AW Portuguese - August 2018

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N O V O C O M E N TÁ R I O B Í B L I C O /// E VA N G E L I S M O P Ú B L I C O E P E S S O A L /// C U R R Í C U L O G L O B A L /// O T I M I S M O E M M O Ç A M B I Q U E

Exemplar avulso: R$ 2,84 | Assinatura: R$ 34,00

AGOSTO 2018

PONTOS EM COMUM A VISÃO ADVENTISTA SOBRE O DIÁLOGO ENTRE AS IGREJAS E RELIGIÕES


EDITORIAL

POR QUE OS ADVENTISTAS NÃO ADOTAM O ECUMENISMO MARCOS DE BENEDICTO

O movimento ecumênico teve início há mais de cem anos, mas o verdadeiro marco foi a criação do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) em 1948. Principal organização ecumênica no mundo, presente em mais de 120 países, a entidade está comemorando 70 anos. O grande momento da celebração foi a visita do papa Francisco ao centro do CMI em Genebra no dia 21 de junho. Terceiro papa a visitar o CMI, ­Bergoglio adotou para essa peregrinação o lema “Caminhando, orando e trabalhando juntos”. Em seus próprios termos, a Igreja Católica, que não faz parte oficial da entidade, tem procurado fortalecer o movimento ecumênico. No início deste ano, o cardeal suíço Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, ou seja, o ecumenista-chefe do Vaticano, disse que a igreja precisa “se converter” ao ecumenismo. E qual é o posicionamento da Igreja Adventista? O adventismo tem tido uma postura consciente e coerente desde o início: existem bandeiras que podem ser compartilhadas e há um ecumenismo ideológico e comprometedor que deve ser evitado. Cooperar em boas causas comuns, como saúde, liberdade religiosa e projetos sociais, não significa ecumenismo no sentido negativo. O próprio adventismo começou como uma espécie de “ecumenismo”, reunindo pessoas de muitas denominações.

O SONHO DE CRISTO PARA A IGREJA INCLUI A UNIDADE, MAS ELA DEVE SER BUSCADA COM BASE NO AMOR E NA VERDADE

MARCOS DE BENEDICTO é editor da Revista Adventista

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R e v i s t a A d ve n t i s t a // Agosto 2018

Foto: Fotolia

A AGENDA ECUMÊNICA

Os adventistas não são um grupo sectário e respeitam todas as denominações, mas ao mesmo tempo reconhecem seu papel especial. A crença fundamental número 13 expressa bem esse paradoxo: “A igreja universal se compõe de todos os que verdadeiramente creem em Cristo; mas, nos últimos dias, um tempo de ampla apostasia, um remanescente tem sido chamado para guardar os mandamentos de Deus e a fé de Jesus.” Ao falar sobre o futuro sinal da besta, Ellen White reconheceu: “Há cristãos verdadeiros em todas as ­igrejas, inclusive na comunidade católicoromana” (Evangelismo, p. 234). “Ecumenismo” vem da palavra grega oikoumene, que significa “o mundo inteiro habitado”. Na antiguidade, o termo se referia ao Império Romano. Por expressar a ideia de universalidade, o conceito foi também usado para designar os sete grandes concílios cristãos até o racha de 1054. Porém, a tentativa de recuperar essa união ­global ganhará cada vez mais destaque. Infelizmente, a perspectiva não é boa. O Apocalipse fala de um ecumenismo sinistro em que “espíritos de demônios” unirão os reis do “mundo inteiro” (oikoumenes holes) contra o Todo-Poderoso (Ap 16:13-14). Trata-se de uma grande confederação ecumênica que resultará em guerra contra o povo de Deus. Ao mesmo tempo, há um claro chamado para as pessoas saírem do ecumenismo do mal (Babilônia) e se unirem ao ecumenismo do bem (Ap 14:6-7; 18:1-4). O sonho de Cristo para a igreja inclui a unidade (Jo 17), mas ela deve ser buscada com base no amor e na verdade, como propõe a matéria de capa desta edição. O ecumenismo autêntico se dá em torno de Cristo, é movido pelo Espírito, regido pela Palavra e voltado para a glorificação de Deus e o bem das pessoas. ]


Ago. 2018

No 1336

Agosto 2018

Ano 113

www.revistaadventista.com.br

Pu­bli­ca­ção Men­sal – ISSN 1981-1462 Órgão Ge­ral da Igre­ja Ad­ven­tis­ta do Sé­ti­mo Dia no Bra­sil “Aqui está a pa­ciên­cia dos san­tos: Aqui es­tão os que guar­dam os man­da­men­tos de Deus e a fé de Je­sus.” Apocalipse 14:12

SUMÁRIO

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Levar a Bíblia a sério

Construindo o diálogo

Novo comentário bíblico vai reunir o que há de mais atual no pensamento adventista

O relacionamento com outras denominações e religiões seria um caminho para a missão adventista?

Evangelismo público não é para todos

Editor: Bill Knott Editores associados: Lael Caesar, Gerald Klingbeil, Greg Scott

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Editores-assistentes: Sandra Blackmer, Stephen Chavez, Costin Jordache, Wilona Karimabadi (Silver Spirng, EUA); Pyung Duk Chun, Jae Man Park, Hyo-Jun Kim (Seul, Coreia do Sul)

Currículo global

A igreja que canta

Salvar em vez de destruir

O otimismo de um grupo de aldeões de Moçambique

Os adventistas e sua posição histórica de não combatência

E­di­tor: Marcos De Benedicto E­di­to­res As­so­cia­dos: Márcio Tonetti e Wendel Lima Conselho Consultivo: Ted Wilson, Erton Köhler, Edward Heidinger Zevallos, Marlon Lopes, Alijofran Brandão, Domingos José de Souza, Geovani Souto Queiroz, Gilmar Zahn, Leonino Santiago, Marlinton Lopes, Maurício Lima e Moisés Moacir da Silva Projeto Gráfico: Eduardo Olszewski Ilustração da Capa: Fotolia

Adventist World é uma publicação internacional produzida pela sede mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia e impressa mensalmente na África do Sul, Alemanha, Argentina, Austrália, Áustria, Brasil, Coreia do Sul, Estados Unidos e México v. 14, no 8

Tradutora: Sonete Costa

A Lição da Escola Sabatina tem o potencial de unir e inspirar a igreja

Arte e Design: Types & Symbols Gerente Financeiro: Kimberly Brown Gerente Internacional de Publicação: Pyung Duk Chun Gerente de Operações: Merle Poirier Conselheiros: Mark A. Finley, John M. Fowler, E. Edward Zinke Comissão Administrativa: Si Young Kim, Bill Knott, Pyung Duk Chun, Karnik Doukmetzian, Suk Hee Han, Yutaka Inada, German Lust, Ray Wahlen, Juan Prestol-Puesán, G. T. Ng, Ted N. C. Wilson

CA­SA PU­BLI­C A­DO­R A BRA­SI­LEI­R A Edi­to­ra da Igreja Adventista do Sétimo Dia

2 EDITORIAL

34 PRIMEIROS PASSOS

44 COMUNICAÇÃO

4 CANAL ABERTO

35 PERSPECTIVA

45 VOLUNTARIADO

36 BEM-ESTAR

46 MISSÃO

37 BOA PERGUNTA

47 MEMÓRIA

38 RETRATOS

48 INSTITUCIONAL

39 LIBERDADE RELIGIOSA

49 EM FAMÍLIA

40 SAÚDE

50 ESTANTE

A agenda ecumênica

Ro­do­via Es­ta­dual SP 127 – km 106 Cai­xa Pos­tal 34; CEP 18270-970 – Ta­tuí, SP Fone (15) 3205-8800 – Fax (15) 3205-8900

A opinião de quem lê

SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO CLIENTE LIGUE GRÁTIS: 0800 9790606 Segunda a quinta, das 8h às 20h Sexta, das 8h às 15h45 / Domingo, das 8h30 às 14h

5 BÚSSOLA

Diretor-Ge­ral: José Carlos de Lima

8 PAINEL

Resgate

Diretor Financeiro: Uilson Garcia

Datas, números, fatos, gente, internacional

Re­da­tor-Che­fe: Marcos De Benedicto Ge­ren­te de Produção: Reisner Martins

17 ENTENDA

Ge­ren­te de Ven­das: João Vicente Pereyra

O processo editorial do novo comentário bíblico

Chefe de Arte: Marcelo de Souza Não se devolvem originais, mesmo não publicados. As versões bíblicas usadas são a Nova Almeida Atualizada e a Nova Versão Internacional, salvo outra indicação. E­xem­plar avul­so: R$ 2,84 | Assinatura: R$ 34,00

30 DOM DE PROFECIA Combustível do corpo

31 CIÊNCIA

Quando as pedras falam

Nú­me­ros atra­sa­dos: Pre­ço da úl­ti­ma edi­ção.

32 VIDA ADVENTISTA A oração da filha

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem prévia autorização escrita do autor e da Editora. Tiragem: 158.000

5478/38491

Identificar seus dons ajuda você a encontrar seu lugar na missão de Deus

33 NOVA GERAÇÃO Veja Ele agir

Você está fazendo a diferença Não saia do Facebook Tremor nas mãos

Companheiros inseparáveis Defensores do direito de crença Debate na esfera pública

Mutilação do corpo e da alma

Conexão com as pessoas Médicos missionários Rumo à milésima igreja Dormiram no Senhor Vamos com todos

Pai que ama brinca

De bem com seu bolso

41 IGREJA

Foco nas necessidades

42 EDUCAÇÃO

Escola na selva

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CANAL ABERTO A EXPECTATIVA DO FIM

Apreciei muito a pequena entrevista com o pastor Paroschi, na edição de julho. O entrevistado acertou diretamente o alvo. Afinal, a expectativa do retorno de Jesus e o ardente amor pela missão devem moldar o estilo de vida de cada adventista. A aparente demora da gloriosa parousia (volta de Cristo) não deve nos causar neurose nem desânimo. O importante é estar preparado enquanto ainda há respiração. Por isso, gosto da letra do hino 259 do Hinário Adventista, que nos lembra que não importa se Cristo voltará de manhã ou à tarde, o importante é saber em quem temos crido. Manuel Xavier de Lima / Engenheiro Coelho (SP)

alegria de também depor minha vida por amor ao que Cristo fez mim, se Deus me der esse privilégio. Jailson Nascimento / Ribeirão Preto (SP)

AVENTURA NOS ANDES

Que bom saber por meio da resenha publicada no site da revista sobre a nova versão do livro Aventura nos Andes e Amazonas. Essa obra marcou minha juventude. O verso favorito de Ana Stahl, enquanto se preparava com o esposo para servir no Peru, tornou-se o meu favorito também (Is 41:10). Acho importante que as pessoas conheçam os dedicados servos que trouxeram a mensagem para a América do Sul. Seria bom termos novas edições dos livros sobre Leo Halliwell e José Amador dos Reis. Aruom Oirad / Via site

SEM ESPECULAÇÃO

Vivendo numa época em que as multidões estão ávidas por saber as “últimas novidades” (At 17:21), o editorial da Revista Adventista de julho nos alerta para o devido equilíbrio de manter “os olhos no Céu e os pés na Terra”. Outras seções também deram sua contribuição, como as matérias das páginas 5, 28, 30 e 31, que nos lembram de que Deus ainda é JeováJiré, Aquele que provê. A matéria sobre o evangelismo no Japão, por sua vez, trouxe à minha memória o texto de Ellen White em que ela citou esse país oriental e outros dos quais sobe o clamor do povo que anseia pelo conhecimento sobre Deus (Educação, p. 262). Paulo Roberto dos Santos / Hortolândia (SP)

NOSSO CAMPO É O MUNDO

Sobre a reportagem da página 41 da edição de julho, penso que nosso campo missionário começa em casa. Ouço a respeito de muitos projetos na África e nos confi ns da Terra, mas nosso ponto de partida deve ser nossa “Jerusalém”: nossa casa, família, nossos amigos e vizinhos. As missões no exterior são boas e precisam ser realizadas; porém, vejo que em nosso país 4

há muita pobreza e miséria. Quantos empresários e instituições estão enviando recursos para fora, enquanto aqui no Brasil há maior necessidade! Adolfo Victor Tito Rojas / São Paulo (SP)

O CUSTO AMBIENTAL DO SEU PRATO

Parabenizo a revista pela reportagem de capa de junho. A matéria destacou que a dieta do futuro é aquela que promove o equilíbrio integral do ser humano, e contempla as implicações individuais, coletivas e ambientais desse regime. Como disse Jesus, “nem só de pão viverá o homem” (Mt 4:4). Por isso, para sermos saudáveis, precisamos estar atentos a outras exigências do corpo, da mente e do espírito. Maria Sandra Lima / São Paulo (SP)

ABAIXE O VOLUME

Muito boas as diretrizes apresentadas pelo colunista Joêzer Mendonça no artigo intitulado “Louvor na igreja: Abaixe o volume” (goo.gl/JDwSz4). Essas orientações deveriam ser seguidas, pois, em muitos casos, o volume excessivo do som desmotiva os adoradores a louvar. Suzilene Brito / Via site

LIVRO DE ATOS

Excelente entrevista (julho) e Lição da Escola Sabatina do pastor Wilson Paroschi. Ele é um grande teólogo, com a visão centrada na Palavra. O guia de estudos escrito por ele é um verdadeiro convite à pesquisa das Escrituras. Peterson Cunha / Via site

ALÉM DO SOFRIMENTO

“Os homens de Deus nunca tiveram vida fácil.” Essa mensagem do pastor Erton na seção Bússola de julho, em vez de trazer desânimo, me fortaleceu ainda mais. Fiquei encorajado a prosseguir nesse Caminho, e ter a

Expresse sua opinião. Escreva para ra@cpb.com.br. ou envie sua carta para Revista Adventista, caixa postal 34, CEP 18270-970, Tatuí, SP.

Os comentários publicados não representam necessariamente o pensamento da revista e podem ser editados por questão de clareza ou espaço.

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BÚSSOLA

RESGATE

A MOBILIZAÇÃO PELA BUSCA DOS MENINOS DA TAILÂNDIA TORNA MAIS FÁCIL ENTENDER O ENVOLVIMENTO DE TODO O CÉU EM NOSSA SALVAÇÃO ERTON KÖHLER

Foto: Handout - Royal Thai Navy - AFP

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urante a Copa do Mundo realizada na Rússia, os Javalis Selvagens, uma equipe de futebol formada por meninos da Tailândia, atraíram a atenção de todos. Depois do treino que realizaram em 23 de junho, os jogadores e o técnico decidiram passear numa caverna e acabaram ficando ilhados a 4 km de sua entrada principal, debaixo de uma cadeia de montanhas que separa a Tailândia de Mianmar. Ficaram na escuridão e perderam a noção do tempo. O técnico ajudou o grupo a manter a calma, usar o mínimo de ar e poupar energia. Tinham apenas lanternas, oxigênio e água que caía das paredes da caverna. Do lado de fora, pais e amigos ficaram desesperados. Encontraram apenas bicicletas, mochilas e algumas chuteiras na entrada da caverna. Um grande movimento de busca foi organizado para resgatar os 13 desaparecidos, mobilizando a imprensa mundial. Mas as chuvas fortes dificultaram o trabalho. Cerca de mil pessoas ajudaram, formando uma grande corrente de solidariedade e fé. Profissionais trabalhavam nas buscas, vizinhos reuniam dinheiro e comida para as famílias, ­a migos cantavam e oravam na entrada da caverna. John Volanthen e Rick Stanton avançaram na lama e na escuridão, até que, finalmente, encontraram os meninos e o técnico. Porém, infelizmente, Saman Gunan, mergulhador aposentado da Marinha tailandesa, um dos voluntários, morreu durante a operação. R e v i s t a A d ve n t i s t a // Agosto 2018

NOSSO RESGATE TERÁ IGUALMENTE UM FINAL FELIZ. EM BREVE CRISTO VOLTARÁ E NOS LEVARÁ PARA CASA A água continuou subindo rapidamente, e não houve como esperar mais. O resgate começou em 7 de julho e demorou três dias, até que o técnico e o último menino fossem retirados. Logo depois, saíram os mergulhadores e os médicos que cuidaram dos Javalis Selvagens dentro da caverna, e a água inundou o lugar. É uma história forte e ao mesmo tempo uma ilustração viva de nosso resgate do pecado. Pense no sofrimento das famílias durante as duas semanas em que esperaram por uma solução e você vai entender melhor o sofrimento de Deus, dos anjos e dos mundos não caídos ao contemplar nossa condição e a longa espera pelo momento certo do resgate. Sinta a dor da morte de um dos voluntários e você vai

compreender melhor o significado da morte de Cristo (Mc 10:45). Ellen White destacou que Cristo jamais abandonará a pessoa por quem Ele morreu, ainda que o ser humano O rejeite (O Maior Discurso de Cristo, p. 118). O mais marcante, porém, é que nosso resgate terá igualmente um final feliz. Em breve Cristo voltará e nos levará para casa. Ellen White descreveu esse momento assim: “Surge no Oriente uma pequena nuvem negra, aproximadamente da metade do tamanho da mão de um homem. É a nuvem que rodeia o Salvador, e que, a distância, parece estar envolta em trevas. O povo de Deus sabe ser esse o sinal do Filho do Homem. Em solene silêncio contemplam-na enquanto se aproxima da Terra, mais e mais brilhante e gloriosa, até se tornar uma grande nuvem branca, mostrando na base uma glória semelhante ao fogo consumidor e encimada pelo arco-íris do concerto. Jesus, na nuvem, avança como poderoso Vencedor” (O Grande Conflito, p. 640, 641). Nosso resgate está chegando. Não perca a esperança! ] ERTON KÖHLER é presidente da Igreja Adventista para a América do Sul

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ENTREVISTA

DIOGO C AVAL C AN TI

Jacques Doukhan

Setenta anos depois da produção do Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, uma nova série está sendo escrita e já tem o primeiro volume publicado em inglês, sobre o livro de Gênesis. Trata-se do Seventh-day Adventist International Bible Commentary (SDAIBC), com colaboradores de mais de 50 países dos cinco continentes, seis deles brasileiros. O doutor Jacques Doukhan, professor de Hebraico e Exegese do Antigo Testamento na Universidade Andrews (EUA), é o editor geral e autor do primeiro volume. Nesta entrevista, ele fornece mais detalhes sobre o projeto.

LEVAR A BÍBLIA A SÉRIO EDITOR DO COMENTÁRIO BÍBLICO INTERNACIONAL FALA SOBRE A EXPECTATIVA EM RELAÇÃO À SÉRIE QUE REUNIRÁ O QUE HÁ DE MAIS ATUAL E CONSISTENTE NA TEOLOGIA ADVENTISTA

Em que ponto do processo editorial vocês estão e para quando é esperado o lançamento? Temos 38 manuscritos em processo de revisão e dez já foram enviados para a editora. Esperamos chegar ao fim do processo e ter toda a série em inglês até 2020. Qual é o propósito desse comentário, seus recursos e o conhecimento específico que ele oferecerá ao leitor? O propósito é fornecer novas descobertas, sem ignorar as contribuições anteriores. Ele deve oferecer suporte à mensagem adventista do sétimo dia com informações 6

Quais são os critérios para a escolha de autores e como eles foram nomeados? Os autores dos comentários foram cuidadosamente selecionados com base em sua área de especialização, mas também considerando sua influência espiritual e ética na igreja. Como o primeiro volume tem sido recebido pelos leitores? O comentário sobre Gênesis foi muito bem recebido em todas as partes. Recentemente, ouvi falar de uma senhora que leu três vezes o livro de capa a capa e o recomendou entusiasticamente a seus amigos. Várias pessoas me disseram também que o estão utilizando em seus momentos devocionais. Ouvi ainda de estudiosos que encontraram nesse comentário respostas para suas perguntas e novas ideias que ampliaram sua compreensão acerca do Gênesis.

Em um momento tão desafiador para a comunidade adventista em todo o mundo, qual será a contribuição mais significativa desta série? Acredito que esse comentário terá muitas contribuições significativas. Vou apenas mencionar uma, aquela que é a minha convicção mais profunda: levar a Bíblia a sério. ] R e v i s t a A d ve n t i s t a // Agosto 2018

Foto: Darren Heslop

sólidas e atualizadas nos campos da história e da teologia. O material ajudará também no estudo atento e próximo do texto bíblico (suas palavras, formas literárias e lições espirituais). Servirá para inspirar, incentivar, aprofundar, fortalecer e enriquecer nossa fé.

Que medidas foram tomadas para resguardar o equilíbrio teológico deste novo comentário? Queríamos um comentário que fosse essencialmente adventista, levando em consideração a contribuição teológica da igreja para o mundo. Esse é um primeiro desafio: testemunhar sem nenhuma transigência nem timidez acerca de nossa mensagem. Porém, ao mesmo tempo, pretendíamos que o comentário fosse rigoroso e convincente o bastante para ser recebido com respeito e até mesmo apreciado fora do nosso círculo. Outro desafio é contemplar a diversidade de escritores, de modo que tragam a contribuição de diferentes experiências e culturas, mas estejam unidos pela mesma fé adventista. Portanto, procuramos assegurar o equilíbrio teológico do comentário submetendo os manuscritos a diversos revisores teológicos antes que esse material chegue à editora (ver infográfico, p. 17).


adventistas.org adventistasbrasil

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PAINEL F AT O S

O L H A R D I G I TA L

PRÉDIOS TOMBADOS

SÉRIE A série Hospital Adventista foi relançada pelo portal feliz7play.com. Os 32 capítulos foram disponibilizados na plataforma em julho. Produzida nos anos 1970, a primeira série televisiva elaborada pelos adventistas comunica valores por meio de histórias de médicos e pacientes ocorridas no contexto hospitalar dos Estados Unidos.

NOVOS CURSOS A partir de 2019, a Faculdade Adventista da Bahia (antigo Iaene) irá oferecer o bacharelado em Nutrição e o tecnólogo em Gestão de Recursos Humanos. Com atividades a distância e presenciais, a metodologia de ensino vai enfatizar o desenvolvimento de competências. Serão oferecidas 60 vagas por ano e o processo seletivo está agendado para 14 de outubro. 8

INFORMATIVO DAS MISSÕES

Os vídeos que dão suporte visual ao Informativo Mundial das Missões estão de cara nova. O jornalista Daniel Gonçalves, que realiza esse ministério voluntariamente há dez anos, explica que as novas produções trazem uma abertura reformulada, trilhas sonoras diferentes, imagens em alta resolução e participações especiais, principalmente de brasileiros que atuam nas regiões em destaque. Para baixar os vídeos, acesse daniellocutor.com.br.

90 anos

da chegada do adventismo à Itália foram comemorados por mais de mil fiéis nos dias 8 e 9 de junho, em Roma. R e v i s t a A d ve n t i s t a // Agosto 2018

Fotos: CPB / divulgação

O Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) tombou os prédios mais antigos do Unasp, campus São Paulo, que representam a influência da instituição na urbanização da zona sul da capital paulista. A decisão foi publicada no dia 28 de junho no Diário Oficial. A instituição, fundada há 103 anos, também está comprometida com a preservação desses espaços.


Eu me apaixonei por ser a voz

EVENTOS

de pessoas que não tinham voz.

Amanda Rodríguez, em entrevista ao site da Adventist Review. Nos últimos dez anos, a advogada tem trabalhado, em órgãos do governo de Maryland (EUA) e por meio de ONGs, para ajudar vítimas de tráfico humano.

D ATA S 25 DE AGOSTO

Dia “D” da campanha Quebrando o Silêncio deve levar milhares de adventistas às ruas. Neste ano, o projeto trata da prevenção ao suicídio. Os materiais de divulgação estão disponíveis no site quebrandoosilencio.org.

DE OLHO NA SAÚDE DOS ALUNOS Com o objetivo de integrar ações e promover pesquisas, pela primeira vez diretores de faculdades adventistas de saúde se reuniram. O encontro foi realizado em Cotia (SP), nos dias 26 a 28 de junho, com 62 especialistas de 13 campi, além de líderes mundiais da igreja. Um dos temas em pauta foi o projeto Vida e Saúde, programa de acompanhamento do bem-estar dos estudantes da rede básica de ensino adventista, que terá início em 2019.

15-22 DE SETEMBRO

O Dia Mundial dos Desbravadores será lembrado neste ano na América do Sul com ações que apresentem para a comunidade o trabalho da agremiação e resgatem desbravadores que estão afastados da igreja. A ideia é que essa mobilização culmine em batismos no dia 22 de setembro, data do Batismo da Primavera (leia a p. 48).

Fotos: Mylon Medley / Vagner Zil

E D I TA L Convocação da 1a Assembleia Ordinária da Associação Bahia Norte da Igreja Adventista do Sétimo Dia Fica convocada a 1a Assembleia Ordinária da Associação Bahia Norte da Igreja Adventista do Sétimo Dia, inscrita no CNPJ no 17.261.509/0014-05, para ser realizada no dia 21 de outubro de 2018, tendo início às 8h30 do dia 21, na Igreja Central de Juazeiro, localizada na rua A ­ prígio Duarte, Orla Nova, s/n, no bairro loteamento Vale do Sol, em ­Juazeiro (BA), para tratar dos seguintes assuntos de sua competência: (1) receber as novas igrejas organizadas durante o quadriênio anterior; (2) apreciar e aprovar os relatórios do presidente, do secretário executivo, do tesoureiro/CFO, dos secretários dos departamentos e serviços e dos administradores das instituições da Associação; (3) eleger, para um mandato de quatro anos, os administradores da Associação, os secretários dos departamentos e serviços, os membros da comissão diretiva da Associação; (4) aprovar alterações ou modificações no Ato Constitutivo e no Regulamento Interno, observadas as diretrizes fixadas no modelo aprovado pela Divisão; (5) elaborar planos para melhor desenvolvimento da obra, em harmonia com os regulamentos e as deliberações da União e Divisão; e (6) deliberar e aprovar outros assuntos propostos pela comissão diretiva. Lauro de Freitas (BA), 23 de julho de 2018 Geovani Souto de Queiroz, pastor-geral André Henrique de Souza Dantas, secretário executivo

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35 ANOS DE MATERIAL DIDÁTICO A semente que foi plantada em 1983, com o lançamento do livro Estratégias Ortográficas, de Gerusa Martins e Miriam Maranhão, 35 anos depois se mostra uma árvore frondosa. Hoje a CPB Educacional tem 102 títulos didáticos e 202 paradidáticos, somando quase 50 milhões de unidades impressas, que chegam a mais de 220 mil alunos no Brasil e exterior. Para comemorar esses números e histórias, além de discutir novos projetos, foi organizado um encontro na editora adventista, em Tatuí (SP), nos dias 6 a 8 de julho. Dezenas de autores, editores e coordenadoras pedagógicas participaram do evento.

100%

foi a taxa de aprovação dos estudantes da Universidade Adventista das Filipinas (AUP) no Exame Nacional de Licenciatura em Tecnologia Médica, resultado que se repete pelo sétimo ano consecutivo. 9


GENTE

HOMENAGENS

Aos pastores Omar Oliphant e Gordon Lindsay (dir.), que receberam no dia 28 de junho o prêmio mais importante da Jamaica por serviços prestados à comunidade.

VISITA PRESIDENCIAL Paula-Mae Weekes, a primeira presidente de Trinidad e Tobago, visitou a Universidade do Sul do Caribe (USC), em Port of Spain, no dia 21 de junho. Ela elogiou as instalações e o compromisso da instituição adventista por ter graduado mais de 30 mil alunos. A USC é afiliada da Universidade Andrews (EUA) e se destaca por oferecer treinamento de professores creditado pelo ministério da educação do país.

Aos jovens adventistas do Amazonas, pelo fato de a campanha Vida por Vidas já ter resultado na doação de 14 mil bolsas de sangue. A homenagem foi realizada na Assembleia Legislativa estadual, em 14 de junho.

À Igreja Adventista pelos serviços prestados à cidade de Florianópolis (SC), especialmente no contexto das enchentes de janeiro. A sessão na Câmara de Vereadores ocorreu em 26 de junho.

Ao pastor Israel Leito, em 11 de julho, por sua liderança de quase 25 anos à frente da Igreja Adventista na América Central. O presidente que por mais tempo liderou uma Divisão deixou o cargo no dia 1o de agosto. 10

A Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados deu início, no dia 20 de junho, à criação do projeto de lei que institui o Dia Nacional do Desbravador na data de 20 de setembro. A sessão foi conduzida pelo deputado Tadeu Alencar, autor do requerimento, ao lado do deputado Paulo Folleto, que propôs o estabelecimento da data. O processo deve demorar quatro meses. Para assistir à sessão, acesse https://bit.ly/2NoNWWg.

CENTENÁRIA Amélia Belo dos Reis comemorou 100 anos em 10 de julho, em Ilhéus (BA). A centenária, que atualmente reside na cidade baiana de Dias D’Avela, foi membro da Igreja de Jardim Ipê e da Igreja Central de São Bernardo do Campo (SP), onde serviu por vários anos como diaconisa. Amélia tem seis filhos. R e v i s t a A d ve n t i s t a // Agosto 2018

Fotos: Chavar Lewis / Dhyeizo Lemos / Pedro Salibi / USC / DSA / arquivo pessoal

DIA NACIONAL DO DESBRAVADOR


INTERNACIONAL

A voz da esperança deve chegar aonde meus pés não podem tocar: até os confins da Terra.

Fabíola Ferreira Schliech, voluntária brasileira que dirige a estação da rádio adventista em Guiné-Bissau, pequeno país costeiro da África, de fala portuguesa. A emissora local também aproveita o conteúdo gerado pela Rádio Novo Tempo no Brasil.

797.952 adventistas vivem na região centro-oeste da África

Fotos: Victor Hubert / Adventist Record / TEDNews

CURSOS POR CORRESPONDÊNCIA Há 76 anos os adventistas começaram a ministrar cursos bíblicos por correspondência para apoiar seu programa evangelístico de rádio. Apesar de a igreja hoje manter 110 escolas bíblicas por correspondência ao redor do mundo, os desafios e as possibilidades de hoje são diferentes. Como usar as novas tecnologias e alcançar grupos linguísticos minoritários foi o centro da pauta de um encontro em abril, em Jerusalém, que reuniu líderes, missiólogos e comunicadores.

1,5 mil mulheres

DEPOIS DA TEMPESTADE Três meses após o ciclone Gita devastar Tonga, um arquipélago no Sul do Pacífico, começou a reconstrução das classes do ­Beulah Adventist College (foto), faculdade adventista local. Ex-alunos da escola que moram nos Estados Unidos financiaram uma equipe de voluntários que trabalhou por três semanas no campus. Por reconstrução também está passando a Igreja de Filadélfia, em St. Thomas, Ilhas Virgens Britânicas. O templo, que abriga 1,4 mil adventistas, foi danificado pelo furacão Irma. A tempestade de categoria 5 passou pelo Caribe em abril.

TV ADVENTISTA NA ISLÂNDIA A TV Hope Channel tem avançado no norte da Europa. Agora foi a vez de a Islândia, ilha com 350 mil habitantes, ter acesso à emissora adventista. No preparo para produzir programas locais, 15 voluntários recentemente frequentaram um curso interativo sobre produção de TV, que incluiu exercícios no centro da capital, Reikjavik (foto).

participaram da segunda edição nacional de um congresso em Camarões. Elas saíram para distribuir panfletos e realizar ações sociais na cidade de Ngaoundéré.

Colaboradores: Charlie Ann St. Cyr, Daniel Gonçalves, David Mano, Kurt Johnson, Libna Stevens, Lina Ferrara, Mariela Espejo, Murilo Pereira, Mylon Medley, Nigel Coke, Prince Bahati, Priscila Baracho, Rainer Refsbäck, Simone Joe, Thiago Basílio, Tracey Bridcutt, Victor Hulbert e Wiliane Passos

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CAPA

CONSTRUINDO

O DIÁLOGO COMO OS ADVENTISTAS SE RELACIONAM COM OUTR AS DENOMINAÇÕES CRISTÃS E RELIGIÕES MUNDIAIS, SEM CAIR NO ECUMENISMO DE CRENÇAS?

Foto: Fotolia

GANOUNE DIOP

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O

Conselho Mundial de Igrejas (CMI), que neste mês completa 70 anos, nasceu quando o mundo ainda dava seus primeiros passos de recuperação após a Segunda Guerra Mundial. Hoje, com cerca de 350 igrejasmembros, o CMI é uma das entidades ecumênicas mais influentes. Logo após a guerra, o CMI se envolveu na ajuda aos imigrantes, refugiados e pobres. Nas décadas seguintes, procurou assumir uma postura de mediação no contexto da Guerra Fria e dos conflitos raciais na África do Sul. Inicialmente formado por igrejas do Ocidente, nos anos 1960 conseguiu se aproximar das tradições ortodoxas e de igrejas independentes. Apesar de a Igreja Católica Apostólica Romana não ser membro da entidade, em celebração ao aniversário do CMI, o papa Francisco visitou a sede da instituição no dia 21 de junho, em Genebra, na Suíça. Ao longo do ano, outras festividades têm sido organizadas. A Igreja Adventista do Sétimo Dia também não é membro do CMI, mas participa de suas reuniões como observadora. Essa postura distinta da nossa denominação desperta dúvidas em muitos adventistas. Diante desse impasse, vale a pena refletir sobre a posição da igreja em relação ao movimento ecumênico e ao diálogo inter-religioso. PONTOS EM COMUM Os adventistas do sétimo dia ocupam uma posição privilegiada quanto ao relacionamento com pessoas de outras denominações cristãs e religiões. Existem intersecções de valores que podem funcionar como ponto de partida para diálogos e parcerias com o intuito de melhorar as condições de vida de toda a família humana. Por exemplo, os adventistas adotaram a abstinência de bebidas alcoólicas, um ponto em comum com os muçulmanos. Muitos adventistas também se abstêm de comer carne, ponto em comum com o hinduísmo e o budismo. A maioria dos adventistas evita as bebidas cafeinadas, ponto em comum com os mórmons. Mesmo os adventistas que comem carne se abstêm das que são consideradas imundas (Lv 11; Dt 14), ponto em comum com os judeus. Em nível mais profundo, embora as nuances de conteúdo devam ser levadas em consideração, a crença na criação e na segunda vinda de Jesus à Terra, sugerida R e v i s t a A d ve n t i s t a // Agosto 2018

no nome “adventista do sétimo dia”, é compartilhada por religiões que enfatizam a intervenção escatológica divina para restaurar a justiça e a paz no mundo. Portanto, o adventismo é uma ponte oportuna para a maioria das religiões, e sua mensagem pode ecoar positivamente em vários contextos e culturas. Há premissas filosóficas que influenciam o compromisso dos adventistas de construir pontes com pessoas de outras denominações, ou com ateus e agnósticos. Todas convergem na convicção de que Jesus Cristo é o “Desejado de todas as nações” (Ag 2:7-9, ARC), isto é, Ele é o Deus que as pessoas desejam profundamente conhecer, ainda que não estejam conscientes disso. Portanto, nosso diálogo é motivado pelo sincero desejo de testemunhar de Cristo, conforme O compreendemos a partir das Escrituras. Entendemos também que, para dialogar, é preciso compreender o outro e ser compreendido por ele. Por isso, os adventistas procuram genuinamente conhecer melhor as crenças, as concepções de mundo e os valores de pessoas de outras religiões ou convicções, em seus próprios termos, de acordo com sua própria visão de mundo. Existem várias declarações oficiais facilmente acessíveis que fornecem diretrizes a respeito de como os adventistas devem se relacionar com outras organizações religiosas. O livro Declarações da Igreja (CPB, 2012), traz alguns posicionamentos sobre o tema nas páginas 19-26, 133-138, 141-153. Essas orientações giram em torno de uma abordagem positiva para com outras religiões e a necessidade de se garantir a EMBORA A UNIDADE liberdade de crença e autonomia para que todos possam testemunhar em favor de suas DA IGREJA SEJA convicções. Adota-se a mesma abordagem CLARAMENTE DESEJADA quando se trata de pessoas que não professam nenhuma religião, adeptas de filosofias puramente seculares. POR DEUS, ELA NÃO É

O VALOR SUPREMO. A LEALDADE À VERDADE TEM PRECEDÊNCIA. AUTÊNTICA UNIDADE SÓ PODE OCORRER EM TORNO DA VERDADE DE DEUS

LIBERDADE PARA A MISSÃO A história das relações entre religiões e ideologias concorrentes que levaram a inúmeras guerras, confrontos, intimidações, abusos e violência em todas as suas formas torna necessário delinear da maneira mais clara possível nossa compreensão sobre outras religiões e a natureza do alcance de nosso testemunho a elas. Um valor fundamental promovido pelos adventistas no cenário mundial é a liberdade 13


Papa Francisco visitou a sede do CMI em Genebra, na Suíça, para a celebração dos 70 anos da entidade ecumênica

de escolha religiosa. No adventismo, esse privilégio é considerado um direito humano. Portanto, embora caracterizados por um senso de missão para com todos os grupos de pessoas, os adventistas insistem na liberdade de cada indivíduo poder manter suas convicções. Coerção, intimidação e manipulação da vulnerabilidade ou ingenuidade das pessoas vão fundamentalmente contra nossos valores essenciais. Além disso, a honestidade quanto ao conteúdo de nossas crenças deve ser claramente expressa e explicada àqueles a quem proclamamos a soberania de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, e com quem compartilhamos o evangelho eterno, para que possam entender a natureza e a abrangência da aliança que são convidados a firmar. Em essência, os adventistas proclamam os fundamentos do evangelho bíblico para o mundo. Em linhas gerais, essa narrativa se desenvolve da seguinte forma: A eterna Divindade (Pai, Filho e Espírito Santo) criou o mundo com base no amor. Deus também preparou um plano de redenção para salvar o mundo quando o mal se infiltrou e prejudicou Suas criaturas e Sua criação. O Filho, a eterna Palavra de Deus, que estava com Deus e era Deus, encarnou-Se, viveu entre nós para nos salvar e mostrar como viver. Ele nos ensinou a pensar, e lidou com as pessoas de uma forma que exemplificou como devemos nos relacionar com os outros. Cristo morreu pelos nossos pecados, mas venceu a morte, o último inimigo. Ele está vivo e tem as chaves da morte e do inferno (Ap 1:18). Após Sua ascensão ao Céu, Jesus desempenha a função de Sumo Sacerdote, intercedendo e preparando as pessoas para viver em eterna comunhão com Deus. Ele virá como Rei dos Reis e Senhor dos Senhores para inaugurar uma nova era de vida, liberdade, justiça e paz. Todos esses temas estão contidos na expressão “reino de Deus”. Para preparar Seus seguidores para o encontro escatológico cósmico, Deus enviou Seu Espírito para habitar neles, transformá-los de dentro para fora e habilitá-los a ser Suas testemunhas, adorando-O e servindo aos outros. O evangelho pregado pelos adventistas é integral e se concentra em todos os aspectos da existência humana: espiritual, mental, emocional, físico, social e relacional. O adventismo defende a dignidade de todo ser humano, independentemente de origem étnica, cor, sexo ou status social. Seu persistente compromisso de aliviar o sofrimento e 14

UNIDADE SEM ECUMENISMO Ao saber que a Igreja Adventista está representada nas reuniões de organizações ecumênicas cristãs, alguns perguntam como exatamente os adventistas veem a unidade cristã, o diálogo inter-religioso e o ecumenismo. Outra dúvida recorrente está relacionada à razão de optarmos por aceitar e manter apenas o status de observadores e não de membros nas organizações ecumênicas cristãs, como o Conselho Mundial de Igrejas. A resposta é simples: é legítimo que indivíduos e instituições de boa vontade se unam para salvar e proteger pessoas e afirmar a importância e o caráter sagrado da vida. É inclusive urgente que mais pessoas se associem para tornar este mundo um lugar melhor para todos os seres humanos, contribuindo para melhorias na saúde, educação e no trabalho humanitário, fazendo isso com toda a dignidade, liberdade, justiça, paz e fraternidade. No cumprimento de sua missão, os adventistas procuram se misturar com essas outras organizações cristãs. Contudo, no que se refere à sua posição em organizações cristãs globais, a Igreja Adventista do Sétimo Dia tem ocupado o status de observadora nas reuniões e estado aberta à cooperação com outras igrejas em áreas que não comprometem sua identidade, missão e mensagem. A regra geral é não se tornar membro de qualquer corpo ecumênico que diminua o impacto da distinta mensagem que o adventismo tem para dar em relação à soberania de Deus, o Criador, ao sábado e à segunda vinda de Cristo. R e v i s t a A d ve n t i s t a // Agosto 2018

Foto: Handout - Vatican Media - AFP

melhorar a vida das pessoas em muitas partes do mundo é um sinal claro de que a esperança está no cerne da sua mensagem.


Para os adventistas, a liberdade religiosa é o antídoto para o ecumenismo sincretista. É um chamado para abraçar a verdade com a inalienável liberdade de consciência, de expressar publicamente suas doutrinas, de convidar outros para compartilhar suas convicções e se unir à sua comunidade de fé. COMPREENSÃO CORRETA No âmbito das relações inter-religiosas e entre igrejas, um sutil conjunto de tópicos inter-relacionados que necessita de muita clareza é a questão da unidade e do ecumenismo. Às vezes, outras palavras como “colaboração”, “parceria” e “diálogo inter-religioso” são trazidas às conversas como se tivessem o mesmo significado. A palavra “ecumenismo”, por exemplo, é usada de maneira diferente em contextos variados. O termo pode se referir à unidade entre as igrejas cristãs, mas as pessoas costumam usá-lo para descrever um sentido geral de relações cordiais, diálogo ou parceria para um projeto. Rotular qualquer parceria entre os cristãos como ecumenismo doutrinário pode revelar falta de conhecimento, instrução e mesmo exagero. Cada aspecto do engajamento adventista com qualquer instituição, órgão ou organização, seja eclesiástica ou política, d ­ esenvolve-se principalmente com base na razão para a existência da igreja: ser “sal” e “luz” do mundo (Mt 5:13-17), trazendo esperança para a humanidade enredada em todo tipo de maldade. Para cumprir essa missão, os adventistas seguem o método de Jesus, conforme sintetizado pela pioneira Ellen White no livro A Ciência do Bom Viver, p. 143. Ele serviu as pessoas, procurando alimentá-las e curá-las sem esperar nada em troca. Cristo as fez saber e sentir que eram livres para escolher seu futuro, com ou sem Ele. A liberdade de consciência é importante para Jesus. Sem essa liberdade, nenhuma aliança é genuína. Isso ocorre porque o amor não pode ser forçado. RELAÇÕES ENTRE IGREJAS Apesar de não fazerem parte das organizações ecumênicas que exigem adesão, os adventistas desfrutam do status de convidados ou observadores nas reuniões. A cooperação com outras denominações cristãs está de acordo com a visão que a Igreja Adventista tem dos demais cristãos. Reconhecemos “todas as organizações que elevam Cristo perante os homens como parte do plano divino de evangelização do mundo, e [...] ROTULAR QUALQUER têm grande estima pelos homens e mulheres cristãos de outras PARCERIA ENTRE denominações que estão empeOS CRISTÃOS COMO nhados em ganhar almas para Cristo” (Declarações da Igreja, ECUMENISMO p. 152, 153). Ellen White escreveu também DOUTRINÁRIO PODE algumas vezes sobre a necessidade de cooperação entre as igreREVELAR FALTA DE jas. A respeito do debate público CONHECIMENTO, de sua época em torno de questões da temperança, ela aconseINSTRUÇÃO E MESMO lhou que os adventistas se unissem às pessoas que defendiam a EXAGERO R e v i s t a A d ve n t i s t a // Agosto 2018

mesma causa que eles (Testemunhos Para a Igreja, v. 6, p. 110). Em outra citação, ela orientou os pastores adventistas a orar pelos líderes de outras denominações, pois sobre esses homens, como “mensageiros de Cristo”, pesava grande responsabilidade (p. 78). PRINCÍPIO MAIOR Apesar de Deus sempre ter desejado unir todas as famílias da Terra (Gn 12:1-3; Jo 17), a unidade não é um valor supremo, nem superior ao da verdade. Na prática, a unidade genuína só pode acontecer em torno da verdade de Deus revelada nas Escrituras. Por isso, os dois princípios que influenciam as relações dos adventistas com outros cristãos, conforme também ressaltados pela pioneira adventista Ellen White, são a verdade e a liberdade religiosa (Atos dos Apóstolos, p. 68, 69). A Igreja Adventista e várias outras denominações que não se uniram aos corpos ecumênicos organizados se opõem ao ecumenismo como doutrina ou como meio de fundir igrejas cristãs em uma igreja mundial. Além disso, os adventistas e outros crentes não aderem a alianças sincretistas que diminuem a importância e o peso da verdade, especialmente quando as crenças de algumas igrejas não estão em harmonia com a verdade revelada na Bíblia. Em realidade, a unidade doutrinária entre as igrejas cristãs é enganosa e inatingível, a menos que as igrejas percam suas crenças distintivas e se unam a uma das tradições religiosas, seja ela católica romana, ortodoxa oriental, anglicana, reformada, evangélica, pentecostal, ou qualquer outra. Embora considere outros cristãos como irmãos e irmãs em Cristo, o princípio que levou a Igreja Adventista a não ser membro de uma união de igrejas organizada foi a liberdade religiosa. Essa liberdade implica o direito irrestrito de compartilhar as convicções religiosas e de convidar outros a se unirem à própria tradição, sem ser acusado de proselitista. Assim, a principal preocupação dos adventistas é a possibilidade de serem impedidos de compartilhar suas convicções com outros. A liberdade de religião ou crença é um inegociável dom de Deus que deve caracterizar a liberdade de todo cristão ou comunidade cristã para compartilhar suas convicções e convidar outros a se unirem à sua tradição. Obviamente, por causa da missão, os cristãos podem se unir para testemunhar de Cristo ao mundo que necessita Dele com muita urgência. ] GANOUNE DIOP é diretor mundial do Departamento de Assuntos Públicos e Liberdade Religiosa da Igreja Adventista e secretário-geral da Associação Internacional de Liberdade Religiosa (Irla, em inglês)

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MKT CPB | Fotolia

Não há maior prioridade. Que sua oração seja: “Renova-me, ó Pai!”

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ENTENDA

O PROCESSO EDITORIAL DO NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO

AUTOR

A PRODUÇÃO DE UMA SÉRIE DESSA ENVERGADURA LEVA TEMPO E DÁ MUITO TRABALHO. SAIBA COMO ISSO FUNCIONA

Escreve seu manuscrito seguindo diretrizes básicas, que incluem orientações práticas, técnicas e

DIOGO CAVALCANTI

teológicas.

A

o tomar um livro em mãos, a maioria das pessoas não tem ideia do trabalho intelectual que envolve sua produção. Se isso é verdade em relação a qualquer obra, ainda mais quando se trata de uma série de livros teológicos. A seguir, explicamos o processo editorial do Comentário Bíblico Internacional, coleção que deve reunir o que há de mais atual na teologia adventista (leia a p. 6) e cujo lançamento em inglês está previsto para 2020. ]

EDITOR GERAL Verifica se pode considerar o material preparado (se não, o manuscrito é devolvido). Se tudo correr bem, os manuscritos são enviados para um revisor interno e um externo. Revisor interno (especialista na produção adventista sobre aquele livro bíblico). Revisor externo (especialista na produção teológica geral sobre aquele livro bíblico).

AUTOR O manuscrito é enviado para o autor com as sugestões e críti-

COMISSÃO EXECUTIVA + REVISORES

cas dos dois revisores. Ele re-

CONFIÁVEIS

trabalha seus manuscritos com

A Comissão Executiva verifica a

base nas sugestões. Quando o

teologia do manuscrito, entre mui-

autor termina a revisão, ele

tos outros itens. Juntamente com

o envia ao editor geral.

a Comissão Executiva, é designado um novo leitor externo (“revisor confiável”), não necessariamente um erudito bíblico. Ele é designado

EDITOR GERAL

a examinar o livro do ponto de vista

Se o manuscrito for considerado finalizado,

neutro de um membro ou oficial

será enviado ao editor para trabalhar o texto,

leigo esclarecido.

assegurando que se torne mais compreensível (não apenas pelos estudiosos) e bem escrito (claro, coerente e consistente).

COMISSÃO EXECUTIVA Após a revisão do autor, o manuscrito é submetido novamente aos membros da Comissão Executiva ou ao revisor interno, para verificar se o retrabalho do escritor

AUTOR O livro é reenviado ao autor com as

é satisfatório.

novas observações e críticas, para retrabalho e revisão, se necessário. EDITORA Ilustrações: Fotolia

Na editora tem início um novo EDITOR GERAL Ele faz a verificação final e encaminha o texto para a editora.

R e v i s t a A d ve n t i s t a // Agosto 2018

processo de revisão e posterior verificação (com consultas ao autor), até a conclusão e publicação do material.

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EVANGELISMO

E VANGELISMO PÚBLICO NÃO É PAR A E TODOS EXERCITAR OS PRÓPRIOS DONS AJUDA O CRISTÃO A PERCEBER COMO ELE PODE SER MAIS ÚTIL NA MISSÃO DE DEUS. ASSIM FOI COM MEU PAI, 65 ANOS ATRÁS

les moravam em uma casa bem pequena, mal acabada, e com telhado de zinco, típica habitação australiana de meados do século 20. Aquela casa ficava no fim da estrada que levava à estação ferroviária. De fato, a residência estava “escondida” depois da estação, próxima a enormes pilhas de carvão: o combustível das caldeiras dos trens a vapor da época.

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D AV ID T R IM


Cresce o número de pessoas que não vão a eventos públicos, especialmente religiosos, se não tiverem um contato prévio com quem as convida

Para chegar à casa de Agnes, de seu esposo Ted e do mais novo dos seus oito filhos, era preciso caminhar por um trajeto de terra. O esposo de Agnes trabalhava na estrada de ferro, alimentando com carvão a caldeira da locomotiva. Era por isso que sua família, junto com a dos demais “foguistas”, morava perto das pilhas de carvão. Em outra área da pequena cidade de Muswellbrook morava Pam, uma das filhas de Agnes, que era casada e mãe de um garotinho. Pelo fato de o marido ficar a maior parte do tempo no trabalho, Agnes se sentia sozinha. A filha era praticamente a única pessoa que a visitava. Nem vendedores ambulantes, tão comuns na Austrália no início dos anos 1950, passavam por ali. Agnes frequentava o grupo de mulheres da igreja presbiteriana local. Certo domingo, suas amigas lhe contaram que dois grupos radicais, hereges e autodenominados cristãos estavam ativos no bairro dela. As testemunhas de Jeová haviam chegado a Muswellbrook e, pior ainda, os adventistas também. As mulheres relataram várias histórias de como esses grupos abordavam as pessoas em domicílio. Agnes pensou que talvez fosse uma bênção ela morar num lugar tão isolado. ADVENTISTAS NA CIDADE As testemunhas de Jeová nunca foram à casa de Agnes. Porém, um dia, quando Pam e seu neto a estavam visitando, alguém bateu à porta. Nem o pastor presbiteriano da igreja daquela família tinha aparecido alguma vez ali. Agnes pensou que se tratasse de um engano ou que alguma má notícia sobre seu esposo estaria sendo trazida por um funcionário da ferrovia. Somente os colegas de trabalho de Ted sabiam que eles moravam depois da estação. Com muito medo, Agnes abriu a porta para um jovem senhor de baixa estatura, que usava um terno azul, que não era novo nem lhe vestia muito bem, mas pelo menos estava passado e limpo. Surpresa, Agnes deixou escapar a pergunta: “Quem é você?” Ele era um pastor adventista... Agnes estava inclinada a dizer: “Sabe, eu sou presbiteriana. Tenho minha igreja. Não necessito das suas doutrinas estranhas.” Porém, o fato de alguém ter ido até sua casa e batido à porta era tão extraordinário que instintivamente ela o convidou para entrar. R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Agosto 2018

Seguindo o costume da época, Agnes ofereceu ao homem uma xícara de chá; porém, ele educadamente recusou e pediu um copo com água. Então o pastor começou a conversar com Agnes e Pam sobre a família delas e os medos e esperanças que mãe e filha carregavam no coração. O homem falou sobre esperança e, quando teve que ir embora, Pam aceitou estudar a Bíblia com ele. E foi o que fizeram nos meses seguintes. A mãe inicialmente hesitou, mas depois de ouvir da filha o que ela estava aprendendo, decidiu estudar a Bíblia também. Provavelmente, você consiga imaginar aonde essa história chegou: Agnes, Ted, Pam, três dos seus irmãos e, mais tarde, os filhos de Pam, todos foram batizados na igreja adventista. MÉTODO DE LONGA DATA Tenho duas razões para contar esta história. Primeiro, porque aquele pastor era meu pai: John Trim. O segundo é que esse testemunho pode nos ajudar a refletir sobre o modo pelo qual as pessoas se tornam adventistas. Em relação ao nosso contexto denominacional, podemos dizer que, ao longo da história, os evangelistas têm sido nossas celebridades. De Merritt E. Cornell a Mark Finley, de H.M.S. Richards a C.D. Brooks, de John Loughborough a John ­Carter, os evangelistas são quase lendas em nosso meio. Devido às habilidades notáveis desses e de outros homens e mulheres, o evangelismo público tem sido uma grande bênção para o crescimento do adventismo em muitas regiões do mundo. Pode-se afirmar até que, em grande medida, nossa igreja cresceu com base nas grandes séries evangelísticas. Na década de 1860, pregadores como John Loughborough e Merritt Cornell fizeram das reuniões nas tendas nossa assinatura evangelística. No entanto, nem sempre foi assim nem com a maior parte dos pioneiros. Se voltarmos à década de 1850, descobriremos que os alicerces do adventismo foram lançados por pessoas como José Bates, Tiago White e John Byington, que tinham como abordagem evangelística viajar de trem, visitar cidades pequenas e estudar a Bíblia com indivíduos e famílias. Esses nossos primeiros “evangelistas”, quando chegavam a uma cidade, perguntavam: “Há alguém aqui que acredita na 19


segunda vinda de Jesus?” Essa expressão era um código para descobrir quem já havia sido milerita. Como segunda alternativa, eles tentavam: “Alguém aqui é estudante zeloso da Bíblia?” Caso houvesse uma resposta positiva, o contato era feito e, quando bem-recebidos, começavam assim um estudo bíblico. Inicialmente, nosso movimento não dependeu de séries públicas, mas da abordagem pessoal. LIMITES DO EVANGELISMO PÚBLICO Pensar sobre essas questões não tem importância apenas histórica, mas implicações de como a igreja participa da missão hoje. Em boa parte do mundo há restrições para a pregação pública. Pelo menos 2 bilhões de pessoas nunca terão a oportunidade de frequentar uma série sobre profecias bíblicas, a menos que a legislação de seus países seja milagrosamente mudada. Em outras regiões do mundo, por sua vez, as pessoas podem ir às reuniões evangelísticas, mas muitos não se interessam por essa abordagem, principalmente na Europa, cada vez mais na América do Norte e já em algumas partes da América Latina. E não se trata de uma questão de qualidade do programa, dinheiro investido, estratégia de marketing, talento dos oradores ou consagração das pessoas envolvidas. O ponto é que aumenta o número de pessoas que não vão a eventos públicos a menos que tenham alguma ligação prévia com o grupo que as convida. Já há muitos anos essa tem sido a realidade da Europa. Nos Estados Unidos, por sua vez, uma pesquisa da Universidade Adventista do Sul, publicada na revista M ­ inistry de agosto de 2017, mostrou que o evangelismo público costuma ser mais efetivo entre as pessoas de 50 a 70 anos. OUTRAS ABORDAGENS Bem, se olharmos para o evangelismo público como a única forma de evangelizar, então poderemos nos desanimar e passar a enfatizar somente a manutenção espiritual dos “de dentro”. Contudo, evidentemente existem outras abordagens para testemunhar de Jesus. Encontrar pessoas, inclusive batendo na porta de sua casa, fazer amizade e estudar a Bíblia com elas ainda é um caminho. Foi assim com meu pai. Apesar de ser consagrado, ele tinha suas limitações, e uma delas era não ter o dom do evangelismo público. 20

Depois de graduar-se em Teologia no Avondale College, seu primeiro trabalho foi auxiliar em uma grande campanha evangelística conduzida por George Burnside, o pregador adventista que contribuiu muito para a igreja nas décadas de 1940 e 1950 na Austrália e na Nova Zelândia. Após ter tido essa experiência, meu pai foi pastorear igrejas locais. Ele realizou suas próprias campanhas evangelísticas, mas obteve pouco sucesso. Apesar de se esforçar, mais tarde ele disse para mim que não gostava desse método. Ele era tímido por natureza e se sentia desconfortável diante de um grande público. Porém, o que ele mais gostava de fazer e fazia bem era estudar a Bíblia com as pessoas e ensinar suas igrejas a ministrar estudos bíblicos. Posteriormente, ele descobriu que, por meio de uma abordagem amigável no rádio e jornais, poderia conseguir contatar mais pessoas interessadas em estudar a Bíblia. Sua paixão eram as campanhas sobre saúde e reeducação do estilo de vida. Ele concluiu que ensinando as pessoas a abandonar o vício no fumo e álcool, elas poderiam confiar nele. Nos anos 1970, por sua vez, meu pai percebeu que ensinar alguém a controlar a pressão arterial e os níveis de estresse, bem como a se exercitar e alimentar de maneira saudável, abria o coração do beneficiado para a mensagem adventista. Meu pai estava usando aquele método que Ellen White, pioneira da igreja, identificou como sendo o de Cristo: misturar-se com as pessoas, identificar e suprir necessidades, ganhar a confiança e convidá-las para seguir o Mestre (A Ciência do Bom Viver, p. 143). Hoje percebo que meu pai fez isso utilizando de modo pioneiro o evangelismo da saúde e os veículos de comunicação nos países em que trabalhou: Nova Zelândia, Índia e Austrália. Contudo, ele não se esforçou somente para tornar o adventismo mais amigável, pois sabia que, em R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Agosto 2018

Foto: Cortesia do autor

John Trim (segundo da esq. para a dir.) dedicou seu ministério ao evangelismo pessoal e ao serviço à comunidade, trabalhando, por exemplo, em cursos antitabagistas


algum momento, teria que convidar as pessoas para seguir o Mestre. Assim como Jesus Se apresenta à porta do coração em Apocalipse 3:20, Sua igreja também deve estar à porta da casa e da vida das pessoas. TODOS PODEM PARTICIPAR Aqui está a razão final de eu ter contado a história do meu pai. Muitos de nós não temos o dom espiritual do evangelismo público. Não conseguimos pregar para milhares de pessoas, pois esse é um talento raro. Por isso, evangelismo não pode se limitar ao que pregadores profissionais fazem, pois isso nunca vai resultar no envolvimento total dos membros da igreja. O caminho é compreender que todos temos dons e que é por meio deles que podemos ter parte ativa no grande movimento que anuncia o segundo advento de Cristo. Há três anos, quando visitei meu pai, agora internado em um lar para idosos e num estágio avançado de mal de Parkinson, minha mãe me disse: “Há uma senhora aqui que seu pai e eu conhecemos desde o início de nosso ministério.” Colocamos meu pai em uma cadeira de rodas e o levamos para outro andar, onde minha mãe cumprimentou uma idosa. Era Pam, que estava sendo visitada por uma de suas filhas e netas. Pam me contou a história que relatei no início deste artigo. Com lágrimas, recitou para mim o texto: “Como são belos nos montes os pés daqueles que anunciam boas-novas, que proclamam a paz, que trazem boas notícias, que proclamam salvação” (Is 52:7). Ela disse que louvava a Deus todos os dias pelo fato de meu pai ter caminhado além da estação ferroviária e batido à sua porta. Meu pai confessou que havia sido tentado a não chegar à casa de Agnes. Já era tarde naquele dia quente do verão australiano, e ele estava cansado. No entanto, ele lembrou a si mesmo que havia prometido para Deus que bateria em todas as casas, até a última da estrada. A identificação e o exercício de seu dom espiritual pode levá-lo a fazer um trabalho evangelístico diferente de bater de casa em casa oferecendo estudos bíblicos. Contudo, o ponto-chave é que todo discípulo de Cristo tem uma tarefa a fazer para compartilhar as boas-novas do Salvador. Cabe a você descobrir sua parte nessa missão, assim como John Trim, meu pai, fez em Muswellbrook há 65 anos. ]

A maior parte da igreja não tem o

dom espiritual do

evangelismo. Pregar para milhares de

pessoas realmente é um talento raro, mas todos podem fazer algo

O DOM DE EDIFICAR PESSOAS No próximo sábado de manhã na igreja, olhe ao seu redor para as pessoas que estão adorando a Deus com você e se pergunte sobre quem mais contribui para a unidade da sua comunidade. Na minha igreja, sempre o vejo andando pelo corredor, no intervalo entre a Escola Sabatina e o início do culto. O casal de idosos que se assenta duas fileiras à minha frente fica feliz ao vê-lo se aproximar e se inclinam para cumprimentá-lo. Ele segura as mãos deles e murmura palavras calorosas de boas-vindas. Do outro lado do corredor, ele deixa muito feliz uma menininha de quatro anos de idade, ao elogiar o lindo laço verde que ela está usando no cabelo. Os pais da garotinha também reagem com um sorriso de “santo” orgulho. E, quando ele chega ao meu banco, percebo como me olha fixamente pelos 30 segundos em que fala comigo, sem desviar o olhar procurando pessoas mais importantes. Dessa maneira, sinto-me valorizado, percebo que aquele é o meu lugar, que ali não sou somente mais um número na chamada da Escola Sabatina. Deduzo que ele irá perceber minha ausência caso eu falte por motivo de doença, viagem ou por necessitar de mais graça. O fato é que eu me lembro dele, mesmo depois que as palavras do sermão se dissipam como a névoa ou as belas músicas do coral são esquecidas na obscuridade. Pois o seu gesto me ajudou a enraizar a Palavra e a ser elevado pela harmonia das vozes. Certamente, nem todos os dons de Deus são clarins de trombetas. Às vezes, é das melodias doces e suaves que precisamos. Esse irmão é o construtor da comunidade de minha igreja e, felizmente, não é o único. Porém, enquanto colocamos os holofotes sobre as pessoas que pregam, ensinam e nos emocionam com suas músicas e sermões, os heróis anônimos das dezenas de milhares de igrejas adventistas são homens e mulheres que nos acolhem, aprendem nosso nome, se oferecem para orar conosco, e fazem com que nos sintamos “em casa”. Se você é um deles, que Deus o abençoe! E se você é um dos que são animados pelo ministério deles, expresse sua gratidão a eles. Nem todos os dons de Deus são clarins de trombeta. Às vezes, é das melodias doces e suaves que precisamos. ]

DAVID TRIM é o diretor do Departamento de Arquivos, Estatística e Pesquisa da sede mundial da Igreja Adventista

R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Agosto 2018

BILL KNOTT é editor da revista Adventist World

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DISCIPULADO

Currículo global SE FOR LEVADA A SÉRIO, A LIÇÃO DA ESCOLA SABATINA TEM O POTENCIAL DE ENRAIZAR A IGREJA NA PALAVRA E NOS UNIR PARA APRESSAR A VOLTA DE JESUS

P

oucas publicações adventistas causaram tanto impacto quanto a Lição da Escola Sabatina. Com mais de 15,2 milhões de exemplares produzidos anualmente em 93 idiomas, a versão desse guia de estudos para adultos tem uma utilização hoje muito mais ampla do que o pioneiro Tiago White imaginou. São números expressivos para um início de recursos escassos e grande sacrifício. Em agosto de 1852, há exatos 166 anos, Tiago White publicou os primeiros exemplares do Youth’s Instructor (Instrutor Jovem), após a editora Review and Herald adquirir sua primeira impressora. Pouco depois, Tiago White passou mais de um mês viajando pela costa leste dos Estados Unidos, em uma carruagem coberta, levando consigo a esposa, Ellen, e o filho Edson, com apenas três anos de idade. Na hora do almoço, enquanto os cavalos eram alimentados, Tiago se assentava para escrever, apoiado em caixas, o guia de estudo que instruiria os 2 mil adventistas da época (Advent Review and Sabbath Herald, de 6 de maio de 1852). O objetivo era ajudar os adventistas a progredir na compreensão das profecias bíblicas que impulsionaram o movimento adventista em meados do século 19. Na verdade, essa ênfase nunca foi perdida, mas ampliada para que esses guias, hoje idealizados para todas as faixas etárias, pudessem servir de base para o estudo em grupos aos sábados e para a atuação da igreja na comunidade durante a semana. 22

R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Agosto 2018

Foto: Kristina Penny

PENNY BRINKS


respostas descartadas

O QUE OS ALUNOS DIZEM

4%

Um estudo realizado pela sede mundial da igreja em 2013 perguntou

de modo nenhum

6%

para milhares de adventistas de nove

às vezes

Divisões o que mais contribuía para

15%

o crescimento espiritual deles. Em sete das noves regiões administrativas pesquisadas, mais de 50% dos

Sobre a relevância da

entrevistados disseram que a Escola

Lição da Escola Sabatina para

Sabatina tem grande importância.

adultos, as respostas foram as seguintes:

53% muito importante

PREPARAÇÃO DE UM POVO Os primeiros assuntos da lição se concentravam nas profecias de Daniel, na doutrina do santuário e nas três mensagens angélicas (Ap 14:6-12), animando assim os membros a se prepararem para o breve retorno de Jesus. Atualmente, o currículo contempla o estudo sistemático dos 66 livros da Bíblia e das doutrinas fundamentais adventistas. Clifford Goldstein, editor da Lição da Escola Sabatina para adultos há 19 anos, diz que, diante da diversidade e complexidade de uma igreja global, não é possível se restringir a poucos temas. “É um campo muito vasto. Temos que priorizar a Bíblia e seus princípios universais. Nosso alvo continua a ser o de publicar a ‘verdade presente’ para hoje”, comenta. Para Goldstein, um dos desafios é manter a lição interessante para quem nasceu em lar adventista, por exemplo, e para aqueles que estão dando os primeiros passos em sua caminhada nessa tradição religiosa. Segundo o editor, evidentemente o guia não é estudado por todos os adventistas. “Alguns acham seu conteúdo muito conservador, outros muito liberal e há os que gostariam de que sua apresentação fosse diferente”, reconhece. Apesar disso, Goldstein enfatiza o papel unificador da lição. “O fato de estudarmos o mesmo assunto todas as semanas nos mantém enraizados e nos aproxima”, reforça. R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Agosto 2018

A LIÇÃO É APENAS UM GUIA, MAS O PROFESSOR É QUE CONDUZ O PROCESSO DE ENSINO. ELE CONTEXTUALIZA E APLICA O CONTEÚDO À REALIDADE DOS SEUS ALUNOS

22% frequentemente

E, para que a utilização do guia de estudos resulte em crescimento na igreja, o editor ressalta a importância do professor da Escola Sabatina. “A lição é apenas um guia, enquanto o professor é indispensável nesse processo. Ele pode contextualizá-la, trazer o conteúdo para o nível do seu grupo, aplicar seus ensinos às questões relevantes do local e tornar seu estudo mais interessante e participativo”, justifica. Por fim, para que o ciclo de aprendizado se complete, é necessário que os alunos tenham o compromisso de estudar, participar das discussões e aplicar o conteúdo ao seu dia a dia. Apesar de ter sido preparada para os membros da igreja, o que se percebe é que a Lição da Escola Sabatina pode alcançar um público mais abrangente. Alguns adventistas valorizam tanto essa publicação que a guardam e a repassam para amigos e desconhecidos que não são da igreja. O ponto é que eles não têm coragem de jogar fora o guia de estudos. Soraya Homayouni, editora associada da lição, descobriu isso em primeira mão quando cursava seu mestrado na área de escrita criativa. “Uma colega de classe, que não era membro de nossa igreja, disse que estava reconhecendo meu nome de algum lugar. Foi então que ela me perguntou se eu não era uma das ­editoras da lição”, conta Soraya. Surpresa, a editora indagou: “Como você sabe?” A colega de Soraya lhe contou que havia recebido uma Lição 23


25.000.000

20.000.000

PRODUÇÃO AOS MILHÕES (2017)

RANKING POR IDIOMAS (EXEMPLARES POR ANO)

20 milhões de adventistas

1 5,9 milhões em espanhol 15,2 milhões de exemplares da lição

2 3 milhões em inglês

15.000.000 3 2,1 milhões em português 10.000.000

5.000.000

3,8 milhões de assinaturas da lição

4 600 mil em francês

5 416 mil em twi (dialeto falado em Gana, na África) 0

da Escola Sabatina sobre casais de presente de casamento, e lhe confessou que havia sido o presente de que mais havia gostado. PRODUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO Produzir uma Lição da Escola Sabatina é mais complexo e demorado do que se possa imaginar. É um ciclo que leva em média cinco anos e tem início logo após cada assembleia mundial da denominação, realizada a cada quinquênio. Depois da assembleia, líderes do Departamento da Escola Sabatina e Ministério Pessoal de todas as Divisões da igreja se reúnem para escolher os assuntos para o quinquênio seguinte. Se os temas são aprovados pela Comissão Administrativa da sede mundial da igreja, a produção de lições com esses temas é encomendada pelo editor para autores que terão dois anos para entregar o material. O manuscrito completo segue dois ciclos de leitura, comentários e edição feitos pelos teólogos do Instituto de Pesquisa Bíblica (BRI, em inglês) e os editores do Departamento de Lição da Escola Sabatina da sede mundial da igreja. Depois disso, o conteúdo vai para diagramação e revisão, e uma cópia é enviada para cada uma das Divisões ao redor do mundo a fim de que as editoras traduzam, publiquem e distribuam o material. Na área da distribuição, o desafio é fazer com que as lições cheguem a lugares remotos e a um preço acessível. Em algumas ­regiões do mundo, o membro pega a lição para si e sua família, gratuitamente, na igreja local. É claro que eles geralmente contribuem com a despesa de produção do material por meio de 24

suas ofertas. Em outras partes, contudo, se os membros não encomendarem e não pagarem adiantado, será muito difícil conseguir a lição depois. Para os que vivem em aldeias em ilhas montanhosas, ter acesso ao guia de estudos é quase um milagre. Um dos caminhos para diminuir custos e facilitar o acesso ao conteúdo tem sido a utilização da tecnologia digital. “Sempre que viajo, coloco um exemplar extra da lição em minha mala, para o caso de eu não encontrar sinal de internet no lugar para o qual estou indo. Porém, tenho o hábito de estudar minha lição pelo aplicativo. Acho que essa é uma boa tendência”, projeta Goldstein. Para ele, o processo de produção da lição precisa ser agilizado. Seja qual for o significado da Lição da Escola Sabatina para os adventistas hoje (ver o quadro “O que os alunos dizem”), o guia de estudos continua sendo um grande pilar da unidade da igreja. Se os membros levarem a sério esse recurso precioso, isso nos ajudará a nos mantermos enraizados na Palavra e unidos no propósito de apressar aquele grande dia, assim como Tiago White e os primeiros adventistas esperavam fazer. ] PENNY BRINK trabalha para a Adventist World como escritora, editora e coordenadora das edições contextualizadas

PARA SABER MAIS

Verbete “Sabbath School Publications”, na The Seventh-day Adventist Encyclopedia (Review and Herald, 1996), v. 11, p. 513-517.

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MINHA HISTÓRIA

A igreja que canta A ATITUDE OTIMISTA DE ALDEÕES MOÇAMBICANOS DIANTE DO DESAFIO DE CONSEGUIR ÁGUA POTÁVEL

N

DICK DUERKSEN ão me lembro do nome da aldeia, embora minhas fotografias me resgatem uma memória clara e em cores. Era um lugar com um pó cinza-escuro, roupas esfarrapadas, cajueiros delgados e arbustos de espinho ocasionalmente intercalados por moitas de grama. Foi ali que dois garotos tentaram me vender um carrinho de corrida que eles construíram com arame usado, faixas de borracha vermelha e latas de refrigerante. Eu não tinha espaço para levar aquele brinquedo para casa, mas, mesmo assim, comecei a negociar com eles. Os meninos precisavam desesperadamente de qualquer quantia de dinheiro. Acertamos um preço e, após eu emprestar do Garry o valor do carrinho na moeda local, paguei o dobro, o equivalente a dois dólares. Quando mostrei o brinquedo ao Garry, ele riu e perguntou como iria levá-lo para casa. Respondi que não sabia ainda. Então ele se ofereceu para tentar arranjar algum espaço para o carrinho em suas malas. Esse era o Garry. Ele não precisava fazer isso, mas sempre queria ajudar em situações dificeis. 26

POEIRA, SOLAVANCOS E SUOR O dia começou com uma viagem de quatro horas entre poeira, solavancos e suor, através das matas de Moçambique. Garry queria que estivéssemos lá quando ele furasse o poço. “Esse é o lugar mais pobre que já visitei”, disse ele. “Há um poço estrada abaixo, aproximadamente a dois quilômetros, mas o proprietário cobra tanto pela água que a maioria das pessoas da aldeia vai todas as noites com sede para cama. Encontrei um local próximo à igreja onde deve haver água, talvez a menos de 30 metros de profundidade. Mal posso esperar para perfurar.” A broca já estava lá, levada na noite anterior e montada pela equipe de funcionários liderados pelo Garry que trabalhavam para R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Agosto 2018


a ADRA, agência humanitária adventista. Deixe-me explicar que aquela não era uma simples broca, mas uma sonda projetada pelo próprio Garry, depois de ele passar algumas semanas sacudindo pelas trilhas do interior de Moçambique. Na verdade, a broca ocupava três veículos. Era uma sonda de perfuração embutida em uma caminhonete monstro, um tanque de água e um gerador carregados por dois caminhões similares, acompanhados por uma pick-up com tração 4x4. Naqueles três veículos, estávamos acompanhados de quatro homens que nos ajudariam no trabalho. O plano de Garry era furar um poço próximo a cada igreja. Dessa forma, água gratuita seria oferecida junto com a mensagem da água da vida (Jo 4:14). “Imagine se os ­aldeões que vão ao poço em busca de água gratuita ouvirem os membros da igreja cantando sobre Jesus, a verdadeira Água da Vida! Esse é o melhor evangelismo”, idealizava Garry. Ele localizou o único local possível para se furar um poço. A nova fonte de água seria perfurada cerca de 20 passos daquela igreja improvisada, construída pelos membros com palha e galhos de palmeira.

Foto: Dick Duerksen

EM BUSCA DE ÁGUA Uma multidão nos esperava. A maioria era formada por crianças e mulheres, uma vez que os homens estavam trabalhando nos campos, ou longe, nas minas da África do Sul. Eles nos saudaram com canções, moduladas entre tons agudos e graves. Garry sorriu com os olhos, pedindo que todos se sentassem nos bancos da igreja. “Os bancos mais desconfortáveis em que já me sentei”, disse Garry com um sorriso. Os assentos eram longos e encaixados num “Y” de madeira como do estilingue, e a base enterrada no chão. Garry explicou para os membros tudo sobre o poço e por que estávamos fazendo aquilo, a que profundidade a broca chegaria, como a bomba de água funcionava e como poderia ser consertada com uma simples arruela de borracha feita com um tubo de pneu usado. Ele enfatizou que a água retirada dali deveria ser distribuída gratuitamente na aldeia. Então Garry pediu que saíssemos dos caminhões enquanto muitos membros foram orar pela perfuração do poço. Com convicção, eles oraram por um bom tempo. A perfuração tomou quase todo o dia. E foi muito mais demorada do que Garry imaginava. Nos primeiros 15 metros só havia areia, depois um pouco de pedra e então mais areia. “Devemos achar água em breve”, sorriu Garry. A maioria das mulheres saiu para cuidar da vida nas suas choupanas. As crianças se dispersaram e voltaram somente quando a equipe colocava uma extensão de canos na broca ou quando a sonda não funcionava direito. Chegando a 36 metros de profundidade, o poço ainda estava seco. A mesma coisa aos 54. Esse era o limite de alcance da broca. LÁGRIMAS JUNTO AO POÇO Garry chorou bem ali, ao lado daquela grande sonda perfuradora, que ele havia pessoalmente projetado e construído. Com aquele equipamento, ele já havia furado mais R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Agosto 2018

GARRY CHOROU BEM ALI, AO LADO DAQUELA GRANDE SONDA PERFURADORA QUE ELE HAVIA PESSOALMENTE PROJETADO E CONSTRUÍDO. COM ELA, ELE JÁ HAVIA FURADO MAIS DE 800 POÇOS EM MOÇAMBIQUE de 800 poços cheios de água no solo empoeirado de Moçambique. Lágrimas grossas desciam da face de Garry e se juntavam ao suor espesso que manchava sua camiseta. Quando o motor da sonda parou, as mulheres voltaram, com recipientes de plástico coloridos para pegar água. As vasilhas balançavam apoiadas na cabeça delas, dançando expectantes sob o calor. Garry explicou sobre o solo arenoso, que 56 metros de profundidade era o limite da broca e disse a todos que sentia muito, muito e muito. Todos choraram. Então, o primeiro ancião daquela igreja sugeriu que nos uníssemos aos demais membros naquele simples templo. Todos se sentaram naqueles bancos inacreditavelmente desconfortáveis e ouvimos Garry explicar a mesma coisa várias vezes, até que tudo o que restou foi um triste silêncio. Foi quando uma mulher mais idosa começou a cantar. Outros se uniram a ela, e logo o canto da congregação manchada de suor afugentou a tristeza empoeirada. “Afinal, Jesus ainda é o Rei e Salvador”, proclamou o ancião, e “Ele irá providenciar de alguma maneira água para nossos potes.” ] DICK DUERKSEN é pastor e mora em Portland, Oregon (EUA)

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VISÃO GLOBAL

DESDE SEU INÍCIO, HÁ 155 ANOS, ESSA TEM SIDO A POSIÇÃO DA IGREJA ADVENTISTA EM RELAÇÃO AO SERVIÇO MILITAR E À GUERRA TED WILSON

Igreja Adventista se deparou com o dilema do serviço militar logo no início de sua história. Oficialmente orga nizada em maio de 1863, durante o auge da guerra civil nos Estados Unidos, a denominação incipiente teve que discutir como seus membros responderiam à convocação para pegar em armas. Semelhantemente a outras questões difíceis, os pioneiros adventistas estudaram o assunto usando a Bíblia como seu guia e concluíram que a posição mais coerente era a de não combatência (objeção de consciência ao porte de armas). No ano seguinte ao de sua organização, em 1864, a igreja já havia apelado, com sucesso, ao governo norte-americano por uma designação oficial de não combatência. Desde então, essa posição vem sendo mantida consistentemente.

A

DECLARAÇÃO DE NÃO COMBATÊNCIA Nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial, a Igreja Adventista reforçou sua posição, aprovando um documento em sua assembleia mundial de 1954, em que apresentava uma reflexão ampliada sobre o assunto. A declaração, intitulada “O relacionamento dos adventistas do sétimo dia com os governos civis e a guerra”, foi refinada e reafirmada nos Concílios Anuais da Comissão Executiva da sede mundial da igreja, em 1954 e 1972. Um trecho da declaração diz o seguinte: “O cristianismo genuíno se manifesta na boa cidadania e lealdade ao governo civil. O rompimento da guerra entre os homens não altera de maneira alguma a suprema lealdade e responsabilidade do cristão para com Deus nem modifica sua obrigação de praticar suas crenças e colocar Deus em primeiro lugar.

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Foto: Lightsotck

Salvar em vez de destruir


“Essa parceria com Deus por meio de Jesus Cristo, que veio a este mundo não para destruir a vida dos homens, mas para salvá-los, faz com que os adventistas defendam a posição de não combatentes. Dessa maneira, eles seguem seu divino Mestre, não tirando vidas humanas, mas prestando todo serviço possível para salvá-las.” Na sequência, o documento define o serviço de não combatente como aquele que pode ser prestado em qualquer unidade das forças armadas, mas que não requeira como função primária o treino com armas e seu uso; podendo assim esse serviço ser prestado, por exemplo, no departamento médico (disponível no site ­adventistsinuniform.org). NÃO É UM REQUISITO Além de assumir a posição de não combatência, a Igreja Adventista incentiva seus membros a não se afiliarem às forças armadas. No entanto, esse não é um requisito para ser membro da igreja. Segundo o site Adventists in Uniform (Adventistas de Uniforme), uma das páginas virtuais do Ministério Adventista de Capelania da sede mundial da igreja, essa orientação de não afiliação não deve ser vista como uma imposição, mas uma oportunidade para que cada adventista que é ou pretende ser membro ou líder das forças armadas tome uma decisão com base em reflexão e no uso de sua consciência. A Igreja Adventista compreende que em alguns países não há opção de não combatente e que o serviço militar é obrigatório. Mesmo nessas circunstâncias, os jovens adventistas são incentivados a encontrar maneiras pelas quais possam ser fiéis a Deus enquanto servem sua pátria. Se houver adventistas trabalhando nas forças armadas, seja por escolha pessoal ou por recrutamento compulsório, a igreja, por meio do Ministério Adventista de Capelania e outros canais, procura ministrar espiritualmente a eles. SALVANDO VIDAS Ao longo de 155 anos, a Igreja Adventista tem mantido seu testemunho histórico em favor da paz. Essa posição nunca foi escondida, ao contrário; de maneira pública, a denominação tem apelado aos líderes mundiais para que evitem conflitos e busquem imitar o Príncipe da Paz (Is 9:6), que veio para que tenhamos vida em abundância (Jo 10:10). A posição adventista de não combatência provavelmente tenha alcançado mais visibilidade R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Agosto 2018

DE MANEIRA

a partir do testemunho de Desmond Doss, que serviu como médico do Exército dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. Doss ficou mais conhecido por salvar 75 pessoas durante a feroz batalha na ilha de Okinawa (ver livro Soldado Desarmado, CPB, 2016, p. 113). Por esse ato de coragem, ele foi o primeiro de apenas três objetores de consciência a receber a Medalha de Honra do Congresso dos Estados Unidos. A história de Doss foi contada no filme Até o Último Homem (2016). Na Bíblia encontramos impressionantes exemplos de Jesus sobre esse princípio de preservar e salvar vidas em vez de tirá-las (Lc 9:52-56). Em Sua última viagem a Jerusalém, por exemplo, Jesus desejava passar pouco tempo numa aldeia samaritana. Porém, num claro sinal da hostilidade que havia entre samaritanos e judeus, o povo local não foi hospitaleiro com Ele nem com Seus discípulos. Sabendo que Jesus queria apenas abençoá-los, e furiosos com a maneira rude com que trataram seu Mestre, Tiago e João se ofereceram para aniquilar seus supostos inimigos ordenando cair fogo dos céu (v. 54). Contudo, para surpresa deles, Jesus repreendeu sua atitude militante e disse que não tinha vindo para destruir, mas salvar pessoas (v. 55). Em outra ocasião, no jardim do Getsêmani, quando um dos discípulos mais próximos de Cristo decidiu usar uma arma para proteger o Mestre, também foi repreendido por Jesus (Mt 26:52). Esses relatos bíblicos representam o cerne da posição adventista de não combatência. Como adventistas, precisamos ser um povo de oração. Enquanto o mundo está evolvido em batalhas visíveis, entendemos que existem conflitos invisíveis, mas muito reais, ocorrendo entre Cristo e Satanás. Por isso, devemos orar pelo nosso país e seus líderes; pelos nossos membros e igreja ao redor do mundo; e, sobretudo, pela paz que somente Jesus concede e pelo estabelecimento final de Seu reino de bem-estar (Dn 2:44; Ap 21:4). ]

PÚBLICA, A IGREJA ADVENTISTA APELA AOS

LÍDERES MUNDIAIS QUE EVITEM CONFLITOS E

BUSQUEM IMITAR

O PRÍNCIPE DA PAZ

TED WILSON é presidente mundial da Igreja Adventista. Você pode acompanhar o líder por meio das redes sociais: Twitter (@pastortedwilson) e Facebook (fb.com.br/ pastortedwilson)

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DOM DE PROFECIA

Combustível do corpo SOMOS O QUE COMEMOS, PORQUE O CONSTANTE DESGASTE DOS TECIDOS DO CORPO É COMPENSADO PELA QUALIDADE DOS ALIMENTOS QUE INGERIMOS ELLEN G. WHITE

A ESCOLHA DO NOSSO ALIMENTO DEVE LEVAR EM CONTA A ESTAÇÃO DO ANO, O CLIMA DA REGIÃO E O TIPO DE TRABALHO QUE EXERCEMOS

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da maneira mais simples e natural possível, são os mais saudáveis e nutritivos. Eles proporcionam mais força, resistência e vigor intelectual do que a alimentação complexa e estimulante. A fim de manter a saúde, é necessária suficiente provisão de alimento nutritivo. Se planejarmos sabiamente, os itens que promovem a boa saúde podem ser obtidos em quase todos os lugares. Os vários produtos preparados de arroz, trigo, milho e aveia são enviados para toda parte, bem como feijões, ervilhas e lentilhas. Esses, juntamente com as frutas nacionais e importadas, e a quantidade de verduras que podem ser colhidas em todas as localidades, oferecem oportunidade de escolher um completo regime dietético, sem a inclusão de alimentos cárneos. Onde quer que frutas secas, como passas, ameixas, maçãs, peras, pêssegos e abricós puderem ser compradas por preço acessível, deve-se utilizá-las como os principais itens da alimentação, trazendo assim melhores resultados para a saúde de todas as classes de trabalhadores. Esse material foi adaptado do livro Conselhos para a Igreja (CPB, 2009), p. 225-231. ] ELLEN G. WHITE, escritora norte-americana que, segundo os adventistas acreditam, exerceu o dom de profecia durante 70 anos

R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Agosto 2018

Foto: Lukas Blazek

C

ada órgão do corpo requer sua parte de nutrição. O cérebro deve ser abastecido com sua porção; ossos, músculos e nervos requerem a sua também. Maravilhoso é o processo que transforma a comida em sangue, e se serve desse sangue para restaurar as várias partes do organismo. E esse processo ocorre continuamente, suprindo de força e vida cada nervo, músculo e tecido. Por isso, deve-se escolher o alimento que melhor proporcione os elementos necessários para a manutenção do organismo. Contudo, para essa escolha, o apetite não é um guia seguro. Os maus hábitos de alimentação têm alterado o paladar. Muitas vezes, ele exige alimento que enfraquece em vez de fortalecer a saúde. Por causa disso, não podemos nos guiar com segurança pelos hábitos da sociedade. A doença e o sofrimento que por toda parte dominam nosso mundo são, em grande parte, resultado de erros populares em relação ao regime alimentar. Entretanto, nem todos os alimentos saudáveis são adequados para todas as pessoas e em todas as circunstâncias. Deve haver cuidado na seleção do alimento. A escolha do nosso alimento deve levar em conta a estação do ano, o clima da região e o tipo de trabalho que exercemos. Muitas vezes, por exemplo, alimentos que podem beneficiar quem atua no trabalho árduo podem não ser adequados para quem executa tarefas sedentárias ou de grande esforço mental. Diante da ampla variedade que Deus tem nos dado de alimentos, devemos escolher, de acordo com a experiência e o bom senso, os que se mostram mais convenientes às nossas necessidades. A fim de saber quais são os melhores alimentos, cumpre-nos estudar o plano original de Deus para o regime do ser humano. Aquele que nos criou e entende nossas necessidades determinou o que Adão devia comer (Gn 1:29). Quando deixou o jardim do Éden para ganhar a subsistência lavrando o solo, sob a maldição do pecado, o homem recebeu também permissão para comer a “erva do campo” (Gn 3:18). Portanto, cereais, frutas, nozes e verduras constituem o regime dietético escolhido pelo nosso Criador. Esses alimentos, preparados


CIÊNCIA

Quando as pedras falam

A GEOLOGIA PODE TAMBÉM NOS REVELAR MUITOS ASPECTOS DE DEUS RONNY NALIN

Foto: Pedro Lastra

S

ou um geólogo que acredita que nosso planeta e os seres vivos que nele habitam foram formados pela vontade e o poder de Deus. Como outros elementos da criação, as rochas, “sem discurso”, fazem ressoar por toda a Terra suas palavras (Sl 19:3, 4). E qual mensagem levam essas palavras silenciosas? 1. Deus da mente e coração. Nossa mente é capaz de organizar as observações geológicas de maneira coerente e aplicar esse conhecimento em previsões e gerenciamento. Acredito que essa ressonância maravilhosa entre a mente humana e o mundo que ela procura compreender aponta para um Designer que criou ambos. Mas a observação da criação também nos evoca sentimentos. A quebra das ondas na praia, por exemplo, pode tanto instigar cálculos matemáticos como provocar surpresa, contemplação, euforia ou tranquilidade. Podemos desfrutar da natureza de maneira multifacetada e integrada. 2. Deus infinitamente sábio. Apesar de os processos na Terra poderem ser organizados de acordo com padrões consistentes, a realidade excede nossos modelos e transcende nossa imaginação. Habitamos em um universo de texturas ricas e com infinitas oportunidades para descobertas. Essas vastas possibilidades de exploração são, ao mesmo tempo, uma lembrança da grandeza de Deus e um convite para nos submetermos a Ele. R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Agosto 2018

3. Deus poderoso. As formações rochosas preservam evidências de processos grandiosos, como as colisões dos continentes. Porém, o Criador do mundo é mais poderoso do que esses movimentos tectônicos. 4. Deus intencional. O estudo dos planetas fora do nosso sistema solar resultou na melhor compreensão da notável combinação de condições que possibilitam a vida na Terra. Esse equilíbrio fino, que alguns atribuem ao acaso, é um presente que nos ajuda a reconhecer o plano intencional de Deus.

ACREDITO QUE A RESSONÂNCIA ENTRE A MENTE HUMANA E O MUNDO QUE ELA PROCURA COMPREENDER APONTA PARA UM DESIGNER QUE CRIOU AMBOS

5. Deus da resiliência. A despeito do planejamento e beleza da Terra, a natureza tem um lado escuro para o qual nem sempre há respostas óbvias. No entanto, p ­ ode­-se observar uma resiliência geológica impressionante no planeta. Os mecanismos de tamponamento, por exemplo, absorvem significativamente o estresse ambiental e, muitas vezes, as condições normais são restauradas após as catástrofes. Essa capacidade de autopreservação e sobrevivência nos indica que Ele não nos abandonou. Por fim, a organização das camadas geológicas da Terra é um registro tangível de que nosso planeta teve início e tem história. A autorrevelação de Deus na Bíblia traça a história da Terra desde a criação, passando pelo dilúvio e na expectativa de um novo céu e uma nova Terra (2Pe 3:5-13). De modo semelhante à sequência de metais na estátua de Daniel 2, as rochas confirmam o rumo da história e indicam que Deus realiza Seu plano no tempo predeterminado por Ele. ] RONNY NALIN, PhD, natural da Itália, é cientista pesquisador do Instituto de Pesquisa em Geociência, na Universidade de Loma Linda (EUA)

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VIDA ADVENTISTA

A oração da filha

DEUS USA MUITAS MANEIRAS PARA TOCAR NOSSO CORAÇÃO CHANMIN CHUNG

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Tempos depois, eles conheceram um casal semelhante a eles: a esposa era cristã e o esposo muçulmano. Num jantar na casa desses novos amigos, eles foram perguntados quanto à religião que professavam. Aquele esposo, outrora resistente, respondeu: “Somos adventistas do sétimo dia!” E, na sequência, ele explicou o que significava isso: “Ah, a gente se reúne todos os sábados para orar juntos e também não comemos carne nem derivados de porco.” A esposa adventista mal podia acreditar que seu marido muçulmano havia se apresentado como

A ESPOSA PEDIU QUE O MARIDO MUÇULMANO LESSE COM ELA NO ALCORÃO AS PASSAGENS QUE MENCIONAM QUE JESUS ESTÁ VIVO NO CÉU, AO LADO DE ALÁ

adventista. Mais uma vez o esposo dela aceitou o convite de assistir a um culto especial, em que os participantes testemunhariam acerca de orações respondidas. No encontro, ele mencionou as bênçãos que havia recebido por influência das orações da igreja, como a recuperação da saúde de seus pais. No fim do culto, todos, inclusive o esposo, oraram juntos e agradeceram a Deus as muitas dádivas. Poucos dias mais tarde, aquele casal passou por uma séria crise financeira. Uma vez mais a esposa adventista ficou surpresa quando o esposo se uniu a ela para orar. Desde então eles têm intercedido juntos todos os dias, e sua filha sempre tem terminado as preces “em nome de Jesus”. Embora o esposo ainda lute para compreender muitos ensinos da Bíblia, ele está desenvolvendo um relacionamento pessoal com Deus e compartilhando sua fé. É maravilhoso ver o Espírito Santo transformando seu coração! ] CHANMIN CHUNG é o diretor de comunicação da sede da Igreja Adventista para o Oriente Médio e Norte da África

R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Agosto 2018

Foto: Thinkstock

Q

uando chegamos à cidade em que vivemos agora, conhecíamos somente uma adventista que residia aqui. Era uma senhora casada com um muçulmano nativo. Soubemos das muitas vezes que ela tentou falar com o esposo sobre Jesus e a Bíblia, mas sem sucesso. Seu marido não estava disposto a ouvir coisa alguma a respeito da fé cristã. Algum tempo depois nos encontramos com o esposo dela e começamos a desenvolver amizade com ele. Certo dia, aquele homem aceitou o convite para ir a um culto conosco, mas deixou bem claro que não estava interessado em nossa religião. No entanto, continuamos a orar por ele e a passar tempo juntos, como amigos. Às vezes, ele se mostrava mais aberto conosco e nosso grupo da igreja. Um dia, sua filha caçula orou na frente dele e terminou a prece dizendo “Em nome de Jesus, amém!” Aquele homem ficou muito contrariado e disse à filha que nunca mais orasse em nome de Jesus. Sua esposa ficou tão desanimada que implorou a Deus por sabedoria e paciência. Mais tarde, ela pediu ao marido que lesse o Alcorão com ela. Aquela senhora mostrou a ele todas as passagens que mencionam que Jesus está vivo no Céu, ao lado de Alá. Então, ela lhe disse: “Você viu? Não há nada de errado em nossa filha orar em nome de Jesus.” O homem ficou surpreso. Ele nunca havia lido aqueles versos. Após um breve silêncio, ele disse que aceitava que a filha orasse em nome de Jesus, mas reforçou sua crença de que Cristo não é Deus. Sua esposa novamente se entristeceu e percebeu que precisaria ter outras conversas com ele a respeito da mensagem bíblica.


NOVA GERAÇÃO

VEJA ELE AGIR O

Foto: Arquivo pessoal

verão já estava chegando e eu precisava decidir entre tirar férias ou participar de uma campanha evangelística. Era sedutor pensar na ideia de ir para casa, ficar perto da família e dos amigos, e desfrutar de boa comida e descanso... Porém, eu ainda não havia completado os requisitos de horas práticas de evangelização. Se fosse para uma viagem missionária de verão, meu plano era participar com a turma do Living Fountain (Fonte Viva), um ministério de estudantes que havia conhecido quando estudei na Universidade Adventista Spicer, na Índia. Optei por ter férias missionárias, e logo me juntei aos outros voluntários nos preparativos. Limpamos jardins, ajudamos nos eventos da universidade, ensaiamos as músicas e distribuímos as responsabilidades entre os membros da equipe. Finalmente, após uma viagem de três dias, chegamos ao nosso destino: Laitryngew, uma pequena cidade em Meghalaya, no nordeste da Índia. Ali seria nosso lar por 14 dias. O prédio em que a série evangelística seria realizada era pequeno e mal iluminado, especialmente se comparado

ENQUANTO VOCÊ SERVE AO PRÓXIMO, É POSSÍVEL VER DEUS TOCANDO VIDAS: A SUA E A DE QUEM ELE ENVIOU VOCÊ PARA ABENÇOAR R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Agosto 2018

É NO SERVIÇO À HUMANIDADE QUE NOSSAS MÃOS SE UNEM ÀS DE DEUS BEERSHEBA MAYWALD

à imponente igreja católica no fim daquela rua. Entregamos os folhetos de divulgação, organizamos os materiais e montamos o sistema de som no palco. Nos primeiros dias vieram poucas visitas e nos dias seguintes choveu torrencialmente, dificultando a vinda das pessoas. Ao fim de duas semanas, três pessoas estavam interessadas em estudar a Bíblia com o pastor local. No entanto, a Escola Cristã de Férias foi mais bem-sucedida. Iniciamos com poucos participantes, mas terminamos o programa com 95 crianças frequentando os encontros. Elas gostavam de cantar, pintar, brincar e de ouvir as histórias da Bíblia. Para mim, porém, o ponto alto daquelas férias foi ter convivido com a única família adventista da cidade. Naquele lar havia cinco crianças. O pai trabalhava na mina de carvão e a esposa havia falecido. Por isso, passávamos a maior parte do nosso tempo ajudando nas tarefas domésticas. Os filhos ficavam felizes de ver gente nova e ter duas boas refeições ao dia. Havia alegria nas pequenas coisas. Éramos abençoados à medida que compartilhávamos nossas experiências para fortalecer a fé uns dos outros. É verdade que não foi fácil. Caminhávamos muito para buscar água. Pelo fato de cozinhar ao ar livre, a fumaça causava irritações. As noites eram curtas e os ventos uivantes tornavam o sono quase impossível. Porém, tudo isso se tornou irrelevante diante do sorriso daquelas crianças. Voltamos queimados do sol e alguns quilos mais leves, mas fomos enriquecidos pela experiência. O tempo e o esforço empregados para ajudar outros é muito precioso aos olhos de Deus. Ele está tocando vidas: a nossa e a daqueles a quem fomos chamados a servir. O desejo de Deus é nos equipar e preparar para ministrar mais efetivamente ao mundo. Gosto de imaginar o que Ele tem para nós a seguir. ] BEERSHEBA MAYWALD, natural de Tamil Nadu, na Índia, cursa mestrado em religião no Instituto Adventista de Estudos Avançados (IAAS), nas Filipinas

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PRIMEIROS PASSOS

A HISTÓRIA DO GAROTO QUE QUERIA CRESCER ANTES DO TEMPO, MAS QUE APRENDEU QUE AS GRANDES COISAS COMEÇAM PEQUENAS WILONA KARIMABADI

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ão era fácil ser a menor criança na classe do Jonas. Ele sempre era o último a ser escolhido para o time de basquete, o que às vezes era muito difícil para ele. Por isso, Jonas decidiu que já não dava mais para aguentar aquela situação. Ele iria fazer de tudo para ficar maior, mais forte e mais rápido. Foi então que ele começou a levantar “pesos” na sua casa. Na verdade, eram mochilas cheias de livros. Todos os dias, após as aulas e aos domingos, quer chovesse ou fizesse sol, Jonas ia treinar na quadra do seu bairro. Ele ficava lá por quatro horas repetindo seu drible e os arremessos à cesta. Com o tempo ele foi melhorando seu controle de bola e pontaria. Porém, Jonas achava que não estava progredindo. Ele também decidiu comer como atleta. Devorava o jantar, quase sem respirar, e ainda pedia para repetir. Todas as semanas ele

WILONA KARIMABADI é editora-assistente da revista Adventist World

“O Rei responderá: Digo-lhes a verdade: O que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a Mim o fizeram” (Mt 25:40, NVI)

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R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Agosto 2018

Ilustração: Xuan Le

VOCÊ ESTÁ FAZENDO A DIFERENÇA

se pesava e media sua altura, na esperança de que houvesse crescido miraculosamente à velocidade da luz. No entanto, ficava decepcionado quando via que os resultados desejados não tinham sido imediatos. Certo dia, a mãe de Jonas não estava se sentindo bem e teve muita dificuldade de se levantar à mesa e se arrumar para a consulta com o médico. Jonas correu para tentar levantá-la, mas foi muito difícil para ele. Frustrado, Jonas esbravejou que, por causa do seu tamanho, não servia para nada: nem para ajudar a mãe nem para jogar basquete. A mãe de Jonas olhou para ele com paciência e disse: “Você não é imprestável! Já pensou que toda vez que você come seu jantar e até repete um pouco, está nutrindo seu corpo para ficar mais forte? Você não vê que todas as vezes que treina basquete pouco a pouco está jogando melhor? Você sabe que, mesmo sendo difícil me levantar da cadeira, o fato de colocar seus braços ao meu redor me dá força?” Finalmente, Jonas entendeu. As pequenas coisas que ele fazia, dia após dia, o estavam ajudando a fazer a diferença em sua vida e na de sua mãe. Jesus nos lembra de que qualquer coisa que fizermos para ajudar alguém, principalmente os que mais precisam, estamos fazendo para ajudá-Lo (Mt 25:40). Ele e outras pessoas percebem que estamos ajudando, mesmo quando não percebemos. ]


PERSPECTIVA

NÃO SAIA DO FACEBOOK

APESAR DE ESSA EMPRESA TER USADO INDEVIDAMENTE OS DADOS DOS USUÁRIOS, A MENSAGEM ADVENTISTA AINDA PRECISA SER DIVULGADA PELAS REDES SOCIAIS JAMIE SCHNEIDER DOMM

Foto: Sticker Mule

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uitos usuários do Facebook estão se perguntando se devem manter seu perfil nessa rede social. Escândalos recentes revelaram que esse gigante do mundo digital não apenas facilitou indevidamente o acesso às informações dos seus usuários, mas tem igualmente desempenhado “favoritismo” político em várias partes do mundo. O aborrecimento não é sem razão. O Facebook domina grande parte do mercado digital, e o mau uso das informações ou do poder exercido por suas plataformas representa grande ameaça para uma sociedade livre. No entanto, é exatamente o alcance do Facebook, o fato de ele possibilitar a comunicação com 2 bilhões de pessoas, que deveria fazer os cristãos permanecerem nessa rede social. As ferramentas de comunicação digitais já fazem parte da lógica de funcionamento da nossa sociedade. Por meio delas nos conectamos instantaneamente com pessoas do mundo todo e compartilhamos ideias. Historicamente, o avanço tecnológico tem ajudado a humanidade R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Agosto 2018

AFINAL, SE ESTAMOS NA MISSÃO DE DEUS, O ESPÍRITO SANTO NOS AJUDARÁ MESMO QUANDO OS ALGORITMOS NOS ATRAPALHAREM a se conectar e comunicar melhor. E esse movimento pode favorecer a proclamação do evangelho eterno. Por isso, creio que o próximo grande despertamento missionário será digital. No tempo dos apóstolos, o evangelho foi espalhado por pessoas dedicadas, que enfrentaram a perseguição e a morte. A despeito do custo pessoal, eles procuraram estar onde as pessoas estavam a fim de testemunhar. Restrição à pregação não é o problema de boa parte dos cristãos que vivem no Ocidente, diferentemente do

que se vivencia em outras regiões do mundo. Portanto, o que Deus espera de nós, assim como foi com Moisés, é que usemos o que está em nossas mãos (Êx 4:2). O ambiente das redes sociais hoje é o que foi a escola de Tirano nos tempos de Paulo. Os efésios se reuniam ali para adotar novas ideias, passar o tempo, compartilhar pensamentos e participar de discussões. Atualmente, os jovens ocidentais gastam nove horas por dia nas mídias sociais pelas mesmas razões. Por dois anos Paulo falou na escola de Tirano (At 19:8-10), a fim de “viralizar” o evangelho. Como o apóstolo, devemos levar o evangelho onde as pessoas estão e envolvê-las na conversa. E precisamos fazer isso enquanto ainda temos tempo, porque a censura será uma marca dominante do período final que antecede a volta de Jesus. Por várias vezes já lidei com problemas de censura no ambiente digital ao tentar garantir o sucesso das campanhas da igreja. Diante dessas adversidades, renovei meu compromisso de usar essas tecnologias no cumprimento da missão. Afinal, se estamos na missão de Deus, o Espírito Santo nos ajudará mesmo quando os algoritmos nos atrapalharem. As organizações religiosas devem responsabilizar essas empresas que, com base discriminatória, limitam o alcance e o acesso às suas ideias e recursos. Caso contrário, se intensificará o monopólio sobre nossos dados e o poder de decidir quem tem voz. Os adventistas devem defender a liberdade de expressão. Nossa missão depende da manutenção desse direito. Se decidir permanecer no Facebook, faça isso com um propósito: testemunhar em sua esfera de influência digital. ] JAMIE SCHNEIDER DOMM é a coordenadora de estratégias digitais da sede adventista para a América do Norte

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BEM-ESTAR

NEM SEMPRE OS PROBLEMAS DE COORDENAÇÃO MOTORA SÃO SINTOMAS DO MAL DE PARKINSON PETER N. LANDLESS E ZENO L. CHARLES-MARCEL

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s ser es hu m a nos foram formados de modo assombroso, e faz parte dessa complexidade o movimento coordenado. Costumamos não valorizar esse movimento até que algo dê errado. Com a participação dos sistemas nervoso e ­muscular, mecanismos sofisticados garantem a execução dos movimentos, fazendo com que cada ação planejada, inclusive todos os reflexos, seja bem realizada. Quando há alterações nesse funcionamento, incluindo os tremores, temos os chamados distúrbios do movimento. No caso de diagnósticos imprecisos, quando não se sabe a causa exata do tremor, ele é chamado de “essencial”. Essa nomenclatura também é aplicada a 90% dos casos de pressão alta em que a causa é desconhecida. Se o ­diagnóstico é de “tremor essencial 36

familiar”, então, além de desconhecido, o problema tem que ver com o histórico familiar do paciente. Porém, esse problema não afeta necessariamente a longevidade nem tem que ver com o mal de Parkinson. O “tremor essencial” está entre os distúrbios de movimentos mais comuns, atingindo 1% da população mundial. Homens e mulheres são afetados na mesma proporção. Ele pode surgir na infância, mas aparentemente é mais comum na segunda década de vida e após os 60 anos. O tremor aumenta vagarosamente com o tempo, à medida que a pessoa envelhece. Alguns indivíduos tremem somente as mãos e os braços, enquanto outros podem ter tremores na cabeça e na voz, o que altera sua fala e canto. Nos tremores essenciais, o maior problema parece estar no cerebelo, parte do cérebro responsável pelo

controle dos movimentos suaves e acurados, pela postura e o equilíbrio. Isso ocorre porque mudanças patológicas alteram o circuito anatômico e químico complexo que regula a atividade muscular. O diagnóstico desse problema é realizado com base em exame físico e na análise detalhada do histórico médico do paciente. O histórico familiar também pode ser útil. É importante perguntar sobre medicamentos específicos que podem causar ou agravar o tremor, como alguns agentes ­a ntiepilépticos, certos antidepressivos e o lítio. A exposição a toxinas como chumbo, mercúrio ou manganês também pode causar tremores. O ponto é que exames cuidadosos e análise atenta do histórico familiar podem distinguir o tremor essencial da doença de Parkinson. Por sua vez, o tratamento dessa doença prevê basicamente a utilização de medicamentos, embora a cirurgia e a técnica conhecida como estimulação cerebral profunda possam ser necessárias em casos em que o tremor é debilitante. ] PETER LANDLESS é cardiologista e diretor do Ministério da Saúde da sede mundial adventista em Silver Spring, Maryland (EUA); ZENO CHARLES-MARCEL é clínico geral e diretor associado desse mesmo ministério

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Foto: Sabine van Erp

TREMOR NAS MÃOS

O “TREMOR ESSENCIAL” ESTÁ ENTRE OS DISTÚRBIOS DE MOVIMENTOS MAIS COMUNS, ATINGINDO 1% DA POPULAÇÃO MUNDIAL


BOA PERGUNTA

COMPANHEIROS INSEPARÁVEIS

ENQUANTO ESTEVE NA TERRA, QUÃO PRÓXIMA FOI A RELAÇÃO DE JESUS COM O ESPÍRITO SANTO? ÁNGEL MANUEL RODRÍGUEZ

mais próxima possível. Os membros da Trindade estavam envolvidos na redenção da humanidade. Mencionarei a seguir alguns momentos importantes do ministério terrestre de Jesus em que o Espírito Santo esteve ao lado Dele. 1. Na encarnação. Esse acontecimento foi um dos mais importantes na história do Universo, e seu planejamento deve ter sido precedido por intensa interação entre a Trindade. Uma vez que Deus escolheu e preparou a pessoa certa para esse evento, o Filho de Deus Se tornou humano no útero de Maria, por meio da ação do Deus Espírito (Lc 1:35). Essa atividade sobrenatural foi sem paralelo. Não temos detalhes de como ela ocorreu, provavelmente porque esteja além da compreensão humana. 2. Batismo e ministério. João Batista, o homem escolhido para preparar o caminho para o início

Foto: Lightsotck

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do ministério de Jesus, teve seu nascimento e trabalho também marcados pela presença do Espírito Santo (Lc 1:15, 67). Jesus, por Sua vez, teve Sua unção (batismo) como Messias legitimida pela presença corpórea do Espírito Santo em forma de pomba (Lc 3:22). Na forma humana, o Servo do Senhor (Is 53) foi conduzido pelo Espírito para enfrentar o diabo no deserto da tentação e, posteriormente, cumprir Sua missão salvadora (Lc 4:1; 18, 19). Satanás não exercia controle sobre Jesus, pois Ele tinha no Espírito Sua companhia inseparável. 3. Morte e ressurreição. No Novo Testamento há poucos registros sobre a atuação do Espírito de Deus durante a crucifixão de Jesus. Somente Hebreus 9:14 parece associar o Espírito Santo ao sacrifício de Jesus, dando a impressão de que a terceira pessoa da Trindade teria exercido a função sacerdotal de apresentar a vítima sacrificial imaculada (Jesus) diante de Deus. Quanto à ressurreição, Paulo escreveu que o Espírito que nos ressuscitará, e que já vive em nós, é o mesmo que ressuscitou Jesus. Saber que a presença e ação do Espírito se manifestaram na ressurreição de Jesus contribui para a certeza da nossa ressurreição futura. Em resumo, o Espírito Santo esteve constantemente com Cristo, quer no nascimento, nas tentações, na morte e ressurreição, quer nos momentos de alegria e tristeza. Ele também está ao nosso lado, dirigindo nossa vida e enchendo-nos de alegria e força diante dos desafios. Vamos confiar Nele, fazendo com que seja nossa companhia inseparável durante a caminhada cristã. ] ÁNGEL MANUEL RODRÍGUEZ, pastor, professor e teólogo aposentado, foi diretor do Instituto de Pesquisa Bíblica

O ESPÍRITO SANTO ESTEVE COM CRISTO NO NASCIMENTO, NAS TENTAÇÕES, NA MORTE E RESSURREIÇÃO DELE. FOI SUA COMPANHIA INSEPARÁVEL NOS MOMENTOS DE ALEGRIA E TRISTEZA

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RETRATOS

Abid Q. Raja, parlamentar norueguês de origem paquistanesa e fé islâmica, tira uma selfie com

Dwayne Leslie, diretor associado do departamento de Liberdade Religiosa da sede mundial da Igreja Adventista. Raja recebeu um prêmio internacional por seu trabalho a favor da tolerância religiosa durante o 16o Jantar Anual sobre Liberdade Religiosa, em Washington DC (EUA), em 22 de maio Foto: Mylon Medley, North American Division News

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LIBERDADE RELIGIOSA

O Parlamento australiano tem discutido mudanças na legislação que podem ajudar a proteger as liberdades de crença e consciência. O pastor Michael Worker tem representado a igreja nessas discussões

DEBATE NA ESFERA PÚBLICA A proteção ao direito de crença ainda é limitada na Austrália, mas o país está debatendo o problema e a igreja tem participado ativamente das discussões TRACEY BRIDCUTT

mbora seja um país tradicionalmente cristão, a Austrália hoje é um território com uma grande diversidade religiosa. Esse cenário trouxe desafios para a liberdade religiosa no país, o que tem motivado discussões sobre a necessidade de assegurar o direito de crença para todos. Nos últimos anos, o Parlamento tem envolvido representantes de vários segmentos da sociedade no debate sobre possíveis mudanças na legislação visando à proteção desse direito fundamental. Paralelamente, o governo australiano está realizando um levantamento sobre a situação do direito à liberdade de crença. Embora a Seção 116 da Constituição australiana seja semelhante à Primeira Emenda dos Estados Unidos, na prática ela não tem sido interpretada pelos especialistas como algo que confira direitos. Alguns argumentam que a legislação do país ainda precisa consagrar o reconhecimento da liberdade religiosa, de expressão e de consciência.

Fotos: Xiquinho Silva / Adventist Record

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A Igreja Adventista tem exercido um papel ativo nas discussões. Recentemente, o pastor Michael Worker, um dos líderes da denominação na Austrália, representou a denominação numa audiência pública e num painel sobre o tema realizados em Sydney e Melbourne, com a participação de vários grupos étnicos, religiosos e de defesa dos direitos humanos. “Embora reconheça que os cristãos são o grupo mais perseguido do mundo, a Igreja Adventista do Sétimo Dia tem uma longa história na defesa da liberdade religiosa para todas as pessoas que professam uma religião e até para aqueles que não têm fé”, disse Worker em sua declaração de abertura. Além de advogar a liberdade de crença, ele ressaltou que a liberdade de consciência é igualmente importante. “Embora seja muitas vezes negligenciada, a liberdade de pensamento é essencial para uma sociedade tolerante, em que há respeito mútuo”, ele completou. No caso da Austrália, embora haja proteção limitada para a liberdade de religião ou crença em nível federal, “muitos dos desafios para essa liberdade vêm dos níveis estadual, territorial ou local”, segundo Worker. “Acredito que o governo precisa intensificar seus esforços para obter maiores liberdades e proteções internacionalmente. No entanto, para isso, precisa ter certeza de que tem uma prática doméstica consistente”, ele frisou em seu discurso. Worker concluiu sua participação considerando que “é imperativo que as proteções positivas para a liberdade de religião ou crença sejam fornecidas na lei federal que consagra essas liberdades em nosso país e garante que continuemos a ser uma sociedade tolerante e livre”. Em comunicado à imprensa, Menzies Kevin Andrews, presidente da subcomissão, disse que a maioria das submissões feitas pela sociedade até o momento expressou a preocupação de que a liberdade religiosa está sendo questionada pela ênfase colocada em outros direitos humanos. “O subcomitê está considerando se o direito humano à religião ou crença precisa de mais proteção e de que maneira ele poderia ser protegido”, ele acrescentou. ] TRACEY BRIDCUTT é editora-chefe da revista Adventist Record

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SAÚDE

MUTILAÇÃO DO CORPO E DA ALMA

Em cinco anos de atividade, centro especializado do Hospital Adventista de Berlim já atendeu 350 mulheres vítimas de mutilação genital LOUISE SCHROEDER

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Dirie falou para os 300 médicos e profissionais de saúde que participaram no dia 21 de junho, no hospital adventista, de um simpósio que discutiu inovações em coloprotologia. “Mais centros como esse precisam ser estabelecidos ao redor do mundo”, apelou a ativista, mutilada aos cinco anos de idade. Desde 2002 ela lidera a fundação Flor do Deserto, que trabalha com a conscientização sobre esse procedimento danoso e cruel, ao qual foram submetidas 250 milhões de mulheres, segundo a ONU. O centro médico alocado no hospital adventista de Berlim foi o primeiro de três unidades especializadas em oferecer atendimento integral às vítimas. Em parceria com a fundação de Waris Dirie e o governo alemão, ali as mulheres recebem ajuda médica e cuidados psicossociais. O centro é dirigido pelo médico Roland Scherer. Ele e sua equipe procuram minimizar as consequências da mutilação, 40

como dor crônica, cicatrizes, fístulas internas, lesões, incontinência urinária e fecal. No cent ro médico Flor do Deserto são também realizadas cirurgias plásticas de reconstrução do clitóris e da genitália externa. “Não podemos reverter completamente a mutilação, mas podemos restaurar a qualidade de vida das vítimas”, ressalta Scherer. Essa cirurgia também diminui os riscos que mulheres mutiladas correm numa eventual gravidez e parto. O procedimento tem cobertura dos seguros de saúde, do governo da Alemanha e do próprio hospital. Esse suporte financeiro viabiliza também o atendimento a vítimas de outros países. Os números mostram que a mutilação genital feminina não é um problema social somente dos países que, por razões culturais e religiosas, enxergam a genitália das mulheres como algo sujo. A questão se estende para as

Em parceria com uma fundação e o governo da Alemanha, hospital adventista oferece assistência psicossocial e cirurgia restaurativa da genitália

comunidades de imigrantes desses países que vivem na Europa e América do Norte. Segundo a organização de direitos humanos Terre Des Femmes, com sede em Berlim, cerca de 500 mil mulheres foram submetidas à mutilação genital na União Europeia. Cornelia Strunz, médica coordenadora do centro, relata que a maioria das vítimas chega traumatizada à unidade hospitalar. Por isso, elas são encaminhadas para um acompanhamento psicossocial antes, durante e depois do tratamento. Para favorecer o acolhimento e a comunicação, duas interlocutoras africanas também trabalham na equipe: Evelyn Brenda, do Quênia, e Farhia Mohamed, da Somália. Além de servirem de tradutoras para a comunicação da equipe com as pacientes, ambas estão familiarizadas com culturas que praticam a mutilação de mulheres. ] LOUISE SCHROEDER trabalha para a Divisão Intereuropeia da Igreja Adventista

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Foto: Cornelia Strunz

esde que foi inaugurado em 2013, o centro médico Flor do Deserto, localizado no Hospital Adventista Waldfriede, em Berlim, Alemanha, já atendeu 350 mulheres vítimas de mutilação genital. O nome do centro especializado em restaurar a qualidade de vida dessas mulheres que tiveram corpo e alma violentados é uma referência à autobiografia (1998) e ao filme (2009) que conta a história de superação da ex-modelo somali Waris Dirie.


IGREJA

Prédio foi inaugurado em Madang para receber novos membros. Igreja tem 993 adventistas e 21 pequenos grupos. No detalhe, adventistas constroem em uma semana sistema de abastecimento de água na vila de Awan

FOCO NAS NECESSIDADES

Em Papua-Nova Guiné, pequenos grupos são a base de ação da igreja para atender a comunidade ADRIAN ALES

sse tipo de projeto levaria alguns meses para ser concluído, mas foi terminado em uma semana. A Deus seja a glória pelo milagre que vimos”, disse Blasius Managos, presidente da Missão Morobe. A fala de um dos líderes da Igreja Adventista em Papua-Nova Guiné reflete a satisfação de quem está vendo a igreja ser mobilizada por meio dos pequenos grupos. Voluntários adventistas construíram em pouco dias, com recursos ofertados por eles mesmos, um sistema de abastecimento de água que vai beneficiar a vila de Awan, no distrito de Markham. Os recursos para a iniciativa foram coletados nas igrejas de toda a província de Morobe. O projeto, estimado inicialmente em 30 mil dólares, acabou custando metade desse montante. Os membros que literalmente arregaçaram as mangas vieram de Marawaka e Simbari, várias horas ao sul da província, para um evento evangelístico em junho. Na ocasião, foi realizado o

Fotos: Adventist Record

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batismo de 81 pessoas oriundas de toda a província e três pastores foram ordenados. A mobilização atual da igreja é fruto de uma iniciativa lançada em 2016 na região, que está alinhada ao programa de Envolvimento Total de Membros da sede mundial da igreja. A ênfase é envolver o máximo de pessoas no atendimento às necessidades físicas e espirituais da comunidade. Mais ao norte do país, na província de Madang, cerca de 200 membros, líderes de igreja e da Missão local se reuniram para celebrar a inauguração de uma nova igreja. Garry Laukei, presidente da Missão, disse que a construção do novo prédio foi necessária para atender ao crescimento súbito do número de adventistas na região. O crescimento foi resultado de um processo de discipulado em pequenos grupos e de uma série evangelística realizada no início do ano. A igreja de Madang tem 993 membros e 21 pequenos grupos. Segundo o pastor Laukei, os PGs “estão fazendo muita diferença na principal cidade de Madang”. Os novos membros estavam adorando sob o teto de uma casa inacabada. Foi por isso que a Missão local doou o terreno para que o novo templo fosse construído. Na cerimônia de inauguração, Laukei desafiou a igreja a continuar investindo em pequenos grupos para discipular mais pessoas. “Essa é a verdadeira missão da igreja”, resumiu o líder. O trabalho em pequenos grupos foi fundamental para que a mensagem adventista também chegasse em Bil Bil, aldeia vizinha de Madang. Joe Anivoga, ancião da igreja local, foi quem iniciou um grupo de estudo da Bíblia. Posteriormente, uma série evangelística foi realizada no local, com a frequência noturna de 300 pessoas. Na oportunidade, Kubei Balifun, líder da aldeia, ofereceu o salão da comunidade para a igreja adventista. O plano agora é iniciar também os serviços de culto em Bil Bil. ] ADRIAN ALES é colaborador da revista Adventist Record

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EDUCAÇÃO

ESCOLA NA SELVA

Voluntários do Unasp e de universidades americanas se uniram para concluir uma escola técnica agrícola no Amazonas. Ao redor do mundo, universitários viajaram para nove países a fim de mostrar que a união e a paixão são marcas do voluntariado

Localizada no município de Barreirinhas, a 35 horas de barco de Manaus, Escola Técnica Adventista do Massauari já atende 49 alunos até o nono ano do ensino fundamental. O plano é que o colégio funcione em regime de internato e ofereça o ensino superior a distância

JAEL ENEAS

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Durante os meses de junho e julho o que se viu do Egito à Austrália, da Bolívia à Albânia, do Peru ao Níger, do Togo a Nova York (EUA), do Chipre a uma comunidade quilombola no interior de Santa Catarina, foi a sinergia do bem para dizer ao mundo que a esperança tem rosto, mãos, pés e corações solidários. Enquanto 260 alunos e funcionários de todos os campi do Unasp viajaram para servir nos cinco continentes, nos Estados Unidos f­ormou-se uma rede solidária em sentido contrário. Seis 42

universidades adventistas americanas enviaram ao Brasil 130 voluntários em cinco barcos para deixar pronta a Escola Técnica Adventista do Massauari, no Amazonas. Três barcos com 97 voluntários do Unasp, sob a liderança do arquiteto Rolf Maier, se juntaram a eles. Além do Unasp e das universidades americanas, o movimento teve a colaboração da ADRA Internacional, das sedes regionais da agência humanitária adventista e de instituições da igreja na América do Sul. Quem acima de tudo colaborou para os projetos foram

pessoas anônimas, porque o verbo importante da linguagem do amor é servir. INAUGURAÇÃO Há vários anos o voluntariado nas férias tem marcado a região amazônica. No rio Massauari, o evento se distinguiu pela colaboração num vaivém de barcos e voadeiras. Na quinta, 19 de julho, a cerimônia de Santa Ceia uniu voluntários brasileiros e estrangeiros. O suco de uva foi servido em cálices entalhados em castanhas da região. No dia seguinte, a festa inaugural, com arte cênica e música pelo coral dos alunos da escola, emocionou quem veio de longe. A fita cortada pelo líder da Igreja Adventista da região Noroeste, pastor Gilmar Zahn, simbolizou a força da unidade. Participaram na cerimônia Glênio Seixas, prefeito de Barreirinhas (AM), líderes do legislativo municipal e das sedes administrativas da Igreja Adventista no Amazonas. R e v i s t a A d ve n t i s t a // Agosto 2018

Foto: Fernando Borges

udo começa com a vontade de ser útil. José P ­ atrício Short, eletricista do Unasp, campus Engenheiro Coelho, e Roy Kin, médico da região de Loma Linda, Califórnia (EUA), encontraram-se às margens do rio Massauari pela primeira vez. A missão: concluir uma escola no meio da floresta. Entretanto, era preciso vencer o desafio do idioma. Por isso, para terminar o projeto elétrico, Patrício e Roy tiveram que se entender para colocar os fios: red/vermelho, white/ branco e blue/azul.


Sinergia do bem: 240 voluntários do Unasp e de universidades americanas se uniram para falar a linguagem do serviço

Fotos: Fernando Borges

“Essa mobilização reforça nossa cultura de voluntariado e demonstra que podemos fazer grandes coisas trabalhando em parceria. Essa escola vai oportunizar c ­ ultura e ensino técnico agrícola para várias comunidades ribeirinhas. Isso não tem preço”, avaliou o pastor Zahn. Ele destacou ainda que o colégio também oferecerá vagas para o internato e a possibilidade de cursar o ensino universitário a distância. O local da escola foi escolhido pelo fato de o município de Barreirinhas ter significativa presença adventista e por estar próximo da cidade de Maués, o berço do adventismo no estado. Bradley Mills, diretor da ADRA Amazonas, também olha para o futuro. “Vejo aqui o sonho de Deus, pois Ele uniu pessoas de diversos lugares. Todos viemos para cá porque conseguimos imaginar, pela fé, essa escola proporcionando um futuro para as crianças desse lugar de água, selva e céu”, projeta o missionário americano que vive há 11 anos no Brasil. TRIBO INDÍGENA A 235 km dali, celebração semelhante teve lugar às margens do rio Marau, em Maués. A conclusão da Igreja Saterê Mauê, na Ilha dos Michiles, no dia 8 de julho, foi motivo de festa para os 47 voluntários do Unasp, campus São Paulo. De Manaus até lá, são 35 horas de barco. Durante oito dias sem R e v i s t a A d ve n t i s t a // Agosto 2018

conexão telefônica, a equipe pôs a mão na massa para construir a igreja e realizar 300 atendimentos médicos, nutricionais, ondotológicos e até veterinários na Comunidade do Pedreiro. “A missão sempre desperta o melhor do ser humano”, afirmou o pastor Antônio Braga Filho, líder da equipe. Para atestar isso, um juvenil indígena e três alunos formandos do ensino médio no Unasp foram batizados no Marau. “Os alunos tomaram a decisão por Cristo no projeto do ano passado”, completou o pastor Braguinha. Porém, a inauguração oficial do local de reuniões será realizada posteriormente. HISTÓRIAS Nos demais pontos de pregação e serviço em que os estudantes do Unasp se envolveram, não faltaram histórias da providência de Deus. Para o projeto de El Carmen, na Bolívia, 19 voluntários precisavam de recursos para a viagem. Doações de empresários chegaram poucos dias antes da partida. No país africano do Níger, mais de 70 pessoas foram batizadas no deserto do Sahel. Em Porto Belo (SC), na comunidade quilombola do Sertão de Valongo, a equipe formada somente por voluntárias doou a tinta e pintou cinco casas. Em Narara, na região de New South Wales, Austrália, o método foi se aproximar

Batismo no rio Marau. Voluntários ajudaram também a construir uma igreja para a etnia saterê mauê na Ilha dos Michiles

das pessoas oferecendo um voucher para a lavagem do carro e corte da grama do quintal dos vizinhos. O contato gerado por meio do serviço era uma ponte para convidar a comunidade para uma série evangelística. Por sua vez, no tradicional bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro, o centro de influência da igreja ofereceu palestras sobre nutrição. Em Registro (SP), depois de uma série evangelística com o pastor Luís Gonçalves, os estudantes ministraram estudos bíblicos em domicílio. Em Iguape, no litoral paulista, também teve evangelismo público; e nas cidades de Puno e Plateria, no Peru, os voluntários realizaram feira de saúde e Escola Cristã de Férias. Em quase todos os projetos foram realizados batismos. O ponto é fazer a sinergia ser mais do que um bonito slogan. Como mencionou Martin Kuhn, reitor do Unasp, ao se referir ao lema do centro universitário: “Muito além do ensino está a prática para um viver relevante. Aulas, seminários, dissertações e teses ganham sentido quando seguimos o exemplo de Cristo.” ] JAEL ENEAS é pastor, mestre em Teologia e diretor geral espiritual do Unasp (com colaboração de Martin Kuhn, Gabriela Pinheiro, Késia Andrade e Leandro Oliveira)

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CONEXÃO COM PESSOAS Evento que reuniu profissionais da comunicação de oito países discutiu como ser uma influência no mundo digital e promover conexões com as igrejas reais MÁRCIO TONETTI

em tecnologia, inovação, estratégia e conteúdo é praticamente impossível ser relevante no mundo digital. Ciente disso, a igreja tem usado o espaço fixo do GAiN (Global Adventist Internet Network) no calendário para discutir os rumos da comunicação adventista, apresentar novidades e refletir sobre o uso das ferramentas tecnológicas. Com esse propósito, nos dias 20 a 24 de junho a igreja na América do Sul reuniu 350 profissionais da comunicação de oito países do continente na sede da Rede Novo Tempo de Comunicação, em Jacareí (SP).

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Encontro de comunicação sul-americano precedeu o GAiN mundial, que acontecerá em Seul, capital da Coreia, nos dias 7 a 12 de agosto, e também terá como foco principal a missão

Tendo como foco principal a produção de conteúdo, o GAiN sul-americano trouxe palestrantes como Christovam Bluhm Jr., professor da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), cuja ênfase foi a necessidade de conteúdos que atendam às necessidades das pessoas e o uso estratégico de dados para identificar essas demandas. Ênfase semelhante foi dada por André Mousinho, analista de uma das principais empresas de marketing de conteúdo do Brasil. Já Andrei Bedene, fundador de um canal que tem mais de um milhão de inscritos, compartilhou técnicas avançadas e segredos do YouTube. Bruno Scartozzoni, outro convidado, falou sobre o valor dado às histórias na rede. Estima-se que, em 2020, os conteúdos em vídeo serão responsáveis por mais de 80% do tráfego na internet. De olho nessa tendência, também foram convidados produtores de filmes para realizar oficinas de roteirização e apresentar as principais produções adventistas. No próximo ano, por exemplo, será lançada uma série de sete episódios para auxiliar no evangelismo da Semana Santa. Outra novidade divulgada no evento foi o NT Play, plataforma em que serão disponibilizados 400 terabytes de conteúdo produzido pela emissora. Mais do que ser uma reunião técnica e uma vitrine de novos projetos, o GAiN tem procurado canalizar a força da web para o propósito da igreja. Por isso, nos próximos anos, o plano da sede mundial é enviar profissionais da comunicação para regiões desafiadoras do planeta. Em países com restrições à liberdade religiosa como a China, onde se estima que haja cerca de meio milhão de adventistas, a base da atividade missionária da igreja tem sido a internet. “Vocês têm um chamado profético e a igreja está preparando-os para que sejam a última voz de esperança a proclamar a mensagem de esperança ao mundo”, frisou o pastor Williams Costa Jr., líder mundial de comunicação, durante uma de suas apresentações. Reforçando essa visão, o pastor Erton Köhler, líder sulamericano da igreja, incentivou os participantes a usar os recursos disponíveis para fortalecer a identidade e o estilo de vida adventista. Porém, ele observou que a criatividade, a inovação e a ousadia têm que ser acompanhadas de equilíbrio. “Apoie-se menos na opinião e mais na Revelação”, aconselhou. O batismo de Geisa Silva Mota, jovem de Vera Cruz (BA) que foi alcançada por meio do WhatsApp, mostrou que o GAiN se consolidou não apenas como um evento de comunicação, mas como um programa cujo foco principal é a missão. O testemunho dela aos participantes também chamou a atenção para a necessidade de uma comunicação que vá além do mundo virtual e gere vínculos com a igreja. “No universo on-line, não são apenas bytes e bits que transitam, mas pessoas. Precisamos usar a tecnologia para se conectar com elas”, concluiu o pastor Rafael Rossi, líder sul-americano de comunicação e organizador do evento. ] MÁRCIO TONETTI é editor associado da Revista Adventista

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Fotos: Gustavo Leighton

COMUNICAÇÃO


VOLUNTARIADO A Associação dos Médicos Adventistas conta com mais de 300 voluntários inscritos. Cerca de 280 deles participaram do quarto congresso da entidade em Brasília (DF)

MÉDICOS MISSIONÁRIOS Profissionais de saúde de todo o Brasil se reúnem para compartilhar experiências e discutir novas formas de engajamento na missão JENNY VIEIRA

esde que começou a cursar Medicina na Universidade Adventista de Montemorelos, no México, há mais de 20 anos, Alberto Almeida tem se envolvido em projetos missionários. Atualmente, o urologista que atende no Hospital Adventista Silvestre, no Rio de Janeiro, integra um grupo de médicos que todos os anos realiza ações sociais em comunidades ribeirinhas da Amazônia.

Foto: Anderson Cruz

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Entre os muitos casos que atendeu, um deles ficou marcado para Alberto. Por falta dos equipamentos necessários para uma cirurgia delicada, o médico precisou liberar um paciente sem a solução do problema. Um ano depois, ao se preparar para a missão seguinte, ele colocou na bagagem os equipamentos necessários para a cirurgia que seria feita por vídeo, se dispondo a pagar 1,2 mil reais pelo excesso de bagagem. “O paciente ficou muito emocionado e agradecido por eu ter viajado preparado para operá-lo. A cirurgia correu sem complicações e ele se recuperou bem. A alegria dessas pessoas R e v i s t a A d ve n t i s t a // Agosto 2018

supera qualquer sacrifício”, completa o voluntário. Assim como Alberto, centenas de médicos adventistas dedicam parte do tempo como voluntários em projetos de atendimento a pessoas de baixa renda ou que têm pouco acesso aos serviços de saúde. Cerca de 280 desses voluntários se encontraram no 4º Congresso da Associação de Médicos Adventistas do Brasil (AMA), nos dias 29 de junho a 1º de julho, na sede sul-americana da igreja, em Brasília (DF). Com o tema “Curar e salvar: uma obra completa”, o evento possibilitou aos médicos e universitários

passar o fim de semana ouvindo palestras motivacionais sobre missão, além de conhecerem projetos missionários realizados em diversas regiões do país. Na tarde de sábado, eles colocaram em prática o que estavam aprendendo, por meio de uma ação social-piloto, promovida em 18 igrejas dos entornos da capital federal. Foram realizados atendimentos gratuitos, com foco em doenças crônicas não transmissíveis e em tratamentos não medicamentosos. “O objetivo é que os pacientes mudem o estilo de vida, por meio das orientações passadas. Eles continuarão recebendo acompanhamento durante 12 semanas”, afirma o médico Rogério Gusmão, líder do Ministério da Saúde da sede sul-americana da igreja. Segundo Luiz Fernando Sella, diretor da AMA e um dos fundadores da entidade, o objetivo desses congressos é integrar os médicos adventistas, incentivar o trabalho missionário e mobilizar esses profissionais para um trabalho conjunto com os pastores. “O médico tem um chamado pastoral. Ele é médico do corpo e da alma”, ressalta o doutor Sella, diretor de uma clínica e spa em Penedo (RJ). Criada há cinco anos, a AMA também tem promovido encontros menores envolvendo médicos que trabalham em uma mesma região. O objetivo é alinhar ideias e programas missionários em nível local. Para participar da Associação de Médicos Adventistas, basta ser médico ou estudante de Medicina. Por meio do site medicosadventistas.org, é possível efetuar o cadastro de membro e conhecer a missão, a visão e os valores que regem o trabalho da entidade. ] JENNY VIEIRA é assessora de comunicação da sede da igreja para a região Centro-Oeste do Brasil

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MISSÃO

RUMO À MILÉSIMA IGREJA

Ministério Maranatha no Brasil tem beneficiado a região Nordeste e amazônica. Celebração em São Paulo marca cinco anos de atuação da entidade no país LISANDRO STAUT

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Voluntários do Coral Jovem de Brasília ajudaram na construção de uma igreja em Lauro de Freitas (BA). Cerca de 650 novos templos na Bahia e Sergipe receberam apoio da Maranatha. No detalhe, líderes da entidade falam na convenção em São Paulo: Don Noble, diretor mundial, e Elmer Barbosa, diretor nacional (dir.)

e pessoas em missões ao exterior. Muitos desses testemunhos têm sido contados no programa semanal Maranatha ­Histórias de Missão, veiculado pela TV Novo Tempo. Um dos principais exemplos do impacto da Maranatha no Brasil vem da Bahia e Sergipe. Segundo o pastor Geovani Queiroz, presidente da União Leste Brasileira, das mil igrejas construídas desde 2013, quase 650 delas foram erguidas com o apoio da Maranatha. A entidade trabalha com a doação e instalação de estruturas metálicas ao redor do mundo, no projeto chamado “Igreja de um dia”. Contudo, o trabalho da Maranatha no Brasil não se resume à região Nordeste nem às áreas de difícil acesso na Amazônia. Recentemente a entidade entregou uma estrutura em Campinas e outra em Embu das Artes, na região metropolitana de São Paulo. Ambos os projetos envolveram o trabalho de voluntários brasileiros que escolheram servir em comunidades do próprio país. Ao receber em menos de 30 dias um novo prédio, Antônio Pires, pastor em Embu das Artes, resumiu o impacto do que a Maranatha faz: “É um milagre, pois sem essa ajuda seria impossível essa igreja ter algo semelhante nos próximos cinco a dez anos.” Até o fim do ano, a entidade deve chegar à marca de mil estruturas erguidas em solo brasileiro. Faltam 40 igrejas para isso. ] LISANDRO STAUT é jornalista e cursa mestrado em Teologia na Universidade Andrews (EUA)

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Fotos: Boris Saavedra

uando John Freeman organizou a primeira viagem missionária com seus amigos e familiares, de Berrien Springs, Michigan (EUA), para voar em seus pequenos aviões particulares até uma ilha no Caribe e ali construir uma igreja para uma comunidade em necessidade, ele não imaginava a dimensão que aquele plano alcançaria. Quase 50 anos depois, mais de 70 mil pessoas já participaram dos projetos da Maranatha Voluntários Internacional realizados em 87 países. O pastor Erton Köhler, líder dos adventistas sul-americanos, comparou a ousadia e a capacidade visionária desse adventista às do apóstolo Paulo (At 19:11). Erton fez essa comparação durante a primeira convenção de voluntários da Maranatha realizada no Brasil, no dia 24 de junho, na Comunidade Adventista do Morumbi, em São Paulo. Diante de voluntários que já serviram com a Maranatha na construção de igrejas, escolas, perfuração de poços, projetos de evangelismo ou atendimento médico, o líder lembrou que ele mesmo já trabalhou em um projeto de curta duração na República Dominicana. Destacou também que, para que o evangelho avance, é preciso de mãos dispostas a ajudar. Em menos de cinco anos de atuação no ­Brasil, a Maranatha já contabiliza quase mil igrejas construídas e o envio de cerca de 300 voluntários brasileiros para projetos em dez países. Isso ocorreu porque o país não tem apenas necessidade de receber ajuda externa de um ministério de apoio à igreja, como a Maranatha, mas também potencial para enviar recursos


MEMÓRIA

Ana Maria Soares, aos 66 anos, em Tatuí (SP), vítima de sepsia pulmonar. Batizada havia 13 anos, era membro da Igreja de Nova Tatuí, onde serviu como diaconisa. Deixa 3 filhas, 2 netos e 2 bisnetos. Belmiro Ferreira Sobrinho, aos 61 anos, em Jacobina (BA), vítima de câncer no intestino. Destacou-se por muito tempo servir como professor de uma classe bíblica sobre estudos proféticos. Trabalhou como ancião, diácono e professor da Escola Sabatina da Igreja Central de Junco. Deixa a esposa, três filhos e quatro netos. Cândida Silva Cruz, aos 89 anos, em Teófilo Otoni (MG), vítima de mal de Alzheimer. Adventista desde a infância, era membro da Igreja do Poton. Assídua aos cultos e comprometida com a mensagem adventista, cantou em coral e liderou o Ministério da Criança, de assistência social e o diaconato feminino da igreja. Mesmo com a saúde debilitada, era admirada por estar sempre cantando. Deixa o esposo, seis filhos, 11 netos e três bisnetos. Élio Pongeti, aos 86 anos, vítima de câncer. Era membro da Igreja de Presidente Castelo Branco (PR), na qual servia como diácono. Trabalhou por muitos

anos na Superbom e foi zelador da Igreja de Moema, na capital paulista. Deixa sua segunda esposa, nove filhos do primeiro casamento, 23 netos e nove bisnetos. Gelcina Álvares da Silva, aos 89 anos, vítima de insuficiência respiratória. Natural de Santana (BA), era membro da Igreja de Vila Nova, em Goiânia (GO). Na Revista

Adventista de julho de 1941 foi publicado o testemunho sobre sua cura milagrosa. Deixa seis filhos, dez netos e sete bisnetos. George Washington Gomes Teixeira, aos 67 anos, em São Paulo (SP), vítima de câncer. Batizado havia 25 anos, foi um dos anciãos da Igreja de Itaquera, na capital paulista. Como advogado, costumava entregar livros missionários para seus clientes e colegas de profissão. Gumercindo Fernandes, aos 74 anos, em Guarujá (SP), vítima de infarto. Natural de Poloni (SP), conheceu a mensagem adventista em Votuporanga e foi batizado na adolescência. Trabalhou por quase 50 anos na CPB, onde se aposentou em 2013 como chefe do Acabamento. Era membro da Igreja das Mangueiras, em Tatuí, onde serviu nos ministérios da música e recepção. Bom pai e esposo, destacou-se como alguém alegre, comunicativo e

trabalhador. Deixa a esposa, Eunice, e três filhos.

assistência social. Deixa sete filhos, 11 netos e três bisnetos.

Juvenal Bispo dos Santos, aos 84 anos, em Iambupe (BA), vítima de insuficiência respiratória. Batizado havia 60 anos, foi missionário ativo, fundando as Igrejas de Baixa do Petróleo, Mangueira, Uruguai e Lobato, todas em Salvador (BA). Deixa a esposa, três filhos, cinco netos e quatro bisnetos.

Olga Maquart, aos 90 anos, em Hortolândia (SP), de morte natural enquanto conversava com uma neta. Foi pioneira na Igreja de São Gabriel da Palha (ES), onde serviu como diaconisa e professora da Escola Sabatina por quase meio século. Deixa quatro filhas, nove netos e dez bisnetos.

Marja Martinelli, aos 90 anos, em Hortolândia (SP). Sua família emigrou de Varsóvia, Polônia, e se estabeleceu em Frederico Westphalen (RS). Os Mirkiewiecz passaram a guardar o sábado após o contato com a Bíblia e livros adventistas, e foram batizados. Marja estudou no Instituto Adventista Cruzeiro do Sul (IACS), trabalhou como enfermeira na organização adventista e casou-se com o empresário Ermelindo Martinelli. Membro da igreja do Unasp, campus Hortolândia (antigo IASP), desde 1970, Marja serviu como diaconisa e no ministério de assistência social. Era conhecida por sua integridade e fidelidade nos dízimos. Deixa dois filhos, quatro netos e dois bisnetos.

Tatiana de Abreu Ferreira, aos 30 anos, vítima de acidente automobilístico no interior paulista. Paulistana, Tatiana cresceu em Atibaia (SP). Foi batizada na Igreja Adventista por influência do clube de desbravadores. Graduou-se em Administração no Unasp, campus Engenheiro Coelho, onde conheceu o marido. Era funcionária do departamento de recursos humanos do campus desde 2008. Deixa o esposo, Raimundo, os pais e um irmão.

Nely Gomes Dias, aos 82 anos, em Belo Horizonte (MG), vítima de infarto. Nascida em lar adventista, era membro da Igreja de Céu Azul, na capital mineira, onde atuou no ministério de

Sebastião Pereira de Castro, aos 80 anos, vítima de insuficiência respiratória. Batizado aos 20 anos de idade, foi um dos fundadores da Igreja de Pozzobon, em Votuporanga (SP). Há quase 20 anos liderava um grupo de oração intercessora e também participava de uma equipe de voluntários que realizava cultos itinerantes de pôr do sol. Viúvo, deixa dois filhos, netos e bisnetos.

“ B E M - AV E N T U R A D O S O S M O R T O S Q U E , D E S D E A G O R A , M O R R E M N O S E N H O R ” R e v i s t a A d ve n t i s t a // Agosto 2018

(APOCALIPSE 14:13)

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INSTITUCIONAL

VAMOS COM TODOS

AS NOVAS GERAÇÕES TAMBÉM FAZEM PARTE DA IGREJA E COM ELAS HERDAREMOS A ETERNIDADE UDOLCY ZUKOWSKI

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CRISTO MESMO TOMOU TEMPO PARA ABENÇOAR OS MAIS NOVOS E REPREENDEU OS LÍDERES QUE PENSAVAM SOMENTE NA SALVAÇÃO DOS ADULTOS e adolescentes, e repreendeu os líderes e anciãos que pensavam somente na salvação dos adultos (Mc 10:13-16). Nossa denominação na América do Sul é jovem e tem vários ministérios que se propõem a ajudar no desenvolvimento espiritual das novas gerações. Clubes de Aventureiros e Desbravadores, Ministério Jovem e da Criança e Adolescente, além das classes da Escola Sabatina infantil e a Rede Educacional Adventista, devem cooperar para atrair, nutrir e treinar os mais novos no serviço de Deus. Por isso, todas essas frentes de ação devem estar unidas para uma grande colheita em setembro. Cada ministério tem sua estratégia para a reta final de preparação. Nessa época, os desbravadores vão estar

envolvidos numa maratona de atividades especiais. Na semana de 9 a 15 de setembro, eles vão usar o lenço amarelo nas atividades diárias a fim de despertar o interesse dos amigos para o clube; (2) de 14 a 16, haverá um campori sul-americano on-line, com atividades voltadas para o testemunho e resgate de desbravadores afastados; (3) toda essa mobilização tem como foco o Dia Mundial dos Desbravadores, em 15 de setembro, que servirá como data do “reencontro” dos desbravadores afastados e início da semana de Batismo da Primavera. Para que tudo isso ocorra bem, é importante que nossos anciãos e líderes locais acompanhem as classes bíblicas com os juvenis e adolescenstes e os apoiem em sua decisão pelo batismo. Se tivermos uma semeadura boa em terreno fértil, com certeza a colheita será farta. O ancião Nicholas Winton salvou 669 crianças, o líder Moisés tirou milhares delas da escravidão do Egito e você pode ajudar algumas também. Precisamos entrar com todos em Canaã! ] UDOLCY ZUKOWSKI é o líder do Ministério dos Desbravadores e Aventureiros da sede sul-americana da Igreja Adventista

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Foto: Fotolia

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o dia 1º de julho de 2015, as manchetes dos noticiários reportaram que o ancião conhecido por salvar 669 crianças havia morrido aos 106 anos. O inglês Nicholas Winton se tornou herói da Segunda Guerra Mundial ao fretar trens para salvar crianças judias que moravam em Praga, na atual República Tcheca, e levá-las a Londres, na Inglaterra. Resgatadas por Winton, em 1939, essas centenas de crianças escaparam dos campos de concentração e extermínio nazistas para receberem um lar e uma família no Reino Unido. Para tanto, ele fretou oito trens, que viajaram por quatro países nesse resgate histórico. Porém, o trem número 9 não chegou ao seu destino. Na verdade, ele nem saiu da estação de Praga. Nele estavam 250 crianças que não foram vistas novamente. O “Schindler inglês”, como ficou conhecido Winton, salvou muitas crianças, mas não conseguiu resgatar todas. Em Êxodo 10:9, lemos sobre um ancião que, aos 80 anos de idade, também queria salvar crianças, juvenis, adultos e idosos israelitas. Moisés tinha a visão de levar todas as gerações para a terra prometida. Para ele, as crianças e jovens não eram um fardo para se carregar, e sim parte integral da família de Deus. Creio que o sonho dos anciãos e líderes de nossas igrejas locais é salvar todo o rebanho. Por isso, o slogan do Batismo da Primavera deste ano é “vamos com todos”. Cristo mesmo tomou tempo para abençoar crianças


EM FAMÍLIA

PAI QUE AMA BRINCA

ALÉM DE UM PRIVILÉGIO, DIVERTIR-SE COM OS FILHOS É UM DEVER DA PATERNIDADE TALITA CASTELÃO

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figura tradicional do pai está cada vez mais em baixa. Se no passado ele era distante e inacessível, hoje há um apelo para que seja mais próximo e companheiro. E isso é muito bom para o desenvolvimento dos filhos. Porém, os papais precisam intencionalmente marcar presença, estabelecendo vínculos com os filhos e oferecendo a eles um modelo equilibrado de socialização. E isso ocorre especialmente por meio da brincadeira. No passado, cuidar do filho era coisa da mãe. Era ela quem alimentava, vestia, brincava e fazia dormir. Todo esse contato, inevitavelmente, proporcionava uma ligação mais profunda com a criança. Mas o pai é importantíssimo na formação dos filhos. E, quando esse pai se envolve nas brincadeiras, todos na família saem ganhando. A pedagoga Maria Lúcia Medeiros, coordenadora executiva do movimento Aliança pela Infância, destaca que, quando o pai brinca com os filhos, está na verdade impactando profundamente a criança. Há um reforço da afetividade, da confiança, do companheirismo e da cumplicidade. O vínculo entre eles se estreita e o pai se torna alguém efetivamente presente na vida, despertando a admiração e o desejo de imitação. Contudo, o pai também ganha muito nessa relação. É claro que não é fácil encontrar tempo e energia para isso entre os compromissos e momentos de descanso, mas envolver-se em brincadeiras pode aliviar o estresse, ativar a imaginação e trazer leveza ao cotidiano. O pai que não brinca esvazia o relacionamento com os filhos. Nesses casos, sua função se reduz a estabelecer limites. O problema é que todo pai precisa aprender a visitar o universo infantil para criar vínculos fortes. O vínculo é uma relação de troca que gera confiança. As crianças necessitam de uma ponte segura nessa trajetória. Por isso, ao brincar, o pai deve ouvir e atentar para as necessidades dos filhos, sem julgamentos nem imposições, pois o que eles mais desejam é ter atenção e estabelecer comunicação. Nas brincadeiras também

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O PAI QUE NÃO BRINCA ESVAZIA O RELACIONAMENTO COM OS FILHOS, NÃO CONSTRÓI CONFIANÇA E SUA FUNÇÃO SE REDUZ A ESTABELECER LIMITES

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é possível exercitar as regras, negociar sua vez, ter controle emocional, aprender a se frustrar, assumir diferentes papéis, ter flexibilidade e desenvolver o respeito pelo outro. Tudo isso com a cumplicidade do olhar do pai. Além de um privilégio, brincar com os filhos é um dever, mesmo que seja por 15 minutos diários. Vital Didonet, especialista em políticas públicas para a primeira infância e consultor da Unicef e Unesco, defende essa ideia e salienta que os pais também devem sugerir brincadeiras que não dependam da tecnologia. Eles podem construir brinquedos juntos, sair para uma atividade num parque ou praticar jogos de tabuleiro. O pai também pode envolver a criança em atividades cotidianas que podem até se tornar uma brincadeira, como lavar o carro, por exemplo. Não importa a maneira, pode ser brincadeira simples ou elaborada. O que os filhos querem mesmo é estar com seu pai. Um pai inteligente não perderá essa fase especial da vida dos filhos. O tempo passa rápido e, sem perceber, as crianças crescem. Nem sempre é possível resgatar o vínculo perdido. Por isso, pai que ama brinca. ] TALITA CASTELÃO é psicóloga clínica, sexóloga e doutora em Ciências

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ESTANTE

DE BEM COM SEU BOLSO

LIVRO DO DIRETOR DA TV NOVO TEMPO RELACIONA ESPIRITUALIDADE COM A GESTÃO DAS FINANÇAS PESSOAIS GLAUBER ARAÚJO

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Brasil está se recuperando da forte crise financeira dos últimos anos. Porém, as oscilações da bolsa de valores e outros indicadores ecônomicos e sociais mostram que o clima de incerteza ainda nos cerca. Afinal, o brasileiro tem sentido no bolso o aumento do custo de vida em relação ao preço do combustível, da alimentação e da energia elétrica, sem falar no desemprego que atinge 13 milhões de pessoas. Em meio a tudo isso, o novo livro do pastor e contabilista Antonio Oliveira Tostes vem em boa hora. Com o mesmo título do programa que apresenta na TV Novo Tempo, a obra Saldo Extra (CPB, 2018, 224 p.) traz orientações, conselhos e advertências que ajudarão o leitor a navegar melhor nos mares da instabilidade econômica e política do país. Ter mais dinheiro não significa necessariamente ganhar mais. Para comprar a casa dos sonhos, o carro tão almejado ou até bancar umas férias para a família, é necessário que se desenvolva responsabilidade financeira. Para tanto, é preciso levar a sério alguns hábitos que a maioria dos brasileiros ignora: criar um planejamento fi nanceiro, fazer e seguir um orçamento, poupar, investir, fugir das dívidas, ser fiel a Deus nas finanças e aprender a dizer não ao sonho até que seja o momento 50

certo. Qualquer pessoa que não quiser ser atropelada por uma avalanche de dívidas, realidade da maior parte das famílias brasileiras, deve considerar a aplicação desses princípios. Para aqueles que já leram o livro anterior de Antonio Tostes, Administração Financeira da Família (CPB, 2003, 62 p.), o livro atual apresenta uma considerável evolução de conteúdo e conhecimentos. Temas como a relação entre tecnologia e finanças pessoais, o planejamento das férias, a influência do mercado fi nanceiro no bolso do consumidor, empréstimos, seguros, a gestão dos pequenos negócios e os benefícios da autonomia financeira são acréscimos que, além da reestruturação e reconstrução dos capítulos já existentes, contribuirão para uma visão mais abrangente do assunto. A maior contribuição da obra para o quase já saturado segmento de livros voltados à gestão das finanças pessoais é a perspectiva bíblica e cristã do autor. Enquanto muitas obras apresentam preocupação somente com a economia dos centavos para se chegar aos milhões de reais na conta, essa obra procura envolver a família e Deus nas decisões financeiras do dia a dia. Ao contrário do que muitos afirmam, para se ter um saldo extra, é necessário não somente habilidade financeira, mas domínio próprio, compromisso da família, sabedoria

TRECHO

"Administrar as finanças é um desafio, pois exige de cada um desprendimento em relação ao dinheiro. Devemos ter a consciência de que, embora seja realmente importante, ele não pode ser fator de intimidação. Devemos ter domínio sobre o dinheiro, não ele sobre nós" (p. 20). e confiança em Deus. O livro certamente será uma boa opção para aqueles que estão preocupados com suas finanças e desejam conhecer melhor as decisões a tomar para alcançar a estabilidade financeira. ] GLAUBER ARAÚJO é pastor, mestre em Ciências da Religião e editor de livros denominacionais na CPB

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para levar a mensagem

LANÇAMENTOS

ELLEN G. WHITE

NA MISSÃO

MINISTÉRIO PARA AS

CIDADES Esperança para os centros urbanos

MINISTÉRIO PARA AS CIDADES

UM CHAMADO PARA SERVIR

nte da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia

26943 - Ministério para as Cidades

o que envolve homens, mulheres, jovens e crianças, mprometer com a proclamação da verdade de Deus. Os se unir aos pastores e líderes. É isso que significa Todos ada um fazendo alguma coisa por Jesus – seja você um , mulher, jovem ou criança. Que Deus abençoe de todas esforço evangelístico em favor do mundo, mediante o esus voltará em breve!

TODOS ENVOLVIDOS NA MISSÃO

ão segue o desafio de Cristo a todo crente: “Ide por todo m chamado ao serviço, esta obra apresenta maneiras ada membro da igreja participar do trabalho de Deus, outro lado da rua.

TODOS ENVOLVIDOS

37121 - Todos Envolvidos na Missão

e o povo de Deus [...]

do é o nosso campo de ação, e devemos dar ao mundo a última mensagem de miG. White

ELLEN G. WHITE

ALEJANDRO BULLÓN

VOLVIDOS NA MISSÃO

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