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VISÃO GLOBAL
Bem-vindo aos dias de Nóe
O POVO DE DEUS É CHAMADO A PROCLAMAR EVENTOS HUMANAMENTE IMPOSSÍVEIS NUM TEMPO DE CETICISMO TED WILSON
Apenas três dias antes da Sua crucifixão, Jesus falou sobre Sua segunda vinda, comparando o tempo do fim aos dias de Noé (Mt 24:37-39). Hoje vemos as normas sociais e culturais do passado, construídas sobre os fundamentos bíblicos, desaparecendo rapidamente. A prática homossexual, por exemplo, entre outras perversões sexuais, são erradas, segundo a Bíblia. Sim, devemos amar as pessoas, mas isso significa levá-las ao pé da cruz, onde qualquer pessoa pode encontrar liberdade em Cristo. Além do cenário de crise moral, temos acompanhado a instabilidade política e econômica. Somado a isso, há também o avanço do ecumenismo, que indica o cumprimento de profecias, quando o mundo irá admirar e seguir a besta (Ap 13:12-14).
Foi para esse cenário que os adventistas do sétimo dia foram chamados a proclamar Cristo, Sua Palavra, Sua justiça, Seu serviço no santuário, Seu poder salvador no grande conflito, Suas três mensagens angélicas, Sua mensagem de saúde, Sua missão para o mundo nos últimos dias e Seu breve retorno à Terra. Que, como igreja, nunca nos esqueçamos da maneira como Deus nos guiou, tem guiado e guiará no futuro! Deus nunca muda, Sua verdade também não, especialmente quando nos aproximamos do fim de todas as coisas.
A HISTÓRIA SE REPETE
O mundo antediluviano estava saturado de um egocentrismo violento – o mesmo que vemos atualmente (Gn 6:5-8). E foi naquela época que Deus olhou para a Terra e viu Noé. Será que hoje também somos fiéis como Noé? Graças a Deus que, nos dias de Noé, havia um Noé! Nós também podemos ser fiéis ao chamado para o
povo do tempo do fim, que será a última geração a proclamar a poderosa mensagem do advento.
Devemos nos levantar resolutos, como fez Noé, e anunciar como a Bíblia prevê o fim. Ellen G. White, pioneira e profetisa do adventismo, escreveu que Noé permaneceu “firme como uma rocha” em sua missão, mesmo rodeado pelo “desdém e ridículo popular”. Durante 120 anos, ele foi a voz de Deus em meio à sua geração, distinguindo-se dos demais por sua integridade e fidelidade inabaláveis, e pregando algo que era impossível na perspectiva humana (Patriarcas e Profetas, p. 96).
No Novo Testamento, além de Jesus, o apóstolo Pedro também profetizou que o ceticismo dos dias de Nóe se verificaria no tempo do fim (2Pe 3:3-6). Por isso, não podemos cair na síndrome dos “dias de Nóe”, lançando dúvidas sobre o segundo advento de Cristo. Nossa tarefa é continuar proclamando a mensagem de Deus para este tempo, assim como Noé fez com o que lhe foi confiado para seus dias. A vinda do Senhor é o clímax do plano da salvação, que nos dará a vida eterna que aguardamos ansiosamente. Portanto, apesar das descrenças do mundo, a graça de Deus nos sustentará em nossa missão.
O PODER DA VERDADE
Em 2018, junto com outros colegas da sede mundial da igreja, tive o privilégio de pregar uma série evangelística no Japão. A mobiliza ção, que estava alinhada com nosso programa para a igreja mundial Envolvimento Total dos Membros (ETM), teve 161 pontos de pregação. Resultado: uma igreja envelhecida, de apenas 15 mil membros em todo o país, foi revitalizada. Agora, membros e pastores estão com seu coração ardendo em chamas pela pregação do evangelho, pois renovaram seu foco na escatologia e na nossa recompensa final, que é estar com Jesus.
Ellen G. White também escreveu que a pregação do evangelho não será concluída antes que homens e mulheres, os membros voluntários da igreja, trabalhem juntos com os pastores e funcionários da denominação (Obreiros Evangélicos, p. 352). É isso que propõe o ETM: envolver membros e pastores num programa que englobe cada aspecto da semeadura, nutrição, amadurecimento e colheita da semente do evangelho.
Pelo fato de eu crer que seremos a última geração do povo de Deus antes da volta de Jesus, acredito que devemos exemplificar Sua justiça santificadora em nossa vida e testemunho por meio de Seu poder. A justiça de Cristo é o cerne das três mensagens angélicas de Apocalipse 14:6-12. E é Cristo, cuja justiça aceitamos pela fé, que nos dá poder para vencer.
Não é nosso papel inventar nem promover novas compreensões que contrariem as verdades bíblicas fundamentais que nos foram confiadas por Deus. Não nos consideremos mais sábios do que o dom profético concedido a Ellen G. White, com seu papel de ampliação e confirmação da mensagem da Palavra de Deus. Vigiemos quanto a isso, pois Satanás não desistirá de tentar neutralizar as doutrinas distintivas confiadas aos adventistas do sétimo dia. Nossa missão é alertar o mundo, a fim de que a humanidade não seja enganada pelo diabo.
EVENTOS RÁPIDOS
Conforme entendidos pela interpretação adventista, os eventos finais devem acontecer rapidamente. As tentativas para forçar a união entre Igreja e Estado não demorarão para ocorrer. De acordo com Ellen G. White, a guarda do sábado será “a pedra de toque da lealdade”, o “ponto NOÉ PERMANECEU da verdade especialmente contro vertido” que traçará a linha divi FIRME COMO UMA sória entre os que servem a Deus e os que não O servem (O Grande ROCHA EM SUA Conflito, p. 605). Esses episódios finais de nossa MISSÃO, MESMO história serão protagonizados pelo poder do Espírito Santo trabaRODEADO PELO lhando por meio de pessoas humildes que se importam com o desRIDÍCULO POPULAR tino eterno das pessoas que estão ao seu redor. Por isso, devemos suplicar com sinceridade pelo derramamento da chuva serôdia, humilhando-nos diante de Deus, a fim de que estejamos disponíveis para ser usados na proclamação final do evangelho. Quando, muito em breve, em qualquer dia desses, olharmos para cima e vermos que nossa redenção se aproxima, quero estar pronto para subir. E espero encontrar você lá também! ] Este artigo foi adaptado do sermão apresentado no dia 16 de junho de 2018, na Conferência Bíblica Internacional, em Roma (Itália). Foi mantido o estilo oral.
TED WILSON é presidente mundial da Igreja Adventista. Você pode acompanhar o líder por meio das redes sociais: Twitter (@pastortedwilson) e Facebook (fb.com.br/ pastortedwilson)
Sementes e frutos
A EXPERIÊNCIA DO CASAL DE MISSIONÁRIOS QUE LANÇOU O FUNDAMENTO DA UNIVERSIDADE ADVENTISTA DA ZÂMBIA
DICK DUERKSEN
Esta história começa nos Estados Unidos, em 1895, na primeira escola adventista do mundo, em Batlle Creek, Michigan. Harry Anderson estudava para ser professor, pregador e, talvez, até missionário. Ele também estava apaixonado por Nora, uma jovem brilhante que compartilhava seu sonho de servir na missão além-mar. Ambos haviam sido criados em grandes fazendas.
Contudo, a oportunidade veio mais rapidamente do que imaginavam. Dez semanas antes da formatura, a sede mundial da igreja pediu que Herry e Nora partissem “imediatamente” para a África, onde trabalhariam em Solusi, atual Zimbábue. O casal tentou convencer os líderes que esperassem a formatura; porém, o trabalho em terras longínquas tinha pressa.
Numa manhã gelada de março, Harry e Nora iniciaram a longa viagem, cuja primeira parada seria a Cidade do Cabo, na África do Sul. Em Solusi, eles se uniram a outras duas famílias de missionários e começaram a construir salas de aulas, preparar a terra do colégio, plantar as sementes e a aprender a língua local. Aquele era um trabalho duro debaixo do calor africano. Conforme alguns missionários iam ficando doentes, eram substituídos por outros que chegavam. Por causa das enfermidades tropicais, logo se levantaram várias lápides no cemitério do colégio, como memoriais àqueles que se sacrificaram pela mensagem adventista.
MUDANÇA PARA A ZÂMBIA
Oito anos depois, quando a cidade de Solusi estava cheia de estudantes ávidos, foi solicitado que a família Anderson se mudasse para o norte da Rodésia, hoje território da Zâmbia, para iniciar outra escola. Harry Anderson começou a pé a viagem de quatro meses, a fim de achar um bom terreno para o novo colégio. Para o missionário, a propriedade ideal deveria ser próxima a uma grande cidade e da linha do trem, um terreno plano
e fértil para o cultivo de trigo e de frutas cítricas, ter nascentes de água e apresentar condições para a perfuração de poços artesianos.
Por isso, Anderson negociou com Monze, chefe do povo Batonga, 5 mil acres de terra em um lugar chamado Rusangu. Um ano depois, com um carro puxado por 16 bois, Harry Anderson, a esposa, Nora, e a filhinha Naomi, acamparam perto da nascente Rusangu. “Essa é a melhor nascente da África”, disse ele para a família.
Os Anderson passaram aquela noite em barracas e, quando acordaram, um africano alto estava em pé, na frente da tenda de Harry, ao lado de uma árvore, olhando para ele. Harry falava inglês e um pouco do idioma local, mas aquele homem não falava inglês, e sua língua materna era o tonga. O caminho que encontraram foi conversar por meio de sinais. “O senhor é o professor?”, perguntou o nativo. “Sim”, respondeu o missionário. “Então me ensina. Vim para a escola”, replicou o africano.
Harry tentou explicar que ainda era necessário construir uma casa com salas de aulas e plantar laranjeiras, mas o homem não o compreendeu. “Ensina-me agora”, foi tudo o que missionário ouviu. Na manhã seguinte, havia outros homens ali, pedindo para aprender. Nora Anderson resolveu o problema. Sorrindo, ela questionou o esposo: “Não viemos aqui para começar uma escola?”
Naquele dia Harry levou os homens com ele para dentro da floresta e começou a cortar madeira para construir prédios, mesas, camas e carteiras da escola. À tarde, período em que fazia muito calor, eles se assentavam sob uma árvore e estudavam juntos idiomas e a Bíblia.
Dois anos depois, as salas de aulas em Rusangu estavam cheias de alunos, a fazenda tinha grãos maduros e um pomar de laranjeiras pequenas estava produzindo seus primeiros frutos.
Certa tarde, quando Harry estava voltando para casa após dar uma aula de Bíblia, dez homens desconhecidos o abordaram perto do pomar de laranjas. A essa altura, toda a família Anderson falava os idiomas da região. Por isso, a conversa foi menos trabalhosa.
“Queremos laranjas”, disseram os homens. “Não posso dar laranjas para todos vocês, porque só sobrou uma laranja da colheita deste ano. Porém, se vocês forem até minha casa amanhã à tarde, vão ganhar algo melhor do que laranjas”, garantiu o missionário.
SEMENTES LANÇADAS
No dia e horário marcados, estavam todos os dez homens esperando por Harry, ao lado do pomar. Após cumprimentálos, o professor pegou sua bolsa, tirou uma laranja e um canivete. Descascou a fruta cuidadosamente e a dividiu em pedaços de tamanho suficiente para que cada um deles provasse um pedacinho. Você precisava ter visto eles saboreando cada gomo daquela laranja!
Quando a fruta acabou, Harry os levou para sua casa, onde lhes deu o presente que era muito melhor que uma laranja: o professor deu para cada um deles uma muda de
VOCÊS PRECISAM REGAR TODOS OS DIAS, SEM EXCEÇÃO. ELA VAI CRESCER À MEDIDA QUE FOR CUIDADA COM AMOR
laranjeira, grande o suficiente para ser plantada no pomar, mas pequena o suficiente para caber nas mãos.
“Vou ajudá-los a plantar e mostrar como cuidar dessa laranjeira. Se seguirem minhas instruções e cuidarem dela todos os dias, sua árvore vai dar pelo menos uma laranja no próximo ano.” Os homens ficaram impressionados com o presente e foram até o pomar observar como o missionário lidava com a muda. “Vocês precisam regar todos os dias. Sem exceção. Ela só irá crescer se for cuidada com amor”, enfatizou o missionário.
Os homens plantaram as árvores e voltaram para casa. Na manhã seguinte, eles levaram suas famílias para ver as laranjeiras. Eles iam ali dia após dia para cuidar das árvores e aprender sobre Deus.
Certo dia tive a oportunidade de visitar a casa que havia pertencido a Harry Anderson. Olhei sua fachada na sombra de uma laranjeira. Estava acompanhado de Life Mutaka, diretor da rede educacional adventista no Sul da Zâmbia e membro da comissão diretiva de uma das maiores instituições de ensino superior da igreja: a Universidade Adventista Rusangu.
“Meu avô era um daqueles dez homens”, Mutaka me disse sorrindo. “Foi aqui que ele encontrou Jesus, e o sabor de uma laranja fresca ainda é o meu preferido.” ]
DICK DUERKSEN é pastor e mora em Portland, Oregon (EUA)