T V S O B D E M A N D A /// Q U E S T Ã O D E A U T O R I D A D E /// T E S O U R O S D A P A L A V R A D E D E U S /// L Í D E R A R R O J A D O
Exemplar avulso: R$ 2,84 | Assinatura: R$ 34,00
NOVEMBRO 2018
SINTONIA COM DEUS
O TRIUNFO DO BEM EM MEIO A TANTOS RUÍDOS, ENCONTRE A FREQUÊNCIA CERTA
A ESTRATÉGIA DE DEUS PARA VENCER O CONFLITO CÓSMICO
O ENIGMA DO MAL
POR QUE DEUS SIMPLESMENTE NÃO ELIMINA AS TRAGÉDIAS DO MUNDO? MARCOS DE BENEDICTO
Falar de dor ou sofrimento é fácil em um plano teórico, mas se torna mais difícil quando o mal, sem explicação, se aproxima do nosso território. Esse foi o caso de Shane Clifton, um professor de Teologia em Sydney, na Austrália. Em outubro de 2010, enquanto pedalava uma bicicleta, ele sofreu um acidente, quebrou o pescoço e ficou tetraplégico. E agora, diante dos meses de hospitalização, dos anos de reabilitação e da perda de mobilidade, com a palavra tetraplegia entranhada no cérebro, como entender por que Deus permitiu tal infortúnio? “O problema da dor não é a dor em si”, ele escreveu. “A dor é um mecanismo que funciona para mostrar nossos limites. Em nenhuma circunstância isso é mais óbvio do que em uma lesão da medula espinhal, em que a ausência da capacidade de sentir certas dores é em si um perigo. O problema então não é a dor, mas o sofrimento, que é uma aflição prolongada (física, psicológica, social) que não serve a nenhum propósito significativo.” Na prática, poucos problemas causam tanta perplexidade quanto o sofrimento inexplicável ou de inocentes. Por isso, a noção da teodiceia se tornou popular na teologia. Teodiceia, tema da matéria de capa desta edição, é a tentativa de defender a bondade, a justiça e a onipotência de Deus diante das coisas terríveis que nos acontecem. Enigma e mistério, a presença do mal no mundo se torna mais problemática por causa do tipo de Deus apresentado na Bíblia. Afinal, como disse Abraão, “não fará justiça o Juiz
NO ESPAÇO DA LIBERDADE, SURGIRAM FORÇAS CÓSMICAS CONTRÁRIAS À ESTABILIDADE E À HARMONIA DA VIDA
de toda a terra?” (Gn 18:25b). Ou como o próprio Deus desafiou Jó: “Você vai pôr em dúvida a Minha justiça? Vai condenar-Me para justificar-se?” (Jó 40:8, NVI). Se não houvesse um Deus bom, poderoso, fiel, justo e amoroso, ninguém teria motivo para questionar a existência das tragédias. A linha entre o bem e o mal se tornou mais tênue no dia em que Adão e Eva se rebelaram contra a ordem estabelecida pelo Criador. Diante das indagações que o sofrimento levanta, as respostas religiosas têm sido atribuídas a três agentes principais: Deus, o ser humano e o diabo. A partir dos eventos descritos em Gênesis 3, fica claro que a alteração no plano original se deve à presença do pecado. Embora alguém possa questionar por que a ocorrência de um problema moral desencadearia as catástrofes que vemos no mundo e criaria também um estrago físico, o fato é que a queda do ser humano causou, em certo sentido, uma queda cósmica. A própria natureza foi afetada (Rm 8:22). Deus não é o culpado, mas entra na equação porque decidiu não criar um mundo totalmente fechado, livre de riscos e possibilidades. Na verdade, Ele mesmo assume riscos. Por isso, no espaço da liberdade, surgiram forças cósmicas contrárias à estabilidade e à harmonia da vida. Felizmente, o Deus da Bíblia não é um Criador indiferente à sorte do mundo e às nossas dores. Nem o mal é eterno. No tempo certo, Ele vai agir. Ao visitar meus parentes no sul de Minas há poucos dias, fui ao cemitério da pequena cidade de Campestre e, com um misto de emoção e esperança, li a promessa de Apocalipse 21:4 gravada no mármore do túmulo de Geraldo e Benedita, meus amados pais. O texto diz que Deus vai reverter a ordem das coisas. Se 2 de novembro lhe traz saudade, tristeza e lágrimas, saiba que um dia elas serão substituídas por encontro, alegria e sorrisos. ] MARCOS DE BENEDICTO é editor da Revista Adventista
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R e v i s t a A d ve n t i s t a // Novembro 2018
Foto: Adobe Stock
EDITORIAL
Nov. 2018
No 1339
Novembro 2018
Ano 113
www.revistaadventista.com.br
Publicação Mensal – ISSN 1981-1462 Órgão Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia no Brasil “Aqui está a paciência dos santos: Aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus.” Apocalipse 14:12 Editor: Marcos De Benedicto Editores Associados: Márcio Tonetti e Wendel Lima Conselho Consultivo: Ted Wilson, Erton Köhler, Edward Heidinger Zevallos, Marlon Lopes, Alijofran Brandão, Domingos José de Souza, Geovani Souto Queiroz, Gilmar Zahn, Leonino Santiago, Marlinton Lopes, Maurício Lima e Moisés Moacir da Silva Projeto Gráfico: Eduardo Olszewski Ilustração da Capa: Fotolia
Adventist World é uma publicação internacional produzida pela sede mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia e impressa mensalmente na África do Sul, Alemanha, Argentina, Austrália, Áustria, Brasil, Coreia do Sul, Estados Unidos e México v. 14, no 11 Editor: Bill Knott Editores associados: Gerald Klingbeil, Lael Caesar, Greg Scott Editores-assistentes: Sandra Blackmer, Stephen Chavez, Costin Jordache, Wilona Karimabadi (Silver Spirng, EUA); Pyung Duk Chun, Jae Man Park, Hyo-Jun Kim (Seul, Coreia do Sul) Tradutora: Sonete Costa Arte e Design: Types & Symbols Gerente Financeiro: Kimberly Brown Gerente Internacional de Publicação: Pyung Duk Chun Gerente de Operações: Merle Poirier Conselheiros: Mark A. Finley, John M. Fowler, E. Edward Zinke Comissão Administrativa: Si Young Kim, Bill Knott, Pyung Duk Chun, Karnik Doukmetzian, Suk Hee Han, Yutaka Inada, German Lust, Ray Wahlen, Juan Prestol-Puesán, G. T. Ng, Ted N. C. Wilson
SUMÁRIO
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26
A vitória do amor
Leitura que transforma
Personagem central
Como um Deus poderoso e justo irá resolver o problema do mal?
A Palavra de Deus tem poder
As narrativas e profecias bíblicas apontam para Cristo
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32
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Entre o certo e o errado
Base segura na tempestade
Um líder que tem pressa
Quem estuda a Palavra sabe tomar decisões certas
O segredo para se manter fiel no tempo do fim
A visão e o legado do pastor Geovani Queiroz
CASA PUBLIC ADOR A BRASILEIR A Editora da Igreja Adventista do Sétimo Dia
Rodovia Estadual SP 127 – km 106 Caixa Postal 34; CEP 18270-970 – Tatuí, SP Fone (15) 3205-8800 – Fax (15) 3205-8900 SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO CLIENTE LIGUE GRÁTIS: 0800 9790606 Segunda a quinta, das 8h às 20h Sexta, das 8h às 15h45 / Domingo, das 8h30 às 14h
2 EDITORIAL
16 SEMANA DE ORAÇÃO
42 INTERNACIONAL
4 CANAL ABERTO
20 SEMANA DE ORAÇÃO
43 CIÊNCIA
5 BÚSSOLA
24 SEMANA DE ORAÇÃO
44 IGREJA
28 SEMANA DE ORAÇÃO
45 MEMÓRIA
O enigma do mal A opinião de quem lê
Diretor-Geral: José Carlos de Lima Diretor Financeiro: Uilson Garcia Redator-Chefe: Marcos De Benedicto
Teste para a unidade
Gerente de Produção: Reisner Martins
6 ENTREVISTA
Gerente de Vendas: João Vicente Pereyra Chefe de Arte: Marcelo de Souza
Conteúdo sob demanda
Não se devolvem originais, mesmo não publicados. As versões bíblicas usadas são a Nova Almeida Atualizada e a Nova Versão Internacional, salvo outra indicação. Exemplar avulso: R$ 2,84 | Assinatura: R$ 34,00
7 GUIA
Questão de autoridade Convite à intimidade Fé nas promessas
8 PAINEL
11 ENTENDA Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem prévia autorização escrita do autor e da Editora. 5477/38841
O desempenho dos adventistas nas urnas
Momento delicado
Criacionistas vão a campo Tempo de celebrar Dormiram no Senhor
46 PÁGINAS DE ESPERANÇA O pastor que fechou uma igreja
Como cuidar dos enlutados
47 EM FAMÍLIA
Datas, números, fatos, gente, internacional
Números atrasados: Preço da última edição.
Tiragem: 155.500
O livro mais atacado
Epidemia de solidão
36 SEMANA DE ORAÇÃO INFANTIL
50 ESTANTE
O despertar da esperança
Encontre o tesouro
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CANAL ABERTO NÃO VOS EMBRIAGUEIS
Obr igado pelo excelente artigo de capa e o ótimo editorial de outubro, que enfatizaram o problema global do a lcoolismo. A Adventist Review de outubro ressaltou o mesmo tema. Essas pautas me fizeram recordar de um congresso de jovens no Brasil, em 1952, quando, com mais quatro oradores, tive o privilégio de discursar a respeito dos malefícios do alcoolismo na sociedade. Mais tarde, quando me tornei diretor dos ministérios Jovem e de Saúde, labutei para que nossa querida juventude fosse alertada sobre esse problema. É imprescindível apoiarmos os esforços da liderança da denominação para combater esse problema, especialmente na faixa etária mais vulnerável ao vício: dos 19 aos 43 anos. Temos que lutar sem esmorecer para salvar nossa preciosa mocidade. Léo Ranzolin / Estero, Flórida (EUA)
O MITO DA MODERAÇÃO
O “mito da moderação” em relação ao consumo de álcool foi abordado de maneira clara e profunda na última edição. Infelizmente, esse equívoco tem ganhado adeptos no meio secular e também no contexto religioso. Com base em evidências científicas e no “assim diz o Senhor”, Guilherme Silva nos mostrou que não tem proveito o consumo de substâncias das quais Deus disse que devemos nos abster. Ellen White escreveu que a única atitude mais segura é não “tocar, não provar, nem manusear” essas substâncias. Creio que isso se aplica também à cerveja sem álcool e ao café descafeinado. Por fim, penso que a fé madura é aquela que passou por três estágios: crê com evidências, sem evidências e contra as evidências. Paulo Roberto dos Santos / Hortolândia (SP)
Foi ótima a matéria de outubro sobre bebidas alcoólicas. O vinho verdadeiro (suco de uva) oferece saúde, enquanto o falso confunde a mente, gera sonolência espiritual e empurra a pessoa para a prática do erro. Os dois caminhos podem ser parecidos, mas somente um leva para uma vida saudável. Maicon Nunes / Belford Roxo (RJ)
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Ao ler a matéria de capa de outubro, fiquei pensando se não seria o consumo da cerveja sem álcool uma falsa liberdade ao ex-alcóolatra. Segundo o Inmetro, a cerveja com até 0,5% de teor alcóolico pode ser registrada como uma cerveja “sem álcool”. Temo que o gosto da cerveja sem álcool seja só um paliativo influenciador que instiga ao consumo da cerveja regular. O que muitos têm ignorado é o fato de que adventistas podem chegar perto dessa prática por serem, muitas vezes, atraídos pela propaganda. Porém, se a cerveja é sem álcool, por que as propagandas são voltadas para o público adulto? Tudo o que se assemelha ao mal é o próprio mal. Adolfo Victor Tito Rojas / São Paulo (SP)
A CAMPANHA DE JONAS
A matéria publicada em outubro sobre a missão do profeta Jonas na então capital da Assíria foi a melhor que já li a respeito desse mensageiro de Deus. Em virtude de seu temperamento questionador e individualista, Martinho Lutero classificou Jonas como o “santo esquisito”. Ao ler o artigo, apreciei muito a paciência de Deus, no sentido de convencer Jonas de que a missão salvadora era
universal e não exclusiva para os judeus. Para mim, duas lições ficam sobre a saga do profeta: (1) o missionário deve cuidar para não limitar a missão divina por causa de sua perspectiva humana; (2) Deus trabalha por meio de missionários, mesmo com os que têm temperamento difícil. Manuel Xavier de Lima / Engenheiro Coelho (SP)
PIONEIRO DO SERTÃO
Fiquei muito emocionado em ver na edição de setembro a resenha sobre o livro Por Que Mudei de Exército. Fui batizado pelo autor dessa obra, pastor Plácido da Rocha Pita, em 26 de abril de 1970, em Ponto Novo (BA). Esse era um homem valoroso e de muita fé. Emprestei o livro que tinha dele e infelizmente não me devolveram; por isso, vou comprar um novo exemplar. Obrigado por me relembrarem de tempos bons e pessoas especiais! João Batista dos Santos / São Paulo (SP)
RESPOSTAS DIFERENTES
Exultei de alegria com o texto do pastor Erton na revista de outubro. Pelo fato de ser um cadeirante, tenho assistido e participado de diversos cultos transmitidos ao vivo pela internet. Tenho notado que alguns pregadores usam a Palavra de Deus para enfatizar os casos com final feliz. O fato é que nem todos que assistem, seja presencialmente ou a distância, experimentaram um “final feliz”. O que ocorre é que a vontade do Senhor se manifesta de formas diferentes, mesmo quando não parece haver bênção em certa situação. Nessa mesma direção, sugiro que seja revista a linha editorial da série Provai e Vede, pois ela choca aqueles que não têm experimentado “desfechos felizes” como os relatados na série. José Somolinos Herrero / Itapemirim (ES) Expresse sua opinião. Escreva para ra@cpb.com.br. ou envie sua carta para Revista Adventista, caixa postal 34, CEP 18270-970, Tatuí, SP.
Os comentários publicados não representam necessariamente o pensamento da revista e podem ser editados por questão de clareza ou espaço.
R e v i s t a A d ve n t i s t a // Novembro 2018
BÚSSOLA
TESTE PARA A UNIDADE
A IGREJA É UMA FAMÍLIA COM ESPAÇO PARA DIFERENÇAS DE CULTURA E OPINIÃO, DESDE QUE NÃO COMPROMETAM A TEOLOGIA, O ESTILO DE VIDA E A MISSÃO ERTON KÖHLER
Foto: Adobe Stock
N
o início de outubro, a Associação Geral realizou seu concílio anual na cidade histórica de Battle Creek (EUA). Nessas reuniões participam delegados de todas as regiões do mundo. O encontro deste ano representou um verdadeiro teste para a unidade da igreja em nível mundial. A atenção de muitos esteve concentrada na discussão de um documento sobre conformidade com as regras estabelecidas, para evitar desvios de foco, de comportamento e de responsabilidade. O tema ganhou força depois que a última assembleia mundial da igreja, que reuniu 2.570 delegados em 2015, não aprovou o pedido para que cada região tivesse liberdade para decidir sobre o tema da ordenação da mulher ao ministério pastoral. O assunto já havia sido discutido e votado em duas assembleias mundiais anteriores, com o mesmo resultado. Depois de horas de discussão, a maioria dos votos foi contrária a essa abertura. Apesar da não aprovação, a igreja renovou o reconhecimento à participação das mulheres em nossas congregações, bem como em funções de liderança dentro da estrutura da igreja. Naturalmente, o voto dividiu opiniões. Algumas poucas sedes administrativas da igreja apresentaram suas razões e decidiram descumprir a decisão, ordenando mulheres em seu território. Começou então uma jornada de muita oração e ampla discussão sobre a necessidade de mantermos nossa unidade, não apenas na teologia, mas também nas decisões tomadas pelo corpo mundial. Somos uma igreja protestante que valoriza o estudo pessoal e o ministério de todos os crentes, mas também nascemos como uma igreja representativa, em que cada parte apoia as decisões do todo, sem vencedores e sem perdedores. Nosso foco é a edificação do corpo de Cristo. R e v i s t a A d ve n t i s t a // Novembro 2018
Estamos organizados em 215 países, com a mesma mensagem e esperança, mas diferentes culturas, perspectivas e necessidades diversas. Por isso, não é tão simples resolver questões como essa. É preciso dedicar tempo à reflexão, à oração e ao diálogo aberto, com espírito redentor e que busque resgatar a unidade fragilizada. Ao mesmo tempo, é importante ter respeito pelas decisões tomadas pelo corpo de delegados escolhidos para representar a igreja em todo o mundo. Afinal, “quando numa assembleia geral é exercido o juízo dos irmãos reunidos de todas as partes do campo, independência e juízo particulares não devem obstinadamente ser mantidos, mas renunciados” (Ellen G. White, Testemunhos Seletos, v. 3, p. 408). Depois de um processo que durou cerca de três anos, foi aprovado um documento que define os passos a ser dados em caso de descumprimento das diferentes decisões tomadas numa assembleia mundial da igreja. Os dias anteriores e posteriores à votação despertaram muita agitação e inúmeros comentários. Alguns demonstrando serenidade, outros com atitudes desequilibradas. Alguns aumentando o problema, outros buscando uma solução. Essa discussão aberta é o resultado de um processo de decisão representativo e mundial, mas que precisa estar sempre ancorado no respeito ao próximo, à igreja e às crenças fundamentais que nos unem.
UNIDOS SOMOS MAIS FORTES, CHEGAMOS MAIS LONGE E VAMOS MAIS RÁPIDO Acompanhei boa parte das discussões e a votação. Apesar das limitações humanas, a igreja trabalhou com abertura, paciência, diálogo e o desejo de resolver as diferenças. Uma tarefa difícil, que ainda segue sendo construída com oração, equilíbrio e humildade. Estou certo de que nossa unidade continuará forte, e a igreja militante dará mais um passo para ser triunfante. Precisamos trabalhar mais intensamente pela unidade. Se cada um quiser conduzir a igreja de acordo com sua própria visão, ignorando as decisões do todo, nos tornaremos congregacionais ou independentes. Vamos construir a unidade com base na serenidade e respeito pelas diferenças, sempre buscando sabedoria na oração, profundidade na Palavra de Deus e harmonia com as decisões da igreja. Afinal, unidos somos mais fortes, chegamos mais longe e vamos mais rápido. Por isso, diz o apóstolo Paulo: “Irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo suplico a todos vocês que concordem uns com os outros no que falam, para que não haja divisões entre vocês; antes, que todos estejam unidos num só pensamento e num só parecer” (1Co 1:10, NVI). ] ERTON KÖHLER é presidente da Igreja Adventista para a América do Sul
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ENTREVISTA
MÁRCIO TONETTI
Geyvison Ludugério
Se em um HD de 1 terabyte é possível armazenar cerca de 40 filmes em alta definição ou 320 mil fotos em alta resolução ou ainda 16 mil horas de músicas, imagine um espaço que reunirá mais de 300 terabytes de conteúdo! Esse será o NT Play, novo portal da Rede Novo Tempo de Comunicação. Parte desse acervo já estará acessível no início de dezembro, data prevista para o lançamento da plataforma. Mas a ideia é que esse espaço seja mais do que um grande arquivo virtual. O desafio da equipe coordenada pelo publicitário Geyvison Ludugério, de 31 anos, foi desenvolver uma estrutura que ofereça conteúdo sob demanda, melhore a experiência de navegação do usuário e dialogue com suas necessidades. Nesta entrevista, o gerente de web da instituição fala sobre o conceito do novo GERENTE DE WEB DA NOVO TEMPO FALA SOBRE portal e as tendências de consumo audiovisual.
CONTEÚDO SOB DEMANDA
PLATAFORMA DE ÁUDIOS E VÍDEOS QUE VAI AJUDAR A IGREJA A ENTENDER MELHOR SEU PÚBLICO NA INTERNET
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Qual será o futuro da mídia televisiva? Não creio que seja a morte da TV (ou de outras mídias tradicionais), mas a convergência, a interação e a imersão total na história a ser contada. Imagino a TV do futuro como um grande tablet com vários aplicativos e conexões.
Que impacto a Novo Tempo tem exercido na internet? As pessoas apreciam muito o que a Rede Novo Tempo divulga. Muitas delas, depois de assistirem a um programa na TV ou no rádio, procuram mais sobre aquele conteúdo na web. Os números evidenciam a influência que exercemos na internet. Nos últimos 12 meses, a Novo Tempo registrou 256 milhões de visualizações no YouTube, 36 milhões de acessos ao site, 2,5 milhões de downloads de apps e jogos para celular e mais de 11 milhões de seguidores no Facebook. Tudo isso de maneira orgânica. A Novo Tempo hoje faz parte do dia a dia das pessoas e elas podem nos encontrar de diversas formas. ] R e v i s t a A d ve n t i s t a // Novembro 2018
Foto: Andrei Coelho
Como o NT Play muda a comunicação da Novo Tempo na internet? Inicialmente, usamos a internet mais como um grande arquivo do que era produzido na TV e na rádio. Porém, nos últimos anos, começamos a criar conteúdos específicos para a web. O primeiro deles foi o NT Kids. Agora, estamos produzindo novos conteúdos audiovisuais exclusivos para a web. O NT Play será a marca que vai guiar a produção desses materiais.
Que mudanças têm ocorrido na forma de as pessoas consumirem conteúdos audiovisuais? As novas gerações estão cada vez mais conectadas pela internet, e a igreja precisa alcançar esse público. Faz parte da nossa missão entender as novas mídias e como as pessoas se comportam nelas. A nova onda de vídeos on demand é a forma como as pessoas estão consumindo conteúdo. Além de mais interatividade, elas querem ter acesso à informação por meio de dispositivos como os smartphones, em qualquer lugar e no horário que for conveniente. Tendo em vista esses novos hábitos, o NT Play vai proporcionar ao usuário uma experiência mais ampla ao estar nas redes sociais e numa plataforma on demand.
De que maneira o NT Play vai permitir que a igreja conheça melhor o público com o qual está falando? A internet hoje permite que conheçamos os hábitos de consumo com base em dados. É o que chamamos de big data. Essa coleção de dados possibilita criar conteúdo específico para as pessoas. Desse modo, através da nova plataforma que será lançada, a igreja vai poder conhecer melhor quem consome seus conteúdos pela internet e atender suas necessidades.
GUIA
COMO CUIDAR DOS ENLUTADOS
DICAS PARA A IGREJA OFERECER APOIO DURANTE E APÓS O FUNERAL NERIVAN SILVA
E
Ilustrações: Paulo Vieira
nfrentar a própria morte ou a de uma pessoa amada é inevitável, pois o salário do pecado pesa sobre todos nós (Rm 6:23). Porém, a crença de que nossa dívida foi paga por Cristo na cruz (Jo 19:30) e que Ele venceu a sepultura (Ap 1:18) pode nos ajudar a não sofrer tanto como os que não têm esperança (1Ts 4:13). Ellen G. White escreveu que, quando tudo parece tomado pelas sombras, devemos perceber os raios de luz que procedem do trono de Deus e rompem a escuridão. Dessa maneira, quem vislumbra o arco-íris da promessa acima das trevas pode também refletir luz aos outros (Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 257). Veja o que fazer: ATMOSFERA DE APOIO A perda é um choque para a família, especialmente se a morte ocorreu de modo trágico e inesperado. O fato é que as pessoas reagem de maneira distinta a esse primeiro impacto: silêncio, isolamento, choro e desespero são comuns. Nesse momento, cabe uma visita solidária da liderança da igreja, sem discursos ou julgamentos, apenas para oferecer apoio. Aliás, se a pessoa já estava doente ou hospitalizada, esperase que a igreja tenha prestado o devido acompanhamento para a família. R e v i s t a A d ve n t i s t a // Novembro 2018
DISPOSIÇÃO PARA AJUDAR Familiares costumam ficar desorientados nesse momento; por isso, geralmente precisam do auxílio de um líder da igreja quanto às providências para o funeral. Isso inclui contato com parentes que estão distantes, acertos financeiros, encaminhamento de documentos e de aspectos legais do sepultamento e decisões em relação à cerimônia fúnebre. Contudo, isso deve ser feito com consulta à família, especialmente quando alguns parentes não são adventistas. CERIMÔNIA FÚNEBRE É a oportunidade de testemunhar a respeito da esperança bíblica na ressurreição. Por isso, tudo deve ser feito com tato e critério, a fim de construir pontes em vez de criar barreiras. Não é o momento de ministrar estudo bíblico ou desconstruir crenças populares. Os oficiantes da cerimônia devem
se familiarizar com os detalhes de toda a programação. A mensagem deve ser breve, relacionar as promessas bíblicas à biografia do falecido e levar os enlutados a refletir sobre a própria salvação. A igreja deve também prover as melhores condições possíveis quanto ao transporte, acomodação e recepção dos familiares. ASSISTÊNCIA PÓS-CERIMÔNIA A dor da família não terminará com o sepultamento. O luto apresenta ciclos e eles precisam ser vivenciados. No acompanhamento pós-cerimônia, é importante que a igreja ajude os enlutados a planejar o recomeço da vida sem a presença do falecido. Um bom caminho para isso pode ser inserir a família enlutada em atividades de sociabilização da igreja, bem como viabilizar passeios, viagens e ações de serviço ao próximo. Vale lembrar que o luto dura por tempo indeterminado e essas pessoas continuarão a precisar de empatia para compartilhar sua dor. É somente com o tempo que os enlutados vão assimilar a nova realidade. ] 7
PAINEL F AT O S
Podemos oferecer algo que a indústria da mídia não oferece: esperança, restauração e amor. Se fizermos isso de maneira autêntica e amorosa, haverá impacto. Klaus Popa, CEO do Stimme der Hoffnung, centro de mídia adventista europeu que completou 70 anos, em entrevista ao site da Adventist Review
NOVO NÚCLEO DA ADRA VÍTIMAS DO NAUFRÁGIO
PRIMEIRO CLUBE DAS MALVINAS
Fundado por Jonathan e Mara Hoepers, o primeiro clube de desbravadores e aventureiros do arquipélago britânico localizado no sul do oceano Atlântico reúne semanalmente seis integrantes. Para abrir portas numa região que concentra muitos ateus, o casal brasileiro, que já foi missionário na Ucrânia, também tem oferecido aulas gratuitas de inglês e português. Esse território tem apenas uma adventista batizada. 8
Inaugurado em setembro, o 28o polo da agência humanitária adventista na grande São Paulo será responsável por projetos como o Gol de Esperança, que oferece aulas de musicalização e informática, brinquedoteca, passeios culturais e atividades desportivas para crianças de 6 a 14 anos. Além disso, o núcleo oferecerá programas de assistência a idosos, atendimento psicológico e terapia em grupo na zona sul da capital paulista.
PELO SEGUNDO ANO CONSECUTIVO
O Hospital Adventista de Manaus (HAM) foi eleito a sexta melhor instituição de saúde para se trabalhar no Brasil. O resultado foi divulgado após uma pesquisa realizada pelo Great Place to Work, que, desde a década de 1990, avalia o clima organizacional e programas na área de gestão de pessoas em empresas de mais de 50 países. R e v i s t a A d ve n t i s t a // Novembro 2018
Fotos: Northern Tanzania Union Mission / Arquivo pessoal / Wellington Andrade / HAM / William de Moraes
A balsa que virou no lago Vitória, o maior da África, no fim de setembro, deixou mais de 220 mortos, incluindo 11 adventistas. A embarcação MV Nyerere, que seguia para a ilha de Ukara, na Tanzânia, virou pouco antes de chegar ao destino. Em parceria com o governo e outras entidades, voluntários da igreja na Tanzânia atuaram nas equipes de resgate.
O L H A R D I G I TA L
EVENTOS
PRODUÇÃO CINEMATOGRÁFICA
CARAVANA DA GRATIDÃO Os 100 anos do primeiro batismo realizado pela igreja no sul da Bahia e os 20 anos da sede administrativa da igreja nessa região do estado foram marcados pela passagem dos pastores Mark Finley, Luís Gonçalves, Ivan Saraiva e Arilton Oliveira pelas cidades de Itabuna, Teixeira de Freitas e Eunápolis. Cerca de 10 mil pessoas acompanharam a programação evangelística e quase 200 foram batizadas nessas celebrações.
O livro de Daniel será o roteiro de uma produção audiovisual que envolveu cineastas, roteiristas e produtores de centros de mídia de vários países, além de 165 figurantes árabes. A história foi gravada em Ouarzazate, cidade marroquina conhecida por ser o cenário de grandes produções inspiradas na Bíblia. Além de imagens feitas com câmeras de cinema, a produção adventista vai possibilitar que o espectador “entre” na história ao assistir os vídeos em 360º.
CURSO SOBRE MISSÃO URBANA Lançado no início de setembro pela sede da igreja para o estado de São Paulo, o conteúdo do primeiro módulo está disponível no YouTube (acesse: goo.gl/ ne2xxE). Além das palestras do pastor Emílio Abdala, líder de Evangelismo e Missão Global na região, o curso on-line traz entrevistas com especialistas da área de missiologia. As seis aulas abordam temas como plantio de igrejas, discipulado, ministério urbano, história das missões e mobilização, e são voltadas para o membro que não costuma ir aos treinamentos presenciais.
CONECTANDO VOLUNTÁRIOS
As instituições religiosas devem ser comunidades de cuidado, confiança, respeito e justiça. Se a lei não vai longe o
Fotos: Alexon Vieira / Adventist Review / UCB / Arquivo pessoal
suficiente, o que mais podemos fazer?
Kate Ott, professora de ética social cristã na Drew Theological School e de teologia prática na Yale Divinity School, em uma conferência sobre abuso realizada pela igreja em Columbia, Maryland (EUA), no fim de setembro
1.666.125 adventistas
SUCESSO NO YOUTUBE Um dos grupos musicais cristãos mais assistidos em Blangladesh é adventista. Interpretado em garo, dialeto bengali, o clipe de maior sucesso do Manger Music já teve mais de 110 mil visualizações desde que foi publicado na internet há dois anos (acesse: goo.gl/gmiFjM).
Com , o Brasil ainda é o país com o maior número de membros, seguido da Índia (1.593.877) , Zâmbia (1.191.065) e dos Estados Unidos (1.168.827) . R e v i s t a A d ve n t i s t a // Novembro 2018
Apresentado recentemente durante um congresso mundial de líderes de jovens realizado na Alemanha, o site vividfaith.com pretende conectar pessoas às oportunidades da missão. A plataforma permite que os voluntários criem perfis, identifiquem necessidades do campo missionário e compartilhem experiências. A ideia é que o site também seja uma ferramenta de apoio às agências e organizações adventistas que buscam voluntários. Futuramente, o site também permitirá apoiar financeiramente projetos missionários. 9
GENTE
BODAS DE VINHO (70 ANOS) De Antônio Souza da Silva e Antônia Ferreira da Silva, em cerimônia realizada pelo pastor Mark Wallacy em Manaus (AM). Adventista há 60 anos, o casal têm 14 filhos, 27 netos e 11 bisnetos.
Paige Phillips Parnell foi eleita “Miss Alabama” em 1980 e foi vice-campeã do concurso “Miss América” no ano seguinte. Apesar de ter se retirado dos palcos e holofotes há muitos anos, ela voltou a brilhar, mas dessa vez ao entrar no tanque batismal. A mulher e o marido, Hayes, demonstraram publicamente a decisão no início de agosto na Igreja Adventista em Summerville, na Geórgia (EUA). Paige aceitou a mensagem adventista depois de redescobrir um exemplar do livro O Grande Conflito que ela havia guardado no sótão havia 34 anos.
Do pastor Oséas Teixeira dos Santos e Darcy Sathler Santos, em cerimônia realizada na Igreja de Everett, Massachusetts (EUA), pelo pastor Rogério Sathler, filho do casal. Eles têm sete filhos e 15 netos.
BODAS DE OURO (50 ANOS) De Izac Pereira de Magalhães, de 72 anos, e Lilian da Silva Magalhães, de 68, em cerimônia realizada em Curvelândia (MT). O casal tem três filhos e cinco netos.
De Nivaldo Jardim dos Santos e Elena Galdino dos Santos, em cerimônia realizada em Salto (SP). Eles têm cinco filhos, oito netos e uma bisneta.
D ATA
CAPELÃO DA MARINHA O pastor adventista Washington Johnson II, diretor associado dos Ministérios Adventistas de Capelania da Divisão Norte- Americana, será o terceiro adventista a ocupar uma das maiores posições na capelania das forças armadas norte-americanas. Assim como o capitão Herman Kibble e o almirante Barry Black, ele será responsável pelo planejamento estratégico e treinamento de outros capelães que servirão na Reserva da Marinha dos Estados Unidos.
15 A 18 DE NOVEMBRO
O 2o Congresso Internacional de Arqueologia Bíblica será realizado no Unasp, campus Engenheiro Coelho (SP). A lista de palestrantes inclui nomes como Adolfo Roitman, curador dos Manuscritos do Mar Morto, Oren Gutfeld, arqueólogo que recentemente encontrou uma nova caverna em Qumran, Pablo Betzer, que trabalha para a Autoridade de Antiguidades de Israel, e Vagner Porto, professor do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP. Os participantes receberão certificado emitido pela Universidade Hebraica de Jerusalém e pelo Unasp, organizadores do congresso. Para se inscrever, acesse: congressoarqueologia.com.
74% dos brasileiros
evitam falar sobre a morte, segundo uma pesquisa do Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil (Sincep), divulgada em setembro.
57% da população brasileira vivem em 317 cidades de médio e grande porte, de acordo com um novo levantamento do IBGE.
Colaboradores: Andre Brink, Carolyn Azo, Donajayne Potts, Evellin Fagundes, Gerald Klingbeil, Gustavo Cidral, Letícia Alves, Márcio
Tonetti, Nathan Brown, North American Division News, Paulo Ribeiro, Prince Bahati, Stephanie Passos, Tatiane Virmes e Wendel Lima
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Fotos: Edward Skoretz, North American Division News / Arquivo pessoal
BATISMO DA “MISS ALABAMA”
BODAS DE DIAMANTE (60 ANOS)
ENTENDA
O DESEMPENHO DOS ADVENTISTAS NAS URNAS
SESSENTA E SETE SE CANDIDATARAM NESTE ANO, MAS APENAS SETE FORAM ELEITOS
67
MULHERES
os candidatos adventistas
WENDEL LIMA
18% 82%
disputaram por
E
27 partidos
m clima de intensa polarização política e anseio popular pela renovação da classe que representa os brasileiros nos poderes executivo e legislativo, 67 adventistas se candidataram ao pleito de 2018. Porém, apenas 10,5% deles foram consagrados pelo resultado das urnas no dia 7 de outubro. Abaixo você confere os principais números da campanha desses adventistas.
19,5% 54% 37%
HOMENS
13,5%
concorreram em São Paulo e
Eles conseguiram quase
no Amazonas
1.120.000 votos
disputaram uma vaga
sendo que 61,5% deles foram conquistados pelos
de deputado estadual e
únicos dois que disputaram postos no executivo: David Almeida para governador do Amazonas e Rui
de deputado federal
Prado para vice-governador de Mato Grosso.
ELEITOS
Charly Jhone 2.595 votos
Os sete adventistas que foram eleitos se candidataram AP
para o cargo de deputado estadual. Destaques para a advogada Damaris Moura, defensora da liberdade religiosa em São Paulo; Arta-
PA
gão Júnior, que vai para seu quinto mandato no Paraná;
PE
RO
e para os dois adventistas
Dulcicleide Amorim 22.359 votos
que conseguiram uma vaga no legislativo de Rondônia: Alex Redano e Jair Monte.
Dr. Jaques 25.022 votos
Alex Redano 13.233 votos
SP
Damaris Moura 45.103 votos
PR Jair Monte 6.567 votos Artagão Júnior 57.385 votos Fontes: TSE (tse.jus.br) e assessoria de imprensa da sede sul-americana da Igreja Adventista
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,
CAPA
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Ilustração: Lightstock
O
Prêmio Nobel da Paz de 2018 foi outorgado, em 5 de outubro, conjuntamente a Denis Mukwege e a Nadia Murad pelos “esforços deles para dar fim ao uso da violência sexual como arma de guerra e de conflito armado”. Filho de um pastor pentecostal, o médico Mukwege é o fundador do Hospital Panzi, em Bukavu, na República Democrática do Congo, e se especializou no tratamento de mulheres violentadas por rebeldes armados. Essa república africana é considerada “a capital mundial do estupro”. Nascida na aldeia de Kocho, norte do Iraque, Murad é uma jovem ativista de direitos humanos que vive na Alemanha. Capturada pelos rebeldes do Estado Islâmico em setembro de 2014, ela foi mantida presa na cidade de Mossul, espancada, degradada e violentada. A estudante é apenas uma entre milhares de vítimas do terrorismo do Estado Islâmico. Na ocasião, os soldados dessa entidade diabólica mataram 600 pessoas da comunidade étnicoreligiosa yazidi na região de Kocho, inclusive a mãe e seis irmãos de Nadia (18 parentes no total), além de capturar e escravizar mais de 6,7 mil mulheres. A história de Murad foi contada
UM NOVO OLHAR SOBRE O CONCEITO DE TEODICEIA PODE AJUDAR A CONCILIAR A EXISTÊNCIA DE UM DEUS BOM E PODEROSO COM UM MUNDO MARCADO POR UMA LISTA DE MALES GRANDE no livro The Last Girl: My Story of Captivity, and My Fight Against the Islamic State (Tim Duggan Books, 2017). “Eu quero ser a última menina no mundo com uma história como a minha”, ela conclui. Esses casos revelam com fortes cores emocionais um pouco do estado em que o mundo se encontra. Afinal, as tragédias ocorrem todos os dias em quase todos os lugares. Pode-se falar, por exemplo, de mazelas como o número de pessoas escravizadas ao redor do mundo em pleno século 21: 40,8 milhões de seres humanos, segundo o Global Slavery Index. Ou das 63,8 mil vidas ceifadas por mortes violentas no Brasil em 2017, o que nos coloca na vergonhosa liderança mundial desse tipo de violência. Em outra frente, milhares de pessoas morrem todos os anos devido a inúmeras catástrofes naturais, como terremotos, tsunamis, vulcões, furacões, tufões, enchentes, secas, temperaturas extremas e grandes incêndios, uma tendência crescente desde a década de 1980 por causa das mudanças climáticas. Em outubro, o escritório das Nações Unidas para a redução do risco de desastres (UNISDR, na sigla em inglês) anunciou que as perdas registradas ao redor do globo nos últimos 20 anos por causa de catástrofes naturais totalizaram cerca de 2,9 trilhões de dólares. Tudo isso deixa um rastro infindável de sofrimento, que pode ser definido como um estado de angústia ou dor causado por ferimento, perda ou humilhação, um mal que atinge a todos, bons e maus, culpados e inocentes, justos e injustos. Mesmo quando a dor vem por causas aparentemente mais prosaicas, como o definhamento de um bicho de estimação ou a morte de aves e animais selvagens, o sofrimento não é menor. QUESTIONAMENTO E é aqui que surge a pergunta: como resolver a tensão entre a crença na existência de Deus e a absurda presença do mal no mundo e por tanto tempo? Em outras palavras, se Deus é bom, conhece o bem e tem poder para acabar com o mal, por que Ele não age? Como podemos acreditar em um Deus que permite o sofrimento de crianças inocentes, conforme o clássico questionamento do personagem Ivan em Os Irmãos Karamázov, o último romance de Fiódor Dostoiévski (1821-1881)? Para alguns, não tem sentido o mal existir e arruinar a vida de maneira tão intensa. A situação é agravada quando pensamos que o mal não se reduz a uma ideia abstrata num cenário cósmico impessoal, mas é algo horrível e concreto que afeta pessoas reais no mundo real. Essa preocupação vem desde os tempos bíblicos. A história da queda da humanidade em Gênesis 3, a narrativa do livro de Jó e os frequentes “porquês” nos Salmos certamente mostram uma profunda consciência sobre o mistério do mal. “Até quando, SENHOR?”, clama o salmista (Sl 13:1; 79:5; 89:46), em meio a tristezas e frustrações, R e v i s t a A d ve n t i s t a // Novembro 2018
DEMAIS PARA ENUMERAR MARCOS DE BENEDICTO imaginando se Deus Se esquecera dele. Os chamados salmos “imprecatórios” (35, 55, 58, 59, 69, 79, 83, 109, 139), expressando o desejo de que algo ruim aconteça aos inimigos, são clamores por justiça. Esse sentimento é expresso também em Neemias 4:4-5 e Jeremias 11:20. O grito dos mártires em Apocalipse 6, representados como “almas” clamando debaixo do altar, reflete a mesma angústia: “Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” (Ap 6:10b). Esse grito não é por vingança, mas por justiça e teodiceia (ver a definição no quadro “A odisseia da teodiceia”). O autor do Apocalipse, aliás, lida com a teodiceia em vários textos, como 12:10-12, 16:5-7 e 20:1-15. “O problema do mal em sua forma metafísica atual existe há pelo menos dois séculos e meio”, escreveu o teólogo N. T. Wright em seu livro Evil and the Justice of God (IVP, 2006). “O terremoto que abalou Lisboa no Dia de Todos os Santos em [1º de novembro de] 1755 também destruiu o fácil otimismo representado pela geração anterior.” Na mesma direção, Thomas G. Long, autor de What Shall We Say?: Evil, Suffering, and the Crisis of Faith (Eerdmans, 2011), ressalta que o terremoto que destruiu Lisboa abalou os fundamentos da concepção ocidental sobre Deus. O sofrimento causou um abismo grande demais para ser transposto pelas antigas explicações. E o que dizer de calamidades ainda maiores que vieram depois, como as duas guerras mundiais, culminando com o Holocausto e Hiroshima, sem falar nos atos terroristas? Além dos teólogos, muitos escritores e filósofos seculares têm lidado com a questão da existência do mal e da teodiceia. O dilema é sintetizado numa frase do escritor e poeta norteamericano Archibald MacLeish (1892-1982) 13
em J.B., um drama contemporâneo sobre a história de Jó: “Se Deus é bom, Ele não é Deus. Se Deus é Deus, Ele não é bom.” O que ele quer dizer é que há uma dissonância entre o poder e o amor de Deus. Na atualidade, muitas pessoas têm superficialmente rejeitado a Deus por causa das coisas que veem no mundo e na própria religião. Para os novos ateus, o Deus da Bíblia não merece nosso respeito porque Ele não é justo. Por exemplo, o conhecido biólogo Richard Dawkins inicia o capítulo 2 de Deus, um Delírio (Companhia das Letras, 2007) com a frase: “O Deus do Antigo Testamento é talvez o personagem mais desagradável da ficção.” E então enumera uma sequência de adjetivos provocadores, como racista, megalomaníaco e malévolo, para citar apenas três. Por sua vez, no livro O Problema com Deus (Agir, 2008), o teólogo Bart D. Ehrman confessa: “O problema do sofrimento me atormentou durante muito tempo. Foi o que me levou a pensar na religião quando jovem, e foi o que me fez questionar minha fé quando mais velho. Por fim, foi a razão pela qual perdi minha fé.” O que fazer diante dessas críticas? Como responder aos questionamentos? Que dizer ao nosso próprio coração quando, à semelhança de Gideão, precisamos desabafar: “Ai, senhor meu! Se o SENHOR é conosco, por que nos sobreveio tudo isto” (Jz 6:12-13)? TEODICEIA DO AMOR Um crescente número de teólogos tem apelado para o conceito de teodiceia em busca de respostas. A questão que intriga os estudiosos não é apenas por que Deus ainda não eliminou o mal, mas como Ele irá fazê-lo. A teodiceia começou como uma tentativa de defender Deus em face do mal, mas hoje é também um recurso para ajudar a superar a crise de fé neste mundo marcado pela injustiça e a violência. Parte da nossa estrutura de pensamento, as teodiceias nos ajudam a ter uma referência em meio ao sofrimento. Sem a teodiceia, a cosmovisão desmorona. O mundo tem sentido somente quando conseguimos explicar por que coisas ruins acontecem com pessoas boas. Embora haja uma variedade de teodiceias (e antiteodiceias) no mercado hoje, como a explicação simplista de que Deus inflige dor quando a pessoa peca, ou a defesa de que vivemos no melhor mundo possível, ou a ideia popular de que tudo tem um propósito e a dor é um instrumento para a transformação do caráter, a abordagem 14
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DEUS ESTÁ EM GUERRA CONTRA O MAL E TRIUNFARÁ SOBRE ELE, MAS A VITÓRIA DIVINA OCORRE COM BASE NA JUSTIÇA E NO AMOR, E NÃO APENAS NO PODER
mais sólida é a noção do conflito cósmico entre o bem e o mal, cujo clímax se dará com a vitória final do amor de Deus. É nessa metanarrativa que aposta o teólogo adventista John C. Peckham, professor na Universidade Andrews (EUA) e autor do livro Theodicy of Love: Cosmic Conflict and the Problem of Evil (Teodiceia do Amor: O Conflito Cósmico e o Problema do Mal), que será lançado neste mês de novembro pela Baker Academic. O conflito cósmico, que se reproduz em escala micro no nível pessoal, é a única explicação que realmente inclui todos os aspectos envolvidos e preserva Deus. Como sinaliza Ellen G. White em O Desejado de Todas as Nações (p. 116), “essa luta se repete nos domínios de cada coração”. Em outras palavras, há uma guerra por trás das nossas batalhas. Além de nós, o próprio Deus foi atingido e Seu nome foi difamado. Segundo Ellen G. White, o plano da redenção não foi idealizado apenas para salvar a humanidade e lançar o foco certo na lei divina, mas com o propósito “ainda mais vasto e profundo” de “reivindicar o caráter de Deus perante o Universo” (Patriarcas e Profetas, p. 68). Para a autora, toda a história do grande conflito “é também uma demonstração do imutável amor de Deus” (p. 33). Satanás levou o ser humano a imaginar Deus como um um “juiz austero”, um caçador implacável de erros. “Foi para remover essa sombra escura e revelar ao mundo o infinito amor de Deus que Jesus veio viver com a humanidade” (Caminho a Cristo, p. 10). Em entrevista à Revista Adventista, Peckham explica que o livro dele, fundamentado em uma leitura canônica das Escrituras, “oferece uma proposta construtiva para uma teodiceia do amor que articula uma defesa matizada do livre-arbítrio ao lado de um relato robusto da providência de Deus, no contexto do conflito cósmico”. Ou seja, Peckham defende que “o amor divino está no centro de uma disputa cósmica e que o compromisso de Deus com o amor fornece uma razão moralmente suficiente para a tolerância Dele ao mal, com ramificações significativas para entender a providência divina” como operando dentro do que ele chama de “regras de engajamento”. Para o autor, “o genuíno relacionamento de amor exige consistentemente a liberdade de crença e ação”. Isso explica “os desejos não realizados de Deus”. A natureza desse conflito, observa Peckham, é primariamente epistêmica, tendo que ver com a verdade. Trata-se de uma guerra real que se desenrola no campo de batalha da Terra, mas
ao mesmo tempo envolve um drama que se desenA ODISSEIA DA TEODICEIA volve no tribunal do Céu. Como criador original O exótico termo “teodiceia”, que vem da junção das palavras gregas theos das fake news, o pai da mentira (Jo 8:44b) espa(Deus) e dikē (justiça, julgamento), significa justificar, defender ou vindicar lhou inúmeras notícias falsas sobre Deus. Visto Deus em face do problema representado pela existência do mal no mundo. que as acusações caluniosas de Satanás são conA palavra foi cunhada em 1710 pelo matemático e filósofo alemão Gottfried tra o caráter amorável de Criador, na tentativa Leibniz em seu livro Ensaios de Teodiceia sobre a Bondade de Deus, a Liberdade de subverter a lei divina, o problema não pode do Homem e a Origem do Mal, conhecido simplesmente como Teodiceia. Leibniz ser resolvido por puro poder, mas requer uma distinguiu três formas de mal: moral (pecado), físico (dor) e metafísico (limidemonstração diante do Universo. tação). Para ele, a limitação é inevitável, porque somente Deus é perfeito, e o O teólogo explica: “Dentro desse conflito, Satapecado e a dor foram permitidos em função de um propósito maior. Apesar nás e seus aliados recebem temporariamente das críticas que a obra recebeu, o pensamento de Leibniz proporcionou uma jurisdição significativa sobre a Terra, limitada plataforma para as discussões filosóficas do século 18, ajudando a preservar de acordo com regras não unilaterais de engajaa visão do mundo na qual há um valor embutido na natureza. mento, que determinam moralmente a ação de Deus para eliminar ou mitigar alguns males que temporariamente caem dentro da jurisdição do inimigo. Assim, em qualquer caso em que Deus apareça, a fim de mostrar a natureza do desgonão intervenha para impedir algum mal horrendo, fazê-lo poderia: verno de Satanás e “vacinar” os seres inteligentes, (1) ser contra as regras de engajamento, (2) interferir no livre-arbísem precisar eliminar o livre-arbítrio. Assim, o trio da criatura de uma forma que minaria o amor, e/ou (3) resultar julgamento que ocorre no santuário celestial reveem maior mal ou menos florescimento do amor.” lará a justiça, o amor e a paciência de Deus diante O problema com essa explicação é que hoje muitos cristãos do Universo. Por esse motivo, o salmista disse que, têm dificuldade para aceitar que existe um agente supernatural (o ao ver o mal e a prosperidade dos ímpios, seus pés diabo) por trás do mal. Porém, essa cosmovisão permeia a Bíblia do quase se resvalaram, até que entrou no “santuário começo ao fim e está na base da metanarrativa sobre o grande conde Deus” e percebeu o fim deles (Sl 73:2, 17). flito escrita por Ellen G. White a partir de 1858, com o lançamento A descrição da guerra cósmica no último livro de Spiritual Gifts. Há uma guerra invisível de proporções cósmicas da Bíblia, especialmente o enfoque na perseveentre potestades espirituais (Ef 6:12), a qual se intensificará no fim dos tempos (Ap 12:7-17). rança dos que “guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus” (Ap 12:17), é “O conceito do conflito cósmico não é exclusivo da teologia advenum convite para ficarmos ao lado de Deus, mesmo tista”, reconhece Peckham, “mas é singularmente essencial para a quando Ele parece ausente e o mal parece triunmoldura da nossa teologia.” Ele acredita que, à medida que o tempo far. A verdadeira teodiceia é uma expressão da passa, o problema do mal irá surgir com mais frequência e devemos escatologia; ou, ao contrário, a escatologia é uma nos posicionar para fornecer uma moldura a fim de pensar sobre o expressão da teodiceia. Deus está em guerra contema, reconhecendo que a resposta final só pode vir do próprio Deus. tra o mal e triunfará totalmente sobre ele, mas a A solução divina global ocorreu na cruz, que é um microcosmo do vitória divina, já garantida na cruz, ocorre com grande conflito e representa a vitóbase na justiça, e não apenas no poder. O que vai ria de Deus do ponto de vista legal. acontecer explicará a maneira de Deus agir e jusPor isso, Jesus explicou o signifitificará os caminhos divinos. cado de Sua morte nestes termos: O CONCEITO DO Enquanto isso, saiba que Deus está do seu lado, “Chegou o momento de ser julgado CONFLITO CÓSMICO mesmo que você não perceba. No evento da cruz, [krisis, ato de julgar] este mundo, Deus estava presente, embora parecesse ausente e agora o seu príncipe [Satanás] NÃO É EXCLUSIVO (Mt 27:46; Mc 15:34). O que ocorreu no nível micro será expulso” (Jo 12:31). A cruz ocorre também na esfera macro. Silêncio não é foi o triunfo do bem. Ao morrer, DA TEOLOGIA sinônimo de ausência. Cristo possibilitou Deus “ser justo ADVENTISTA, MAS Se o mundo é uma explosão de vida, é tame o justificador daquele que tem bém um cemitério de sonhos. Mas a promessa fé em Jesus” (Rm 3:26b). Deus não TEM IMPORTÂNCIA de Deus é que um dia a antiga ordem vai passar subjugou o mal apenas pelo poder (Ap 21:4). Todas as lágrimas serão enxugadas. bruto, mas pela força do amor. Ele ESPECIAL PARA O que não tem sentido hoje ganhará novo signifisofreu a violência do mal na cruz cado. No fim, o amor vencerá, e a vitória de Deus para conquistar o direito de desNOSSA TRADIÇÃO, será a nossa vitória. ] truir o mal. Enfrentou a morte POIS MOLDA NOSSA para possibilitar a vida. Naturalmente, Deus dá tempo MARCOS DE BENEDICTO, pastor, jornalista e doutor em VISÃO DE MUNDO Ministério, é o redator-chefe da CPB para que o resultado do mal R e v i s t a A d ve n t i s t a // Novembro 2018
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SEMANA DE ORAÇÃO | PRIMEIRO SÁBADO
O livro mais atacado
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homem morrera e estava sepultado havia mais de 40 anos. No entanto, certo dia a paz foi quebrada no cemitério situado nos fundos de uma igreja, em Lutterworth, Inglaterra. Um grupo estranho, empunhando pás, chegou a determinada tumba. Eles se reuniram ao redor da sepultura e um clérigo ordenou que cavassem no local para exumar os restos mortais de John Wycliffe, um sacerdote e erudito da Universidade de Oxford muito estimado, que havia morrido em 31 de dezembro de 1384. Os ossos exumados de Wycliffe foram então queimados e as cinzas lançadas no rio Swift.
SEJA POR MEIO DE PERSEGUIÇÃO OU DO ASSÉDIO DE FALSOS ENSINOS, A CONFIANÇA NA PALAVRA DE DEUS TEM SIDO TESTADA
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TED WILSON
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O que ele fez para merecer esse destino? Por que a Igreja de Roma estava tão decidida a eliminar seus restos mortais? John Wycliffe ousou falar a verdade e disponibilizar em inglês a Palavra de Deus para seus compatriotas. Um século antes do nascimento de Martinho Lutero, segundo uma série especial da revista Christianity Today, ele proclamou: “Confie somente em Cristo; dependa exclusivamente de Seus sofrimentos; tenha a certeza de ser justificado somente por Sua justiça.”
Foto: Ben White
O PODER DAS ESCRITURAS Wycliffe conhecia o poder das Escrituras e estava determinado a torná-la disponível no idioma do povo, não somente em latim – língua falada pelos letrados da época. Embora enfrentando oposição ferrenha, ele seguiu em frente com essa obra importante, explicando que os ingleses aprenderiam muito melhor as leis de Cristo no seu idioma materno. Ele teria justificado seu empenho dizendo que Moisés e os apóstolos de Cristo aprenderam sobre Deus a partir do idioma deles. O esforço do pré-reformador foi recompensado. A Bíblia de Wycliffe exerceu uma inf luência prof unda, pois ofereceu a milhares de pessoas o acesso direto à Palavra de Deus. No clássico Foxe’s Book of Martyrs (Livro dos Mártires de Foxe), publicado no século 16, o autor escreveu que os ossos de Wycliffe foram queimados e suas cinzas jogadas num rio, mas seus inimigos não conseguiram destruir a Palavra de Deus, pois a mensagem do livro sagrado continuou a produzir frutos. A BÍBLIA DE TYNDALE William Tyndale, outro professor da Universidade de Oxford e que também lecionou em Cambridge, foi fluente em oito idiomas. Ele possivelmente tenha sido o mais conhecido mártir e tradutor da Bíblia. Por viver na Inglaterra do século 16, Tyndale conhecia a Bíblia de Wycliffe. Embora a circulação dela estivesse proibida, cópias do manuscrito estavam disponíveis no mercado clandestino, mas eram muito caras e difíceis de ser encontradas. Nas primeiras décadas dos anos 1500, a impressão de livros já estava se popularizando, e Tyndale entendeu que aquele era o momento apropriado para trabalhar na tradução da Bíblia para uma linguagem mais atualizada do inglês. Isso tornaria a Palavra mais inteligível. Além disso, para dar mais precisão e confiabilidade à tradução, Tyndale trabalhou a partir do texto em grego e hebraico, R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Novembro 2018
EMBORA AMPLAMENTE DISPONÍVEL, A BÍBLIA TALVEZ SEJA UM DOS LIVROS MENOS COMPREENDIDOS E MAIS CRITICADOS DO NOSSO TEMPO
em vez de tomar como base a versão em latim, como fez Wycliffe. Para cumprir sua tarefa, Tyndale viajou para a Alemanha, onde o clima era mais favorável para o protestantismo. Ali a Reforma estava bem encaminhada e Martinho Lutero havia completado a tradução das Escrituras para o alemão. Tyndale trabalhou rapidamente e, até 1525, vários volumes do Novo Testamento haviam entrado clandestinamente na Inglaterra. Os líderes religiosos ficaram furiosos por não poderem impedir a propagação da Palavra de Deus. O reformador conseguiu ainda traduzir e publicar cerca de metade do Antigo Testamento antes de ser traído por um colega inglês. William Tyndale ficou preso por quase um ano e meio na masmorra de um castelo próximo a Bruxelas, na atual Bélgica, antes ser amarrado a uma estaca no pátio do palácio, estrangulado com uma corrente e ter seu corpo queimado em outubro de 1536. João Huss, sacerdote tcheco, também foi outro tradutor da Bíblia a ser martirizado. O fato é que a história da 17
transmissão e preservação do texto bíblico está marcada por perseguição e sacrifício. Isso mostra que a Bíblia era importante para esses e outros milhares de homens que arriscaram a vida por sua fé. O LIVRO MAIS ASSEDIADO Embora amplamente disponível, a Bíblia talvez seja um dos livros mais assediados de nosso tempo. Ainda que em alguns lugares do mundo seus leitores sejam perseguidos, os piores ataques contra a Bíblia são sutis. Um dos mais destrutivos é o método histórico-crítico de estudo, porque é nessa abordagem que os leitores se colocam acima das Escrituras, decidindo o que é digno de confiança ou não no texto. Outro ataque sutil é a insinuação de que somente os estudiosos ou teólogos podem compreender a Bíblia e explicá-la. Esse raciocínio remete à compreensão católica de que somente o magistério da igreja é capaz de interpretar as Escrituras; aos demais cabe apenas uma leitura superficial. Em contrapartida, a Bíblia vai na direção oposta, afirmando que a sabedoria está disponível para quem pede a Deus (Tg 1:5 e 6). REVELAÇÃO SINGULAR Todo esse esforço para destruir a Bíblia ou minimizar sua relevância mostra que ela é realmente um livro poderoso. Enxergo pelo menos três aspectos que a tornam singular: ela revela Deus, apresenta a verdade e ensina. 1. Revela Deus. O Senhor fala a nós por meio de Sua Palavra (Jo 1:1). Ela mostra como Deus lida com o problema do pecado e o que Ele está fazendo para nos reconciliar com Ele. A Bíblia revela a criatividade, majestade, misericórdia, justiça e os planos de Deus (Am 3:7). A declaração da primeira crença fundamental adventista afirma: “As Escrituras Sagradas, o Antigo e o Novo Testamentos, são a Palavra de Deus escrita, dada por inspiração divina. Os autores inspirados falaram e escreveram ao serem movidos pelo Espírito Santo. Nesta Palavra, Deus transmitiu à humanidade o conhecimento necessário para a salvação. As Escrituras Sagradas são a revelação infalível, suprema e repleta de autoridade de Sua vontade. Constituem o padrão de caráter, a prova da experiência, o revelador definitivo de doutrinas 1. Ore por maior apreciação pessoal à Palavra de e o registro fidedigno dos atos de Deus. Deus na história” (Nisto Cremos, CPB, 2016, p. 11). 2. Apresenta a verdade. Jesus disse 2. Interceda pelos que ser a verdade (Jo 14:6) e que a verrepartem “o pão da vida” em sua comunidade de dade estava revelada nas Escrituras fé, para que o façam com (Jo 17:17). Quando confrontado pelos sabedoria. líderes religiosos de Sua época, que estavam indignados por Ele ter afirmado ser o Filho de Deus, Jesus 3. Ore pelos que não têm livre acesso às legitimou Sua autoridade na Bíblia Escrituras. (Jo 5:37-45). É a Palavra de Deus que revela Sua natureza, propósitos e
SUGESTÕES PARA ORAÇÃO
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planos, e também explica como o pecado entrou no mundo e o que Deus está fazendo para nos reconciliar com Ele. 3. A Bíblia ensina. As Escrituras são “a mais vasta e instrutiva história que os homens possuem”, escreveu Ellen White. “Ela veio pura da fonte da verdade eterna, e uma divina mão preservou sua pureza através dos séculos. Seus brilhantes raios penetram o mais distante passado, onde a pesquisa humana tenta em vão chegar. Só na Palavra de Deus encontramos um relato autêntico da criação. Nela contemplamos o poder que lançou os fundamentos da Terra e estendeu os céus. Somente aí podemos encontrar a história de nossa raça, não contaminada pelo preconceito ou o orgulho humano” (Testemunhos Para Igreja, v. 5, p. 25). Como Jesus, a Bíblia se eleva acima de cultura, dos preconceitos e orgulho. Ela nos revela a verdade sobre nós mesmos e a respeito de nosso mundo. Esse livro nos ensina a ter um relacionamento genuíno com Deus e uns com os outros, e nos faz promessas poderosas de como viver de maneira correta e coerente. Para tanto, Ellen White aconselha que devemos apresentar a Bíblia assim como ela é, colaborando para que raios de luz iluminem a mente dos ouvintes e a fim de que eles tomem livremente a decisão de obedecer à Palavra com todas as implicações que isso traz (Serviço Cristão, p. 144). NOSSA SALVAGUARDA Enquanto esteve na Terra, o tema dos ensinamentos e sermões de Cristo era a Palavra de Deus. Ellen White aconselhou que nisso também devemos seguir o Mestre: aceitar a inspiração de toda a Bíblia e não colocar teorias e especulações humanas acima da revelação. Se não levamos isso a sério, sementes de incredulidade são semeadas e o povo acaba se perdendo em confusão. A pioneira acrescenta que Cristo Se referia à Bíblia como autoridade inquestionável, ponto de resolução de qualquer polêmica e o fundamento de toda fé (Parábolas de Jesus, p. 38 e 39). Revisitar a história dos mártires, daqueles que se sacrificaram pela Palavra, pode nos inspirar a valorizar, ensinar e pregar a poderosa Palavra de Deus até que Jesus volte. Que sejamos como Davi, que guardou as palavras do Senhor para não pecar contra Ele (Sl 119:11)! ] TED WILSON é o presidente mundial da Igreja Adventista. Você pode acompanhar o líder por meio das redes sociais: Twitter (@pastortedwilson) e Facebook (fb.com.br/ pastortedwilson)
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17-24 de Novembro
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SEMANA DE ORAÇÃO | DOMINGO
A ORIENTAÇÃO BÍBLICA CONTINUA NORMATIVA AINDA HOJE ALEJANDRO MEDINA VILLAREAL
E
m 606 a.C., Israel estava prestes a enfrentar a pior crise de sua história. Dentro de pouco tempo, em 586 a.C., o reino de Judá seria destruído. O rei Jeoaquim (reinou de 609-598 a.C.) havia se submetido ao domínio do Egito, pagando altos tributos (2Rs 23:35). No ano seguinte (605 a.C.), Nabucodonosor venceu o faraó Neco II e o exército egípcio na batalha de Carquemis, mudando o cenário político da região. Jeoaquim foi então forçado a mudar sua aliança e lealdade do Egito para a Babilônia (2Rs 24:1). Infelizmente, o jovem rei foi um líder patético num momento crucial para o povo de Deus. Ele só pensou em acumular riquezas, o que resultou em corrupção, injustiça e outros abusos (Jr 22). MENSAGEM DO CÉU Por volta do ano 605 a.C., o Senhor enviou uma mensagem importante ao rei Jeoaquim por meio do profeta Jeremias: “Pegue um rolo e escreva nele todas as palavras que lhe falei a respeito de 20
ATITUDE INDIFERENTE O rei de Judá respondeu com ousadia incomum. Jeremias relata que “isso aconteceu no nono mês. O rei estava sentado em seus aposentos de inverno, perto de um braseiro aceso. Assim que Jeudi terminava de ler três ou quatro colunas, o rei as cortava com uma faca de escrivão e as atirava no braseiro, até que o rolo inteiro foi queimado no braseiro” (v. 22 e 23). Jeoaquim revela uma atitude semelhante à de algumas pessoas com mentalidade pós-moderna: (1) ele não estava interessado na Palavra de Deus; (2) considerou completamente irrelevante a mensagem profética; (3) acreditava que a Palavra de Deus não tinha autoridade; (4) pensava que podia viver bem mesmo contrariando a orientação divina; (5) agiu com indiferença e não hesitou em destruir as Escrituras; e (6) não compreendeu que estava rejeitando sua última oportunidade de evitar a crise. É curioso notar que, ao longo da história, Satanás tem promovido várias estratégias contra a Bíblia e sua autoridade: destruição e perseguição (era pré-moderna), ataques ideológicos (era moderna) e atitude de indiferença e desdém (era pós-moderna). R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Novembro 2018
Foto: Cathy Mu
Questão de autoridade
Israel, de Judá e de todas as outras nações, desde que comecei a falar a você, durante o reinado de Josias, até hoje. Talvez, quando o povo de Judá souber de cada uma das desgraças que planejo trazer sobre eles, cada um se converta de sua má conduta e Eu perdoe a iniquidade e o pecado deles” (Jr 36:2 e 3). Jeremias obedeceu e ditou a Baruque as palavras inspiradas pelo Senhor. Baruque leu a mensagem diante do povo (v. 9 e 10). Quando os israelitas ouviram a mensagem, ficaram alarmados e disseram: “É absolutamente necessário que relatemos ao rei todas essas palavras” (v. 16). E assim fizeram, mas antes pediram que Baruque e Jeremias se escondessem.
DESAFIO ATUAL Assim como o povo de Deus naquele período, hoje também passamos por crises. E onde buscamos respostas quando nos deparamos com as crises? A Bíblia aconselha a clamar a Deus a fim de que Ele nos revele coisas grandiosas que não conhecemos (Jr 33:3). Sim, a Palavra de Deus tem soluções efetivas para os desafios do cotidiano. O ponto é que a postura predominante em nossos dias de indiferença para com as Escrituras é uma tentativa frustrada de experimentar liberdade e encontrar significado. Isso ocorre porque as necessidades espirituais ainda precisam ser supridas e o ser humano contemporâneo acaba buscando matar essa sede em fontes que não saciam. Na igreja, existe igualmente um sintoma dessa indiferença para com a Palavra: o analfabetismo bíblico. Qual é o impacto disso para a igreja? O analfabetismo bíblico resulta em busca por experiências místicas, expectativa por um culto espetacularizado, dependência de líderes superstars, cujas declarações e interpretações são seguidas por seus admiradores; e a fragilização da igreja diante de todos os tipos de absurdos pregados em nome de Deus. COMBATE À REJEIÇÃO DAS ESCRITURAS A Palavra de Deus não pode ser destruída (Is 40:8). Embora o rei Jeoaquim tenha queimado o pergaminho, Deus ordenou a Jeremias que escrevesse uma nova cópia acrescentando outros pontos (Jr 36:28-31). A lição é que ninguém pode deter o avanço do evangelho. Felizmente, a Palavra de Deus não depende de corações humanos inconstantes para prosperar. O Egito era a grande esperança do rei Jeoaquim. Como resultado, em 598 a.C., incentivado pelo faraó, ele se rebelou abertamente contra Nabucodonosor. O rei de Judá convenceu seu povo de que, se lutassem contra Babilônia, os egípcios os ajudariam. Ao contrário, a rebelião provocou nova invasão do poderoso exército caldeu. Na verdade, o Egito nunca teve a intensão de ajudar Judá. Estava apenas ganhando tempo para realizar seus próprios interesses. Essa decepção ocorreu porque o rei Jeoaquim, em vez de confiar na mensagem de esperança que Deus havia enviado para salvar Seu povo, colocou sua confiança em promessas falsas. Como mensageiros da Palavra de Deus, não podemos crer que a pregação bíblica seja sempre bem recebida. Hoje, a maioria das pessoas não quer ser confrontada com seus erros. Ellen White escreveu que também na sua época muitos recusavam atender as advertências, R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Novembro 2018
OS CONSELHOS INSPIRADOS SÃO TÃO RELEVANTES HOJE COMO NA ÉPOCA EM QUE FORAM ESCRITOS
preferindo ouvir somente conselhos elogiosos. Ela acrescentou, porém, que no momento de tribulação não haverá refúgio para quem assume essa postura. Na contramão disso, o povo de Deus deve enfrentar as provações com coragem e paciência, lembrando que, antes dele, Jesus e Seus discípulos já haviam lidado com abusos e perseguições contra a Palavra (Profetas e Reis, p. 437). Em resumo, poderíamos dizer que: 1. Deus é o único conhecedor do futuro. Ele é a Fonte de toda informação que aparece na Bíblia (Is 46:10; 2Tm 3:16). Sua Palavra é autoridade suprema (Sl 119:160). 2. Não devemos esperar que as pessoas aceitem facilmente a mensagem bíblica (Jo 15:18 e 19). 3. A cultura pós-moderna tende a ser indiferente à Palavra de Deus, preferindo confiar em falsas filosofias e conceitos (Ap 3:17). 4. O analfabetismo bíblico promove uma experiência religiosa incerta e fundamentada em interesses pessoais (Mt 7:21-23). 5. A mensagem de Deus permanecerá apesar de as pessoas rejeitarem (e, às vezes, tentarem destruir) as Escrituras (Mt 24:35). ] ALEJANDRO MEDINA VILLARREAL é pastor na cidade de Villahermosa, no México
SUGESTÕES PARA ORAÇÃO 1. Ore para que o Senhor nos ajude a obedecer à Sua Palavra. 2. Peça que Deus mantenha Sua igreja fiel no tempo do fim. 3. Ore por amigos e familiares que ainda precisam aceitar a autoridade da Bíblia.
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SEMANA DE ORAÇÃO | SEGUNDA-FEIRA
Leitura que transforma A BÍBLIA GERA MUDANÇA QUANDO SEU ESTUDO FAZ ARDER NOSSO CORAÇÃO
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m dos relatos bíblicos espantosos para mim é a reação de completo desânimo dos discípulos após a morte de Jesus na cruz. Se pensarmos bem, isso é muito surpreendente, porque ao longo de Seu ministério Jesus afirmou várias vezes que seria morto, mas ressuscitaria (Mc 8:31, 9:31; 10:32-34; Jo 12:23, 27; 13:1; 16:4, 21, 32; 17:1). No entanto, a cruz pegou os discípulos de surpresa e, quando Jesus ressuscitou, eles não creram! Ao pensar nesse fato, fico incomodado com o fracasso dos discípulos, porque tenho a impressão de que isso também pode acontecer comigo. A boa notícia é que não precisa ser dessa maneira. Na estrada para Emaús, quando Jesus consolou dois discípulos, Ele explicou como devemos estudar a Bíblia. 22
CREIA Jesus explicou que os discípulos não compreenderam o que ocorreu naquele fim de semana, porque não haviam acreditado no que tinha sido predito (Lc 24:25). Fé na Palavra de Deus é o primeiro passo na direção da compreensão (Hb 11:3). Alguns leitores colocam sua confiança na igreja ou nos seus líderes. Ficam felizes por terem alguém que pensa por eles e lhes diga o que a Bíblia quis dizer. Alguns o fazem por conveniência, mas outros pensam que a Bíblia tem um tipo de segredo ou significado espiritual que somente alguns conseguem compreender. Uma intepretação alegórica do texto de Cantares 4:2 feita por Bernardo de Claraval, abade francês que viveu no 12º século, ilustra essa postura. Ele escreveu um sermão sobre os “dentes” da noiva relatada em Cantares, argumentando que a arcada dentária superior representa os monges de ordens superiores, enquanto a inferior se refere aos clérigos de ordens inferiores. Seu sermão é fascinante, mas não tem nada que ver com o significado original de Cantares 4:2. Um fenômeno similar ocorre hoje, quando pregadores interpretam as Escrituras de maneira diferente do seu sentido original. As alegorias nos falam mais sobre a habilidade dos intérpretes e o sentido que querem dar ao texto do que do significado da passagem em si. Ao fazer assim, colocamos nossa confiança em seres humanos e os exaltamos. Porém, a Bíblia diz que Deus deu Sua Palavra para que todos a compreendam, até mesmo as crianças (Mt 11:25, 26; Jo 7:17; 2Tm 3:14-17). Por sua vez, há leitores da Bíblia que colocam sua confiança no raciocínio humano. Deus R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Novembro 2018
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FÉLIX H. CORTEZ
nos deu a habilidade de pensar e deseja que essa capacidade seja usada em nosso relacionamento com Ele (Is 1:18). No entanto, para alguns, a razão neutraliza o poder da Palavra de Deus. Quando a declaração bíblica não coincide com a lógica humana, eles a deixam de lado, considerando que se trata de um erro introduzido na Bíblia. Mas Deus é maior do que nossa habilidade de compreendê-Lo. Precisamos confiar Nele de toda maneira (Mt 22:29-32; 1Co 1:18-25). Devemos tomar cuidado para não aceitar apenas as palavras da Bíblia, mas nos esquecer do contexto e do objetivo original da passagem, colocando-nos involuntariamente como fator determinante da interpretação. Por exemplo, o que 1 Pedro 2:21 quer dizer quando fala que Jesus nos deixou um “exemplo” do modo como devemos “seguir Seus passos”? Se ignorarmos o contexto, essa passagem pode significar que devemos vestir as mesmas roupas que Jesus usou, permanecer solteiro como Ele Se manteve, e coisas semelhantes que o intérprete queira que o texto diga. No entanto, o contexto da passagem é claro. Deus quis dizer que, quando somos mal-tratados não devemos “cometer pecado”, “injúria” nem “ameaça”. Quando ignoramos o contexto das Escrituras, nos colocamos como fatores determinantes da interpretação. Há também um grupo de leitores que desistem da fé. Frustrados pela diversidade de interpretações, alguns passam a acreditar que ninguém tem a verdade. Contudo, as Escrituras nos ensinam que Deus enviou o Espírito Santo para nos guiar em “toda a verdade” (Jo 16:13). Em resumo, Deus deseja que coloquemos nossa fé Nele, não na igreja, não em seus líderes, não no raciocínio humano, nem em nós mesmos, porque todos esses recursos são falhos. LEIA Outra possível explicação para a decepção dos discípulos com a morte de Jesus é que eles não tinham atentado para a totalidade da mensagem das Escrituras. Ao contrário, se concentraram nas porções da Bíblia de que gostavam. Os discípulos amavam o título messiânico de Filho do Homem, porque ele identificava Jesus como a figura celestial de Daniel 7:13 e 14 que receberia o domínio e um reino que nunca seria destruído. Todavia, as Escrituras também revelam que o Messias morreria de maneira violenta pelos pecados do povo (Is 53; Dn 9:26). Os discípulos não “compreenderam” essas passagens, R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Novembro 2018
A MISSÃO DE COMPREENDER A BÍBLIA NÃO É UM LOCAL AO QUAL SE CHEGA, MAS A VIAGEM NA QUAL SE EMBARCA
nem as advertências do próprio Jesus, porque esses trechos eram contrários a tudo o que eles sempre creram e desejaram. Eles não tiveram “ouvidos para ouvir”. Em contraste, Jesus explicou aos discípulos: “Não devia o Cristo sofrer essas coisas, para entrar na Sua glória”? (Lc 24:26). Precisamos fazer o mesmo. Ler “todas as Escrituras” significa pedir a Deus “ouvidos para ouvir” a Bíblia em sua totalidade, inclusive as passagens que preferiríamos que não fossem verdade. PRATIQUE Obediência é o último passo na compreensão das Escrituras. Jesus disse que aqueles que desejam fazer a vontade de Deus conhecerão a verdade (Jo 7:17). O mesmo ocorreu com os discípulos a caminho de Emaús. Quando pediram a Jesus que ficasse em sua casa, sugerindo que eles haviam aceitado Sua mensagem e queriam saber mais, “seus olhos foram abertos” e O reconheceram (Lc 24:31). O oposto também é verdade. Aqueles que não “amam [...] a verdade” serão enganados no tempo do fim (2Ts 2:9-12; 2Tm 4:3, 4). Portanto, é importante notar que compreensão não é o local ao qual se chega, mas a viagem na qual se embarca. Intimidade com Deus é resultado de uma vida que se arrisca a seguir Seus 1. Ore para que o Senhor nos conselhos e que confirma por experiência que Sua Palavra é dê “ouvidos para ouvir”. confiável. Quando os discípulos 2. Peça que, como comunidade passaram por isso, assim como os dois que andaram com Jesus religiosa, tenhamos corano caminho de Emaús, eles não gem de praticar a Palavra. mais quiseram ficar em silêncio 3. Ore para que nossa igreja (Lc 24:44-53). ]
SUGESTÕES PARA ORAÇÃO
não desconsidere o princípio de estudar a totalidade
FÉLIX CORTEZ, PhD, é professor associado
da mensagem bíblica.
de literatura do Novo Testamento na Universidade Andrews (EUA)
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SEMANA DE ORAÇÃO | TERÇA-FEIRA
O CONTATO COM DEUS POR MEIO DA BÍBLIA NOS AJUDA A OLHAR A VIDA A PARTIR DA PERSPECTIVA DELE KAREN HOLFORD
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eu marido está procurando uma casa para nossa família. Temos filhos pequenos e a cidade em que vamos morar é bem distante. Bernie está pesquisando isso sozinho. Na sua busca, ele tenta olhar as casas por meio dos meus olhos. Ele explora cuidadosamente cada cômodo, imaginando nossa vida juntos. A cozinha é grande o suficiente? O quintal é seguro para crianças pequenas? 24
FACE A FACE COM DEUS A Bíblia não tem um passo a passo para todos os desafios da vida. Seria impossível escrever um manual aplicável a todas as situações, porque as pessoas, as culturas e os dilemas mudam. Porém, a boa notícia é que a Palavra de Deus é muito mais rica e útil do que um manual do tipo “faça você mesmo”. R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Novembro 2018
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Convite à intimidade
Após 14 anos de casados e termos morado em sete casas diferentes, Bernie sabe exatamente o que aprecio numa casa, o que costumo achar estranho e o que será possível mudar. Finalmente, Bernie encontrou a casa em que vamos viver, amar, sorrir, chorar e aprender pelos próximos 11 anos. Foi emocionante conhecer o imóvel que ele escolheu, porque percebi que havia atentado para cada detalhe que valorizo. A casa precisava de uma boa pintura e limpeza, mas era perfeita. Sua escolha cuidadosa levou em consideração tudo o que aprendeu morando comigo, me ouvindo e me estudando bem de perto, todos os dias de nossa vida juntos. Escolher uma casa nova é relativamente fácil. No entanto, a vida é cheia de decisões muito mais desafiadoras. Uma oferta de emprego que representa uma boa renda, mas sacrifício da família. A oportunidade de ser missionário num lugar ainda não evangelizado. A dúvida quanto a casar com o homem pelo qual se é apaixonada. O drama de sair de um ciclo de violência familiar. Como tomar as melhores decisões quando se está envolto por uma rede de informações, crenças e ideias conflitantes? E quando as melhores escolhas do ponto de vista humano parecem conflitar com a vontade de Deus?
QUANDO VEMOS A CONFUSÃO DE NOSSA VIDA A PARTIR DA PERSPECTIVA AMOROSA E PACIENTE DE DEUS, SOMOS MAIS PROPENSOS A TOMAR DECISÕES SÁBIAS
Ela é um convite de Deus para buscá-Lo e encontrá-Lo em cada história e circunstância relatadas no Livro Sagrado. A Bíblia está repleta de ilustrações detalhadas acerca do caráter amoroso de Deus. Esses retratos são como separar cada quadro de uma tomografia do cérebro. Só quando colocamos as imagens juntas é que podemos compreender o todo. Certa vez pedimos aos nossos filhos que nos ajudassem a criar uma lista de adjetivos que descrevem o caráter de Deus. “Todo-poderoso”, “receptivo”, “corajoso”, “criativo” e “zeloso” foram alguns atributos mencionados por eles. Escrevemos quase 200 palavras tão rapidamente quanto podiam falar. A atmosfera em casa explodiu em alegria. Reconhecíamos mais uma vez que Deus é incrível, embora nosso vocabulário fosse pouco adequado para descrever Sua grandeza, glória e amor. De repente, tínhamos uma figura mais rica de Deus e de tirar o fôlego. “A Bíblia toda é uma revelação da glória de Deus em Cristo”, escreveu Ellen G. White. “Recebida, crida e obedecida, ela é o grande instrumento na transformação do caráter. É o grande estímulo, a constrangedora força, que vivifica as faculdades físicas, mentais e espirituais, dando à existência a devida orientação” (Mente, Caráter e Personalidade, v. 1, p. 93 e 94). Quando lemos a Bíblia e nos concentramos no caráter de Deus, que é perfeitamente expresso por meio da vida de Jesus, nos colocamos face a face com a Fonte de todo amor e somos transformados à Sua semelhança. Quanto mais nos familiarizamos com Ele, mais de perto podemos ouvir Sua orientação.
tomamos a decisão perfeita, Deus ainda nos ama e quer o nosso melhor. Ele continuará trabalhando em nós Seu amoroso propósito por meio de nossas escolhas imperfeitas, assim como fez com Abraão, Sara e Hagar; José e seus irmãos; Davi e Bate-Seba. Algo que precisamos ter em mente é que de todas as características magnificentes de Deus, o amor é a maior (1Jo 4:7-11). A razão mais importante para nos relacionarmos intimamente com Deus é poder experimentar Seus atributos, como misericórdia, bondade, paciência, aceitação e amor generoso. Isso tem o poder de nos fazer ficar apaixonados por Ele a ponto de ajudar outros a trilhar o mesmo caminho. Quando a vida é insuportavelmente penosa e nosso coração está partido, nosso maior conforto vem da convivência com o Deus amoroso. Descobrimos que Ele Se importa profundamente com nossas tragédias e lutas (Sl 34:18); Ele percebe cada lágrima que vertemos (Sl 56:8); e compreende nossas fraquezas (Sl 103:13-18). Ele almeja o dia em que poderemos morar com Ele, quando enxugará dos nossos olhos toda lágrima (Ap 21:1-4). ] KAREN HOLFORD, graduada em terapia familiar e psicologia sistemática, é diretora do Ministério da Família da Divisão Trans-
POR MEIO DOS OLHOS DELE Quanto mais conhecemos a Deus intimamente, mais profundamente experimentamos quanto Ele ama toda a humanidade. Por outro lado, quando vemos a confusão de nossa vida a partir da perspectiva amorosa e paciente de Deus, somos mais propensos a tomar decisões sábias. Quando enfrentamos situações complexas e não temos ideia do que fazer, um caminho é listar o nome de todas as pessoas envolvidas nesses problemas e tentar imaginá-las a partir da perspectiva de Deus. Isso é possível quando paramos para pensar em suas necessidades, na melhor maneira em demonstrar o amor do Pai e o que podemos aprender com esses desafios. Podemos usar a oração e a reflexão para nos guiar através da complexidade dessa situação. Lembre-se de que, mesmo quando não R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Novembro 2018
Europeia da Igreja Adventista
SUGESTÕES PARA ORAÇÃO 1. Ore para enxergar como Deus está conduzindo você a encontrar respostas em Sua Palavra. 2. Peça a Ele que o ajude a desenvolver um caráter semelhante ao Dele. 3. Ore para que o amor de Deus seja demonstrado aos outros por meio de você.
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SEMANA DE ORAÇÃO | QUARTA-FEIRA
AS NARRATIVAS E PROFECIAS BÍBLICAS APONTAM PARA CRISTO
DAV ID T HOM A S
C
omo a Bíblia nos apresenta Jesus? Na verdade, a resposta a essa pergunta é interessante, animadora e potencialmente transformadora. Na Bíblia, o trecho mais óbvio para se ter um vislumbre de Cristo são os evangelhos, as histórias que escreveram acerca Dele. Aprendemos sobre Jesus quando tomamos conhecimento do que Ele fez e falou. A partir do modelo oferecido por Cristo, podemos agir. SUA HISTÓRIA Para entender o testemunho da Bíblia acerca do Mestre, podemos começar pelas narrativas. Por exemplo, provavelmente a história da mulher apanhada em adultério seja uma das mais conhecidas sobre Jesus (Jo 8). Quando lemos cuidadosamente esse relato, vemos que toda a situação foi minuciosamente planejada para pegar Cristo. A cena retratada é perturbadora: o olhar duro dos acusadores, a vergonha e o medo da mulher acusada, a curiosidade dos espectadores e Jesus no meio de tudo isso. O fator mais impressionante dessa história é a atitude de Cristo para com a mulher, especialmente no fim da narrativa. Ele não a condenou, não a repreendeu, não apontou seus pecados, nem Se alegrou em descrever suas falhas. Ele não a mandou embora como se fosse indigna de ser incluída na vida da comunidade. Ao contrário, Ele foi bondoso com ela, agindo da maneira mais redentora possível. A intenção Dele era restaurar aquela mulher à condição que Deus idealizou para cada ser humano. 26
O comentário de Ellen G. White sobre o efeito da bondade de Jesus nessa situação é animador: “Comoveu-se-lhe o coração, e ela se atirou aos pés de Jesus, soluçando em seu reconhecido amor e confessando com amargo pranto seus pecados. Isso foi para ela o início de uma nova vida, vida de pureza e paz, devotada ao serviço de Deus” (O Desejado de Todas as Nações, p. 462). Nessa história, não só aprendemos como Jesus agiu diante do erro, mas também como usou a situação para torná-la a mais redentora possível. A lição é: Cristo tem poder para transformar. Ele sempre está buscando oportunidades para realizar isso e geralmente o caminho que abre o coração do pecador para a mudança é a demonstração de genuína bondade. SUAS PALAVRAS Em segundo lugar, podemos conhecer Jesus atentando para Suas palavras registradas nos evangelhos. Encontramos ali mais frases curtas e enérgicas do que ensinos longos. Um exemplo é: “O homem bom tira coisas boas do bom tesouro que está em seu coração, e o homem mau tira coisas más do mal que está em seu coração, porque a sua boca fala do que está cheio o coração” (Lc 6:45). Aqui está uma verdade fundamental sobre a vida: o que guardamos no mais íntimo do nosso ser – no coração – acaba se manifestando em público. Se nos educarmos no caminho da bondade e da justiça, é isso que sairá de nós. Se nos entregarmos ao mal e à maldade, esse será o produto de nossa vida. É quase desnecessário dizer que os que desejam estar no reino dos céus serão muito cuidadosos em como dedicam seu tempo e sua atenção, pois essas coisas acabam sendo transformadoras. SUA IDENTIDADE Um terceiro ponto é que podemos aprender acerca de Jesus a partir do que Ele disse sobre Si mesmo. Essas declarações são significativas, R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Novembro 2018
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Personagem central
pois revelam Sua autopercepção. Especialmente o evangelho de João apresenta declarações dessa natureza. Em João 5:17 e 18, por exemplo, está escrito: “Disse-lhes Jesus: ‘Meu Pai continua trabalhando até hoje, e Eu também estou trabalhando. Por essa razão, os judeus mais ainda queriam matá-Lo, pois não somente estava violando o sábado, mas também estava dizendo que Deus era Seu próprio Pai, igualando-Se a Deus.’” Esse trecho revela que, mesmo sendo semelhante a nós, Ele não era um ser humano comum. Era divino como o Pai. A reação dos judeus mostra que eles entenderam muito bem a declaração de Cristo e que a consideraram tão blasfema que desejavam matá-Lo. Essa declaração autorreveladora de Jesus é uma das fontes que apoiam a crença cristã sobre a divindade Dele. E somente Alguém que é Deus pode nos redimir.
AO APRENDER SOBRE O QUE JESUS FEZ E FALOU, PODEMOS SEGUIR SEUS PASSOS
SEUS SERMÕES Em quarto lugar, é possível descobrir quem é o Mestre por meio de Seus ensinos mais amplos, como as parábolas. Uma delas, não muito conhecida, mas que tem uma lição maravilhosa, encontra-se em Lucas 18:1-8. É sobre uma viúva, um dos membros mais vulneráveis daquela sociedade, e um juiz injusto. Pelo fato de aquele magistrado ter se recusado a julgar o caso dela com justiça, a viúva incomodava o juiz até que ele, por insistência dela, decidiu julgar o que a viúva pleiteava. Essa é uma parábola interessante, não apenas por apresentar desigualdades sociais e de poder da época, mas por ensinar por contraste. A mensagem é que devemos ser como a viúva e não como o juiz. Isso porque a introdução do relato é bem clara: essa história foi contada “para mostrar-lhes que eles deviam orar sempre e nunca desanimar” (v. 1). 1. O re para desenvolver Portanto, aprendemos nessa persistência em parábola que, para Jesus, a perconhecer Jesus por severança é uma virtude impormeio de Sua Palavra. tante a ser desenvolvida. Ela é fundamental para lidarmos 2. P eça que o Senhor lhe com as dificuldades da vida. conceda o desejo de Diante dos problemas, a tendênestudar a Bíblia. cia natural é duvidar, lamentar e questionar se Deus ainda 3. Ore por um profundo amor por Jesus que o cuida de nós. Por isso, a oração e a persistência são uma combiimpulsione a falar sobre nação excelente para nos ajudar Ele para outros. a permanecer firmes.
SUGESTÕES PARA ORAÇÃO
R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Novembro 2018
O TESTEMUNHO DE OUTROS Uma quinta possibilidade é compreender quem é Jesus por meio dos relatos feitos por aqueles que estiveram ao lado Dele. Essa evidência é importante porque é um testemunho de primeira mão daqueles que tocaram o Mestre. Um dos testemunhos mais profundos sobre quem é Jesus foi dado por João, o discípulo amado (Jo 1:1-3). Apesar de a construção da frase soar um pouco estranha para alguns, ela revela uma grande verdade: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (v. 1). Pelo fato de João ter estado com Jesus, testemunhado Seu trabalho, ouvido Seus ensinos e interpretado todas essas coisas à luz do que ele conhecia das Escrituras, chegou à extraordinária conclusão de que Jesus era Deus, algo que desafia qualquer coisa que consideramos normal. Nas palavras de João, Cristo era o Filho de Deus. Isso parece ter ficado claro para muita gente que conviveu com Jesus. SUAS PROFECIAS Até aqui, esses caminhos de compreensão de quem é Jesus foram claros e óbvios, mas, quando vamos procurar entendê-Lo por meio das profecias, a coisa pode ficar um pouco mais complexa. Para tanto, precisamos entender o conceito de Libertador ou Messias. Os cristãos afirmam que na pessoa de Jesus temos o cumprimento de muitas e várias promessas do Antigo Testamento. Quando ligamos Jesus a essas promessas, temos uma riqueza de informações interessantes, que nos conecta, por exemplo, à primeira profecia bíblica (Gn 3:15), na qual havia a promessa de que o Messias pisaria a cabeça da serpente (Satanás). Aqui, na sua forma embrionária, está a primeira de muitas promessas sobre a libertação da maldição do pecado por meio de Jesus. A Bíblia nos fala sobre Cristo de várias maneiras. Ela é um livro tremendo, com muitas informações e conexões, mas com um tema central: Deus tem agido decisivamente na história por meio da pessoa de Jesus Cristo, por quem temos a redenção. Que estejamos entre aqueles que creem persistentemente nisso! ] DAVID THOMAS é o diretor da Faculdade de Teologia da
Universidade de Walla Walla (EUA)
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SEMANA DE ORAÇÃO | QUINTA-FEIRA
A BÍBLIA PODE INSPIRAR ESPERANÇA NUM MUNDO MARCADO PELO DESESPERO KELDIE PAROSCHI
S
abendo da proximidade de sua morte, do topo do Monte Nebo, Moisés pôde olhar a Terra Prometida. Vislumbrou a exuberância das planícies e vinhas, exatamente como Deus havia assegurado. Moisés tinha visto o sofrimento de Israel no Egito e escolheu ouvir o chamado de Deus para libertá-lo da escravidão. Havia renunciado sua vida luxuosa e um futuro promissor na terra dos faraós, “preferindo ser maltratado com o povo de Deus a desfrutar os prazeres do pecado” (Hb 11:25). Na peregrinação no deserto até o povo entrar em Canaã, ele havia servido como um simples pastor, suportando pacientemente durante anos as reclamações de Israel. Então, enfrentava a morte sozinho, sabendo que não veria o cumprimento da promessa que Deus havia feito a Israel. Era quase como se sua vida de sacrifício e sofrimento houvesse sido inútil. Ele estava profundamente angustiado (Patriarcas e Profetas, p. 469-480). Naquele momento, Moisés deve ter se deparado com dois sentimentos que mostram quanto é equivocada a lógica de um mundo marcado pelo pecado: de que não importa quanto nos esforcemos, as pessoas podem ser ingratas, e que a morte é um inimigo insuperável do ponto de vista humano. No entanto, apesar de essa ser a dura realidade da existência, a Bíblia nos apresenta uma esperança. 28
O DOM DE DEUS A crença de Moisés na promessa divina o animou a resistir por décadas a todas as provações do R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Novembro 2018
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Fé nas promessas
O SALÁRIO DO PECADO O livro sagrado começa com um belo relato sobre a obra-prima da criatividade de Deus. Tudo foi engenhosamente projetado por Ele para que reinasse a harmonia. No Éden, o sofrimento e a morte eram desconhecidos. Porém, a liberdade da humanidade dependia de sua lealdade a Deus. O ponto é que, ao escolher desobedecer ao Criador, o sofrimento e a dor se tornaram o destino do ser humano (Gn 2:16, 17; Pv 16:25; Tg 1:15). Adão e Eva foram banidos do jardim e, por causa disso, toda a criação se tornou maculada com o pecado e a corrupção (Gn 3:16-24; Rm 8:20-22). Desde então, nós, seus descendentes, temos sofrido com as consequências (Rm 5:18). As Escrituras afirmam que a morte não é o desfecho natural da vida. Na verdade, a morte é o oposto do natural. Ela nunca fez parte do pla no perfeito de Deus pa ra o mundo. O Senhor soprou vida na existência (Gn 2:7; Jó 33:4; Ez 37:5), mas a morte faz o reverso; ela destrói a vida. Doenças, guerras e fome são as dolorosas consequências do pecado que, por fim, levam à morte. O pecado de Adão permitiu que Satanás usurpasse seu lugar como príncipe deste mundo (Jó 1:6; Mt 4:8, 9; 2Co 4:4). Desde então “o salário do pecado é a morte” (Rm 6:23), e Satanás considerou que era seu direito reivindicar “todos os que se achavam no túmulo […] como cativos seus”, inclusive Moisés (Patriarcas e Profetas, p. 478). Com sucesso, o diabo havia provocado o grande líder do povo de Deus e feito Moisés pecar e comprometer a própria entrada na Terra Prometida (Nm 20:8-12). Porém, quando Satanás se apresentou para requerer o corpo de Moisés, Cristo interveio (Jd 9).
deserto. Ele testemunhou incontáveis sinais do poder e da soberania de Deus; sabia que Ele seria fiel à Sua palavra. Desde a entrada do pecado, Deus havia prometido várias vezes que nos livraria da escravidão do pecado e da morte, oferecendo evidências de que Ele teria poder para cumprir Sua promessa (Dt 7:9; Hb 10:23). Uma delas foi o nascimento de Isaque, ainda que isso tenha ocorrido quando Abrão e Sara estavam em idade avançada (Gn 12:2; 21:2, 3). Mais tarde, outro sinal: Israel foi miraculosamente liberto da escravidão no Egito, atravessando o Mar Vermelho em terra seca (Êx 2:23-25; 14:29). Durante os 40 anos no deserto, Deus também sinalizou Sua presença, alimentando o povo com maná (Dt 8:1-10). Além disso, por incontáveis vezes Deus concedeu vitória a Israel nas batalhas, por meio de Josué, Débora, Gideão e outros líderes. No entanto, a maior evidência de que Deus realmente cumpriria Sua promessa foi a encarnação de Jesus. Muitas passagens no Antigo Testamento, inclusive a primeira promessa feita depois que Adão e Eva pecaram, apontava para a vinda do Messias no futuro (Gn 3:15; Nm 24:17; Dt 18:15; Is 53). O ministério de Jesus foi um vislumbre do poder de Deus sobre o pecado e a morte. Seus milagres revelaram Suas ações para restaurar o vigor nas pessoas atormentadas pela doença e o sofrimento. A expulsão de demônios, por sua vez, mostrou Sua autoridade sobre as forças do mal. Contudo, foi na cruz que ficou evidente todo o significado do pecado e da morte. Jesus, o Filho de Deus sem pecado, carregou a culpa do mundo inteiro. Ele morreu sozinho, esmagado pelo peso da completa separação do Pai. Providencialmente, Ele ressuscitou no terceiro dia, demonstrando Seu poder sobre a morte e vestido com a vida eterna que foi planejada por Deus para Seu povo. A ressurreição de Jesus é o fundamento da nossa fé. Se Ele não houvesse ressuscitado, não teríamos nenhuma razão para crer em um futuro melhor (Jo 11:25, 26; 1Co 15:13-26). Entretanto, devido à Sua vitória sobre a morte, podemos ter a certeza de que Cristo voltará como prometeu, para restaurar este mundo à sua glória original (Ap 21:4). Moisés acreditou nessa promessa. Ele sabia que os sofrimentos deste mundo não são nada se comparados ao glorioso futuro que Deus preparou para nós (Rm 8:18). Por isso, ele permaneceu fiel até o fim. E, apesar de ter sido proibido de entrar em Canaã, Cristo o declarou como Seu filho, abençoando-o com a vida eterna (Hb 11:26). R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Novembro 2018
ENQUANTO NOSSOS OLHOS ESTÃO NO FUTURO, NOSSAS MÃOS SE PREOCUPAM EM ALIVIAR O SOFRIMENTO DO PRESENTE
ESPERANÇA VIVA Em nosso mundo, pecado, sofrimento e morte são normais. Mesmo assim, podemos estar certos de que Deus irá manter Sua promessa de fazer tudo novo, eliminando a dor e a morte para sempre. Embora não haja necessidade de desespero, não devemos ficar simplesmente sentados esperando a intervenção de Deus. Embora devamos viver mantendo nossos olhos no futuro, ainda temos uma responsabilidade no presente. Precisamos reconhecer o sofrimento das pessoas ao nosso redor, oferecendo um ombro amigo e mão ajudadora. Essa responsabilidade também inclui ser fiel à lei de Deus, confiar que “o temor do Senhor conduz à vida” (Pv 19:23). Finalmente, ter uma esperança viva significa compartilhar a boa notícia da salvação com todas as pessoas que estão ao nosso alcance. Sem essa mensagem de esperança, apesar de todos os esforços para minimizar a dor e superar o luto, as pessoas ainda continuarão indo para a tumba. Podemos, porém, com entusiasmo, proclamar a vitória de Cristo sobre a tumba! Por meio da fé Nele é possível viver o presente com confiança, sabendo que a Terra Prometida nos espera. ] KELDIE PAROSCHI, natural do Brasil, é graduada em Teologia no Unasp e concluiu o mestrado em Teologia na Universidade Andrews (EUA)
SUGESTÕES PARA ORAÇÃO
1. Ore para que a esperança em Jesus incendeie nosso coração. 2. Peça a Deus que nos ajude a compartilhar continuamente nossa fé. 3. Ore pelos missionários em todo o mundo e o trabalho das igrejas locais.
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SEMANA DE ORAÇÃO | SEXTA-FEIRA
Entre o certo e o errado VANDERL EI DORNEL ES
Q
uando eu era adolescente, li uma pichação em um muro que me deixou perplexo: “A liberdade é muito pequena. O que eu desejo ainda não tem nome.” Nosso mundo parece ter alcançado o extremo em termos de relativismo. As pessoas desejam o fim de toda autoridade e tradição. Muitos querem ser livres para alterar até mesmo sua própria anatomia física. Por sua vez, o pluralismo promove as mais diversas formas de leitura das Escrituras. As teologias moldadas pela perspectiva pós-moderna procuram desmantelar as estruturas sociais opressivas, supostamente mantidas pela Bíblia, e promover uma vasta emancipação. Nesse contexto, as opiniões humanas prevalecem em detrimento do conhecimento da verdade divina. Por isso, muitos se perguntam como é possível saber o que é bom e correto nessa era de relativismo. 30
O CONHECIMENTO DE DEUS Oseias profetizou para as tribos do norte de Israel pouco antes da queda desse reino, em 722 a.C. Israel havia quebrado sua aliança com Deus e a idolatria havia mergulhado a nação em uma crise profunda. A adoração a bezerros de ouro (Os 8:5 e 6; 10:5), construídos por Jeroboão I (1Rs 12), promoveu imoralidade semelhante à que foi manifestada no Sinai (Êx 32:6 e 7). Na crise relatada no livro de Oseias, o Senhor alerta que Samaria “levará sobre si a sua culpa, porque se rebelou contra o seu Deus; cairá à espada, seus filhos serão despedaçados, e as suas grávidas serão fendidas pelo meio” (Os 13:16). A queda de Israel é atribuída à falta de três virtudes: “Nela não há verdade, nem amor, nem conhecimento de Deus” (Os 4:1). Em outras palavras, essa ausência de “conhecimento” é negligência à lei de Deus (Sl 119:66), ao temor do Senhor (Pv 1:7, 2:5). Em Sua misericórdia, o Senhor promete restauração. O cativeiro seria como um “deserto”, onde Deus falaria ao coração dos Seus filhos (Os 2:14). Então, Ele quebraria a força do inimigo e faria Seu povo “repousar em segurança” outra vez (v. 18). O Messias restauraria Israel porque Ele estaria cheio de “conhecimento” por causa da atuação do Espírito Santo (Is 11:2). A manifestação de Cristo encheria a Terra do conhecimento de Deus (Is 33:6; Hb 2:14). Para obter esse conhecimento, os filhos de Israel deveriam estudar e meditar na lei de Deus, o testemunho da aliança com Ele. Moisés recomendou: “Estas palavras que, hoje, R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Novembro 2018
Foto: Cathy Mu
AQUELES QUE ESTUDAM AS ESCRITURAS SABEM TOMAR AS DECISÕES CERTAS
te ordeno estarão em seu coração” e “as atarás como sinal na tua mão” (Dt 6:6, 8). “Meditar” na lei de Deus era o prazer do salmista (Sl 119:97). Ele a tinha escondida em seu “coração” para não pecar (v. 11). Esse “conhecimento” depende de “meditar” nos mandamentos de Deus, aprender a fazer o bem e a se desviar do mal. Nesse sentido, a religião bíblica é uma experiência inteligente e instrutiva. O estudo, a meditação e o ensino da lei de Deus é a principal atividade pela qual o conhecimento do que é bom, justo e santo se espalha amplamente entre o povo de Deus, por meio dele e, potencialmente, para o mundo. O povo de Deus é a luz que espalha esse conhecimento entre os vizinhos. Há uma similaridade evidente entre nosso tempo e o contexto de Oseias. Embora as práticas religiosas e a leitura da Bíblia sejam comuns hoje, a ética e os princípios bíblicos que promovem o temor de Deus estão em bancarrota. Como podemos manter o conhecimento de Deus?
HOJE, A FALSIFICAÇÃO É TÃO SEMELHANTE À VERSÃO VERDADEIRA QUE É IMPOSSÍVEL DISTINGUIR ENTRE ELAS SEM A AJUDA DAS ESCRITURAS
ENSINANDO O CONHECIMENTO Em Israel, o conhecimento de Deus era transmitido por meio do trabalho dos sacerdotes, cujos lábios deviam “guardar o conhecimento” e da boca deles todos esperavam a instrução da lei (Ml 2:7). Ensinar a vontade de Deus era uma atividade constante. No templo, além dos rituais, a adoração tinha um propósito instrutivo. Davi separou os filhos de Asafe, Hemã e Jedutum para “profetizarem com harpas, alaúdes e címbalos” (1Cr 25:1). Nas sinagogas, servir ao Senhor era sinônimo de estudar a lei de Deus. Por sua vez, no Novo Testamento, o conhecimento de Deus foi manifestado nos ensinos de Cristo (Lc 1:77) e dos apóstolos, que tomavam por base as Escrituras (2Tm 3:16). João declarou que “a 1. O re a Deus pedindo que vida eterna” consiste em “conheo ajude a perseverar no cer” a Deus e Jesus Cristo (Jo 17:3). estudo regular da Bíblia. Paulo se referiu ao conhecimento de Deus como o conteúdo da reli2. P eça a Ele que, por meio gião verdadeira (Cl 1:9). A rejeição do conhecimento da desse conhecimento resulta na práSua Palavra, sejamos tica de “coisas inconvenientes” e protegidos do engano. numa vida de “injustiça, malícia, avareza e maldade” (Rm 1:28, 29). 3. O re para que seu estilo de Por outro lado, o conhecimento de vida possa atrair outros Deus leva à “unidade da fé” e "à para o conhecimento da medida da estatura da plenitude verdade bíblica. de Cristo” (Ef 4:13).
SUGESTÕES PARA ORAÇÃO
R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Novembro 2018
O AMOR DA VERDADE Em relação ao tempo do fim, Paulo predisse que o Espírito Santo vai ser retirado da Terra. Isso ocorrerá porque haverá uma rejeição generalizada da verdade bíblica. Grande parte da humanidade ficará desorientada por acreditar na mentira, ter prazer na injustiça e considerar o “perverso como divino” (2Ts 2:7-12; Ap 13:3, 4). Ellen White ecoa as palavras de Paulo dizendo que, “apenas os que forem diligentes estudantes das Escrituras, e receberem o amor da verdade, estarão ao abrigo dos poderosos enganos que dominam o mundo” (O Grande Conflito, p. 625). Vale ressaltar que uma pregação superficial das Escrituras e a mera narração de histórias bíblicas não serão suficientes para responder à complexidade do relativismo de nossos dias. Para desenvolver o temor do Senhor é preciso meditar na lei de Deus, que foi dada para nos guiar nas decisões e escolhas morais e éticas. Como fez o salmista (Sl 119: 97, 113), o povo de Deus é chamado para “amar” a verdade. Aqueles que amam a Palavra de Deus anseiam estudá-la em profundidade, se alimentar dela e viver de acordo com ela. De fato, a verdade bíblica é aprendida e amada quando é obedecida. Ellen White acrescenta: “O estudo das Escrituras é o meio divinamente ordenado para levar o homem à mais íntima comunhão com seu Criador e dar-lhe mais claro conhecimento de Sua vontade” (O Grande Conflito, p. 69). Segundo ela, “o povo de Deus é encaminhado às Santas Escrituras como salvaguarda contra a influência dos falsos ensinadores e poder ilusório dos espíritos das trevas” (p. 593). Atualmente a falsificação é tão semelhante à versão verdadeira que é impossível distinguir entre elas sem o discernimento a partir das Escrituras. Portanto, para enfrentar o relativismo pósmoderno, o povo de Deus deve manter um relacionamento pessoal com a vontade de Deus, conforme revelada na Sua Palavra. O conhecimento experimental da ética divina nos capacita a distinguir entre o santo e o profano, e a ensinar outros a fazer as mesmas escolhas. ] VANDERLEI DORNELES trabalhou como pastor, editor e
professor. Atualmente é coordenador da pós-graduação em Teologia do Unasp
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SEMANA DE ORAÇÃO | SEGUNDO SÁBADO
Base segura na tempestade ELLEN G. WHITE
“À
lei e aos mandamentos! Se eles não falarem conforme esta palavra, vocês jamais verão a luz!” (Is 8:20). O povo de Deus é encaminhado às Santas Escrituras como salvaguarda contra a influência dos falsos ensinadores e do poder ilusório dos espíritos das trevas. Satanás emprega todo artifício possível para impedir as pessoas de obter conhecimento da Bíblia; pois os claros ensinos dela põem a descoberto seus enganos. Em todo avivamento da obra de Deus, o príncipe do mal está desperto para a atividade mais intensa; aplica atualmente todos seus esforços em preparar-se para a luta final contra Cristo e Seus seguidores. O último grande engano deve logo patentear-se diante de nós. O anticristo vai operar suas obras maravilhosas à nossa vista. Tão meticulosamente a contrafação se parecerá com o verdadeiro que será impossível distinguir entre ambos sem o auxílio das Escrituras Sagradas. Pelo testemunho da Palavra de Deus toda declaração e todo prodígio deverão ser avaliados e provados. 32
Os que se esforçam por obedecer a todos os mandamentos de Deus defrontarão oposição e escárnio. Somente em Deus lhes será possível subsistir. A fim de suportarem a prova que diante deles está, devem compreender a vontade do Senhor como se acha revelada em Sua Palavra; somente poderão honrá-Lo tendo uma concepção correta de Seu caráter, governo e propósitos, e agindo de acordo com esses. Pessoa alguma poderá resistir no último grande conflito, a não ser os que fortaleceram a mente com as verdades das Escrituras. A toda pessoa virá a inquiridora prova: obedecerei a Deus de preferência aos homens? A hora decisiva está mesmo agora às portas. Estão nossos pés firmados na rocha da imutável Palavra divina? Estamos preparados para permanecer firmes em defesa dos mandamentos de Deus e da fé de Jesus? Antes de Sua crucifixão, o Salvador explicou a Seus discípulos que Ele deveria ser morto, e do túmulo ressuscitar. Anjos estavam presentes para gravar Suas palavras na mente e no coração deles. Mas os discípulos aguardavam livramento temporal do jugo romano, e não podiam tolerar a ideia de que Aquele em quem se centralizavam todas suas R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Novembro 2018
Foto: Cathy Mu
PERMANECER FUNDAMENTADO NA BÍBLIA É ESSENCIAL PARA SE MANTER FIEL A DEUS NO TEMPO DO FIM
esperanças devesse sofrer morte vergonhosa. As palavras de que necessitavam lembrar-se fugiram-lhes da mente; e, ao chegar o tempo da prova, esta os encontrou desprevenidos. A morte de Cristo destruiu-lhes tão completamente as esperanças como se Ele não os houvesse advertido previamente. Assim, nas profecias, o futuro se patenteia diante de nós tão claramente como se revelou aos discípulos pelas palavras de Cristo. Os acontecimentos ligados ao fim do tempo da graça e a obra de preparo para o período de angústia acham-se claramente apresentados. Porém, multidões não possuem maior compreensão dessas importantes verdades do que teriam se nunca houvessem sido reveladas. Satanás vigia para impedir toda impressão que os faria sábios para a salvação, e o tempo de angústia os encontrará sem o devido preparo. AUTORIDADE HUMANA X DIVINA Quando Deus envia aos seres humanos advertências tão importantes que são representadas como proclamadas por santos anjos a voar pelo meio do céu, Ele requer que toda pessoa dotada de faculdade de raciocínio atenda à mensagem. Os terríveis juízos pronunciados contra o culto à besta e sua imagem (Ap 14:9-11) deveriam levar todos a diligente estudo das profecias para aprender o que é o sinal da besta e como devem evitar recebê-lo. Contudo, as massas populares tapam os ouvidos à verdade, preferindo as fábulas. Olhando para os últimos dias, o apóstolo Paulo declarou: “Virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina” (2Tm 4:3). Já chegamos a esse tempo. As multidões rejeitam a verdade das Escrituras, por ser ela contrária aos desejos do coração pecaminoso; e Satanás lhes oferece os enganos que desejam. Entretanto, Deus terá sobre a Terra um povo que mantenha a Bíblia, e a Bíblia somente, como norma de todas as doutrinas e base de todas as reformas. As opiniões de homens ilustrados, as deduções da ciência, os credos ou as decisões dos concílios eclesiásticos, tão numerosos e discordantes como são as igrejas que representam a voz da maioria – nenhuma dessas coisas, nem todas em conjunto, deveriam considerar-se como prova em favor ou contra qualquer ponto de fé religiosa. Antes de aceitar qualquer doutrina ou preceito, devemos pedir em seu apoio um claro “Assim diz o Senhor”. Satanás se esforça constantemente por atrair a atenção para o homem, em lugar de Deus. Ele induz o povo a olhar para os bispos, pastores, R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Novembro 2018
professores de teologia, como seus guias, em vez de examinarem as Escrituras a fim de que, por si mesmos, aprendam seu dever. Então, dominando a mente desses dirigentes, o diabo pode influenciar as multidões de acordo com sua vontade. Quando Cristo veio para falar as palavras de vida, o povo comum O ouvia alegremente; e muitos, mesmo dos sacerdotes e príncipes, creram Nele. Mas os líderes máximos da nação estavam decididos a condenar e repudiar os ensinos Dele. Fossem embora frustrados todos seus esforços para encontrar acusações contra Ele, e sem mesmo poder fugir à influência do poder e sabedoria divinos, que acompanhavam Suas palavras, encerraram-se, entretanto, no preconceito; rejeitaram a mais clara evidência de Seu caráter messiânico, receosos de que fossem constrangidos a se tornarem Seus discípulos. Esses oponentes de Jesus eram homens que, desde a infância, o povo havia sido ensinado a reverenciar e a cuja autoridade os israelitas haviam se acostumado implicitamente a se curvarem. Eles perguntavam: “Como é que nossos príncipes e doutos escribas não creem em Jesus? Não O receberiam esses homens piedosos se Ele fosse o Cristo?” Foi a influência desses ensinadores que levou a nação judaica a rejeitar seu Redentor. O espírito que atuava naqueles sacerdotes e príncipes ainda é manifesto por muitos que fazem alta profissão de piedade. Eles se recusam a examinar o testemunho das Escrituras relacionados às verdades especiais para este tempo. Apontam para seu número, riqueza e popularidade, e olham com desdém os defensores da verdade, sendo esses poucos, pobres e impopulares, e que sustentam uma fé que os separa do mundo. Cristo previu que aquela postura de acatar a autoridade humana não se limitaria a seu tempo. Olhando profeticamente, Ele viu que, no
QUANDO O TEMPO DE PROVA VIER, SERÃO REVELADOS OS QUE FIZERAM DA PALAVRA DE DEUS SUA REGRA DE VIDA
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futuro, a obra de exaltação da autoridade humana teria o objetivo de controlar a consciência individual, postura que tem sido uma terrível maldição para a igreja em qualquer época. É por isso que as tremendas acusações de Jesus contra os escribas e fariseus, bem como as advertências Dele ao povo para que não seguisse aqueles guias cegos, foram registradas como aviso às gerações futuras. [...] FUNDAMENTADOS NA PALAVRA Deus nos deu Sua Palavra para que pudéssemos nos familiarizar com Seus ensinos e saber, por nós mesmos, o que Ele requer de nós. Quando o doutor foi ter com Jesus com a pergunta: “Que farei para herdar a vida eterna?”, o Salvador lhe fez referência às Escrituras, dizendo: “Que está escrito na lei? Como lês?” A ignorância não desculpará jovens nem idosos, nem os livrará do castigo devido pela transgressão da lei de Deus, pois têm ao seu alcance uma exposição fiel daquela lei, de Seus princípios e requisitos. Não basta termos boas intenções; não basta fazermos o que se julga ser direito, ou o que o ministro diz ser correto. A salvação de nossa alma está em jogo, e devemos examinar as Escrituras por nós mesmos. Por mais fortes que possam ser nossas convicções, por maior confiança que tenhamos de que o ministro sabe o que é a verdade, não seja esse nosso fundamento. Na jornada em direção ao Céu, temos um mapa dando todas as indicações do caminho, e não devemos conjeturar a respeito de coisa alguma. [...] Estamos vivendo no período mais solene da história deste mundo. O destino das imensas multidões da Terra está prestes a ser decidido. Nosso próprio bem-estar futuro, e também a salvação de outras pessoas dependem do caminho que agora seguimos. Necessitamos ser guiados pelo Espírito da verdade. Todo seguidor de Cristo 1. Ore para que o Espírito deve fervorosamente perguntar: Santo guie você às pessoas “Senhor, que queres que eu faça?” com as quais possa comparPrecisa mos nos hu m il ha r tilhar Seu amor. perante o Senhor, com jejum e oração, e meditar muito em Sua 2. Peça para ser cativado pelo Palavra, especialmente nas cenas caráter de Deus e não disdo juízo. Cumpre-nos buscar agora traído pelas atrações do uma experiência profunda e viva mundo. nas coisas de Deus. Não temos um momento a perder. Acontecimen3. Ore para que o estudo da tos de importância vital estão a Bíblia abra seus olhos para ocorrer ao redor de nós; estamos perceber seu papel na misno terreno encantado de Satanás. são de Deus. Não durmam, sentinelas de Deus!
SUGESTÕES PARA ORAÇÃO
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O adversário está perto, de emboscada, pronto para a qualquer momento, caso haja negligência e sonolência, saltar sobre vocês. Muitos estão enganados quanto à sua verdadeira condição diante de Deus. Orgulham-se dos maus atos que não cometem; porém, se esquecem de enumerar as boas e nobres ações que Deus exige deles, mas negligenciaram cumprir. Não basta que sejam árvores no jardim de Deus. Devem corresponder à Sua expectativa, produzindo frutos. Ele os responsabiliza pela sua falta em cumprir todo o bem que poderiam fazer, mediante Sua graça que os fortalece. Nos livros do Céu, a vida dessas pessoas está registrada como uma árvore que em vão ocupa o terreno. Contudo, mesmo o caso dessa classe não é inteiramente desesperador. […] Quando o tempo de prova vier, serão revelados os que fizeram da Palavra de Deus sua regra de vida. No verão, nenhuma diferença se nota entre os ciprestes e as outras árvores; porém, ao soprarem as rajadas hibernais, os ciprestes permanecem inalteráveis, enquanto as outras árvores perdem a folhagem. Assim, aquele que com coração falso professa a religião pode agora não ser diferente do cristão verdadeiro; contudo, está diante de nós justamente o tempo em que a diferença entre eles aparecerá. Levante-se a oposição, de novo exerçam domínio o fanatismo e a intolerância, acenda-se a perseguição, e os insinceros e hipócritas vacilarão, renunciando a fé. No entanto, o verdadeiro cristão permanecerá firme como uma rocha, tornando sua fé mais forte e sua esperança mais viva do que nos dias da prosperidade (este artigo foi extraído das páginas 593 a 602 do livro O Grande Conflito). ] ELLEN G. WHITE (1827-1915) foi uma escritora norte-americana que, na compreensão dos adventistas, exerceu o dom de profecia bíblico durante mais de 70 anos de ministério público
R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Novembro 2018
MKT CPB | Fotolia
CLUBE DE LEITURA 2019 JUVENIS E DESBRAVADORES
CRIANÇAS E AVENTUREIROS
10 a 15 anos
6 a 9 anos
O que pode acontecer quando um adolescente viaja com o pai até o arquipélago de Galápagos, conhece o “amor de sua vida”, faz amizade com um leão-marinho, visita lugares incríveis e mergulha com tartarugas e tubarões? Descubra lendo este livro.
Já pensou alguma vez nessas perguntas? Leia este livro e descubra respostas que o ajudarão a encontrar um sentido especial para sua vida.
JOVENS
Quem foi Ellen White? George Knight, ex-professor de História da Igreja no Seminário Teológico Adventista do Sétimo Dia na Universidade Andrews, responde a essa pergunta neste livro. Ele ajuda o leitor a compreender e a apreciar a vida e o grande papel da mensageira de Deus para a Igreja Adventista do Sétimo Dia.
UNIVERSITÁRIOS
Este livro tem o objetivo de apresentar o que a Bíblia revela sobre a criação divina e o que a ciência de fato tem a dizer sobre o dilema das origens.
LIVRO DO ANO
Neste livro você encontrará princípios cristãos de administração financeira. Entenda os propósitos de Deus para sua vida e como você pode encontrar equilíbrio no uso de suas finanças.
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SEMANA DE ORAÇÃO INFANTIL
ENCONTRE O TESOURO
JULIE WESLAKE trabalhou como professora e diretora do Ministério Infantil para a Divisão do Sul do Pacífico da Igreja Adventista. Sua paixão é desenvolver a fé nas crianças por meio da família e da igreja
PRIMEIRO SÁBADO
POR QUE GOSTAMOS DA BÍBLIA? TEXTO-TESOURO: “Acumulem para vocês tesouros no Céu, onde a traça e a ferrugem não destroem, e onde os ladrões não arrombam nem furtam. Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração” (Mt 6:20, 21).
G
abriela tinha feito uma caixinha especial decorada com fotografias. Ela queria dar esse presente para a vovó porque a amava muito. Gabi sabia exatamente onde a vovó colocaria a caixinha, porque já tinha observado onde ela costumava guardar seus tesouros. Por isso, a garotinha colocou cuidadosamente a caixinha na prateleira, ao lado de outros enfeites e fotos que a vovó gostava de olhar. Na mesma prateleira havia um livro. Gabi achava que aquele exemplar era diferente porque estava na prateleira especial. Mas quando abriu o livro, ela ficou preocupada porque alguém havia escrito e sublinhado algumas palavras nele. Gabi havia aprendido que não se deve riscar os livros; por isso, ela perguntou para a vovó por que aquele livro importante tinha sido sublinhado. A vovó explicou que aquele livro chamado Bíblia era realmente especial. Disse também que ela gostava de ler esse livro todos os dias. As palavras dele, especialmente as sublinhadas, eram tesouros dos quais ela queria se lembrar porque falavam do amor de Jesus por ela. Ela disse que aquelas palavras destacadas explicavam como amar a Jesus e ser semelhante a Ele. A vovó contou também que não podia passar um dia sem ler aquelas mensagens, porque elas davam ânimo e esperança para seu futuro. 36
VAMOS CONVERSAR Em que você poderia gastar seu tempo e dinheiro para receber os tesouros da Bíblia?
VAMOS ORAR Peça a Jesus que ajude você a encontrar todos os tesouros da Sua Palavra. E agradeça os tesouros da Bíblia que você já encontrou.
VAMOS FAZER Desenhe um mapa do tesouro do seu quarto, casa ou igreja. Esconda textos bíblicos e mostre no mapa onde é preciso ir para encontrá-los. Quando seus amigos e a família os encontrarem, leiam os textos juntos.
R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Novembro 2018
Ilustrações: Xuan Le
Gabi ficou muito emocionada com tudo aquilo. Ela também desejou amar Jesus e saber mais sobre Ele. A garotinha queria que aquelas palavras-tesouro tornassem sua vida mais feliz. Então, ela pediu que a vovó mostrasse como ler e compreender a Bíblia e ter Jesus como seu melhor Amigo. A vovó também estava emocionada. Ela disse que não havia nada mais importante do que compartilhar a mensagem da Bíblia. Explicou que a Bíblia é como um mapa do tesouro e que dedicar tempo na leitura desse livro é como estar escavando para encontrar ouro, prata ou pedras preciosas. Em Mateus 6:19-21, Jesus nos aconselhou a não gastar nossa vida tentando conseguir tesouros aqui na Terra. Ao contrário, devemos gastar nosso tempo e dinheiro nas coisas que Jesus deseja que gastemos, para que nosso tesouro seja acumulado no Céu. Porque onde está nosso tesouro, ali também estará nosso coração. Em Mateus 13:44-46, encontramos uma história que Jesus contou aos Seus discípulos que o Céu é como um tesouro em um campo. Você pode querer vender tudo o que tem para comprar aquele campo e possuir o tesouro. A alegria de estar com Jesus no Céu e viver com Ele para sempre é tão preciosa como um tesouro. Vamos ficar felizes de abrir mão de várias coisas na vida, e passar tempo lendo a Bíblia, para nos prepararmos para ir ao Céu.
não como palavra de homens, mas segundo verdadeiramente é, como Palavra de Deus, que atua com eficácia em vocês, os que creem” (1Ts 2:13). Vovó perguntou à neta se ela sabia o que é confiança. Gabi pensou e disse que é como acreditar que o papai irá segurá-la quando ele a chama para pular no lado fundo da piscina. Vovó concordou e explicou que confiar na Bíblia é fazer o que ela diz, assim como seguimos uma receita de bolo.
VAMOS CONVERSAR Que livros você leu ou desenhos animados que assistiu que você sabe que não são reais? E quais são verdadeiros?
VAMOS ORAR
DOMINGO
A BÍBLIA MERECE SUA CONFIANÇA TEXTO-TESOURO: “Desde criança você conhece as sagradas letras, que são capazes de torná-lo sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça” (2Tm 3:15 e 16).
Peça a Jesus para ajudar você a se concentrar nas histórias da Bíblia que podem ajudá-lo a crescer em vez de gastar tempo naquilo que é só diversão.
VAMOS FAZER Arrume as cadeiras da sala como uma pista com obstáculos. Escreva instruções para que alguém leia e ajude outra pessoa com os olhos vendados a completar o trajeto. Por exemplo, escreva quantos passos devem ser dados para a esquerda, direita e em frente.
A
vovó mostrou para Gabi na Bíblia onde está escrito que aquele livro é a Palavra de Deus. Ela contou que esse livro é especial porque fala a respeito de Deus e explica como cada pessoa pode viver em obediência ao que Deus deseja. A vovó explicou também que, na verdade, a Bíblia não é um livro, e sim 66 livros pequenos – escritos por pessoas diferentes, depois de Deus ter dado a elas a mensagem que precisava ser registrada. Os autores da Bíblia escreveram sobre muitas coisas, alguns a respeito de histórias do passado e outros acerca do que Jesus realizou quando viveu na Terra. Teve também quem escreveu canções e poemas, além de profecias sobre o que aconteceria no futuro. A própria Bíblia nos conta que as mensagens dela não vieram só da imaginação dos escritores, “pois jamais a profecia teve origem na vontade humana, mas homens falaram da parte de Deus, impelidos pelo Espírito Santo” (2Pe 1:21). Há um livro na Bíblia que nos conta sobre um menino que encontrou o tesouro da Bíblia. Timóteo descobriu esse Livro Sagrado por meio da sua mãe Eunice e sua avó Loide. Elas sabiam quanto era preciosa aquela mensagem; por isso, sentaram-se com ele todos os dias para ensinar o garoto a “escavar” a Bíblia para encontrar seus tesouros. Ao ter contato diário com a Bíblia, um livro inspirado por Deus, Timóteo aprendeu a ter fé em Jesus e a falar a outros de seu amor por Ele. Na cidade de Tessalônica, na atual Grécia, depois que Silas e Timóteo contaram sobre o tesouro da Bíblia, muitas pessoas acreditaram neles e deixaram de adorar os ídolos para amar Jesus. Paulo louvou a Deus; por isso, escreveu aos tessalonicenses dizendo: “Também agradecemos a Deus sem cessar, pois, ao receberem de nossa parte a Palavra de Deus, vocês a aceitaram R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Novembro 2018
SEGUNDA-FEIR A
APRENDA A LER A BÍBLIA TEXTO-TESOURO: “Da mesma forma, o Pai de vocês, que está nos Céus, não quer que nenhum destes pequeninos se perca” (Mt 18:14).
G
abi contou para a vovó sobre quando ela estava com sua mãe passeando em um parque novo e não conseguiam encontrar o viveiro de pássaros. Tiveram que parar e olhar um mapa do local para ler as instruções de como tomar o caminho certo. 37
VAMOS CONVERSAR Além de ler, de que outras maneiras você pode explorar os tesouros da Bíblia?
VAMOS ORAR Enquanto você estuda com atenção a Bíblia, peça a Deus que revele o plano que Ele tem para você.
VAMOS FAZER Desenhe um par de óculos “Deus é amor” para a leitura da Bíblia. Você pode fazer isso com cartolina e plástico transparente ou arame colorido para artesanato.
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TERÇA-FEIR A
COMPARTILHANDO O TESOURO TEXTO-TESOURO: “Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto; pois sem Mim vocês não podem fazer coisa alguma” (Jo 15:5).
G
abi ama ajudar as pessoas e se sentirem úteis, seja em casa ou na escola. Porém, às vezes, quando as pessoas a irritam ou a deixam triste, ela acha que não deve ajudar. Gabi disse que muitas vezes se esforça bastante para ser mais disposta e bondosa, mas parece que isso não faz nenhuma diferença. Ela gostaria de saber se os tesouros da Bíblia podem ajudá-la a amar mais as pessoas e a tomar as decisões certas. A vovó garantiu que todo mundo comete erros, e que os tesouros que lemos na Bíblia podem nos ajudar a ser pessoas melhores. O primeiro tesouro da Bíblia a ser descoberto é que, mesmo não sentindo nada diferente, devemos continuar lendo a Palavra de Deus. Jesus disse a Seus discípulos que isso funciona como uma videira: enquanto os ramos (nós) estiverem ligados à vinha (Jesus), a videira continuará produzindo uvas doces (Jo 15:5). Portanto, precisamos nos conectar com Jesus todos os dias por meio da leitura da Bíblia, para que sejamos mais semelhantes a Ele na disposição para fazer o bem e na sabedoria para tomar decisões certas. Quando a videira produz, outras pessoas podem degustar dos seus frutos também. Quando produzimos frutos-tesouro da Bíblia, podemos ser uma bênção para os outros, semelhantemente à história lembrada pela Gabi a respeito da menina israelita escrava que falou para seu senhor sobre o poder curador de Deus quando ele estava doente. O capitão Naamã foi curado porque ela se importou e compartilhou com ele os tesouros da Bíblia (2Rs 5:1-14). A vovó explicou que todas as coisas boas vêm de Jesus e que devemos agradecer-Lhe por nos ajudar. “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai das misericórdias e Deus de toda consolação, que nos consola em todas as nossas tribulações, para que, com a consolação que recebemos de Deus, possamos consolar os que estão passando por tribulações (2Co 1:3, 4). R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Novembro 2018
Ilustrações: Xuan Le
Foi engraçado porque elas estavam andando em círculos e se encontravam a apenas cinco minutos de caminhada do aviário... A vovó riu e disse que essa história se parece com a de algumas pessoas que tentam encontrar a felicidade, mas a procuram em vários lugares, sem perceber que Deus está bem perto. Elas só precisam ler a Bíblia! Muitas pessoas acham que é difícil ler a Bíblia, porque se trata de um livro complicado. Outras não acreditam que a Bíblia seja realmente a Palavra de Deus. E tem gente que pensa que a Bíblia está cheia apenas de regras chatas. O que todo mundo precisa descobrir é que, para explorar a Bíblia, o primeiro passo é orar. O Espírito de Deus nos ajudará a compreender o que lemos. Essa foi a promessa de Jesus antes de voltar para o Céu: “O Conselheiro, o Espírito Santo, que o Pai enviará em Meu nome, lhes ensinará todas as coisas” (Jo 14:26). A vovó contou para Gabi que gostaria de dar a ela uns óculos especiais para ler a Bíblia, a fim que de que a netinha pudesse ver quem é Deus. Se esses óculos existissem, eles nos ajudariam a ver que a coisa mais importante sobre Deus é que Ele nos ama. Por isso, o segundo passo para explorar a Bíblia é ler esse livro com as lentes certas: os óculos que mostram que “Deus é amor”. Por exemplo, é fácil ver o amor de Deus nesse verso: “Assim conhecemos o amor que Deus tem por nós e confiamos nesse amor. Deus é amor. Todo aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele [...]. Nós amamos porque Ele nos amou primeiro” (1Jo 4:16 e 19). A principal mensagem de amor da Bíblia sobre Deus é que Ele enviou Seu Filho Jesus para morrer por nós. Ele “veio buscar e salvar o que estava perdido” (Lc 19:10). Deus nos ama tanto que nos procura como um pastor busca sua ovelha que fugiu, se perdeu e não consegue encontrar o caminho de volta. O que a Bíblia nos ensina e nos surpreende é que Deus é, ao mesmo tempo, mapa do tesouro e o próprio tesouro.
A Gabi realmente queria ser como Jesus. Mas a vovó explicou que, para ser como Ele, leva tempo. Isso só acontece pouco a pouco com o hábito de diariamente ler a Bíblia e orar. Por isso, a Bíblia diz que, se não desistirmos desse caminho, vamos ser transformados cada vez mais (2Co 3:18). Portanto, continue ligado a Jesus por meio da leitura de Sua Palavra. Ela fará de você o coração, a voz, as mãos e os pés de Jesus para compartilhar o amor Dele.
VAMOS CONVERSAR Se você pudesse passar um dia com Jesus, sobre o que gostaria de conversar? Onde você iria? O que faria na companhia Dele?
VAMOS ORAR Peça a Jesus que lhe envie alguém hoje com quem você possa compartilhar alguns dos tesouros que descobriu na Bíblia.
VAMOS FAZER Estude o ciclo de vida de uma borboleta-monarca ou de um sapo. Perceba as grandes mudanças que, pelo poder de Deus, acontecem. Mudanças semelhantes também podem ocorrer com você se pedir isso a Deus.
escolhido por Deus, porque significa que Cristo seria o Salvador do mundo. A Bíblia apresenta muitos nomes e títulos para Jesus, e eles revelam quem Ele é e Sua missão. A vovó pediu que Gabi pegasse uma Bíblia a fim de que elas procurassem trechos que apresentam diferentes nomes para Jesus. Elas escreveram uma lista bem grande num papel. A seguir estão alguns deles. Mateus 1:23 identifica Jesus como Emanuel: “Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um Filho, E chamá-Lo-ão pelo nome de Emanuel, que traduzido é: ‘Deus conosco’.” Esse texto nos mostra que Deus não queria ficar distante, mas viver entre nós. Jesus era Deus na Terra. Em João 3:16, Jesus é descrito como o Filho de Deus: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” No batismo de Jesus, Deus também confirmou que Cristo é Filho Dele. “Então veio dos Céus uma voz: ‘Tu és o Meu Filho amado; em Ti Me agrado’” (Mc 1:11). No texto de Marcos 10:45, Jesus é apresentado como o Filho do Homem: “Pois nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em resgate por muitos.” Esse título Ele recebeu porque, apesar de ser Deus, Jesus nasceu de uma mulher; logo, Ele também é ser humano. Por fim, em João 1:1 e 14, a Bíblia nos conta que Jesus é a Palavra que no princípio de tudo estava com Deus e era Deus. “Aquele que é a Palavra tornou-Se carne e habitou entre nós.” Isso significa que, além de ter criado tudo, Ele mostrou para nós quem é Deus (Cl 1:15, 16). Jesus não apenas inspirou a Bíblia, que é a Palavra de Deus para nós, mas Ele é a Palavra e o próprio Deus. Se conhecemos Jesus, conhecemos a Deus. Na Bíblia há muitos outros nomes para Jesus. Peça que seus pais e professores ajudem você a descobrir mais alguns nomes, como Cordeiro de Deus (Jo 1:29, 36); Alfa e Ômega (Ap 22:13) e Pão da Vida (Jo 6:35).
VAMOS CONVERSAR
QUARTA-FEIR A
DESCOBRINDO QUEM É JESUS TEXTO-TESOURO: “[Ela] dará à luz um Filho e chamarás o Seu nome Jesus; porque Ele salvará o Seu povo dos seus pecados” (Mt 1:21).
É
interessante descobrir por que recebemos nosso nome e o que ele significa. Antes de o Filho de Deus nascer, o anjo do Senhor apareceu e disse ao Seu pai terrestre, José, que ele devia chamar o bebê de Jesus. Esse nome foi especialmente R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Novembro 2018
Descubra o significado do seu nome e por que ele foi escolhido.
VAMOS ORAR Peça a Jesus que ajude você a conseguir entender o significado dos nomes Dele.
VAMOS FAZER Escreva os nomes de Jesus em tiras de papel que sejam do mesmo comprimento. Faça uma corrente com as tiras de papel e pendure entre uma ilustração de Jesus e uma foto da sua família.
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VAMOS ORAR Peça a Jesus que ajude você a se preparar para morar com Ele.
VAMOS FAZER Faça uma caixa de promessas escritas. Monte uma caixinha e decore com desenhos e adesivos. Corte pequenos pedaços
QUINTA-FEIR A
A ESPERANÇA É UM TESOURO
de papel do mesmo tamanho e escreva neles seus textos favoritos sobre esperança. Enrole os papeizinhos e coloque em pé dentro da caixinha até que ela fique cheia. Leia um texto todos os dias ou dê a caixa de promessas a um amigo.
TEXTO-TESOURO: “Pois tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para nos ensinar, de forma que, por meio da perseverança e do bom ânimo procedentes das Escrituras, mantenhamos a nossa esperança” (Rm 15:4).
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VAMOS CONVERSAR Como você explica para outra criança o que é esperança?
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SEX TA-FEIR A
ENTRE O CERTO E O ERRADO TEXTO-TESOURO: “Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e de todas as suas forças. [...] ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’” (Mc 12:30 e 31).
A
vovó percebeu que Gabi parecia preocupada. Tinha ouvido Gabi brigar com seu irmão enquanto brincavam naquela manhã. Falaram zangados um com o outro. E, quando a mamãe falou para ela pedir desculpas, Gabi escolheu fechar a boca tão apertada que não saiu nem uma palavra. Ela estava lá fora, sentada na escada e triste. A vovó sabia que havia muitos textos-tesouro na Bíblia que podiam ajudar a neta a escolher a coisa certa. Por isso, ela sugeriu que a netinha colocasse os óculos “Deus é amor”. Então elas abriram a Bíblia da vovó e começaram a ler e a conversar. Em Marcos 12, Jesus disse que o maior mandamento é amar a Deus com toda a energia que temos; e o segundo maior mandamento é amar nosso semelhante como a nós mesmos. A vovó explicou que, quando não temos certeza do que fazer, devemos pensar: como posso amar melhor a Deus e ao meu semelhante? “Gabi”, disse a vovó, “tenho certeza de que Jesus considera seus semelhantes todas as pessoas da sua vida, seus vizinhos, e inclusive seu irmão.” “Se você ama seu irmão, então vai tentar dizer coisas boas para ele. Quando começamos a ficar R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Novembro 2018
Ilustrações: Xuan Le
abi ama a escola, mas sempre espera ansiosa pelos feriados. Neste ano, sua família vai viajar de avião para visitar a vovó. A mamãe da garotinha comprou as passagens vários meses antes da viagem e, para Gabi, parecia que o feriado nunca iria chegar. Ela falou dessa preocupação com a vovó ao telefone. A vovó tentou animar a menina, explicando que esperar alguma coisa é o mesmo que “ter esperança”. Você planeja, compra as passagens e faz a mala. A vovó também queria que o feriado já tivesse chegado, mas prometeu dar um abraço bem apertado quando a neta chegasse ao aeroporto. Vovó e Gabi conversaram sobre a esperança da qual a Bíblia fala. Desde que Adão e Eva decidiram ouvir Satanás, as pessoas têm adorado e servido coisas criadas em lugar do Criador (Rm 1:25). Mesmo assim, Deus nos ama tanto que fez um plano para salvar todas as pessoas que se voltassem para Ele. O plano de Deus faria com que Satanás e o pecado parassem de machucar as pessoas. Jesus, o Filho de Deus, viria à Terra como um bebê, cresceria e viveria como um homem inocente e morreria pelos nossos pecados, a fim de que pudéssemos viver para sempre. O amor de Deus nos dá a esperança de passar a eternidade com Jesus. A vovó terminou a conversa mostrando um texto-tesouro para Gabi, que foi dito pelo próprio Jesus: “Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em Mim. Na casa de Meu Pai há muitos aposentos; se não fosse assim, Eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar. E se Eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para Mim, para que vocês estejam onde Eu estiver" (Jo 14:1-3). Enquanto Gabi pensa no feriado, ela também imagina como será bom quando Jesus voltar, pois ela e a vovó poderão estar com Cristo para sempre. Desde que entendeu isso, Gabi mal pode esperar pelo retorno de Jesus. Ela já ligou para sua avó para falar de sua esperança. A vovó ficou muito feliz de ouvir isso e disse que a esperança na volta de Jesus faz o coração das pessoas cantar e acreditar que até mesmo quem morreu fiel a Deus irá ressuscitar (1Ts 4:17). Gabi disse que mal podia esperar. E você?
com raiva, podemos nos afastar um pouco, até nos acalmar. Porém, se queremos tratar a mamãe com respeito, então vamos obedecer-lhe. O rei Salomão nos lembra de que a resposta calma evita a briga (Pv 15:1). Gabi pensou um pouco e saiu para encontrar a mamãe. Ela queria pedir desculpas para todo mundo. A Bíblia nos diz que conhecemos Jesus se obedecemos Seus mandamentos (1Jo 2:3-8). Algumas das mais importantes dessas regras foram dadas por Deus a Moisés. Nos Dez Mandamentos, os primeiros quatro nos falam de como amar a Deus e os outros seis nos dizem como cuidar uns dos outros. A vovó leu os Dez Mandamentos para Gabi em Êxodo 20 e os explicou para a neta. O conselho final dela foi: “Gabi, todos cometem erros. Mas podemos pedir que Deus nos perdoe, e podemos nos esforçar para ficar ligados a Jesus. Assim, quando Ele voltar, moraremos com Jesus e O veremos como Ele é" (1Jo 3:2).
VAMOS CONVERSAR Como você pode saber o que é certo ou errado?
VAMOS ORAR Ore por humildade para pedir desculpas a outros quando fizer algo errado.
VAMOS FAZER Arrume uma caixa com roupas. Escreva virtudes e defeitos nas etiquetas, como gentileza, amor, humildade; falsidade, orgulho e ódio. Separe as roupas e coloque em uma mala as que vamos levar para o Céu.
SEGUNDO SÁBADO
ANDAR SOB A LUZ TEXTO-TESOURO: “A Tua palavra é lâmpada que ilumina os meus passos e luz que clareia o meu caminho. […] Os Teus testemunhos são a minha herança permanente; são a alegria do meu coração” (Sl 119:105 e 111).
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á estava quase chegando a hora de Gabi fazer sua mala e voltar para casa. Ela gostou muito dos dias que passou com a vovó, quando encontrou tesouros na Bíblia. Gabi ia sentir saudades de conversar com ela. Vovó lembrou que os tesouros que elas haviam encontrado, agora estavam no coração da garotinha. R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Novembro 2018
Portanto, Gabi ia levá-los com ela para sua casa. A menina tinha sua própria Bíblia e sabia que a mamãe e o papai iriam ajudá-la a encontrar outros tesouros. Quando nos sentimos um pouco perdidos e não sabemos ao certo como continuar ligados a Jesus, podemos confiar na Palavra de Deus. A Bíblia é como uma luz ou uma tocha que mostra como continuar vivendo da maneira que Jesus quer que vivamos. A vovó explicou que este mundo, do jeito que está, não será nosso lar para sempre. Todos estamos ansiosos pela restauração deste planeta. No entanto, quanto mais perto esse tempo estiver, mais pessoas se recusarão a amar a Deus e a seguir a Jesus. Sem os tesouros da Bíblia no coração, muitos acharão difícil ser gentil com os outros. Nesse tempo, o mundo se tornará um lugar ainda mais complicado para se viver. Jesus disse que Ele é a “luz”, “o caminho, a verdade e a vida” (Jo 9:5; 14:6). Ficar conectado a Ele por meio da leitura da Bíblia e da oração fortalecerá nosso amor por Deus. Mateus 6:33 no diz: “Busquem, pois, em primeiro lugar o reino de Deus e a Sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas.” Gabi se lembrou da história sobre o homem sábio que construiu sua casa na rocha, e do homem tolo que construiu sua casa na areia. Quando a enchente veio, só a casa sobre a rocha ficou firme. Jesus disse que o homem sábio tinha ouvido Suas palavras e colocado em prática. Muitas pessoas ouvem sobre Jesus e sobre Seu amor, mas são poucas as que aceitam viver para Ele (Mt 7:24-27). A vovó contou para Gabi que Jesus quer que ela compartilhe Seu amor e faça coisas boas para outras pessoas: “Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos Céus” (Mt 5:16). É muito emocionante ser a esperança e a luz de Deus para as pessoas. É aceitar o convite de Deus para sermos imitadores Dele no amor e na entrega (Ef 5:1). Você também deseja experimentar isso? ]
VAMOS CONVERSAR Quais foram os oito tesouros sobre quais aprendemos nesta semana?
VAMOS ORAR Peça a Jesus que ajude você a entender e sentir melhor Seu amor.
VAMOS FAZER Faça um marca-páginas para sua Bíblia. Escreva nele seu texto-tesouro preferido desta semana. Decore com figuras e adesivos. Amarre uma fita bonita para ficar pendurada do lado de fora da Bíblia, marcando a página que você está lendo.
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MOMENTO DELICADO
Concílio anual da Igreja Adventista realizado no berço histórico da denominação enfatiza que a atuação de Deus no passado traz segurança de Sua direção no presente MÁRCIO TONETTI
epois da votação realizada na assembleia mundial de 2015, quando foi decidido que as Divisões não teriam autonomia para ordenar mulheres ao ministério, a questão levada a plenário no último Concílio Anual, realizado em Battle Creek, Michigan (EUA), em outubro, provavelmente tenha sido a que causou maior polarização no adventismo mundial desde então. Por 185 votos favoráveis e 124 contrários (e duas abstenções), a Comissão Diretiva da igreja mundial aprovou diretrizes para lidar com entidades que não aderirem aos regulamentos e decisões administrativas em âmbito global. Incentivando o espírito de unidade e oração, os líderes da sede mundial abriram espaço para que os delegados reagissem à proposta antes de votarem. Setenta e um se manifestaram nos microfones, sendo 21 da Divisão Norte-Americana, 19 da Associação Geral,
D
sete da Divisão Intereuropeia, seis da Sul-Africana Oceano Índico e da Transeuropeia, quatro da Interamericana, três da Pacífico Sul-Asiático, dois da Centro-Leste Africana e da Centro-Oeste Africana e um da Euroasiática (as outras cinco silenciaram). Alguns líderes expressaram seu temor de que a aprovação do documento poderia mudar as relações dentro da igreja. Um dos pontos levantados especialmente por norteamericanos e europeus foi que a medida fortalece a estrutura de poder centralizadora e prejudica a unidade na diversidade. No entanto, em um documento divulgado dias antes do concílio, a Associação Geral esclareceu que essa compreensão é equivocada (acesse: goo.gl/yFXXR6). O documento enfatiza também que a liderança da igreja mundial está buscando agir com transparência; não há intenção de impor ideias “de cima para baixo”, mas sim o desejo de dialogar e buscar uma saída para o problema. Apesar disso, a discussão tem continuado. Há quem considere que, pela primeira vez, o adventismo estaria correndo o risco de um cisma por razões culturais e não doutrinárias. As diversas reações posteriores ao voto parecem ter intensificado a tensão. A Divisão Norte-Americana, por exemplo, declarou que, apesar da aprovação do documento, não mudaria o status das mulheres que já exercem o ministério e que continuaria a trabalhar para alcançar a marca de mil pastoras nesse território. Ao longo de sua história, a igreja evidentemente já enfrentou muitos desafios para se manter unida. Por isso, essa importante reunião administrativa foi realizada no berço histórico da igreja com o objetivo de reforçar que, assim como no passado, Deus continua conduzindo Seu povo. “Os pioneiros enfrentaram situações semelhantes, mas o mesmo Deus que os guiou ainda está nos conduzindo hoje”, assegurou o pastor Ted Wilson, líder mundial da igreja, em seu sermão no dia anterior à votação do documento de conformidade. Ele enfatizou que a igreja não falhará nem se desintegrará desde que se mantenha fiel à Palavra de Deus. Em seguida, advertiu contra o perigo de a igreja “enfatizar demais as questões sociais enquanto minimiza ou negligencia a verdade bíblica e sua relevância para a sociedade de hoje”. Com o tema Apesar de ser o principal item, esse não “Alcance o Mundo: foi o único tópico da agenda do Concílio Creia em Seus Anual. A igreja mundial também parou Profetas”, o para apresentar relatórios e analisar os Concílio Anual números. Um dos dados divulgados foi realizado nos dias que em 2017 a denominação ganhou um 11 a 17 de outubro membro a cada 23 segundos. Os advenem Battle Creek tistas já somam mais de 21 milhões de (EUA) foi marcado pessoas ao redor do mundo. Mas esse por debate que número poderia ser bem maior, não fosse envolve o desafio o fato de a igreja perder, em média, quade manter a tro de cada dez pessoas que entram. ] unidade e a autoridade da igreja
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MÁRCIO TONETTI é editor associado da Revista Adventista
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Foto: Brent Hardinge – Adventist News Network
INTERNACIONAL
CIÊNCIA Durante o evento em Juazeiro do Norte foi lançado o portal www.origens.org, cujo objetivo é ser uma central criacionista com recursos para alunos e professores, vídeos, notícias e outros conteúdos
CRIACIONISTAS VÃO A CAMPO
Encontro Sul-Americano de Fé e Ciência leva grupo de pesquisadores até a Chapada do Araripe em busca de evidências do dilúvio MICHELSON BORGES
ma das acusações que alguns evolucionistas fazem contra os criacionistas é de que estes não realizam pesquisa de campo, não fazem “boa ciência” e não produzem dados. Apesar da imensa desproporcionalidade de investimentos e verbas disponíveis para pesquisa, os criacionistas têm, sim, procurado desenvolver projetos. Um bom exemplo disso é o Geoscience Research Institute (GRI), localizado no campus da Universidade de Loma Linda, na Califórnia (EUA), mantido pela sede mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Desde a década de 1950, a equipe de cientistas do instituto vem realizando pesquisas, publicando artigos e divulgando descobertas. Com o mesmo objetivo, o departamento de Educação da sede sul-americana da igreja está capacitando um grupo de educadores e pesquisadores, motivando-os a produzir artigos com base em pesquisas de campo. A primeira etapa desse treinamento foi há mais de dois anos, no arquipélago de Galápagos. A segunda foi neste ano, de 2 a 6 de setembro, em Juazeiro do Norte, no interior do Ceará.
Foto: Michelson Borges
U
Os organizadores do Segundo Encontro Sul-Americano de Fé e Ciência escolheram Juazeiro do Norte pelo fato de a cidade estar localizada na região da Chapada do Araripe, onde há abundância de fósseis e onde se pode fazer estudos em geologia e paleontologia. E foi exatamente o que os 80 participantes de oito países sul-americanos R e v i s t a A d ve n t i s t a // Novembro 2018
fizeram: todos os dias eles foram a campo para colocar as mãos nas rochas. Durante as palestras apresentadas por representantes do GRI, como o diretor James Gibson e o paleontólogo Raúl Esperante, os participantes recebiam informações úteis que no dia seguinte os ajudariam nas pesquisas in loco. Fósseis de insetos, plantas, peixes
(marinhos, inclusive) e crustáceos podem ser facilmente encontrados lá, em uma região árida a quase 500 km do litoral. Por todo lado é possível ver evidências de uma catástrofe hídrica, inclusive nos troncos de coníferas (pinheiros) petrificados, árvores que não existem na região e foram catastroficamente transportadas e sepultadas sob lama. Em um dos dias do evento os participantes viajaram quase 200 km até Souza, na Paraíba, onde puderam estudar pegadas de dinossauro fossilizadas. Trata-se de outra evidência do dilúvio, já que pegadas só são preservadas quando o animal pisa em lama e depois mais lama cobre as pegadas. O geólogo Artur Andrade, diretor do Departamento Nacional de Produção Mineral, órgão do governo federal, acompanhou o grupo durante todos os dias do evento e elogiou a iniciativa da Igreja Adventista. Para o diretor da Educação Adventista na América do Sul, pastor Edgard Luz, “as bases do nosso modelo de ensino se alicerçam na criação e, por isso, é necessário fortalecer esses pilares”. Antes de ir para o encontro, os participantes tiveram que assistir a aulas virtuais, fazer relatórios e escrever um artigo que serviu de base para os pôsteres apresentados no evento. Para o geólogo Marcos Natal, diretor do GRI para a América do Sul e da Sociedade Criacionista Brasileira (SCB), o principal objetivo desse programa é avançar na pesquisa criacionista em todos os países do continente. O encontro teve o apoio da SCB, do GRI e das duas editoras adventistas sul-americanas: Casa Publicadora Brasileira e Asociación Casa Editora Sudamericana. ] MICHELSON BORGES, pastor e jornalista, é editor de periódicos na CPB
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IGREJA
TEMPO DE CELEBRAR
Mais de 30 mil adventistas da Bahia e Sergipe se reuniram para comemorar um fato histórico para o adventismo na região. Quase mil igrejas foram plantadas em cinco anos EVELLIN FAGUNDES
o dia 23 de outubro de 1906, um brasileiro fez história no exterior. Alberto Santos Dumont conseguiu fazer com que um objeto de mais de 160 quilos voasse por cerca de 60 metros. Um mês antes, em 19 de setembro, um homem de origem estrangeira visitou a Bahia. Era o pastor Frederico Spies, que na época liderava a Igreja Adventista no país. Sua visita ao território baiano tinha o objetivo de estabelecer contato com pessoas que tinham interesse na mensagem adventista, mas que necessitavam compreender melhor algumas doutrinas bíblicas. Ao chegar ao estado, seu desejo foi que Deus enviasse mais obreiros e provesse os meios necessários para a missão naquele campo. Nos anos seguintes, o pastor Spies viu a igreja começar a crescer nessa região e os primeiros frutos serem colhidos. Mas o pioneiro possivelmente não tenha imaginado quanto o adventismo avançaria no Nordeste do Brasil.
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Durante o primeiro século de história do adventismo no território administrativo que hoje inclui também o estado de Sergipe (União Leste Brasileira), foram estabelecidas quase 2 mil igrejas. Porém, o desejo era de alçar voos mais altos. Em 2013, por meio do projeto “Santuários de Esperança”, a igreja nessa região foi desafiada a plantar mil novas igrejas em cinco anos. Isso equivalia a 50% do número de congregações alcançado em um século. Os recursos vieram da união de esforços entre os membros e as sedes administrativas adventistas. “Foi um desafio muito grande porque; no início, nem todos acreditaram no projeto. No entanto, dois anos depois, ao inaugurarmos a igreja de número 500, o movimento ganhou credibilidade e os membros foram motivados a se envolver mais”, conta o pastor Geovani Queiroz, líder da igreja na região e idealizador do projeto. Os cinco anos se passaram e o resultado foi 946 igrejas plantadas até agosto. A fim de celebrar essa marca histórica e surpreendente, mais de 30 mil adventistas se reuniram no Estádio do Pituaçu, em Salvador, no dia 29 de setembro. A programação recebeu os pastores Mark Finley, evangelista internacional, Erton Köhler, líder da igreja no continente, Ivan Saraiva, orador do programa Está Escrito, Williams Costa Jr., diretor mundial do departamento de Comunicação da igreja, quarteto Arautos do Rei e a cantora Sonete. Além do número expressivo de igrejas construídas, outro motivo de celebração foi o plantio de templos nos locais em que ainda não havia presença adventista, bem como em comunidades étnicas como os ciganos no Beco da Cebola, na cidade de Camaçari, e os índios da tribo Pataxó, em Santa Cruz Cabrália, na Bahia. “O que celebramos é histórico não só para a Bahia e Sergipe, mas para a igreja na América do Sul”, enfatizou o pastor Erton Köhler. O encerramento do projeto não significou o fim ou a redução dos investimentos na expansão da igreja. Porém, nos próximos anos, o objetivo principal será canalizar recursos para as novas gerações. “O plano é investir nos calebes, desbravadores, aventureiros, voluntários do programa Um Ano em Missão e no projeto Lidere o Amanhã, que oferece bolsas e incentivo para que as novas gerações estudem nas escolas e faculdades adventistas do nosso território”, frisou o pastor Geovani Queiroz, que durante o evento anunciou a aposentadoria (leia o perfil dele na p. 48). ] EVELLIN FAGUNDES é assessora de comunicação na sede administrativa da Igreja Adventista para o sul da Bahia
R e v i s t a A d ve n t i s t a // Novembro 2018
Foto: Hermano Marques
Celebração no Estádio do Pituaçu, em Salvador, foi marcada pelo batismo de 800 pessoas
MEMÓRIA
Antônio Vieira da Silva, aos 68 anos, em Itupiranga (PA), vítima de falência pulmonar. Foi colportor por mais de 30 anos. Deixa um filho e dois netos. Eduíno Candido dos Reis, aos 80 anos, em Blumenau (SC), vítima de câncer. Natural de Santo Antônio da Patrulha (RS), graduou-se em Teologia pelo antigo IAE, atual Unasp, campus São Paulo. Trabalhou no ministério adventista por 35 anos, servindo como pastor distrital em várias regiões e também como diretor do departamento da Escola Sabatina e do ministério de assistência social em Minas Gerais. Mesmo na aposentadoria esteve à disposição da igreja, realizando muitos batismos, casamentos e outras cerimônias. Tinha paixão por realizar campanhas evangelísticas e ministrar estudos bíblicos. Deixa a esposa, Belkiss, com quem foi casado por 50 anos, dois filhos e três netos. Elzi Álvares de Freitas, aos 81 anos, em Goiânia (GO), vítima de um acidente cardiovascular hemorrágico. Fiel adventista, frequentava a Igreja de Vila Nova. Deixa quatro filhos, sendo um deles o doutor Élnio (tesoureiro da União Central Brasileira), e quatro netos. Gelça da Silva Costa, aos 88 anos, em Porto Alegre (RS), de
morte natural. Batizada havia 65 anos, era membro da Igreja Sete de Setembro, em Taquara (RS). Por muitos anos serviu como diaconisa e na assistência social da Igreja de General Costa. Viúva de Augusto Costa, deixa filhos, netos, bisnetos e trinetos. Jim Alegre
de Mello, aos 79 anos, em Engenheiro Coelho (SP), vítima de diabetes. Ele foi cirurgião-dentista e professor da Univerdade de Santo Amaro (Unisa) por mais de 20 anos. Como docente universitário, liderou vários projetos missionários e humanitários com seus alunos e outros profissionais de saúde no Vale do Ribeira (SP), litoral paulista, e nas aldeias carajás em Tocantins. Homem lutador e missionário incansável, foi um excelente pai de família. Deixa a esposa, Anaester, três filhas e quatro netos. João Batista de Macedo, aos 86 anos, em Goiânia (GO), vítima de infecção generalizada. Serviu à Igreja Adventista por 40 anos como colportor, professor e pastor distrital em Santa Catarina, Tocantins e Goiás. Nos 24 anos que desfrutou da aposentadoria, mostrou-se um missionário incansável, atuando como pregador e professor da Escola Sabatina na Igreja de Vila Nova. Deixa a esposa, Maria, com quem teve uma filha, falecida em 2015.
José Pereira Mendonça, aos 89 anos, em Altônia (PR), vítima de broncopneumonia. Adventista fiel e dedicado, serviu como ancião, tesoureiro e líder do Ministério Pessoal. Em parceria com sua esposa, levou muitas pessoas ao batismo. Era leitor assíduo da
Revista Adventista e Lição da Escola Sabatina, bem como telespectador da TV Novo Tempo. Seu grande sonho era estar vivo por ocasião da volta de Jesus. Deixa a esposa, filhos e quatro netos. Maria do Socorro Oliveira da Silva, aos 60 anos, vítima de linfoma no ovário. Residente em Buritis (MG), havia sido batizada no fim de julho na Igreja do Parque dos Servidores, em Ribeirão Preto (SP). Viúva, deixa três filhos e quatro netos. Martinho Stabenow, aos 95 anos, em Hortolândia (SP), de morte natural. Teve uma vida de lutas e desafios, mas de grandes vitórias. Foi um dos fundadores da Igreja Central de São Gabriel da Palha (ES) e depois serviu como ancião, professor da Escola Sabatina
e instrutor bíblico na Igreja de Araras. Deixa a esposa, Lúcia, com quem foi casado por 72 anos, cinco filhos, 13 netos, 21 bisnetos e dois trinetos. Nair Morales Marzolla, aos 86 anos, em Cambé (PR), vítima de parada cardiorrespiratória. Batizada na adolescência, era membro da Igreja de Jardim Santo Amaro. Dedicou-se aos ministérios de assistência social, Escola Sabatina, Ministério Pessoal e diaconato feminino. Nos últimos anos, mesmo limitada pela enfermidade, mantinha-se firme na fé. Deixa o esposo, Alcides, duas filhas, dois netos e uma bisneta. Nilza Gregória de Jesus Rodrigues, aos 93 anos, em São Luís (MA). Era filha de Joaquina e Antônio Penha, pioneiros do adventismo na região. Nilza gostava de dizer que havia entrado a primeira vez na igreja quando tinha apenas três meses de idade, nos braços de seus pais. Na época, a congregação fundada pelo barbeiro Firmo Marinho, no bairro João Paulo, tinha 20 membros. Nilza era a única remanescente dessa primeira geração de adventistas do Maranhão. Viúva, deixa filhos, netos
Documentário
Lançado no início do mês, o webdocumentário Em Memória conta a história da seção de falecimentos publicada há décadas pela Revista Adventista e explica o papel que ela tem exercido na comunidade adventista brasileira. Para assistir, acesse: goo.gl/EbouWy.
“ B E M - AV E N T U R A D O S O S M O R T O S Q U E , D E S D E A G O R A , M O R R E M N O S E N H O R ” R e v i s t a A d ve n t i s t a // Novembro 2018
(APOCALIPSE 14:13)
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PÁGINAS DE ESPERANÇA
O PASTOR QUE FECHOU UMA IGREJA OS ENSINOS BÍBLICOS QUE ELE DESCOBRIU NOS LIVROS MISSIONÁRIOS ADVENTISTAS O FIZERAM TROCAR DE DENOMINAÇÃO DANIEL GONÇALVES
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MARCELO BARBOSA E SUA FAMÍLIA FORAM BATIZADOS EM 25 DE AGOSTO. ELES SÃO MEMBROS DA IGREJA DA BARRA DO ARIRIÚ, EM PALHOÇA (SC) igreja evangélica, mas foi duramente criticado pelos membros. Resultado: acabou desistindo dos estudos com o pastor adventista. Algum tempo depois, Marcelo ficou desempregado e precisou se mudar para Palhoça, na região metropolitana de Florianópolis, onde conseguiu um emprego de imediato. Posteriormente, pelo fato de já ser um diácono, ter exercido funções administrativas e recebido preparo teológico formal, ele foi consagrado pastor e convidado a liderar uma igreja. Sua congregação ficava no bairro Barra do Aririú, exatamente na mesma rua de uma igreja adventista. No último dia 26 de maio, quando os adventistas sul-americanos distribuíram milhões de exemplares do livro O Poder da Esperança, Marcelo recebeu um exemplar e
se lembrou do pastor Eustáquio. “Era Deus me chamando de novo”, afirma. Marcelo leu partes do livro e na mesma semana foi visitado por Isaak João Rosa, voluntário adventista que havia deixado um exemplar do livro embaixo da porta da igreja que Marcelo pastoreava. Depois de participar de duas séries de evangelismo público e uma de estudos bíblicos em casa, Marcelo teve a certeza de que se tornaria adventista. Foi então que, certo domingo à noite, foi ao púlpito de sua igreja e disse que fecharia o templo, pois havia abraçado uma nova compreensão da fé cristã. Ele convidou para que sua congregação o acompanhasse, mas ninguém o seguiu. Marcelo e sua família foram batizados em 25 de agosto pelo pastor Alex Escher. Como membro da Igreja da Barra do Aririú, ele continua estudando a Bíblia a fim de se preparar para ministrar estudos bíblicos aos seus antigos liderados. ] DANIEL GONÇALVES é assessor de comunicação da Igreja Adventista para a região centro-sul de Santa Catarina
R e v i s t a A d ve n t i s t a // Novembro 2018
Foto: Daniel Gonçalves
N
atural de Belém, Marcelo Barbosa trocou as terras quentes do Pará pelo frio de Santa Catarina em 2014. A razão da mudança para Joaçaba, no meio-oeste do estado, foi a procura por novas oportunidades profissionais. Junto com a mudança, ele levou a vontade de conhecer melhor os ensinos de Jesus. Marcelo já tinha raízes numa igreja evangélica, mas desejava compreender melhor as Escrituras. Hoje, com 36 anos, ele é casado com Marta e tem quatro filhas. Por ter frequentado 14 anos uma igreja pentecostal, na qual exerceu funções de liderança e contou com o apoio de familiares próximos, ele não cogitava mudar de denominação. Porém, foi o que ocorreu em Santa Catarina. Tudo começou no fim de 2014. “Eu havia me estabelecido profissionalmente e minha esposa trabalhava com artesanato. Certo dia, fomos vender esse artesanato na praça principal da cidade e lá fiquei lendo um livro sobre os Dez Mandamentos”, lembra. Naquele sábado, voluntários adventistas realizavam uma feira de saúde comunitária no local. “Vi o Marcelo lendo aquele material e me apresentei como pastor da Igreja Adventista. Então conversamos sobre a Bíblia. Ávido por conhecimento, ele ouviu tudo com atenção e logo marcamos para estudar a Bíblia em sua casa”, relata o pastor Eustáquio Andrade. Marcelo foi surpreendido por doutrinas bíblicas que não conhecia e, por isso, conferia tudo nas Escrituras. Ele desejou compartilhar aquilo na sua
EM FAMÍLIA
EPIDEMIA DE SOLIDÃO
COM 9 MILHÕES DE SOLITÁRIOS, O REINO UNIDO É O PRIMEIRO GOVERNO A TER UM MINISTÉRIO DA SOLIDÃO. MAS ESSE PROBLEMA NÃO ATINGE SOMENTE OS BRITÂNICOS TALITA CASTELÃO
Foto: Adobe Stock
Q
uem já não experimentou o sentimento de se sentir só no mundo, sem ter com quem contar para dividir o peso da vida? Considerada por muitos uma epidemia mundial, a solidão pode estar presente em um espaço cheio de gente. Solidão não é o mesmo que estar sozinho. O isolamento às vezes pode predispor à solidão, mas com certeza não é sua principal causa. Tem gente que gosta de ter um tempo sozinho consigo mesmo. Outros preferem estar cercados por pessoas a maior parte do tempo. Porém, a solidão independe da presença ou ausência física das pessoas. Ela resulta de uma sensação interna de desconexão e da falta de relações interpessoais que sejam significativas: de interação com alguém que realmente compreenda você. Todos nós vamos experimentar a solidão em algum momento da existência, mas normalmente de forma temporária. Se a solidão se torna crônica, ela pode trazer consequências como falta de sono, isolamento social e até depressão. Foi pensando em reduzir esse problema da vida moderna que o Reino Unido criou de forma inédita o Ministério da Solidão. A ministra Tracey Crouch, que assumiu o cargo no início deste ano, disse que o problema afeta cerca de 9 milhões de britânicos de todas as faixas etárias. Loneliness Experiment foi a maior pesquisa já feita sobre a solidão. Desenvolvida por psicólogos das Universidades de Manchester, Brunel e Exeter, em colaboração com a BBC Radio 4 e Wellcome Collection, contou com a participação de mais de 55 mil pessoas acima de 16 anos de idade. Os principais resultados indicam que entre os jovens (40%) a solidão é mais presente do que nos idosos (27%); pessoas que sofrem discriminação (deficientes, homossexuais ou pobres, por exemplo) relatam maior solidão; pais e pessoas em relacionamentos afetivos sofrem R e v i s t a A d ve n t i s t a // Novembro 2018
A SOLIDÃO NÃO DEPENDE DA PRESENÇA OU AUSÊNCIA FÍSICA DE ALGUÉM, MAS DA FALTA DE INTERAÇÃO COM UMA PESSOA QUE REALMENTE COMPREENDA VOCÊ
menos solidão; as pessoas experimentam mais solidão no período da noite e se envergonham em admitir que se sentem sozinhas, mas isso tende a diminuir com o aumento da idade. A mesma pesquisa também fez um levantamento das sugestões mais indicadas pelos próprios participantes para combater a solidão. São elas: encontrar atividades de distração ou passatempos; focar no estudo e trabalho; participar de um clube ou realizar novas atividades sociais; pensar nas razões que o tornam solitário e exercitar um pensamento mais positivo; iniciar uma conversa com qualquer pessoa e fazer convites sem temer a rejeição; conversar com amigos e familiares sobre os sentimentos e dizer a alguém que se sente solitário. A verdade é que não existe uma receita única para enfrentar a solidão, mas cada pessoa, dentro da sua realidade de vida e peculiaridade, deve encarar a questão com disposição para o enfrentamento. Nesse processo, o autoconhecimento pode revelar muito sobre um novo caminho em direção a si mesmo e ao próximo. ] TALITA CASTELÃO é psicóloga clínica, sexóloga e doutora em Ciências
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PERFIL
UM LÍDER QUE TEM PRESSA
PASTOR GEOVANI QUEIROZ SE APOSENTA DEPOIS DE DIRIGIR A IGREJA NO NORDESTE POR 14 ANOS E IMPRIMIR UM FORTE RITMO DE CRESCIMENTO NA REGIÃO
O
sol estava perto da linha do horizonte, na tarde do sábado 29 de setembro de 2018, quando o pastor Geovani Queiroz subiu ao palco montado no Estádio Governador Roberto Santos, mais conhecido como Pituaçu, em Salvador (BA). Uma delegação o acompanhou, ocupando uma área de onde mais de 30 mil participantes do evento Tempo de Celebrar conseguiram perceber a diversidade de pessoas que ocupavam aquele espaço: havia representantes de tribos indígenas, de comunidades de ciganos, de assentamentos rurais e de povoados de difícil acesso. O líder saudou os participantes que haviam formado caravanas de várias regiões da Bahia e de Sergipe. “A igreja chegou aonde nunca havia chegado”, disse, apontando para os representantes comunitários que estavam no palco. “Deus inspirou o projeto Santuários de Esperança para esse propósito. E nós estamos celebrando agora as conquistas de Deus neste lugar, porque eu declaro que esse projeto está encerrado.” O que se seguiu foi o barulho de fogos de artifício, que chamaram a atenção nesse princípio de crepúsculo. Palmas e gritos de celebração tomaram conta das arquibancadas, enquanto uma música em tons triunfantes inspirava ainda mais as comemorações. Lançada em 2013, a campanha de abertura de mil igrejas no prazo de cinco anos chegava oficialmente ao fim com 946 igrejas plantadas até agosto. Outras 54 congregações devem se estabelecidas até o fim do ano. Dessas centenas de novas igrejas, 592 já 48
foram organizadas, algumas dezenas construídas e outras compraram seu próprio terreno. A alegria que tomou conta desse momento ganhou um contraste minutos depois, quando Geovani subiu novamente ao palco, dessa vez acompanhado por sua esposa e os administradores da União Leste Brasileira (ULB). Era esperado o anúncio da aposentadoria do pastor Ivo Vasconcelos, tesoureiro da ULB, depois de mais de 40 anos de dedicação ao controle das finanças da igreja. Porém, o que acabou surpreendendo a todos foi que o pastor Geovani também anunciou sua saída, após concluir 35 anos de ministério. “Saio feliz porque a igreja não me deve nada, nunca deveu nada para mim; eu é que devo tudo à igreja.” ESTILO DE LIDERANÇA A maneira surpreendente de anunciar a aposentadoria comunica muito sobre o estilo de liderança de Geovani Souto de Queiroz,
um baiano nascido há 60 anos no Povoado de Quaraçu, em Cândido Sales, a 593 quilômetros de Salvador. A intensidade, o senso de urgência e a paixão pela missão e expansão do adventismo foram marcas do seu trabalho. Geovani sai de cena depois de liderar a denominação no Nordeste nos últimos 14 anos. A nova região administrativa que ele ajudou a estabelecer foi resultado de um crescimento institucional, com o surgimento de novas sedes administrativas; uma expansão no alcance de municípios sem a presença adventista; o crescimento na estrutura educacional, com a instalação do Instituto Adventista Pernambucano de Ensino (IAPE); e o aumento da oferta de cursos de ensino superior na Faculdade Adventista da Bahia, com destaque para Odontologia, uma das principais conquistas da rede educacional adventista no Brasil. Geovani nasceu em 20 de agosto de 1958. Filho de Geovani e Joana, sofreu uma perda muito cedo, com o falecimento do pai. Com uma família de 11 irmãos, Queiroz testemunhou o esforço da mãe R e v i s t a A d ve n t i s t a // Novembro 2018
Foto: União Leste Brasileira
HERON SANTANA
DE FALA SIMPLES, GEOVANI PAUTOU A COMUNICAÇÃO DE SUA VISÃO NUM DISCURSO DE URGÊNCIA E APELO SIMBÓLICO em cuidar da casa e educar os filhos segundo os firmes princípios cristãos. Dona Joana, hoje com 91 anos, é uma lembrança recorrente de exemplo e de vitalidade missionária. Foi ao acompanhar a mãe na ministração de classes bíblicas que ele decidiu ser pastor. Com 13 anos, costumava brincar em um lago, simulando o batismo de seus amigos. O sonho realizou-se em 1983, quando ele se graduou em Teologia no antigo Instituto Adventista de Ensino, atual Unasp, c ampus São Paulo. No internato, ele conheceu a paranaense Rosecler Linhares de Queiroz, com quem se casou e teve dois filhos: Jônatas (33) e Camila (30). A parceria com Rosecler foi além da constituição de uma família. Ambos formaram uma linha de frente para o trabalho da igreja, marcada especialmente por um senso de urgência missionário. R e v i s t a A d ve n t i s t a // Novembro 2018
Geovani começou seu ministério como instrutor bíblico e pastor distrital na capital paulista. Ali foi diretor do Ministério Pessoal da Associação Paulista Sul. De lá saiu para ser nomeado presidente da Missão Mato-Grossense e não mais deixou de liderar regiões administrativas da igreja. Foi presidente da Missão Costa-Norte (Ceará e Piauí), da Associação Pernambucana, da antiga União Nordeste Brasileira (oito estados), sucedendo o pastor Helder Roger Cavalcanti, até assumir em 2012 a União Leste Brasileira. VISÃO ESTRATÉGICA Sua experiência no Nordeste o levou a desenvolver uma visão estratégica para a região. Em 2008, havia 650 municípios nordestinos sem presença adventista. Ele reuniu administradores, oficiais e líderes para apresentar o projeto Terra de Esperança. Com uma arquitetura financeira e um apelo missionário sem precedentes, voluntários foram desafiados a deixar sua cidade de domicílio para morar em municípios em que a presença adventista precisava ser estabelecida. O que gerações anteriores de adventistas fizeram ao longo de décadas, Geovani queria promover em apenas cinco anos! A campanha se desenvolveu com traços típicos de sua liderança: agenda intensa de visitas para apresentar o plano e buscar apoio financeiro e logístico, e estratégias de marketing com base no senso de urgência e apelo simbólico. No lançamento do projeto, em Recife, por exemplo, o pastor Erton Köhler, líder da igreja na América do Sul, pregou em um púlpito de madeira construído em 1944 pelo pioneiro Luiz Calebe. O móvel foi levado de Caruaru, a cerca de 120 km da capital pernambucana, exclusivamente para esse momento. “Queríamos mostrar que o que estava acontecendo era um movimento semelhante ao que os pioneiros haviam realizado. Precisávamos avançar como eles avançaram”, observou. Como presidente eleito da recém-criada ULB, Geovani percebeu que era preciso construir mais templos na região, especialmente nas localidades mais isoladas. “A igreja precisava chegar ao lugar em que essas pessoas estavam”, justificou Queiroz. Em pouco tempo estava estabelecido o projeto Santuários de Esperança: o desafio de plantar mil igrejas em cinco anos. O lançamento da campanha seguiu o estilo arrojado do líder baiano. A apresentação foi realizada na Igreja de Dias D’Ávila, uma
espécie de marco zero do projeto, localizada na região metropolitana de Salvador. O templo foi construído em cerca de 60 dias apenas para mostrar aos participantes do evento como seria o projeto. Geovani costumava repetir: “Bahia e Sergipe têm pressa.” Na sequência, cada pastor distrital recebeu uma maquete da igrejapadrão, com um marcante contorno do número sete na fachada do templo, e foi desafiado a assinar um compromisso com a campanha. Por sua vez, o projeto seria viabilizado pela participação financeira das Associações e União, em parceria com as igrejas locais. O avanço do projeto foi empolgando membros e ministros. Até mesmo alguns pastores que mostravam insatisfação com o estilo de liderança de Geovani Queiroz passaram a observá-lo de forma diferente. “Quando vi o pastor Geovani visitando comunidades distantes apenas para o lançamento de uma pedra fundamental, quando o vi dedicando a vida com tanto desgaste físico para essa causa, concluí que o que move esse homem é uma loucura santa, um desejo irrefreável de levar o evangelho ao maior número de pessoas”, confessa Moisés Sales, pastor distrital em Santo Antônio de Jesus (BA). Anteriormente crítico do projeto, ele passou a se engajar na campanha, e dois templos foram estabelecidos em seu distrito. Caracterizado pelo raciocínio simples e discurso de fácil compreensão, Geovani deixou marcas no modo de mobilizar os adventistas no Nordeste. Seu legado é de uma igreja que vislumbra um futuro de solidez institucional e paixão missionária. Para ele, nossa mensagem precisa ser pregada com pressa! ] HERON SANTANA é jornalista e diretor do departamento de Comunicação da Igreja Adventista para a Bahia e Sergipe
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ESTANTE
O DESPERTAR DA ESPERANÇA
DEVOCIONAIS DIÁRIOS SÃO IMPORTANTES PARA INCENTIVAR O ENCONTRO COM DEUS NA PRIMEIRA HORA DO DIA VINÍCIUS MENDES, NEILA D. OLIVEIRA E SUELI OLIVEIRA
O
despertador do celular interrompe o sono e revela que o tempo está no limite. Se não correr, o atraso é garantido. Assim começa o dia de muita gente. Como o relógio não espera, o jeito é se arrumar depressa, engolir algum alimento e correr para tentar chegar no horário ao trabalho ou à escola. Mas não está faltando alguma coisa? Sem tempo para Deus, ficamos despreparados para o que a vida nos reserva. Porém, se dirigimos o primeiro olhar do dia para Jesus, somos revestidos com uma poderosa armadura que nos protege dos ataques do inimigo. Um momento especial para o encontro com Deus a cada manhã é uma bênção. Pensando nisso, desde 1953, a CPB publica livros devocionais anuais como incentivo e apoio para o encontro diário com Deus. Autores são escolhidos com antecedência e recebem a tarefa de produzir 365 textos que despertarão os leitores todas as manhãs com mensagens de inspiração baseadas na Bíblia. Nossa Esperança é o título das Meditações Diárias de 2019. O livro foi escrito pelo pastor Erton Köhler, presidente da sede sulamericana da igreja. Cristo, que é a verdadeira esperança, é o personagem central do livro. Em cada texto, o leitor encontrará mensagens de salvação, missão e motivação espiritual. Em Nossa Esperança, histórias de fé e milagres ligam-se a uma abordagem séria e sensível das Escrituras. Tudo 50
isso converge para que o objetivo do livro seja alcançado: despertar a igreja para que continue caminhando unida e confiante nas duas promessas mais preciosas da Bíblia, isto é, a presença de Jesus a cada dia conosco e Seu breve retorno à Terra. A M e d it a ç ã o d a Mulher de 2019, Toques de Alegria, está repleta de histórias que celebram o lindo vínculo entre o Pai celestial e Suas filhas. São relatos marcantes de mulheres do mundo inteiro, que compartilham como encontraram a felicidade proporcionada por Cristo. O livro é um convite carinhoso para que as leitoras sintam diariamente os toques de alegria do Senhor. Além de ser um meio para compartilhar experiências e espalhar o amor de Deus, nas últimas duas décadas esse projeto já ajudou a financiar mais de 2,2 mil bolsas de estudos para mulheres de 127 países. Por sua vez, as novas gerações não podem perder a oportunidade de encontrar Jesus a cada manhã. Ao lerem a Inspiração Juvenil Natureza Viva, juvenis e adolescentes desbravarão as maravilhas da criação divina. Escrito pelo pastor e jornalista Francisco Lemos, a reedição desse devocional de 2001 apresenta detalhes superinteressantes e curiosidades acerca de insetos, pássaros, plantas e até fenômenos
naturais que aproximarão os juvenis e adolescentes ainda mais de Deus. Por fim, na descoberta do mundo que as rodeia, as crianças sempre querem saber mais: Por que isso? Por que aquilo? Para responder a inúmeras dessas questões e encaminhá-las para um relacionamento dinâmico e significativo com Deus, os pais poderão contar com o importante apoio do Devocional das Crianças, Pequenos Curiosos, escrito pela Tia Cecéu e ilustrado pelo artista Diogo Godoy. A cada dia de 2019, os leitores desses devocionais serão despertados pela esperança de contemplar Jesus por meio dos olhos da fé e de vê-Lo face a face, quando Ele voltar em breve. Essa é nossa esperança. ] VINÍCIUS MENDES e NEILA D. OLIVEIRA são editores de livros denominacionais e SUELI OLIVEIRA é coordenadora da Editoria Infantojuvenil da CPB
R e v i s t a A d ve n t i s t a // Novembro 2018
Butão
Bangladesh
Nepal
China
Mianmar Hanoi Laos 2 Rangun
3
Kuala Lumpur
Malásia
Phnom Penh
3 Escola Adventista de Missão Internacional, em Korat, Tailândia.
2 Escola de Idiomas Namthip Savan, em Ngoy, Phonsavanah, Laos.
Palau
5 Centros de evangelismo jovem, na península da Malásia.
4 Centro de Atividades Vida Essencial, em Battambang, Camboja.
6
Jovens
Adolescentes
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4 Camboja
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