Revista Internacional da Igreja Adventista do Sétimo Dia
Ju l h o 2 01 5
Nosso encontro com 10
Malária:
ameaça contínua
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Design na
natureza
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Reflexo
perfeito
Julho 2015
A R T I G O
16
D E
C A P A
Nosso encontro com Deus
Gideon e Pam Petersen
A experiência no campo missionário é tanto de ensino como de aprendizado.
8 Chamados à fidelidade V I S Ã O
M U N D I A L
Ted N. C. Wilson
Mesma canção, segunda estrofe.
F U N D A M E N T A I S
Judith e Sven Fockner
Jesus prometeu nos preparar um lugar.
21 Design na natureza F É
E
C I Ê N C I A
Tim Standish
As evidências estão em todos os lugares.
22 Igreja em crescimento – novos O
E S P Í R I T O
desafios para a mensageira de Deus
11 O Grande Conflito V I D A
C R E N Ç A S
D E S C O B R I N D O D E P R O F E C I A
14 Com o Cordeiro no lar
A D V E N T I S T A
Theodore N. Levterov
À medida que a influência de Ellen White aumentava, mais frequentes eram suas viagens.
Mihai Goran
É natural: nós aprendemos e compartilhamos.
24 Ver Sua face S E R V I Ç O
A D V E N T I S T A
12
D E V O C I O N A L
Katrina
Efraín Velázquez II
Da total segurança para a completa incerteza.
Diana Dyer
Nunca sabemos quando estamos na presença de Alguém especial.
SEÇÕES 3 N O T Í C I A S
DO
MUNDO
3 Notícias breves 6 Notícia principal 27 Histórias do GLOW
10 S A Ú D E N O M U N D O Malária: ameaça contínua
26 R E S P O S T A S
PERGUNTAS
A BÍBLICAS
Reflexo perfeito
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TROCA
DE
IDEIAS
www.adventistworld.org On-line: disponível em 10 idiomas Tradução: Sonete Magalhães Costa Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald Publishing Association. Copyright (c) 2005. v. 11, nº- 7, Julho de 2015.
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F o ta
d a
C a pa :
A d v e n t i s t
F r o n t i e r
M i s s i o n
N ot í cias do M u ndo
Na Hungria, adventistas
se reconciliam após
40 anos
Andrew McChesney
TED
“Todo cristão necessita de duas conversões: uma do mundo para Cristo e, outra, de volta para o mundo, com Cristo.” –John Stott Um sábio professor da faculdade uma vez observou em nossa aula de religião que a jornada para a missão adventista é sempre vivida entre dois verbos cruciais: vir e ir. Ambos são necessários para a compreensão do significado do discipulado. Se enfatizarmos somente o “vir” a Jesus, inevitavelmente seguiremos na direção da religião voltada para nossa própria experiência de salvação – nosso conforto, nossa esperança, nosso comportamento, nosso ponto de vista, sem nos preocuparmos muito com aqueles que ainda não O conhecem. Se, em nome de Jesus, sublinharmos apenas o “ir”, perderemos a vital experiência da graça recebida, que nos qualifica a testemunhar sobre o que Jesus fez por nós pessoalmente. Vamos acabar destacando medidas orgulhosas de nosso aparente sucesso como missionários: milhares batizados, milhões servidos, prédios construídos, verdades proclamadas. Ao destacar a história de Lucas 10 sobre a missão dos 70 discípulos, muitas vezes esquecida, ele nos lembrou de que toda verdadeira missão é um ciclo: ir a Jesus, aprender dEle; sair em Seu nome e pelo Seu poder, fazer maravilhas; retornar a Ele com histórias de livramento; ser enviado outra vez com a fé mais profunda e maior desejo de ouvir e aprender com aqueles a quem servimos. Por dez anos maravilhosos, esta revista tem contado a história da missão adventista em todo o mundo. Nossa equipe internacional de escritores, editores, tradutores, diagramadores e distribuidores tem trabalhado diligentemente para, em nome de Jesus, comunicar tanto o “vir” como o “ir”, essenciais à missão. Nessas páginas, você encontrará histórias para fortalecer sua fé e aumentar seu amor por Jesus e por Sua igreja. Encontrará também, artigos úteis e inspiradores que relembram à igreja de Deus que o trabalho para o Senhor é muitas vezes acompanhado por desafios e provações. Além disso, esperamos que você descubra um amor ainda maior por este mundo aflito, pelas pessoas desatentas e, por meio de Jesus, compartilhe as boas-novas de salvação e esperança em Seu breve retorno.
Tamás Ócsai, à direita, presidente da União Húngara, assina documento com János Cserbik, líder do KERAK.
■■ A Igreja Adventista do Sétimo Dia, na Hungria e um grupo separatista de centenas de ex-adventistas, concordam em deixar de lado as incompatibilidades do passado e trabalhar juntos para curar ressentimentos de 40 anos. A igreja húngara se separou, em 1975, devido a protestos de jovens pastores e outros membros contra a colaboração dos líderes da igreja local com o Concílio de Igrejas Livres. Esse Concílio era um corpo formado para representar o interesse comum de pequenas denominações protestantes e que, mais tarde, se tornou em ferramenta do estado comunista. Em cerimônia, Tamás Ócsai, presidente da União Húngara e János Cserbik, líder do KERAK, como é conhecido o grupo separatista, assinou um documento intitulado “Declaração Conjunta de Acerto de Contas do Passado para Construir um Futuro Comum”. “Estou muito satisfeito de que esse rompimento de 40 anos esteja chegando ao fim para a maior parte do grupo”, disse Benjamin D. Schoun, vice-presidente geral da Igreja Adventista mundial, que desempenhou papel importante na reconciliação entre os dois lados. “Esse é um testemunho do uso dos métodos bíblicos de reconciliação e da boa vontade entre ambos os lados de avançar na direção um do outro”, disse Schoun em entrevista. “Eles ainda têm muitos detalhes a ser trabalhados, e nós devemos continuar orando por essa iniciativa.”
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N ot í cias do M u ndo A Igreja Adventista na Hungria tem 4.629 membros, em 104 igrejas, e o KERAK tem entre 1.500 a 1.800 membros. Os líderes locais da igreja presumem que cerca de 600 membros retornarão neste verão, 400 não pretendem retornar e o restante está aberto à ideia. O tão esperado documento de reconciliação é visto como o primeiro passo para a união dos dois lados. Para chegar a um acordo, a Igreja Adventista reconheceu que, em 1975, excluiu o grupo dissidente de 518 membros, a grande parte sem motivo. “Após muito tumulto, que dividiu a igreja ao meio, o grupo foi excluído, praticamente sem um motivo com base bíblica”, disse em comunicado a Divisão Transeuropeia da Igreja Adventista, da qual a Hungria faz parte. A princípio, os membros excluídos se organizaram como uma igreja clandestina no que, na época, era um país do bloco soviético; no entanto, mais tarde o grupo emergiu denominando-se oficialmente por KERAK, ou Comunidade Adventista Cristã. Após a queda do regime comunista, em 1989, líderes adventistas de todos os níveis da igreja tentaram reunir a igreja na Hungria, porém, sem sucesso. As negociações pela reunificação cessaram por volta do ano 2000. No entanto, em 2011, uma nova geração de líderes da KERAK começou a conversar com a liderança da união e associação. O acordo de 23 de abril marca uma decisão importante na vida da igreja húngara, disseram os líderes da igreja. “Nos últimos dois anos, testemunhei pessoalmente a expressão genuína tanto dos membros como dos líderes”, disse Kamal. “Cristo está voltando em breve e está reunindo os crentes adventistas na Hungria para que, em um pensamento e concentrados na missão da igreja, eles sejam o sal e a luz.”
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Acima: Paul Ratsara, presidente da Divisão África do Sul-Oceano Índico, fala na comemoração do primeiro milhão de membros, em Lusaka, Zâmbia. Esquerda: Edger Lungu, presidente da Zâmbia, presente como convidado de honra. F o t o :
U n i ã o
d a
Z â m b i a
Presidente da Zâmbia
comemora um
milhão de Adventistas Andrew McChesney ■■ O presidente da Zâmbia se uniu a milhares de crentes adventistas em um estádio para comemorar o primeiro milhão de membros da Igreja Adventista naquele país africano. O presidente Edger Lungu assistiu ao desfile dos desbravadores em uniformes verde e branco e participou do culto no Estádio de Heróis Nacionais em Lusaka, capital da Zâmbia, durante a comemoração do sábado. “O nome de Deus e de Sua igreja foi
enaltecido. Foi um grande momento para a Igreja Adventista do Sétimo Dia na Zâmbia”, disse Paul Ratsara, presidente da Igreja na Divisão África do Sul-Oceano Índico, cujo território inclui a Zâmbia. “O presidente do país e as autoridades decidiram assistir ao culto divino”, disse Ratsara em entrevista. “Tive a pesada responsabilidade de partir o pão da vida.” Com esse número de membros
A Igreja Adventista em Porto Rico faz grande doação para o
Nepal
Libna Stevens, IAD
H o s p i ta l
Outras entidades adventistas também estão levantando doações para o Hospital Memorial Scheer, localizado fora de Kathmandu, capital do Nepal. A ADRA também está buscando doações que tem distribuído assistindo a população e a igreja adventista no Nepal, cujo presidente, Umesh Pokharel, passou semanas viajando por aldeias distantes para distribuir alimentos e barracas entre adventistas e seus vizinhos. Mas nenhuma doação oriunda de igrejas parece ser tão generosa quando a dos adventistas de Porto Rico. Eles abriram uma conta bancária para as
M e m o r i a l
■■ Ondas de choque do poderoso terremoto que atingiu o Nepal chegaram até a ilha caribenha de Porto Rico. A comunidade adventista tem uma ligação especial com esse país do sul da Ásia. Poucos dias após o terremoto do dia 25 de abril, os líderes adventistas em Porto Rico, solicitaram a duas associações que levantassem fundos para o Hospital Memorial Scheer. O diretor médico e administrador Fernando Cardona é natural de Porto Rico. Milhares de dólares foram rapidamente arrecadados e José Alberto Rodriguez, presidente da Igreja Adventista em Porto Rico, disse que sua expectativa é de que o valor supere os duzentos mil dólares. “Temos uma igreja generosa”, disse Rodriguez, que também trabalha como diretor da Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA), em Porto Rico. “Também temos muitos amigos da igreja que acreditam no trabalho da ADRA e gostam de ajudar os outros.” O valor em dinheiro levantado pela igreja relativamente pequena em Porto Rico, com cerca de 34 mil membros, é impressionante. Os membros da igreja local têm recordes históricos de doações e também de animar outros a doar. Rodriguez liderou a doação de recursos pelo escritório da ADRA Porto Rico que coletou vários milhares de dólares após o terremoto devastador que atingiu o Haiti, em 2010.
Sc h e e r
recorde, a Zâmbia tem mais membros adventistas do que qualquer outro país na África e se iguala a apenas outros três países com mais de um milhão de membros: Brasil (1,5 milhão), Índia (1,5 milhão) e os Estados Unidos (1,2 milhão). As Filipinas não estão muito atrás, com 918.669 membros, o Quênia (824.185) e Zimbábue (824.185). A Igreja Adventista tem 18,5 milhões de membros em todo o mundo. Ted N. C. Wilson, presidente da igreja adventista mundial, disse que louva a Deus pela bênção da igreja Adventista na Zâmbia. “Ele está abençoando Sua igreja de modo extraordinário ao suplicarmos pela chuva serôdia do Espírito Santo, para levarmos a mensagem do evangelho a todos os cantos do globo”, disse Wilson. Em Zâmbia, o evangelismo é um modo de vida e não um evento, apenas, disse Ratsara. E acrescentou que a Igreja Adventista, com cerca de seis mil congregações em um país de 15,5 milhões de habitantes, está crescendo rapidamente porque os membros leigos e pastores estão trabalhando juntos, e os membros recém-batizados são colocados em um programa chamado Pescadores de Homens, para torná-los formadores de discípulos. Muitos dos presentes no estádio em Lusaka eram jovens e da Sociedade de Dorcas da igreja; dois grupos que, segundo os líderes, impulsionaram o crescimento da igreja naquele país. “Os jovens têm sido dinâmicos por trás desse crescimento impressionante. As mulheres da famosa Sociedade de Dorcas são outro grande fator no crescimento do número de membros nos últimos anos”, disse G. T. Ng, secretário executivo da igreja adventista mundial. “Talvez a paixão e exuberância dos jovens e mulheres na vida e ministério da igreja em Zâmbia seja algo que a igreja mundial deva imitar.”
Médicos realizando cesariana ao ar livre no Scheer Memorial Hospital, próximo a Kathmandu.
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N ot í cias do M u ndo doações para o Nepal antes de organizar as conferências de notícias, em 28 e 29 de abril nas cidades de San Juan e Mayaguez. Repórteres dos principais jornais e canais de televisão estiveram presentes nos eventos. Cardona, médico-pediatra, há sete anos deixou seu cargo no Hospital Bela Vista, Mayanguez, para trabalhar no Nepal. Ele falou por telefone para a conferência de notícias de Mayanguez: “Deus tem sido bom para conosco, protegeu-nos e continua a nos dar forças para continuar ajudando o povo”, disse ele.
Outras maneiras de ajudar o Nepal n Doações para o Hospital Adventista Memorial
Scheer, perto de Kathmandu. A Associação Geral criou uma página da Internet para angariar fundos: fundly.com (goo.gl/JqV84X). A afiliada da ASI, Asian Aid USA também está arrecadando doações para o hospital na sua página, AsianAid.org. n Doações para a Igreja Adventista no Nepal
por cheque ou ordem de pagamento para “Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia”, especificando “Setor de doação para o Nepal” na linha do memo. O envelope deve ser endereçado para: Donation Cashier General Conference of Seventh-day Adventists 12501 Old Columbia Pike Silver Spring, MD 20904, Estados Unidos Esse dinheiro é para suprir as necessidades dos membros adventistas. n Doação para a ADRA: Visite ADRA.org e
clique em “Donate” no alto da home page. Residentes Canadenses podem doar na página adra.ca/nepal. O recurso irá para as iniciativas de assistência em geral.
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A missão
continua viva
Pouco antes de morrer, Børge Schantz viveu uma história impressionante que resultou em três batismos, 36 anos depois.
B
ørge Schantz viu sua paixão pelos muçulmanos e o serviço missionário convergirem inesperadamente na Dinamarca, quando se encontrou com um homem etíope que havia salvo de morte certa, havia 40 anos. Posteriormente, Schantz, um dos principais teólogos da Igreja Adventista na Europa, batizou a família desse homem, com uma história impressionante que pode servir como último testemunho da influência de um missionário adventista, falecido no dia 12 de dezembro de 2014, aos 83 anos de idade. Schantz escreveu Missionários, lição da Escola Sabatina da Igreja Adventista, que será estudada pelos adultos em todo mundo, no terceiro trimestre de 2015. O livro escrito em parceria com Steven Wayne Thompson, presidente aposentado do Newbold College, examina a vida de missionários como Abraão, Ester, Jonas e Paulo. A vida missionária do próprio Schantz recebeu cobertura de destaque no principal jornal da Dinamarca, o BT, em julho de 2014, quando ele se encontrou com Hassen Anbesse que, quando pequeno, foi abandonado por seus pais muçulmanos depois que uma hiena arrancou grande parte de seu rosto com
uma mordida. Quando morreu, Schantz estava escrevendo a história de Anbesse para a Adventist World. A história começou em 1978, quando Schantz foi convidado para dirigir uma Semana de Oração no Colégio Adventista da Etiópia, em Kuyera. Sentado com outras crianças na primeira fila, estava o tremendamente desfigurado Anbesse, que morava em um orfanato adventista próximo à escola. “Ele me impressionou muito”, disse Schantz em vários e-mails para a Adventist World, no fim de 2014. “Que tipo de futuro ele teria?” Uma cratera marcava o local em que um dia esteve o nariz de Anbesse. Não tinha pálpebras e a boca era caída. Quando o garoto ouviu Schantz falar sobre Jesus e o Céu, dentro dele nasceu o desejo de ganhar um rosto novo. Sem um rosto, seria sempre rejeitado e acabaria morrendo jovem. Após o culto, o garoto se aproximou de Schantz e deixou escapar: “Quando Jesus voltar eu vou ganhar um rosto novo.” Schantz disse que aquelas palavras ficaram martelando em sua cabeça por várias semanas. Anbesse, o filho de nômades que vagueavam pela fronteira entre a Etiópia e a Somália, tinha sido atacado por uma hiena aos 4 anos de
Sc r e e n g r a b s
f r o m
BT
v i d e o
Esquerda: SEGUNDA GERAÇÃO: Schantz batiza Natiel, filho mais velho de Anbesse, em 18 de outubro de 2014, menos de dois meses antes da morte de Schantz. Centro: REUNIDOS: No ano passado, Schantz e Anbesse se econtraram para filmar um vídeo sobre seu reencontro, para o jornal BT. Direita: DOS ARQUIVOS: Schantz e Anbesse olhando um jornal BT de 1978 com a manchete: “Ajude Hassen a Ganhar um Novo Rosto.” C o r t e s i a
d e
B ø r g e
Sc h a n t z
idade, quando dormia em uma tenda. Um adulto havia espantado o animal antes que matasse o garoto, mas os médicos não puderam fazer muito para reparar o dano. Quando, de férias, Schantz retornou à Dinamarca, convenceu o jornal BT a pedir o apoio dos leitores a fim de ajudar a trazer o garoto para ser operado na Dinamarca. O jornal publicou a história na primeira página da edição de 26 de julho de 1978, com o título: “Ajude Hassen a Ganhar um Rosto Novo”. A iniciativa levantou a considerável quantia de 80 mil coroas dinamarquesas. Anbesse foi submetido a uma série de cirurgias gratuitas por um cirurgião plástico. Permaneceu na Dinamarca por alguns anos, mudou-se para a Noruega, voltou à Etiópia e, de volta à Dinamarca, fixou residência. “Por ter uma grande cicatriz no rosto, sua vida não era fácil,” disse Schantz. Em Copenhague, após as cirurgias, Anbesse conheceu Hellen e se casou com ela, imigrante da Etiópia, e tiveram três filhos. Eventualmente, ele deixou de frequentar a igreja e perdeu o contato com Schantz. No entanto, Schantz prosseguiu trabalhando para a igreja, num total de 47 anos. Atuou como reitor do seminário teológico do Newbold College e foi o diretor fundador do Centro Global Adventista do Sétimo Dia de Estudos
Islâmicos. Por dez anos lecionou ética médica para enfermeiros muçulmanos, pela Universidade Loma Linda, em um país estritamente muçulmano. “Ele viveu muito ativamente”, disse Arne Sandback, pastor e amigo que oficiou o funeral de Schantz. “Para mencionar apenas algumas coisas que ele fez, além de pregar, apresentava palestras sobre o Islã em várias escolas. Estava escalado para pregar no sábado seguinte à sua morte.” Ray Holm e a esposa Lynette, que hospedaram Schantz em sua casa durante a semana de oração no Colégio Adventista da Etiópia, em 1978, o chamavam de inspiração. “Todas as vezes que o encontramos depois, era como se fosse da família, incentivava nosso trabalho e nos dava conselhos”, disse Holm, que trabalhava como administrador do colégio e atualmente é diretor financeiro do Healthcare Resources NW, de propriedade da Igreja Adventista, em Portland, Oregon (EUA). Na primavera de 2014, enquanto Schantz continuava pregando e lecionando, Hellen, esposa de Anbesse, começou a levar a família aos cultos da Igreja Adventista. Ela era cristã copta fiel e, conhecendo as raízes adventistas do seu esposo, decidiu examinar de perto a religião negligenciada por ele, disse Schantz. “Há poucos meses preguei na igreja de Holbaek e, entre os presentes, encontrei Anbesse e sua
família. Que reunião!” Após receber a dica de Schantz, o jornal BT reportou sobre essa reunião na edição popular de domingo, com circulação de 269 mil exemplares. A reportagem mencionou a Igreja Adventista diversas vezes e encheu sete páginas. “Embora eu tenha ganhado um rosto, não é bem como o de todo mundo”, disse Anbesse ao jornal. “Mas estou muito feliz com o resultado. Tenho um rosto novo, um novo país e uma família maravilhosa.” Anbesse trabalhou muitos anos como funcionário de uma fábrica e a esposa como faxineira. Atualmente, fazem trabalhos ocasionais. Nos meses seguintes ao encontrosurpresa, Schantz e a esposa, Iris, se encontravam regularmente com a família e estudaram a Bíblia juntos. A pedido de Hellen e dos dois filhos mais velhos, Natinael e Meron, Schantz batizou o trio, no dia 18 de outubro, menos de dois meses antes de sua morte. A carta de membro de Anbesse foi transferida da igreja da Etiópia para a Dinamarca. “Para mim, batizar três pessoas como resultado de um trabalho missionário que fiz há 36 anos, foi uma experiência muito especial”, disse Schantz na última vez que se comunicou com a Adventist World, em 13 de novembro. “Senti a alegria de Eclesiastes 11:1: “Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás” (ARA).
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V I S Ã O
Ted N. C. Wilson
M U N D I A L
Chamodos à
fidelidade
O tempo é agora
A
fidelidade é um tema que se destaca em toda a Bíblia. Nos Salmos, lemos sobre a fidelidade de Deus, o seguinte: “A Tua fidelidade é constante por todas as gerações; estabeleceste a Terra, que firme subsiste” (119:90, NVI); “Ó Senhor, Deus dos Exércitos, quem é semelhante a Ti? És poderoso, Senhor, envolto em Tua fidelidade” (89:8, NVI). O profeta Isaías escreveu: “Jeová, Tu és o meu Deus […] porque em fidelidade e verdade tens feito maravilhas (25:1, TB). Lemos no Novo Testamento: “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo 1:9)1. Em Apocalipse, Jesus Cristo é descrito como “Fiel e Verdadeiro” (3:14; 19:11). A importância da fidelidade é refletida nas palavras de Jesus: “Quem é fiel no pouco também é fiel no muito (Lc 16:10), no Seu elogio: “Muito bem, servo bom e fiel […] (Mt 25:23), e na Sua promessa de Apocalipse 2:10: “Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida.” A fidelidade é identificada como fruto do Espírito (Gl 5:22). A Bíblia apresenta muitos fiéis seguidores de Deus, e mesmo hoje Ele ainda tem os Seus fiéis. Ellen White nos lembra: “Cristo está presente em cada reunião e em todas as entrevistas particulares. Ele fez do Seu povo depositários de Suas preciosas bênçãos. Deus deu a eles tesouros mais valiosos que o ouro. Todo cooperador de Deus deve trabalhar na mina da verdade e tornar visíveis os Seus tesouros […] Em meio ao desprezo de todos, sofrendo perdas
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materiais, eles têm perseverado íntegros […] permanecem verdadeiros como a agulha ao polo, como obreiros fiéis, porta-estandartes de Deus, firmes aos princípios como uma rocha.”2 Profecias sendo cumpridas
Como adventistas do sétimo dia que têm uma clara perspectiva profética, podemos ver que o segundo advento de Cristo se aproxima rapidamente! Podemos reconhecer o cumprimento de Mateus 24 e Apocalipse 13. O mundo está em total desordem. Os problemas insuperáveis que os países e os grupos de pessoas têm enfrentado, não podem ser resolvidos por ninguém. Há tumulto, carnificina, infidelidade em todo lugar. Não é difícil imaginar que homens “desmaiarão de terror e pela expectativa das coisas que sobrevirão ao mundo; pois os poderes dos céus serão abalados” (Lc 21:26). As tendências sociais continuam a desprezar as verdades bíblicas e os princípios divinos. Para os observadores cuidadosos, as tendências ecumênicas recentes são surpreendentes, indicando o cumprimento de Apocalipse 13:3. Chamado à fidelidade
Deus está chamando Seu povo remanescente a ser fiel por meio de nossa conexão e comunhão com Ele, todos os dias. Nesta era de infidelidade, só seremos frutíferos e fiéis se estivermos ligados à Videira.
Somos chamados a ser fiéis a Cristo, à Sua Santa Palavra, à Sua igreja e movimento profético, ao Seu plano bíblico para a família, à Sua mensagem do santuário, a testemunhar individual e publicamente por Ele, a crer no Espírito de Profecia e usá-lo, a proclamar as três mensagens angélicas, à mordomia cristã, a viver a vida cristã, ao serviço humanitário cristão e a compartilhar a promessa do breve retorno de Cristo. Ele é nosso modelo e nosso Salvador. Por meio da justiça e da graça de Jesus podemos ser fiéis, porque Ele é fiel. Que privilégio é poder nos colocar nas mãos dAquele que é fiel sabendo que, aconteça o que acontecer, Deus é fiel e justo. Não importa o que enfrentemos, podemos confiar na fidelidade de Deus que nos levará para Seu reino eterno, quando Jesus retornar. Sua fidelidade é essencial para a proclamação de Deus ao Universo. Devido à Sua fidelidade, Ele tem seguidores fiéis. Salomão declara que “o embaixador fiel é medicina” (Pv 13:17). Seja um embaixador de Cristo que leva saúde mental, social e espiritual a outros. Compartilhe a justiça de Cristo e Seu ministério de saúde abrangente, participando dos Seus planos de missão para as cidades e para todos os lugares da Terra. Deus promete que “o homem fiel será cumulado de bênçãos” (Pv 28:20). Em 1 Coríntios 4:2 Paulo explica: “O que se requer dos
Sua fidelidade é essencial para a proclamação de Deus ao Universo. despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel.” O exemplo de Neemias
Um dos exemplos mais pungentes de fidelidade é o de Neemias, um homem fiel a Deus que trabalhava no palácio do rei persa. Sobre Neemias, lemos na Bíblia que, quando ele ouviu que os muros de Jerusalém haviam sido derrubados, ele se “assentou e chorou” (Ne 1:4). Então, em oração, buscou ao Senhor, de todo o coração. Quando enfrentar desafios, ore fervorosamente. Implore ao Senhor pela chuva serôdia do Espírito Santo para que, figuradamente, possamos reparar os muros de Deus pelo poder do Espírito Santo. Neemias recebeu permissão para voltar a Jerusalém e reconstruir os muros. Três dias após sua chegada, ele desafiou a nação judaica: “Vinde, pois, reedifiquemos os muros de Jerusalém e deixemos de ser opróbrio” (2:17). E a resposta foi: “Disponhamo-nos e edifiquemos” (verso 18).
para atacar. Neemias buscou sinceramente ao Senhor em oração e posicionou o povo dizendo: “Lembrai-vos do Senhor, grande e temível, e pelejai pelos vossos irmãos, vossos filhos, vossas filhas, vossa mulher e vossa casa” (4:14). Eles dividiram a tarefa de defender e construir para que todos participassem. “Os carregadores, que por si mesmos tomavam as cargas, cada um com uma das mãos fazia a obra e com a outra segurava a arma” (4:17). Seja fiel a Deus fazendo Seu trabalho com uma das mãos e com a outra, empunhando as Escrituras, sua arma de autoridade divina. Ao servir a Deus com fidelidade, dependa totalmente dEle falando o que diziam os trabalhadores nos muros de Jerusalém: “Nosso Deus pelejará por nós” (4:20). Vamos trabalhar no mesmo espírito, com unidade de pensamento e fidelidade à comissão dada por Deus a nós, e com o poder do Espírito Santo, proclamar as três mensagens angélicas. Uma obra especial
Cuidado com os cínicos
Cuidado com os cínicos de hoje, representados por Sambalate, Tobias e Gesém, que zombaram de Neemias e o desprezaram. Receba coragem de Deus e, como Neemias, diga: “O Deus dos Céus é quem nos dará bom êxito; nós, Seus servos, nos disporemos e reedificaremos” (2:20). A construção avançou rapidamente “porque o povo tinha ânimo para trabalhar” (4:6). Quando os inimigos de Deus ouviram sobre o progresso, fizeram planos
“Em sentido especial, os adventistas do sétimo dia foram […] incumbidos de uma obra da mais solene importância: a proclamação da primeira, segunda e terceira mensagens angélicas. Nenhuma obra há de tão grande importância. Eles não devem permitir que nenhuma outra coisa lhes absorva a atenção.”3 Sambalate, Tobias e Gesém não desistiram. Cuidado com aqueles que tentarão dissuadir ou distrair você da grande tarefa que deve ser realizada pelos adventistas pouco antes da vinda
de Cristo. Peça a Deus que fortaleça suas mãos para realizar com fidelidade Sua grande obra. Deus recompensará sua fidelidade como fez com Neemias. “Acabou-se, pois, o muro […] ouvindo-o todos os nossos inimigos, temeram todos os gentios nossos circunvizinhos e decaíram muito no seu próprio conceito; porque reconheceram que, por intervenção de nosso Deus é que fizemos esta obra” (6:15, 16). Quando Deus mostra Sua mão soberana no seu trabalho fiel, toda a glória é para Ele e as pessoas verão que Ele está trabalhando por seu intermédio. “Como Neemias, o povo de Deus não deve temer nem tão pouco desprezar seus inimigos. Colocando sua confiança em Deus, deve prosseguir firmemente, fazendo Sua obra com altruísmo, e encomendando Sua providência à causa que sustentam.”4 Permaneça firme à verdade de Deus e proclame Sua Palavra, à semelhança do que fez Neemias e muitos outros. Você é muito importante e essencial na proclamação das três mensagens angélicas. Deus conta com você! n 1A
menos que indicado, todos os textos bíblicos foram extraídos da versão Almeida Revista e Atualizada. G. White, Review and Herald, 21 de janeiro de 1890. 3 Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja, v. 9, p. 19. 4 Ellen G. White, Profetas e Reis, p. 331. 2 Ellen
Ted N.C. Wilson é
presidente mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
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S aúde
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Peter N. Landless
: Malária ameaça contínua Ouvimos muito sobre o Ebola, HIV e AIDS, mas há alguma coisa nova em relação à malária? Ela é tão perigosa como foi no passado?
A
malária continua sendo uma doença letal, devastadora. Os relatórios do Programa Nacional de Controle à Malária* revelam dados estatísticos assustadores sobre essa infecção parasitária. Em 2013, houve aproximadamente 584 mil mortes por malária em todo o mundo. Desses, 90% foram na África e 78% eram crianças com menos de 5 anos de idade. Em números reais, a malária se mantém responsável pela morte de aproximadamente 430 mil crianças na África, todos os anos. Essa situação é agravada pelo fato de que menos de 50% da população na África subsaariana tem acesso a um mosquiteiro tratado com inseticida. Embora os números sejam alarmantes, ainda têm crescido nos últimos 15 anos. A Igreja Adventista, por meio do Departamento do Ministério da Saúde, teve o privilégio de fazer parte de um grupo de defesa que trabalhou para que as igrejas sejam um fator importante na distribuição dos mosquiteiros tratados com permetrim. Embora haja muito mais a ser feito, estamos trabalhando para melhorar a saúde de todos! No entanto, já estão acontecendo avanços animadores. Mosquiteiros tratados com inseticida contra o mosquito ajudaram a diminuir a mortalidade em aproximadamente 47% entre o ano 2000 e 2013. Outro avanço promissor é o desenvolvimento da vacina contra a malária. Esse é um projeto pioneiro da GlaxoSmithKline (GSK), entre outros, e será liberada para uso geral a partir de outubro de 2015, pois os testes demonstraram que ela oferece segurança
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e benefícios inequívocos. Os resultados dos testes até esta data mostram que a vacina foi efetiva em mais de um terço das crianças, quando administrada entre 5 e 17 meses de vida. O desenvolvimento da vacina foi patrocinado pela Fundação Bill e Melinda Gates e, desde 2009, já foi testada em mais de 16 mil crianças de sete países da África subsaariana, com resultados muito promissores. Como a eficácia da vacina diminui com o tempo, são necessárias doses de reforço. Há, porém, uma preocupação: O desenvolvimento do Plasmodium falciparum resistente à artemisinina, especialmente no Camboja. A artemisinina é o medicamento mais recente, derivado de um arbusto nativo da China, que é quase sempre muito efetivo contra a malária. Ele tem sido especialmente útil porque uma das formas mais perigosas de parasita da malária, o Plasmodium falciparum, se tornou resistente a esse medicamento, no Camboja. Essa mesma cepa da malária desenvolveu resistência ao quinino em outras regiões do mundo, inclusive em partes da África. A resistência a outra droga é muito preocupante, pois essa forma de malária comumente é letal. O fato destaca dois pontos importantes: É necessário haver (1) esforços intencionais e persistentes para eliminar o vetor (transmissor): o mosquito; e (2) distribuição mundial de mosqui teiros tratados com inseticida (MTI) onde quer que a ameaça da malária possa aumentar. As congregações das igrejas podem exercer uma influência muito positiva nas áreas em que servem
se estiverem equipadas com a informação correta, ajudando assim para que o sonho se transforme em realidade: “Cada igreja um centro de saúde comunitário, e cada membro um médico missionário (promotor de saúde).” É importante seguir as medidas necessárias (tomar comprimidos que ajudem a prevenir a doença, e esperar para muito em breve, a vacina), conforme aconselhado por seu médico ou posto de saúde. Esteja atento para os possíveis efeitos colaterais. Não é mais recomendada a mefloquina (Lariam) por provocar efeitos nocivos. Há outros agentes eficazes com bem menos consequências preocupantes. As precauções gerais sempre são úteis. Use mosquiteiros e repelente de insetos nas áreas com malária. Ao amanhecer e anoitecer sempre use mangas e calças compridas ao ar livre. Elimine poças de água onde os mosquitos se reproduzem. Há muitas maneiras de ajudar e fazer a diferença em nossa comunidade. A conscientização e o controle da malária é uma delas. Ao abraçarmos o ministério de saúde abrangente e compartilhar o ministério de cura de Jesus, “não nos cansemos de fazer o bem” (Gl 6:9, NVI). n * www.who.int/malaria/media/world_malaria_report_2014/en/.
Peter N. Landless,
médico cardiologista nuclear, é diretor do Ministério da Saúde da Associação Geral. f o t o :
J a m e s
G at h a n y / C D C
V ida
J
esus disse aos Seus discípulos que a colheita é grande mas os trabalhadores são poucos. Então, Ele os convidou a orar por mais trabalhadores (Mt 9:37). A história a seguir é uma ilustração das muitas maneiras pelas quais o Senhor pode responder essa oração.
o Grande
Mihai Goran
onflito C Uma semente frutífera Um livro de presente
Cosmina, jovem ortodoxa, estava à procura de Deus. Uma amiga a presenteou com o livro O Grande Conflito, de Ellen G. White. Cosmina ficou tão impressionada com o livro que o leu duas vezes. Mas, ainda queria conhecer mais sobre a verdade. Inspirada pelo Espírito Santo, ela foi visitar a biblioteca pública local, onde encontrou mais livros escritos por Ellen White. Pegou emprestado e leu todos eles. Pouco tempo depois, Cosmina percebeu um estande de avaliação de saúde montado em sua cidade, onde também havia um colportor-evangelista vendendo livros. Ela ficou feliz ao ver os livros de Ellen White à venda, e decidiu comprar alguns. Logo, ela já tinha uma coleção.
VENDEDORA DE LIVROS: Cosmina sente grande alegria em compartilhar o amor de Jesus vendendo livros de Ellen G. White, especialmente O Grande Conflito.
Envolvendo-se
Com o tempo, Cosmina se tornou amiga do colportor-evangelista e se ofereceu para ajudar no estande. Ela verificava a pressão arterial e recomendava a compra dos livros de Ellen White. Vendo seu zelo e alegria no Senhor, o colportor sugeriu que ela participasse de um curso de colportagem oferecido pela associação local, chamado Projeto Estudantil Valdense que seria oferecif o t o :
c o r t e s i a
d o
a u t o r
A dventista
do naquele verão. Assim, Cosmina se uniu ao grupo de jovens adventistas e trabalhou por três semanas vendendo livros em uma grande cidade próxima. Ao fim das três semanas os estudantes foram informados sobre um Projeto Estudantil Valdense com a duração de um ano, onde o grupo de estudantes realizaria o ministério da saúde e venderiam livros em todo o país. Cosmina se ofereceu para o trabalho, como voluntária. Alegremente, ela trabalhou com outros jovens vendendo literatura evangelística de casa em casa e em instituições públicas, em muitas cidades. O livro mais oferecido por ela era O Grande Conflito. Ela afirmou que ficava muito feliz quando as pessoas decidiam comprar esse livro, em particular. Quando o grupo visitava diferentes igrejas aos sábados, ela frequentemente dava seu testemunho, dizendo que era uma ortodoxa cristã envolvida na missão adventista. Mas, obviamente, Cosmina tinha alcançado muita informação para que a história parasse por aí. Comprometida com Jesus
Ao fim do ano missionário, Cosmina participou do Congresso de Colportores-Evangelistas e foi batizada com outras jovens que também participaram do Projeto Estudantil Valdense. A mãe dela esteve presente ao evento e, devido a todas as mudanças positivas observadas na vida da filha durante o ano anterior, ela começou a estudar a Bíblia e está planejando ser batizada em futuro próximo. Cosmina está muito feliz com o interesse de sua mãe em estudar a Bíblia, e acrescenta: “Quero servir ao Senhor pelo resto da minha vida.” Pela graça de Deus, cada exemplar do O Grande Conflito que damos a alguém pode ser uma história. As pessoas para quem você dá um livro hoje, podem se tornar seus colegas de ministério amanhã. n
Mihai Goran é colportorevangelista na Romênia.
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D evocional
Efraín Velázquez II
Katrina
Uma história de migrantes e da graça de Deus
U
ma década após os trágicos eventos do Katrina, talvez seja o momento oportuno para refletir em uma das histórias não contadas do pior desastre natural da história dos Estados Unidos. A história tem sido fonte de esperança e força para alguns, especialmente ao considerarmos o mundo em que vivemos, que parece ser atingido diariamente por tragédias e desastres de larga escala. O Katrina foi um mega-furacão que deixou um rastro de destruição e sofrimento, em 2005. Esse ano foi marcado pelo maior prejuízo já registrado em uma temporada de furacões: 160 bilhões de dólares. O saldo de mortes foi de 1.800 vidas ceifadas em uma única tempestade, e a história de mais de um milhão de pessoas desabrigadas ainda assombra os norte-americanos. As histórias mais conhecidas são sobre a perda de vidas ou de propriedades, a anarquia que reinou em Nova Orleans, os heróis e vilões que emergiram do meio da dor e do desespero. No entanto, há histórias de pessoas que não tinham casas para perder e estavam assustados demais para procurar ajuda ou chamar a atenção nacional. Eu vivi a tragédia do Katrina entre eles. Mudei seus nomes para, com liberdade, contar suas histórias de esperança e companheirismo em meio à tragédia e ao desespero.
Está vindo uma tempestade
Chegamos a Nova Orleans como “migrantes saudáveis” à procura de tratamento médico. Essa não era uma viagem dramática. Uma viagem de avião para os Estados Unidos não é problema para os naturais de Porto Rico. Estávamos cheios de esperança. Minha mãe precisava de um transplante de fígado e a cirurgia para que ela recebesse esse órgão indispensável, foi agendada em Nova Orleans. Até aí, não tínhamos conhecimento da tempestade que vinha ao nosso encontro.
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No hospital, minha mãe foi levada para a unidade de terapia intensiva (UTI). Lá me encontrei com Andres, um jovem que não podia se mexer após um acidente que o deixara paralisado. Tinha vivido ilegalmente no país por dez anos, em busca do “sonho americano”. Era pai de dois filhos e fielmente enviava dinheiro para sua família em seu país. Trabalhou duro, como milhares de outros nessas circunstâncias. Após a queda na construção em que trabalhava, ele ficou confinado a uma cama. Somente depois de várias semanas alguém pôde informar a esposa dele sobre a situação precária em que ele se encontrava. Maria, a esposa, não conseguiu um visto para entrar legalmente nos EUA, assim, ela contratou um “coiote”1 para ajudá-la a cruzar o deserto e concluir sua perigosa viagem até Louisiana. Maria estava numa missão de amor e esperança. Ela fez o que pôde para animar Andres, que desejava morrer. Com muito esforço, li o Salmo 91 para ele, pois também tinha feridas recentes em meu coração, mas fui animada pela admoestação de Pedro: “Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo” (1Pe 1:6, 7).2 De fato, provas maiores estavam por vir: não com fogo, mas com água. Chega a tempestade
Nunca enfrentamos um furacão colossal e mortal em Porto Rico. De fato, muita gente duvidava que pudesse vir “um grande”, atitude similar de muitos em relação à segunda vinda de Cristo. Pedro descreve assim: “Onde está a promessa da Sua vinda? Porque, desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação” (2Pe 3:4). f o t o :
J e ff
Sc h m a l t z / NASA
Fui treinada pelo Adventist Medical Cadet Corpsa para estar pronto para ajudar em desastres. No entanto, meu treinamento não havia me preparado para as consequências de uma tempestade com ventos de até 280 quilômetros por hora. Meu pai duvidava que o Katrina realmente viesse. Ele cresceu ouvindo histórias de furacões que estavam chegando e que causariam grande devastação, mas nunca tinha presenciado algo com a gravidade anunciada pela mídia. Concluiu que era só exagero, como alguns pensam sobre os eventos do tempo do fim, mas ele estava errado. Portanto, quando soubemos que seríamos transferidos para o estádio de Louisiana, e que centenas de milhares de pessoas estavam fugindo da cidade, concluímos que a tragédia era real. Mas não tínhamos alternativa. Refugiamo-nos em um dos saguões do hospital, dividindo o espaço com outras pessoas do Caribe e da América Central. Dividimos todo o suprimento que havíamos comprado como se não houvesse amanhã. As palavras de Pedro soaram verdadeiras aos meus ouvidos: “Finalmente, sede todos de igual ânimo, compadecidos, fraternalmente amigos, misericordiosos, humildes” (1Pe 3:8). Deus iria prover. A tempestade uivava como um trem destinado a destruir o prédio. O vento açoitava o prédio sem piedade, por horas; logo a água arrebentou os diques, cobrindo grande parte da cidade. As advertências, dessa vez, eram verdadeiras.
Foi muito triste ver meu pai acariciando a mão de minha mãe ao nos despedirmos, embora tenham garantido que ela seria levada de helicóptero poucos dias depois, junto com Andres e outros que ficaram para trás. O que vimos foi um cenário de morte e esperança, um momento de valorizar a “viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1Pe 1:3). Éramos os remanescentes que precisavam continuar a viagem por estradas semidestruídas, onde o maior perigo eram os saques. Começamos nossa viagem como estranhos, mas terminamos como família, “nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus” (1Pe 2:9). Como hospedagem era um desafio, nós todos lotamos os dois quartos disponíveis; mas sempre havia o alimento necessário. Nossa vida nunca esteve em perigo. Providencialmente, não presenciamos violência. O Senhor dirigiu nosso êxodo como fez no passado. No Texas, algumas famílias adventistas do sétimo dia cuidaram de nós. Os pastores Murillo e Pagán nos deram amor, cuidado e hospedagem. Sentimos como se estivéssemos na Terra Prometida. Minha mãe chegou dois dias depois, assim como Andres e os outros. Perdemos o contato com alguns dos nossos companheiros de viagem. No entanto, as lembranças ainda estão claras em nossa mente e coração e esperamos vê-los outra vez. Minha mãe recebeu um fígado novo e continua a ser uma fonte de inspiração. Dessa experiência poderosa, aprendi uma lição: Mesmo que sejamos nação santa, cidadãos do mesmo país, ainda somos “peregrinos e forasteiros” neste mundo (1Pe 2:11). Por certo, neste planeta inundado pelo pecado, somos todos ilegais. Este não é nosso país. Somos migrantes em busca de um sonho santo, peregrinos a caminho da Nova Jerusalém. n
Meu treinamento não havia me preparado para as consequências de uma tempestade com ventos de até 280 quilômetros por hora.
A procura por um lugar mais alto
O hospital em que nos refugiamos não foi inundado. Metade da energia elétrica ainda funcionava e o prédio havia sofrido pequenos estragos, apenas. No entanto, alguns dias depois, a Guarda Nacional nos alertou de que deveríamos abandonar o local. Com uma caminhonete e um carro compacto, partimos em busca de um lugar mais alto. Oferecemos transporte para um grupo de refugiados com ampla gama de experiências e histórias. Alguns membros de nosso grupo tinham vindo da América do Sul e de outros de países mais próximos aos EUA. Tinham um repertório colorido de narrativas de como chegaram ao país. Entre eles estava Maria.
1 Nome 2 Todos
dado a traficantes humanos na América Latina. os textos bíblicos foram extraídos da versão Ferreira de Almeida Revista e Atualizada.
Efraín Velázquez II é vice diretor acadêmico do Seminário Teológico Adventista, na Divisão Interamericana. Julho 2015 | Adventist World
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C renças
“
F undamentais
V
i novo céu e nova Terra, pois o primeiro céu e a primeira Terra passaram, e o mar já não existe […] Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram. E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras” (Ap 21:1-5 ARA). Sempre que lemos as duas últimas páginas do Apocalipse, temos uma sensação de calma. João descreve pedras preciosas com brilho nunca visto, plantas e casas incomparáveis a qualquer coisa que conhecemos. É tudo impressionante, perfeito! E em dois versos ele descreveu o clímax, o próprio cerne do novo começo: “Nela, não vi santuário, porque o seu santuário é o Senhor, o Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro. A cidade não precisa nem do sol, nem da lua, para lhe darem claridade, pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada” (versos 22, 23). No meio de toda a glória e esplendor, essa descrição se destaca. Ela nos emociona mais do que todos os rios cristalinos e os palácios cor de safira. Ele estará lá, Jesus, o Cordeiro! Ele estará lá para sempre. E Ele será tudo de que necessitamos.
NÚmerO 28
Com o
Livres de nós mesmos
Sabe quando temos o sentimento de ter perdido algo ou a preocupação de que não vai ter o suficiente para comprar algo? “Mas, eu quero ter aquilo; ninguém pode comprar antes de mim.” Essa cena sempre acontece diante das grandes lojas de varejo, quando há uma grande liquidação, pouco antes de abrirem as portas. As pessoas se aglomeram à entrada e esperam para aproveitar a pechincha. Exteriormente, podem até aparentar calma, mas por dentro já mudaram para o modo predador. Elas se posicionam estrategicamente e observam a entrada da loja. Chamamos isso de egoísmo e rimos das brigas por uma TV LCD. Mas a realidade é que todos nós só nos preocupamos com nós mesmos. Recentemente, estávamos procurando uma casa. Após dez visitas, finalmente encontramos uma da qual gostamos e que se encaixava no nosso orçamento. Mas, de repente, deu aquele sentimento de pânico. E se alguém fizer uma proposta antes da nossa? É aquela casa que nós queremos. Não perguntamos se alguém precisava mais da casa ou para quem ela seria mais útil. Não nos importamos com os outros compradores. Você já passou por algo assim? Isso vai acabar. Primeiramente, porque o Cordeiro Se importa com todos nós e não sentiremos falta de nada. Segundo, essa é uma razão realmente decisiva de o Cordeiro ter-nos libertado de nós mesmos (Rm 7:24; Jo 8:36). Por Seu exemplo, Ele nos mostrou que a verdadeira felicidade é sentida por quem dá e não por quem
Judith e Sven Fockner
Cordeiro no lar
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De repente, não haveremos de ridicularizar os outros para nos sentir melhor. recebe (Mc 10:43-45; At 20:35). Finalmente, podemos nos entregar e aprender que não precisamos lutar por nós mesmos, porque Alguém já está lutando por nós. Que maravilhosa sensação de liberdade será essa! De repente, quanta força vai estar disponível para dar atenção aos outros, para procurar as pessoas e se importar com elas! Livres da futilidade
Reflita se você já experimentou algo semelhante: Você sente algo maravilhoso – o calor do sol na sua pele, no começo da primavera, uma bebida gostosa, uma música especial – no entanto, isso só o lembra de outros tempos melhores. Essas coisas não conseguem fazer você feliz agora, de forma alguma. Ao contrário, você fica ainda mais triste, porque não consegue sentir satisfação. Os outros, ao seu redor, ficam felizes e conseguem manter essa felicidade (pelo menos aparentemente), mas para você parece que nada tem sentido. Não foi sempre assim. Você não se lembra, exatamente, quando começou, mas a vida não é como era. Você foi profundamente desapontado. Alguém o deixou. Ou você perdeu alguém. Ou algo falhou. A escuridão e a ansiedade parecem ser suas companhias constantes. O que você sabe é que sua vida é mais sofrida do que a dos outros. Não consegue sentir alegria em quem você é nem no que faz. Soa conhecido para você? Mas, eis a boa notícia: Você não vai se sentir assim nunca mais, porque esse é um reflexo emocional da falta de sentido do sofrimento. É uma reação à nossa separação de Deus. No entanto, na nova Terra, nunca mais vamos nos separar dEle, e nunca mais seremos desapontados. Nunca mais perderemos ninguém e não vamos sentir saudade. Vamos viver unidos, seremos fortes e estaremos seguros (Jo 10:10). A vida terá sentido. Saberemos de onde viemos e para onde estaremos indo. Finalmente, estaremos no lar. Livres da incerteza
Alguma vez você já participou de uma conversa na escola ou no trabalho, da qual não tinha a menor ideia do conteúdo, mas não ousou perguntar? Dá um “branco” no cérebro: O quê? Agora? Hum... Devo dizer algo? Melhor, não. Pode ser sobre algo importante. Não quero passar vergonha. Depois procuro no Google. Por que, para nós, essa situação é embaraçosa? Porque desejamos passar uma boa impressão para os outros. Não queremos que pensem que sabemos ou fazemos menos que os outros. Não queremos nos expor. Podemos nos machucar, ferir nossa autoestima. Já somos bastante inseguros. Por isso nos protegemos, fingindo. Quando estamos em casa e batemos a cabeça na porta, colocamos as mãos na testa e gritamos bem alto de dor. Mas se estamos numa loja, e
A Nova Terra
Na Nova Terra, em que habita justiça, Deus proverá um lar eterno para os remidos e um ambiente perfeito para vida, amor, alegria e aprendizado eternos, em Sua presença. Pois neste planeta o próprio Deus habitará com Seu povo, e o sofrimento e a morte terão passado. O grande conflito estará terminado e não mais existirá pecado. Todas as coisas, animadas e inanimadas, declararão que Deus é amor; e Ele reinará para todo o sempre. Amém! (2Pe 3:13; Is 35; 65:1-25; Mt 5:5; Ap 21:1-7; 22:1-5; 11:15) – Crenças Fundamentais dos Adventistas do Sétimo Dia, nº- 28
acontece de batermos em uma porta de vidro, sorrimos e seguimos em frente, como se nada houvesse acontecido. Você já passou por isso? Algo assim, nunca mais vai existir. Nunca mais vamos precisar fingir; não teremos nada a esconder. Não mais haverá essa necessidade. Saberemos que somos aceitos e valiosos (Is 43:1-5). Teremos certeza disso quando virmos o Cordeiro (Rm 5:8). Poderemos ser nós mesmos, sem complexo de inferioridade. E, finalmente, nunca mais haveremos de ridicularizar os outros para nos sentirmos melhor. Será possível ter verdadeira intimidade e abertura! O novo mundo será cheio de pessoas que aceitam a si mesmas porque vivem, constantemente, na presença dAquele que as ama e que morreu por elas. Mantenha isso sempre em mente: Nunca mais teremos medo do escuro; nunca gritaremos com ninguém; nunca mais seremos tentados a fazer algo imoral; nunca nos sentiremos inapropriados e sozinhos; vamos sentir um respeito renovado pelos outros. Teremos a vida para a qual fomos criados – para sempre! E sim, estaremos no lar, com o Cordeiro. n
Judith e Sven Fockner moram na Alemanha, onde Sven é diretor do Instituto Esperança de Estudo da Bíblia, localizado no Centro de Mídia da Divisão Intereuropeia. Eles têm dois filhos. Julho 2015 | Adventist World
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A rtigo de C apa
Nosso A
ventura Mudança de vidas Comunidades transformadas São essas coisas que compõem as “verdadeiras histórias missionárias”. Para nós, essas histórias falam de ousadia e vidas transformadas. Crescemos na África do Sul e, ao ouvirmos histórias missionárias, foi despertado em nós o desejo de abraçar as missões como um chamado para a vida. A seguir, está a história de nossa jornada pelas missões. Primeiras lições
Nossa primeira experiência missionária de confronto cultural foi com um grupo de amigos da faculdade nas montanhas de Lesoto. Fizemos uma reforma na escola da missão. Pintamos e consertamos os prédios, além de dirigir os cultos da igreja. Nossa primeira lição: “Adaptar-se à situação!” Aprendemos que estar em outra cultura requer boa vontade para se adaptar . Só muito tempo depois compreendemos completamente a importância dessa lição. Mais tarde, decidimos servir como estudantes missionários, em Lesoto. Lecionei por dois anos na escola da missão de uma aldeia. Gideon ajudava no evangelismo e desenvolvimento comunitário, cavando poços e trabalhando em construções. Foi no Tsoinyane Valley que decidimos nos unir em casamento para servir a outros. Retornamos à Cidade do Cabo e enquanto terminávamos a faculdade tivemos algumas experiências missionárias por curtos períodos, mas que mantiveram a chama da missão ardendo em nosso coração. Essas experiências nos ajudaram a estar disponíveis quando
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APERTANDO OS BOTÕES CERTOS: Gravando histórias para o evangelismo em um estúdio portátil.
encontro com Esquerda: APRENDENDO A ALFABETIZAÇÃO CULTURAL: A princípio Gideon dava aulas de alfabetização. Após algum tempo entre os Himbas, Gideon e Pam concluíram que aquele contexto necessitava de estratégias diferentes. Abaixo: CANTANDO O EVANGELHO: Karonda canta o evangelho durante a primeira sessão de gravação.
PROCURANDO AS PALAVRAS CERTAS: Kingboy, Tjipapi e Job cantam uma história da Bíblia para que o público HImba possa compreender. Tjipapi e Job foram os primeiros contadores de histórias.
Deus
Gideon e Pam Petersen
Deus nos chamou para plantar uma igreja intercultural, entre os himba, um grupo de pessoas não evangelizadas, no noroeste da Namíbia. Esse foi um sonho que se tornou realidade. Seríamos como missionários na linha de frente. Aprendendo e desaprendendo
Em 1995, carregamos nossa picape e viajamos, com nossos dois gatos 2.500 quilômetros ao norte até Opuwo, Namíbia. Um missionário experiente nos deu conselhos valiosos: “Dedique tempo às pessoas.” Com esse e outros conselhos nos aventuramos na nova vida. Essa aventura durou 17 anos. Chegamos à Namíbia sabendo que tínhamos um enorme desafio à nossa frente. À semelhança de outros missionários que nos antecederam, estávamos convencidos de que os costumes em Himba eram errados e precisávamos corrigi-los. Mais tarde descobrimos que essa suposição atrapalhou nossa interação com o povo, pois abordávamos as pessoas com respostas antes de tomar tempo para ouvir suas perguntas. Nossas respostas eram estabelecidas conforme nossa compreensão do mundo. Tinham por base as crenças fundamentais da Igreja Adventista do Sétimo Dia no contexto ocidental, não nas perguntas sobre a vida como era em Himba. Não tínhamos a menor ideia do que era ser um himba, mesmo assim nos atrevemos a corrigir o comportamento deles. Na verdade, não havíamos compreendido o conselho que tínhamos recebido: “Dedique tempo às pessoas.” De fato, a sugestão desse conselho era que nos tornássemos aprendizes, não professores. Como tínhamos sido enviados como missionários, presumimos que nosso papel era ensinar, mas na realidade, era de sermos ensinados. Encontramos pesf o t o s :
G i d e o n
e
Pa m
P e t e r s e n
soas que faziam as coisas de um modo totalmente diferente. Eles são criadores de gado. Como são nômades, são um povo que vive em constante busca por pasto e água para seus animais (Gideon foi criado na cidade e eu em uma comunidade rural). Ellen White diz que Jesus dedicava tempo para estar entre o povo com o intuito de compreendê-lo.1 Dedicar tempo para aprender a compreender as pessoas é um princípio muito importante. Isso pode ser feito por meio de livros, mas não exclusivamente. O aprendizado é mais efetivo quando ocorre em comunidade. É o que Tom e Betty Brewster denominam de sala de aula da comunidade.2 Nossa segunda suposição foi que, quando eles conhecessem a Deus, mudariam seus costumes. Após pregar o primeiro ano para dez famílias e não ter nenhum batismo, percebemos que algo estava errado. Ou nos faltava habilidade de persuasão ou as pessoas não estavam interessadas. Um amigo missionário nos perguntou sobre nossa experiência. Após ouvir sobre nossas frustrações, ele perguntou: “Vocês amam esse povo?” Essa pergunta mudou para sempre nosso ministério. Nosso objetivo era disseminar informação (“compartilhar a verdade”). Mas Deus queria que desenvolvêssemos um relacionamento com o povo. Pela primeira vez, compreendemos porque o maior desejo de Deus é habitar com Seu povo. Finalmente compreendemos a implicação da pegunta: “Vocês amam esse povo?” Representamos um Deus que deseja estar com Seu povo e Se relacionar com ele. Essa é mensagem adventista – Deus indo às pessoas por meio dos instrumentos à disposição. Passamos nossas primeiras férias na biblioteca. Estudamos o máximo que pudemos sobre Himba. Voltamos
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Era necessário usar métodos conhecidos pelo povo determinados a mudar nossa maneira de exercer o ministério, dedicando tempo para ficar com as pessoas. Com essa decisão, o amor pelo povo veio naturalmente. Começamos a compreendê-los à medida que nos falavam sobre sua vida e nos ajudavam a compreender sua cultura. Novas habilidades de comunicação
Em 1997, quando estava dando aula de alfabetização, uma senhora de idade me pediu: “Me ajuda a escrever meu nome?” Ela queria ver seu nome escrito, e lutou por quase cinco minutos. Essa experiência nos forçou a perguntar a nós mesmos: “Nós realmente esperamos que essas pessoas leiam a Bíblia de capa
a capa se elas não conseguem nem escrever seu próprio nome?” E a resposta foi direta e rápida. “Não!” Fomos desafiados a aprender mais sobre sua cultura oral, o que nos levou a uma nova jornada. No livro Parábolas de Jesus Ellen White menciona como Jesus usava as coisas conhecidas para levar o povo a compreender as coisas espirituais.3 Ao comunicarmos o evangelho, descobrimos ser importante usar linguagem, estilo e imagens conhecidas do público. Estávamos determinados a compreender a comunicação himba. Guardamos as figuras em feltro e outros materiais estrangeiros, porque eram desconhecidos pelo nosso público. Desejávamos usar o estilo de comunica-
Esquerda: OUTRA MÃE: Pam com uma amiga de Ovinjange a quem chamavam de “Mamãe”.
Direita: ASSUNTOS DE FAMÍLIA: Gideon com Tate Job Katundu, seu pai Himba.
ção himba para falar do evangelho. Para confirmar o valor do que estávamos aprendendo, Deus nos dirigiu a uma página da internet que promovia uma conferência sobre oralidade. Em 2003, participamos de nossa primeira conferência da Rede Internacional de Oralidade (RIO). Vimos ali como outros missionários usavam os métodos de comunicação oral. Compreendemos como Elias se sentiu quando soube que havia outros sete mil que não haviam dobrado os joelhos a Baal. Deus estava usando outros missionários de modo semelhante. Voltamos revigorados e animados com o que Deus poderia fazer pelos himba. Nos cinco anos seguintes, desenvolvemos um material evangelístico
para estimular seu pensamento a compreender as lições eternas. oral com base em histórias. Porém, não é simplesmente contar as histórias bíblicas. É colocar a história no contexto da visão de mundo dos himba e desafiar essa visão. O evangelismo oral não é falado, apenas. É usar um estilo conhecido pelo público. No caso dos himba é usar hinos de louvor (ombimbi, omuhiva), poesia (omiimbo), provérbios (omiano), drama e dança (ondjongo). Ali nossa hinologia e canções evangélicas ocidentais tinham pouca relevância. Era necessário usar métodos conhecidos pelo povo para estimular seu pensamento a compreender as lições eternas. Foi muito demorado desenvolver essas lições. No entanto, o tempo de Deus é o melhor.
O Missionário
deve:
Ser acessível – disposto a desaprender métodos antigos e aprender novos métodos. Ser adaptável – seu ministério depende de sua habilidade de se adaptar a maneiras diferentes de fazer as coisas.
Ser flexível – dar espaço para que o Espírito Santo mude para melhor seus planos e rotinas.
Ser espontâneo – abraçar as oportunidades que Deus coloca à sua frente. Ser acessível – deixar claro para as pessoas que elas são importantes e que você tem tempo para elas.
Ser autêntico – as pessoas percebem a simulação. Ser humano – ninguém é super-humano; todos conhecem seus temores e falhas. Ser corajoso – enfrente seus temores e saia da sua zona de conforto. Rir de si mesmo – você vai cometer erros e não tem problema. Conte as bênçãos – Deus derrama cada dia bênçãos que muitas vezes ignoramos.
Três características
importantes do missionário
Acima: PRIMEIROS FRUTOS: Da esquerda para a direita, alguns dos candidatos ao batismo em 2002: Belinya, Pastor Sabyn Ndjamba (atual pastor em Opuwo), Wapahurwa Tjiposa (Himba de Okapawe), Daniel Ndjamba (irmão do Pr. Sabyn), Gedeon Petersen, e Pastor Mumbonenwa (presidente da Associação da Namíbia ). Esquerda: NOVO COMEÇO: Em julho de 2014, o chefe Tjihange foi o primeiro chefe himba a ser batizado pelo Pr. Eben Greeff, diretor da Missão Global da Associação da Namíbia.
No coração da obra missionária – Há uma obra a ser realizada em nosso coração, que pode durar toda uma vida. Essa obra é sermos moldados, dia após dia, de modo que nos tornemos as ferramentas que Deus usará para alcançar Seu propósito onde Ele nos colocou. Precisamos ser transformados por Deus para: Ser humildes, removendo o cordão do egocentrismo que nos liga ao nosso egoísmo e o substituir pelo cordão de duas pontas, que são a firmeza aos princípios, propósitos e à grandeza da obra diante de nós, e da abertura genuína para valorizar os outros pelo que são – suas ideias, perspectivas e potencial como filhos de Deus. Praticar a empatia ao compartilharmos ideias transformadoras com os outros e criarmos o caos em seu mundo seguro: ao orientar, precisamos “nos colocar em seu lugar” e com gentileza, ajudá-los a enfrentar os desafios que a conversão provoca no coração, entre o que eles são e o que creem. Viver com integridade perceptível em nosso falar e andar: não almeje ser uma pessoa boa, apenas, mas alguém transformado de dentro para fora; alguém que vive segundo os princípios cristãos que lhe são caros; alguém cujo maior desejo seja refletir o caráter de Deus em cada aspecto de sua vida. f o t o s :
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PÔR DO SOL EM CASA: Pam e Gideon construíram essas cabanas com a ajuda de seus amigos himba, onde se hospedavam quando visitavam as famílias em áreas remotas.
Com o advento da tecnologia (e após participar de outra conferência RIO) conhecemos o godpod (um aparelho de MP3 carregado por energia solar). Infelizmente, eles eram muito caros. No entanto, Deus já tinha a resposta muito antes de perguntarmos. Fomos escolhidos para ser beneficiados pela oferta do décimo-terceiro sábado, e a igreja mundial nos ajudou comprando e distribuindo o godpod. Por meio dessa oferta, compramos os aparelhos de mp3 carregados por energia solar. Colocamos nesses aparelhos nossa série evangelística oral. Embora já não estejamos naquela área, Deus providenciou obreiros para continuar o trabalho. Fundamos uma igreja ali, com um pastor graduado,
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que trabalhou conosco desde o início e compreende a importância de se utilizar métodos orais. O coração de Deus para os missionários
Essas experiências transformaram nossa compreensão da missão. Para nós, a missão era uma questão de ir, mas na verdade é uma questão de doar-se. Nossa jornada da Cidade do Cabo, África do Sul, para Opuwo, Namíbia, foi transformadora pois, de repente, nossa compreensão sul-africana de Deus era muito pequena. Aprendemos que Deus é muito maior do que a pequena caixa onde O restringimos. Precisávamos expandir a visão que tínhamos dEle. Foi então que compreendemos o nome que
Deus usou para Se identificar a Moisés, EU SOU. Ele realmente é o EU SOU. Ele é Deus para os himba, como é Deus para os habitantes das cidades. Prostramo-nos em adoração diante desse Deus tão maravilhoso. Acreditávamos que seríamos os agentes de mudança, mas Deus desejava nos transformar. Seu plano era que fôssemos instrumentos da Sua paz e que aprendêssemos a sentir Sua paz e amor. Aprendemos que, realmente, o campo missionário é uma “via de duas mãos” (citando Jon Dybdahl),4 onde o missionário entra na presença do Eterno para que Ele o envie ao mundo. A lição mais transformadora que aprendemos foi sobre nós mesmos. Fomos chamados como missionários para servir os himba. Pediram-nos para apresentar Jesus a eles. Quanto mais nos envolvíamos com o povo, mais forte se tornava nosso vínculo; quanto mais amávamos aquele povo (e a Deus), mais Deus podia nos transformar em Seus filhos A missão é transformadora porque nos entregamos diariamente Àquele que nos envia ao mundo. A missão começa com adoração, e termina convidando outros a se unir à nossa adoração. Somos gratos a Deus pela experiência de ser parte da Sua missão. Realmente, ela foi nosso encontro com Deus. n 1 Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver (Casa Publicadora Brasileira), p. 143. 2 Tom e Betty Brewster, Community Is My Language Classroom (Pasadena, Calif.: LinguaHouseMinistries, 1986). 3 Ellen G. White, Parábolas de Jesus (Casa Publicadora Brasileira), p. 17. 4 Jon Dybdahl, Missions: A Two-way Street (Boise, Idaho: Pacific Press Pub. Assn., 1986).
Gideon e Pam Petersen plantaram
igrejas por vinte anos. Atualmente, eles servem na Universidade Adventista Zurcher, em Madagáscar. No passado, trabalharam como professores e consultores em missões, na África Ocidental e Ásia.
F É
E
C I Ê N C I A
Design na A real pergunta é: Quem é responsável pelos projetos maravilhosos que vemos ser transformados em vida ao nosso redor?
C
erta vez, cheguei perto de uma pilha de cascalho com um amigo. Entre as pedras moídas, encontramos a ponta de uma flecha. Suas especificações não eram susceptíveis de ter sido formada pelo acaso, batendo em outras pedras. Ambos concluímos que ela havia sido construída por alguém e não era um produto do acaso nem das leis naturais, simplesmente. Parte de um plano e as leis naturais
A experiência nos mostra que o acaso é uma explicação insatisfatória para objetos improváveis que se encaixam em certas especificações, como as da ponta de uma flecha. Mas se o acaso é insuficiente, por que não invocar as leis naturais para explicar a origem das coisas que as utilizam como pontas de flechas, máquinas ou organismos vivos? As máquinas variam desde motores moleculares dentro de telefones celulares a motores de carros, e utilizam as leis naturais. Os carros não andam por milagre; são máquinas que convertem a energia do petróleo ou da eletricidade em energia cinética para nos transportar. Como outras máquinas, os carros usam as leis naturais para alcançar nossos objetivos. Funcionar segundo as f o t o : T h o m a s
G e i e r
natureza leis naturais não é o mesmo que ser um produto das leis naturais. Cooperação
Tanto nos organismos vivos, como nos carros, as partes essenciais ao seu funcionamento muitas vezes vêm de vários fornecedores. Podemos encontrar um exemplo nas raízes das leguminosas, plantas que produzem feijões ricos em proteínas. No processo cooperativo de extrair nitrogênio do ar para formar as proteínas, as plantas fornecem energia e criam uma condição de baixo oxigênio necessária para que uma bactéria “fixe o nitrogênio”. Para que o oxigênio seja absorvido e impedida a fixação do nitrogênio, é usada uma “esponja de oxigênio”, chamada leg-hemoglobina. No passado defendia-se a ideia de que a parte de proteína da leg-hemoglobina fosse formada pela planta, e que a bactéria fornecia a molécula de hemo que detém a liga de oxigênio do ferro. Hoje, acredita-se que, pelo menos às vezes, a planta produz todo o complexo da leg-hemoglobina.* Esse processo ilustra muito bem a natureza cooperativa da criação. É semelhante a uma fábrica bem planejada com departamentos que cooperam entre si para produzir carros, bolas de boliche, bombons ou aparelhos eletrônicos. Se cada etapa do processo não se encaixar no planejamento geral, nada pode ser feito. Os organismos vivos também necessitam de um plano geral, pois não podem sobreviver sozinhos. A cooperação não beneficia os organismos vivos diretamente envolvidos, apenas. No caso da fixação do nitrogênio, toda a vida é beneficiada. As raras avarias nessa coo-
peração ilustram por que ela é essencial à vida; por exemplo, organismos não ativos, quando são introduzidos em um novo ambiente, podem danificar os ecossistemas. Mesmo as bactérias normalmente benignas ou úteis, como o estafilococo ou a E. Coli, podem causar doenças ou morte. Mas essas são exceções, não a regra. A questão não deveria ser se a natureza aparenta ou não ser projetada. Desde os trilhões de células não humanas que vivem em nosso corpo, cooperando conosco de várias maneiras para nos manter saudáveis e felizes, às máquinas moleculares que mantêm cada uma dessas células funcionando, até a cooperação entre plantas e animais que mantêm os animais alimentados e as plantas polinizadas, a real questão é: Quem é responsável pelos projetos maravilhosos que vemos ser transformados em vida ao nosso redor? Quem fez todo o planejamento necessário? A Bíblia oferece uma resposta convincente, que também explica as exceções, felizmente incomuns, que um lindo plano permeia a criação. O projeto da criação é muito mais impressionante do que uma simples ponta de flecha, e têm implicações muito mais profundas. A Bíblia nos liberta para reconhecer esse fato e louvar o Arquiteto. n * M. A. Santana, K. Pihakaski-Maunsbach, N. Sandal, K. A. Marcker, e A. G. Smith, “Evidence That the Plant Host Synthesizes the Heme Moiety of Leghemoglobin in Root Nodules,” Plant Physiology 116, no. 4 (1998): 1259-1269. Online at www.plantphysiol.org/ content/116/4/1259.
Tim Standish, Ph.D., é cien-
tista do Instituto de Pesquisa e Geociência, e mora no sul da Califórnia, Estados Unidos.
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LEGADO de LUZ
Parte 4: 1881–1891
Década de 1880
mensageira de Deus –
Igreja em
crescimento
Theodore N. Levterov
– novos desafios
L i t e r á r i o
d e
E l l e n
G .
W h i t e
Vida e legado de Ellen White, de 1881-1891
Pat r i m ô n i o
A
pós a morte de Tiago White em 1881, Ellen White se mudou para a Califórnia. Sentindo-se sozinha, deprimida e não conseguindo escrever muito, ela se dedicou às assembleias da Associação Geral, a falar nas reuniões campais, visitar e trabalhar em vários empreendimentos da igreja. Na região leste, ela ministrou nas campais de Vermont, Maine, Nova Iorque, Nebraska, Michigan e Indiana. De volta à Califórnia, ajudou a fundar a Healdsburg Academy (escola de ensino médio).1 Healdsburg passou a ser sua residência permanente. Ela comprou uma casa “próxima, em dois hectares e meio de terra, com várias qualidades de frutas”, feliz por poder trabalhar na horta e fazer compota de frutas. Em julho de 1882 ela havia concluído o Testemunho 31, explorando temas como a educação adventista, instrução para os pais, assuntos relacionados aos jovens e outros.2 Aparentemente, a maneira que ela encontrou para superar a dor foi manter-se sempre ocupada. Inspiração profética
No início da década de 1880, surgiram novas ondas de oposição ao dom profético de Ellen White, sob as acusações de “supressão” (omissão intencional) de parte dos seus primeiros escritos. Os problemas vieram à tona após decidirem publicar um novo livro denominado Primeiros Escritos (1882), com suas primeiras experiências e visões. A finalidade do livro era silenciar um crescente criticismo contra as primeiras revelações de Ellen White. Pelo menos inicialmente, alguns membros da igreja pensavam o contrário.3 Ellen White usou a oportunidade para destacar que a inspiração bíblica era dinâmica, não verbal nem ditada. Um ano mais tarde ela também apoiou a decisão da Associação Geral
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A primeira reunião campal da Europa foi realizada em Moss, Noruega, em 1887. Foram utilizadas tendas para alojamento e reuniões. Ellen G. White está sentada no centro, à direita, de costas para a tenda.
de revisar e republicar seus Testemunhos no formato novo e atualizado de quatro volumes. “Onde a linguagem usada não é a melhor” ela escreveu, “quero que a tornem correta gramaticalmente, como creio que deva ser em todo caso em que for possível, sem destruir o sentido.”4 Poucos anos mais tarde ela observou: “Não são as palavras da Bíblia que são inspiradas, mas os homens é que o foram.”5
Viagem para o exterior
De 1885 a 1887, Ellen White, seu filho W. C. White e família, e Sara McEnterefer, sua secretária, viajaram para a Europa na primeira viagem missionária de Ellen ao exterior. Eles embarcaram no transatlântico no dia 13 de julho de 1885, sendo a primeira parada na Inglaterra, onde ela visitou a sede da missão, em Grimsby, e pregou em várias congregações adventistas. A Sra. White participou de muitas
Parte 5:1891–1900
PARTE 6: 1900–1915
Os Anos na Austrália
Os Anos em Elmshaven
conferências “evangelísticas”. Certo domingo à noite, em Southampton, ela falou para mil pessoas em um auditório alugado. Impressionados com sua mensagem, a imprensa pública pediu que ela escrevesse sua palestra para ser publicada; e ela os atendeu. Após duas semanas na Inglaterra, Ellen White partiu para a Suíça em tempo de se reunir com a liderança da igreja na Europa no concílio anual, em setembro de 1885. Ela se instalou em Basel e, nos dois anos seguintes, viajou extensivamente desde a Itália até a Escandinávia, instruindo tanto os líderes como os membros da igreja. Ao mesmo tempo, ela foi exposta a alguns problemas singulares ao contexto europeu, tal como servir o exército, a observância do sábado, frequência obrigatória das crianças adventistas à escola no sábado, e outros problemas administrativos relacionados com o estabelecimento de associações para que a mensagem adventista fosse expandida.6 O Grande Conflito de 1888
Ellen White retornou aos Estados Unidos, em 1887. Ela estava tentando concluir um dos seus manuscritos mais importantes, a edição de 1888 de O Grande Conflito.7 Com base em sua visão de 1858, ela havia escrito várias vezes sobre o assunto.8 No entanto, sua decisão de lançar uma versão mais completa e atualizada, resultou de suas visitas a tantos lugares associados à Reforma e à história do cristianismo na Europa. A edição melhorada se tornaria uma das suas obras mais famosas. A introdução do livro também ficou conhecida como a mais bem elaborada sobre a natureza da inspiração bíblica. Em parte, essa introdução foi sua resposta a uma nova controvérsia sobre seu ministério profético, provocada por D. M. Canright, pastor adventista e amigo pessoal. Canright deixou o adventismo, em 1887 e se tornou um dos seus críticos mais severos. À semelhança das acusações anteriores de supressão, as dúvidas de Canright sobre o dom profé-
tico de Ellen White fundamentava-se na visão “verbal” da inspiração. Ela (e os adventistas) confirmavam sua compreensão de que, embora Deus inspirasse os pensamentos dos Seus mensageiros, não ditava as palavras.9
centar a mensagem da justificação pela fé às crenças adventistas. Começando pela igreja de Battle Creek, Michigan, eles viajaram por todo país, falando nas igrejas e nas reuniões campais.
Associação Geral em Minneapolis
Ellen White concluiu a década de 1880 publicando duas outras obras importantes: Patriarcas e Profetas (1890) e Temperança Cristã e Higiene na Bíblia (1890), sua obra mais abrangente sobre saúde e precursora de A Ciência do Bom Viver (1905). Apesar dos desafios da década de 1880, Ellen White continuava a trabalhar incansavelmente. O fato de enfrentar sua tristeza pessoal pela perda do esposo, lidar com os vários problemas da igreja e viajar para o exterior como missionária, só enriqueceu sua experiência. Estava pronta para novos desafios à medida que a crescente denominação Adventista se aproximava do novo século. Porém, antes disso, ela enfrentou outra aventura missionária: a Áustrália. n
Em 1888, Ellen White tratou de outra questão teológica que veio à tona durante a assembleia da Associação Geral, em Minneapolis. Os antigos guardiões do movimento, Urias Smith e G. I. Butler, foram confrontados por A. T. Jones e E. J. Waggoner, jovens teólogos da Califórnia. Os pontos de discordância eram questões teológicas relacionadas à profecia bíblica e às interpretações tradicionais. Embora Ellen White estivesse ciente das diferenças teológicas, ficou muito perturbada com a atitude rancorosa entre os dois grupos antes e depois da assembleia. Ao final, não disse muito sobre sua posição teológica (embora endossasse a ênfase na justificação pela fé defendida por Jones e Waggoner), mas falou sobre a importância da tolerância, compreensão e a manifestação de uma atitude cristã, mesmo diante de discordâncias teológicas. Escreveu ela: “Minha preocupação durante a reunião era apresentar Jesus e Seu amor perante meus irmãos, pois eu via claras evidências de que muitos não tinham o espírito de Cristo.”10 Portanto, não foi por acidente que seus livros mais cristocêntricos, como Caminho a Cristo (1892), O Maior Discurso de Cristo (1896), O Desejado de Todas as Nações (1898) e Parábolas de Jesus (1900), foram escritos após Minneapolis. Ellen White não via a justificação pela fé como uma “nova luz”. Ao contrário, era uma verdade “antiga”, mas negligenciada, que precisava ser trazida de volta para o “centro” das três mensagens angélicas. Logo após Minneapolis, Ellen White, A. T. Jones e E. J. Waggoner começaram uma campanha para acres-
Final da década de 1880
1 Veja
Arthur White, Ellen White: Woman of Vision (Hagerstown, Md.: Review and Herald Pub. Assn., 2000), p. 215. of Sister White,” Review and Herald, 26 de setembro de 1882, p. 616. 3 Para discussão mais detalhada, veja Theodore N. Levterov, The Development of the Seventh-day Adventist Understanding of Ellen G. White’s Prophetic Gift, 1844-1889 (New York: Peter Lang Pub., 2015), pp. 143-146, 155. 4 Ellen G. White, Mensagens Escolhidas (Casa Publicadora Brasileira), v. 3, p. 97. 5 Ibid., v. 1, p. 21. 6 Arthur White, p. 225-244. 7 Ellen G. White, The Great Controversy Between Christ and Satan During the Christian Dispensation (Oakland, Calif.: Pacific Press Pub. Assn., 1888). 8 A versão de 1884 do livro, por exemplo, foi publicada pelas casas publicadoras Review and Herald e Pacifc Press, vendendo milhares de cópias. Veja Ellen G. White, The Spirit of Prophecy: The Great Controversy Between Christ and Satan From the Destruction of Jerusalem to the End of the Controversy (Oakland, Calif.: Pacific Press Pub. Assn., and Battle Creek, Mich.: Review and Herald Pub. Assn., 1884). 9 Ellen G. White, O Grande Conflito (1888), prefácio da autora, p. c-h. 10 Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, (Casa Publicadora Brasileira) v. 3, p. 171. 2 W. C. White, “Health
Theodore Levterov é
diretor da sucursal do Patrimônio Literário de Ellen G. White, na Universidade Loma Linda, Califórnia, Estados Unidos.
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serviço
Ver
Sua
O amor de Cristo é demonstrado em situações incomuns.
face
Senhor, almejo ver Tua face, sentir o amor que tens por mim. Por favor, permita-me ver-Te. Como Jesus responderia à minha oração? Uma nota de “urgente” avisava que, em 24 horas, Corky seria transferida para meu distrito. Ela necessitava de cuidados intensivos de saúde em domicílio. Na breve descrição sobre ela, se destacavam as palavras indócil, mal-humorada, desajustada, incontrolável e terminal. O novo endereço de Corky era em um parque de trailers, localizado na encosta de uma colina, sobre vegetação exuberante, com vista para o Oceano Pacífico. Mike atendeu à porta. Fiquei surpresa: as informações não mencionavam morador do sexo masculino. – Essa é a casa da Corky? – É – disse ele. – Você é a enfermeira? – Ele abriu a porta e fez menção para que eu entrasse. A sala estava vazia. O carpete marrom estava coberto com uma camada de pó branco. Ele disse: – Desculpa a bagunça do gesso. Tive que arrumar este lugar para ela se mudar. Trabalhei a noite toda. Ela vai chegar amanhã.” Peguei minha caneta, esperando começar a preencher a papelada. Mike continuou falando: – Acho que ela vai gostar daqui. Ela nunca morou no campo, mas disse que sempre quis morar à beira do mar. Vou dar a ela este quarto com janela para ver lá fora. Ele respondeu a algumas perguntas e continuou falando sobre Corky. – Não acho que ela vá viver muito. Ela é muito difícil; não fez o tratamento que precisava. Agora está sentindo muita dor e eu acho que está com alguma infecção. Você vai me ajudar? Foram feitos todos os arranjos para receber assistência domiciliar de saúde. Os profissionais fariam algumas das tarefas de casa e ajudariam no cuidado com Corky. – Estarei de volta amanhã cedo para conferir se está tudo
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Diana Dyer
em ordem – eu disse. – Quando Corky estiver aqui, vamos ajustar seus remédios contra a dor e determinar de quais os cuidados de enfermagem ela necessita.
Um caso difícil
De volta ao escritório, revisei o histórico médico de Corky. Ela foi diagnosticada com câncer de mama e o tratamento foi planejado. Mas, como não se sentisse bem com a terapia, ela “despedia” um médico após outro sempre que os efeitos colaterais causavam desconforto. Vários médicos a haviam tratado com bastante tolerância, apesar de sua linguagem de baixo calão e falta de cooperação. Finalmente, um único médico se dispôs a assumir a responsabilidade de tratá-la, mas só disponibilizou serviço a distância, fundamentando suas decisões nos relatórios da enfermeira. Aparentemente, Corky também não gostava de enfermeiras. Quando cheguei para a primeira visita, Corky estava com muito medo. Mike me cumprimentou à porta. A preocupação e falta de sono havia aprofundado as linhas do seu rosto. – Ela chegou tarde, ontem à noite, e quase não dormiu – confidenciou. – O remédio contra a dor parece não estar ajudando. Tenho que lutar para ela tomar. Até prometi sorvete, se ela ajudasse. Mike me conduziu ao quarto. O cheiro de decomposição provocou meu reflexo de vômito. Mike parecia muito preocupado para perceber. Ele disse gentilmente: – Acorda, Corky. A enfermeira está aqui para ver você. Ele puxou o monte de cobertas. Vagarosamente surgiu uma cabeça desgrenhada, seguida de um corpo enorme, totalmente nu. Eu havia imaginado que Corky fosse magra. Comecei a fazer perguntas. Seus grunhidos eram ininteligíveis. Seu braço direito estava inchado e distendido. No lado direito do seu tronco, frente e costas, a pele estava inchada e dura. Perguntei a Mike:
Mike estava ali, em pé, mas nele eu vi o rosto de Jesus.
– Onde está o ferimento que precisa de curativo?” Ele respondeu apontando o braço direito de Corky. – Ali, embaixo do braço dela. O local estava tão inchado que Corky não conseguia levantar o braço. Quanto tentei ajudá-la, ela gritou palavrões e se dobrou de dor. Finalmente, Mike a convenceu a cooperar. De uma cratera profunda, escura, do tamanho de um melão, escorria um líquido grosso, pegajoso e com odor desagradável. Mike parecia calmo e despreocupado, certo de que iríamos encontrar uma forma de melhorar as coisas. Quando terminei o trabalho de irrigação da ferida e de fechá-la com gaze, voltei para o escritório cansada e apreensiva. Aquele mesmo tratamento teria que ser repetido duas a três vezes ao dia. Ela realmente precisa ficar em algum tipo de instituição com cuidados qualificados de enfermagem, pensei. – De jeito nenhum! – disse Mike quando o abordei com a ideia. – Vou cuidar dela aqui. Fiel até o fim
As visitas de enfermagem foram agendadas para duas vezes ao dia. Os cuidados ofereciam banho no leito e pequenas tarefas domésticas. Mike estava ali 24 horas, 7 dias por semana, dando remédio contra a dor, confortando-a com carinho e insistindo para que ela comesse e bebesse. Muitas vezes, a promessa de uma colher de sorvete a convencia a cooperar. Embora sempre fizesse comentários sobre aquela relação especial, a única recompensa que Mike frequentemente recebia por sua ternura, eram palavrões. Mesmo assim, ele se recusava a colocar Corky em uma instituição. Disse ele: – Eles não vão conseguir controlá-la. A primeira notícia que vamos ter é de que ela ‘despediu’ todo mundo e causou tanto problema que vai acabar jogada na rua, outra vez. Mas eu a compreendo. Posso tomar conta dela. Assim, Corky permaneceu no trailer com Mike. Todos os que estávamos envolvidos no tratamento, fazíamos o possível
para ajudar, seguindo o plano de cuidado e um descanso ocasional. Mas Mike carregava, sozinho, a maior parte da carga. Quando eu ficava com Corky, descobri que dez minutos era o máximo que ela conseguia descansar antes de chamar por Mike. Após uma ou duas horas, eu já estava exausta. Mike fazia isso dia e noite… Já presenciei a morte, muitas vezes, e reconheço quando ela está chegando. Mike perguntou: – Quando você acha que ela vai chegar? Gentilmente falei sobre o processo, descrevendo o cenário usual. – Dentro de um dia ou dois, você vai perceber longas pausas entre as respirações, e será um pouco ofegante quando ela respirar outra vez. Então, simplesmente, ela vai parar de respirar. Não vai sentir nenhuma dor. Conversamos um pouco antes de eu levar minhas bolsas para o carro. Assim que saí da frente da garagem, Mike saiu correndo pela porta e gritou: – Ela está fazendo aquilo! Ela está fazendo o que você disse! Ofegante, Corky inspirou pela última vez. Olhei para seu corpo imóvel, totalmente em paz, afinal. Seu suplício havia terminado. Olhei para Mike. Ele a observava em silêncio, com lágrimas rolando pelo rosto e pingando de seu queixo. Seu sofrimento me emocionou mais profundamente do que a morte de Corky. Sufocando meu choro, murmurei algum tipo de condolência e terminei dizendo que ele havia feito mais do que a maioria dos maridos fariam em tais circunstâncias e que ela nunca tinha duvidado do seu amor. – Marido? – E me lançou um olhar penetrante. – Não sou marido dela. Mal a conhecia! Vendo meu olhar assustado, ele prosseguiu: – Ela morava na rua. Foi na rua que a encontrei. Não tinha ninguém para cuidar dela. Eu sabia que ela estava morrendo. Por isso, comprei este lugar para que ela tivesse para onde ir. Se eu não tivesse cuidado dela, quem cuidaria? Ela não tinha ninguém. n
Diana Dyer e seu esposo Richard vivem em
Adams, Nebraska, Estados Unidos. Ela aprecia falar de Jesus às pessoas.
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R E S P O S T A S
A
P E R G U N T A S
B Í B L I C A S
Reflexo O que Paulo quis dizer ao declarar que Jesus é “a imagem de Deus”?
Perfeito
Essa não é, necessariamente, uma pergunta difícil, mas há nela certo aspecto que muitas vezes não é enfatizado. Embora o assunto possa estar ligado a Gênesis 1:27, onde é declarado que Adão e Eva foram criados à semelhança de Deus, dificilmente haveria qualquer dúvida de que Jesus seja a imagem de Deus, porém de maneira muito mais grandiosa e singular. A menção de que Cristo é a imagem de Deus aparece em apenas duas passagens, (2Co 4:4 e Cl 1:15)*. Analisaremos também, as passagens que mencionam os cristãos como sendo a imagem de Deus/Cristo. 1. Cristo: Imagem de Deus . Em 2 Coríntios 4:4 Paulo declarou o motivo pelo qual algumas pessoas rejeitam seu evangelho. Em resposta, ele contrastou a obra do deus desta era com a obra do Deus verdadeiro. De um lado, as pessoas rejeitam o evangelho porque o deus desta era as cegou “para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus” (verso 4). Esse verso sugere que Cristo, sendo a imagem de Deus, tem Sua própria glória, que é revelada no evangelho. Por outro lado, Deus é o Deus que das trevas criou a luz. Essa luz acaba com a cegueira humana, fazendo com que a luz brilhe “em nosso coração”. Essa luz nos ilumina por inteiro e nos capacita a ver “para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo” (verso 6). “A face de Cristo” é outra maneira de nos referirmos a Ele como sendo a imagem de Deus. Nesse caso, Cristo, como a imagem de Deus, revela Sua glória, isto é, o caráter de Deus. Nesses versos, a designação de Cristo como a imagem de Deus indica Suas duas naturezas: Ele é divino; e Sua função: revelar a glória de Deus a um mundo de pecado e em conflito com o deus desta era. 2. Cristo: Imagem de Deus: Colossenses 1:15 pertence ao que é considerado ser duas partes de um hino cristão (Cl 1:15-20). A primeira é a respeito do significado cósmico de Cristo (versos 15-17), e a segunda, sobre Sua obra de redenção (versos 18-20). É uma narrativa que descreve
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uma harmonia cósmica, que quase imperceptivelmente se transforma em rebelião, que finalmente é debelada. Trata-se do conflito cósmico. Na parte cósmica do hino, a referência a Cristo como imagem de Deus, muitas vezes é esquecida. No contexto da criação do cosmos, Cristo é apresentado como “a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda criação” (verso 15). O título “primogênito” indica sua preeminência sobre a criação. O título “imagem de Deus” claramente indica Seu papel cósmico de mediador e revelador do “Deus invisível” à toda a criação. Em outras palavras, quando tudo foi criado, o Filho foi instituído como o único meio de revelar o caráter de Deus ao cosmos. Aqui, o termo imagem não significa “semelhança” mas designa a natureza de Cristo como a exata manifestação do Deus invisível. Pois “sendo Deus” (Fl 2:6), nEle habita “toda a plenitude da divindade” (Cl 2:9). Somente Deus pode revelar Deus. Tanto que “Ele é antes de todas as coisas [o cosmos], e nEle tudo subsiste” (Cl 1:17). Ele era a imagem cósmica de Deus antes do pecado e veio a este mundo de pecado como a imagem de Deus em forma humana. 3. Os fiéis refletem a imagem de Deus: Por natureza, os seres humanos possuem a imagem de Adão (1Co 15:49). Ao contemplar a glória de Cristo, eles estão sendo transformados “na Sua própria imagem” (2Co 3:18, ARA). Nosso novo ser “está sendo renovado em conhecimento, à imagem do seu Criador” (Cl 3:10), significando que a imagem de Deus, a qual quase perdemos, está sendo restaurada em nós, por meio de Cristo. Essa é uma experiência do presente, mas também uma expectativa para o futuro (1Co 15:49). Ao refletir a imagem de Cristo agora, nos tornamos Seus irmãos e irmãs (Rm 8:29), parte da família de Deus. n *A não ser quando indicado, todos os textos bíblicos foram extraídos da Nova Versão Internacional.
Ángel Manuel Rodríguez aposentou-se após atuar como pastor, professor e teólogo.
outros é altamente benéfica; a “confiança vertical” em Deus é especialmente poderosa.
Segredos
da
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controle, considere várias semanas (ou mais) de férias da TV, internet, DVDs e outras mídias visuais. Impossível como possa parecer, ao longo da história, o mundo sobreviveu sem essas distrações.
Você está pronto para uma aventura? Uma das coisas mais emocionantes que podemos fazer como cristãos é compartilhar a maravilhosa mensagem que Deus nos deu. E um dos meios mais simples de fazê-lo é entregando literatura! Há algum tempo, um homem comprou vários folhetos religiosos. Um desses folhetos – sobre o que acontece após a morte – acabou viajando para outro país. Ali, o folheto passou de mão em mão, até chegar a um pastor batista que o traduziu para o francês e leu para 80 pessoas em um funeral. Certa moça, simplesmente deixou um folheto sobre uma mesa. O capelão de uma penitenciária pegou e leu o folheto. Mais tarde ele encomendou mais de dois mil folhetos para os 900 presidiários. Outra mulher entregou timidamente um folheto para a pessoa sentada ao seu lado no ônibus. Para sua surpresa, o homem disse: “Eu estava aqui orando e pedindo a Deus um sinal significando que Ele não queria que eu cometesse suicídio. Acho que este é o sinal.”* Portanto, mais uma vez pergunto: você está pronto para uma aventura? Na revista deste mês, estamos incluindo um folheto do GLOW para você destacar, dobrar e entregar para alguém. Ao fazer isso, estará se unindo a mais de 1,5 milhão de outros adventistas em todo o mundo que estão fazendo a mesma coisa! Separe um tempo para orar pedindo que Deus o conduza a um encontro divino ou para que lhe dê uma ideia criativa. Em seguida, basta entregar o folheto ou deixá-lo em algum lugar para que seja encontrado. Ao longo do ano, a Adventist World publicará periodicamente um folheto destacável. Cada vez que você entregar um folheto a alguém, envie à Adventist World sua história sobre o encontro marcado por Deus ou como você distribuiu o folheto. Você pode enviar sua história por e-mail para nelson@puconline.org. Seja o mais criativo que puder, e sua história poderá ser publicada em alguma edição futura da Adventist World!
saúde Mental
* Ellen G. White, Colportor Evangelista (Casa Publicadora Brasileira), p. 5.
Tempo de qualidade com a família O tempo gasto com a mídia eletrônica também pode enfraquecer os laços familiares. O excesso de tempo é uma grande preocupação porque as conexões familiares fortes são indicadores poderosos de melhor saúde emocional.7 Precisamos priorizar atividades de interação com a família. Ir a lugares e fazer coisas que sejam divertidas, interessantes e gratificantes.
GLOW: Levando luz ao nosso mundo
Aprender a confiar em Deus Instintivamente os seres humanos respondem bem à honestidade e confiabilidade em outra pessoa, especialmente quando sentem um interesse genuíno em seu bem-estar. Isso ocorre quando passam tempo juntos e compartilham experiências. De idêntica maneira, desenvolvemos confiança em Deus ao provarmos Suas promessas na Bíblia e experimentarmos Sua fidelidade guiando nossa vida. O salmista reconheceu a importância de desenvolver um relacionamento experimental com Deus: “Provem e vejam como o Senhor é bom. Como é feliz o homem que nEle se refugia!”10 O próprio Deus nos convida: “Venham a Mim [...] aprendam de Mim, [...] e vocês encontrarão descanso para as suas almas.”11 Por que não separar um pouco do seu tempo, todos os dias, para ler a Bíblia, talvez começando com o Evangelho de Marcos? Você poderá se surpreender ao encontrar um Deus muito mais digno de confiança que muitos seres humanos, mesmo aqueles que afirmam ser Seus seguidores. E junto com essa descoberta, você poderá perceber que está exercendo mais controle sobre suas emoções.
3
Levando luz ao nosso mundo
1
Os textos bíblicos foram extraídos da Nova Versão Internacional. Usado com permissão. Para as referências citadas no texto, acesse glowonline.org/mentalhealth.
2
Confiança e a saúde emocional Quando temos relacionamentos de confiança com ums ou mais pessoas, “sinais de confiança” elétricos e químicos dos centros superiores do cérebro, particularmente do lobo frontal, podem diminuir e até eliminar o sistema do medo que percorre os centros inferiores do cérebro. Essa confiança ajuda no controle da ansiedade e do estresse.8 Entre esses mensageiros químicos da confiança está o hormônio oxitocina.9 O aumento dos níveis de oxitocina também melhora nossas dimensões interpessoais que tendem a fortalecer nosso estado emocional. Consequentemente, uma estratégia para melhorar a saúde emocional é desenvolver relacionamentos de confiança. A “confiança horizontal” em
Histórias do
Segredos da Saúde Mental
Em 1944, aos 16 anos de idade, Edith Eger foi arrancada pelos nazistas, do seu lar, na Hungria e enviada para um campo de morte, o famoso e temido Auschwitz. Embora tenha sido poupada da câmara de gás para onde enviaram seus pais, Edith, que já era magrinha, perdeu ainda mais peso enquanto era transferida de um campo para outro. Em maio de 1945, quase morta, Edith caiu em um torpor inconsciente. Os guardas pensaram que ela estivesse morta e a jogaram em uma cova coletiva no bosque atrás do grande Campo Gunskirchen. Miraculosamente, um soldado americano viu a mão de Edith se movendo em meio aos cadáveres. Ele livrou a menina da morte certa. Ela estava com 30 quilos.1 Se alguma pessoa tinha razão para ser controlada pelo seu ambiente, essa era Edith Eger. Apesar das experiências horríveis pelas quais passou, ela não sucumbiu à amargura, ódio e desespero. Edith não apenas sobreviveu, mas prosperou. Ela se casou com um Lutador pela Liberdade Checa, criou três filhos e fez um doutorado em psicologia. Se você se encontrasse com a Dra. Edith ou a ouvisse falando, provavelmente a classificaria entre as pessoas mais positivas e inspiradoras que já conheceu. A mensagem de Edith era: “Contrário à crença popular, não há
David DeRose e Bernell Baldwin, neurocientistas
Práticas alimentares Os estudos com animais revelam que as práticas alimentares não saudáveis prejudicam o circuito emocional do cérebro, tanto durante o desenvolvimento, como na maturidade. Os exemplos incluem deficiências emocionais, excesso no consumo do sal e dietas ricas em gorduras.4 A questão funda-
Nova ênfase da psicologia A vida da Dra. Edith Eger fala com eloquência sobre uma tendência crescente entre os profissionais da saúde mental: todos temos a capacidade de cultivar uma atitude otimista mesmo em meio aos revezes e dificuldades.3 Por certo, enquanto muitos de nós acreditam que nossas emoções sejam determinadas pelas nossas circunstâncias, as evidências indicam o contrário. Você pode controlar suas emoções, a despeito do seu ambiente! É comprovado que nossas emoções são mais afetadas do que nossos pensamentos. Contudo, o que mais impacta nosso estado emocional são as escolhas do estilo de vida que fazemos diariamente. Observemos vários fatores que podem nos ajudar a permanecer no controle desse importante campo da saúde mental.
vítimas neste mundo – só participantes voluntários. Nem sempre podemos controlar as circunstâncias, mas podemos controlar nossa reação diante delas.”2
Exercício Nenhum programa de otimização da saúde emocional deveria negligenciar o exercício físico regular. Recomendamos fazer da atividade física parte da rotina diária. As pesquisas relacionam o exercício ao
Evite drogas que viciam Em curto prazo, o álcool provoca raiva, ódio e violência. Ele anestesia as células do controle, na parte superior do cérebro. Como resultado, os circuitos da violência, na parte inferior do cérebro, ficam desenfreados, como testificam milhares de famílias maltratadas. Os efeitos do álcool em longo prazo são ainda mais sérios. Aproximadamente 60g de álcool consumidos diariamente, matam as células do controle. As células da região inferior do cérebro são muito mais resistentes. Resultado: desequilíbrio permanente do cérebro favorecendo os centros emocionais inferiores. Outras drogas também podem prejudicar os mecanismos de controle do cérebro. Em certas circunstâncias, até a maconha tem a capacidade de desequilibrar permanentemente o cérebro.
mental é: optar por uma dieta com baixo teor de sódio, alimentos integrais ricos em nutrientes (frutas, grãos integrais, vegetais, castanhas e sementes) e limite ou elimine produtos de origem animal e gordura acrescentada.
A televisão e a instabilidade emocional O desequilíbrio emocional também pode ser influenciado pelas escolhas visuais (TV, internet, etc.) tanto quanto pela música. Um princípio de comportamento humano é esse: “Nós nos tornamos semelhantes ao que contemplamos.” É certo que nossa mente é moldada pelo que vemos regularmente. Portanto, se nos interessa obter a saúde mental ideal, precisamos exercer sério controle sobre o que vemos. Se você tem dificuldade de exercer tal
Escolha cuidadosamente seu estilo musical A música exerce um poderoso impacto sobre a região emocional do cérebro, conhecida como sistema límbico. Dependendo do tipo de música, tanto as emoções positivas como as negativas podem ser estimuladas. A quantificação direta das estruturas límbicas revelam que a música de um harmonioso piano, por exemplo, podem evocar emoções agradáveis, enquanto que música dissonante pode desencadear emoções negativas.6 Por essas razões devemos ser cautelosos com nossa seleção musical. Escolha somente músicas que ajudem no controle e equilíbrio emocional.
declínio dos níveis do estresse e aumento da saúde emocional (incluindo menos depressão e ansiedade).5 Estudos também têm mostrado que o exercício aumenta significativamente os níveis de um hormônio emocional poderoso, chamado oxitocina.
TR O C A DE IDEIAS
GRATIDÃO
Oraçãow
Minha família está enfrentando problemas financeiros. Por favor, ore por nós. Rebecca, Quênia
Meu esposo não mais dirige os cultos da família. Ele conduzia nossa família no culto e na oração. Agora, tenho feito isso sozinha. Agradeço a Deus por me ajudar na caminhada cristã, diariamente. Por favor, ore por meu esposo, meus filhos e por mim. Alison, Trinidad e Tobago
Por favor, ore por um amigo que voltou para a Índia para tratamento médico. E ore pelos adventistas de lá para que deem a ele o apoio necessário. Espero que meu amigo seja visitado. Tenho, também, orado para conseguir livros em Punjabi. Silton, Áustria
Necessito de cura espiritual e física, libertação e transformação. Por favor, ore em meu favor! Anequis, Brasil
Muito obrigada por suas orações. Sou colportor-evangelista e precisava desesperadamente de um carro. Ganhamos de nossa igreja, um carro que ainda mantém a aparência de novo! Pattie, Estados Unidos
Terminei a faculdade há quase um ano e ainda não tenho trabalho e nem um centavo para pagar o aluguel. Fiz uma entrevista; ore por um resultado positivo. Milka, Quênia
Ore pelo socorro de Deus em meu favor, pois receio ser expulso da escola. Malcolm, Grenada
Oração & Gratidão: Envie seus pedidos de oração ou agradecimentos (gratidão por orações respondidas) para prayer@adventistworld.org. As participações devem ser curtas e concisas, de no máximo 50 palavras. Os textos poderão ser editados por questão de espaço e clareza. Nem todas as participações serão publicadas. Por favor, inclua seu nome e o nome do seu país. Os pedidos também podem ser enviados por fax para o número: 1-301-680-6638; ou por carta para Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, MD 20904-6600, EUA.
Cartas
Sou grego, minha esposa é colombiana e, com a graça de Deus, planejamos abrir uma igreja no norte da Colômbia. Por favor, ore por nós. – Dimitrius Christopoulos, Colômbia
Igrejas são inauguradas em ritmo mais acelerado da história
Escrevo sobre o artigo de Andrew McChesney “Igrejas são inauguradas em ritmo mais acelerado da história” (maio de 2015). Essa é uma boa notícia. Que Deus abençoe a Igreja Adventista do Sétimo Dia! Sou grego, minha esposa é colombiana e, com a graça de Deus, planejamos abrir uma igreja no norte da Colômbia. Por favor, ore por nós. Dimitris Christopoulos Colômbia Sou grato ao Senhor pelo fato de que igrejas estejam sendo inauguradas no ritmo mais acelerado da história! Espero, pela graça de Deus, ouvir a mesma notícia sobre a região em que vivo. Arnold Nyepetsi Irlanda É maravilhoso saber que o povo de Deus está levando avante o evangelho eterno e a mensagem do terceiro anjo. Deus tem abençoado Seu povo! David Roque Usulután, El Salvador
Não me lembro de ter conhecido um casal mais amável e dedicado que Francis e Mary Sue Wernick. Mesmo em idade avançada, sempre foram fiéis a Deus, à Sua igreja e à Sua obra. Agradeço a Deus pelo privilégio de ter convivido com ele e sua esposa. Ainda posso ouvir a voz despreocupada e gentil do Pr. Wernick. Vem logo, Senhor Jesus! Christine Amadio-Long Estados Unidos
mundial) foi pioneiro na terapia com prótons, e que mais de 18.500 pacientes, com vários tipos de câncer, foram tratados com esse procedimento não invasivo. O câncer de próstata soma cerca de 70% dos casos tratados, com bons resultados e sem os efeitos colaterais debilitantes dos outros métodos de tratamento. J. Lynn Martell Banning, California, Estados Unidos
A História por trás da história
Escrevo em resposta ao artigo de Keldie Paroschi, “A História por trás da história” (fevereiro de 2015). Questiono a afirmação de que nem mesmo Deus determina que lado o indivíduo escolhe – o de Deus ou de Satanás – e que a escolha é totalmente individual. Como vemos essa compreensão à luz de João 6:44; 10:27-29; Romanos 9:14-18; 1 Pedro 1:1, 2, etc.? E o que dizer do fato de Deus ter escolhido Abrão, e Israel como nação? Aparentemente, as Escrituras apoiam essa misteriosa combinação entre a onisciência de Deus e a escolha individual referente à salvação. Ou seja, a escolha pessoal ou da nação, se mistura com a decisão divina. Cynthia Foster B righton, Colorado, Estados Unidos
Líder da igreja prepara a esposa para a morte dele
Cirurgia do câncer de próstata
Muito obrigada pela publicação do artigo de Andrew McChesney “Líder da igreja, casado há 72 anos, prepara esposa para a morte dele” (maio de 2015). Isso é incrível! Perdi meu pai há pouco tempo, após estar casado com minha mãe por 54 anos. Enviei a história, por e-mail, para minha mãe e irmãos. Obrigada por publicá-la. É muito comovente e merece ser guardada! Merril Dennis Trinidade e Tobago
Sempre leio com interesse os excelentes artigos sobre saúde escritos por Peter N. Landless e Allan R. Handysides. O artigo “Cirurgia do câncer de próstata” (fevereiro de 2015), oferece uma visão geral sobre a cirurgia e a espera vigilante, mas não mencionou os efeitos colaterais da cirurgia, como incontinência e disfunção erétil – dois aspectos importantes. Os autores deviam ter destacado que, há 25 anos, o Centro Médico de Loma Linda (instituição adventista de padrão
Há 106 anos, em Sunan
Na revista de setembro de 2014, em um dos itens da Troca de Ideias intitulado “Há 106 anos”, há uma foto sobre a qual eu preciso escrever, mesmo a revista tendo sido publicada há vários meses. A pessoa à esquerda de Riley Russell (fila de trás) é meu avô, C. L. Butterfield, que foi missionário na Coreia por vários anos. Eu também tenho um livro It Came in Handy, que é a história do Dr. Riley Russel, como contada por Stella Parker Peterson. A história fala sobre meu avô e outros que serviram na Coreia. Edwin Toews New York Mills, Minnesota, Estados Unidos
Como enviar cartas: letters@ adventist world.org. As cartas devem ser escritas com clareza, contendo, no máximo, 100 palavras. Inclua na carta o nome do artigo e a data da publicação. Coloque também seu nome, cidade, estado e país de onde você está escrevendo. As cartas serão editadas por questão de espaço e clareza. Nem todas as cartas enviadas serão publicadas.
Julho 2015 | Adventist World
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Há
Esquerda: J. F. Huenergardt Direita: Grupo do início da igreja na Iugoslávia
100 anos
E
m 12 de julho de 1905, foi organizada uma igreja local, em Kumane, Iugoslávia, logo após o batismo de oito pessoas. O ancião dessa nova congregação era Lazar Emeric, um camponês sérvio. O pastor adventista Petar Todor e esposa foram enviados para pastorear aquele pequeno grupo, cumprindo assim, a exigência governamental que requeria dez membros para a formação de uma igreja. No início daquele ano, em Kumane, a 120 quilômetros ao norte de Belgrado, um comerciante judeu ficou surpreso ao ler no jornal sobre um padeiro cristão, na Alemanha, que se unira a determinada religião e, como resultado, decidira fechar sua loja no sábado. Quando o judeu mostrou a notícia para Emeric, ele disse: “Esse alemão está certo. Segundo a Bíblia, o sétimo dia é o verdadeiro sábado.” Emeric pediu a seu filho que escrevesse várias cartas para a Alemanha, tentando encontrar os sérvios, guardadores do sábado. A Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira informou que aquelas pessoas moravam em Hamburgo. Sua próxima carta foi destinada para: “Guardadores do sábado, em Hamburgo.” J. F. Huenergardt, um jovem pastor, recebeu a carta, visitou Kumane e entrou em contato com os sérvios, guardadores do sábado. Como Huenergardt não podia se comunicar no idioma daquelas pessoas, chamaram o barbeiro da cidade para interpretar. Como resultado, o barbeiro ficou tão interessado na Bíblia que passou a fechar sua barbearia no sábado – o dia de maior movimento da semana – e começou a guardar o sétimo dia.
O
leguminosas Embora todos os legumes sejam nutritivos, apenas um contém todos os aminoácidos necessários para o crescimento dos músculos: o grão-de-bico. Menos de 230 gramas de grão-debico oferecem 18 gramas de proteína. Quem consome grão-de-bico regularmente, tem colesterol mais baixo, melhor digestão e imunidade mais alta que os que não consomem. Faça o seu húmus*: n
Para obter algo que você nunca teve, precisa fazer algo que nunca fez. – Beatrice Anebo, Uganda
4 dentes de alho
n 450 gramas de grão-de-bico escorrido (guarde 2 colheres de sopa do líquido) n
F rase
líder das
1 colher (chá) de sal
n 2 a 3 colheres (sopa) de suco de limão n 2 colheres (sopa) de tahini (pasta de gergelim) n Em processador de alimentos, bata o alho, acrescente os outros ingredientes e bata até ficar macio. Ajuste o sal. *pasta de grão-de-bico Fonte: Men’s Health
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Adventist World | Julho 2015
Perdoe
“Eis que cedo venho…”
Nossa missão é exaltar a Jesus Cristo, unindo os adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só crença, missão, estilo de vida e esperança.
e fique em forma
Editor Adventist World é uma publicação internacional da Igreja Adventista do Sétimo Dia, editada pela Associação Geral e pela Divisão do Pacífico Norte-Asiático. Editor Administrativo e Editor-Chefe Bill Knott
Todos conhecem a seguinte frase da Oração do Senhor: “Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores” (Mt 6:12). Novas pesquisas têm mostrado que o perdão produz efeitos tanto físicos como espirituais. Pesquisadores constataram que as pessoas que perdoam obtêm melhores resultados em testes de aptidão, e mais facilidade para subir colinas do que os que não perdoam.
Editor Associado Claude Richli Gerente Internacional de Publicação Pyung Duk Chun Comissão Editorial Ted N. C. Wilson, presidente; Benjamin D. Schoun, vice-presidente; Bill Knott, secretário; Lisa Beardsley-Hardy; Daniel R. Jackson; Robert Lemon; Geoffrey Mbwana; G. T. Ng; Daisy Orion; Juan Prestol; Michael Ryan; Ella Simmons; Mark Thomas; Karnik Doukmetzian, assessor legal. Comissão Coordenadora da Adventist World Jairyong Lee, presidente; Akeri Suzuki, Kenneth Osborn, Guimo Sung, Pyung Duk Chun, Suk Hee Han Editores em Silver Spring, Maryland, EUA Lael Caesar, Gerald A. Klingbeil (editores assistentes), Sandra Blackmer, Stephen Chavez, Wilona Karimabadi, Kimberly Luste Maran, Andrew McChesney
Fonte: The Rotarian/Social Psychological and Personality Science
Editores em Seul, Coreia do Sul Pyung Duk Chun, Jae Man Park, Hyo Jun Kim Editor On-line Carlos Medley
Monarcas vivos
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No início deste ano, Elizabeth II, rainha do Reino Unido, que é a monarca viva mais idosa do mundo, completou 89 anos de idade.
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O segundo monarca mais idoso é o rei Harald V (78), da Noruega.
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Os dois monarcas mais jovens são o rei Felipe VI (47), da Espanha, e Willem-Alexander (48), da Holanda.
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V. 11, nº- 7 Fonte: Royalcentral.co.uk
Julho 2015 | Adventist World
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