V O Z C O N S A G R A D A /// C A M P A N H A H I S T Ó R I C A N O J A P Ã O /// O A N J O E A G A R O T I N H A /// S O B A B AT U TA D E F L ÁV I O G A R C I A
Exemplar avulso: R$ 2,84 | Assinatura: R$ 34,00
SETEMBRO 2018
SINTONIA COM DEUS
ALTERNATIVA VEG EM MEIO A TANTOS RUÍDOS, ENCONTRE A FREQUÊNCIA CERTA
AS NOVAS OPÇÕES PARA O CRESCENTE MERCADO DE PRODUTOS VEGETARIANOS NO BRASIL
RECEITA ADVENTISTA
O MUNDO ESTÁ REDESCOBRINDO O SABOR DAS PROTEÍNAS VEGETAIS MARCOS DE BENEDICTO
Você certamente já ouviu falar de proteínas, mas talvez não saiba que essas macromoléculas constituem 20% do nosso corpo e são essenciais para quase todas as funções das células. O consumo diário recomendado é obtido ao se multiplicar o total de quilos do peso corporal por 0,8. Assim, se você pesa 60 quilos, precisa de 48 gramas de proteína por dia, o que não é difícil de conseguir. Por exemplo, 100 gramas de soja contêm cerca de 34 gramas do nutriente. Se no passado a caça era o símbolo da busca por proteína, hoje as coisas mudaram. Tornou-se mais fácil encontrar proteína vegetal, inclusive em redes de fast food. Mas nem sempre foi assim. Embora a dieta vegetariana (ou vegana, como diriam alguns) tenha começado no Éden (Gn 1:29) e a prática de comer apenas vegetais seja registrada desde o 7º século antes de Cristo, a palavra “vegetarianismo” se popularizou somente no século 19. Na América do Norte, o movimento vegetariano tem duas raízes religiosas. Primeiro, em maio de 1850, a denominação metodista Bible Christian Church, sob a liderança do reverendo William Metcalfe, fundou a Sociedade Vegetariana Americana, que influenciou vegetarianos famosos como Sylvester Graham e William A. Alcott. Depois, a partir de 1863, seguindo a grande visão recebida por Ellen White em Otsego (Michigan) sobre a reforma de saúde, a Igreja Adventista do Sétimo Dia passou a promover ativamente o vegetarianismo. Pode-se dizer que a Igreja Adventista tem sido a principal influência
A IGREJA ADVENTISTA TEM SIDO A PRINCIPAL INFLUÊNCIA INSTITUCIONAL RELIGIOSA NA MUDANÇA DOS HÁBITOS ALIMENTARES MODERNOS NO OCIDENTE
institucional religiosa na mudança dos hábitos alimentares modernos no Ocidente. De propriedade da igreja ou de adventistas, nomes como Sanitarium (Austrália), Granix (Argentina), Superbom (Brasil), Nutana (Dinamarca), Granose Foods (Inglaterra) e La Sierra Industries, Loma Linda Foods, Morningstar e Worthington (Estados Unidos) são responsáveis por várias linhas de produtos sem proteína animal. Criados pelo médico John Harvey Kellogg, renomado líder do Sanatório de Battle Creek, os primeiros “substitutos” comerciais da carne, chamados Nuttose (1896) e Protose (1899), eram feitos originalmente de matériasprimas de amendoim, incorporando depois glúten de trigo, que tem uma história muito mais antiga. Por volta de 1912, a Kellogg Co. já vendia pelo menos sete produtos de glúten. Na atualidade, as opções são variadas, e estão surgindo novidades. É o que mostra a matéria de capa desta edição. Felizmente, a oferta de alimentos vegetarianos e veganos experimenta uma explosão. Segundo um relatório da empresa de análises Research and Markets, o mercado global desses produtos gira hoje em torno de 4,6 bilhões de dólares e deve chegar a 6,4 bilhões até 2023. No cenário mundial, de acordo com um artigo publicado em 2017 na revista Foods, o consumo de proteína vegetal corresponde a 57% do total, contra 43% de origem animal. O melhor é que as proteínas vegetais vêm acompanhadas de fibras, antioxidantes e fitonutrientes. O impulso para essa “virada de mesa” é a consciência do impacto que os produtos de origem animal podem ter na nossa saúde, além do sofrimento dos animais e do estrago no meio ambiente. Isso sem falar na influência sobre a espiritualidade. O adventismo precisa continuar a ser protagonista nessa área, oferecendo os melhores “bifes” vegetais do mercado, mas sem fanatismo, pois equilíbrio e bom senso são os melhores ingredientes das boas dietas. ] MARCOS DE BENEDICTO é editor da Revista Adventista
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R e v i s t a A d ve n t i s t a // Setembro 2018
Foto: Adobe Stock
EDITORIAL
Set. 2018
No 1337
Setembro 2018
Ano 113
www.revistaadventista.com.br
Publicação Mensal – ISSN 1981-1462 Órgão Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia no Brasil “Aqui está a paciência dos santos: Aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus.” Apocalipse 14:12 Editor: Marcos De Benedicto Editores Associados: Márcio Tonetti e Wendel Lima Conselho Consultivo: Ted Wilson, Erton Köhler, Edward Heidinger Zevallos, Marlon Lopes, Alijofran Brandão, Domingos José de Souza, Geovani Souto Queiroz, Gilmar Zahn, Leonino Santiago, Marlinton Lopes, Maurício Lima e Moisés Moacir da Silva
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Somente Deus
Indústria da saúde
Missão possível
Produtos vegetarianos para quem deseja reduzir o consumo de carne
Série evangelística histórica no Japão tem 161 pontos de pregação
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Devagar, mas sem parar
O anjo da bicicleta
Maestro incansável
Obstáculos para o crescimento do adventismo entre os japoneses
A garotinha desobediente que se perdeu e foi achada por um desconhecido
Homenagem a um mestre que formou várias gerações de músicos
Steve Green fala de seu compromisso com o ministério musical
Projeto Gráfico: Eduardo Olszewski Foto da Capa: Fotolia
Adventist World é uma publicação internacional produzida pela sede mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia e impressa mensalmente na África do Sul, Alemanha, Argentina, Austrália, Áustria, Brasil, Coreia do Sul, Estados Unidos e México v. 14, no 9 Editor: Bill Knott Editores associados: Lael Caesar, Gerald Klingbeil, Greg Scott Editores-assistentes: Sandra Blackmer, Stephen Chavez, Costin Jordache, Wilona Karimabadi (Silver Spirng, EUA); Pyung Duk Chun, Jae Man Park, Hyo-Jun Kim (Seul, Coreia do Sul) Tradutora: Sonete Costa Arte e Design: Types & Symbols Gerente Financeiro: Kimberly Brown Gerente Internacional de Publicação: Pyung Duk Chun Gerente de Operações: Merle Poirier Conselheiros: Mark A. Finley, John M. Fowler, E. Edward Zinke Comissão Administrativa: Si Young Kim, Bill Knott, Pyung Duk Chun, Karnik Doukmetzian, Suk Hee Han, Yutaka Inada, German Lust, Ray Wahlen, Juan Prestol-Puesán, G. T. Ng, Ted N. C. Wilson
SUMÁRIO
2 EDITORIAL
32 PERSPECTIVA
40 EDUCAÇÃO
Rodovia Estadual SP 127 – km 106 Caixa Postal 34; CEP 18270-970 – Tatuí, SP Fone (15) 3205-8800 – Fax (15) 3205-8900
4 CANAL ABERTO
33 NOVA GERAÇÃO
41 CELEBRAÇÃO
SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO CLIENTE LIGUE GRÁTIS: 0800 9790606 Segunda a quinta, das 8h às 20h Sexta, das 8h às 15h45 / Domingo, das 8h30 às 14h
5 BÚSSOLA
34 PRIMEIROS PASSOS
42 JUVENTUDE
Diretor-Geral: José Carlos de Lima
8 PAINEL
CASA PUBLIC ADOR A BRASILEIR A Editora da Igreja Adventista do Sétimo Dia
Receita adventista A opinião de quem lê Oportunidade e cuidado
Diretor Financeiro: Uilson Garcia
Datas, números, fatos, gente, internacional
Redator-Chefe: Marcos De Benedicto Gerente de Produção: Reisner Martins
17 ENTENDA
Gerente de Vendas: João Vicente Pereyra Chefe de Arte: Marcelo de Souza
O desafio missionário no Japão
Não se devolvem originais, mesmo não publicados. As versões bíblicas usadas são a Nova Almeida Atualizada e a Nova Versão Internacional, salvo outra indicação. Exemplar avulso: R$ 2,84 | Assinatura: R$ 34,00
24 VISÃO GLOBAL
Todo discípulo é um missionário
26 DEVOCIONAL Fogo refinador
Números atrasados: Preço da última edição.
30 VIDA ADVENTISTA De volta às raízes
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem prévia autorização escrita do autor e da Editora. Tiragem: 158.000
5479/38683
31 DOM DE PROFECIA
Começo de uma longa jornada Quadrado perfeito
Quando Deus pagou uma conta enorme
35 BEM-ESTAR
Zumbido no ouvido
36 BOA PERGUNTA
Um lugar à mesa do Senhor
37 RETRATOS
Brasileiros na terra do sol nascente
38 INTERNACIONAL
Ofertas para a Mongólia 35 anos depois
Congresso mundial
43 MEMÓRIA
Dormiram no Senhor
45 EM FAMÍLIA
Para não esquecer
46 INSTITUCIONAL
Os adventistas e a política
50 ESTANTE
Pioneiro do sertão
Igreja no porão
39 MISSÃO
Encontro de culturas
Aprendendo a servir
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CANAL ABERTO PONTOS EM COMUM
Ao contrário do que alguns internautas afirmaram na página da revista no Facebook, o a r t igo do doutor Ganoune Diop é equilibrado e não defende o ecumenismo. Ele fala de pontos em comum, mas não de união doutrinária. Entre esses pontos em comum, o texto menciona o trabalho humanitário e a defesa da liberdade religiosa. O autor reconhece o chamado da Igreja Adventista como remanescente e sua missão de pregar as três mensagens angélicas. Logo, não há possibilidade de compartilhar a visão ecumênica, visto que isso comprometeria sua mensagem profética. Por fim, a matéria destaca que o verdadeiro ecumenismo gira em torno da verdade, não de pontos doutrinários em comum, e mostra que o falso ecumenismo conduzirá à perseguição do remanescente. Fernando Lopes / Via Facebook
adventistas oriundos da cidade de Maués pode ser mensurado, em parte, pelo avanço da educação adventista na região. Fica aqui meu reconhecimento a tantos voluntários que estiveram envolvidos nessa grandiosa obra da construção da escola. Samuel Kettle / Sumaré (SP)
EM NOME DA RELEVÂNCIA
Fantástica a análise diagnóstica da religiosidade atual no texto “Tudo em nome da relevância”, publicada no site da revista (disponível em https://bit.ly/2BAcomh). Que sejamos fiéis aos princípios bíblicos, e não às tendências do mercado religioso, para que, quando estivermos diante do juízo de Deus, não ouçamos as palavras “apartai-vos de Mim” (Mt 25:41)! Carlos Pantoja / Via site
CONSTRUINDO O DIÁLOGO
Nota dez para a matéria de capa de agosto! Num ponto eu concordo com a postura do papa Francisco: é tempo de construir pontes em vez de muros. Nessa direção, admiro muito, por exemplo, a maneira fraterna com que os apresentadores do programa Na Mira da Verdade, da TV Novo Tempo, tratam os telespctadores de outras tradições religiosas. Quanto ao ecumenismo, penso que Deus o aceita, desde que fundamentado em Sua Palavra. Vale lembrar que os adventistas não são exclusivistas e compartilham muitas crenças em comum com seus irmãos evangélicos. Essa é uma boa razão para tratá-los fraternalmente. Afinal, nessas congregações também está a igreja invisível: as ovelhas que Jesus deseja agregar num só rebanho (Jo 10:16). Manuel Xavier de Lima / Engenheiro Coelho (SP)
EVANGELISMO NÃO É PARA TODOS
Refletindo sobre a matéria “Evangelismo público não é para todos”, de agosto, eu diria que o “evangelismo pessoal é para todos”. As pessoas possuem qualidades, personalidade 4
e habilidades diferentes, e o desejo de Deus é que cada um aproveite aqu i lo que r e ceb eu Dele pa r a levar as boas-novas. Minha experiência de 38 anos de ministério e da minha esposa de 44 anos de magistério nos faz acreditar que o evangelismo pessoal é o mais eficaz e qualitativo método. O evangelismo público também é válido, mas creio na importância da visitação pastoral e de nossos professores visitarem as famílias de seus alunos. Geralmente quem vai para a igreja por meio do contato pessoal tende a permanecer. É no olho a olho que os preconceitos são quebrados, dúvidas esclarecidas e o apoio é oferecido. Adolfo Victor Tito Rojas / São Paulo (SP)
ESCOLA NA SELVA
Compartilho com vocês minha grande alegria por ver publicada na Revista Adventista de agosto a reportagem do pastor Jael Eneas sobre a inauguração da Escola Técnica Adventista do Massauari em Barreirinhas (AM). Armando Mendonça de Christo Kettle, meu pai, viveu ali na década de 1930, nos dias de minha primeira infância. Seu legado e de outros pioneiros
ELEIÇÕES
Achei muito equilibrado e oportuno o artigo intitulado “Os adventistas e as eleições”, do pastor Wagner Aragão, publicado no site da revista (disponível em goo.gl/THb89w). Todo eleitor adventista deveria considerar seriamente esses conselhos. Ricardo Oliveira / Via site
DE VOLTA ÀS RAÍZES
Parabéns ao site da Revista Adventista por repercutir a entrevista com o doutor Fernando Canale, intitulada “De volta às raízes”, publicada originalmente na revista Ministério. Isso sinaliza que o tema da relevância do movimento adventista não é modismo editorial, mas sim necessidade imperiosa para o tempo do fim (entrevista disponível em goo.gl/MpL5yq). Jael Eneas / Via site Expresse sua opinião. Escreva para ra@cpb.com.br. ou envie sua carta para Revista Adventista, caixa postal 34, CEP 18270-970, Tatuí, SP.
Os comentários publicados não representam necessariamente o pensamento da revista e podem ser editados por questão de clareza ou espaço.
R e v i s t a A d ve n t i s t a // Setembro 2018
BÚSSOLA
OPORTUNIDADE E CUIDADO
DOIS EVENTOS NOS MESES DE SETEMBRO E OUTUBRO EXIGEM A ATENÇÃO DA IGREJA ERTON KÖHLER
m setembro completo 40 anos de batismo, e isso me traz lembranças especiais. Foi em 1978, com 10 anos de idade, que meu pai me batizou na Igreja Adventista do Bairro Camaquã, em Porto Alegre, que naquela época era apenas um barracão de madeira. Era um lugar acolhedor e ali dei meus primeiros passos na vida cristã, fui discipulado e estimulado a participar, crescer e amar a Deus e a igreja. A festa foi especial, pois era o Batismo da Primavera. A igreja estava mais bonita, e vários amigos também foram batizados. Eu usava o uniforme de desbravadores, representando a influência do clube Minuano que eu frequentava. Em setembro, as festas do Batismo da Primavera se repetirão na maioria de nossas igrejas. Será o momento da decisão para muitos juvenis. É importante organizar uma festa especial, mostrando o valor do batismo e celebrando a entrega de vidas tão jovens a Jesus. Afinal, “crianças de oito, dez, ou doze anos, já têm idade suficiente para ser dirigidas ao tema da religião individual” (Orientação da Criança, p. 490). Cada família, igreja, escola, Clube de Desbravadores ou Aventureiros e departamentos infantis da igreja precisam aproveitar essa
Foto: William de Moraes
E
R e v i s t a A d ve n t i s t a // Setembro 2018
ESTE É O MOMENTO PARA ORAR MAIS, AVALIAR MUITO E DISCUTIR MENOS oportunidade para motivar seus filhos e juvenis a tomar uma decisão. Infelizmente, alguns preferem deixar as crianças livres para tomar uma decisão natural quando desejarem ou tiverem mais idade. Não podemos esquecer que as decisões naturais geralmente levam para longe de Deus, pois a pressão social não conduz às questões espirituais. Desde o início, a tendência do coração humano é a inimizade contra Deus. As principais decisões de nossos filhos são construídas por nós. Se os ajudamos a escolher a profissão mais compatível, a escola mais qualificada, a companheira ou companheiro para a vida, a melhor
maneira de gastar seus recursos, por que não deveríamos ajudá-los na escolha mais importante, que é a entrega da vida a Jesus? Ellen White recomenda: “Não ensinem seus filhos com referência a um tempo futuro em que eles terão idade bastante para se arrependerem e crer na verdade. Caso sejam devidamente instruídas, crianças bem tenras podem ter ideias corretas quanto ao seu estado de pecadores, e ao caminho da salvação por meio de Cristo” (ibid., p. 491). Por outro lado, em outubro teremos eleições no Brasil e, como igreja, precisamos lidar com o tema da política com muito cuidado. Primeiro, não devemos permitir que ganhe força entre nós a polarização eleitoreira, agressiva e até desrespeitosa entre esquerda e direita. Igualmente, não devemos confundir nosso papel espiritual com a campanha eleitoral. Somos cidadãos que devem votar de maneira consciente, madura e coerente com nossa fé, mas sem transformar a igreja num palanque eleitoral. Respeitamos as autoridades constituídas e as apoiamos naquilo que não entra em conflito com nossa fé. Mas, como igreja, não participamos de campanhas eleitorais nem usamos templos, programas nem instituições para defender candidatos, mesmo que sejam membros da própria igreja. O tema é sensível e polêmico, mas a igreja tem uma posição clara, prudente e séria sobre ele. Ela está descrita no documento “Os adventistas e a política”. Na matéria da página 46, você encontrará uma visão geral desse documento e o link com acesso ao texto completo. Este é o momento para orar mais, avaliar muito e discutir menos, cumprindo nosso papel como cidadãos, mas também preservando nossa missão como cristãos. ] ERTON KÖHLER é presidente da Igreja Adventista para a América do Sul
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ENTREVISTA
MICHELSON BORGES
Steve Green
Vinte anos depois de se apresentar no 15o aniversário do Unasp, campus Engenheiro Coelho, Steve Green voltou ao centro universitário, agora para a celebração de 35 anos da instituição. Em 1998, quando ele também me concedeu uma entrevista para a Revista Adventista, Green cantou num palco ao ar livre para milhares de pessoas. Desta vez, ele se apresentou no templo do campus, com capacidade para mais de 3 mil pessoas, em duas sessões lotadas. Em ambas as ocasiões reinou o espírito de gratidão. Indicado quatro vezes ao Grammy, com 40 álbuns gravados e mais de 3 milhões de cópias vendidas, COM MAIS DE TRINTA ANOS DE UM MINISTÉRIO Green se mantém um artista comprometido INTERNACIONAL E PREMIADO, STEVE GREEN FALA em usar seu dom em louvor a Deus. Confira a entrevista. SOBRE SEU COMPROMISSO DE EXALTAR O CRIADOR
SOMENTE DEUS POR MEIO DA MÚSICA
Como foi seu chamado para o ministério musical? Cresci na Argentina, onde meus pais foram missionários. Na época, eu não sabia que podia cantar. Voltei aos Estados Unidos para cursar uma faculdade. Meu plano era ser advogado, mas alguém me ouviu cantar certa vez e me disse que eu deveria fazer um curso de música. Então comecei a estudar música. Inicialmente, meu coração não era 6
Que conselho você daria aos cantores cristãos? Trabalhem muito e, confiando no seu relacionamento com Deus, busquem a excelência e deixem que Ele cuide de sua carreira. Geralmente, os cantores fazem o oposto: desejam ser grandes diante das pessoas, e isso é copiar as maneiras do mundo. Busque o Senhor, h umilhe-se e deixe que Ele o exalte. Por isso, gosto muito da música “God, and God Alone” (“Deus, somente Deus”). Às vezes pensamos que somos grandes e estamos no controle, mas não somos e não estamos. Deus está conduzindo tudo. Pode compartilhar uma experiência marcante em seu ministério? Certa vez voltei ao local em que cresci: Tartagal, na Argentina. Nunca mais tinha estado lá desde a infância. Convidaram-me para cantar e fiquei muito empolgado. Quando iniciei o concerto, começou a chover forte e, devido ao barulho no telhado, eu não
conseguia me ouvir e ninguém me ouvia. A água começou a subir e inundar tudo. Meu irmão, que é meu pianista, disse que tínhamos que cancelar o concerto, pois eu corria o risco de ser eletrocutado. Porém, decidi que continuaria. Queria testemunhar para meu povo. Mais tarde, alguém me enviou uma carta contando que naquele concerto havia três ou quatro diferentes grupos indígenas que tinham tensões raciais entre si por causa da cor da pele. Contudo, por causa da chuva tiveram que ficar juntos por quase três horas, o que os levou a conversar e fazer amizade. Naquela ocasião percebi que minha música não foi importante. Minha mensagem também não era importante. O concerto não aconteceu, mas tudo bem. Deus agiu. Em 20 anos, o que mudou em seu ministério? Muita coisa. Eu pensava que Deus havia me dado a salvação e o resto era por minha conta, mas descobri que a graça de Deus está presente em todo o caminho. É Deus trabalhando em nós para fazermos Sua vontade prazerosamente. Aprendi a descansar mais no que Ele fez por mim. ] R e v i s t a A d ve n t i s t a // Setembro 2018
Foto: Cesar Pumacahua
inteiramente do Senhor; portanto, eu tinha apenas uma voz. Anos depois, Deus me atraiu para Si, mudou meu coração e me fez ver que todo dom vem Dele. Ele pode chamar qualquer pessoa. Sinto-me muito pequeno, mas muito abençoado por poder fazer isso.
15-22
adventistas.org adventistasbrasil
Batismos da Primavera
adventistasbrasiloďŹ cial adventistasoďŹ cial
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PAINEL GENTE
EVENTOS
NOMEAÇÃO
Do pastor Joni Roger Oliveira, no dia 8 de agosto, como novo diretor do Serviço Voluntário Adventista (SVA). Aos 34 anos, Joni vai usar sua experiência como líder do Ministério Jovem no sul do Paraná e na região Centro-Oeste do Brasil para coordenar o programa de voluntariado para a América do Sul. Ele vai substituir o pastor Elbert Kuhn.
BALNEÁRIO EM MOVIMENTO A praia da Enseada em São Francisco do Sul (SC) costuma ficar vazia no inverno, mas um projeto que reuniu mil voluntários proporcionou atividades recreativas e esportivas para 450 crianças na última semana de julho. Paralelamente, os adultos participaram de uma feira de saúde. A ação faz parte do plano de implementação de um centro de influência adventista nessa cidade turística.
330 milhões
de downloads foram registrados pelo aplicativo da Bíblia YouVersion em dez anos.
20 mil pessoas
REENCONTRO
21%
foi o que encolheu o mercado editorial brasileiro desde 2006. As perdas chegam a 1,4 bilhão de reais.
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No último sábado de julho, dia 28, ex-integrantes do Coral Carlos Gomes se reencontraram no Unasp, campus São Paulo. O sábado festivo foi organizado por ex-alunos que estudaram na década de 1980 na instituição. Cerca de 200 vozes se uniram em um misto de emoção e nostalgia. “Foi um fim de semana intenso e de muita emoção. Ganhei muitos abraços, beijos e palavras carinhosas. Além disso, a música foi fantástica”, afirmou Turíbio de Burgo, o regente que por mais tempo esteve à frente do Carlos Gomes. O coral surgiu junto com o Unasp, há mais de cem anos. R e v i s t a A d ve n t i s t a // Setembro 2018
Fotos: Arquivo pessoal / Felipe Silva / Wanessa Azevedo
foram batizadas em julho na República Democrática do Congo como resultado de uma campanha evangelística realizada em 900 pontos de pregação.
E D I TA I S Convocação da 10a Assembleia Ordinária da Associação Amazônia Ocidental da Igreja Adventista do Sétimo Dia Fica convocada a 10a Assembleia Ordinária da Associação Amazônia Ocidental da Igreja Adventista do Sétimo Dia, inscrita no CNPJ número 11.200.726/0009-41, para ser realizada nos dias 4 a 6 de novembro de 2018, tendo início às 19h30 do dia 4, na Igreja Central de Porto Velho, localizada na Rua Lauro Sodré, 1.169, no Bairro Olaria, em Porto Velho (RO), para tratar dos seguintes assuntos de sua competência: (1) receber as novas igrejas organizadas anteriormente à sua realização; (2) apreciar e aprovar os relatórios do presidente, do secretário executivo, do tesoureiro/CFO, dos secretários dos departamentos e serviços e dos administradores das instituições da Associação; (3) eleger, para um mandato de quatro anos, os administradores da Associação, os secretários dos departamentos e serviços, os membros da Comissão Diretiva da Associação; (4) aprovar alterações ou modificações no Ato Constitutivo e no Regulamento Interno, observadas as diretrizes fixadas no modelo aprovado pela Divisão; (5) elaborar planos para o melhor desenvolvimento da Obra, em harmonia com os regulamentos e as deliberações da União e Divisão; e (6) deliberar e aprovar outros assuntos propostos pela Comissão Diretiva. Porto Velho (RO), 8 de agosto de 2018 Emerson André Nogueira Campanholo, presidente Ronivon da Silva dos Santos, secretário executivo Convocação da 9a Assembleia Denominacional Ordinária da Associação Paulista Sul da Igreja Adventista do Sétimo Dia Fica convocada a 9a Assembleia Denominacional Ordinária da Associação Paulista Sul da Igreja Adventista do Sétimo Dia, inscrita no CNPJ número 55.233.0019/0022-02, para ser realizada nos dias 25 e 26 de novembro de 2018, tendo início às 9h do dia 25, no auditório central do Unasp, campus São Paulo, localizado na Estrada de Itapecerica, 5.859, Bairro Jardim IAE, em São Paulo (SP), para tratar dos seguintes assuntos de sua competência: (1) receber as novas igrejas que forem devidamente organizadas anteriormente à sua realização e deliberar sobre a eventual dissolução de qualquer delas; (2) apreciar e aprovar os relatórios do presidente, do secretário, do tesoureiro, dos secretários dos departamentos e serviços; (3) eleger para um mandato de quatro anos, os administradores da Associação, o secretário da Associação Ministerial, os secretários dos departamentos e serviços, e os membros da Comissão Diretiva da Associação; (4) aprovar alterações ou modificações no Ato Constitutivo e no Regulamento Interno da Associação Paulista Sul, observadas as diretrizes fixadas no modelo aprovado pela Divisão; (5) elaborar planos para o maior desenvolvimento da Obra, em harmonia com os regulamentos e as deliberações da União e Divisão; e (6) deliberar e aprovar outros assuntos propostos pela Comissão Diretiva. São Paulo (SP), 27 de julho de 2018 Luiz Carlos Araújo, pastor-geral Elieder Francisco da Silva, secretário Convocação da 7a Assembleia Geral Ordinária da União Central Brasileira da Igreja Adventista do Sétimo Dia Ficam convocados pelo presente edital, os delegados qualificados no art. 25 para a 7a Assembleia Geral Ordinária da União Central Brasileira da Igreja Adventista do Sétimo Dia, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ número 55.233.019/0001-70, a ser realizada no dia 5 de novembro de 2018, no Vacance Hotel, na Avenida Nações Unidas, 1.374, Bairro Moreiras, em Águas de Lindóia (SP), com sessão de instalação e abertura determinada para às 14h do dia 5, em primeira verificação de quórum, com a presença de pelo menos um representante da “Confederação” dos Adventistas do Sétimo Dia, e quórum de, no mínimo, 50% mais um dos delegados indicados no referido art. 25. Verificada a inexistência de quórum para a instalação da assembleia, será realizada nova verificação de quórum seis horas depois, podendo essa sessionar com pelo menos 1/3 dos delegados relacionados no art. 25, sendo obrigatória a presença de pelo menos um representante da Confederação, devendo, nesse caso, as deliberações serem tomadas por 2/3 dos delegados presentes. A assembleia geral deliberará sobre a seguinte ordem do dia, de acordo com o disposto no art. 20: (1) eleger o conselho administrativo; (2) eleger os membros da diretoria executiva; (3) apreciar e aprovar relatórios da diretoria executiva ou do conselho administrativo; (4) ratificar a criação de novas associações, missões, departamentos, serviços ou entidades autônomas, formalizadas pelo conselho administrativo durante o período anterior à data da realização da assembleia; (5) aprovar emendas, alterações ou reforma do estatuto, propostas pelo conselho administrativo; e (6) apreciar e decidir sobre outros assuntos propostos pelo conselho administrativo ou diretoria executiva. Artur Nogueira (SP), 28 de agosto de 2018 Domingos José de Sousa, diretor presidente Emmanuel Oliveira Guimarães, diretor secretário Convocação da 7a Assembleia Geral Ordinária Denominacional da União Central Brasileira da Igreja Adventista do Sétimo Dia Fica convocada a 7a Assembleia Geral Ordinária Denominacional da União Central Brasileira da Igreja Adventista do Sétimo Dia, inscrita no CNPJ número 55.233.019/0001-70, para ser realizada nos dias 4 a 6 de novembro de 2018, tendo início às 20h do dia 4, no Vacance Hotel, localizado na Avenida Nações Unidas, 1.374, Bairro Moreiras, em Águas de Lindóia (SP), para tratar dos seguintes assuntos de sua competência: (1) receber as novas Associações e/ou Missões organizadas durante o quinquênio anterior; (2) apreciar e aprovar os relatórios do presidente, do secretário executivo, do tesoureiro/CFO, dos secretários dos departamentos e serviços e dos administradores das Missões e instituições da União; (3) eleger, para um mandato de cinco anos, os administradores da União,
R e v i s t a A d ve n t i s t a // Setembro 2018
o secretário da Associação Ministerial, os secretários dos departamentos e serviços, e os membros da Comissão Diretiva da União; (4) elaborar planos para o melhor desenvolvimento da Obra, em harmonia com os regulamentos e as deliberações da Divisão; (5) apreciar e aprovar emendas e alterações no Ato Constitutivo e no Regulamento Interno vigentes da União, propostas pela Comissão Diretiva, observando as diretrizes do modelo aprovado pela Divisão; e (6) deliberar e aprovar outros assuntos propostos pela Comissão Diretiva. Artur Nogueira (SP), 28 de agosto de 2018 Domingos José de Sousa, presidente Emmanuel Oliveira Guimarães, secretário Convocação da 36a Assembleia Geral Ordinária da Instituição Paulista Adventista de Educação e Assistência Social Fica convocada a 36a Assembleia Geral Ordinária da Instituição Paulista Adventista de Educação e Assistência Social, a ser realizada no Vacance Hotel, localizado na Avenida Nações Unidas, 1.374, Bairro Moreiras, em Águas de Lindóia (SP), com sessão de instalação e abertura determinada para as 15h do dia 5 de novembro de 2018, em estrita observância às proporções estabelecidas no § 3o do art. 27, a saber: (a) a Confederação das Uniões Brasileiras da Igreja Adventista do Sétimo Dia indica até cinco representantes; (b) a União Central Brasileira da Igreja Adventista do Sétimo Dia indica até dez representantes; (c) o Instituto Adventista de Ensino indica até cinco representantes; e (d) a própria Instituição indica até dez representantes, que terão direito apenas de voz, servindo como conselheiros e orientadores nas sessões da assembleia. Conforme determina o parágrafo único do art. 32, a assembleia geral somente poderá ser instalada com a presença do(s) representante(s) das associadas União Central e Confederação. A assembleia geral ordinária deliberará sobre a seguinte ordem do dia: (1) nomear e/ou destituir os administradores; (2) emendar, alterar e ou reformar o estatuto, observando ao disposto no art. 47; (3) constituir o conselho administrativo e conselho fiscal, com mandato de cinco anos; (4) eleger a diretoria executiva da Instituição, com mandato de cinco anos; (5) ratificar balanços gerais e demonstrativos de resultados dos e xercícios, anualmente aprovados pelo conselho administrativo; (6) aprovar a adesão de nova associada, respeitado o direito de veto pela associada União Central; (7) apreciar, deliberar e ordenar sobre outros assuntos propostos pelo conselho administrativo ou pela diretoria. § 1o As deliberações referentes aos incisos II e VI dependerão de prévia aprovação das associadas: Confederação e União Central. § 2o As associadas Confederação e União Central terão o direito de veto quando as deliberações das assembleias gerais forem divergentes das propostas por elas previamente aprovadas, sobre a matéria do inciso II deste artigo. Artur Nogueira, 28 de agosto de 2018 Elnio Álvares de Freitas, diretor presidente Nivaldo Furtado Pereira, diretor secretário Convocação da 19a Assembleia Geral Ordinária do Instituto Adventista de Ensino Ficam convocados os representantes das associadas para a realização da 19a Assembleia Geral Ordinária do Instituto Adventista de Ensino, a ser realizada no Vacance Hotel, localizado na Avenida Nações Unidas, 1.374, Bairro Moreiras, em Águas de Lindóia (SP), com sessão de instalação e abertura determinada para as 16h do dia 5 de novembro de 2018, em estrita observância às proporções estabelecidas no § 2o do art. 16, a saber: (a) a associada Confederação das Uniões Brasileiras da Igreja Adventista do Sétimo Dia indica de um até cinco representantes; (b) a associada União Central Brasileira da Igreja Adventista do Sétimo Dia indica de três até cinco representantes; (c) a associada Instituição Paulista Adventista de Educação e Assistência Social indica de três até cinco representantes; (d) a associada Associação da União Este Brasileira dos Adventistas do Sétimo Dia indica de um até três representantes; (f) o próprio Instituto poderá indicar até dez representantes, que terão apenas direito de voz, servindo como conselheiros e orientadores nas sessões da assembleia. Conforme determina o art. 19, a assembleia somente poderá ser instalada com a presença de pelo menos três representantes da associada União Central e um da Confederação. A assembleia geral ordinária deliberará sobre a seguinte ordem do dia: (1) constituir o conselho deliberativo em observância às disposições do art. 24; (2) aprovar emendas, alterações e/ou reformas do estatuto, propostas pelo conselho deliberativo; (3) eleger a diretoria executiva do Instituto, com mandato de cinco anos; (4) apreciar e deliberar sobre as contas e relatórios apresentados pela diretoria executiva; (5) ratificar balanços gerais e demonstrativos de variação patrimonial, anualmente aprovados pelo conselho deliberativo; (6) nomear e destituir administradores; (7) recomendar planos de aprimoramento e expansão das atividades dos estabelecimentos, unidades de ensino, departamentos e seções de serviços e atividades subsidiárias; e (8) aprovar a exclusão ou adesão de associada. Artur Nogueira (SP), 28 de agosto de 2018 Domingos José de Sousa, diretor presidente Emmanuel Oliveira Guimarães, diretor secretário Convocação da 2a Assembleia Ordinária da União Leste Brasileira da Igreja Adventista do Sétimo Dia Fica convocada a 2a Assembleia Ordinária da União Leste Brasileira da Igreja Adventista do Sétimo Dia, inscrita no CNPJ número 17.261.509.0001-90, para ser realizada nos dias 27 e 28 de novembro de 2018, tendo início às 19h30 do dia 27, no hotel Novotel Salvador Hangar Aeroporto, localizado na Avenida Luís Viana Filho, 13.145, Torre II, Bairro São Cristóvão, em Salvador (BA), para tratar dos seguintes assuntos de sua competência: (1) receber as novas Associações e Missões organizadas durante o quinquênio anterior; (2) apreciar e aprovar os relatórios do presidente, do secretário executivo, do tesoureiro/CFO, dos secretários dos departamentos e serviços e dos administradores das Missões e instituições da
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União; (3) eleger, para um mandato de cinco anos, os secretários dos departamentos e serviços, os membros da Comissão Diretiva da União; (4) eleger os administradores das Missões para um mandato de dois anos e seis meses; (5) elaborar planos para o melhor desenvolvimento da Obra, em harmonia com os regulamentos e as deliberações da Divisão; e (6) deliberar e aprovar outros assuntos propostos pela Comissão Diretiva. Lauro de Freitas (BA), 30 de maio de 2018 Geovani Souto de Queiroz, presidente André Henrique de Souza Dantas, secretário executivo Convocação da 9a Assembleia Denominacional Ordinária da Associação Paulista Oeste da Igreja Adventista do Sétimo Dia Fica convocada a 9a Assembleia Denominacional Ordinária da Associação Paulista Oeste da Igreja Adventista do Sétimo Dia, inscrita no CNPJ número 55.233.0019/0019-07, para ser realizada nos dias 9 a 11 de dezembro de 2018, tendo início às 10h do dia 9, no Colégio Adventista de São José do Rio Preto, localizado na Rua dos Radialistas Riopretenses, 895, Bairro Nova Redentora, em São José do Rio Preto (SP), para tratar dos seguintes assuntos de sua competência: (1) receber as novas igrejas que forem devidamente organizadas anteriormente à sua realização e deliberar sobre a eventual dissolução de qualquer delas; (2) apreciar e aprovar os relatórios do presidente, do secretário, do tesoureiro, e dos secretários dos departamentos e serviços; (3) eleger, para um mandato de quatro anos, os administradores da Associação, o secretário da associação ministerial, os secretários dos departamentos e serviços e os membros da Comissão Diretiva da Associação; (4) aprovar alterações ou modificações no Ato Constitutivo e no Regulamento Interno da Associação Paulista Oeste, observadas as diretrizes fixadas no modelo aprovado pela Divisão; (5) elaborar planos para o maior desenvolvimento da Obra, em harmonia com os regulamentos e as deliberações da União e Divisão; e (6) deliberar e aprovar outros assuntos propostos pela Comissão Diretiva. São José do Rio Preto (SP), 1o de agosto de 2018 Acílio Alves Filho, pastor-geral Carlos Roberto Alvarenga, secretário Convocação da 25a Assembleia Geral Ordinária da Associação Rio de Janeiro da Igreja Adventista do Sétimo Dia Fica convocada a 25a Assembleia Geral Ordinária da Associação Rio de Janeiro da Igreja Adventista do Sétimo Dia, inscrita no CNPJ número 30.097.554/0002-09, para ser realizada nos dias 4 e 5 de novembro de 2018, tendo início às 9h do dia 4 de novembro, no Instituto Petropolitano Adventista de Ensino (IPAE), localizado à BR 040, km 68, em Petrópolis (RJ), para tratar dos seguintes assuntos de sua competência: (1) receber as novas igrejas organizadas anteriormente à sua realização; (2) apreciar e aprovar os relatórios do presidente, do secretário executivo, do tesoureiro/CFO, dos secretários dos departamentos e serviços e dos administradores das instituições da Associação; (3) eleger, para um mandato de quatro anos, os administradores da Associação, os secretários dos departamentos e serviços, os membros da Comissão Diretiva da Associação; (4) aprovar alterações ou modificações no Ato Constitutivo e no Regulamento Interno, observadas as diretrizes fixadas no modelo aprovado pela Divisão; (5) elaborar planos para o melhor desenvolvimento da Obra, em harmonia com os regulamentos e as deliberações da União e da Divisão; e (6) deliberar e aprovar outros assuntos propostos pela Comissão Diretiva. Rio de Janeiro (RJ), 12 de julho de 2018 Marcos Antônio Martins de Aguiar, presidente Valdomiro Aves dos Santos, secretário executivo Convocação da 44a Assembleia Denominacional Ordinária da Associação Sul-RioGrandense da Igreja Adventista do Sétimo Dia Fica convocada a 44a Assembleia Ordinária da Associação Sul-Rio-Grandense da Igreja Adventista do Sétimo Dia, inscrita no CNPJ número 79.080.602/0005-80, para ser realizada no dia 2 de dezembro de 2018, tendo início às 8h, no Colégio Adventista de Porto Alegre (CAPA), localizado na Rua Camaquã, 534, no bairro Camaquã, em Porto Alegre (RS), para tratar dos seguintes assuntos de sua competência: (1) receber as novas igrejas organizadas anteriormente à sua realização; (2) apreciar e aprovar os relatórios do presidente, do secretário executivo, do tesoureiro/CFO, dos secretários dos departamentos e serviços e dos administradores das instituições da Associação Sul-Rio-Grandense; (3) eleger, para um mandato de quatro anos, os administradores da Associação, os secretários dos departamentos e serviços, os membros da Comissão Diretiva da Associação Sul-Rio-Grandense; (4) aprovar alterações ou modificações no Ato Constitutivo e no Regimento Interno, observadas as diretrizes fixadas no modelo aprovado pela Divisão; (5) elaborar planos para o melhor desenvolvimento da Obra, em harmonia com os regulamentos e as deliberações da União e Divisão; e (6) deliberar e aprovar outros assuntos propostos pela Comissão Diretiva. Porto Alegre (RS), 12 de julho de 2018 Milton Luiz Pereira de Andrade, presidente Leonardo Preuss Garcia, secretário executivo Convocação da 4a Assembleia Ordinária da Associação Central Sul-Rio-Grandense da Igreja Adventista do Sétimo Dia Fica convocada a 4a Assembleia Ordinária da Associação Central Sul-Rio-Grandense da Igreja Adventista do Sétimo Dia, inscrita no CNPJ número 79.080.602-0027-95, para ser realizada no dia 25 de novembro de 2018, tendo início às 9h do dia 25, no Colégio Adventista Marechal Rondon, localizado na Rua Mali, 255, Bairro Vila Ipiranga, em Porto Alegre (RS), para tratar dos seguintes assuntos de sua competência: (1) receber as novas igrejas organizadas anteriormente à sua realização; (2) apreciar e aprovar os relatórios do presidente, do secretário executivo, do tesoureiro/CFO, dos secretários dos departamentos e serviços e dos administradores das instituições da Associação; (3) eleger, para um mandato de quatro anos, os administradores da Associação, os secretários dos departamentos e serviços, os membros da Comissão Diretiva da Associação; (4) aprovar alterações
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ou modificações no Ato Constitutivo e no Regulamento Interno, observadas as diretrizes fixadas no modelo aprovado pela Divisão; (5) elaborar planos para o melhor desenvolvimento da Obra, em harmonia com os regulamentos e as deliberações da União e Divisão; e (6) deliberar e aprovar outros assuntos propostos pela Comissão Diretiva. Porto Alegre (RS), 3 de julho de 2018 Marcos Luiz Lima de Oliveira Júnior, presidente Elton de Lima Alves Júnior, secretário executivo Convocação da 2a Assembleia Ordinária da Missão Bahia Sudoeste da Igreja Adventista do Sétimo Dia Fica convocada a 2a Assembleia Ordinária da Missão Bahia Sudoeste da Igreja Adventista do Sétimo Dia, inscrita no CNPJ 17.261.509/0002-71, para ser realizada no dia 4 de novembro de 2018, tendo início às 8h do dia 4, nas dependências da Missão Bahia Sudoeste, localizada na Avenida Juracy Magalhães, 3.210, Bairro Morada dos Pássaros II, em Vitória da Conquista (BA), para tratar dos seguintes assuntos de sua competência: (1) receber as novas igrejas organizadas durante o quadriênio anterior; (2) apreciar e aprovar os relatórios do presidente, do secretário executivo, do tesoureiro/CFO, dos secretários dos departamentos e serviços e dos administradores das instituições da Missão; (3) eleger, para um mandato de quatro anos, os secretários dos departamentos e serviços, os membros da Comissão Diretiva da Missão; (4) aprovar planos para a automanutenção da Missão, os quais devem ser específicos e detalhados para alcançar o status de Associação; e (5) deliberar e aprovar outros assuntos propostos pela comissão diretiva. Vitória da Conquista (BA), 23 de julho de 2018 Jairo Emerick Torres, presidente Osias Rodrigues Ferreira, secretário executivo Convocação da 23a Assembleia Ordinária da Associação Espírito-Santense da Igreja Adventista do Sétimo Dia Fica convocada a 23a Assembleia Ordinária da Associação Espírito-Santense da Igreja Adventista do Sétimo Dia, inscrita no CNPJ número 30.097.554/0003-81, para ser realizada nos dias 14 e 15 de novembro de 2018, tendo início às 19h30 horas do dia 14 de novembro, nas dependências do Centro de Turismo Social e Lazer de Praia Formosa (SESC), localizado na Rodovia ES-010, Km 35 Norte, s/n – Santa Cruz, Aracruz ES, para tratar dos seguintes assuntos de sua competência: (1) receber as novas igrejas organizadas anteriormente a sua realização; (2) apreciar e aprovar os relatórios do presidente, do secretário executivo, do tesoureiro/CFO, dos secretários dos departamentos e serviços e dos administradores das instituições da Associação; (3) eleger, para um mandato de quatro anos, os administradores da Associação, os secretários dos departamentos e serviços, os membros da Comissão Diretiva da Associação; (4) aprovar alterações ou modificações no Ato Constitutivo e no Regulamento Interno, observadas as diretrizes fixadas no modelo aprovado pela Divisão; (5) elaborar planos para o melhor desenvolvimento da Obra, em harmonia com os regulamentos e as deliberações da União e Divisão; e (6) deliberar e aprovar outros assuntos propostos pela Comissão Diretiva. Vitória (ES), 12 de junho de 2018 Luís Mário de Souza Pinto, presidente Paulo Furtunato de Oliveira, secretário executivo Convocação da 3a Assembleia Denominacional Ordinária da Associação Maranhense da Igreja Adventista do Sétimo Dia Fica convocada a 3a Assembleia Denominacional Ordinária da Associação Maranhense da Igreja Adventista do Sétimo Dia, devidamente inscrita no CNPJ, número 04.930.244.0070/56, para ser realizada nos dias 4 e 5 de novembro de 2018, tendo início às 14h do dia 4 de novembro, no Centro Adventista de Treinamento e Recreação (Catre 1), antigo CALT 1, localizado na Rua Boa Esperança, 22, Bairro Turu, em São Luís (MA), para tratar dos seguintes assuntos de sua competência: (1) receber as novas igrejas organizadas anteriormente à sua realização; (2) apreciar e aprovar os relatórios do presidente, do secretário executivo, do tesoureiro/CFO, dos secretários dos departamentos e serviços e dos administradores das instituições da Associação; (3) eleger, para um mandato de quatro anos, os administradores da Associação, os secretários dos departamentos e serviços, os membros da Comissão Diretiva da Associação; (4) aprovar alterações ou modificações no Ato Constitutivo e no Regulamento Interno, observadas as diretrizes fixadas no modelo aprovado pela Divisão; (5) elaborar planos para melhor desenvolvimento da Obra, em harmonia com os regulamentos e as deliberações da União e Divisão; e (6) deliberar e aprovar outros assuntos propostos pela Comissão Diretiva. São Luís (MA), 7 de agosto de 2018. Fernando Pereira de Lima, presidente Fausto Rocha Farias, secretário executivo Convocação da Assembleia Geral Denominacional de Instalação e Organização da Missão Nordeste Maranhense da Igreja Adventista do Sétimo Dia Fica convocada a Assembleia Geral Denominacional de Instalação e Organização da Missão Nordeste Maranhense da Igreja Adventista do Sétimo Dia, a ser realizada nos dias 4 e 5 de novembro de 2018, tendo início às 14h do dia 4, no CATRE I, localizado na Rua Boa Esperança, no 22, Bairro Turu, em São Luís (MA), para tratar dos seguintes assuntos de sua competência: (1) eleger, para um mandato de quatro anos, os secretários dos departamentos e serviços, os membros da Comissão Diretiva da Missão; (2) aprovar planos para a automanutenção da Missão, os quais devem ser específicos e detalhados para alcançar o status de Associação; e (3) deliberar e aprovar outros assuntos propostos pela Comissão Diretiva. São Luís (MA), 7 de agosto de 2018. Leonino Barbosa Santiago, presidente Ozeias de Souza Costa, secretário executivo
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INTERNACIONAL
CENTRO COMUNITÁRIO NO EGITO
Não leve essas pessoas para sua igreja; não as tire de sua área; porque, se fizer isso, irá perdê-las. Ao contrário, vá onde elas estão, trabalhe com elas e, quando decidirem aceitar Jesus, se tornarão missionárias entre seu próprio povo.
Chester Kuma, diretor do Ministério de Saúde da Divisão do Sul do Pacífico, falando para a Igreja de Naha, nas Ilhas Salomão. Vários adventistas se mudarão para a aldeia de Aenalaema a fim de plantar uma igreja ali, onde 200 pessoas manifestaram interesse de estudar a Bíblia depois de uma feira de saúde.
Depois de reformar um complexo de quatro andares na região central de Cairo, a Igreja Adventista no Egito inaugurou no fim de julho o Centro Cultural Ramsés. Além de uma creche, academia, clínica odontológica e sala de massagem, o espaço conta com apartamentos, uma cozinha para aulas de culinária e salas de aula que serão usadas para o ensino de idiomas e palestras sobre saúde.
178.979 adventistas vivem na Divisão Intereuropeia. Os 20 países que formam essa região administrativa da igreja somam 340 milhões de habitantes.
Fotos: Andrew Mcchesney / Sheri Clarke/Hegstad
Como adventistas, estamos cercados por muros de nossa fabricação, que impedem que os que estão por aí acessem a mensagem e nos impedem de acessá-los também.
PERDA EDITORIAL Roland R. Hegstad, ex-editor da revista Liberty, morreu aos 92 anos, em meados de junho. Sob sua liderança de 35 anos, o periódico recebeu seis vezes o prêmio da Associated Church Press e outras 80 premiações. A revista bimestral, que tem 200 mil exemplares de tiragem, é distribuída para líderes religiosos, políticos e juristas nos Estados Unidos.
David Asscherick, pastor distrital na Austrália e cofundador do ministério de apoio Arise, falando aos 1.600 líderes de jovens num congresso internacional em agosto na Alemanha
Colaboradores: Ana Paula Lima, Andrew McChesney, Bobby Ross Jr, Brenton Stacey, Corrado Cozzi, Felipe Silva, Jefferson Paradello, Kent Kingston, Kimi-Roux James, Lina Ferrara, Márcio Tonetti, Marcos Paseggi, Mark A. Kellner, Pablo Barrecheguren, Paulo Ribeiro, Prince Bahati e Wendel Lima
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CAPA
INDÚSTRIA
DA SAÚDE 12
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O MERCADO VEG É UMA TENDÊNCIA MUNDIAL QUE TEM ABERTO NOVAS OPORTUNIDADES PARA A INFLUÊNCIA DO ESTILO DE VIDA ADVENTISTA MÁRCIO TONETTI
Fotos: Adobe Stock / William de Moraes
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MADE IN BRAZIL
ma das dez tendências da indústria alimentícia O investimento em uma estrutura à parte para a produção da para 2018 é o que a revista Forbes chamou de nova linha de queijos veganos permitiu que a Superbom aumenmindfulness. O termo em inglês, que poderia ser tasse a produção e elevasse o padrão de qualidade para atender traduzido como um estado de atenção plena, faz as exigências do mercado externo. Em julho, uma das maiores referência à nova atitude dos consumidores: presempresas adventistas de alimentos do mundo, que completa 120 tar mais atenção nos rótulos. Segundo um levananos em 2018 e há nove décadas produz o cereal apontado nas tamento feito no ano passado pela empresa de pesquisa de pesquisas como o mais confiável da Austrália (e agora também mercado Nielsen, 76% dos brasileiros entrevistados dissemuito apreciado pelos chineses), começou a importar o Vegan ram que cultivam esse hábito. Cheese, que utiliza a batata como matéria-prima em lugar do leite. É fato que o modelo de rotulagem vigente no Brasil não Por outro lado, produtos fabricados pelos adventistas em ajuda muito quem quer escolher produtos mais saudáveis países vizinhos e em outros continentes também entraram no na prateleira do supermercado. “Não são claras as informercado brasileiro por meio da Superbom. É o caso dos patês mações obrigatórias, como a quantidade de calorias, de e leites vegetais produzidos na Espanha. A partir do fim deste carboidratos, proteínas, fibras, gordura e sódio, para citar ano, a Superbom também irá importar dois tipos de granola do algumas. Além de letras muito pequenas, há termos técnicos Equador. No entanto, a Argentina tem sido a principal fornecee matemáticos que não são compreendidos pela maioria das dora do mercado brasileiro, contribuindo com o que produz de pessoas”, afirma Sabrina Lopes Viana, professora do curso melhor. Além de ser líder de mercado no segmento de cereais de Nutrição do Unasp, campus São Paulo. Sem contar que matinais, a Granix foi pioneira na incorporação de sementes em o padrão atual de rótulos gera confusão a respeito da quabolachas e na fabricação de crackers sem sal no país vizinho. lidade dos ingredientes e está sujeito à falta de veracidade Como foi discutido num encontro das indústrias adventisdas informações, como admite a própria Agência Nacional tas de alimentos no mês de janeiro em Brasília (DF), a ideia da de Vigilância Sanitária (Anvisa). A agência que tem analiigreja na América do Sul é que, nos próximos anos, haja maior sado novas propostas de rotulagem e abriu consulta pública intercâmbio de produtos e expertise entre as empresas da desobre o tema na internet no período de maio a julho. nominação no continente. Alguns países têm adotado uma espécie de “semáforo nutricional” na frente da embalagem dos alimentos, indicando, por meio de cores, quando há excesso de nutrientes prejudiciais à saúde. Para 65% dos brasileiros que participaram de uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira da Indústria da Alimentação (Abia), em parceria com o Ibope InteligênO Brasil, quinto maior mercado de alimentos cia, essa seria a maneira mais clara e didática de entender as informae bebidas saudáveis do mundo, está no radar ções nutricionais e auxiliar escolhas mais saudáveis, evitando assim dos investidores. Segundo o Ibope Inteligência, cair nas “armadilhas dos supermercados”. Isso foi o que expressou a 14% da população brasileira se declaram vegematéria de capa da revista Superinteressante de agosto. tarianos, o que representa quase 30 milhões de A valorização da dieta saudável tem provocado mudanças na legislapessoas. Estima-se que, desse total, cerca de ção, exigido mais transparência das empresas e redefinido a indústria 7 milhões sejam veganos. Nas regiões metropoalimentícia, criando um terreno fértil para o mercado veg. Até mesmo litanas de São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro grandes empresas tradicionais, que sempre carregaram rótulos nada saue Recife, o número de pessoas com esse perdáveis, estão tentando surfar na onda da comida vegetariana, oferecendo, fil alimentar cresceu 75% em seis anos. Isso por exemplo, versões de leites 100% vegetais, e maionese para veganos. explica por que, de 2012 a 2017, o volume de
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MEMES DA CARNE Diante das mudanças climáticas que, segundo os especialistas, têm sido bastante influenciadas pela cadeia produtiva da carne e seus derivados, e dos estudos que comprovam os benefícios da alimentação vegetariana, a produção de alimentos que mimetizam ou imitam os de origem animal decolou nos últimos anos. “Quem efetivamente gosta de carne costuma ser muito exigente com produtos análogos. Por R e v i s t a A d ve n t i s t a // Setembro 2018
Foto: William de Moraes
buscas pelo termo “vegano” aumentou 14 vezes no Brasil, segundo dados ATENTA ÀS NOVAS da Sociedade Vegetariana Brasileira DEMANDAS E (SVB). As estatísticas do país acompanham as do cenário internacional. No TENDÊNCIAS DE Reino Unido, por exemplo, o número de veganos aumentou 360% em uma MERCADO, A INDÚSTRIA década (2005-2015). Já nos Estados ADVENTISTA DE Unidos, esse grupo dobrou entre 2009 e 2015, segundo também a SVB. ALIMENTOS TEM Esses números têm alimentado o mercado com uma infinidade de proBUSCADO INOVAR, dutos e serviços voltados para essa fatia da população. De acordo com a MAS SEM PERDER A SVB, o lançamento de novos produtos ESSÊNCIA veganos cresceu 150% na Europa de 2013 a 2015. Não é de hoje, evidentemente, que os substitutos vegetarianos e veganos ocupam seções nos supermercados. Mas nos últimos anos eles se diversificaram e atingiram um nível de complexidade sem precedentes. O fenômeno tem criado novas oportunidades para que a indústria adventista de alimentos amplie sua influência. No ramo de alimentos há 93 anos, a Superbom é uma das empresas da denominação que se tornaram referência no segmento de comida saudável, o que já lhe rendeu o selo de ouro do Prêmio Qualidade Brasil – Gastronomia, concedido pela Academia Brasileira de Honrarias ao Mérito (Abrahm), além de ser considerada marca destaque em distribuição de suco de frutas concentrado pela Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), em 2012. Do alto da colina, na zona sul de São Paulo, onde fica a matriz da Superbom, tem saído produtos para mais de 25 mil pontos de venda
espalhados por todo o país. A empresa adventista criada em 1925 começou produzindo suco de uva numa pequena casa nas dependências do antigo Colégio Adventista Brasileiro, atual Unasp, campus São Paulo. Hoje a estrutura é bem maior. Além da planta industrial de 65 mil metros quadrados no Bairro Capão Redondo, a Superbom conta com uma área cinco vezes maior no município catarinense de Lebon Régis, onde é processada a cevada, bem como a uva, a maçã e o tomate usados na fabricação de sucos. Atenta às novas demandas e tendências, a empresa tem buscado inovar. Durante décadas, a soja foi o carro-chefe dos produtos vegetarianos. No entanto, o fato de muitas pessoas apresentarem alergia a esse tipo de proteína vegetal levou a indústria a buscar alternativas. A proteína do grão-de-bico, da quinoa e da ervilha são algumas das novas opções para vegetarianos. “A ervilha, por exemplo, tem uma cadeia de aminoácidos muito completa. Ela pode substituir uma proteína de origem animal sem nenhuma perda nutricional para o organismo”, explica Cristina Ferreira, gerente industrial da Superbom e mestre em empreendedorismo. Após dois anos de pesquisas e testes, a Superbom conseguiu desenvolver uma linha de produtos utilizando esses novos ingredientes. As novidades já estão disponíveis no mercado, sendo três delas para veganos e dez para ovolactovegetarianos. As opções incluem hambúrguer de quinoa e uma linha de salsichas, mini empanados e linguiças de ervilha, enriquecidos com as vitaminas A, B12 e B9, e minerais como ferro e zinco. “Não é apenas alimento, mas um produto com propriedades funcionais para o organismo”, acrescenta Cristina, cuja formação básica é em engenharia química com especialização em alimentos. Além disso, a Superbom lançou o “frango ovolactovegetariano”, produto que colocou a empresa entre as cinco finalistas do Fi South America Innovation Awards 2018, importante premiação da indústria de ingredientes, produtos e suplementos alimentícios.
Foto: William de Moraes
isso, a indústria tem se desdobrado no desenvolvimento de produtos sensorialmente aceitáveis e que, ao mesmo tempo, apresentem pouco impacto ao meio ambiente”, afirma Késia Quintaes, doutora em alimentos e nutrição. Em capitais como Florianópolis, Rio de Janeiro e São Paulo já existe até açougue vegano. Talvez muitos torçam o nariz ao ouvir falar de frango, salsicha ou hambúrguer vegetal. Mas é inegável que a gastronomia veg está cada vez mais sofisticada, não deixando a desejar para a gastronomia convencional. A indústria alimentícia está chegando a texturas e sabores tão próximos dos de origem animal que tem levado alguns a mudar de ideia e incorporar esse tipo de produto à dieta. “Sou extremamente crítico, mas o frango ovolactovegetariano da Superbom é mais gostoso que o frango de verdade”, disse o advogado Luigi Braga num vídeo divulgado recentemente pela empresa com base na opinião de pessoas que participaram de um momento de degustação por ocasião do lançamento das novidades. “O sabor, a cor e a textura dessa nova linha de alimentos atingiu padrões internacionais”, complementa a publicitária Eliane Teruel, apresentadora do programa Vida & Saúde, da TV Novo Tempo. É óbvio que essa “comida fake” não se destina aos veganos, que já evitam o consumo de qualquer coisa de origem animal. Na realidade, esse mercado atinge outro público numeroso no Brasil: os “reducetarianos”, apelido dado àqueles que, sempre que possível, evitam comer carne, ovos e laticínios. Segundo a Mintel, empresa de pesquisa de mercado, 37% dos brasileiros têm interesse em consumir menos alimentos de origem animal. A Superbom tem trabalhado para atingir também esse público. Ao mesmo tempo, a empresa tem buscado atender outra camada da população que teve de fazer mudanças rigorosas na dieta por problemas de saúde. Estima-se, por exemplo, que um em cada 600 brasileiros tenha intolerância ao glúten e que problemas com a lactose atinjam 35% da população, segundo dados da Associação de Celíacos do Brasil e de uma pesquisa recente feita pelo Instituto Datafolha. Lisley Keller Lüdtke faz parte da estatística. Por ser celíaca, ela teve que adotar uma dieta extremamente restrita. Mesmo morando na capital paulista, a enfermeira enfrentou dificuldade para encontrar alternativas, já que boa parte das opções sem carne contém glúten. “Os novos produtos sem glúten produzidos pela Superbom vieram como um presente. Além disso, resolveram outro problema: não mais preciso fazer comida separada para mim. O cardápio agora é o mesmo para toda a família porque todos apreciaram o sabor”, relata. Pensando nesse público, a empresa tem investido em opções sem lactose e soja, bem como em produtos livres de conservantes e corantes artificiais. Para chegar nesse ponto, nos últimos dois anos a Superbom investiu cerca de 12 milhões de reais em pesquisas, ampliação da planta industrial e novas tecnologias. No entanto, o retorno do investimento está sendo maior do que o previsto. Para se ter uma ideia, nos três primeiros meses, a nova linha veg e ovolacto alcançou o faturamento esperado apenas para o segundo ano de vendas. A gerente industrial da empresa acredita que os congelados, cujo método de conservação também é mais saudável do que o dos enlatados, têm potencial para se tornar o carro-chefe da Superbom, que já pensa em lançar também uma linha de coxinhas. R e v i s t a A d ve n t i s t a // Setembro 2018
ALÉM DA FÁBRICA Ao mesmo tempo que tem se preocupado em desenvolver produtos mais saudáveis e sofisticados, a Superbom também tem diversificado suas formas de atuação, assim como a Granix, que possui um restaurante no centro de Buenos Aires, e a Sanitarium, gigante australiana que mantém lanchonetes vegetarianas, promove um triatlo infantil que envolve milhares de crianças e serve, todos os anos, milhões de refeições para estudantes carentes da Austrália e da Nova Zelândia que não têm o hábito de tomar o café da manhã. Em 2016, a Superbom promoveu, em parceria com a TV Novo Tempo, um reality show que acompanhou quatro personagens que decidiram mudar de vida (para assistir aos vídeos, acesse: goo.gl/BWGKJP). Além disso, implantou o projeto Cantina Saudável, que beneficia alunos de 15 escolas adventistas da capital paulista. Além das opções mais saudáveis de lanches nesses espaços personalizados, o programa oferece orientação nutricional e busca criar nas crianças a cultura da alimentação saudável. Isso tem levado a empresa a desenvolver produtos específicos para essa faixa etária, como salgadinhos e snacks.
MARCA DIFERENCIADA A cada ano, a Superbom tem lançado entre 20 e 30 novos produtos. No entanto, como ressalta Adamir Alberto, gerente-geral da instituição, o foco da empresa não está no lucro, mas na saúde dos consumidores. “Não baixamos o padrão para enfrentar a concorrência, ganhar espaço ou ter melhores resultados”, complementa. Hoje há muitas opções de comida vegetariana e vegana, mas nem tudo o que parece ser saudável realmente é. Por isso, Késia Quintaes afirma que o consumidor precisa ficar atento à lista de ingredientes dos alimentos de origem vegetal industrializados, tema da reportagem de capa da revista Vida e Saúde deste mês (revistavidaesaude.com. br). Ela lembra, por exemplo, que as características sensoriais dos alimentos que mimetizam a carne e 15
DIETA SUSTENTÁVEL A busca de novas formas de produzir alimentos vem acompanhada da preocupação com processos que gerem cada vez menos impacto ambiental. A solução será unir comida saudável e métodos de fabricação mais limpos. Hoje, o processo de converter uma proteína de grãos em um produto análogo à carne, por exemplo, ainda demanda muitos recursos, o que
a digestibilidade, impacto ambiental e
tos de origem animal e a abastecer redes
tem levado muitas pessoas a optar por
teor de sódio de alguns desses produtos.
de restaurantes em larga escala. Para ser
uma dieta mais natural. Na entrevista a
Embora acredite que eles possam ajudar
relevantes hoje, as empresas adventistas
seguir, Cory Gheen, professor de nutri-
na transição de uma dieta cárnea para a
precisam voltar a inovar. Conceitos como
ção e dietética na Escola de Profissões
vegetariana, procuro encorajar o consumo
rótulos limpos, menor impacto ambiental
Aliadas à Saúde da Universidade de Loma
de outras proteínas vegetais, como le-
e bons perfis nutricionais precisarão ser
Linda (EUA), analisa o mercado veg e as
guminosas, nozes, cereais integrais, etc.
fundidos em produtos que sejam mais macios, saborosos e esteticamente atraentes.
tendências do segmento. Como você avalia as opções veg que
sua influência no mercado?
Quais são as principais tendências?
imitam a carne?
Décadas atrás, as indústrias adventistas de
Novas opções estão surgindo a cada dia,
Embora não sejam nutricionalmente idên-
alimentos inovaram no segmento e foram
como proteínas derivadas de plantas
ticas às proteínas animais, as alternativas
as únicas a produzir continuamente alter-
oceânicas e até mesmo cultivadas em
vegetarianas oferecem alguns benefícios
nativas à carne. Porém, nos últimos anos
laboratório. Porém, um tema que parece
para a saúde no que diz respeito ao perfil
muitas empresas passaram a desenvolver
estar emergindo é que devemos comer
lipídico. No entanto, há controvérsias sobre
opções cada vez mais similares aos produ-
cada vez mais perto da fonte.
derivados são obtidas com o uso de “EM CONEXÃO proteínas vegetais, amido (incluindo COM A ATIVIDADE o modificado), aditivos alimentares (aromatizantes, emulsificantes, coranDA ALIMENTAÇÃO tes, etc.), entre outros componentes não necessariamente saudáveis. SAUDÁVEL, PODEM-SE Buscando ser coerente com sua ESTABELECER VÁRIAS filosofia, a Superbom tem procurado colocar nas prateleiras produtos cada INDÚSTRIAS QUE SERÃO vez mais alinhados com a mensagem de saúde da igreja. Além de produzir UM AUXÍLIO À CAUSA geleias totalmente sem açúcar, não tem usado aditivos como o glutamato NO HEMISFÉRIO SUL.” monossódico (realçador de sabor), (CONSELHOS SOBRE corantes e conservantes. “Quanto menos aditivos, melhor”, observa SAÚDE, P. 494) Késia. Outra preocupação é o cuidado com os processos de fabricação. Por exemplo, o mel, produto sensível a altas temperaturas por período de tempo e exposição não controlados, é processado em uma temperatura adequada e com tecnologia que mantém suas propriedades, evitando a degradação de açúcares que forma o chamado hidroximetilfurfural (HMF), composto fenólico prejudicial à saúde. 16
Para consumidores cada vez mais atentos, esses detalhes fazem a diferença na hora da compra. E podem fazer a diferença na vida de uma pessoa, como foi o caso de uma professora universitária que se interessou pela mensagem adventista depois de testar vários sucos de uva em laboratório e descobrir que o único que realmente não tem adição de açúcar nem conservantes, como informa o rótulo, é o da Superbom (para assistir ao vídeo, acesse: goo.gl/R8D9X9). Pensando em levar as pessoas a conhecer a filosofia que está por trás de cada produto fabricado pelos adventistas, em breve as embalagens irão trazer o endereço de uma plataforma virtual que está sendo desenvolvida pela sede da igreja na América do Sul, especificamente para esse público. A ideia é que, ao acessar o ambiente virtual, que terá como título “quero vida e saúde”, as pessoas sintam o desejo de experimentar algo melhor do que o conteúdo do rótulo. ] MÁRCIO TONETTI é editor associado da Revista Adventista R e v i s t a A d ve n t i s t a // Setembro 2018
Foto: LLU
Como a indústria adventista pode ampliar
ENTENDA
O DESAFIO MISSIONÁRIO NO JAPÃO DE MAIORIA XINTOÍSTA E BUDISTA, PAÍS TEM 127 MILHÕES DE HABITANTES E UM HISTÓRICO DE INTOLERÂNCIA RELIGIOSA
Hokaido
EQUIPE DA ADVENTIST REVIEW
N
a terra em que o sol nasce primeiro, as relações com o Ocidente e com a principal religião ocidental, o cristianismo, sempre foram muito conflituosas. Ao longo dos últimos 400 anos, ciclos de intolerância comprometeram diretamente a evangelização do país (veja p. 22 e 23). Em tempos mais recentes, já de ocidentalização, os desafios por lá também incluem traços culturais que conhecemos bem do lado de cá do globo: secularismo e consumismo. Abaixo você confere alguns números que traduzem essas dificuldades e possibilidades.
PONTOS DE PREGAÇÃO
Tóquio
A série de evangelismo da Igreja Adventista em maio teve
161 pontos
Hiroshima
Aichi
de pregação, com concentração em Tóquio, Hokaido, Hiroshima, Aichi e Okinawa.
1
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PONTOS DE PREGAÇÃO POR ÁREA
MUDANÇAS NA FACE DO PAÍS processo de imigração de grupos étnicos
RELIGIÃO
ocidentais e de outros países orientais
A porcentagem total é maior do que a população do país,
pode ter algum impacto no cenário reli-
pois muitos japoneses adotam o xintoísmo e o budismo.
As mudanças demográficas promovidas pelo
gioso japonês.
15.160 ADVENTISTAS
700 MIL CHINESES – muitos são descendentes de dinastias antigas do Japão 450 MIL COREANOS – a segunda maior comunidade de estrangeiros no país
Okinawa
200 MIL BRASILEIROS – a maior comunidade de fala portuguesa da Ásia 60 MIL PERUANOS – a maioria é descendente de imigrantes japoneses
Xintoístas
Budistas
1,9 milhão (1,5%)
que mais cresce
8,8 milhões (6,9%)
250 MIL VIETNAMITAS – o grupo imigrante
88,7 milhões (69,8%)
casam com nativos
89,5 milhões (70,4%)
300 MIL FILIPINOS – são os que mais se
50 MIL NORTE-AMERICANOS – trabalham ou serviram em bases militares americanas concentradas em Okinawa
Outras religiões
Cristãos
Fontes: Ministério da Justiça do Japão, Relatório Anual Estatístico da Migração Legal, Instituto Nacional Populacional e Pesquisa do Seguro Social (2018) e Centro de Pesquisa Pew
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EVANGELISMO
Missão possível Séries evangelísticas no Japão levam 120 pessoas ao batismo e renovam o fôlego missionário dos adventistas que vivem numa terra de tradições pagãs e muito secul arismo Marcos Paseggi
U
ESTAGNAÇÃO DA IGREJA Em 2016, com dois anos de antecedência, o Japão foi escolhido para sediar um esforço nos moldes do programa ETM. A constatação era preocupante: nos 15 a 20 anos anteriores, as congregações estavam encolhendo e os membros da igreja envelhecendo. “Muitas igrejas são muito pequenas, com 15 a 25 pessoas”, explica o pastor Ron Clouzet, líder dos pastores adventistas que trabalham no norte da Ásia, região que inclui o Japão. “Ali, as maiores igrejas têm cerca de 50 pessoas, e a maioria dos membros é idosa”, complementa Clouzet. Diante desses números, percebeu-se que algo precisava ser feito para garantir o futuro da igreja na terra do sol nascente. Segundo o pastor Duane McKey, coordenador do programa ETM na sede mundial da igreja, a escolha do Japão foi muito acertada, pois a igreja no país nunca havia experimentado realizar séries evangelísticas simultâneas. Na verdade, já fazia quatro décadas 18
R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Setembro 2018
Foto: Tetsu Ohguro
m projeto evangelístico ousado entrou para a história do adventismo no Japão. Como parte do programa Envolvimento Total dos Membros (ETM), iniciativa da sede mundial da igreja, ao longo do mês de maio foram realizadas séries bíblicas e sobre saúde em 161 pontos de pregação por todo o país asiático. A empreitada foi um teste para um método que já estava desacreditado no Japão e em muitas nações altamente secularizadas: o evangelismo público. Além das 120 pessoas batizadas, algo expressivo para um país em que os cristãos são apenas 1% da população, os adventistas japoneses podem ter aprendido a lição de que a missão em sua terra natal é difícil, mas não impossível.
que o método de evangelismo público estava em desuso no país. E antes de vencer os desafios externos, para que o projeto saísse do papel, era preciso que os próprios pastores fossem convencidos da viabilidade da iniciativa. Em 2017, as reuniões de planejamento previram cerca de 160 pontos de pregação. A ideia era ir além das 94 igrejas em atividade no país e incluir reuniões em pequenos grupos e instituições. A iniciativa recebeu o nome de “All Japan 2018 Maranatha” (Todo o Japão, Maranata 2018). No entanto, as reações iniciais foram diversas. Por causa da ousadia do projeto e devido ao retrospecto tímido da igreja no país, as discussões enfatizavam o quanto seria efetivo esse método no Japão.
ele realizou uma série no outono do ano passado (primavera no Brasil) na Igreja de Amanuma, na capital Tóquio. Ali na maior congregação adventista do país foi oferecido treinamento prático. Segundo Clouzet, a experiência demonstrou que, quando bem planejado e executado, o evangelismo público é uma opção viável no Japão.
PROCLAMAÇÃO E COLHEITA Com a chegada da primavera, o Japão estava pronto para receber tanto os membros como os visitantes em todo o país. As reuniões iniciais de liderança em maio na ilha principal e mais ao sul, em Okinawa, enfatiTESTES PRÉVIOS Sensíveis à reação cautelosa de muitos japoneses, os líderes zaram tanto os desafios como as oportunidades do que havia pela frente. “O povo da campanha trabalharam para que os pastores e membros locais se familiarizassem com o evangelismo público. No japonês precisa ouvir a Palavra de Deus. E como isso vai acontecer? Pelo verão de 2017 no hemisfério norte, eles poder do Espírito Santo e por seu visitaram a ilha de Mindoro, nas Filipinas. Quarenta e oito ministros e oradointermédio”, incentivou na oportunidade o pastor Ted Wilson, res do Japão viajaram ao país vizinho “O EVANGELISMO PÚBLICO para realizar campanhas evangelístipresidente mundial da igreja. Wilson, assim como a esposa, cas, a primeira experiência desse tipo FUNCIONA EM UM AMBIENTE Nancy, dirigiram os encontros para muitos deles. A viagem foi organizada pela Rádio Mundial Adventista, evangelísticos na Igreja de AmaSECULAR SE AVANÇAMOS COM que transmitiu as mensagens evangenuma, que fica próximo ao Hoslísticas em Mindoro, antes e depois das pital Adventista de Tóquio. Ela apresentando palestras sobre reuniões, convidando a população a ORAÇÃO E FÉ. CREIO QUE ESSA saúde e ele sobre profecias bíbliparticipar dos encontros presenciais. “O objetivo da viagem foi dar a eles cas, permaneceram por três semaSEJA UMA GRANDE LIÇÃO PARA nas no país. Serviram também o sabor do sucesso, porque o povo filipino está acostumado a preparar o como oradores outros líderes da VÁRIOS PAÍSES DESENVOLVIDOS sede mundial, como o secretário terreno para a colheita evangelística”, G. T. Ng, o tesoureiro associado explica o pastor Clouzet. Os oradores E SOFISTICADOS, QUE que tiveram os melhores resultados Tim Aka (veja a matéria na p. 30) e o diretor do Ministério de Publino Japão em maio foram os que estiNECESSITAM DE UMA ABORDAGEM veram nas Filipinas no ano passado e cações, pastor Almir Marroni (veja p. 37). Porém, os estrangeique conseguiram visualizar melhor EVANGELÍSTICA PROATIVA, SEM ros foram minoria entre os orao que precisavam fazer. O próprio pastor Ron Clouzet, que nasceu e cresceu dores. Cerca de 90% das séries DESCONSIDERAR A NECESSIDADE DE foram conduzidas por nativos. na Argentina antes de desenvolver boa Durante a campanha, os oraparte de seu ministério nos Estados CONTEXTUALIZAÇÃO.” dores se depararam com alguns Unidos, e sua esposa, Lisa, ajudaram desafios típicos do Japão, a preno plantio da primeira igreja de fala espanhola na ilha de Okinawa. sença de muitos grupos étnicos, TED WILSON, líder mundial dos Nas Filipinas, em 2017, 29 pessoas especialmente de chineses, filipiadventistas, que pregou na Igreja de nos, brasileiros e militares norteforam batizadas. De acordo com o pasAmanuma, em Tóquio americanos, além do alto comtor McKey, que também é o presidente promisso dos japoneses com o da Rádio Mundial Adventista, os benefícios do projeto foram de mão dupla. “Aquelas reuniões trabalho, que impossibilitou que muicom a participação dos japoneses não impactaram somente tos acompanhassem as pregações. Ainda assim, os 161 pontos de pregação concluía vida deles, mas resultaram na transformação de comuniram suas séries. dades inteiras”, assegura McKey. Embora em outras partes do mundo, A segunda oportunidade de experimentação foi dirigida pelo próprio pastor Clouzet. Num formato de evangelismo-escola, como a África e América Latina, um esforço R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Setembro 2018
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DESAFIOS DO EVANGELISMO Em certo sentido, compartilhar “A REALIZAÇÃO DESSA SÉRIE a fé cristã no Japão é mais desafiador do que em muitos outros NO JAPÃO SERÁ UM SUCESSO países, acredita o pastor Masumi Shimada, presidente da União EXPRESSIVO SE BOA PARTE DOS Japonesa da Igreja Adventista. conjugado como esse poderia ter resulEle explica que a cultura japonesa PASTORES QUE TRABALHAM ALI tado no batismo de milhares de pesestá enraizada no politeísmo, o soas, no Japão o saldo foi de 120 pesque leva seus adeptos a uma visão TIVEREM CAPTADO UMA VISÃO soas batizadas. Número que superou mais inclusiva e relativista. Para a expectativa dos organizadores da ele, o desafio é proclamar nesse campanha. contexto uma fé monoteísta e RENOVADA SOBRE A MISSÃO Tão importante quanto os resulde ênfase exclusivista, como o tados evangelísticos, existem outros cristianismo. “Em nossa cultura ADVENTISTA EM SEU CONTEXTO. dividendos dessa iniciativa, como o valorizamos mais os nossos relatreinamento dos membros, a visão cionamentos humanos do que SE ELES SE ENXERGAREM renovada dos pastores e a sensanosso relacionamento com o Ser ção de que é possível ousar mais, Absoluto”, explica o líder, exemCOMO INFLUENCIADORES DA mesmo num país historicamente pagão plificando a tendência relativista e mais recentemente secular. da mentalidade japonesa. SUA COMUNIDADE A PARTIR DA Apesar dessas singularidades, RELATO PESSOAL o pastor Shimada acredita que o MENSAGEM SINGULAR QUE PODEM Como parte da cobertura desse proevangelismo público também jeto, viajei como correspondente da seja um método que funciona OFERECER.” Adventist World por várias cidades do no país. Ele admite que a camJapão, a fim de apurar e compartilhar panha de maio fez a igreja no histórias. O domingo ensolarado em Japão repensar isso. O pastor Ron RON CLOUZET, líder dos pastores Clouzet complementa a explicaque cheguei de trem-bala a Hiroshima, adventistas que trabalham no Norte logo se transformou numa tarde somção dizendo que a compreensão da Ásia e um dos mentores da bria. A igreja adventista local, onde geral dos adventistas japoneses campanha de maio as pregações foram realizadas, ficam era que nenhum método usado a menos de dois quilômetros de onde em outros lugares funcionaria caiu a primeira bomba atômica, em 6 de agosto de 1945. ali. “O método que funciona melhor no Japão Pelo fato de que ainda estava cedo, fiz uma parada é o que dá certo em qualquer lugar do mundo: no memorial da paz e no museu comemorativo, perto evangelismo como estilo de vida, reavivamento dali. Esse é um lugar triste, cinzento, uma lembrança dos membros, planejamento cuidadoso, treida estranha habilidade humana de se autodestruir. namento evangelístico adequado e reuniões permanentes de colheita com o objetivo de Quando decidi ir embora, chovia torrencialmente. Correndo para não ficar encharcado e um pouco entorpecido levar as pessoas a Cristo”, resume o ministro. 20
R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Setembro 2018
Foto: Adventist World
pelas terríveis lembranças de aniquilação que tinha acabado de ver, entrei no barcotáxi errado. Quando percebi meu engano, já era tarde. Em vez de ir para o norte, a embarcação acabou me levando por mar aberto meia hora ao sul, para a ilha de Miyajima. Ali conheci o mundialmente famoso Santuário de Itsukushima. Mesmo sob forte chuva, centenas de japoneses e turistas se amontoavam para prestar homenagem ao kami, os espíritos que os xintoístas reverenciam. Observando aqueles devotos de perto, vi sinceridade neles e me perguntei como a mensagem adventista poderia prosperar naquele país pagão e cada vez mais secularizado.
“NOS ÚLTIMOS 40 ANOS, A MAIORIA DAS IGREJAS DO JAPÃO NÃO REALIZOU NADA ALÉM DE SEMINÁRIOS DE FINS DE SEMANA. PORTANTO, TER DEZENAS DE SÉRIES SIMULTÂNEAS DE MAIS DE DEZ DIAS DE DURAÇÃO JÁ FOI ALGO MEMORÁVEL PARA MIM. [...] O TRABALHO EVANGELÍSTICO NO JAPÃO NÃO É FÁCIL, MAS NÃO É IMPOSSÍVEL. DEUS AMA O POVO JAPONÊS.” MASUMI SHIMADA, líder dos adventistas no Japão
Ele lembra, porém, que, assim como outros povos asiáticos e europeus, os japoneses não reagem bem à pregação emocional, tendo em vista que apreciam um discurso mais racional sobre o qual possam refletir. Contudo, o pastor Shimada acredita que mudanças socioculturais das últimas décadas estejam transformando um pouco esse quadro, fazendo com que as pessoas procurem algo mais emocional e espiritual. E a igreja pode ser sensível a essas mudanças sem comprometer o cerne da sua mensagem. GRAÇA SUPERABUNDANTE Naquela noite da minha visita em Hiroshima, ainda molhado, mas com alta expectativa, consegui chegar ao local das reuniões. Logo descobri que essa cidade é importante para os adventistas japoneses. Além do prédio espaçoso da igreja, existem duas escolas adventistas, incluindo um internato para o ensino médio. Numa cidade que um dia foi envolta pela morte e destruição, fiquei feliz em ver a graça superabundante de Deus vencendo. Estrategicamente, as reuniões naquela igreja foram realizadas no salão secundário e menor e não na nave do templo. Naquela noite, 24 visitas compareceram à reunião. O pastor, vestido no estilo profissional casual, me pareceu muito envolvido com o trabalho. Não consegui entender o programa nem a mensagem em japonês. No entanto, pelos slides utilizados na projeção, percebi que ele estava falando sobre a lei de Deus. Observei visitantes rindo e meditando. Eles abriram a Bíblia e, com a ajuda dos membros locais, acompanharam a leitura das passagens mencionadas, procurando captar cada palavra e sentença do pregador. Percebi também que algumas pessoas foram sensibilizadas pelo Espírito de Deus. Saí dali animado, imaginando o despertar da pregação adventista naquele país. “Esse esforço nos deu esperança no trabalho evangelístico no Japão. Testemunhamos batismos, o reencontro com membros desaparecidos, atitudes de reconciliação e testemunhos emocionantes. Muitas igrejas estão planejando outra série para o outono deste ano”, concluiu o pastor Shimada. Ele agradeceu do fundo do coração o apoio da igreja mundial para a missão adventista no Japão. ]
ESFORÇO CONJUNTO Quando você ler as notáveis histórias sobre a série evangelística histórica no Japão, junte-se a mim em gratidão a Deus por tantos heróis anônimos e não elogiados que tornaram possível esse evento festivo. Por trás de cada decisão das 120 pessoas que foram batizadas e das outras dezenas que tiveram algum contato com a mensagem adventista, existem outras dezenas de voluntários e centenas de intervenções desconhecidas do Espírito de Deus. Gosto de pensar nisso quando entro num tanque batismal, lago ou rio para realizar a cerimônia de entrega de alguém a Jesus. Ver o rosto radiante de um recém-converso me faz refletir no texto de Mateus 4:26, 27 em que Jesus disse que o reino de Deus é semelhante à semente que foi semeada e que germina mesmo sem o semeador saber como nem onde isso ocorreu. Com base nesse texto, entendo que dou apenas uma pequena contribuição nesse grande processo de transformação. Por trás de toda decisão acertada de entregar a vida a Jesus e se unir à Sua igreja remanescente há centenas de horas de dedicação de um instrutor bíblico ensinando alguém a seguir os passos de Jesus. Mas existem também gestos mais corriqueiros, porém não menos importantes, como o convite para que uma garotinha de dez anos participe de uma Escola Cristã de Férias, a cesta de alimentos que é entregue como presente por uma adventista que procura consolar alguém enlutado ou mesmo aquela pessoa que recepciona um visitante num “junta-panelas” na igreja e o ajuda a se sentir bem no meio de desconhecidos. O ponto é que todos os voluntários da igreja, quer sejam recepcionistas, professores da Escola Sabatina, líderes dos programas para as crianças ou pastores, contribuem para esse momento inesquecível do batismo. Assim foi no Japão e assim é em qualquer parte do mundo. ]
MARCOS PASEGGI, que é correspondente da Adventist World, visitou várias cidades japonesas durante o evangelismo de maio
R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Setembro 2018
BILL KNOTT é editor da revista Adventist World
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HISTÓRIA DA IGREJA
UM BREVE PANORAMA DA HISTÓRIA DO ADVENTISMO EM TERRITÓRIO JAPONÊS D AV I D T R I M
Devagar, mas sem parar A s raízes do cristianismo no Japão remontam ao trabalho dos missionários católicos jesuítas, com início em 1549. No fim do século 16, e stima-se que 300 mil cristãos viviam no país. No entanto, no século 17 os xogunatos perseguiram severamente os cristãos por suspeitarem que novos conversos estivessem sendo usados para minar a ordem social tradicional japonesa. Posteriormente, o poder do xógum, supremo líder militar, superou até mesmo o do imperador japonês. Por causa dessa intolerância, em 30 anos, a igreja japonesa nativa praticamente foi extinta, pois os crentes eram crucificados e até jogados vivos nos vulcões. A fim de evitar qualquer contato com cristãos de fora do país, o governo declarou ser ilegal que qualquer estrangeiro colocasse sequer o pé em solo japonês.
A VOLTA DOS MISSIONÁRIOS Nos anos 1850, os poderes do Ocidente forçaram o Japão a assinar tratados e a abrir seus portos. Por isso, em 1855 os missionários cristãos voltaram a trabalhar no país. Estima-se que em 1888 mais de 44,5 mil católicos e 25,5 mil protestantes nativos vivessem na terra do sol nascente. Exatamente no ano seguinte o Japão receberia a visita do primeiro missionário adventista. Abram La Rue, um missionário voluntário que havia se mudado um ano antes para Hong Kong, chegou em 1889 ao Japão para distribuir literatura. No ano seguinte, um influente líder adventista norte-americano, pastor Stephen Haskell, visitou o Japão e relatou: “Batizamos um homem no Japão.” Embora provavelmente fosse um expatriado (talvez um dos que haviam lido a literatura entregue por La Rue), Haskell informou: “Soubemos que a questão do sábado está sendo discutida entre os japoneses” (artigo “Movements of Missionaries”, na Review and Herald de 26 de agosto de 1890).
Filhos de servidores adventistas em 1918
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R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Setembro 2018
MISSÃO ADVENTISTA O primeiro missionário oficialmente enviado pela Igreja Adventista para o leste da Ásia foi William C. Grainger, diretor do antigo Healdsburg College (atual Pacific Union College), na Califórnia. Ele chegou ao Japão em 1896, e a primeira igreja local foi formada três anos depois, quando o próprio Grainger iniciou a publicação mensal do primeiro periódico adventista em japonês: Owari no Fukuin (O Evangelho para o Tempo do Fim). Infelizmente, naquele mesmo ano Grainger ficou doente e morreu em 31 de outubro. No entanto, a missão adventista progrediu, pois outros missionários estrangeiros e nativos seguiram os passos do pioneiro. O Sanatório Kobe, primeira instituição de saúde da igreja no país, foi fundado em 1903, e um ano depois a Missão Japonesa estava organizada. Em 1914, foi fundada a Nihon Dendo Gakko, primeira instituição para formação de servidores da igreja. Cinco anos mais tarde, a Missão Japonesa se tornou a UniãoMissão Japonesa, com 14 igrejas, 305 membros, sete pastores ordenados e outros 38 servidores da denominação. Segundo Tadaomi Shinmyo, que defendeu em 1972 uma dissertação de mestrado sobre a história da igreja no Japão, até os anos 1930, boa parte das funções da denominação era desempenhada por estrangeiros. Porém, ao que parece, havia um espírito de aprendizado mútuo e cooperação entre os missionários e os servidores japoneses.
Foto: General Conference Archives
NACIONALISMO E GUERRA Na década de 1930, contudo, o governo japonês se tornou cada vez mais totalitário. Havia uma animosidade contra o Ocidente e em relação às igrejas “estrangeiras”. Em 1939, uma legislação forçou a unificação de todas as denominações protestantes sob uma liderança nomeada pelo governo. Assim como outras duas igrejas, a União-Missão Adventista se recusou a aceitar a imposição do país e foi dissolvida pelo governo. Na sequência, os missionários ocidentais foram expulsos e a liderança da igreja foi entregue aos líderes nacionais. De acordo com A. Hamish Ion, durante a Segunda Guerra Mundial, os adventistas chegaram a ser perseguidos: 42 líderes nativos foram presos e quatro deles morreram em decorrência de maus-tratos (Handbook of Christianity in Japan, p. 93).
O JAPÃO TEM UMA HISTÓRIA DE GRANDE INTOLERÂNCIA RELIGIOSA, E ISSO INFLUENCIOU MUITO NO CICLO DE ALTOS E BAIXOS DA MISSÃO CRISTÃ NO PAÍS
CRISTIANISMO PÓS-GUERRA A vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial e a ocupação do Japão causaram grande impacto na autoestima do país. Isso desencadeou 20 anos de abertura sem precedentes para a pregação cristã, especialmente por meio dos americanos, num momento tão favorável como foi no século 16. Em 1945, o número de cristãos no Japão era estimado em 200 mil, mas em 12 anos esse número cresceu para mais de 352 mil. Os adventistas se multiplicaram de 600 (1946) para 3,9 mil membros em 1958. Talvez o crescimento da denominação tenha sido favorecido pela forte ênfase na pregação e orientação sobre saúde e a impressão positiva dos japoneses quanto ao estilo saudável dos adventistas, principalmente em relação à abstinência de álcool e fumo. Nessa época de reconstrução após a guerra, a mão de obra dos missionários era bemvinda no país. Até que, em janeiro de 1985, a igreja voltou a funcionar como União-Associação. R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Setembro 2018
ESTAGNAÇÃO E FUTURO Em 1970, quando o Japão prosperava e as economias europeias e norte-americanas não iam bem, a ideia de que os japoneses deviam consultar os ocidentais perdeu força. Com isso, o crescimento do cristianismo no país também estagnou. Se de 1963 a 1966 o número de cristãos japoneses cresceu de 750 mil a um milhão de adeptos, nos 20 anos seguintes a igreja cristã estagnou. Os adventistas cresceram mais do que os outros grupos nessa época – 5,5 mil membros (1963), 6,4 mil (1966) e 11,6 mil (1985). Porém, a tendência geral de estagnação também alcançou o adventismo. Nos últimos 15 anos, o número de adventistas no país insiste em não sair da casa dos 15 mil membros. Não existem soluções fáceis para esse processo, mas há terreno para cultivarmos a esperança. Em maio deste ano, o Japão sediou uma série histórica de evangelismo público com dezenas de pontos de pregação. Não havia a expectativa de se batizar milhares de pessoas, como em Ruanda, em 2016. Contudo, o desejo era mobilizar os membros da igreja japonesa e motiválos para o evangelismo. E a resposta foi positiva. Algo curioso sobre a igreja no Japão é que advent ist a s n at ivos sempre foram dizimistas muito fiéis, apresentando muitas vezes a mais alta proporção entre ofertas e dízimos do mundo. Portanto, apesar de poucos em comparação com o Brasil, os membros da União Japonesa são comprometidos com sua igreja. Quase 120 anos depois da formação da Missão Japonesa, os adventistas do Japão querem que seus 126 milhões de compatriotas ouçam as boas-novas sobre o Salvador ressurreto. Há 400 anos, o cristianismo se espalhou ali como fogo. E isso pode acontecer outra vez, por meio do poder de Deus e do envolvimento de cada adventista. ] DAVID TRIM, PhD, é diretor do departamento de Pesquisa, Arquivos de Estatística na sede mundial da Igreja Adventista
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VISÃO GLOBAL
A EXPERIÊNCIA DA MULHER SAMARITANA NOS MOSTRA QUE PODEMOS TESTEMUNHAR DE VÁRIAS MANEIRAS, EM TODO TEMPO E EM QUALQUER LUGAR TED WILSON
A
Bíblia relata uma história interessante em João 4. Embora os judeus evitassem qualquer diálogo com os samaritanos, Jesus fez algo diferente. Ele parou no poço de Jacó, em Samaria, porque tinha uma missão semelhante à visão que temos desenvolvido no programa mundial da igreja: Envolvimento Total dos Membros (ETM). Cristo começou pedindo um pouco de água para a mulher samaritana. Aqui está a primeira lição: ao nos aproximarmos das pessoas com a intenção de testemunhar sobre Jesus, a atitude humilde de pedir um favor pode abrir portas. Comentando essa história, Ellen White, pioneira adventista, escreveu que “confiança desperta confiança” (O Desejado de Todas as Nações, p. 184). 24
Jesus estava procurando a chama espiritual no coração daquela mulher. A leitura do texto nos sugere que Ele tenha seguido quatro passos que ainda são úteis hoje no evangelismo pessoal: (1) desperte o desejo para algo melhor; (2) ajude a pessoa a enxergar sua necessidade pessoal; (3) apresente Jesus como o Salvador e Senhor da humanidade; e (4) incentive a pessoa a tomar a decisão de segui-Lo. A mulher ficou impressionada com o diálogo, e a conversa rapidamente foi conduzida pelo Espírito Santo para questões mais profundas. Ao oferecer a “água viva”, Jesus tocou o coração daquela mulher. Por isso, ela pediu o que Ele lhe ofertava (v. 15). A essa altura, as coisas se tornaram bem pessoais. Jesus pediu que a mulher trouxesse seu marido para a conversa (v. 16). E, ao ela responder que não tinha esposo, Jesus afirmou que estava correta, uma vez que havia tido cinco maridos, mas o homem com quem convivia naquele momento não era seu esposo (v. 17 e 18). Tremendo, a mulher tentou desviar o assunto para várias questões filosóficas. Jesus deixou que ela falasse, nos ensinando assim outra lição. Quando conversamos com as pessoas, devemos ser pacientes e deixá-las falar em vez de dizer-lhes imediatamente o que devem saber. Então, Jesus elevou os pensamentos da mulher para uma religiosidade que estava acima das formas cerimoniais, dizendo que R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Setembro 2018
Foto: Tetsu Ohguro
Todo discípulo é um missionário
Deus procurava adoradores que O servissem “em espírito e em verdade” (v. 23). Curiosamente, essa foi a mesma mensagem dada por Cristo a Nicodemos no capítulo anterior (João 3). A mulher ficou comovida com as palavras de Cristo. Cheia de convicção, ela confessou: “Eu sei que o Messias está para vir” (v. 25). Jesus lhe respondeu claramente: "Eu sou o Messias! Eu, que estou falando com você!” (v. 26). A fé brotou no coração da mulher. Empolgada, ela deixou seu pote de água e correu para a cidade. Quando os discípulos retornaram e insistiram com Jesus para que comesse, Ele respondeu que aquilo que O alimentava eles não conheciam (v. 32). Esse é um exemplo maravilhoso de como o Espírito Santo trabalha por meio de nós quando temos um compromisso pessoal com a missão. Era visível no rosto da mulher samaritana que ela transbordava de gratidão. Ela havia se tornado uma nova criatura em Cristo (2Co 5:17). Ela se tornou uma missionária, participando pessoalmente da missão de Deus ao contar para toda a cidade sobre Aquele que havia lhe dado a água da vida (Jo 4:29). O testemunho dessa missionária foi tão efetivo que a cidade saiu para ouvir Jesus e insistiram para que Ele permanecesse ali. Cristo mudou Seus planos de viagem e passou mais dois dias com eles, o que resultou na conversão de vários samaritanos. CHAMADO E ENVOLVIMENTO PESSOAL Assim como ocorreu com aquela mulher, Deus nos chama hoje para nos envolvermos pessoalmente na missão Dele. O Senhor deseja usar qualquer pessoa que esteja disposta a esvaziar-se de si mesma e comprometer-se em crescer espiritualmente por meio da oração e do estudo da Bíblia e dos escritos de Ellen White. Deus certamente orientará os que estiverem decididos a aprender e a ensinar outros. O programa de evangelização promovido pela sede mundial da igreja tem o conceito de que todos os adventistas podem de alguma forma testemunhar em nível pessoal. Isso pode ocorrer em várias frentes de atuação, como distribuição de literatura, orientação sobre saúde, ministração de estudos bíblicos, realização de serviços comunitários, pregação por meio da mídia, abordagem de porta em porta e seminários sobre profecias bíblicas. A ideia é que essas ações estejam associadas a alguma série de evangelismo público que proporcione o ambiente adequado para pessoas tomarem uma decisão ao lado de Jesus. R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Setembro 2018
QUANDO CONVERSAMOS
Em maio, esse modelo foi experimentado com sucesso no Japão. Minha esposa Nancy e eu tivemos o privilégio de pregar na Igreja de Amanuma, em Tóquio. Nós amamos aquele povo querido. Lembro-me, por exemplo, de algumas histórias interessantes. Uma senhora que havia crescido num lar adventista e posteriormente se tornado católica por influência do marido estava divorciada e inclinada a retornar à Igreja Adventista por causa do testemunho de sua filha, que havia permanecido fiel à mensagem do advento. Essa senhora compareceu às reuniões com dois amigos: Norio e Yuko Masuda. Yuko era adventista, mas o esposo, Norio, não. No início da série, Norio foi educado, mas visivilmente estava descrente. No entanto, ele ficou impactado quando ouviu sobre a doutrina bíblica do sábado e da mudança histórica do dia de guarda. Ele continuou frequentando as reuniões, porém seu semblante estava diferente. Certa noite, Norio pediu o batismo. Era nítido que sua fé em Jesus estava crescendo dia após dia. Ele foi batizado na Igreja de Amanuma e, na noite seguinte, ele e a esposa nos presentearam com um cartão de agradecimento pela nossa participação na conversão dele e expressando seu desejo de permanecer fiel a Deus, à Bíblia, ao cônjuge e à igreja. Louvamos a Deus pelo que Ele fez na vida de Norio e está fazendo em outras pessoas. Sua amiga excatólica, que havia sido criada em lar adventista, está continuando os estudos bíblicos e deseja ser rebatizada. Que privilégio ver o que a mensagem de Deus para o tempo do fim fará no coração das pessoas por meio do poder do Espírito Santo, à medida em que nos aproximamos do retorno de Cristo! Ellen White escreveu que “todo verdadeiro discípulo nasce no reino de Deus como missionário” (O Desejado de Todas as Nações, p. 195). Assim como fez a mulher samaritana, compartilhe as boas-novas da salvação de várias maneiras, em todo o tempo e em qualquer lugar. Maranata, Jesus está voltando! ]
COM AS PESSOAS, DEVEMOS SER PACIENTES E DEIXÁ-LAS FALAR EM VEZ DE DIZER-LHES
IMEDIATAMENTE O
QUE DEVEM SABER
TED WILSON é presidente mundial da Igreja Adventista. Você pode acompanhar o líder por meio das redes sociais: Twitter (@pastortedwilson) e Facebook (fb.com.br/ pastortedwilson)
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DEVOCIONAL
FOGO
DEUS ESCOLHE O QUE SERÁ NOSSA PROVAÇÃO, MAS CABE A NÓS ESCOLHER COMO LIDAR COM O SOFRIMENTO JULIE GUIRGIS
REFINADOR
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R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Setembro 2018
Foto: Blaze
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s dificuldades quase sempre nos frustram. Elas podem nos deixar irados com os outros e até com Deus. Muitas vezes nos sentimos vítimas. A dúvida e o desespero vêm em seguida. Raramente convivemos bem com os problemas. Isso acontece porque geralmente nos faltam recursos internos e forte determinação para lidar com eles; pois, se encarássemos as dificuldades, poderíamos aprender muito. Ao contrário do que vários pensam ou desejariam, é a adversidade, e não a prosperidade, que revela nossa essência. O sofrimento pode parecer sem sentido, mas a dor que Deus permite que sintamos na vida tem um propósito.
PROPÓSITO DO SOFRIMENTO O texto bíblico de Tiago nos diz que a prova da fé é a perseverança e que o resultado dessa perseverança é maturidade e integridade (Tg 1:2-4, NVI). A fala de Tiago pode soar como uma coisa de outro mundo e desconexa da realidade; porém, o que ele estava ensinando para seus leitores imediatos e futuros é que as provações podem ser encaradas como uma oportunidade de amadurecimento. A passagem citada nos chama a “considerar”, ou seja, pensar sobre algo ou respeitar a natureza de algo, com base em ponderação e comparação dos fatos. Em outras palavras, é um julgamento deliberado e cuidadoso decorrente de uma prova externa, não de um julgamento subjetivo referenciado apenas por sentimentos. As fortes emoções fazem parte de nossa reação ao problema, mas depois que a “poeira abaixa” é preciso analisar a situação a partir da perspectiva bíblica. Tiago escreveu que o propósito das provações é “testar nossa fé”. Não no sentido de que Deus espera de nós uma nota alta numa prova, mas de que Ele nos submete a um processo purificador, como na remoção das impurezas de um metal (1Pe 1:7). Entender isso nos ajuda a experimentar a alegria da qual a Bíblia fala, não como um otimismo natural ou pensamento positivo, mas como resultado da esperança nas promessas de Deus. Por meio do sofrimento existe o propósito de transformação do nosso caráter à semelhança do modelo de Cristo. Sobre esse processo vitalício, Ellen G. White, pioneira da igreja, escreveu: “As provações são essenciais para que sejamos aproximados do nosso Pai celestial, em submissão à Sua vontade, a fim de que possamos oferecer ao Senhor uma oferta em justiça. [...] O Senhor conduz Seus filhos sobre o mesmo terreno sempre e sempre, aumentando a pressão até que perfeita humildade preencha o coração e o caráter seja transformado; então são vitoriosos sobre o eu, ficam em harmonia com Cristo e com o Espírito do Céu. A purificação do povo de Deus
O sofrimento pode parecer sem sentido, mas a dor que Deus permite tem o propósito de purificar
R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Setembro 2018
não pode ser efetuada sem sofrimento. [...] Ele nos conduz de um fogo para outro, provando nosso verdadeiro valor” (Minha Consagração Hoje, p. 92). PROCESSO DE REFINAMENTO Observando mais de perto os estágios do processo de purificação de um metal, é possível aprender com cada uma dessas cinco etapas. Estágio 1: A quebra. Nos tempos bíblicos, o refinador começava quebrando as rochas rústicas que envolviam minerais comuns como estanho, cobre e zinco. No interior delas poderia haver metais valiosos; no entanto, esse material precisava ser quebrado a fim de ser exposto aos benefícios do calor.
Estágio 2: O crisol. O refinador colocava o minério esmiuçado num refratário capaz de resistir ao calor extremo da fornalha. As altas temperaturas ajudavam a melhorar a qualidade do material e evitar a contaminação por outros metais. Estágio 3: A escória. Sob o olhar atento do refinador, o minério era derretido no crisol, formando em sua superfície uma camada de impurezas chamada “escória”. Essa escória representa qualquer coisa que nos impeça de ser tudo o que Deus quer que sejamos. Estágio 4: O calor. À medida que a temperatura aumenta, o ourives retira cuidadosamente as impurezas do metal. O calor extremo faz com que elas subam para a superfície. Sem altas temperaturas certas impurezas não seriam eliminadas. Estágio 5: O reflexo. Toda vez que o refinador remove as impurezas com habilidade e paciência, o ouro brilhante e a prata reluzente são preservados e se tornam mais puros e preciosos do que antes. O ourives avalia o resultado do processo, observando a qualidade do reflexo da sua imagem na superfície do metal. Quanto mais livre de escória estiver o metal, melhor será a capacidade dele refletir a imagem. O propósito do calor utilizado por Deus não é nos destruir, mas refinar (Is 48:10). Não podemos falar que nos conhecemos direito até lidarmos com pressões e provações. Os tempos difíceis podem nos ensinar a perseverança. Quando tomamos tempo para nos aquietar e enfrentar as dificuldades diante de nós, descobrimos que elas não são um obstáculo, como pareciam, mas, de fato, um caminho para novas experiências. ] JULIE GUIRGIS é escritora freelance e mora em Sydney, na Austrália
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MINHA HISTÓRIA
O anjo da bicicleta A HISTÓRIA DA GAROTA QUE DESOBEDECEU AO PAI PARA VER OS LEÕES NO CIRCO, MAS SE PERDEU PELO CAMINHO
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DICK DUERKSEN
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ordem paterna. “Obrigada por trazer essa senhora até aqui, Carla”, disse a professora Norma, aconselhando que ela voltasse depressa para casa. “Não preciso”, Carla mentiu. “Papai disse que posso voltar pelo caminho mais longo, pelo meio da cidade.” ENCONTRO COM OS LEÕES O “caminho mais longo” por acaso era o que dava no circo itinerante, em volta do homem do balão, passando pelas pessoas que jogavam bolas nas marionetes, até o topo da colina onde estavam as jaulas dos leões. “Eu estava tão eufórica que quase perdi as moedas que tinha para pagar a entrada do circo”, confessou-me Carla. “As pessoas disseram que eram leões de verdade vindos diretamente da África!” R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Setembro 2018
Foto: Rikki Chan
arla estava perdida, tão perdida que nem reconheceu as árvores na beira da estrada. Tudo começou porque ela queria ver os leões e o circo, mas seu pai lhe havia dito não. “O circo não é um lugar apropriado para minha filha. Não é um bom lugar, e os leões podem machucar você”, justificou o pai. Aquela proibição tornou os leões ainda mais atrativos para Carla, e ela começou a imaginar maneiras de escapar de casa para ir ver os animais. No fim da manhã de domingo, chegou uma visita à sua casa e perguntou onde morava Norma. “A professora Norma se mudou, mas eu sei onde ela mora agora, papai”, interrompeu Carla, aproveitando a oportunidade. “Eu levo essa senhora lá.” O pai finalmente concordou, desde que Carla voltasse para casa logo em seguida. “Imediatamente!”, prometeu Carla. Dessa maneira, a garota saiu quase correndo para o outro lado da cidade, em direção à nova residência da professora Norma, enquanto aquela senhora visitante ia tropeçando atrás dela. Assim que cumpriu sua tarefa, Carla executou seu plano de desobedecer ao pai, de propósito e muito empolgada. Para ela, a atração pelos leões era muito mais forte que a
Atraída pelos felinos, Carla caminhou pelas tendas do circo até a placa que indicava os tais leões da África. “Quando cheguei perto da jaula, porém, fiquei desapontada”, disse Carla. “Os leões estavam sarnentos, feios e tão fedorentos que fiquei com medo de vomitar.” Carla saiu correndo de perto dos leões, passou pelo portão do circo e entrou na rua movimentada. Aquela era sua cidade. Ela conhecia muito bem todas as ruas, como se fosse o quintal de casa. Carla passou pela quitanda da esquina, um posto de gasolina e depois começou a vaguear perdida por uma parte da cidade que não conhecia. Por ficar lembrando dos leões fedorentos e pensar no castigo que receberia quando chegasse em casa, ela perdeu a noção de tempo e espaço. “Já haviam se passado várias horas depois do horário do almoço e o sol estava se pondo”, Carla seca seus olhos ao lembrar daquele dia. “No começo achei que fosse encontrar um ponto de referência logo na esquina seguinte. Então, concluí que estava totalmente, completamente e absolutamente perdida. Estava em apuros!” Carla fez uma pausa enquanto fechou os olhos e voltou o filme daquela experiência em sua memória. Com voz rouca, ela disse: “Sabe, na escola, a professora Norma estava tentando me ensinar como orar a Deus, especialmente quando estivesse com problemas. Mas eu não tinha aprendido ainda como reunir as palavras. No entanto, o que aprendi foram as palavras do Salmo 23. Assim, repeti aquelas frases várias vezes, esperando que Deus me ouvisse e soubesse do que estava precisando.” O SENHOR É MEU PASTOR “Eu caminhava por uma longa estrada de terra, com árvores altas e escuras dos dois lados, uma estrada que nunca tinha visto.” Enquanto caminhava, Carla orava: “O Senhor é meu Pastor e nada me faltará.” Ela estava com tanto medo que sentou-se numa pedra e chorou. Os soluços prometiam uma inundação, mas só provocaram tremores no seu corpo empoeirado. “De repente, senti a mão de alguém em meu ombro, a mão forte de um homem robusto. Olhei para cima, nos olhos dele e quis sentir medo. Mas, por algum motivo, não conseguia ter medo, só confiança.” O homem era gordo e forte, mas com um rosto gentil. Ele estava em pé com uma perna em cada lado da bicicleta. “Aquele homem robusto me levantou como uma mãe pega seu bebezinho”, disse Carla. “Então me colocou no guidão de sua bicicleta e começou a pedalar pela estrada. Eu senti seu peito respirando atrás de mim, uma respiração regular e poderosa fazendo com que me tornasse parte do seu coração. Mais em baixo, seus pés com sandálias giravam e giravam, como uma máquina humana levando-me cuidadosamente para um lugar seguro.” Carla se sentiu tão protegida que adormeceu na bicicleta, enquanto os pneus venciam a estrada de chão batido até o asfalto quebrado e, finalmente, o caminho de pedra até o quarteirão da casa da menina. “Ele me sacudiu para R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Setembro 2018
DE REPENTE, CARLA SENTIU A MÃO DE ALGUÉM EM SEU OMBRO. ELA OLHOU PARA CIMA ESPERANDO ENFRENTAR O MEDO, MAS, POR ALGUMA RAZÃO, SENTIU CONFIANÇA
eu acordar, me ajudou a descer na rua da minha casa. Naquele momento m i n ha mãe ol hou pela nossa porta da frente. Quando ela viu o homem forte me descendo da sua bicicleta, gritou para eu correr para ela. Eu corri. Mais rápido que um animal fugindo de um leão faminto. Corri tão rápido que me esqueci de virar para trás e agradecer o homem da bicicleta.” O ciclista esperou na esquina até que Carla alcançasse sua mãe. Então ele sorriu e virou pedalando calmamente, até que elas não mais puderam vê-lo. A mãe ouviu carinhosamente enquanto Carla contava a história de sua desobediência, de mentiras, dos leões fedidos, como se perdeu e do homem gentil da bicicleta. “Você aprendeu a lição, Carlinha?” Carla respondeu que sim, prometendo nunca mais mentir e sempre obedecer aos pais. “Então, venha aqui”, disse a mãe, chamando a filha para jantar. Enquanto Carla entrava em casa, a mãe permaneceu alguns minutos na varanda, olhando na direção onde viu o homem bondoso na sua bicicleta. Na direção do estranho com pernas ágeis e braços poderosos. Na direção do anjo que, por acaso, sabia onde encontrar uma garotinha perdida e levá-la para casa. ] DICK DUERKSEN é pastor e mora em Portland, Oregon, nos Estados Unidos
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VIDA ADVENTISTA
De volta às raízes PAI E FILHO REAFIRMAM VOCAÇÃO MISSIONÁRIA EM SÉRIE EVANGELÍSTICA NO JAPÃO SANDRA BLACKMER
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estava com três anos de idade, a família dele mudou-se para a Universidade Andrews (EUA). Da visita posterior que havia feito à sua terra natal aos nove anos de idade, Tim se lembrava apenas do jardim do avô. Ele voltou com o filho a essa propriedade onde hoje funciona um restaurante, mas em cujo quintal o jardim foi mantido. Max, que é editor e gerente de projetos de uma plataforma de treinamento da denominação na América do Norte (adventistlearningcommunity.com), classificou como “surreal” ter se conectado com as raízes da sua família. “Há tanta história que antecedeu minha chegada à nossa família!”, reconheceu ele ao refletir sobre as coisas que realmente valem na vida. Ele tem 28 anos, cursa mestrado em Teologia e deve seguir a vocação pastoral do avô. Max quer trabalhar como capelão universitário. Além de ter pregado em Okinawa, ele também tocou guitarra para se aproximar dos alunos no programa na escola.
Tim Aka e seu filho Max com Tsuyoshi Noha (ao centro), um dos anciãos da Igreja de Naha, em Okinawa. O patriarca da família Aka foi um dos pioneiros do adventismo na ilha japonesa
Ao pensar na vida do seu pai no período de escassez do pós-guerra, antes de conhecer o missionário adventista, Tim Aka reconhece o amor de Deus por sua família. “Deus buscou um jovem de 19 anos de idade em Okinawa tanto tempo atrás, e agora estou aqui trabalhando na sede mundial da igreja... Max, Sharon, minha esposa, e nossas duas filhas também são parte desta igreja. Essa é uma história sobre a graça de Deus e Seu maravilhoso cuidado para conosco”, conclui Tim Aka. ] SANDRA BLACKMER é editora-assistente da revista Adventist World
R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Setembro 2018
Foto: Arquivo pessoal
im e Max Aka, pai e filho que participaram da grande série de evangelismo realizada em maio no Japão, viajaram para Okinawa movidos pelo intenso desejo de compartilhar o evangelho num país de minoria cristã. “Meu pai foi o primeiro pastor adventista na ilha de Okinawa”, disse Tim, tesoureiro associado da sede mundial da Igreja Adventista que, junto com seu filho, passou três semanas pregando e dirigindo programas infantis numa escola. Quando ele soube da campanha evangelística no Japão, se voluntariou imediatamente e decidiu recrutar o filho. Em 1950, quando Koei, pai de Tim, estava com 19 anos de idade e estudava na Universidade Ryukyus, em Okinawa, foi contratado como tradutor por Ejler Jensen, um missionário adventista canadense, filho de dinamarqueses. Koei não estava familiarizado com o cristianismo e não tinha nenhum conhecimento bíblico, mas ajudou Jensen no evangelismo naquela cidade, e logo acabou sendo batizado na Igreja Adventista. Ele ajudou a organizar cinco congregações em Okinawa e a levantar recursos para a construção de um centro médico. Por ter se dedicado tanto ao estabelecimento do adventismo na ilha, Koei ainda é lembrado por alguns adventistas da região. Durante a série de maio, uma senhora de 101 anos que havia sido batizada pelo pastor Koei encontrou-se com o filho e o neto dele. Ela contou para Tim que o pai dele tinha viajado até uma aldeia remota da ilha para evangelizá-la. Foi um encontro regado por lágrimas. Embora tenha nascido no Japão, Tim Aka teve pouco contato com o país. Quando ele
DOM DE PROFECIA
Aprendendo a servir
AS ESCOLAS ADVENTISTAS FORAM ESTABELECIDAS PARA FORMAR MISSIONÁRIOS EM VÁRIAS FRENTES DE ATUAÇÃO ELLEN G. WHITE trabalho de nossos colégios e educandários deve ser fortalecido ano após ano. O tempo é curto. Em toda parte há necessidade de servidores para a causa de Cristo. Deveria haver cem trabalhadores diligentes e fiéis nos campos missionários nacionais e estrangeiros onde agora há somente um. Os caminhos e atalhos ainda não foram trabalhados. Urgentes incentivos devem ser apresentados aos que deviam estar agora empenhados em trabalho missionário para o Mestre. Os sinais que mostram que a vinda de Cristo está próxima se cumprem rapidamente. O Senhor convida nossos jovens a labutar como colportores e evangelistas, a realizar trabalho
Foto: Adobe Stock
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R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Setembro 2018
de casa em casa nos lugares que ainda não ouviram a verdade. […] O Senhor chama voluntários que se coloquem firmemente ao Seu lado e façam o voto de se unirem a Jesus de Nazaré, para fazer justamente o serviço que precisa ser feito agora, e exatamente agora! Os talentos do povo de Deus devem ser empregados em transmitir ao mundo a última mensagem de misericórdia. O Senhor pede que os que se acham ligados aos nossos sanatórios, casas publicadoras e outras instituições ensinem os jovens a efetuar trabalho evangelístico. […] Nossas escolas têm sido estabelecidas pelo Senhor e, se forem
dirigidas em harmonia com Seu propósito, os jovens a elas enviados serão preparados rapidamente para se empenharem nas diversas frentes da missão adventista. Alguns serão educados para entrar no campo como enfermeiros missionários, outros como colportores, evangelistas, professores e pastores evangélicos. […] Todos os nossos colégios e educandários denominacionais devem tomar providências para dar a seus alunos a educação essencial para se tornarem evangelistas e homens de negócios. […] Devem tomar providências para conduzir seus alunos ao necessário ponto de instrução literária e científica. Os missionários graduados em nossas escolas devem labutar como homens e mulheres que têm viva ligação com Deus. Devem aprender a entrar em contato com as pessoas onde elas estão. […] Cada um deles tem uma responsabilidade diante de Deus, e não devem ser arbitrariamente instruídos acerca do que têm de fazer, de dizer e aonde devem ir. Não devemos depositar a confiança no conselho de seres humanos e concordar com tudo o que dizem, a menos que tenhamos provas de que se acham sob a influência do Espírito de Deus. […] A mensagem da verdade presente deve preparar um povo para a vinda do Senhor. Compreendamos isso, e cheguem os que foram colocados em posições de responsabilidade a tal unidade que a missão avance firmemente. Aonde quer que nossos jovens forem enviados, eles devem abrigar no coração e na mente o temor e o amor de Deus. Que busquem diariamente instrução e orientação do Senhor. O texto acima foi extraído do livro Fundamentos da Educação Cristã, p. 488-490 e 529-531. ] ELLEN G. WHITE foi uma escritora norteamericana que, segundo os adventistas acreditam, exerceu o dom de profecia durante 70 anos
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PERSPECTIVA
COMEÇO DE UMA LONGA JORNADA
CREIO QUE UM DIA A TERRA DO SOL NASCENTE SERÁ ILUMINADA MAIS INTENSAMENTE PELO SOL DA JUSTIÇA DWIGHT K. NELSON
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TOMAMOS COMO PONTO DE PARTIDA PARA NOSSA SÉRIE O CONCEITO QUE OS JAPONESES CHAMAM DE WA, O PRINCÍPIO SAGRADO DA HARMONIA RELACIONAL NA SOCIEDADE E CULTURA Na campanha histórica realizada neste ano no Japão, fui o orador no Saniku Gakuin College, faculdade adventista que tem 200 alunos, sendo 70% deles não cristãos. Pense no desafio! Foi por isso que, em abril, a comunidade da Universidade Andrews (EUA), onde pastoreio a igreja do campus, se uniu para interceder e jejuar pela terra do sol nascente por 24 dias. Trinta intercessores oraram por nós no exato momento das pregações. Ministrei 11 temas, tentando apresentar as verdades mais significativas da Bíblia para aqueles 140 jovens não cristãos. Para contextualizar a abordagem, tomamos como ponto de partida o conceito
que os japoneses chamam de wa, o princípio sagrado da harmonia relacional na sociedade e na cultura. Assim, o tradutor Tadashi Yamagi e eu construímos nossa argumentação sobre esse princípio, ao desenvolver a série “O Criador de todas as coisas me ama e me quer bem”. O sincretismo xintoísta e budista incutiu no imaginário nacional uma imagem fraturada e assustadora dos deuses e dos espíritos dos ancestrais do povo. Nossa missão foi procurar neutralizar esse medo com a mensagem de harmonia proposta pela verdade da vida, morte, ressurreição e breve volta de Jesus. No fim, 27 pessoas indicaram num cartão de resposta (alguns anonimamente) seu desejo de seguir Jesus. Num país como o Japão, essas respostas anônimas costumam ser o primeiro passo importante de uma longa caminhada até o batismo. Porém, eu creio que um dia a terra do sol nascente será iluminada mais intensamente pelo Sol da Justiça (Ml 4:2; Mt 4:16). ] DWIGHT K. NELSON nasceu em Tóquio quando seus pais eram missionários no Japão. Há 36 anos é pastor da Pioneer Memorial Church, na Universidade Andrews (EUA)
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Foto: Dil Assi
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escritor cristão japonês Shusaku Endo invadiu o mundo literário com seu livro Silêncio, de 1966. A obra é uma releitura dramática da perseguição aos missionários jesuítas portugueses que trabalharam no Japão do século 17. O livro inspirou o filme de mesmo nome, de Martin Scorsese. Por muitos séculos, o país foi “sepultura de missionários”. Inclusive os adventistas têm lutado há 120 anos para se estabelecerem numa terra mantida sob as garras do xintoísmo e do budismo, e agora, mais recentemente, pela mentalidade consumista e secular ocidental. Portanto, para mim, foi um sinal de ousadia ter visto em janeiro o pastor Masumi Shimada, líder da Igreja Adventista no Japão, desafiar sua equipe a reverter o declínio do adventismo no país. O período pós-Segunda Guerra Mundial, em que missionários (inclusive meus pais) estabeleceram igrejas e centros evangelísticos nas cidades e aldeias japonesas, já está longe no passado. No período posterior a esse, o evangelismo público nos moldes ocidentais foi substituído por métodos mais sensíveis à cultura local. Porém, hoje uma observação que se faz é que em várias partes do globo nas quais a igreja abandonou sua proclamação pública das três mensagens angélicas (Ap 14:6-12), houve um declínio de seu número de membros.
NOVA GERAÇÃO
QUADRADO PERFEITO O
Foto: Arquivo pessoal
apito soa seis vezes e os desbravadores de 10 a 15 anos vêm correndo com seus conselheiros para formar um quadrado perfeito com 140 pessoas. Todos sabem o que fazer, onde ficar e como se apresentar. Já vi essa cena em todos os clubes dos quais participei desde os 4 anos de idade. Eles podem se reunir até em países diferentes, mas a ordem e os objetivos claros e nobres são os mesmos ao redor do mundo. Perdi a conta de quantas vezes amarrei o lenço amarelo, mas não de quantas Deus me ensinou sobre Seu amor por meio desse ministério. Atualmente, sirvo como uma das capelãs do maior clube de desbravadores da Argentina, na pequena cidade de Libertador San Martin. Fundado em 1960, o Clube CCC foi a primeira agremiação de desbravadores da Argentina. Benei Elohim, por sua vez, começou a funcionar neste ano. Porém, em março, ambos os grupos se reuniram num anfiteatro ao ar livre a fim de orar para que nosso pequeno município se volte para Deus. Poucos ministérios atraem tanto os jovens como o clube de desbravadores. Os objetivos dessa agremiação vão além de adquirir novos distintivos;
MUITOS DESSES ADOLESCENTES VÊM DE LARES DESFEITOS, MAS, POR MEIO DA CONVIVÊNCIA, ELES TÊM A CHANCE DE PERTENCER À FAMÍLIA DE CRISTO R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Setembro 2018
VER OS DESBRAVADORES EM ORDEM UNIDA ME FAZ PENSAR NO ENCONTRO COM O GRANDE LÍDER DO EXÉRCITO DE DEUS CAROLINA RAMOS
eles têm que ver com a preparação de futuros líderes e adventistas que sejam comprometidos com a igreja e a esperança na volta de Jesus. Muitos desses adolescentes vêm de lares desfeitos, mas, por meio da convivência em suas unidades, eles têm a chance de pertencer à família de Cristo. Por isso, meu trabalho com eles vai além das atividades aos domingos. Todos os dias oro por meus desbravadores e procuro manter contato com eles durante toda a semana. Confesso que muitas vezes me sinto despreparada para esse grande desafio, mas Deus constantemente tem me lembrado de que, no fim das contas, o que faz a diferença mesmo é o poder Dele, e não minhas limitações. É por essa razão que, apesar de ser importante e motivador, conquistar especialidades, completar classes avançadas e preencher os requisitos dos camporis não são um fim em si mesmo, e sim uma forma de “salvar do pecado e guiar no serviço”. Quando vejo adolescentes acordando cedo aos domingos ou durante os acampamentos e iniciando seu dia lendo a Bíblia e orando, sou lembrada de que esse não é um comportamento típico dos jovens. E, quando vejo esse grupo sendo treinado para pregar o evangelho, penso naquele exército de jovens, bem preparado e a serviço de Deus, que Ellen White descreveu proclamando com rapidez a mensagem de que o Salvador logo virá (Educação, p. 271). Onde quer que você esteja, participe desse ministério! Se necessário, seja o fundador de um clube. Deus o capacitará. São as horas voluntárias de serviço genuíno pelos jovens que os fazem se sentir mais valorizados. Imagine que um dia não usaremos mais uniformes, mas túnicas brancas; não faixas, mas coroas; não distintivos, mas pedras preciosas; e o Líder Master nos chamará para formar um quadrado perfeito com os redimidos. Desejo muito estar lá! ] CAROLINA RAMOS estuda tradução, ensino de inglês e educação musical na Universidade Adventista del Plata, na Argentina. Ela é apaixonada por seu ministério com crianças e adolescentes
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PRIMEIROS PASSOS
A HISTÓRIA DA IGREJA QUE NÃO TINHA DINHEIRO PARA CONSERTAR UM CANO SUBTERRÂNEO DE ÁGUA ANDREW MCCHESNEY
uanto normalmente custa a conta de água da sua casa? O valor varia de família para família, mas, se for a conta de uma igreja, escola ou hospital, certamente será mais alto. O problema é quando o valor vem o dobro do esperado. Foi isso o que assustou os líderes da Igreja de Amanuma, em Tóquio, no Japão. Nesse caso, os adventistas entraram em contato com a companhia de água e descobriram que a culpa era de um cano subterrâneo quebrado. A tubulação não tinha mais conserto e os membros foram aconselhados a substituir o cano por outro na superfície. Detalhe: a obra ficaria em 7 milhões de yens, ou 70 mil dólares, cerca de 280 mil reais. Ninguém ali tinha tanto dinheiro. A igreja já tinha muitas depesas e o orçamento estava previsto para outros projetos. Por isso, essa situação estressou todos. A solução que encontraram foi orar pelo conserto do cano. Imediatamente depois de orar, o pastor associado da igreja precisou ir ao seu escritório, que fica ao lado do templo, no Hospital Adventista de Tóquio. Ali, sobre sua mesa, ele encontrou 3 milhões de yens em dinheiro! De onde teria vindo?
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ANDREW MCCHESNEY é jornalista e viaja o mundo a fim de descobrir e contar histórias para o site adventistmission.org
“O meu Deus suprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus” (Fp 4:19, NVI).
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Ilustração: Xuan Le
QUANDO DEUS PAGOU UMA CONTA ENORME
No sábado seguinte, o problema do cano foi compartilhado com a congregação. O pastor associado também falou sobre o aparecimento milagroso daquela quantia sobre sua escrivaninha, e pediu outras contribuições. Mais tarde, quando a oferta foi recolhida, encontraram uma surpresa na salva: um envelope com um milhão de yens! Mais uma vez o grupo se perguntou sobre quem teria doado aquele dinheiro. Os líderes da igreja descobriram quem era o doador e fizeram questão de informá-lo a respeito de como o dinheiro seria usado. Seja como for, era uma grande doação. Posteriormente, uma senhora bondosa contou à igreja algo surpreendente: “Tive um sonho nesta noite e no sonho alguém me disse que fizesse uma doação para uma igreja cristã. Mas eu não sou cristã nem conheço uma igreja cristã. Assim, procurei por uma igreja e encontrei várias.” Depois daquele sábado, a senhora gentil nunca mais foi vista. Os líderes da igreja também nunca souberam quem enviou a doação de 3 milhões de yens; porém, por causa desses milagres, o cano foi consertado e foram pagas outras despesas da igreja. Quem poderia ter doado tanto dinheiro para aquela igreja sem recursos? Nós sabemos quem. A mesma Pessoa que sempre cuida de todas as nossas necessidades. Que tal confiar Nele? ]
BEM-ESTAR
O ZUMBIDO ATINGE 25% DA POPULAÇÃO ACIMA DE 18 ANOS, TEM SE TORNADO MAIS FREQUENTE ENTRE OS JOVENS, PORÉM AINDA É MAIS COMUM À MEDIDA QUE SE CHEGA PERTO DOS 60 ANOS
ZUMBIDO NO OUVIDO ALÉM DO INCÔMODO, ESSE PROBLEMA PODE AFETAR A AUDIÇÃO, MAS O TRATAMENTO CERTO COSTUMA ELIMINAR OU DIMINUIR OS SINTOMAS PETER N. LANDLESS E ZENO L. CHARLES-MARCEL
Foto: Jd Mason
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tinido ou zumbido é a sensação de um som que pa rece estar vindo de dentro do corpo, e não do ambiente. A impressão que se tem é de que o barulho está nascendo na cabeça da pessoa, o que na realidade é verdade. O zumbido pode ser percebido em apenas um ou nos dois ouvidos, às vezes com mais intensidade de um lado do que do outro. O som é descrito de várias maneiras: semelhante a campainha, zumbido, assobio e até um rugido. Alguns dizem que o som se assemelha ao barulho das cigarras. Seja como for, o tinido é uma doença comum que ocorre em até 25% da população acima de 18 anos. É mais frequente à medida que envelhecemos e chegamos perto dos 60. Vale notar que, nos últimos dez anos, o zumbido tem afetado
mais jovens, provavelmente por causa da crescente exposição aos ruídos urbanos e à música em alto volume, além do uso generalizado de fones de ouvido por longo período. Muitas das pessoas afetadas pelo zumbido apresentam certa perda de audição. Felizmente, apenas uma pequena porcentagem delas classifica seu zumbido como tão perturbador a ponto de interferir no trabalho e no cotidiano. E, na metade dos casos, a tendência é que o desconforto melhore com o tempo. O zumbido pode estar relacionado a infeções no ouvido médio ou até cera no canal auditivo, próximo ao tímpano. Uma vez tratado o problema, tanto a audição como o desconforto do zumbido melhoram. Porém, como orientação geral, é necessária a avaliação de um
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profissional de saúde. A análise da história do paciente e o exame clínico ajudarão no processo de identificação das causas do problema. Se o zumbido ou a diminuição da audição estiver mais presente em um ouvido do que no outro, ou se houver sinais de lesão no sistema nervoso, são indicados os exames de imagem. Por sua vez, a audiometria (teste de audição) é recomendada nos casos em que o zumbido está presente em apenas um lado, se o problema está ocorrendo há seis meses ou mais e se há dificuldade para ouvir. Vários estudos sobre medicações específicas para essa doença, como o uso de antidepressivos ou de suplementos, como o ginkgo biloba, não se mostraram efetivos no tratamento do zumbido. Se há perda auditiva, os aparelhos auditivos podem ajudar tanto na recuperação da audição quanto na redução do zumbido. Se o tinido estiver associado ao estresse e distúrbio do humor, um especialista bem informado pode indicar um serviço que ajude o paciente a enfrentar os desafios da doença. Seja qual for o problema de saúde a ser enfrentado, devemos orar para que, mesmo na doença, possamos ouvir a voz de Deus. ] PETER LANDLESS é cardiologista e diretor do Ministério da Saúde da sede mundial adventista em Silver Spring, Maryland (EUA); ZENO CHARLES-MARCEL é clínico geral e diretor associado desse mesmo ministério
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BOA PERGUNTA
ALGUNS MEMBROS DA IGREJA NÃO PARTICIPAM DA CERIMÔNIA DO LAVA-PÉS E DA SANTA CEIA. O QUE PODE SER DITO PARA ELES? ÁNGEL MANUEL RODRÍGUEZ
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rovavelmente haja vários motivos para não participar nas ordenanças do Senhor, mas certamente a falta de compreensão sobre a importância desse rito é uma delas. Pensemos um pouco sobre isso. 1. Cerimônia do lava-pés. Quando Jesus lavou os pés dos discípulos, estava demonstrando o propósito do Seu ministério: Ele veio não para ser servido, mas para servir (Mc 10:45). Cristo nunca teve preocupações egoístas. Ele foi movido pelo serviço desinteressado pelos outros. Por meio de Seu exemplo, Jesus apelou para que os discípulos deixassem o egoísmo e se tornassem semelhantes a Ele. Afinal, os discípulos não eram maiores do que o Mestre (Jo 13:16). Quando realizamos essa cerimônia, o Espírito Santo trabalha de forma especial para nos lembrar do exemplo abnegado do Mestre, e nos conceder a certeza absoluta do perdão dos nossos pecados (Jo 16:8). De acordo com Jesus, os que participam do lava-pés já foram purificados e precisam apenas lavar os pés e não o corpo inteiro, como no batismo (Jo 13:10; 15:3). Já foram cobertos pela justiça imputada de Cristo; por isso, durante a cerimônia, essa experiência inicial da vida cristã é estendida para os pecados cometidos após o batismo. Essa cerimônia importante fortalece a moralidade e a espiritualidade dos crentes e os une no serviço uns pelos outros e pelo Salvador. 2. A ceia do Senhor. Esse é o memorial do sofrimento e da morte sacrifical de Cristo. Costumamos viver imersos nas preocupações diárias, sem atentar para a dimensão espiritual da existência. Porém,
ÁNGEL MANUEL RODRÍGUEZ, pastor, professor e teólogo aposentado, foi diretor do Instituto de Pesquisa Bíblica
NÃO PARTICIPAR DAS ORDENANÇAS PODE DEMONSTRAR DESINTERESSE EM VIVER ETERNAMENTE COM CRISTO
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Foto: Adobe Stock
UM LUGAR À MESA DO SENHOR
Jesus Se recusou a ser esquecido. Se devidamente seguida, essa ordenança mantém viva em nossa mente a imensidão do sacrifício Dele, gerando em nós profunda gratidão. Afinal, sem o sacrifício de Cristo não haveria futuro para a humanidade. Isso explica também a relação dessa cerimônia com a segunda vinda de Cristo. Do alto da cruz, olhamos para a frente, para o mais glorioso futuro. Porém, enquanto aguardamos Seu retorno, devemos experimentar repetidas vezes a eficácia de Seu sacrifício. Ao meditarmos no Calvário, e não em nossas imperfeições nem nas falhas alheias, é possível aprofundar nossa comunhão com Ele. Precisamos passar mais tempo contemplando a insondável obra de expiação na cruz, e a ceia do Senhor é uma oportunidade para vivenciar isso, individual e coletivamente, em unidade de fé e amor. 3. Ordenanças. A participação no lava-pés e na Santa Ceia não é opcional para os crentes, porque os textos bíblicos apresentam essa ordenança no tom imperativo (1Co 11:24, 25; Jo 13:15). Essa ordem requer que imitemos o exemplo de Cristo. Não participar das ordenanças pode demonstrar desinteresse em viver eternamente com Ele (Jo 13:8). Portanto, trata-se de um assunto muito sério. Assim como a guarda do sábado é um mandamento que serve de memorial da criação, as ordenanças do lava-pés e da ceia nos lembram do sacrifício e da esperança no retorno de Cristo, convidando todos nós, que ainda somos pecadores, a nos assentarmos à mesa do Senhor para contemplar Sua graça e beleza. ]
RETRATOS
Série evangelística histórica no Japão teve 161 pontos de pregação, incluindo as comunidades de fala portuguesa. O pastor brasileiro Almir Marroni, diretor do Ministério de Publicações da sede mundial adventista, pregou numa igreja de imigrantes em Yaizu. Cerca de 200 mil brasileiros vivem nesse país asiático Foto: Tetsu Ohguro
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INTERNACIONAL
IGREJA NO PORÃO
O local que serviu de esconderijo para judeus durante a Segunda Guerra Mundial e foi transformado em centro comunitário adventista na Hungria KRISZTINA SÁNDOR E BOLDIZSÁR ÓCSAI
m dos pontos turísticos bastante visitados em Budapeste, capital da Hungria, é o Holocaust Memorial Center. Ali é contada a história de perseguição aos judeus no país durante a Segunda Guerra Mundial. O acervo chama a atenção especialmente para o fato de aproximadamente 500 mil pessoas terem sido deportadas e mortas nos campos de concentração. Às margens do rio Danúbio, outro memorial relembra igualmente a crueldade com que foi tratado esse grupo após a invasão nazista em 1944. Idealizado por um diretor de cinema húngaro, o monumento “Shoes on the Danube” apresenta dezenas de pares de sapatos esculpidos em metal, em homenagem às famílias judias que foram obrigadas a se despir antes de ser fuziladas.
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Naquela época, alguns sobreviventes foram obrigados a viver em guetos ou buscaram refúgio em esconderijos. Mais de 70 anos depois, um dos locais usados para abrigar dezenas de judeus das forças de ocupação na Hungria tornou-se um centro em que os jovens adventistas e seus amigos podem se encontrar, estudar e brincar. O Duna Youth Center (Centro Jovem Duna) abriu as portas na rua Székely Bertalan, em Budapeste, no mês de maio. Aproximadamente 30 jovens compareceram à inauguração e ficaram muito felizes com a oportunidade de ver um antigo sonho realizado. Por muitos anos, a igreja nessa região sonhou em ter um lugar na capital onde os jovens pudessem se encontrar para conversar, ler e participar de atividades recreativas. “Para todos nós, é uma grande alegria ver o centro jovem finalmente inaugurado”, disseram os líderes locais na ocasião. Além da ligação histórica, esse não será um porão qualquer, conforme destacou Erno Osz-Farkas, presidente de uma das sedes administrativas da igreja na região. “Geralmente, colocamos no porão o que desejamos esquecer ou jogar fora, mas o objetivo desse lugar é exatamente o contrário. Não vamos colocar aqui as coisas que queremos esquecer, e sim o que queremos guardar”, ressaltou. Em uma placa, fixada acima da porta de entrada do centro comunitário, pode-se ler sobre o grande número de judeus que foram salvos naquele basement. “Gostaríamos de continuar a tradição fazendo deste porão um santuário para todo jovem que precisa de um pouco de tranquilidade, descanso, regeneração espiritual e boa companhia”, ele sublinhou. Osz-Farkas acredita que esse espaço será um local em que a juventude húngara se sentirá à vontade para compartilhar experiências, se descontrair e ouvir a Palavra de Deus. O centro jovem está aberto todas as tardes e noites da semana, das 16h às 22h (aos sábados, até meia-noite). Visitantes são bem-vindos, especialmente os que querem aprender e descansar. O plano é que ali sejam organizadas atividades artísticas e recreativas para o público em geral, atraindo assim também os jovens que não são da igreja. ] KRISZTINA SÁNDOR e BOLDIZSÁR ÓCSAI são colaboradores da Divisão Transeuropeia
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Foto: Divisão Transeuropeia
Além de ser um ponto de encontro da juventude adventista, a ideia é que as ações no antigo porão abram as portas para que outras pessoas conheçam nossa mensagem
MISSÃO
Seguindo a fórmula deste ano, o GAIN 2019 vai ser realizado nos dias 20 a 24 de fevereiro na Jordânia, e os participantes terão a oportunidade de ter contato com o trabalho assistencial da ADRA no Oriente Médio
ENCONTRO DE CULTURAS
Congresso reuniu 4 mil missionários asiáticos e 250 comunicadores de 39 países em uma cidade sul-coreana que fica a 25 km da Coreia do Norte MÁRCIO BASSO GOMES
magine quatro mil pessoas de 40 países reunidas no mesmo lugar, participando de refeições juntas e trocando experiências. Foi isso que aconteceu nos dias 8 a 11 de agosto na Coreia do Sul, onde dois eventos realizados simultaneamente pela igreja colocaram missionários asiáticos que estão na linha de frente em contato com um grupo de 250 comunicadores que têm buscado novas formas de divulgar o evangelho.
Foto: Márcio Basso Gomes
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O ponto de encontro dos participantes do Congresso Internacional de Missão da Divisão do Pacífico Norte-Asiático e do GAiN (Global Adventist Internet Network) foi um centro de convenções em Goyang, cidade que fica a apenas 20 minutos da capital, Seul, e a 25 km da Zona Desmilitarizada da Coreia, área que separa as irmãs do norte e do sul. A Coreia do Sul fabrica boa parte do que consome (de brinquedos a ônibus), exporta tecnologia de ponta (robótica e telefonia celular) e promove a liberdade e o convívio pacífico entre religiões. Imersos nesse ambiente tecnológico, os participantes se inspiraram
em histórias do passado e do presente. Usando recursos como um telão de LED de 61 metros de comprimento e resolução 12K, coreografias e performances musicais, a programação apresentou histórias como a do americano Abram La Rue, pioneiro do adventismo na Ásia que chegou a Hong Kong em 1888, aos 65 anos de idade. Por mais de uma década, o marinheiro aposentado trabalhou sem ver resultados. Porém, em 1902 o campo missionário recebeu reforço com a chegada de J. N. Anderson, enviado oficialmente pela igreja. No primeiro batismo, realizado alguns anos depois, apenas nove
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pessoas desceram às águas, mas graças ao esforço desses missionários hoje a igreja no território da Divisão do Pacífico Norte-Asiático tem mais de 700 mil adventistas. Assim como La Rue e Anderson deram a vida pelos asiáticos, orientais como o pastor coreano Young Bae Ji, que morreu de febre amarela no Brasil no começo do ano e foi homenageado na abertura do GAiN, deram a vida pelos ocidentais. O Congresso Internacional de Missão buscou motivar e preparar uma nova geração para pregar a 1,6 bilhão de pessoas que fazem parte da maior região administrativa adventista (Pacífico Norte-Asiático) em número de habitantes. Para tanto, o encontro recebeu cerca de 170 líderes da sede mundial da denominação e de campos locais, que participaram ativamente ministrando seminários e capacitações. Paralelamente, estandes de 80 organizações e empresas ligadas à missão equiparam os fiéis. Por sua vez, o GAiN, além de colocar comunicadores em contato com a realidade regional, o que envolveu aprendizado sobre disciplina, tecnologia e culinária (da qual fazem parte o arroz sem sal, alga, tofu e kimchi, acelga fermentada com pimenta e alho), ofereceu treinamento em áreas como inteligência artificial, “igrejas virtuais” e mangás evangelísticos. “Há cinco anos, tive o privilégio de participar de um congresso de missão na Ásia e isso me levou a sonhar com um encontro de comunicação que acontecesse junto com esse evento”, conta o pastor Williams Costa Jr., diretor mundial de comunicação da Igreja Adventista do Sétimo Dia. ] MÁRCIO BASSO GOMES é jornalista
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EDUCAÇÃO
Primeiro internato adventista no país asiático será construído com parte das doações recolhidas até o fim de setembro LISANDRO STAUT
la é conhecida como a “terra do eterno céu azul” e uma das poucas culturas nômades remanescentes no mundo. Estima-se que 30 a 40% da sua população de 3 milhões de pessoas vivam sem endereço fixo, cuidando de rebanhos. Ali, os que não dependem da atividade agropastoril moram na movimentada e poluída capital Ulan Bator, a mais fria do mundo. Essa é a Mongólia, uma nação asiática em que o adventismo escreve uma bonita história contando com fortes laços com o Brasil. Os cinco projetos especiais para as ofertas missionárias deste trimestre têm o objetivo de ajudar a missão adventista na Divisão do Pacífico Norte-Asiático, região que inclui Mongólia, China, Japão, Coreia do Norte e do Sul e Taiwan, e onde vivem 1,6 bilhão de pessoas, sendo apenas 3% cristãos. As doações do mundo todo ajudarão na construção do primeiro internato adventista do país, que está sendo erguido num terreno de 60 mil m2, a cerca de 56 km da capital. Refeitório, dormitórios e quadras do internato estão prontos e custaram 700 mil dólares. Outros
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400 mil dólares são necessários para construir as salas de aula e administrativas. “O custo para se construir na Ásia é bem maior do que na África, por exemplo. Boa parte das nossas despesas até aqui foi com infraestrutura: aquecimento, água e energia elétrica. Temos usado contêiners revestidos para fazer os prédios e diminuir despesas também”, justifica o pastor Diogo Santos, que há pouco mais de um ano serve como missionário na Mongólia. Ele adianta que o internato deve ser inaugurado em meados de 2019 com 84 alunos. O sonho é que, em cinco anos, a instituição chegue a 500 estudantes e talvez ofereça o ensino superior. Em curto prazo, porém, a ADRA pretende estabelecer uma fazenda-protótipo num terreno vizinho ao do internato para atender a população carente e os alunos do colégio. Diogo é o vice-diretor de Tusgal, a única escola da denominação no país. Foi aberta em 2009 com quatro professores e 14 alunos. Hoje, a unidade tem 30 professores e funcionários e 147 alunos, sendo 35% adventistas. Ele vê com otimismo o futuro da educação adventista na Mongólia. “Os alunos do internato vão ficar longe da poluição da capital, da violência doméstica, do álcool e do cigarro. Morando cercados pela natureza, esses adolescentes aprenderão os princípios bíblicos que podem mudar a vida deles”, reflete, ecoando o sonho de outros que passaram por lá. Missionários russos iniciaram a pregação da mensagem adventista na Mongólia em 1926. Contudo, os adventistas retornaram ao país depois do fim do regime comunista, em 1991. O pastor Elbert Kuhn, que coordena o Serviço Voluntário Adventista na sede mundial da igreja, dedicou uma década como missionário no país. Desde então, a sede sulamericana da igreja tem patrocinado o envio de missionários para lá. Rodrigo Assi trabalhou dois anos no país e hoje, além do pastor Diogo Santos, atuam ali o pastor Yure Gramacho e a voluntária Milena Mendes. ] LISANDRO STAUT é jornalista e mestrando em Teologia na Universidade Andrews (EUA)
O colégio está sendo construído a 56 km da capital Ulan Bator, numa área de 60 mil m2. Se as ofertas missionárias forem generosas, o internato poderá ser aberto em meados de 2019 com 84 alunos 40
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Foto: Associação da Mongólia da IASD
OFERTAS PARA A MONGÓLIA
CELEBRAÇÃO A fazenda de laranjas se tornou um centro universitário nota 5 no MEC e com o maior internato do Brasil: 2 mil alunos residentes. O desafio agora é investir em pesquisa acadêmica
35 ANOS DEPOIS
Unasp, campus Engenheiro Coelho, relembra o início desafiador, avalia sua influência na igreja e comemora a nota máxima do MEC MAIRON HOTHON
lugar era conhecido por ser uma fazenda de laranjas a 165 km de São Paulo. Com ruas de barro e difícil acesso, abrir um campus do então Instituto Adventista de Ensino (IAE) no interior foi a saída para minimizar a perda de terreno que houve no campus da capital, por causa da grande desapropriação realizada pela prefeitura paulistana no início da década de 1980.
Foto: Fábrica Visual do Unasp-EC
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De 1983, quando a Igreja Adventista comprou a fazenda no bairro Lagoa Bonita, até hoje, a instituição se tornou o maior internato do Brasil, com 5 mil alunos, sendo 2 mil deles internos; e um dos centros universitários mais bem avaliados pelo MEC, transformando-se num polo de ciências humanas e engenharias. “Gosto muito de conversar com aqueles que viveram os primeiros desafios desta instituição, os sonhos que eles tiveram sobre este R e v i s t a A d ve n t i s t a // Setembro 2018
lugar e que hoje se concretizam. Para uma instituição universitária, completar 35 anos é pouco tempo, mas já podemos celebrar nossa maturidade em várias áreas, como na música, nos eventos, nas estratégias missionárias e em programas de voluntariado”, avalia o pastor Paulo Martini, diretor-geral da instituição desde 2004. Em 2018, as celebrações ocorreram ao longo do ano e tiveram como destaque o lançamento do DVD do grupo Novo Tom, do
aplicativo Vitrine Unasp, que reúne toda a produção musical e de conteúdo do campus, concertos musicais e a apresentação do cantor Steven Green, nos dias 11 e 12 de agosto. Ele, que havia cantado no 15º aniversário do campus, voltou ao Brasil para a comemoração dos 35 anos da instituição (leia a entrevista na página 6). Por ser um dos principais polos difusores da música e da teologia da igreja no Brasil, pelas alamedas do campus passaram muitos alunos que hoje influenciam o adventismo no país. O pastor Odaílson Fonseca é um deles. Ele já trabalhou como líder de jovens nas regiões Sul e Nordeste do Brasil, foi diretor da TV Novo Tempo e agora é o diretor do departamento de comunicação da sede paulista da igreja. Para Odaílson, a influência positiva do Unasp é multiplicada pela atuação de seus ex-alunos. Atualmente, o Unasp campus Engenheiro Coelho oferece 16 cursos de graduação, com abertura de quatro novos para 2019 (Psicologia, Veterinária, Farmácia e Odontologia), 22 cursos de pós-graduação e MBAs, um mestrado profissional em Educação, além do ensino básico e médio. Em agosto, o centro universitário recebeu a nota máxima do MEC, classificando a instituição como uma das melhores do país. “Nosso desafio agora é investir ainda mais em projetos de pesquisa, extensão, em infraestrutura e na abertura de programas de mestrado e doutorado. Todo esse esforço é para receber jovens e instruí-los de forma integral, formando profissionais preparados e fiéis a Deus”, finaliza Martin Kuhn, reitor do Unasp. ] MAIRON HOTHON é jornalista e assessor de comunicação da reitoria do Unasp
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JUVENTUDE
CONGRESSO MUNDIAL
Líderes de jovens se encontram na Alemanha para compartilhar ideias e pensar em uma igreja mais relevante para as novas gerações ADRIANO LUZ
m 1969, a arena Hallenstadion, em Zurique (Suíça), foi palco do primeiro congresso mundial de jovens adventistas, que recebeu cerca de 10 mil pessoas. Reunir pessoas de todas as partes do planeta continua sendo um grande desafio. Mas a cada cinco anos a igreja faz desse investimento uma prioridade, tendo em vista a importância que tem dado às novas gerações. Em 2018, Kassel, na Alemanha, foi a cidade escolhida para sediar o Congresso Mundial de Líderes de Jovens, realizado nos dias 31 de julho a 4 de agosto.
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Com uma das maiores delegações, a Divisão Sul-Americana enviou para o evento 270 líderes do Ministério Jovem, Desbravadores e Aventureiros de oitos países do subcontinente. “Além do intercâmbio de ideias, planos e projetos, os congressos mundiais permitem que tenhamos uma percepção mais ampla da igreja ao redor do mundo, do que está dando certo e do que não está funcionando”, afirma o pastor Carlos Campitelli, líder sul-americano. Durante cinco dias, vários palestrantes chamaram a atenção para a 42
realidade do mundo e as necessidades da igreja. Fazendo uma alusão ao muro de Berlim, que separou pessoas de uma mesma nação, David Asscherick, pastor da Igreja Adventista de Kingscliff, na Austrália, ressaltou que nossos esforços devem ser voltados para a construção de pontes e não de muros. Por sua vez, Ty Gibson, um dos diretores do Light Bearers Ministry (Ministério dos Portadores da Luz), refletiu sobre as implicações de algumas mudanças de paradigma. Ele considerou que a forma de consumir e processar informações
não é a mesma de décadas atrás, o que provocou reações aos esforços evangelísticos tradicionais. Para Gibson, o sistema fundamentado na autoridade deu lugar a um sistema com base em informações. “As pessoas costumavam responder a uma figura autoritária com um livro autoritativo citando palavras autoritativas. No entanto, à medida que mais informações se tornaram universalmente disponíveis, as pessoas mudaram para um sistema em que as informações coletadas se tornaram a nova norma para o processamento da realidade”, observou. Considerando essas e outras transformações na cultura e na sociedade, bem como seus reflexos na igreja, os líderes foram desafiados a buscar novas maneiras de envolver a juventude. Como foi enfatizado no congresso, as igrejas locais devem ser “incubadoras de criatividade”, oferecendo espaço para novos métodos e participação das novas gerações. “Os jovens formarão o maior poder para proclamar a Palavra de Deus para este mundo”, enfatizou o pastor Ted Wilson, líder mundial da igreja, no sermão de encerramento. A grande expectativa da igreja em relação ao encontro é que ele ecoe na igreja local. “A congregação local tem que ser o alvo principal de transformação. O jovem tem que voltar cheio do Espírito Santo para mudar sua realidade”, expressou Gary Blanchard, líder mundial do Ministério Jovem. Além de inspirar, o objetivo do congresso também foi equipar. Para tanto, foi lançada durante o evento a nova versão da Bíblia Para Jovens, disponível apenas em espanhol e inglês, que traz códigos QR para facilitar a busca digital sobre o assunto estudado. ] ADRIANO LUZ, pastor e jornalista, é líder de jovens da Associação Paulista Sudeste
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Foto: Adriano Luz
Realizado num centro de eventos de Kassel, na Alemanha, o congresso mundial deste ano reuniu 1,6 mil participantes
MEMÓRIA Adelaide Afonso Muniz, aos 94 anos, de morte natural. Batizada pelo missionário norte-americano Leo Halliwel em Maués (AM), em 1937, foi uma das primeiras pessoas a aceitar a mensagem adventista no Amazonas. Por 80 anos viveu com base na esperança da volta de Jesus. Deixa 11 filhos (dois adotivos), 36 netos, 45 bisnetos e três trinetos. Conceição Aparecida de Carvalho, aos 90 anos, em Ribeirão Preto (SP), de falência de múltiplos órgãos. Batizada havia 17 anos, serviu como diaconisa na Igreja Central, de Jardim Centenário e do Parque dos Servidores. Viúva, deixa quatro filhos, oito netos e três bisnetas. Edicleia Gomes Gaya, em Itararé (SP), vítima de falência de múltiplos órgãos e diabetes. Apreciava cantar em coral. Solteira, deixa familiares. Elimar Friedhelm Gruber, aos 76 anos, em Londrina (PR), vítima de linfoma não Hodgkin. Nascido em lar adventista, era membro da Igreja de Jardim do Sol, onde trabalhou como diácono. Eletricista profissional, ajudou a fazer a instalação elétrica de vários templos. Deixa a esposa, Marlene, cinco filhos, seis netos e dois bisnetos.
Esther Dalmann, aos 80 anos, vítima de mal de Parkinson e Alzheimer. Foi fiel membro da Igreja do Córrego da Divisa, em São Domingos do Norte (ES), onde serviu como tesoureira, secretária da Escola Sabatina e da igreja, além de diaconisa. Solteira, deixa uma irmã e sobrinhos. Florentina Rogge Westphal, aos 67 anos, em São Domingos do Norte (ES), vítima de infarto. Nascida em lar adventista, serviu no ministério infantil por 42 anos. Deixa o esposo e familiares. Ismael Alexandrino de Melo, aos 90 anos, em Hortolândia (SP), vítima de AVC. Nascido em lar adventista, foi colportor na antiga Associação Rio-Minas. Era membro da Igreja do Colégio Adventista de Hortolândia. Viúvo, deixa quatro filhos, oito netos e dois bisnetos. Hilda Kuster Wagemuckes, aos 87 anos, em São Domingos do Norte (ES), vítima de infarto. Nascida em lar adventista, foi fiel dizimista e colaboradora da Rede Novo Tempo de Comunicação por meio do projeto Anjos da Esperança. Deixa filhos, netos e bisnetos. Jovino Antônio, 89 anos, em Londrina (PR), vítima de doença pulmonar obstrutiva. Funcionário público aposentado, foi assis-
tente técnico e delegado na Secretaria de Estado das Finanças, em Curitiba (PR). Foi batizado em 1995, após tomar a decisão de seguir Jesus durante uma semana de oração ministrada pelo pastor Reginaldo Kefler. Serviu à sua igreja local como ancião e tesoureiro. Deixa a esposa, Terezinha, três filhos e oito netos. Leopoldo Homem Filho, aos 89 anos, vítima de pneumonia bacteriana. Mais conhecido como Dino, era membro ativo da Igreja Central de Juiz de Fora (MG). Batizado aos 26 anos de idade, destacou-se por seu espírito missionário e ministério de visitação aos membros afastados da igreja. Deixa a esposa, Heiçonina, quatro filhos, sete netos e três bisnetos. Lina de Souza Passos, aos 79 anos, vítima de insuficiência respiratória. Serviu por 24 anos como líder do Ministério Infantil da Igreja da Fazenda Passos, em Rolante (RS). Deixa o esposo, quatro filhos, seis netos e três bisnetos. Nilvo Nadir Kattwinkel, aos 58 anos, em Balneário Camboriú (SC), vítima de traumatismo craniano decorrente de convulsão diabética. Serviu por 27 anos à Igreja Adventista
na área contábil, na Associação Brasil Central (Goiânia), União Central Brasileira (Artur Nogueira) e Associação Paulista Central (Campinas). Deixa a esposa, Janes, e uma enteada. Sérgio Augusto Trovilho, aos 82 anos, vítima de insuficiência cardíaca. Nascido num lar adventista na cidade de Lins (SP), era membro da Igreja do Jardim Santa Isabel, em Hortolândia (SP). Conhecido por seu sorriso e bom humor, apreciava ouvir quartetos e participar de “junta-panelas”. Deixa a esposa, uma filha, dois netos e uma bisneta. Tesinho Pereira Bahia, aos 95 anos. Mineiro de Eugenópolis (MG), graduouse em Teologia no antigo IAE (atual Unasp, campus São Paulo), em 1953. Trabalhou como pastor distrital em Belo Horizonte e no leste de Minas Gerais, destacando-se as cidades de Coronel Fabriciano, Ipatinga, Caratinga, Alto do Caparaó e Manhuaçu. Deixa a esposa, Maria, seis filhos, dez netos e cinco bisnetos. Werno Schlosser, aos 72 anos, em Marília (SP), vítima de tumor cerebral. Foi ancião por mais de 25 anos, um dos pioneiros do adventismo em Ampére (PR) e levou muitas pessoas ao batismo. Seu maior desejo era ver toda a família no Céu. Deixa a esposa, Anastácia, três filhos e cinco netos.
“ B E M - AV E N T U R A D O S O S M O R T O S Q U E , D E S D E A G O R A , M O R R E M N O S E N H O R ” R e v i s t a A d ve n t i s t a // Setembro 2018
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O ENVELHECIMENTO É INEVITÁVEL, MAS O DESENVOLVIMENTO DO MAL DE ALZHEIMER PODE SER PREVENIDO OU POSTERGADO TALITA CASTELÃO
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ocê já se casou?” Essa foi a pergunta que ouvi três vezes da minha avó materna, num intervalo de apenas dez minutos, quando a visitei há alguns anos. Respondi positivamente em cada uma das vezes, mas sabia que alguma coisa estava bem errada. No móvel da sala da minha avó estava um porta-retrato com a foto do meu casamento. Com certeza você já ouviu falar do mal de Alzheimer, uma doença degenerativa do sistema nervoso que causa demência progressiva. É mais comum em idosos e pode ser confundida com as mudanças normais da velhice. Pessoas afetadas por essa enfermidade vão perdendo lentamente a capacidade intelectual. Os sintomas mais marcantes incluem perda de memória (inicialmente dos fatos mais recentes), esquecimento de objetos pessoais, dificuldade para realizar tarefas rotineiras, alterações na linguagem, desorientação quanto ao tempo e espaço, problemas com raciocínio lógico, mudanças no comportamento e insônia. Redação A Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz) acredita que 6% da população brasileira com mais de 60 anos sofram da doença Designer e que no mundo inteiro existam 15 milhões de pessoas afetadas por esse mal incurável. O psiquiatra alemão Alois Alzheimer foi o primeiro a descrever os CQ sintomas em 1906, após acompanhar uma paciente de 51 anos. Quatro anos depois, quando ela foi a óbito, o doutor Alzheimer estudou o céreMarketing bro dela correlacionando as modificações estruturais do órgão com as características da doença. Atualmente se sabe que a patologia é resultado de uma combinação de fatores que incluem a genética, o ambiente e principalmente o estilo de vida. O mal de Alzheimer pode ter início precoce, em pessoas com idade entre 40 e 50 anos, como demonstrado no filme Para Sempre Alice (2014). O drama, que rendeu Oscar de melhor atriz a Julianne Moore, conta a
Foto: Adobe Stock
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MUITO MAIS COMUM EM IDOSOS, ESSA DOENÇA DEGENERATIVA DO SISTEMA NERVOSO PODE SER CONFUNDIDA COM AS MUDANÇAS NORMAIS DA VELHICE
trajetória de uma professora da Universidade Harvard que, ao receber o diagnóstico da doença, começou a perceber que tudo aquilo que conquistou estava se perdendo rapidamente. Mas também evidencia o desgaste emocional que os familiares podem experimentar no curso da enfermidade. Em artigo publicado na Revista Estudos Interdisciplinares sobre o Envelhecimento, as pesquisadoras Marisa Carretta e Sabrina Scherer discutem perspectivas atuais na prevenção da doença. São destaques a dieta rica em antioxidantes (presente principalmente em frutas e verduras), açafrão e extrato de ginkgo biloba; engajamento social (sentir-se útil, conviver com amigos, manter a rede de relacionamentos familiares); atividade cognitiva (educacionais e/ou profissionais) e exercício físico. A OMS escolheu 21 de setembro como Dia Mundial da Doença de Alzheimer. A data é importante para não esquecer que todos vamos envelhecer, mas que podemos fazer algo para preservar quem realmente somos nessa trajetória. Esse cuidado pode trazer mais qualidade de vida para nós mesmos e para nossos familiares. ] TALITA CASTELÃO é psicóloga clínica, sexóloga e doutora em Ciências
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INSTITUCIONAL
OS ADVENTISTAS E A POLÍTICA RECOMENDAÇÕES DA IGREJA A RESPEITO DAS ELEIÇÕES, APOIO PARTIDÁRIO, CANDIDATURAS DE MEMBROS E MANIFESTAÇÕES PÚBLICAS HELIO CARNASSALE
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OS ADVENTISTAS DEVEM ASSUMIR RESPONSABILIDADES CIVIS COM SERIEDADE E EXERCER O PAPEL DE CIDADÃOS, MAS SEM SE ESQUECEREM DA CIDADANIA CELESTIAL do Manual da Igreja, do Livro de Regulamentos e das declarações oficiais da denominação. O documento considera a relação dos adventistas com quatro questões: (1) política partidária; (2) eleições; (3) candidatos adventistas; e (4) manifestações públicas. Cada seção é composta de considerações e recomendações. O documento foi votado (voto 2017-220) no Concílio Anual realizado em novembro de 2017, que aprovou o texto que está disponível no Portal Adventista (https://bit.ly/2KVlIk4). A Bíblia nos motiva a respeitar as autoridades, orar por elas e buscar o bem da sociedade (Jr 29:7; Rm 13:1-7; 1Tm 2:1-3). Nesse contexto, a igreja orienta que seus membros votem de acordo com a consciência individual, que escolham candidatos que defendam os
princípios da qualidade de vida e da saúde, do modelo bíblico de família, dos valores éticos e morais, da liberdade religiosa e da separação entre Igreja e Estado. Reconhecemos o papel legítimo dos governos, respeitamos o direito do Estado de legislar nas questões seculares e consentimos com essas leis quando não contrariam os preceitos bíblicos. Entendemos também que nossos membros devem assumir responsabilidades civis com seriedade e exercer o papel de cidadãos, mas sem se esquecerem da cidadania celestial. Não desmerecendo a importância das questões políticas, entendemos ser o verdadeiro papel da igreja desenvolver práticas que resultem no fortalecimento da fé e promovam a esperança na iminente volta de Cristo. Reconhecemos que a pregação do evangelho envolve ações de solidariedade que expressem amor e minimizem o sofrimento humano. Por isso, cremos que todo esforço deve ser canalizado para o serviço desinteressado em favor das pessoas, revelando assim profundo interesse na salvação delas. ] HELIO CARNASSALE é o diretor do departamento de Assuntos Públicos e Liberdade Religiosa da sede sul-americana da Igreja Adventista
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om a proximidade da realização de eleições gerais em vários países que formam a Divisão Sul-Americana (DSA) da Igreja Adventista, identificou-se a necessidade de preparar uma declaração que tratasse da relação da igreja com os assuntos de natureza política. Diante dessa demanda, o documento “Os adventistas e a política” foi elaborado para servir como um guia conciso para pastores, funcionários e membros da igreja. O documento não pretende substituir os conselhos divinos, mas sim expressar a compreensão que a liderança da denominação na América do Sul tem no momento acerca do relacionamento institucional com os poderes públicos e os assuntos políticos, bem como os deveres dos adventistas como cidadãos. Para se chegar a essa declaração foi estabelecido um grupo de trabalho com administradores das sedes da igreja, advogados, comunicadores, educadores, jornalistas, pastores, sociólogos e teólogos. Esses profissionais deram importantes contribuições mencionando situações anteriormente enfrentadas pela igreja, propondo procedimentos práticos e revisando a redação final do documento. Por se tratar de um tema sensível e com potencial para muitos tipos de repercussão, trabalhou-se para que o documento fosse equilibrado, claro e abrangente, contemplando assim a realidade do cenário sociopolítico atual na América do Sul e as orientações
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CLUBE DE LEITURA 2019 JUVENIS E DESBRAVADORES
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PERFIL
MAESTRO INCANSÁVEL
QUASE AOS 90 ANOS, O MÚSICO QUE LANÇOU AS BASES PARA A FORMAÇÃO DE VÁRIAS GERAÇÕES DE ARTISTAS ADVENTISTAS AINDA CANTA, ENSAIA E REGE MURILO PEREIRA
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Santa Maria (RS). O maestro não se esqueceu também do navio que os levou de mudança, três anos mais tarde, para o novo campo missionário do pastor Jerônimo Garcia: o Nordeste brasileiro. Já aos 11 anos de idade, em 1940, Flávio viria em definitivo para o então Colégio Adventista Brasileiro (CAB), atual Unasp, onde seu pai trabalharia como professor do seminário teológico e diretor da instituição. VOCAÇÃO MUSICAL O maestro e pastor, na verdade, queria ser médico. Ele até tirou as melhores notas do processo seletivo, mas desisitiu de disputar as etapas posteriores porque as provas foram realizadas no sábado. Envolvido com a música do colégio desde o início de sua trajetória estudantil, era um dos tenores do Coral Carlos Gomes quando, aos 19 anos, recebeu o desafio de reger o coral no lugar do maestro Walter Wheeler Jr.
Foi então que, além da formação para o ministério pastoral, ele passou a se dedicar ao aperfeiçoamento musical. Seu primeiro período como regente do principal coral da escola durou até março de 1949. Após uma rápida passagem como pastor de igrejas e escolas da capital paulista, ele voltou para o CAB com a responsabilidade de reger novamente o coral e ministrar aulas de música. Nessa época, concluiu o curso de Educação Artística e se dedicou a estudar canto orfeônico e outras especialidades vocais e instrumentais. Sua passagem pelo tradicional Conservatório Dramático e Musical de São Paulo lhe rendeu contatos com grandes músicos e maestros da capital. No conservatório ele também aprendeu sobre fraseologia musical com a professora Sofia Melo de Oliveira. A técnica auxilia na correta compreensão e interpretação da intenção do autor ou compositor, dando pontuação específica para a linguagem musical conforme os princípios da harmonia e do ritmo. Segundo o maestro, o hinário adventista Cantai ao Senhor, lançado em R e v i s t a A d ve n t i s t a // Setembro 2018
Foto: Herbert Ferreira
A
vida do pastor e maestro Flávio Araújo Garcia já ressoa há pelos menos 85 anos. Isso porque aos quatro ele começou a cantar com a mãe e não parou mais. Hoje, aos 89 anos, seu culto matinal inclui cantar cinco músicas sequenciais do Hinário Adventista do Sétimo Dia (HASD). Cantar foi a maneira que ele encontrou para lidar com as dores frequentes que sente nos membros do corpo depois que foi submetido a uma cirurgia na coluna em 2015. De lá para cá, ele já cantou dez vezes toda a coleção de 610 músicas do HASD. Apesar de ter se destacado como um dos grandes influenciadores da música adventista no Brasil, o maestro Flávio não descuida de suas atividades pastorais. Recentemente, mesmo com as limitações causadas pela idade e a saúde debilitada, ele pregou num domingo de junho, às 4h45, no Culto da Mata, programa que reúne centenas de pessoas há anos num espaço de mata atlântica preservada, no campus do Unasp, em São Paulo. Aliás, foi nessa instituição de ensino que ele passou a maior parte da vida, produzindo e ensinando música. Dono de uma memória surpreendente, datas, nomes e histórias são contadas por ele com precisão. Filho de Jerônimo Granero Garcia, importante pioneiro adventista no Brasil, Flávio nasceu no Bairro do Brooklin, na capital paulista, em maio de 1929. Na época, seu pai pastoreava na cidade de Socorro (SP). Flávio se lembra também da viagem de trem em que a família mudou do interior paulista para o Rio Grande Sul, onde seu pai ajudou na construção da Igreja Central de Porto Alegre, no tempo em que trabalhou na cidade de
FLÁVIO GARCIA ELEVOU A MÚSICA ADVENTISTA AO APROXIMÁ-LA DO REPERTÓRIO CLÁSSICO BRASILEIRO DA ÉPOCA. SOB SUA REGÊNCIA, O CORAL CARLOS GOMES SE APRESENTOU COM A ORQUESTRA SINFÔNICA DE SÃO PAULO E NA TV TUPI
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1956, é o único no mundo a usar essa técnica em sua versão com música. Flávio Garcia foi um dos responsáveis pela produção do material. Em 1957, ele assumiu a direção do conservatório musical do campus, que mais tarde seria chamado de Academia Adventista de Arte (Acarte). Foi sob sua gestão que os prédios do conservatório e as salas anexas de ensaio foram construídos. Por causa de sua visão empreendedora, ele tambem investiu na compra de instrumentos e na qualidade do ensino musical. Nessa época, Flávio estava se casando com Dilza. O casal não teve filhos. Porém, o companherismo na vida e na música lhes rendeu um ministério frutífero. Sua esposa havia concluído duas graduações em música pela PUC de Campinas quando chegou ao colégio para ser professora. Juntos eles percorreram o país, ministrando aulas técnicas e teológicas sobre música cristã. Dilza também foi pioneira no evangelismo infantil. Ela ajudou na elaboração de um hinário para crianças e na formação de esposas de pastor que desejavam atuar na área. Foi aluna dela, por exemplo, Zilda Azevedo, que mais tarde gravaria alguns LPs infantis. Dilza também preparou apostilas sobre evangelismo infantojuvenil para serem usadas por missionários na Europa e na África. PAI DE UMA ESCOLA Dos 25 anos que esteve à frente do Coral Carlos Gomes, Flávio Garcia guarda muitas memórias com precisão. Por exemplo, a produção e distribuição do disco de vinil Hinos Pátrios. O material teve grande adesão do público em geral e se tornou o disco mais vendido da história da instituição. A venda do LP servia também como fonte de renda para os alunos que o comercializavam e de recursos para o conservatório musical. Sempre amigável, cortês e dedicado ao trabalho, Flávio mantinha bom relacionamento com os principais músicos e maestros da capital, o que possibilitou que o coral que regia se apresentasse em grandes teatros e salas culturais de São Paulo e do Brasil. Uma das parcerias mais duradouras foi com Eleazar de Carvalho, maestro brasileiro que estudou nos Estados Unidos e regeu algumas das orquestras mais importantes do Brasil e do mundo. Por diversas vezes, Garcia foi convidado por Carvalho a participar de concertos de temática sacra à frente do coral Carlos Gomes e, depois, com a Associação Coral Adventista de São Paulo (Acasp), grupo que o maestro adventista fundou e ensaia até hoje em sua própria casa.
Foram frequentes também as apresentações junto à Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) e na TV Tupi. Antes de cada apresentação, Garcia tinha a oportunidade de testemunhar de sua fé ao orar com os músicos. A parceria com Eleazar de Carvalho se estendeu por 23 anos, até Carvalho falecer em 1996, vítima de câncer. Para o pastor Jael Eneas, diretor geral espiritual do Unasp e pesquisador da história dos hinários adventistas, Flávio Garcia contribuiu para que a Igreja Adventista fosse respeitada no circuito paulistano de corais. O pesquisador entende que a história da música adventista pode ser dividida em grandes períodos, que vão de 1940 a 1990. O primeiro, sob a influência de Walter Wheeler Jr, teve forte inspiração no formato norte-americano. Por sua vez, seu sucessor, Flávio Garcia, elevou a produção adventista ao aproximá-la da música clássica brasileira da época. Na sequência, ele enxerga a contribuição do maestro Willians Costa Jr., pioneiro num estilo mais contemporâneo, que predomina até hoje na igreja. “Quando Deus faz o chamado, se a gente executa a vontade Dele, só podemos receber bênçãos. É o que eu recebi até agora”, resume o maestro, que se mostra incansável no exercício de sua vocação. Apesar de dizer que tem o senso de missão cumprida, confessa que pede a Deus que lhe permita testemunhar sobre a volta de Cristo até que venha a descansar. Descanso por enquanto é o que ele não tem. No último sábado de julho, regeu o Hino da Batalha durante o reencontro que reuniu ex-integrantes de várias gerações do Coral Carlos Gomes; entre eles, pessoas que influenciou e que ainda dão o tom na música adventista, como Flávio Santos, Lineu Soares, Wanderson Paiva, Marcelo Martins e Josué de Castro. ] MURILO PEREIRA é jornalista e assessor de imprensa do Unasp, campus São Paulo
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ESTANTE
PIONEIRO DO SERTÃO
LIVRO REVELA COMO O HOMEM QUE CAÇAVA O CANGACEIRO LAMPIÃO SE TORNOU O PROPAGADOR DE UMA MENSAGEM QUE ILUMINOU O NORDESTE DO BRASIL ADRIANA SERATTO
O
a no de 1911 não regist ra nenhum fato histórico extraordinário no Brasil. Contudo, em março daquele ano nasceram dois personagens que posteriormente estariam ligados à vida de Lampião, o líder de cangaceiros que aterrorizou o sertão nordestino nas décadas de 1920 e 1930. Maria Bonita, mais tarde companheira de Lampião, nasceu no dia 8 de março. E, com apenas alguns dias de diferença, nasceu Plácido da Rocha Pita, que anos depois integraria a milícia formada para perseguir o bando de Lampião. A primeira edição da autobiografia Por Que Mudei de Exército foi lançada em 1985, três anos após o falecimento do autor. Agora a segunda edição atualizada do livro está sendo disponibilizada pela CPB (2018, 160 p.) no intuito de mostrar à nova geração como a mensagem adventista se consolidou no Nordeste do país. No primeiro capítulo do livro, o autor descreve como foi livrado das mãos de uma parteira embriagada que tentou matá-lo por achar que ele fosse um monstro. Também descreve sua infância difícil e a decisão de deixar o lar em busca de uma vida melhor. O capítulo seguinte narra sua drástica mudança: de leiteiro a miliciano. No entanto, é a partir do terceiro capítulo que a mudança mais importante da vida de Plácido da Rocha Pita é relatada: como ele compartilhou uma mensagem de luz no sertão. 50
No prefácio da primeira edição, o pastor Francisco Nunes Siqueira definiu Plácido da Rocha Pita como o “escritor-herói” e “o homem certo no lugar certo”. Por ser um filho do agreste, lia como poucos a alma do povo sertanejo. Trabalhando como pastor e colportor, ele estabeleceu igrejas e escolas e se preocupou com o bem-estar integral dos que tinham a sobrevivência ameaçada pela seca. A obra descreve, com detalhes preciosos, episódios como a ocasião em que Plácido Pita teve que enfrentar o marido violento de uma senhora que havia aceitado seguir Jesus e mudar de vida. Conta também as decisões difíceis que esse evangelista teve que tomar, como abrir mão da estabilidade da carreira militar para servir na região do baixo São Francisco; tratar pessoas doentes e extremamente pobres onde não havia médicos; cuidar da esposa doente sem ter recursos; enfrentar um surto de malária ao trabalhar em lugares inóspitos e encarar a saudade da família por ficar longos períodos longe de casa. Esses são apenas alguns dos muitos desafios enfrentados por um homem que deixou gravado na história do adventismo no Brasil todo o seu amor a Deus, sua dedicação para consolidar a mensagem bíblica no sertão e seu sacrifício em favor da salvação de pessoas. ] ADRIANA SERATTO é graduada e pósgraduada em Português e Literatura. Trabalha como revisora de livros denominacionais na CPB
TRECHO
“Começaram as lutas, provas duríssimas. Tinha que vencer a mim mesmo. Alguns vícios muito fortes. [...] A prova maior viria ainda. Fui fazer compras no armazém, onde meus colegas compravam pinga. Encontrei lá a turma do copo, todos já em dose alta. Queriam me obrigar a beber. Meus argumentos foram em vão. Procurei me retirar; um que estava em fogo mais alto me deu um banho de cachaça, entornando-me um copo cheio sobre a farda. Dei graças a Deus por poder suportar tamanha afronta e perdoar” (p. 20). R e v i s t a A d ve n t i s t a // Setembro 2018
Promessa Cumprida
Saldo Extra
Atos: O Triunfo do Evangelho
Por que Mudei de Exército
Este livro-reportagem relata de modo envolvente a missão de Luís Gonçalves em Aparecida e o surgimento da Igreja Adventista ali. Registra histórias impressionantes de conversão e verdadeiros milagres que tocam o coração.
Descubra formas de aplicar os recursos que você consegue poupar, de maneira que seu patrimônio acompanhe naturalmente o aumento de despesas em sua família. É um livro indispensável para quem deseja ajudar a si mesmo e aos outros na administração de suas finanças.
Leia informações históricas que o ajudarão a entender melhor a experiência dos primeiros cristãos e como a igreja apostólica foi amadurecendo em sua compreensão das Escrituras. Conheça o panorama histórico, sociorreligioso e teológico dos primeiros 30 anos da igreja cristã.
Um clássico da literatura adventista no Brasil. Essa obra foi lançada na década de 1980 e narra os muitos desafios do pastor Pita, figura importante do pionerismo adventista na região Nordeste do Brasil. Em razão de muitos pedidos, a CPB tem o prazer de relançá-la.
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