IGREJA Grupo no Facebook foi um dos canais criados pela União Australiana para ouvir o que os membros pensam das propostas de reestruturação administrativa
HORA DE AJUSTES
A igreja está começando a rever o orçamento e a repensar sua estrutura administrativa MÁRCIO TONETTI
ão se sabe ao certo se o impacto econômico da pandemia do novo coronavírus será, conforme a analogia utilizada por alguns analistas, em formato de V, U, L, K... Mas a previsão do Fundo Monetário Internacional é de um declínio de 4,9% no crescimento econômico global em 2020 e, no caso do Brasil, de 9,1%. Se esse cenário se confirmar, é possível que as finanças da igreja continuem sendo impactadas por fatores como aumento do desemprego, queda nas entradas de dízimo, desaceleração da economia e desvalorização de moedas em relação ao dólar pelos próximos dois anos. Foi o que disse recentemente o tesoureiro da sede administrativa mundial da denominação, Juan Prestol-Puesán. Diante de projeções pouco otimistas do ponto de vista econômico, a Associação Geral tomou um importante voto no dia 16 de junho. Com esse pacote de medidas, o escritório administrativo prevê um corte de 7% nas despesas
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R e v i s t a A d ve n t i s t a // Agosto 2020
operacionais e administrativas da sede mundial da igreja. No caso dos gastos com viagens, o plano é reduzir os custos pela metade. Também foram congelados temporariamente os salários, apesar de um aumento ter sido votado no início do ano. Essa medida emergencial deve gerar uma economia de aproximadamente 5,5 milhões de dólares em relação ao valor que havia sido orçado para 2020. Medidas semelhantes vêm sendo tomadas em outros níveis administrativos. “Em meio a este cenário social e econômico desfavorável, a Igreja Adventista refez as contas e fez todos os esforços para se manter ativa, presencialmente ou de forma virtual, e, portanto, profundamente concentrada na missão”, disse o pastor Erton Köhler, presidente da Divisão Sul-Americana, em uma reportagem publicada no Portal Adventista em 2 de julho. Segundo o diretor financeiro da sede administrativa da denominação para o subcontinente, pastor Marlon Lopes, no período de janeiro a maio deste ano, o escritório registrou queda de 18,43% nos gastos com salários de funcionários, de 31,34% nas despesas administrativas e de 83,56% nos custos com eventos e materiais, em relação ao mesmo período de 2019. No setor de Contabilidade da Divisão Sul-Americana, por exemplo, a equipe têm trabalhado com o conceito de “papel zero”, visando menos impressões por meio da digitalização de serviços e registros. Além disso, o escritório investiu na centralização de sistemas, mecanismo que tem ajudado a organizar dados para a tomada de decisão de maneira mais rápida em todos os níveis administrativos da igreja. No caso dos departamentos, pelos próximos dois anos eles irão trabalhar com um valor reduzido. Porém, o pastor Lopes assegura que esses cortes no orçamento não irão comprometer a missão da igreja em suas diversas frentes de atuação. “Estamos rediscutindo tudo e projetando o avanço nos próximos anos. A igreja trabalha, há um bom tempo, para otimizar ainda mais os recursos nas áreas administrativas, a fim de fortalecer a missão de pregar o evangelho de salvação”, ressaltou. A expectativa é que isso também ocorra no âmbito das sedes regionais e instituições que compõem esse território administrativo. MUDANÇAS ESTRUTURAIS De tempos em tempos, a organização adventista foi desafiada a repensar seu funcionamento. Uma das mudanças mais significativas nessa direção foi a que ocorreu no i nício do século 20, quando, sob orientação de Ellen White, a igreja deu passos concretos rumo à descentralização territorial e administrativa. 39