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ANO 42, Março/Abril de 2012, nº 264

Órgão Vital

As vitórias e os desafios que a Secretaria de Agricultura de São Paulo precisa enfrentar para atender as demandas do Estado mais rico da federação | Pág 06

Entrevista Rodolfo Geiser, o engenheiro agrônomo pioneiro das grandes obras paisagísticas, fala de sua trajetória e das perspectivas deste mercado para os profissionais da agronomia | Pág 09


Filiada a Confederação das Federações de Eng. Agrônomos do Brasil (Confaeab)

Presidente Arlei Arnaldo Madeira aeasp@sti.com.br 1º vice José Antonio Piedade piedade@cati.sp.gov.br 2º vice Angelo Petto Neto petto@widesoft.com.br 1º secretário Ana Meire Coelho Figueiredo Natividade anikka@lexxa.com.br 2º secretário Francisca Ramos de Queiroz Cifuentes ninacifuentes@hotmail.com 1º tesoureiro Luis Alberto Bourreau bourrea@terra.com.br 2º tesoureiro René de Paula Posso reneposso@uol.com.br Diretor Glauco Eduardo Pereira Cortez glauco.cortez@uol.com.br Diretor Luiz Ricardo Viegas de Carvalho ricardoviegas@terra.com.br Diretor Marcos Roberto Furlan furlanagro@yahoo.com.br Diretor Nelson de Oliveira Matheus Júnior nmatheus@sp.gov.br Diretor Sebastião Henrique Junqueira de Andrade aeasp@sti.com.br Diretor Tulio Teixeira de Oliveira aenda@aenda.org.br CONSELHO DELIBERATIVO Aguinaldo Catanoce, Arnaldo André Massariol,Celso Roberto Panzani, Fernando Penteado Cardoso, Francisco José Burlamaqui Faraco,Genésio Abadio de Paula Souza, Henrique Mazotini, José Amauri Dimarzio, José Maria Jorge Sebastião, José Paulo Saes, Luiz Henrique Carvalho, Luiz Mário Machado Salvi, Pedro Shigueru Katayama, Tais Tostes Graziano, Valdemar Antonio Demétrio. CONSELHO FISCAL: André Luis Sanches, Anthero da Costa Santiago, José Eduardo Abramides Testa. Suplentes: Francisco Frederico Sparenberg Oliveira, João Jacob Hoelz, Celso Luis Rodrigues Vegro.

Órgão de divulgação da Associação de Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo

Conselho Editorial Ana Meire Coelho F. Natividade, Ângelo Petto, Sebastião Junqueira, Luis Alberto Bourreau e Tulio Teixeira de Oliveira. Diretor Responsável Nelson de Oliveira Matheus

EDITORIAL Existe mesmo polarização entre agronomia e meio ambiente? O conflito criado por certos setores é fruto, em alguns casos, de ideologização ou , em outros casos, é mera ferramenta para demarcar posições políticas e arrebanhar votos. Afinal está na essência da atividade agronômica a preservação dos recursos naturais. Porém para que a sociedade entenda isso de forma mais clara é preciso que as entidades ligadas a agropecuária estejam cada vez mais presentes na mídia para mostrar a preocupação do setor com a produção sustentável. Uma bela oportunidade para isso será a Rio+20. A AEASP apoia as iniciativas de todas as empresas e entidades parceiras que estão se organizando para levar o recado da agropecuária brasileira para o mundo. E não faltam bons exemplos para mostrar. A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo completou 120 anos de atividades em fevereiro. A AEASP esteve presente nas comemorações, confraternizando com aqueles que trabalham e fazem acontecer a agropecuária paulista. Mas embora reconheçamos as conquistas obtidas pela SAA nessa longa trajetória, é notório que nos últimos tempos o órgão perdeu muito dos seus recursos, fato que refletiu de maneira negativa nas diversas coordenadorias da Pasta. Acreditamos que é chegada a hora de unirmos força para, de maneira colaborativa, conseguirmos reverter tal situação. Um Estado como São Paulo, com uma agropecuária tão pujante, não pode manter a excelência de seus serviços com recursos tão parcos. Na matéria de capa dessa edição abordamos este tema, como uma crítica construtiva e colaborativa. Os engenheiros agrônomos podem aplicar seus conhecimentos em carreiras das mais distintas. A nossa entrevista deste mês é com um colega considerado pioneiro numa área que, segundo ele, oferece inúmeras oportunidades para agrônomos. Falamos com Rodolfo Geiser, o agrônomo-paisagista que fez obras grandiosas em São Paulo, como o MASP, o Largo São Bento, dentre outras. Na seção Conexão Mercado, Alfonso Adriano Sleutjes, diretorpresidente da Associação do Sudoeste Paulista de Irrigantes e Plantio na Palha (Aspipp) conversa com o estudante de agronomia da Faculdade Cantareira, Eugênio Svolinski Junior, e responde a questões importantes sobre irrigação, plantio direto e oportunidades profissionais. Além dos temas destacados, contamos com a colaboração de diversos colegas que enriquecem o conteúdo do JEA a cada edição com seus artigos, onde expõem suas teses e opiniões. Agradecemos a todos. Esperamos que gostem, sempre lembrando que mantemos o canal aberto para sugestões dos colegas, que podem enviá-las pelos endereços eletrônicos divulgados nessa página e na página 16.

Jornalista Responsável Adriana Ferreira (MTB 42376)

Boa leitura!

Colaboradora: Sandra Mastrogiacomo

Eng. Agrônomo Arlei Arnaldo Madeira

Secretária: Alessandra Copque Tiragem: 10.000 exemplares Produção: Acerta Comunicação Diagramação e Ilustração: Janaina Cavalcanti Redação: Rua 24 de Maio, 104 - 10º andar CEP 01041-000 - São Paulo - SP Tel. (11) 3221-6322 / Fax (11) 3221-6930 aeasp@sti.com.br/aeasp@aeasp.org.br

Envie mensagens com sugestões e críticas para a editora: adriana@acertacomunica.com.br Os artigos assinados não refletem a opinião da AEASP. Permitida a reprodução com citação da fonte.

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Foto: Luciano Momesso

Associação de Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo http://www.aeasp.org.br


AGRÔNOMO É NOTÍCIA

GCOM/CREA SP

Ouvidora municipal

Membro da diretoria da AEASP, Francisca Ramos de Queiroz Cifuentes, mais conhecida como Nina, é também ouvidora adjunta da Câmara Municipal de São Paulo. Ela concedeu uma entrevista ao jornalista Milton Jung, na Rádio CBN, de São Paulo, para falar sobre o trabalho desenvolvido no órgão municipal. Segundo Nina, a ouvidoria da Câmara Municipal de São Paulo, criada há apenas um ano, recebeu 8.383 manifestações de cidadãos. A população vem utilizando o canal para buscar informações, fazer reclamações diversas e sugerir soluções. Durante a entrevista, a ouvidora adjunta afirma que o órgão se inspira no Procon. “O Procon é a nossa cara. O cidadão é o nosso consumidor. A nossa ouvidora geral Maria Inez Fornazaro foi diretora no Procon e trouxe toda sua experiência com o total apoio do atual presidente José Police Neto e da mesa diretora da Câmara. Nos espelhamos nesse exemplo.”

Futebol e agronomia O que um engenheiro agrônomo tem a ver com futebol? Tudo. Pelo menos no caso do secretário especial de articulação para a Copa do Mundo de Futebol de 2014. Gilmar Tadeu Ribeiro Alves é engenheiro agrônomo, formado pela ESALQ. Na Secretaria Especial de Articulação para a Copa do Mundo de Futebol de 2014, seu gabinete tem como foco assistir direta e indiretamente ao Prefeito na condução aos assuntos referentes à Copa do Mundo, relacionamento com os diversos órgãos da administração municipal e a sociedade civil, além de relacionamento e parcerias com as demais sedes da Copa do Mundo de 2014, governo estadual e federal.

Deusa Ceres: outras categorias Além dos nomes já divulgados anteriormente, mais dois colegas receberão homenagens no Prêmio Deusa Ceres 2011. Na categoria Engenheiro Agrônomo Emérito o escolhido foi o colega José Francisco Graziano da Silva, diretor geral da FAO. E por sua importante contribuição para a disseminação da cultura da seringueira no Brasil, na categoria “Reconhecimento Agronômico” o colega João Jacob Hoelz será o homenageado.

Pesquisa Formando empreendedores Agricola x Mercado O engenheiro agrônomo, Kleber Marins de Paulo, foi o escolhido para ser o primeiro presidente da Sife Brasil. A organização, criada na década de 1970 e patrocinada por grandes corporações, possui um trabalho pioneiro de aproximação entre a academia e o mundo dos negócios cujo objetivo é formar líderes empresariais socialmente responsáveis. Embora esteja presente em 39 países, a Sife só possui presidência em quatro países: EUA, México e China e agora no Brasil. Kleber, que criou a Empresa Júnior de Consultoria da ESALQ, tem pela frente o desafio de dobrar a presença da Sife nas universidades brasileiras, além de atrair novos parceiros empresariais.

O editorial do jornal “O ESTADO DE S.PAULO”, de 5 de abril, trouxe o título “Hora de valorizar a Embrapa” no qual tece comentários sobre o desenvolvimento da pesquisa agrícola e a transformação do Brasil em potência agrícola mundial. No texto, o colega, eng. agrônomo José Sidnei Gonçalves, que exerce suas atividades no IEA/SAA, é citado e emite opinião sobre a relação entre o mercado atual e a pesquisa (veja integra do artigo no site do IEA ).

Nova posição O colega José Cassiano Gomes dos Reis Júnior foi eleito pelo Conselho Superior da Sociedade Rural Brasileira para o cargo de diretor superintendente da instituição. O ex-presidente da AEASP tem vasta experiência na agropecuária. Foi secretário de Agricultura do Paraná e de Indústria e Comércio no final do segundo mandato do Governador Ney Braga. Também presidiu a Cooperativa Agroindustrial de Maringá, a Cocamar. Recentemente, esteve à frente da Codeagro, órgão ligado à SAA, durante a gestão de João de Almeida Sampaio Filho.

Errata O escolhido na Categoria Extensão Rural e Assistência Técnica do Prêmio Deusa Ceres 2011 foi o engenheiro agrônomo Edson Luiz Coutinho. O sobrenome “Mendes” não faz parte do nome de Edson, conforme informado no último JEA. JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO

AGRÔNOMO É NOTÍCIA

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ARTIGO

Florestamania *Fernando Penteado Cardoso

Estamos mistificados pela florestamania. Temos 400 milhões de ha de mata amazônica, sendo em grande parte inundável, montanhosa, pedregosa ou muito remota. Classificam como pecado ambiental aproveitar os 100 milhões de ha de terras altas, bem conformadas, agricultáveis e bem localizadas, além de beneficiadas por chuva, sol, calor e transporte fluvial, parte das quais já foi aberta. Alegam que iria alterar o clima porque as chuvas vêm da floresta. Grande bobagem. Estão confundindo causa e efeito: as florestas existem porque chove e não o contrário. Será que 300 milhões de ha de terras impróprias para agricultura, recobertas de florestas, não seriam suficientes para promover os alegados benefícios? É insensato planejar uma agricultura onde 80% das propriedades ficam ociosas, dispersando lavouras e habitações e aumentando distâncias, o que virá a elevar custos, além de dificultar o transporte, a assistência escolar e de saúde, bem como a garantia de segurança e justiça. Mesmo nas áreas de mata de transição, - com arvoredo leve e de fácil remoção - reservar 35% representa um desperdício injustificável, em regiões privilegiadas onde os riscos climáticos são reduzidos. O que seria, por exemplo, de Sorriso e de Lucas do Rio Verde em MT se houvéssemos seguido as limitações estabelecidas desde 1965? Possivelmente teriam sido desperdiçadas a garra, a diligência e capacidade empreendedora da gauchada valente, responsável pela notável produção de hoje e, ainda, por cidades com IDH superior a 0,80. Tudo isso, simplesmente, não existiria! Para efeito histórico, científico e prazeroso bastam áreas flo-

restais limitadas, a serem desapropriadas e administradas pelo poder público, ao lado de matas particulares estimuladas por incentivos. Umas e outras conservariam a biodiversidade da coleção de espécies animais e vegetais. Quanto ao vozerio internacional sobre florestas e clima, ha que lembrar o empenho da União Nacional de ProdutoresNFU, dos EUA, defendendo a tese das “fazendas aqui (EUA), florestas lá (Brasil e outros)” para limitar a produção de cereais e, assim, reduzir uma possível concorrência agrícola dos países tropicais. Eles têm razão de temer. Assim mesmo vamos crescendo e desenvolvendo dentro do preceito: “Quando o Direito ignora a realidade, a realidade se vinga ignorando o Direito (G.Rupert)”. Tal verdade explica nosso convívio com leis inexequíveis, como sejam leis que “não pegam” no dizer popular. Se a complexa, obscura e desiderativa legislação ambiental rural “não pegar”, talvez viremos a ser no século 21 o que foram os EUA no século 20, como referido por Norman Borlaug anos atrás e recentemente pela senadora Marina Silva na ESALQ-USP, Piracicaba. Uma coisa é certa: se a lei promulgada pelo governo militar dos anos 60 tivesse “pegado”, não teríamos a pujante agropecuária de hoje. É fácil conferir pelas fotos espaciais disponíveis. * Fernando Penteado Cardoso é engenheiro agrônomo sênior, ESALQ-USP, 1936

AGENDE-SE

Soja em destaque De 11 a 14 de junho de 2012, Cuiabá será sede do VI Congresso Brasileiro de Soja (CBSoja), evento que deve reunir aproximadamente 2 mil participantes dos mais variados segmentos ligados

Fruticultura

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ARTIGO - AGENDA

JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO

ao complexo soja. O Congresso, que nesta edição tem a correalização da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso), irá reunir ao longo de quatro dias renomados palestrantes, profissionais, empresas privadas, instituições públicas e produtores líderes, entre outros, para debater os desafios e as perspectivas do segmento.

O XXII Congresso Brasileiro de Fruticultura(CBF), que acontece de 22 a 26 de outubro de 2012, no Parque de Eventos de Bento Gonçalves, já tem garantida sua condição de foro internacional de debate. Afinal, o Congresso, promovido pela Embrapa, já tem confirmada a presença de conferencistas de quatro países (Brasil, EUA, China e Japão - confira detalhamento a seguir). “E esse número deverá ser ainda maior”, diz o presidente da comissão executiva do CBF, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho Paulo Ricardo Dias de Oliveira. O Congresso, anota Oliveira, está sendo dimensionado de modo a receber cerca de duas mil pessoas, de todo o país e do exterior. Para atrair esse público, está sendo preparada uma ampla programação, com conferências, painéis, apresentação de trabalhos em seções orais e na forma de pôster, visitas técnicas e atividades culturais.


DEFENSIVOS AGRÍCOLAS

Manejo fitossanitário e

produção de alimentos *Eduardo Daher

gas nas principais culturas do país. O Brasil é um dos países onde a Ferrugem Asiática causa mais impactos no sistema produtivo da soja. Segundo dados da Embrapa Soja, a doença pode diminuir em até 80% a produtividade de uma lavoura. Na cultura do milho, a lagarta do cartucho representa um potencial de dano de 37% de perda na planta atacada, e de até 60% de perda na produção de grãos de uma lavoura. Devido à sua grande ocorrência e alta taxa de infestação, variando de 25% a 100%, é considerada a principal praga alvo na cultura do milho no Brasil. Nos canaviais, a infestação de cupins nos toletes destinados aos novos plantios podem causar danos de até 10 toneladas por hectare no ano, o que representa cerca de 60 toneladas por hectare durante o ciclo completo da cultura. No algodão, a virose denominada Mosaico das Nervuras (VMN) para o algodão, pode reduzir a produção em até 60%, segundo o Centro Nacional de Pesquisa de Algodão. Por fim, é fundamental destacar que os defensivos agrícolas são os produtos químicos mais severamente regulados no mercado. Somente são registrados e produzidos após longa e rigorosa avaliação de três ministérios: da Agricultura; da Saúde, através da Anvisa; e do Meio Ambiente, através do Ibama. Seus técnicos se dedicam, durante anos, na avaliação de estudos exigidos pela legislação brasileira compatíveis com as regulamentações e protocolos internacionais. *Eduardo Daher é diretor executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal, ANDEF Foto: Alf Ribeiro/ANDEF

Estudos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, estimam que a tecnologia de controle de pragas evita a redução, em média, de 40% na produção dos alimentos. A ferramenta agroquímica tem participação expressiva na competitividade do agronegócio brasileiro, conforme o Relatório “Organização dos mercados de insumos e suas relações com a agricultura”, elaborado pelo Centro de Conhecimento em Agronegócios, PENSA, vinculado à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, da Universidade de São Paulo. O estudo integrou o workshop realizado pela Confederação Nacional da Agricultura, que reuniu dirigentes especialistas de diversos elos das cadeias produtivas da agropecuária. Em termos de contribuição para a agricultura brasileira, vê-se que a adoção de tecnologias de base genética (sementes e mudas) e química (fertilizantes e defensivos) está associada ao crescimento da produção de grãos. “Nos últimos 20 anos, aumentou em mais de 100% resultante do incremento da da área cultivada mas, principalmente, da produtividade, em mais de 60%”, afirmam os especialistas. De fato, seriam dramáticas as conseqüências da escassez de hortaliças, frutas e cereais – como arroz, milho, trigo e feijão – apenas para citar alguns itens imprescindíveis na cesta básica da população. Com um breve exercício de cálculo, a partir da safra brasileira de cereais, se tem a noção, assustadora, da tragédia que o país enfrentaria se as plantações não fossem protegidas dos ataques das pragas. A safra brasileira de grãos – composta de cereais e oleaginosas –, em 2011 somaram 145 milhões de toneladas. Portanto, sem aplicação de inseticidas, herbicidas, fungicidas e acaricidas na proteção das lavouras, o país colheria menos cerca de 40%, isto é, 58 milhões de toneladas – o que equivaleria um país do Primeiro Mundo, como o Canadá inteiro, por exemplo, se ver sem um só grão em suas mesas. Portanto, aqueles que têm críticas a esta tecnologia, que travem o debate, sim, mas dentro do estrito campo da Ciência. Vejamos, com números mais detalhados, o que comprovam institutos de pesquisa a partir de análises do comportamento das pra-

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DEFENSIVOS AGRÍCOLAS

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CAPA

Órgão vital Adriana Ferreira

Da direita para a esquerda: O vice-governador de SP,Guilherme Afif Domingues, Barros Munhoz, o governandor de SP, Geraldo Alckmin, a secretária de Agricultura, Mônika Bergamaschi e o diretor regional dos Correios de SP, Wilson Abadio Oliveira. No canto direito, os ex-secretários de Agricultura homenageados

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Conquistas históricas A Lei número 15, publicada em 11 de novembro de 1891, definia o orçamento do estado de São Paulo para o ano seguinte e pela primeira vez eram destinados recursos para a “Secretaria da Agricultura, Commercio e Obras Publicas”. O intenso trabalho técnico e científico da Secretaria ao longo dos anos foi responsável pelo aumento da produção e pela evolução dos índices de produtividade. Na pecuária, boas práticas e melhor manejo permitiram o crescimento do rebanho, mesmo com diminuição das áreas de pastagens. Inicialmente responsável por assuntos dos mais diversos, que incluíam até navegação correios e telégrafos e iluminação pública, ela passou por várias transformações até chegar a atual configuração. Sua contribuição para a agropecuária do Estado de São Paulo e para o Brasil é notória. Dentre as muitas realizações, destacase o Programa de Expansão da Cultura da Seringueira em São Paulo que na década de 1960 foi responsável por disseminar a cultura na região do Planalto Paulista. Atualmente, São Paulo produz cerca de 65.000 toneladas de borracha avaliadas em 325.000.000,00 de dólares, com uma expectativa de produção da ordem de 155.000 toneladas para 2015. Em âmbito nacional, outra conquista marca a história da SAA: uma das paixões dos brasileiros, o feijão carioquinha foi introduzido no País pelo IAC, sob o comando do pesquisador Dr. Luiz D’Artagnan de Almeida, em 1968. Hoje ele responde por 68% do mercado interno.

Foto: Luciana Magalhães

Foto: João Luiz

No final de fevereiro a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo comemorou 120 anos de existência numa celebração que reuniu autoridades, políticos e diversas pessoas ligadas à atividade agropecuária paulista. Ao lado da secretária Mônika Bergamaschi, o governador do Estado, Geraldo Alckmin assinou quatro decretos em prol da agricultura paulista. Na sua fala, ressaltou o fato de Mônika ser a primeira mulher a assumir a Secretaria desde a fundação e falou de sua emoção em estar na “casa”. Geraldo salientou, ainda, a importância econômica do Estado, que supera até mesmo outros países, e o peso do agronegócio nesse contexto. A restauração do IAC, já concluída, do Museu de Pesca de Santos, em curso, e do Instituto Biológico (IB), prestes a começar, foram algumas das iniciativas lembradas por ele. Além disso, o governador destacou o reajuste dado aos servidores da Agricultura, o chamamento do concurso realizado pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), o Programa de Microbacias, e o Melhor Caminho, dentre outras ações. Já a secretária Mônika Bergamaschi discorreu sobre a história da Pasta, tratando da importância da ciência agrícola paulista em gerar e levar conhecimento para o Estado e para o País. Salientou, ainda, que a Secretaria possui o maior grupo de pesquisa nacional, atrás somente da Embrapa, cujo caráter é nacional. O evento contou com uma homenagem aos ex-secretários da Pasta, apresentação de um vídeo institucional da SAA e o plantio de mudas por parte das autoridades presentes em um novo bosque, que será composto por 120 árvores, em referência a idade da Secretaria.

Falta força política para o setor agrícola, na opinião de Barros Munhoz. “A agricultura tem de se fortalecer a partir das bases.”


CAPA

Na celebração pelos 120 anos, um resumo das conquistas e desafios da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado mais rico do Brasil

O desafio de se sustentar

zações da sociedade civil. O presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP), Barros Munhoz, ex-secretário da SAA, diz que a Pasta teve uma trajetória gloriosa. Mas ressalva que já há alguns anos ela precisa modernizar a sua atuação. “A SAA ainda tem um papel importante, mas precisa se aparelhar e remunerar melhor, ter mais recursos. Acho que hoje ela não tem a importância que deveria ter”, enfatiza. Em seu discurso, durante a cerimônia de aniversário da Secretaria, Munhoz, que também foi ministro da Agricultura no governo Itamar Franco, declarou: “São Paulo se tornou esta potência do Brasil e do mundo com grande contribuição da SAA; a base de São Paulo é a agricultura. Queremos uma Secretaria da Agricultura de 120 anos com idéias novas e força para trabalhar”, concluiu. O parlamentar atribui os problemas vividos pela Pasta à força política da agricultura que, segundo ele, é pequena. “Esse é o nosso mal. O instinto natural de todo governante é buscar atender as reivindicações do maior número de pessoas. E a agricultura dá pouco voto. Por isso ela tem de se fortalecer a partir das bases”, sugere. Na opinião do político, os prefeitos também precisam prestar mais atenção às demandas agrícolas. “Cem por cento dos prefeitos se preocupam muito menos com a agricultura do que deveriam se preocupar”, critica.

Panorama da ATER

Foto: João Luiz

A Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), criada em 1967, foi pioneira na comunicação rural, como instrumento

Foto: João Luiz

Os diversos institutos de pesquisa sob o chapéu da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), órgão da Secretaria que gerencia as atividades de ciência e tecnologia para o agronegócio. E as coordenadorias: CATI, Codeagro, CDA, bem como a Codasp, empresa de capital misto pertencente ao Estado, estruturam a SAA e prestam grandes serviços a agropecuária. No entanto com o passar dos anos a SAA perdeu recursos e o orçamento hoje destinado a Pasta é considerado insuficiente para sustentar essa estrutura e atender as demandas dos agronegócios do Estado, que é um dos maiores produtores de riquezas agrícolas da federação. Os problemas provenientes da falta de recursos são inúmeros e geram insatisfação entre aqueles que trabalham pelo desenvolvimento do setor. Em novembro de 2011, cerca de 700 pesquisadores vindos de diversas regiões do Estado de São Paulo lotaram dois auditórios da Assembleia Legislativa para exigir reajuste salarial. Os servidores apresentavam um documento com dados da publicação FAPESP, “Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação em São Paulo 2010”, onde se constata que o dispêndio com pesquisa e desenvolvimento (P&D), no Estado de São Paulo, passou de 4,5%, em 1995, para 2,9%, em 2008. Segundo o levantamento, no mesmo período o dispêndio, em relação ao PIB estadual, caiu de 0,06%, para 0,04%. As dificuldades se estendem a todas as coordenadorias, que buscam solução nos convênios e parcerias firmadas com organi-

Pedro Katayama, vice-presidente do CREA-SP entrega à Secretária uma placa do CREA de reconhecimento pelos serviços relevantes prestados pela SAA

O presidente da AEASP, Arlei A. Madeira, entre a Secretária e o Governador, junto com Pedro Katayama, Ângelo Petto, vice-presidente da AEASP, e Paulo da Rocha Camargo, exsecretário de Agricultura

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Foto: Luciano Momesso

para difusão dos conhecimentos e das novas tecnologias disponíveis para o produtor rural. Mas a Coordenadoria também sofre com a falta de recursos. O esalqueano Francisco Eduardo Bernal Simões, 60 anos, dedicou toda sua vida profissional a Assistência Técnica e Extensão rural (ATER). Dentre as posições que ocupou, foi coordenador da CATI. Ele comenta: “A CATI é o maior órgão de extensão rural desse País. Imagine também um IAC, se nós não tivermos recursos teremos a falência do sistema de pesquisa e de defesa agropecuária. Isso vem ocorrendo há muitos anos. Não é um problema do governo atual. Mas o fato é que há uma necessidade premente de aumentar a participação da SAA no orçamento do Estado de São Paulo.” O atual modelo de Assistência Técnica e Extensão Rural, na opinião dos especialistas, deve ser modificado. Munhoz defende uma política de municipalização. “A extensão tem de ser regionalizada e funcionar como coordenadora nas cidades mais desenvolvidas, inclusive na agropecuária.” É a municipalização nos moldes desenvolvidos pela educação e a saúde. Simões também acredita que a melhor alternativa é o fortalecimento da parceria entre Estado e município. “É preciso que cada município elabore um plano de desenvolvimento rural sustentável e dentro dele priorize projetos, considerando as peculiaridades e demandas locais.” A CATI passou um período de 15 anos sem a contratação de novos profissionais. “Então, foi realizado um concurso, e os novos profissionais entraram em 2008 e 2009”, conta o ex-coordenador. E na sequência ele indaga: Como se mantém uma empresa sem renovação de pessoal?

Francisco Eduardo B. Simões, ex-coordenador da CATI, diz que deve haver “uma mobilização envolvendo a classe técnica, produtora, as cooperativas, associações e os políticos municipais.”

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Para Simões o que viabiliza a ação técnica é a ação política, por isso ele acredita que “deve haver uma mobilização envolvendo a classe técnica, produtora, as cooperativas, associações e os políticos municipais.” Nos demais estados, onde o órgão de ATER é a Emater, também há dificuldades. Mas o presidente da ALESP acredita que na região Sul do país esses órgãos tem uma ação mais efetiva. “Até porque existe uma cultura diferente, a relação produtor rural e extensionista é mais próxima. Os trabalhos são desenvolvidos com mais facilidade e bons resultados. Mas as questões políticas também influenciam”, analisa o deputado. Outra ação defendida pelo parlamentar é a retirada das Casas de Agricultura de regiões de monocultura predominante. “Em um município onde 90% é cana, por que ter ali a presença do estado?”, questiona.

Programa de Microbacias Hidrográficas O esforço de buscar recursos externos por meio de parcerias resultou no Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas, que teve início em janeiro de 2000. Fruto de uma parceria entre o governo estadual e o Banco Mundial (BM), seu objetivo era promover o desenvolvimento rural sustentável, com base na segurança alimentar, viabilidade econômica, conservação dos recursos naturais e organização social no campo. Sob a responsabilidade da CATI, o programa foi implantado em 970 microbacias, envolvendo uma área de 3,3 milhões de hectares, distribuídos em 518 municípios paulistas, beneficiando diretamente mais de 70 mil famílias de produtores rurais. Mais de U$ 100 milhões foram aplicados nas atividades apoiadas pelo Programa. Finalizado em 2008, o grande êxito do programa ensejou o Microbacias II, assinado em 2010. Nessa segunda etapa o foco é o cooperativismo e o associativismo, diferente do Microbacias I em os incentivos eram destinados diretamente aos produtores. A ideia agora é aumentar as oportunidades de emprego e renda para pequenos agricultores e suas famílias, além das populações rurais vulneráveis. O acordo atual envolve US$ 130 milhões, sendo US$ 52 milhões de contrapartida do governo estadual. Como ex-coordenador da CATI, Simões teve participação direta nos trabalhos do Microbacias I, ele diz que “mais que um programa ele foi uma metodologia de trabalho”. Nesse período de implantação a instituição sobreviveu do repasse do Estado e dos recursos do programa, oriundos do Banco Mundial. Quando os técnicos da CATI começaram a desenhar o Microbacias II a ideia era aprimorar o primeiro. Mas o Banco Mundial condicionou a liberação do crédito à mudança de foco no programa, que passou a ter como objetivo o aumento da competitividade dos pequenos produtores. “Eu não sei se esse era o momento de passar para essa filosofia da inserção de mercado. Mas não poderíamos correr o risco de perder o recurso do programa. Tínhamos uma preocupação muito grande de como sobreviver depois que acabasse o Microbacias”, comenta Simões. Embora a CATI continue buscando parceiros para os seus projetos, toda a implementação de parcerias passa por um processo legal demorado. Por isso o clima de incerteza impera entre os profissionais da coordenadoria.


ENTREVISTA

Nascido em São Paulo, o engenheiro agrônomo e paisagista Rodolfo Geiser formou-se pela ESALQ/USP em 1963. Em 1988, fundou o escritório Rodolfo Geiser Paisagismo e Meio Ambiente, em sociedade com a arquiteta Christiane Ribeiro, responsável por projetos de consultoria e assistência técnica em Parques e Jardins. Em seu currículo constam obras como MASP, linha Norte/Sul do Metrô, Largo São Bento, Parque Villa Lobos e a Rodovia dos Bandeirantes, dentre outros. Tudo começou quando aos 17 anos ele trabalhou na famosa “Casa Flora, de Germano Zimber e Cia”, na capital paulista. Lá, ele fazia trabalhos diversos, era “um misto de desenhista de pequenos jardins e ajudante de viveiro de plantas”. Quando passou no vestibular da ESALQ deixou seu trabalho e foi para Piracicaba. Nesse período, Geiser tinha dificuldades para pagar as contas. Tentou uma bolsa de estudos, mas não conseguiu. A solução foi utilizar os conhecimentos adquiridos na Casa Flora. E assim ele se lançou como jardineiro em Piracicaba. “Tive sorte e deu certo”, avalia o agrônomo-paisagista. O profissional fala ao JEA sobre sua entrada neste mercado e sobre o futuro do paisagismo. Confira.

JEA-O senhor enfrentou preconceito por ser engenheiro agrônomo e trabalhar com paisagismo? RG - O preconceito que sofri foi de parte de uma ou outra classe profissional. Entendo que esse problema surgiu mais como uma questão de método e conceito de projeto. A Casa Flora trabalhava com base no tripé: projeto, execução e produção de mudas. Muitas empresas de engenheiros agrônomos da atualidade são baseadas nesse conceito. Mas quando me formei decidi trabalhar somente num dos planos, o de elaborar ‘projetos’. Alguns me chamaram de ‘agrônomo de asfalto’. A partir daí, passei a ser requisitado por arquitetos e urbanistas para atuar em áreas extensas. Passei do m² ao km². Nesse caso é preciso compreender como a obra interfere na ‘grande paisagem’. E assim integrar a interferência, a ocupação ou a obra com a Natureza. O que em termos agronômicos significa ‘manejo dos recursos naturais renováveis’. Entendo que com isso passei a ‘valorizar’ nossa profissão. Aliceçarmos a nossa empresa na atuação do engenheiro agrônomo e do arquiteto. Outros profissionais são chamados como consultores. JEA- No paisagismo, o profissional formado em engenharia agronômica leva vantagem sob profissionais formados em outras áreas? RG - Com base no já citado tripé, projeto + execução + produção, o engenheiro agrônomo leva imensas vantagens sobre os demais profissionais, pois conhece botânica, técnicas de plantio, manutenção, medidas de “conservação da natureza” e tem uma visão muito ampla do que é uma ‘paisagem cultivada’, fruto do conhecimento dos cultivos agrícolas. Atuando somente na elaboração de projetos, a atividade torna-se bem mais complexa tanto sob o ponto de vista técnico quanto artístico. Infelizmente, nossas escolas de Agronomia não têm cursos no nível necessário. Eu poderia falar durante mais de uma hora sobre tudo o que poderia e deve ser feito. E se os engenheiros agrônomos não o fizerem, outros profissionais o farão! JEA-O que mudou no paisagismo nos últimos anos? RG - Os arquitetos se organizaram como paisagistas e os agrônomos não. De outro lado, várias pequenas empresas, sem qualquer formação profissional, começaram a atuar na produção de mudas, execução e manutenção de jardins. Com sucesso de mercado e financeiro. E ainda se intitulam ‘paisagistas’! JEA- Qual a perspectiva para o paisagismo no Brasil? RG - É imensa! O Brasil é um País em crescimento, com um imenso potencial para o turismo interno e externo, o que significa um fantástico potencial para o engenheiro agrônomo - paisagista. Tanto é verdade que empresas de projeto do exterior estão ‘invadindo’ o Brasil. E com, sucesso. Isto denota a nossa falta de articulação, estamos perdendo mercado de trabalho. Eles conseguem ‘vender seu peixe’ a empresas brasileiras, que acreditam no jargão ‘só é bom o que vem de fora’... Considerável parte de nossa elite, que é quem contrata, também pensa assim. Atualmente um grupo de profissionais das mais diversas áreas, incluindo agrônomos, está se articulando para regulamentar a profissão de paisagista; independentemente da Agronomia e da Arquitetura. Não sei se isso é bom. Entretanto gostaria de ver meus colegas que atuam no paisagismo congregados a Engenharia Agronômica.

Foto: Divulgação

Rodolfo Geiser

Um dos pioneiros do paisagismo no País, o engenheiro agrônomo vê grandes oportunidades no Brasil

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ENTREVISTA

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PESQUISA AGRÍCOLA

Manejo de rainhas na

produtividade apícola

*Maria Luisa Teles Marques Florencio Alves

Em nosso País, o mercado mais competitivo tem impulsionado a apicultura a torna-se cada vez mais empresarial. A adoção generalizada de técnicas criatórias aliadas ao conhecimento do perfil botânico da região permite ao apicultor aumentar a produtividade, para torná-lo mais competitivo. E a substituição das rainhas de forma racional, séria e sistemática é de fundamental importância para o aumento da produtividade. Uma colônia de abelhas funciona como uma unidade, onde todos os seus membros, (rainha, operárias e zangões) possuem atividades particulares de grande importância na sobrevivência e perpetuação da espécie. Dentro desta unidade, a rainha, é o membro de vital importância, pois além de ser a única fêmea com sistema reprodutor perfeitamente desenvolvido, também exerce uma forte influência sobre as atividades da colônia. As rainhas são criadas por substituição natural ou quando a colônia prepara-se para enxamear. A substituição natural ocorre geralmente quando acidentalmente a rainha titular foi perdida ou apresenta problemas físicos e/ou fisiológicos. Outra circunstância em que as operárias criarão naturalmente uma ou mais rainhas, é quando a postura da rainha é elevada, a população é grande e as operarias estão coletando muito néctar. Por força da situação, ocorre o fenômeno chamado enxameação, onde a rainha parte com um grande número de operarias, para formarem uma nova colônia e na antiga fica uma realeira onde emergirá uma nova rainha. Sob o ponto de vista da produção, a enxameação ou a substituição natural de uma rainha, é prejudicial e reduz o ganho do produtor. A colônia-mãe fica enfraquecida, com apenas 40% das operárias ou até mesmo extinta, caso a nova princesa não seja fecundada. Rainhas só acasalam no inicio de suas vidas e o sêmen permanece estocado sendo utilizado de maneira gradativa na fecundação dos óvulos. Em clima temperado, rainhas demoram de dois a quatros anos para esgotar os espermatozóides armazenados, já em condições tropicais há um alto desgaste das rainhas, pois se mantêm ativas ininterruptamente durante o ano todo. Em colméias africanizadas as rainhas

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PESQUISA AGRÍCOLA

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são produtivas em média por 22 meses. A substituição de uma rainha desgastada por uma jovem aumenta de 20 a 25% a produção de mel. A eliminação de todas as rainhas do apiário e a simultânea introdução de rainhas jovens recém-fecundadas uma vez por ano, em época pré-determinada, cerca de dois meses antes da florada principal, resultará em:

– Diminuição na freqüência de enxameações e substituições naturais; – Aumento da população média dos enxames, visto que todas as rainhas serão jovens com alta prolificidade; – Aumento na produção total do apiário, pois teremos 90% e até 100% das colméias produzindo, no máximo da sua capacidade. No Brasil, a despeito da tradição e da extensão de sua apicultura, a criação de rainhas não é muito desenvolvida. A Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), em Pindamonhangaba, mantém em funcionamento um Sistema de Produção de Rainhas com produção contínua, durante o ano todo. As rainhas são repassadas aos apicultores com o objetivo de implantar o hábito de renovação anual e, principalmente, a difusão e transferência de tecnologia, por meio de cursos, treinamentos e estágios. A base física e o sistema de produção têm permitido ainda que muitos trabalhos tecnológicos sejam realizados, além de observações e coleta de informações sobre biologia, manejo, comportamento de operárias e rainhas, alimentação e longevidade das diversas castas. * Maria Luisa Teles Marques Florencio Alves é Pesquisadora da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Email: marialuisa@apta.sp.gov.br


CARREIRA CONEXÃO EM MERCADO FOCO

Conexão mercado Alfonso Adriano Sleutjes nasceu em Avaré (SP) e se estabeleceu na região de Campos de Holambra, no município de Paranapanema, segundo local de maior concentração de migrantes holandeses no Estado de São Paulo. Filho e neto de produtores rurais, ele naturalmente optou pela engenharia agronômica, formou-se pela Faculdade Luiz Meneghel e fez MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas. Hoje é produtor de grãos e cereais e um adepto dos sistemas de irrigação. É diretor-presidente, desde a fundação em 2001, da Associação do Sudoeste Paulista de Irrigantes e Plantio na Palha (Aspipp), vice-presidente da Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha, (FEBRAPDP) e coordenador do Grupo Nacional de Instituições de Irrigantes (GNII). O engenheiro agrônomo diz que a irrigação é uma forma de uso sustentável dos insumos e máquinas e de todo o capital e um investimento em tecnologia sem volta. “Nós não vamos conseguir atender a demanda mundial de alimentos sem o uso da irrigação. Vejo muito mercado para a irrigação no País”, vaticina. Com os votos de sucesso, Alfonso responde as perguntas do estudante do 3º ano de Agronomia da Faculdade Cantareira (SP), Eugênio Svolinski Junior.

O estudante pergunta

Eugênio - A área de irrigação é expressiva na absorção de engenheiros agrônomos? Alfonso - Sim. Desde análise e planejamento de projetos a operação das lavouras irrigadas. Na análise do projeto é primordial que o sistema de irrigação atenda todas as necessidades das culturas implantadas e também é importante a escolha de emissores e outros componentes do sistema de irrigação para que o produtor tenha uma irrigação de alta eficiência com economia de água e energia elétrica. No planejamento de uma cultura irrigada devem-se escolher as melhores épocas de plantio, cultivares mais adequadas e a rotação de culturas para ter bons rendimentos. Eugênio - Até que ponto a preocupação ambiental na área já é uma realidade no mercado e um critério de seleção de profissionais? Alfonso - A adequação ambiental é uma realidade e uma ne-

cessidade do produtor irrigante. Sem licença ambiental e ou outorgas o agricultor além de estar vulnerável aos fatores climáticos extremos, como excesso de chuvas e granizo, também correrá o risco de ter seu equipamento lacrado. Há a necessidade de se ter mais profissionais capacitados no mercado, para orientar e resolver estas questões ambientais. Profissionais com este perfil terão maiores chances de sucesso na área da irrigação, pois na maioria das vezes o produtor irrigante não compreende estas leis , além de não ter tempo para cuidar deste assunto que exige bastante conhecimento na área jurídica - ambiental. Eugênio - Quais os principais tipos de sistemas de irrigação utilizados atualmente, visando o melhor uso da água? Alfonso - Segundo senso agropecuário de 2006, o sistema de irrigação mais utilizado é por aspersão e em segundo lugar vem a inundação. É importante comentar que cada sistema de irrigação possui características próprias, como, por exemplo, a irrigação para grandes culturas como algodão, trigo, soja, milho, feijão, batata e outras. O Pivo Central tem sido muito eficiente, com ótima uniformidade de distribuição. Eugênio - Quais são as maiores dificuldades na área de pesquisa, com plantio direto? Alfonso - Nas áreas irrigadas em plantio direto uma das dificuldades é a falta de opção de culturas de inverno com retorno econômico. Outra dificuldade enfrentada pelo produtor é de ter um modelo adequado de rotação de culturas com plantas de adubação verde que tenham efeito na supressão de doenças, pragas e compactação do solo. Na agricultura irrigada o trafego de máquinas é mais intenso e normalmente com solos mais úmidos. Isto agrava os problemas de aumento da densidade do solo, com maiores ocorrências de doenças de raízes. Eugênio - Qual é o perfil do agrônomo para trabalhar com irrigação em grandes áreas produtivas? Alfonso - Acredito que o mais importante é a capacidade de liderança e, em segundo lugar, vem a vontade de aprender. Estas qualidades são bastante desejadas em qualquer área de atuação, seja como colaborador de uma empresa ou como autônomo.

utjes Alfonso Adriano Sle

Eugênio Svolinski Junior JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO

CARREIRA EM FOCO

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PARABÓLICA

FAO reconhece

projeto da UNICA O projeto RenovAção, de requalificação profissional de cortadores de cana-de-açúcar no Brasil, foi apontado pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) como um exemplo a ser seguido, no documento “Boas práticas socioeconômicas na produção moderna de bioenergia” Coordenado pela UNICA em parceria com a Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo (Feraesp), o projeto começou em 2010. E projeção é de que até o final deste mês 4.350 ex-cortadores de cana terão sido requalificados em 83 usinas de processamento de cana. O RenovAção recebe apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e patrocínio do Grupo Case, John Deere, Syngenta, FMC e Iveco, além da Fundação Solidaridad, uma das mais importantes entidades voltadas ao desenvolvimento de cadeias de produção sustentáveis.

ANDAV sob novo comando Marco Antonio Nasser de Carvalho é o novo presidente do Conselho Diretor da Andav (Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários), entidade que reúne mais de 1.000 distribuidores de produtos agropecuários em todo o Brasil, com movimentação superior a R$ 7 bilhões/ ano. Os vice-presidentes da entidade são Rafael Barsch (área veterinária) e Carlos Henrique Franco Nottar (área agrícola). Entre os novos projetos da entidade estão a criação do Selo de Qualidade Andav e o fortalecimento da UniAndav (Universidade Corporativa Andav), que visam melhorar a gestão e o fortalecimento das empresas de distribuição de insumos agropecuários no país.

Mulheres Como parte das comemorações que o Crea-SP vem promovendo em março em homenagem ao Mês da Mulher, a Associação Brasileira de Engenheiras e Arquitetas de São Paulo (ABEA-SP) concedeu o prêmio “Mulher Profissional 2012” à Engenheira Alda Marco Antonio, vice-prefeita do município de São Paulo, ocupando no momento o cargo de Prefeita e Secretária Municipal de Assistência Social.

Keiko Kurimori, Presidente da ABEA SP, Alda Marco Antonio, Prefeita de São Paulo em exercício e Francisco Kurimori

Bagaço lucrativo A produção de energia elétrica com bagaço de cana trouxe economia de R$ 13 milhões em 2011 para a Cocamar Cooperativa Agroindustrial, de Maringá. Esse é o valor que a empresa teria de gastar na compra da eletricidade que produziu aproveitando resíduos da indústria de etanol e açúcar no ano passado. A usina, em funcionamento desde 2009, é pioneira e gera 13 MW por hora, o suficiente para abastecer um município de 70 mil habitantes. A economia chega a R$ 1,5 mil por mês, considerando-se o histórico da conta da eletricidade comprada pela cooperativa. Em 2008, a fatura mensal era de quase R$ 2 milhões. Em 2011, caiu para R$ 500 mil.

F U N D A Ç Ã O A G R I S U S a g r i c u l t u r a sus t e n t á v e l Financia projetos de: Educação individual (bolsas e viagens); Educação coletiva (eventos, publicações); Pesquisas técnicas,

www.agrisus.org.br 12

HISTÓRIA

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com o objetivo de melhorar a fertilidade sustentável do solo com ambiente favorável.


PARABÓLICA

Cana e meio ambiente Diretor da AEASP e do Departamento de Desenvolvimento Sustentável da Secretaria de Meio Ambiente, o engenheiro agrônomo Ricardo Viegas deu entrevistas a grande imprensa esta semana para comentar o fato dos canaviais paulistas terem atingido 65% de colheita mecanizada. A mecanização chegou a 81,3% das usinas e 24,2% dos fornecedores do Estado na safra 2011/12, segundo novo balanço do Protocolo Agroambiental da Cana-de-Açúcar. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente, isso representa uma área de 3,12 milhões de hectares mecanizados - ou 65,2% de toda cana plantada no Estado. Os resultados decorrem do acordo assinado em 2007 pelo governo estadual e pela Única para antecipar o fim das queimadas na colheita e a consequente redução das emissões de gasesestufa. Viegas revela que também foi firmado um acordo ambiental com o setor de papel e celulose para institucionalizar práticas como manejo de resíduos e eficiência no uso de água. O anúncio formal deve ser feito em maio. Fonte: Valor Econômico

Evento nacional sobre ATER A 1ª Conferência Nacional sobre Assistência Técnica e Extensão na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária - 1ª CNATER acontece de 23 a 26 de abril de 2012, em Brasília-DF. São esperados mais de 700 participantes dos governos e da sociedade civil. Para mais informações, acesse o site do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA): http://www.mda.gov.br/portal/ institucional/CNATER

Compras coletivas Criada para auxiliar os agricultores familiares na compra de insumos e na venda de seus produtos pela internet, a Rede Brasil Rural (RBR) foi lançada em dezembro de 2011 pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário. “O objetivo da Rede é reduzir o preço do produto para o consumidor final e aumentar a renda dos agricultores por meio de ganhos de eficiência em cada etapa da cadeia produtiva, preservando a identidade da agricultura familiar”, disse o ministro Florence na ocasião. O site, que pode ser acessado pelo portal do MDA, exige o cadastramento de cooperativas de agricultores familiares. A partir do momento que fazem parte da Rede, eles podem comprar, juntos, insumos como sementes, máquinas e equipamentos. Com a Rede, os agricultores familiares poderão vender produtos diretamente pela internet para o consumidor e para a merenda escolar, comprar insumos e itens para beneficiar a produção e contratar transporte de cargas. O acesso a este ambiente de pesquisa e negócios exige cadastro no portal (http://www.redebrasilrural.mda.gov.br).

“Despertar para a Rio+20” A AEASP esteve representada durante o Fórum “Despertar para a Rio+20”, promovido pela ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio). O evento teve o intuito de antecipar os principais aspectos do agronegócio brasileiro que serão apresentados à Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável, programada para junho, no Rio de Janeiro.

Algodão Nova usina de beneficiamento de algodão será inaugurada em abril pela Cooperativa Agroindustrial Holambra, em Holambra II, Paranapanema (SP).

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HISTÓRIA

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ARTIGO PESQUISA AGRÍCOLA

A soja sem o

metamidofós *Tulio Teixeira de Oliveira

É impressionante a coincidência! Toda sacrossanta vez que um produto perde a patente e depois a absoluta liderança em sua área de uso começam os rumores sobre seus pecados toxicológicos. O produto nasce um anjo, mas quando se torna genérico, lá pelos seus 25/30 anos, passa a afligir os aplicadores com enfermidades, nos fazendo imaginar que se torna resistente aos Equipamentos de Proteção Individual. Os EPIs não mais protegem o trabalhador daquele, e só daquele, específico produto genérico. O METAMIDOFÓS é um exemplo típico dessa visão anacrônica dos legisladores desinformados por um bruto jogo estratégico das empresas que desenvolvem novos ingredientes ativos. Nesse jogo, também vale oferecer mimos aos participantes, em especial a líderes referenciais no mercado. Não estou falando em corrupção, senão abrem uma ação contra minha pessoa; já estou calejado. Estou referindo-me a patrocínios em congressos, jornadas de aprendizagem e outros tipos de assédios psicossociais. O METAMIDOFÓS nasceu para o mercado em 1969. No Brasil passou a ajudar no controle de diversas pragas do algodão, soja e outras culturas. Vamos focar o percevejo da soja. Até alguns meses atrás era o recurso certeiro e barato para o sojicultor expurgar esses insetos do demônio (até chifres têm). O produto não ocasiona desequilíbrios ambientais, pois é bem seletivo e não afeta insetos benéficos; e, a ressurgência da praga com resistência não tem ocorrido. Mas, com a proibição autoritária da ANVISA, a cabeça baixa do MAPA, a complacência do IBAMA e o olhar caolho e entendimento preconceituoso do Poder Judiciário, o que se viu nesta safra foi um corre-corre no campo para arranjar um substituto. Apresentou-se o Imidacloprid, mas sem poder de choque, quase que só funcionando preventivamente, foi considerado um gasto duvidoso. Seus defensores disseram “misturem com um piretróide que ele ganha potência de choque”. Custo maior, resultado insuficiente. E ninguém conferiu se o Piretróide estava indicado para o percevejo... e tome receita falsa. Além disso, houve uma briga em torno da oferta de algumas empresas do Imidacloprid

700 para mistura com Piretróides, atitude esta que gerou uma resposta das duas maiores empresas do mercado, que passaram a não ofertar Piretróide “solteiro”. Aliás, o Imida 700 não tem registro para soja e a manobra da negação de venda também é ilegal; mas a essa altura a confusão já era generalizada. Em Mato Grosso, de maio a julho de 2011, os preços e gastos foram da seguinte ordem, com os produtos legalmente substitutos indicados, nas doses praticadas no campo: – ACEFATO = 0,45 l/ha (média) x 19,60/kg = R$ 8,82/ha – TIAMETOXAN + LAMBDA-CIALOTRINA = 0,2 l/ha x 72,60/l = R$ 14,52/ha – IMIDACLOPRID + BETA-CIFLUTRINA = 0,75 l/ha x 18,92/l = R$ 14,19 l/h Foram 2 a 3 aplicações durante a safra contra os percevejos. Neste período, a fabricante brasileira ofertava o METAMIDOFÓS a R$ 10,00/l, o que dava um custo de R$ 5,00 l/ha a R$ 6,00/ ha, considerando a dose entre 0,5 e 0,6 l/ha. Com o sumiço do METAMIDOFÓS em meados do 2º semestre, disparou o custo dos principais produtos substitutos. As informações de dentro das porteiras são assustadoras: – ACEFATO = O preço até baixou, ficou na média de R$ 17 por kg, mas a dose foi maior dependendo do tipo de percevejo, de 0,45 a 0,65 kg/ha, e assim, o custo foi para R$ 7,65 a R$ 11,05 / ha. – TIAMETOXAM + LAMBDA-CIALOTRINA = Em vendas normais o custo disparou para R$ 18,00/hectare, e, nas operações de troca por soja, R$ 14,52/hectare. – IMIDACLOPRID + BETA-CIFLUTRINA = O preço saltou para R$ 22,00 a R$ 30,00/l em razão da procura, e o custo foi para R$ 16,50 a R$ 22,50/hectare. É mais um episódio que demonstra a necessidade de haver uma fase de transição planejada pelo governo quando da retirada compulsória de um ingrediente ativo. Os aspectos fitossanitários e econômicos devem ser observados. A retirada deve estar atrelada a um monitoramento dos prováveis substitutos (anunciados claramente), principalmente nos quesitos de eficácia e de custo. *Tulio Teixeira de Oliveira é Eng. Agrônomo e Diretor Executivo da AENDA - www.aenda. org.br / aenda@aenda.org.br

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ARTIGO

JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO


ARTIGO

O que os agricultores

mais reivindicam

nem sempre é o que *Polan Lacki

mais necessitam

Se os agricultores me pedissem sugestões para resolver seus crônicos problemas eu lhes diria algo muito diferente do que estão acostumados a ouvir. Em primeiro lugar, lhes recomendaria que não continuassem esperando que os problemas da agricultura sejam solucionados pelos seus governos através de créditos abundantes e baratos, subsídios, redução de impostos e pedágios, melhor cotação do dólar e garantias oficiais de comercialização de suas colheitas. Também lhes diria que se o crédito rural fosse tão eficaz não teríamos tantos agricultores endividados. Em segundo lugar, lhes sugeriria que considerassem muito remotas as probabilidades de governos de países ricos eliminarem os subsídios aos seus agricultores, porque eles têm poderosas razões internas, além de muitos dólares, euros e yens para continuar fazendo-o. Em terceiro lugar, mencionaria que estas duas ajudas externas às suas propriedades, embora desejadas, não são tão imprescindíveis como os agricultores imaginam. Existe uma outra ajuda, ou melhor dizendo, uma auto- ajuda que produz resultados econômicos muito mais eficazes, com a vantagem de não serem efêmeros e esporádicos e sim permanentes e até definitivos. Concluiria as minhas sugestões dizendo que eles necessitam tornarem-se tão eficientes e profissionalizados a ponto de prescindirem das ajudas paternalistas dos seus governos e de serem menos vulneráveis aos subsídios e às medidas protecionistas adotadas pelos países ricos. Afirmaria, com extrema honestidade e franqueza, que os próprios produtores rurais terão de solucionar seus problemas e que deverão fazê-lo, corrigindo ou eliminando as suas próprias ineficiências. Categoricamente, diria, a globalização dos mercados – estejamos de acordo com ela ou não – está impondo aos nossos agricultores os seguintes desafios, reais e concretos: 1. Os produtores rurais ineficientes simplesmente não sobreviverão na agricultura; e não sobreviveriam mesmo que lhes fossem proporcionadas as duas ajudas externas neste artigo; 2. Sobreviverão economicamente apenas os agricultores muito eficientes. Ou seja, aqueles capazes de adotar de maneira correta a maioria das seguintes medidas tecnológico-produtivas, gerenciais, organizacionais e comerciais; 3. Incrementar os rendimentos por unidade de terra e de animal para reduzir os custos por quilo produzido; 4. Diversificar as espécies cultivadas e integrá-las com a produção pecuária para reduzir a excessiva dependência do crédito rural; e também para evitar riscos de pragas, de clima e incertezas de mercado. O milho, o sorgo, a soja, a mandioca e a alfafa que eles colhem nas suas propriedades não deveriam

vendê-los ao primeiro intermediário e sim deveriam “vendêlos” às suas próprias vacas, galinhas, frangos e suínos com a finalidade de reduzir os custos das rações balanceadas; 5. Realizar a reconversão produtiva substituindo espécies menos rentáveis por outras mais rentáveis (diferenciadas, mais sofisticadas ou de maior densidade econômica): devido à globalização dos mercados é difícil que um pequeno agricultor possa sobreviver economicamente produzindo mandioca, algodão, milho, batata, feijão ou arroz; especialmente se os vende tal como os colheu (sem adicionar valor); 6. Melhorar a qualidade dos bens produzidos e, sempre que possível, submetê-los a um mínimo processamento inicial (limpeza, classificação, secagem/desidratação, fracionamento, etc.) visando melhores preços na comercialização; 7. Organizar-se com os vizinhos para realizar em conjunto e com menor intermediação a aquisição dos insumos, a comercialização das colheitas e a realização daqueles investimentos que, devido ao seu alto custo e baixa freqüência de utilização, tornam-se inviáveis. Infelizmente muitos agricultores, mesmo que quisessem, não poderiam adotar estas medidas “eficientizadoras” do seu negócio agrícola porque não foram formados nem capacitados para saber e poder fazê-lo. Por esta razão, os produtores rurais deverão abandonar definitivamente as ingênuas utopias paternalistas que os mantém esperando por humilhantes migalhas governamentais. Deverão sim adotar uma atitude mais participativa, organizando-se para exigir a implantação de medidas efetivas que os emancipem e os tirem da dependência na qual se encontram. * Polan Lacki é engenheiro agrônomo formado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Iniciou suas atividades profissionais como extensionista e dirigente dos serviços de extensão rural. Durante 23 anos trabalhou na Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO-ONU) como especialista em educação agrícola e extensão rural. É escritor e atua como conferencista. Site: http://www.polanlacki.com.br – Email: Polan.Lacki@uol.com.br

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ARTIGO

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Lembre-se! Preencha a ART Ao preencher o campo com o número 058, o profissional estará automaticamente fazendo sua contribuição à AEASP, ajudando assim a manter o trabalho da Entidade de defesa e desenvolvimento da agronomia brasileira. Se o emissor deixar o campo 31 em branco a alíquota não é repassada para nossa entidade e vai direto para o Confea. Os tipos de ARTs específicas para o engenheiro agrônomo são as de Obras, Serviços, Receituário Agronômico, Desempenho de Cargo/Função e Crédito Rural.

Atualização do cadastro A comunicação no mundo de hoje é dinâmica e o meio eletrônico passou a ser imprescindível para desenvolver qualquer atividade. Entretanto o cadastro de sócios da AEASP não possui o endereço eletrônico de aproximadamente 40 % de seus membros. Por isso a AEASP pede a sua colaboração para a atualização desses dados. Envie seu nome e endereço eletrônico – email – para: aeasp@sti.com.br

Os engenheiros agrônomos e profissionais da área tecnológica que preenchem a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) precisam preencher o campo 31 do formulário, no qual o responsável

Para anunciar no JEA ou recebê-lo, entre em contato: Rua 24 de Maio, 104 - 10º andar CEP 01041-000 - São Paulo - SP Tel. (11) 3221-6322 | Fax (11) 3221-6930 aeasp@sti.com.br/aeasp@aeasp.org.br

tem o direito de destinar 10% do valor à entidade de classe de sua preferência.

Ajude-nos a aprimorar o conteúdo do JEA. Envie suas sugestões e críticas para a redação. Encaminhe suas mensagens para: adriana@acertacomunica.com.br; aeasp@aeasp.org.br

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