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ENTREVISTA
As crises acompanham as organizações tanto quanto permeiam a vida das pessoas. A própria Igreja Adventista nasceu no contexto de uma crise decorrente do chamado Grande Desapontamento de 1844. Se, de um lado, as adversidades podem soterrar a imagem e a reputação, de outro, se forem bem gerenciadas, podem gerar oportunidades para que a organização ressignifique sua identidade, sua comunicação e seu modo de agir. EM TEMPOS DE CRISE Nesta entrevista, o jornalista Felipe Lemos, que atua há dez anos como gerente da Assessoria de Comunicação da sede adventista sul-americana, fala sobre a importância do trabalho estratégico de gestão e prevenção JORNALISTA ENSINA A LIDAR COM SITUAÇÕES QUE PODEM de crises e as ações da igreja nessa área, tema ABALAR A IMAGEM DA IGREJA PERANTE A OPINIÃO PÚBLICA que foi explorado em sua dissertação de mestrado apresentada recentemente.
Quais são os novos riscos que a internet trouxe para a imagem e reputação das organizações?
É natural que as organizações hoje sejam mais vistas, mais ouvidas e também mais observadas, mais fiscalizadas e mais criticadas. Reputação e imagem são bens de altíssimo valor. Perdê-los é muito grave e mantê-los é um tremendo desafio.
Como geralmente nascem as crises?
As crises envolvendo o mundo corporativo são sempre rupturas entre o que se espera e o que se recebe. Ou seja, ocorrem quando uma organização diz que é honesta e íntegra, mas, por alguma razão, as pessoas percebem algum fato específico que desmente isso. Pode ser um acidente, um caso de corrupção, etc.
Como responder às crises de maneira eficaz?
É preciso agir com prudência e, ao mesmo tempo, de maneira ágil. Também é fundamental dar respostas convincentes e totalmente verdadeiras. Gerenciamento de crise não é uma operação para abafar problemas, mas para ajudar, no caso da igreja, de forma tecnicamente responsável e cristã, a lidar com episódios desagradáveis e que podem afetar a imagem e a reputação de uma organização.
Como funciona a estrutura de gerenciamento de crises da igreja?
O trabalho é feito de maneira colaborativa por meio dos comitês de gerenciamento de crises, estabelecidos nas sedes administrativas e instituições. Geralmente são formados por administradores e profissionais das áreas jurídica, comunicacional, de tecnologia e internet, recursos humanos, entre outras. Os comitês agem de maneira preventiva, identificando riscos e prevendo ações específicas. Quando ocorrem situações agudas de grande repercussão, o comitê é o canal indicado para pensar o que deve ser feito no âmbito administrativo, jurídico e comunicacional.
As adversidades têm um lado bom?
Sim. São oportunidades para as organizações (e, claro, para as pessoas) aprenderem com possíveis erros e melhorarem seus processos e sua conduta.
Qual é o papel de cada membro na preservação da imagem da igreja?
Os membros podem ajudar muito nesse processo. Uma das melhores maneiras é divulgar boas informações sobre o que a igreja faz e é. Ao mesmo tempo, devem evitar espalhar fake news. Quando membros e pastores percebem problemas, o aconselhável é levar essas situações ao conhecimento da liderança adventista mais próxima deles. Há uma ideia de que atacar publicamente uma organização (em redes sociais, por exemplo) ajuda a mudar condutas. Isso não é verdadeiro. As orientações de Cristo em Mateus 18 devem ser seguidas. Os benefícios serão maiores. ]