ENTREVISTA
MARCOS BL ANCO E PABLO ALE
Erton Köhler
Liderar uma estrutura com centenas de instituições, milhares de funcionários e milhões de membros já não é fácil em tempos normais. Imagine durante uma pandemia! A atual crise sanitária exigiu da organização adventista respostas rápidas, protocolos de segurança, cortes no orçamento e outras medidas para se manter saudável e relevante. Na verdade, a pandemia não parou completamente o mundo nem a igreja, mas fez com que ambos se reinventassem em muitos aspectos. Nesta entrevista, o pastor Erton Köhler, líder da denominação para oito países do nosso continente, conta em detalhes qual foi o impacto da crise sanitária na igreja e como esse momento de turbulência ajudou a prepará-la para desafios futuros.
BALANÇO DA PANDEMIA
projetos de voluntariado. Outra área bastante afetada foi o ministério pastoral. Além disso, ampliamos os projetos de solidariedade, arrecadando e distribuindo 3,5 milhões de quilos de alimentos, e promovemos projetos missionários alternativos. Apesar de tudo, a obra continua viva e Deus nos deu uma grande colheita. Nossos pastores respeitaram as regras de segurança, mas não deixaram de batizar. Levaram a Jesus 7.317 pessoas em abril e 6.581 em maio.
Como a pandemia afetou a marcha da igreja na América do Sul? A igreja enfrentou mudanças radicais e inesperadas, como toda a sociedade. A principal delas foi ajustar nossas atividades do modelo presencial para o virtual. Em seguida tivemos que ajustar o trabalho de nossos hospitais com suas equipes de saúde, funcionamento dos escritórios, gestão financeira, distribuição de literatura, programação da TV e rádio Novo Tempo e, principalmente, nossos projetos evangelísticos. Mudanças complexas ainda aconteceram na rede educacional, colportagem e 6
Quais estratégias impulsionaram a sede sul-americana nesse contexto? Quando a quarentena começou, trabalhamos diariamente com nosso comitê de crises. Por meio de diálogo, análise técnica e oração, procuramos levar segurança à igreja, agir rapidamente e elaborar protolocos para o funcionamento seguro das diferentes áreas e instituições. Destaco cinco movimentos especiais: “Compartilhe Esperança”, com arrecadação e distribuição de alimentos; “Vida por Vidas”, incentivando a doação de sangue; “Ouvido Amigo”, oferecendo atendimento psicológico; “Se Meu Povo Orar”, levantando um movimento de oração; e “Multiplique Esperança”, unindo nossos diferentes projetos missionários. Há algum dado sobre o número de adventistas afetados pela Covid-19?
Infelizmente, o efeito da pandemia também foi forte dentro da igreja. Até metade do mês de julho, 23.927 adventistas foram contaminados e 1.296 irmãos faleceram na América do Sul. Mais que números, foram famílias que sofreram e choraram a perda de seus queridos. Muitos membros e líderes descansaram na “bendita esperança”, e alguns pastores e profissionais de saúde morreram no “campo de batalha”. Oramos para que o Senhor renove as forças dos que ficaram e fortaleça a certeza do breve reencontro. Além da saúde, o tema econômico é chave para todos. Que medidas a Divisão tomou para reduzir gastos? A igreja é o resultado do contexto social. Como o momento é de forte retração financeira, nós também sentimos o impacto e estamos reduzindo despesas. Emergencialmente, começamos a agir em três áreas: despesas com pessoal, reduzindo 18,3% dos custos com salários; despesas administrativas, com redução de 31,34%; e despesas com eventos e materiais, com 83,56% de redução. Entendendo que a crise financeira será mais prolongada que a sanitária, seguiremos fazendo redução de pessoal e priorizando os que têm condições de aposentadoria e provocarão menor impacto social. R e v i s t a A d ve n t i s t a // Agosto 2020
Foto: DSA
LÍDER FALA SOBRE OS REFLEXOS DA CRISE SANITÁRIA NO ADVENTISMO SUL-AMERICANO