebem que Cristo Jesus está em vocês? A não ser que tenham sido reprovados! (2Co 13:5; cf. 1Co 11:28). Ellen White descreveu assim a certeza da salvação para os seguidores de Cristo: “Se vocês se entregarem a Ele e O aceitarem como seu Salvador, serão então, por pecaminosa que tenha sido sua vida, considerados justos por Sua causa. O caráter de Cristo substituirá seu caráter, e vocês serão aceitos diante de Deus exatamente como se não houvessem pecado.”5 No entanto ela enfatizou que não devemos viver com falsa certeza, afirmando estar salvos e desobedecendo aos explícitos mandamentos de Deus. “A santa lei de Deus é a única medida pela qual podemos determinar se estamos seguindo Seu caminho ou não. Se somos desobedientes, nosso caráter estará fora de harmonia com a divina regra moral de governo, e é falso dizer: “Estou salvo.”6 Ela adverte contra a graça barata:7 “Todos os que dizem: “Estou salvo!” [...] mas não obedecem aos mandamentos de Deus, estão depositando sua salvação em falsa esperança, em falso fundamento. Ninguém que tenha um conhecimento inteligente dos requerimentos de Deus pode ser salvo desobedecendo.”8 Ela também explicou: “O evangelho não enfraquece as reivindicações da lei; ele exalta a lei e a torna gloriosa. Sob o Novo Testamento, não se requer menos do que foi exigido sob o Antigo Testamento. Que ninguém se entregue à ilusão, tão agradável ao coração humano, de que Deus aceitará a sinceridade, não importa qual seja a fé, não importa quão imperfeita seja a vida. Deus requer de Seu filho obediência perfeita.”9
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Ela explicou ainda que, na questão da salvação, não podemos confiar em nossos sentimentos. Somos salvos porque Deus disse, não porque nos sentimos bem. Ela escreveu: “Muitos concluem que estão salvos simplesmente porque sentem-se bem; mas isso não é suficiente. Toda a emoção deve ser renovada.”10 Por outro lado, Ellen White declarou também que os seguidores de Cristo devem ter certeza da salvação: “É necessário ter fé em Jesus e crer que somos salvos por Ele.”11 Ela descreveu a alegria dos gentios quando responderam à pregação do evangelho pela igreja primitiva: “O Espírito de Deus acompanhou as palavras faladas e os corações foram tocados.[...] As palavras de afirmação dos apóstolos, de que “as boas-novas” (Is 52:7) de salvação eram para judeus e gentios igualmente, trouxeram esperança e alegria a todos os que não haviam sido contados entre os filhos de Abraão segundo a carne.”12 Tensão saudável
Como seguidores de Cristo, devemos viver com essa tensão saudável: total confiança em Cristo, e completa desconfiança em nós mesmos. Necessitamos estar persistentemente centrados em Jesus (Jo 15:5; Fp 4:13; Hb 12:2), não em nós mesmos, produzindo frutos que é o resultado natural do cultivo de um relacionamento próximo com Ele. Como Ellen White descreveu: “Unidos a Jesus Cristo, serão prudentes quanto à salvação. Serão árvores frutíferas.”13 Infelizmente, muitos não têm certeza se estão salvos em Cristo. Devemos saber como viver conscienciosamente em uma realidade estável de “já” mas “não ainda”. Temos a vida eterna, mas
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À esquerda: Reconstrução de uma das celas usadas pelos monges do mosteiro Agostiniano, no século dezesseis, onde o jovem Lutero procurava desesperadamente por um Deus da graça.
Acima: Cofre de dinheiro usado para coletar as indulgências. À esquerda: Exemplo de uma carta de indulgência do século dezesseis, garantindo o perdão dos pecados. Imagem da única entrada para o calabouço de 10 metros de profundidade na torre sul de Wartburg, onde em 1548 o anabatista Fritz Erbe preferiu a morte a renunciar suas convicções. O que acontece quando os perseguidos se tornam perseguidores?
não ainda; estamos salvos, mas não ainda; somos perfeitos em Cristo, mas não ainda; sentamos com Cristo à direita do Pai celestial, mas não ainda. Assim, experimentamos a verdadeira alegria da salvação. Precisamos esperar a segunda vinda de Cristo, quando O veremos face a face. Então nossa atual esperança de redenção se tornará uma realidade tangível. n 1 Para mais detalhes, leia meu artigo “The Gospel According to God’s Judgment: Judgment as Salvation,” Journal of the Adventist Theological Society 22, no. 1 (2011): 28-49. 2 Todos os textos bíblicos são da Nova Versão Internacional. 3 Gregg A. Ten Elshof, I Told Me So: Self-Deception and the Christian Life (Grand Rapids: Eerdmans, 2009). 4 Thomas C. Brickhouse and Nicholas D. Smith, Plato’s Socrates (New York: Oxford University Press, 1994), p. 201, 202. 5 Ellen G. White, Caminho a Cristo (Casa Publicadora Brasileira), p. 62.
6 Ellen G. White, Mensagens Escolhidas (Casa Publicadora Brasileira), v. 1, p. 315. 7 A graça de Deus nunca é barata, uma vez que Cristo Se doou por ela. Mas alguns tratam a graça como barata. Veja Dietrich Bonhoeffer, The Cost of Discipleship (New York: Macmillan, 1959), p. 43-49. 8 Ellen G. White, in Signs of the Times, 28 de dezembro de 1891. 9 E. G. White, Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 373, 374. 10 Ellen G. White, em Signs of the Times, 18 de agosto de 1890. 11 E. G. White, Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 373. 12 Ellen G. White, Atos dos Apóstolos (Casa Publicadora Brasileira), p. 172, 173. 13 Ellen G. White, Daughters of God (Hagerstown, Md.: Review and Herald, 1998), p. 16. Veja também Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações (Casa Publicadora Brasileira), p. 674-680.
Jirˇí Moskala é reitor
do Seminário Teológico Adventista do Sétimo Dia, na Universidade Andrews.
F O T O S :
G E R A L D
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K L I N G B E I L
Um globo na praça central de Wittenberg, destaca o impacto da Reforma sobre o mundo.
Justin Kim
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tente para as frases em latim que temperam os escritos sobre a Reforma Protestante. Assim como o catolicismo romano considerava o latim a língua sacra da liturgia, os protestantes igualmente imortalizaram no latim eclesiástico, os grandes e eternos ideais do seu movimento. Esses ideais eram tão potentes que dividiram o cristianismo atual na miríade de denominações protestantes. Os protestantes modernos podem não compreender o latim, mas estamos bem familiarizados com os temas unificadores da sola scriptura, sola fide, sola gratia, solo Christo, e soli Deo gloria. Meio século depois de Lutero publicar suas 95 teses, essas frases representavam o ideal imperativo das Escrituras, fé, graça, Cristo, e glória a Deus, respectivamente. Nenhuma denominação protestante se desviou desses ideais – pelo menos não deviam. Todo ideal é perigoso, pois ele tem o potencial de mudar o mundo. Para a era da Reforma, o mundo da igreja estava alterado. Sermões, lecionários, teologias e seminários foram retrabalhados. A música, musicologia, hinos, congregações, arte e arquitetura foram transformados. Até as famílias, casamento, sexualidade e as crianças foram afetadas. Não apenas o mundo da igreja foi mudado, mas todo o mundo ao redor da igreja foi alterado, afetando o trabalho, trabalhadores, governos, economias e culturas. F O T O :
G E R A L D
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eforma continua
As mudanças não aconteceram pela mudança simplesmente, mas centralizavam o termo latino ecclesia reformata, semper reformanda, ou “a igreja reformada, sempre reformando”. O contexto histórico no qual a igreja reside está mudando dinamicamente de tempos em tempos. A igreja deveria se adaptar continuamente a um mundo sempre em mudança, com ameaças mutantes e constantes às ideias da Reforma. Essas adaptações, em si mesmas, são testamentos para nossa fé e a esperança de que a reforma ocorrerá até a segunda vinda de Cristo. A atualização desses ideais não acontecerá até nos encontrarmos face a face com Ele. Até lá, a igreja reformada, irá mudar constantemente. Essa igreja reformada deve questionar, contestar, tomar posição, e se opor ao status quo do mundo. Em uma época em que a rebelião é glorificada, quanto mais deve a igreja, objeto do supremo respeito do Senhor, se rebelar contra erros claramente desmascarados pelas Escrituras? Como herdeiros modernos da Reforma, fomos chamados a testemunhar contra entidades religiosas e seculares. Reforma, no século 21, significa questionar extravagâncias das organizações religiosas à custa dos empobrecidos. Significa responsabilizar teologicamente todas as organizações que rejeitaram as doutrinas bíblicas do sábado, justificação pela fé, criação ex
nihilo (“criação a partir do nada”), uma antropologia genuinamente bíblica, o santuário celestial, etc. Significa rejeitar a espiritualidade apática e sintética e as tradições de teologias indiferentes e não bíblicas. Reforma, no século 21, significa repreender a corrupção e a exploração em todos os níveis de governo e pregar a justiça desinteressada e a misericórdia. Significa desconectar nossa dependência das filosofias de gestão humanística, reforma moral simplista e mudança organizada de comportamento. Significa a pregação do libertas (“liberdade”), iustitia (“justiça”), veritas (“verdade”). Significa a preservação do valor da imago Dei (“imagem de Deus”) no discurso público. Quer seja em hebraico, grego, latim ou qualquer outro idioma, recebemos o chamado para continuar defendendo os ideais da Reforma. Esse é o momento em que devemos permanecer semper fidelis (“sempre fiéis”) às verdades imutáveis dentro dessa igreja em mudança. n
Justin Kim é diretor
associado do Departamento de Escola Sabatina e Ministério Pessoal, e editor da Lição da Escola Sabatina dos Jovens, na Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, em Silver Spring, Maryland, Estados Unidos.
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P R O F E C I A
Elementos
de uma
educação
Lisa M. Beardsley-Hardy
bem-sucedida
Como o melhor ensino do mundo reflete os conselhos de Ellen White
O
Programa de Avaliação de Estudantes Internacionais (PAEI) oferece um relatório global de conhecimentos e habilidades essenciais para a participação de adultos na sociedade. Entre 4.500 a 10.000 estudantes de 72 países estão sendo avaliados próximo do final da sua formação educacional. A classificação tem por base as notas em leitura, matemática e ciências. Recentemente, as maiores notas vieram de países geograficamente pequenos, como Singapura, e cidades subnacionais da China, como Shangai, Hong Kong, Macao e Taipei. A Finlândia permanece entre os países mais bem classificados do mundo. Em 2011, confirmando a pontuação do PAEI, a Finlândia produziu mais cientistas e engenheiros que qualquer outro país do mundo (7 milhões de pessoas), embora gaste muito menos em pesquisa e desenvolvimento do que os Estados Unidos, Japão, Alemanha, China, Coreia do Sul, Reino Unido, França e muitos outros países.1 Os resultados elevados do PAEI estimularam as pesquisas e visitas de educadores estrangeiros. Eu mesma iniciei minha carreira docente na Finlândia, primeiro na escola fundamental, depois no ensino médio e mais tarde no ensino superior. A experiência moldou minha perspectiva pessoal em relação a algumas das razões pelas quais a educação naquele país é tão bem-sucedida. Uma forma usual de identificar as melhores práticas é a pesquisa experimental. A outra são os escritos inspirados de Ellen White. Ela não economizava seus conselhos sobre educação.
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O que destaca a educação finlandesa das outras?
Educação gratuita e igualitária está disponível para todas as crianças da Finlândia. Entre 11 e 12 por cento do orçamento do estado e dos municípios da Finlândia são gastos em educação. As crianças começam a frequentar a escola no outono do ano em que completam 7 anos de idade. Isso dá a elas mais tempo para brincar, amadurecer, usar sua imaginação e desenvolver uma ligação segura com os pais antes de irem para a escola. Almoços quentes e gratuitos compõem o currículo oficial, bem como aulas sobre saúde e nutrição. Algumas escolas oferecem almoço vegetariano e orgânico, apropriado ao clima. Os professores são profissionais qualificados, respeitados e confiáveis. Os professores do elementar (do 1º- ao 6º ano) ensinam todas as matérias e cursaram um mestrado em educação com ênfase em instrução. Os professores do ensino médio têm mestrado em suas áreas específicas, e fazem estudos complementares em ciência educacional. Há objetivos educacionais padronizados no Conselho Nacional e nos Exames para Matrícula, mas os professores selecionam os métodos de instrução de acordo com a avaliação das necessidades do aluno. Tanto o currículo da escola como os professores apoiam o crescimento e o desenvolvimento balanceado dos estudantes. Na Finlândia, os dias letivos são mais curtos do que na maioria dos países; e embora o Círculo Ártico inscreva parte do país, os alunos têm intervalos ao ar livre todos os dias, sejam F O T O :
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chuvosos, ensolarados ou quando está nevando. Um apoio especial é oferecido aos alunos de acordo com a necessidade. O currículo inclui temas artísticos. Todos os alunos recebem, gratuitamente, tratamento de saúde e dentário. Como esse sistema é avaliado?
Sobre o acesso universal à educação, Ellen White escreveu: “A todos os nossos jovens se deve permitir ter as bênçãos e privilégios da educação em nossas escolas, para que sejam inspirados a se tornar colaboradores de Deus. Todos eles necessitam de uma educação, para que sejam habilitados a ser úteis e qualificados para lugares de responsabilidade tanto na vida particular como na pública.”2 Sobre a necessidade de preparo dos alunos, ela escreveu: “Não enviem seus pequeninos muito cedo para a escola. A mãe deve ser cuidadosa com a maneira de confiar a modelagem da mente infantil a mãos alheias. Os pais devem ser os melhores mestres dos filhos até que eles atinjam a idade de oito ou dez anos. Sua sala de aula deveria ser o ar livre, entre as flores e os pássaros, e seu livro de estudo, o tesouro da natureza.”3 As crianças finlandesas que vão para a escola aos sete anos de idade estão em harmonia com seu conselho de não ser envidas muito novas para a escola. O conselho de Ellen White é ainda mais específico no que diz respeito às qualificações pessoais e espirituais dos professores: “Nossas escolas necessitam de professores de elevadas qualidades morais, dignos de confiança, sãos na fé [...]”4 Ela continua: “Unicamente homens e mulheres devotados e consagrados, que amam as crianças e podem nelas ver pessoas a ser salvas para o Mestre, devem ser escolhidos como professores de nossas escolas.”5 Ellen White compreendeu o poder dos modelos e da teoria da aprendizagem social. Ela insistiu: “Os professores têm a fazer por seus alunos mais do que lhes comunicar conhecimento tirado de livros. Sua posição como guias e instrutores da juventude é suficientemente cheia de responsabilidade, pois lhes é dada a obra de moldar a mente e o caráter. Os que realizam essa obra devem ter caráter bem equilibrado, simétrico. Devem ser de maneiras refinadas, ser corretos no vestuário e cuidadosos em todos os hábitos. Precisam ter a cortesia cristã que conquista a confiança e o respeito. O professor deve ser o que deseja que seu aluno se torne.”6 A qualificação acadêmica deve ser equilibrada com a habilidade do professor de promover um desenvolvimento integral. “Os princípios e hábitos do professor devem ser considerados de maior importância do que mesmo suas habilitações literárias. Se o professor for cristão sincero, ele sentirá a necessidade de ter interesse igual na educação física, mental, moral e espiritual de seus alunos. A fim de exercer a influên-
cia devida, ele deve ter perfeito controle sobre si mesmo e ter o coração ricamente impregnado de amor pelos alunos, o que se verá em seu olhar, em suas palavras e atos.”7 É essencial a formação de comportamentos saudáveis e de uma compreensão inteligente de como cuidar da saúde. “Muitos estudantes são deploravelmente ignorantes do fato de que o regime alimentar exerce poderosa influência sobre a saúde.”8 Ellen White concordaria na inclusão de almoços quentes e gratuitos no currículo, associados às aulas de nutrição e saúde, além de menos horas na escola. Além do exercício ao ar livre, Ellen White aconselhou: “Os estudantes não devem ter permissão para assumir tantos estudos que não tenham tempo para exercício físico. A saúde não pode ser preservada, a não ser que alguma parte de cada dia seja dedicada à atividade muscular ao ar livre. [...] Equilibrem o esforço das faculdades físicas e mentais, e a mente do estudante será refrigerada. Se estiver doente, o exercício físico frequentemente ajudará o organismo a recuperar a condição normal. Ao saírem os alunos do colégio, devem ter mais saúde e melhor compreensão das leis da vida do que quando nele entraram. A saúde deve ser cuidada de maneira tão sagrada como o caráter.”9 Em cada aspecto da educação, os alunos devem sair da escola melhores do que quando entraram. Ponto de partida
Com base nos escritos de Ellen White, a educação na Finlândia receberia nota “Dez” em relação à preparação dos alunos para a “alegria do serviço neste mundo.” No entanto, a educação finlandesa falha nos propósitos redentores, que devem levar os estudantes a Cristo e assim, prepará-los para “aquela alegria mais elevada por um mais amplo serviço no mundo vindouro.”10 n 1 World
of R&D 2011. Fonte: Battelle, R&D Magazine, International Monetary Fund, World Bank, CIA World Factbook, OECD. http://www.rdmag.com/articles/2011/12/2012-global-r-d-fundingforecast-r-d-spending-growth-continues-while-globalization-accelerates. 2 Ellen G. White, Orientação da Criança (Casa Publicadora Brasileira), p. 332. 3 Ellen G. White, Conselhos para a Igreja (Casa Publicadora Brasileira), p. 208. 4 Ibid., p. 207. 5 Ellen G. White, Conselhos a Pais, Professores e Estudantes (Casa Publicadora Brasileira), p. 166. 6 Ellen G. White, Filhas de Deus (Casa Publicadora Brasileira), p. 87. 7 Ibid., p. 86, 87. 8 Ellen G. White, Fundamentos da Educação Cristã (Casa Publicadora Brasileira), p. 147. 9 Ibid., p. 146, 147. 10 Ellen G. White, Educação (Casa Publicadora Brasileira), p. 13.
Lisa Beardsley-Hardy, Ph.D., M.P.H., é diretora do Departamento de Educação na sede da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia. Outubro 2017 | Adventist World
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Comemora
Caron Oswald
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G L O W / F A C E B O O K
com abundância de histórias!
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LOW – Giving Light to Our Word (Levando Luz ao Nosso Mundo) foi iniciado em 2007 com uma ideia simples: cada crente compartilha esperança e um futuro em Jesus, todos os dias e onde quer que for. Durante os últimos dez anos, foram impressos 85 milhões de folhetos GLOW, em mais de 60 idiomas, com 40 títulos, para 45 países. Um “exército” em crescimento contínuo – jovens, idosos, e todas as idades entre eles – carregam esses folhetos e confiam na direção de Deus. Esse é um estilo de vida. GLOW segue o modelo dos pioneiros do movimento Adventista. Na visão dada por Deus a Ellen White, em 1848, com uma mensagem para seu esposo, Tiago: “Deves começar a publicar um pequeno jornal e mandá-lo ao povo. [...] Desde este pequeno começo foi-me mostrado assemelhar-se a torrentes de luz que circundavam o mundo”.1 Essa foi uma referência à revista Present Truth (Verdade Presente), mais tarde a Adventist Review and Sabbath Herald (Revista Adventista e Arauto do Sábado). No entanto, é o mesmo princípio dos folhetos GLOW. Neste momento, em algum lugar do mundo, alguém está
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Esse grupo distribuiu folhetos do GLOW na Romênia e Ucrânia preparando para as campanhas evangelísticas que seriam realizadas na região. Mulher, em Fiji, confere na sua Bíblia a informação contida em um dos folhetos GLOW.
entregando um folheto GLOW. A seguir, algumas histórias breves de experiências com o GLOW. Estados Unidos
Quando o Papa Francisco visitou Filadélfia e Pensilvânia, em setembro de 2015, estimavam que a multidão que compareceria ao concerto chegaria a 500 mil pessoas. Para a missa do domingo, esperava-se mais de um milhão de pessoas. Por isso, os líderes do GLOW organizaram uma viagem missionária de dez dias para Filadélfia com o objetivo de distribuir um milhão de folhetos. Certa tarde, um jovem voluntário estava distribuindo os folhetos GLOW em um estacionamento, e entregou um deles a um senhor. “Onde está o outro homem?” ele perguntou. “Que homem?” respondeu o voluntário. E o senhor explicou. Duas semanas antes ele havia sonhado que um homem alto, loiro que entregava a ele três folhetos GLOW. Aquele que
acabava de receber, sabia os títulos de dois outros folhetos que também tinha visto no sonho. O voluntário mal podia crer que aqueles folhetos estavam em sua bolsa, e ele não havia entregado. Ali estavam os três, um de cada! O homem agradeceu o voluntário pelos folhetos e seguiu seu caminho. O rapaz ainda não tem certeza sobre quem era o homem loiro do sonho.
Liz olhou para David e Taylor. “Creio que isso é de Deus. Em meu sonho, vi dois ministros à minha porta, trazendo esperança. Ouvi uma voz do céu dizendo: ‘Essa é sua última chance. Estou voltando em breve’! Por favor, ore por mim. Preciso de Jesus na minha vida!” Filipinas
Quênia
Moisés, do Quênia, enviou sua experiência por e-mail: “Não sou adventista do sétimo dia praticante, mas leio sua revista, a Adventist World, e destaco os folhetos GLOW.2 Entreguei o folheto ‘Segredos para a Saúde Mental’ para um paciente terminal. Após a leitura, ele entregou sua vida a Cristo, antes de morrer. Quero mais de suas revistas e os folhetos GLOW.” Holanda
Danny, da Holanda, estava cortando o cabelo. Algumas semanas antes, após dizer que era cristão, ele e sua cabelereira haviam conversado sobre o sábado. Então, ela fez uma pergunta a Danny: “Eu não entendo por que você vai à igreja aos sábados e todo mundo vai aos domingos ”. Danny deu a ela vários textos bíblicos e um exemplar do O Grande Conflito, de Ellen White. Na vez seguinte em que Danny foi cortar o cabelo, ele tinha um plano. Enquanto estava sentado no salão, lia as notas que havia escrito nas margens da sua Bíblia. Curiosa, a cabelereira perguntou sobre o que estava lendo. Ele disse que eram textos sobre o sábado no livro de Atos, e mostrou alguns, que ela leu em voz alta. Um outro cliente chegou mais perto para ouvir a conversa. A cabeleireira, com entusiasmo, resumiu tudo o que tinha acabado de ouvir. A essa altura, a cabeleireira já estava convencida de que o sábado é o dia de guarda e queria falar com o esposo a esse respeito. Danny deu a ela alguns folhetos GLOW, para que distribuísse entre seus clientes, como ela desejava. Danny deixou com ela uma pilha de folhetos, desejando que seu cabelo crescesse rápido para voltar e cortar outra vez! Estados Unidos
Nos Estados Unidos, Liz estava trabalhando em casa quando ouviu uma batida na porta. Quando abriu, David, que estava entregando folhetos GLOW, já estava indo para a próxima casa. Liz o chamou para que soubesse que ela estava em casa. De volta à varanda dela, David entregou a Liz um folheto GLOW. “Estou arrepiada!” disse Liz. “Não faz muito tempo que eu tive um sonho. Sonhei com dois ministros do evangelho indo até minha casa entregar literatura”. David ficou muito feliz ao ouvir sobre seu sonho, mas ele estava sozinho. Naquele momento, Taylor, seu companheiro missionário, chegou. Tinha acabado seus folhetos e voltou para buscar mais, com David. Agora, ali estavam os dois ministros do evangelho à sua porta.
Nas Filipinas, um membro de igreja passou por uma experiência pessoal do que é Transmitir Luz ao Nosso Mundo. Certa tarde, ele estava passando em vários bairros entregando folhetos GLOW. O costume em sua cidade em relação ao lixo, é fazer pequenas pilhas perto da rua e queimar. Alguém colocou fogo em uma pilha de lixo perto de onde o membro da igreja estava entregando os folhetos. Então, um homem que estava passando, percebeu que um papel voou para pilha de lixo e não estava queimando. Intrigado, ele pegou o papel e tentou colocar fogo – mas ele não queimava! O homem chamou algumas pessoas para ver esse episódio estranho. Sem palavras, um pequeno grupo observava suas tentativas frustradas de queimar o folheto. O membro da igreja, do outro lado da rua, percebeu o grupo e foi lá para ver o que estava acontecendo. Impressionado, disse ao grupo que ele era a pessoa que estava distribuindo aqueles folhetos. Então, convidou todos para uma reunião evangelística na sua cidade, naquela noite. Alguns foram só aquela noite; outros continuaram indo até o final das conferências. Foram batizadas várias das testemunhas do folheto que não se queimava! “Gosto muito dessas histórias”, disse Nelson Ernst, diretor do GLOW na União do Pacífico, nos Estados Unidos. “Como quando uma criança derrubou um folheto do segundo andar de um shopping, e ele caiu dentro da bolsa de uma senhora. Ou quando alguém foi impedido de se suicidar porque um folheto GLOW foi entregue a ela no momento certo. Mas provavelmente minhas histórias preferidas são quando os membros da igreja estão animados por terem participado do trabalho missionário e experimentam a satisfação e realização que resulta do ministério abnegado”. Para saber mais sobre o GLOW, visite a página sdaglow. org. Para assistir os vídeos com os testemunhos do GLOW, visite vimeo.com/user13970741. n 1 Ellen
G. White, Colportor Evangelista (Casa Publicadora Brasileira), p. 1. exemplares da Adventist World GLOW publicaram folhetos GLOW
2 Alguns
Caron Oswald, aposentada, serviu como vice-presidente de comunicação na Associação Califórnia Central.
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R E S P O S T A S
Raramente ouço referências aos crentes como peregrinos neste mundo. Essa não era uma boa imagem bíblica?
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P E R G U N T A S
Estrangeiros e peregrinos
Essa sempre foi uma imagem bíblica valiosa para designar o povo de Deus. A tendência agora é usar uma ideia menos religiosa de jornada. Imagino que isso tenha que ver com o secularismo e o que é politicamente correto. Consequentemente, falamos sobre “a jornada da minha vida”, que é uma questão pessoal. Vamos explorar alguns dos principais componentes da imagem bíblica do povo de Deus como peregrinos. 1. Povo em movimento: Pode parecer que a imagem de peregrinos na Bíblia aparece no contexto da queda no Éden. Como resultado da rebelião humana, Deus os “mandou embora do jardim do Éden”; para longe da árvore da vida (Gn 3:23). Inclusive é declarado que o Senhor “expulsou o homem” (v. 24). O verbo garash (“expulsar”) é o mesmo verbo usado para se referir à atividade divina de expulsar os cananeus pecadores de sua terra (e.g., Êx 33:2; Js 24:18; Sl 78:55). Após a queda no Éden, os seres humanos perderam sua terra e foram levados a uma terra hostil e quase improdutiva (Gn 3:17-19). Dois querubins guardavam “o caminho da árvore da vida” (v. 24). Daí em diante os seres humanos viveram como peregrinos, ou estrangeiros, na terra que originalmente não era deles. A imagem se aplica especificamente aos patriarcas (Gn 15:13; 35:27; 47:9) e aos israelitas quando saíram do Egito. Mesmo antes de viverem na terra de Canaã o Senhor descreveu Seu povo como estrangeiros na terra que Ele deu a eles (Lv 25:23). Davi reafirmou essa realidade (1Cr 29:15; Sl 39:12). O plano de Deus era dar ao Seu povo uma terra melhor, que Isaías chamaria de “novo Céu e nova Terra” (Is 65:17). 2. Peregrinos e identidade: Para os estrangeiros é difícil esconder sua identidade. Eles diferem dos nativos no modo como se vestem, falam e no que comem. Quando aplicado aos crentes, a imagem transmite a ideia de que o povo de Deus é peculiar entre as nações da terra. Eles são peregrinos porque Cristo, ao preço de Sua morte sacrifical, os chamou de peregrinos; para estar no mundo, mas não pertencer ao
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mundo; para ser santos (Hb 11:8; 1Pe 1:17, 18; Jo 17:14-17). Ele era o peregrino por excelência, e Se tornou o “caminho” da vida para os peregrinos (Jo 14:6). Os cristãos, como cidadãos da cidade celestial, são chamados para representar, de todas as maneiras possíveis, os princípios do seu lar celestial por meio da sua conduta. Como estrangeiros e forasteiros, não devem ser controlados pelos desejos da natureza pecaminosa (1Pe 2:11), mas mantendo “exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios” (1Pe 2:12, ARA).* Em sua peregrinação pela terra do pecado e sofrimento, eles passam por provações, mas são incentivados a perseverar(1Pe 1:6, 7). 3. Peregrinos e esperança: A imagem do povo de Deus como peregrinos também apresenta um componente do tempo do fim. A peregrinação não é uma jornada aleatória; é orientada para um objetivo. Abraão saiu em busca da “cidade que tem alicerces, cujo arquiteto e edificador é Deus” (Hb 11:10). O destino final dos peregrinos é o lugar que orienta todos os outros lugares: a habitação de Deus. Eles aguardam ansiosamente o dia em que estarão no centro cósmico da adoração para se prostrar em louvor e gratidão ao seu Criador e Redentor. Isso acontecerá na segunda vinda, quando Cristo cumprirá a promessa de levá-los para a casa do Seu Pai, feita aos Seus discípulos (Jo 14:1-3). Agora, pela fé nas promessas divinas, a jornada dos peregrinos em direção à cidade celestial, uma pátria melhor (Hb 11:16), possui esse alvo específico. Quanto aos peregrinos do passado, é dito que “viram-no de longe e de longe o saudaram, reconhecendo que eram estrangeiros e peregrinos na terra” (v. 13). Os peregrinos esperam as promessas de Deus com absoluta confiança. Ao mesmo tempo, eles contam aos outros que são peregrinos, e os convidam a se unirem a eles em sua viagem para o centro do cosmos, onde Deus habita. n * A menos que especificado, todos os textos bíblicos foram extraídos da Nova Versão Internacional.
Ángel Manuel Rodríguez se aposentou após servir como pastor, professor e teólogo.
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B Í B L I C O
Mark A. Finley
O Cristo incomparável
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esus é divino. Ele sempre existiu (Jo 8:58). Ele não teve um começo e nunca terá um fim. Ele é desde a eternidade (Mq 5:2, ARA). A natureza eterna de Cristo está intimamente ligada à Sua habilidade de redimir a humanidade. Um anjo não poderia nos redimir. Anjos são seres criados. Eles não têm vida eterna, por isso não podem nos dar vida eterna. Se Jesus não fosse eterno, não teria autoridade para nos dar algo que Ele não tem. Algumas pessoas leem certos textos bíblicos que dizem “o começo da criação de Deus”, “o primogênito da criação” e “gerado pelo Pai” e, erroneamente concluem que, em algum tempo de um passado distante, Cristo foi trazido à existência e não é eterno. Na lição deste mês examinaremos cuidadosamente essas passagens.
1 Que título João, o revelador, usou para descrever Jesus? Leia Apocalipse 3:14. Algumas pessoas têm dúvida sobre a expressão: “O Soberano da criação de Deus.” Jesus foi o primeiro ser criado? A palavra grega para “princípio” nessa passagem é arche. Ela significa literalmente o originador, a principal causa, o que iniciou a criação de Deus. Jesus é o princípio da criação de Deus no sentido de que Ele criou todas as coisas (Ef 3:8, 9).
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Ao descrever Jesus como Criador, que termo o apóstolo Paulo usou? Leia Colossenses 1:15, 16. Na Bíblia o “primogênito” era privilegiado no recebimento da herança como o representante de seu pai. O primogênito mantinha o registro das riquezas e propriedades do seu pai. O termo primogênito nem sempre estava relacionado ao nascimento, mas à sua posição privilegiada. Davi foi chamado de primogênito quando na realidade ele era o filho caçula de Jessé. Ele era preeminente sobre todas as tribos de Israel. Jesus é chamado de “o Primogênito” dos mortos (Ap 1:5). Muitos foram ressuscitados antes Dele, mas Ele é o preeminente sobre a morte porque Ele venceu a sepultura.
3 Como Hebreus 1 revela a natureza eterna de Jesus? Leia os versos 1 a 3. Jesus é o “resplendor” da glória do Pai, a “expressão exata” da Sua pessoa. Essas duas expressões retratam poderosamente o eterno relacionamento entre Cristo e o Pai.
4 Por que a Bíblia usa a expressão “Filho unigênito” para descrever Jesus Cristo? Compare João 1:14, 3:16, e 1 João 5:1. “Unigênito” descreve o papel singular de Jesus como Filho divino de Deus, nascido neste mundo. Ninguém no Universo é como Ele. Ele é tanto Filho de Deus como Filho do homem. “Unigênito” é usado para retratar o novo nascimento (1Jo 5:1). Quando nascemos de novo, somos “unigênitos” de Deus. Isso não quer dizer que existimos antes; simplesmente revela a singularidade de nosso novo nascimento quando renascemos para uma nova vida.
5 Quando o anjo revelou a Maria que ela daria à luz ao Cristo, que termos ele usou para descrever Jesus? Leia Lucas 1:31-35. 6 Se Jesus e o Pai existem desde a eternidade, por que Jesus é chamado de “Filho de Deus”, e por que Ele declarou que o Pai é maior? Compare as seguintes passagens: Lucas 19:10, João 14:28, e Filipenses 2:5-9. A declaração de Jesus afirmando: “O Pai é maior do que Eu” foi dita à luz de Sua encarnação. Quando Jesus Se tornou homem, Ele abriu mão dos Seus privilégios e prerrogativas de igualdade com Deus. Como várias traduções colocam, Ele “esvaziou-Se” de Si mesmo. Jesus voluntariamente entregou Seus direitos de igualdade com Deus para nos redimir. Somente Um igual com o Pai poderia revelar o amor do Pai para a humanidade perdida, representar o Pai para a humanidade caída e nos redimir da penalidade e poder do pecado. Jesus é único. Em todo o Universo, ninguém mais é igual a Ele. É o Filho eterno de Deus, coexistente com o Pai desde a eternidade. Por essa razão, Ele tem a habilidade para nos salvar. Podemos louvar a Deus por Seu maravilhoso amor! n
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TROCA DE IDEIAS
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A R Q U I V O S D O M U S E U N A C I O N A L
ANOS
de
eforma
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Martinho Lutero, monge alemão, postou 95 teses (proposições) para reforma da Igreja Católica Romana.
O pregador suíço Ulrich Zwinglio acrescenta sua voz no chamado à Reforma.
S E L O :
S T O C K U N L I M I T E D
O rei Henrique VIII, da Inglaterra, usou a Reforma como desculpa para se divorciar de sua esposa Catarina de Aragão, casar-se com Anne Boleyn e iniciar a Igreja da Inglaterra.
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H E N R I Q U E :
P R O J E T O
A R T Í S T I C O G O O G L E M O L D U R A : P I X A B AY
GRATIDÃO
Necessito de orações para passar em todas as matérias da escola neste semestre. Morris, por e-mail Por favor, ore por mim para ser libertada da escravidão financeira. Monique, por e-mail Meu esposo e eu estamos orando por um bebê Arina, por e-mail Por favor, ore por minha esposa e por nossa vida espiritual, para que Deus nos dê poder para vencer a tentação, o pecado e para que coloquemos nossa confiança em Deus. Tinei, por e-mail
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Adventist World | Outubro 2017
O Senhor colocou em meu coração o desejo de iniciar meu próprio negócio e ajudar idosos necessitados. Por favor, ore para que eu me humilhe diante do Senhor e confie em Seus planos para minha vida. Dominique, por e-mail Por favor, ore por Gail M., que é sobrevivente de um câncer de mama, e agora precisa de uma biópsia devido a uma suspeita na mamografia. Gail, por e-mail Por favor, ore por mim. Estou lutando em minha caminhada com Cristo e tentando renovar a minha mente. Tiffany, por e-mail
Por favor, ore pela libertação da minha filha, que é alcóolatra. Cheryl, por e-mail Ore pela saúde dos meus pais e minha. Necessito de ajuda para escolher o caminho certo para minha vida durante os anos da adolescência. Thabisile, por e-mail Jesus, por favor, perdoe meus muitos pecados e me cure. Michael, por e-mail Muito obrigada por suas orações. Passei no exame de licenciatura para professores profissionais. Alyssa, Filipinas
P O S S I V E L M E N T E H A N S H O L B E I N
P O R :
1541 1545
1560 1562 1568
João Calvino funda uma igreja Protestante em Genebra na Suíça.
John Knox funda a Igreja Protestante na Escócia.
A Igreja Católica Romana lança a Contra-Reforma.
O hino de Martinho Lutero: “Castelo Forte”, é considerado “O Hino da Batalha da Reforma”.
Católicos e protestantes se chocam violentamente na França.
Protestantes holandeses lideram uma revolta contra a Espanha católica.
PLÁSTICO prolífico
822.000 T O R R E S E I F F E L
80 MILHÕES
DE BALEIAS-AZUIS
25.000 P R É D I O S E M P I R E S TAT E
Peço oração por um amigo que está passando por grandes problemas. Ele necessita da mão de Deus nesse período difícil. Eliezar, por e-mail Por favor, ore por mim. Preciso de uma mudança drástica em minha vida. Parece que nada está certo. Tamary, por e-mail I O É D P R
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1BILHÃO
D E E L E FA NT E S
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Fonte: USA Today
IM
Oração & Gratidão: Envie seus pedidos de oração ou agradecimentos (gratidão por orações respondidas) para prayer@adventistworld.org. As participações devem ser curtas e concisas, de no máximo 50 palavras. Os textos poderão ser editados por questão de espaço e clareza. Nem todas as participações serão publicadas. Por favor, inclua seu nome e o nome do seu país. Os pedidos também podem ser enviados por fax para o número: 1-301-680-6638; ou por carta para Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, MD 20904-6600, EUA.
Desde a década de 1950, foram produzidos no mundo 8.255.381.134.000 quilos de plástico. A China, os Estados Unidos e a Europa são responsáveis pela maior quantidade da produção de plástico. Um estudo publicado pelo jornal Avanços da Ciência revela que apenas nove por cento do plástico foi reciclado. Os melhores recicladores estão na China e Europa. IT
E D
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E N G
TROCA DE IDEIAS
K E V I N
Há
Creio no cristianismo
565
anos
E
m 30 de setembro de 1452, foi concluída a primeira seção da Bíblia de Gutenberg, em Mainz, Alemanha, por Johannes Gutenberg. A maioria dos livros antigos eram escritos em pergaminhos, embora uma inovação no segundo século d.C. – o códice, um grupo de páginas unidas em uma extremidade – nos deu o formato familiar do livro que conhecemos hoje. Os primeiros códices foram produzidos à mão por monges scriptorius, trabalhando com pena e tinta, copiando manuscritos, uma página por vez. Produzir um livro do tamanho da Bíblia, rico em cores e iluminações, levaria anos. A genialidade de Gutenberg foi separar cada elemento do script da letra preta caligráfica comumente usada pelos escribas em seus componentes mais básicos – letras minúsculas e maiúsculas, pontuações e ligaduras conectadas ao padrão na caligrafia medieval – cerca de 300 formas diferentes eram fundidas em quantidade e arrumadas para formar palavras, frases, e páginas completas de texto. Ele também inventou a impressora. Gutenberg produziu cerca de 180 cópias da Bíblia: 145 foram impressas sobre papel feito à mão, importado da Itália, e as outras em papel velino, mais luxuoso e caro. Somente quatro dúzias dessas Bíblias de Gutenberg permanecem até hoje, e delas, somente 21 estão completas. Os contemporâneos de Gutenberg chamavam sua impressora de “a arte de multiplicar livros”. Esse foi um catalizador importante para a Renascença, revolução científica e Reforma Protestante. Fonte: The Writer’s Almanac
Uma nova Zona
Azul
Fonte: The Lancent/The Rotarian
Adventist World | Outubro 2017
sol nasceu: não apenas porque posso ver,
mas porque é por meio dele que vejo todas as outras coisas. – C. S. Lewis (1898-1963).
Lutero Lutero postou suas 95 teses no dia 31 de outubro, porque o dia seguinte,
A população com as artérias mais saudáveis do mundo é encontrada entre o povo Tsimané, na Amazônia boliviana. Seus homens são ativos de seis a sete horas por dia; as mulheres são ativas de quatro a seis horas por dia. Sua dieta consiste de 72% de carboidratos não processados e rico em fibra (arroz, castanhas, frutas) e 14% de proteína. Cerca de 90 por cento dos Tsimané em idades entre 40 a 94 anos não sofrem risco de contrair doenças cardíacas, comparados a apenas 14 por cento das pessoas que vivem em áreas industrializadas.
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como creio que o
P L A N TA I N S : M O R G U E F I L E R I C E B O W L : P I X A B AY
Dia de Todos os Santos, era feriado, e ele esperava maior exposição para as suas teses.
O Dia da Reforma (31 de outubro) é feriado nacional no Chile.
ATÉ
5O P A L A V R A S
“Eis que cedo venho…”
Nossa missão é exaltar a Jesus Cristo, unindo os adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só crença, missão, estilo de vida e esperança.
Minha
promessa bíblica
preferida
Minha promessa preferida vem do meu livro preferido da Bíblia: Isaías. “Tu, Senhor, guardarás em perfeita paz aquele cujo propósito está firme, porque em ti confia.” (Is 26:3). n
– Roberto, San Juan de Pasto, Colômbia
“O que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1 Jo 5:4). Deus filhos fracos; Ele quer filhos poderosos na fé em Jesus. n
– Tuxtla, Chiapas, México
“Não se perturbe o coração de vocês. […] Na casa de meu Pai há muitos aposentos; […] Vou preparar-lhes lugar.E se eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver” (Jo 14:1-3) n
– Sarah, por e-mail
“Pois estou convencido de que nem morte nem vida, […], nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8:38,39). Essa promessa maravilhosa nos diz que Deus está sempre conosco. n
– Samir, por e-mail
Na próxima vez, fale sobre seu hino preferido, com até 50 palavras. Diga-nos o título, por que é o preferido, seu nome e onde você mora. Envie para Letters@AdventistWorld.org. Na linha do assunto, coloque: 50 palavras.
Editor Adventist World é uma publicação internacional da Igreja Adventista do Sétimo Dia, editada pela Associação Geral e pela Divisão do Pacífico Norte-Asiático. Comissão Editorial Ted N. C. Wilson, presidente; Guillermo Biaggi, vice-presidente; Bill Knott, secretário; Lisa Beardsley-Hardy; Williams Costa, Daniel R. Jackson; Peter Landless, Robert Lemon; Geoffrey Mbwana; G. T. Ng; Daisy Orion; Juan Prestol-Puesán; Ella Simmons; Artur Stele; Ray Wahlen; Karnik Doukmetzian, assessor legal. Editor Administrativo e Editor-Chefe Bill Knott Gerente Internacional de Publicação Pyung Duk Chun Comissão Coordenadora da Adventist World Jairyong Lee, chair; Yutaka Inada, German Lust, Pyung Duk Chun, Suk Hee Han, Dong Jin Lyu Editores em Silver Spring, Maryland, EUA André Brink, Lael Caesar, Gerald A. Klingbeil (editores-assistentes), Sandra Blackmer, Stephen Chavez, Costin Jordache, Wilona Karimabadi Editores em Seul, Coreia do Sul Pyung Duk Chun, Jae Man Park, Hyo Jun Kim Gerente de Operações Merle Poirier Colaboradores Mark A. Finley, John M. Fowler Conselheiro E. Edward Zinke Administradora Financeira Kimberly Brown Coordenador de Avaliação de Manuscritos Marvene Thorpe-Baptiste Comissão Administrativa Jairyong Lee, presidente; Bill Knott, secretário; Chun, Pyung Duk; Karnik Doukmetzian; Han, Suk Hee; Yutaka Inada; German Lust; Ray Wahlen; Ex-officio: Juan Prestol-Puesán; G. T. Ng; Ted N. C. Wilson Diretor de Arte e Diagramação Jeff Dever, Brett Meliti Consultores Ted N. C. Wilson, Juan Prestol-Puesán, G. T. Ng, Guillermo E. Biaggi, Mario Brito, Abner De Los Santos, Dan Jackson, Raafat A. Kamal, Michael F. Kaminskiy, Erton C. Köhler, Ezras Lakra, Jairyong Lee, Israel Leito, Thomas L. Lemon, Solomon Maphosa, Geoffrey G. Mbwana, Blasious M. Ruguri, Saw Samuel, Ella Simmons, Artur A. Stele, Glenn Townend, Elie Weick-Dido Aos colaboradores: São bem-vindos artigos enviados voluntariamente. Toda correspondência editorial deve ser enviada para: 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring MD 20904-6600, EUA. Escritórios da Redação: (301) 680-6638 E-mail: worldeditor@gc.adventist.org Website: www.adventistworld.org Adventist World é uma revista mensal editada simultaneamente na Coreia do Sul, Brasil, Argentina, Indonésia, Austrália, Alemanha, Áustria, México e nos Estados Unidos.
V. 13, nº- 10
Outubro 2017 | Adventist World
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