2 minute read

EM FAMÍLIA

Next Article
IGREJA

IGREJA

MASCULINIDADE TÓXICA OS ESTEREÓTIPOS DO HOMEM INSENSÍVEL E VIOLENTO LEVAM A COMPORTAMENTOS INADEQUADOS E CAUSAM SOFRIMENTO

TALITA CASTELÃO

e alguém lhe pedisse que desS crevesse um homem, que coisas você falaria? Talvez viesse à sua mente a ideia de que um homem de verdade seja forte, não chore, goste de futebol, vista azul, não demonstre seus sentimentos, fuja de comproAS EXPECTATIVAS misso e nunca perca uma oportunidade de fazer SOCIAIS sexo. Infelizmente, esses conceitos perpassam a história e constituem na prática o que chaDISTORCIDAS mamos de masculinidade tóxica. Desde pequenos os garotos vão ouvindo coiSOBRE OS sas sobre os homens que impactam a vivência da própria masculinidade. É como se existisse, HOMENS ELEVAM veladamente, uma cartilha a ser seguida para AS TAXAS que um garoto se torne um homem com H maiúsculo. Mas você já se perguntou quem criou DE SUICÍDIO, isso ou que impactos esses conceitos geram na autoestima masculina e nos relacionamentos? HOMICÍDIO, VÍCIOS,

A masculinidade que se sustenta na violênACIDENTES E cia, agressão e brutalidade ainda é muito valo rizada em nossa sociedade. Ela remete a tem SURGIMENTO pos antigos em que a hegemonia do homem era refletida num patriarcado de dominação, políDE DOENÇAS ticas de poder e negação de direitos. De igual modo, a demonstração de emoções, sensibili CRÔNICAS dade e empatia pelos homens foi relacionada à fraqueza e feminilidade. É triste constatar que muita gente pensa desse jeito ainda hoje. Não apenas homens, mas também mulheres. Resultado: todos sofrem com isso.

Homens pagam um preço alto quando vivenciam a masculinidade tóxica, podendo inclusive perder a própria vida. Afinal, é o reforço desse tipo de comportamento que faz com que os homens liderem as mortes no trânsito, morram de câncer de próstata devido ao preconceito e à resistência em procurar ajuda médica, sofram com acidentes de trabalho ao ignorarem a proteção adequada e se coloquem em risco ao revelar um comportamento competitivo e briguento. Isso é o que demonstra o relatório “Masculinidades e saúde na região das Américas”, divulgado pela Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da

Saúde (OPAS/OMS) no fim do ano passado. Nas Américas, um em cada cinco homens morre antes dos 50 anos por causas ligadas à masculinidade tóxica. As expectativas sociais distorcidas sobre os homens elevam as taxas de suicídio, homicídio, vícios, acidentes e surgimento de doenças crônicas.

A ideia de que o homem precisa sempre estar no controle também é bastante difundida. E o homem que divide as tarefas domésticas, carrega as compras ou cuida do bebê é chamado, muitas vezes, de molenga ou dominado pela mulher. Como se fosse demérito ser um homem responsável. A masculinidade tóxica também justifica que homens exerçam domínio sobre outros homens considerados mais fracos. Exercer esse tipo de comportamento faz mal a quem está por perto, mas traz muita infelicidade a quem age desse modo. Afinal, não existe um super-homem que não precise de acolhimento e apoio emocional ao longo da vida.

Finalmente, vale ressaltar que a masculinidade e os homens não são intrinsecamente tóxicos. É a distorção de alguns valores e o estabelecimento de estereótipos que estragam o que há de melhor em ambos. ]

TALITA CASTELÃO é psicóloga clínica, sexóloga e doutora em Ciências

This article is from: