100 ANOS DE PROGRESSO NA ELETRÔNICA
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A IDADE DO ELÉTRON Revisão Carlos A. Fazano e Neldir Amaral
Editoração Desdir H. Amaral Foto da Capa Simone Pereira Fazano
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Fazano, Carlos Alberto A idade do elétron : 100 anos de progresso na eletrônica / Carlos Alberto Fazano. -- São Paulo : Ed. do autor, 2011. Bibliografia. ISBN 978-85-912012-0-4 1. Aparelhos e dispositivos eletrônicos 2. Correntes elétricas 3. Circuitos eletrônicos 4. Eletricidade 5. Eletrônica 6. Eletrônica Evolução - História - Título
11-04411
CDD-621 . 381
Índices para catálogo sistemático: 1. Ciência eletrônica : Evolução : História 621.381
Copyright 2010: Carlos Alberto Fazano e Desdir H. Amaral Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida sejam quais forem os meios empregados, sem a permissão por escrito do autor e do editor. Todos os direitos adquiridos para a lingua portuguesa são reservados à propriedade literária desta publicação pelo autor e editor.
São Paulo - 2011
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100 ANOS DE PROGRESSO NA ELETRÔNICA
“Tudo que em nós há de original conservar-se-á tanto melhor e será tanto mais apreciado quanto mais formos capazes de não perder de vista os nossos antepassados” Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) poeta, dramaturgo e escritor alemão
A IDADE DO ELÉTRON 100 ANOS DE PROGRESSO NA ELETRÔNICA
1a edição
Capa A ingenuidade, curiosidade, engenhosidade e certamente a perplexidade que motivou os pioneiros em trilhar pelos segredos do elétron é expressa nesta singela representação dos meus queridos netos Bruno e Michelle
Carlos Alberto Fazano
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A IDADE DO ELÉTRON AGRADECIMENTOS A elaboração de um livro sobre a história da evolução da ciência e tecnologia envolve uma enorme gama, pesquisa, avaliação e compilação de dados. Certamente que a contínua busca por estas fontes de informação nem sempre é uma tarefa fácil, geralmente exigindo o suporte, a colaboração e sem dúvida alguma a dedicação de inúmeras pessoas e entidades sem as quais se torna quase que inviável o trabalho do autor. Assim, a realização desta publicação sobre a história da evolução da ciência eletrônica não foge à regra, pois sem dúvida alguma, dependeu da participação de muitos aos quais venho expressar os meus profundos agradecimentos: - Antique Wireless Association - Harman International - Iowa State University - Jornal A Eletrônica em Foco - Klipsch Manufacturing Group - Museu do Telefone – Fundação Telefônica - National Security Agency - Panasonic do Brasil - Philips do Brasil - Quad Electro Acousticals Ltd. - Revista Antenna - Siemens Corporate Archives - Tube Collectors Association - Uliana Indústria Metalúrgica Ltda. - US Navy Historical Center - Warner Brothers - Wimborne Publishing Ltd. (Revista Radio Bygones) 4
100 ANOS DE PROGRESSO NA ELETRÔNICA Aos meus pais, responsáveis pela minha formação, à minha querida esposa e filhos, por sua compreensão pelas horas que ficaram privados da minha companhia. À minha querida nora Simone pelas horas que dedicou no trabalho de elaboração da capa. Aos colaboradores: Desdir H. Amaral pela autorização da publicação, digitação e diagramação das matérias no jornal A Eletrônica em Foco, Maria Beatriz Affonso Penna, por permitir a reprodução de ilustrações proprietárias da revista Antenna; Jairo Cassoy e Luis Carlos Santos responsáveis por inúmeras fotografias e ilustrações, Décio Cezaretti pela sua perene orientação sobre muitos temas técnicos envolvidos com o livro, Oswaldo Uliana pela sua paciência na elaboração de dispositivos necessários à restauração e reprodução de artefatos eletroeletrônicos antigos imprescindíveis para a finalização desta obra, Antonio Fucci, Claude Paillard, G.C. Arnold,Guy Lietard, Amauri Sirica, Ludwell Sibley, Steve McVoy, Richard Brewster por permitirem a reprodução fotográfica de vários aparelhos antigos, partes de suas inestimáveis coleções particulares, Werner Vana pela sua orientação sobre tecnologia aviônica e desing gráfico de algumas ilustrações. À Josephine Maisonet por ter permitido a reprodução da sua belíssima imagem de “Fulgora” a deusa da mitologia romana protetora dos raios e a gentileza de John McCarroll diretor executivo de relações universitárias da Iowa State University em fornecer-me fotografias relacionados com os primeiros tipos de computadores eletrônicos desenvolvidos pelo departamento de física desta instituição de ensino no final da década de 1930. Aos saudosos amigos e orientadores sobre a história tecnológica da eletrônica, Edison de Freitas, Eduardo da Gama Kury, José Barros Santos, Mário Rodrigues e Victor Carone. Aos editores e todos aqueles que de forma direta ou indireta contribuíram para que eu pudesse publicar “A IDADE DO ELÉTRON - 100 ANOS DE PROGESSO NA ELETRÔNICA”.
“Dedicado à minha querida esposa Heloisa, pelo seu enorme coração e exemplo de vida.”
CARLOS ALBERTO FAZANO 5
A IDADE DO ELÉTRON
INTRODUÇÃO
O contínuo esforço do homem em entender os mistérios do Elétron resultou em uma época de descobertas e invenções sem qualquer precedente na História. O progresso da Eletrônica exerceu sem dúvida um forte impacto na sociedade como um todo, desde o simples rádio transistorizado, a televisão colorida, os computadores de alta velocidade, o telefone celular, a eletromedicina, a exploração do espaço e, mais recentemente, as vastas e complexas redes mundiais de comunicação informatizadas. Desde Marconi, com as suas primeiras transmissões transatlânticas sem fio, até o pequeno e complexo circuito integrado, foram invenções e descobertas surgidas no século XX, que se concretizaram não somente pela grande curiosidade como, também, a inata necessidade de comunicação entre os homens. Desta maneira, A IDADE DO ELÉTRON - 100 ANOS DE PROGRESSO NA ELETRÔNICA tem o intuito de abordar de uma forma sucinta e objetiva os principais aspectos dos capítulos que compõe a história desta fantástica revolução científico-tecnológica.
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100 ANOS DE PROGRESSO NA ELETRÔNICA 1 - A PRÉ-HISTÓRIA DA ELETRÔNICA
Para efeito de alocação histórica, a idade da eletrônica e do rádio teve início em 1837 com a invenção do telégrafo por Samuel Morse nos EUA, fig. 1. Ao fazer experiências com centelhas elétricas produzidas entre dois eletrodos esféricos, o jovem pesquisador alemão Heinrich Hertz notou, em 1888, o fenômeno da produção de eletricidade alternada de alta frequência, que denominou de ondas eletromagnéticas, mais tarde, ondas Hertzianas. Estas ondas invisíveis podiam ser detectadas a alguns metros de distância por um enrolamento de fio de cobre, que centelhava em ressonância com as esferas quando adequadamente posicionadas em relação ao deslocamento das ondas, fig. 2. Na mesma época, o pesquisador francês E. Branly inventou um dispositivo denominado coesor, o qual consistia de um tubo de vidro cheio com limalha de ferro, o qual tornava-se condutivo sobre a influência de corrente de alta frequência e assim capaz de detectar as ondas Hertzianas, fig. 3. Guglielmo Marconi, um cientista italiano, em 1896 obteve sucesso em transmitir as ondas eletromagnéticas a uma distância de 3.600 metros, com auxílio de um transmissor de centelha usado por Hertz, ao qual acrescentou uma antena. No lugar do enrolamento de cobre usado como detector no circuito original, empregou o dispositivo coesor. Utilizando-se de um aparelho semelhante, em 1901 Marconi enviou as primeiras mensagens sem fio através do Atlântico, fig. 4. Nos Estados Unidos, em 1906, H.A. Dundwoody e G.W. Pickard, ao trabalharem quase que simultaneamente na obtenção de um detector de ondas eletromagnéticas mais eficiente, descobriram a propriedade que certos cristais, como a galena ou sulfeto de chumbo e o quartzo, têm em detectar as ondas Hertzianas. Assim, desenvolveram o famoso receptor a cristal, mais conhecido como rádio galena, fig. 5.
Fig.1 - esquemático mostrando o princípio do telégrafo inventado por Samuel Morse em 1837; onde: S é o manipulador B a bateria L a linha de transmissão T o aparelho receptor de sinais P a fita onde os sinais transmitidos são gravados
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Fig 1a - ilustração de um manipulador usado no telegrafo de Morse.
Fig. 2 - ilustração da experiência conduzida por H. Hertz em 1888 demonstrando o fenômeno da transmissão das ondas eletromagnéticas também denominadas ondas Hertzianas.
Fig. 3 - ilustração de diversos artefatos usados nos primórdios do rádio mostrando: A) o coesor de Branly montado em suporte próprio B) o cristal de galena C) o detector de carborundum D) um dispositivo de centelha.
Fig. 4 - esquemático do sistema de transmissão e recepção usado por Marconi, onde foi colocado um circuito oscilador entre o dispositivo de centelha e as conexões de terra e a antena. Na realidade o circuito consistia de uma bobina e um capacitor tornando possível a transmissão de comprimentos de ondas bem definidos e, assim sinais telegráficos à longa distância. Entretanto, esta nova invenção tardou muito em ser usada na prática por vários motivos comerciais e jurídicos devido as patentes envolvidas. As transmissões sem fio somente foram largamente usadas após 1912 quando da tragédia do naufrágio do navio TITANIC.
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100 ANOS DE PROGRESSO NA ELETRÔNICA Fig. 4a - ilustração de um transmissor primitivo operando com potência de 1 KW.
Fig. 5 - ilustração do cristal de galena e o famoso bigode de gato.
Fig. 5a - ilustração do detector a cristal mostrando: A) um tipo de mineral à base de sulfeto de chumbo ou galena B) o detector a cristal processado e vendido comercialmente com o nome de Cymosite C) um outro tipo de cristal de galena
Fig. 5b - ilustração da evolução do detector a cristal: A) o cristal de galena B) o detector de carborundum inventado em 1906 por H.A. Dundwoody C) um dos primeiros tipos de diodos estado sólido surgido em 1948.
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Fig. 5c - ilustração de um rádio operado com cristal de galena, de origem alemã comercializado no Brasil por volta dos anos 20.
2 - A VÁLVULA TERMIÔNICA O esboço do detector termiônico tal qual se conhece hoje, somente teve início com as experiências realizadas por Thomaz Alva Edison, entre 1883 e 1904, para o desenvolvimento da lâmpada elétrica. fig. 6 Ao procurar descobrir a razão da queima do filamento, Edison introduziu uma placa metálica na lâmpada, notando que uma pequena, porém mensurável, corrente elétrica fluía entre o filamento aquecido e a placa, fenômeno que denominou de efeito Edison. fig. 7
Fig. 6 - a réplica da lâmpada incandescente inventada por Edison em 1879; a origem da válvula termiônica.
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Fig. 7 - a ilustração do fenômeno denominado de Efeito Edison.
100 ANOS DE PROGRESSO NA ELETRÔNICA 2.1 - O DIODO DE FLEMING O efeito Edison permaneceu esquecido por um certo tempo até que, mais tarde, o físico inglês John A. Fleming descobriu que este fenômeno podia ser usado na detecção de ondas Hertzianas. O invento de Fleming consistia em envolver o filamento de uma lâmpada por uma placa de forma cilíndrica; a este conjunto denominou de válvula, uma vez que controlava o fluxo da corrente semelhante a um registro no circuito hidráulico. A válvula de Fleming ou diodo, como mais tarde foi denominado, ainda não tinha condições de amplificar o sinal detectado pela antena, agindo de forma semelhante aos cristais de galena, quartzo ou carborundum. fig. 8
Fig. 8 - esquemático mostrando o diodo de Fleming em 1904.
2.2 - O TRIODO Por volta de 1907 o inventor americano Lee De Forest acrescentou um terceiro elemento ao dispositivo de Fleming. Era a grade, que patenteou sob o nome de válvula AUDION, ou mais conhecida como TRIODO. fig. 9 A patente creditada a De Forest sob o Nº. 841.387 tinha o título; DISPOSITIVO PARA AMPLIFICAÇÃO DE TÊNUES CORRENTES ELÉTRICAS. Em 1908, outra patente foi dada a De Forest para um dispositivo termiônico onde um terceiro elemento em forma de zig-zag foi posto entre o filamento e a placa. Entretanto, apesar do enorme potencial tecnológico da válvula AUDION ou triodo, sua aplicação não foi imediata. Inicialmente ela foi usada mais como um detector das ondas Hertzianas do que como um dispositivo de amplificação. Esta ultima foi primeiramente empregada alguns anos mais tarde, baseado nas pesquisas pioneiras de cientistas como; Fritz Lowenstein, John Stones e do Dr. H.D. Arnold. Este último, era físico da Universidade de Chicago e perito no campo da descarga elétrica
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A IDADE DO ELÉTRON em gases. Em 1918, trabalhando nos laboratórios da W. Electric, entendeu os fatores que afetam a emissão de elétrons na superfície do catodo, a necessidade de uma maior rarefação e, assim, o comportamento da válvula AUDION operando como um dispositivo, tanto de amplificação, como de detecção. Finalmente, havia sido inventado um dispositivo flexível e prático para a amplificação e detecção de tênues correntes elétricas proposto originalmente por De Forest.
Fig. 9 - esquemático do triodo de Deforest ou vávula Audion.
2.3 - A EVOLUÇÃO DA TERMIÔNICA O desenvolvimento da termiônica foi rápido e, assim, a válvula foi o componente mais flexível da indústria eletrônica por cerca de 50 anos, operando como detector, oscilador, retificador, modulador, demodulador, bem como, um amplificador quase que isento de distorção. Basicamente os principais marcos da evolução da termiônica foram: o triodo, o pentodo e o tetrodo de saída. - Tabela 1. A idade do triodo compreende o período entre 1913-1935, quando as companhias como GE, RCA e W. Electric nos EUA; M-O Valve e Mullard na Inglaterra, com a Philips na Holanda introduziram diversas inovações na fabricação das válvulas. Dentre elas tem-se o catodo de alta eficiência, materiais mais adequados para as placas e grades, novos tipos de vidro para os bulbos e técnicas aprimoradas para a rarefação. Em 1926, o pesquisador B. Tellegan, trabalhando nos laboratórios da Philips, inventou o pentodo. Basicamente, esta válvula na sua estrutura interna, tinha uma grade adicional montada entre a grade e o anodo. Esta terceira grade foi denominada de supressor, sendo normalmente ligada ao catodo. O pentodo foi uma solução prática para as dificuldades encontradas nos primeiros tetrodos operando como uma válvula amplificadora de resis-
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s
pela a G.E. - EUA
s
i Tabela 1 - a evolução ilustrada da válvula termiônica 1907 - 1995.
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A IDADE DO ELÉTRON tência negativa, causada pela emissão secundária do anodo, com elétrons sendo atraídos pela grade positiva. Durante os anos trinta, outros tipos de válvulas apareceram no mercado como as válvulas de feixe dirigido, tetrodos de saída, o tubo de raios catódicos, o olho mágico ou válvula de sintonia e, finalmente as válvulas miniaturas. Para efeitos orientativos, a evolução da válvula termiônica é ilustrada na seqüência de fotografias. fig. 10 a 16
Fig. 10 - ilustração de uma válvula série UV-201 com base metálica, usada nos primórdios do rádio, como detector e amplificador de sinais.
Fig. 11 - ilustrações dos primeiros tipos de triodos comercializados nos EUA, por volta dos anos vinte: a) triodo de De Forest tipo DV5. b) triodo tipo 205D fabricado pela W.Electric c) soquete parfa fixação da válvula.
Fig. 12 - triodos famosos de origem americana a) válvula tipo 2A3 b) válvula tipo 300B c) válvula tipo 45
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Fig. 13 - válvulas de origem européias, Philips, fabricadas entre 1923 e 1933: a) tipo E42N, triodo. b) tipo C433, triodo. c) tipo 506, retificadora de onda completa. d) tipo C509, triodo amplificador. e) tipo A414K, triodo detector, com invólucro metálico blindado. f) soquete com contato lateral, feito em baquelita, muito conhecido no Brasil como Bigode de Gato. g) tipo AK2, octodo conversor
Fig. 14 - exemplos de válvulas amplificadoras de potência, fabricadas nas décadas de 40 e 50: a) tetrodo de grade alinhada, tipo KT-66 b) amplificadoras de potência, tipo 6CA7 e EL-34, fabricadas respectivamente nos EUA e Holanda.
Fig. 15 - ilustração de tres tipos do primeiro tetrodo de feixe dirigido, tipo 6L6, fabricado pela RCA nos EUA.
Fig. 16 - ilustração de uma válvula miniatura, tipo ECC-82 duplo triodo, fabricada pela RCA nos EUA na década de 50.
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A IDADE DO ELÉTRON 3 - A RADIODIFUSÃO Até 1920, os métodos de comunicação eram basicamente feitos por telegrafia e telefonia. figs.17 e 18. Dos pioneiros trabalhos de Marconi, bem como a melhoria das válvulas termiônicas, surgia o rádio, a base da moderna comunicação sem fio à longa distância. Fig.17 - esquemático mostrando o princípio da telefonia, originalmente baseado na invenção de Bell, em 1876 onde: M - o microfone T - o transmissor TL - o telefone
Fig. 18 - ilustração do uso do telefone por volta dos anos 20.
3.1 - O TRANSMISSOR Nos primórdios, a radiotelegrafia usava os chamados transmissores de centelha, originalmente baseados na chamada bobina de indução de Ruhmkorff. fig.19. O aparelho consistia de uma bobina de centelha ou transformador, do dispositivo gerador de centelhas, da jarra de Leyden, uma forma primitiva de capacitor, um dispositivo espiralado denominado de Helix e o manipulador. Dependendo da sua potência eram alimentados por baterias ou geradores. fig. 20. A estação transmissora possuía ainda, um amperímetro para a sintonia da antena, um interruptor para modo de transmissão/recepção, um conector de terra e de antena; esta última com cerca de 30m de comprimento, montada em mastros cuja altura variava dependendo da localização do transmissor. As estações comerciais operavam com potência de 100kW, geralmente na freqüência de 31m. Com o rápido desenvolvimento da termiônica, as primeiras válvulas transmissão surgiram no mercado e logo os transmissores se modernizaram tornando possível a radiodifusão tal qual conhecemos hoje em dia. fig. 21
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Fig. 19 - ilustração do princípio da bobina de indução de Ruhmkorff. Fig. 19a - ilustração da bobina de Ruhmkorff
Fig. 20 - ilustração de diversos tipos de circuitos de transmissores de centelha, usados nos primórdios das transmissões sem fio a longa distância.
Fig. 20a - o dispositivo Helix, usado como parte do transmissor de centelha.
Fig. 21 - moderno transmissor em modulação de amplitude AM, com capacidade de 25 kW, de fabricação nacional. Cortesia da SNE Sociedade Nacional de Eletrônica.
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A IDADE DO ELÉTRON 3. 2 - O RECEPTOR Para efeitos históricos, a evolução do radiorreceptor abrange três períodos: antes de 1924; de 1924 à 1930 e, finalmente até o começo da segunda grande guerra. O avanço do rádio se deu logo com as primeiras transmissões radiofônicas nos EUA, feita pela Cia. Westinghouse. Nesta época, incentivados pela própria Westinghouse, centenas de ouvintes construiram seus próprios receptores, pois até 1922 eram muito reduzidos os fabricantes destes aparelhos. A maioria destes primitivos receptores, era do tipo a cristal, porque empregava como detector o sulfeto de chumbo ou galena. O rádio galena exigia uma antena externa muito longa, exposta o mais alto possível; uma conexão de terra e um fone de ouvido, fig. 22. Com o advento da válvula começaram a surgir os receptores de uma só válvula, porém ainda precários, pois necessitavam, também, de fones de ouvido para a escuta, fig 23. Quando, então, uma ou mais válvulas amplificadoras foram usadas logo após o detector das ondas Hertzianas determinando-se os chamados estágios do receptor, surgiram as mais diversas topologias de circuitos.
Fig. 22 - ilustração de um rádio operando com detector a cristal; o chamado rádio galena. O aparelho fabricado pela NORA, na Alemanha, por volta de 1920. Sua caixa de madeira era revestida em galalite, um tipo primitivo de plástico. A bobina tipo plug-in e o fone de ouvido estão mostrados respectivamente, à direita e esquerda da fotografia.
3.3 - OS CIRCUITOS BÁSICOS Tanto o receptor a cristal como de uma só válvula, não eram muito sensíveis para a detecção de sinais emitidos de longa distância ou radiocomunicação em DX. Desta maneira, logo surgiram no mercado o receptor de múltiplos estágios, usando vários circuitos amplificadores com radiofrequência sintonizada; eram conhecido como receptores RFS ou como rádio frequência sintonizada, fig 24. Apesar da sua melhor sensibilidade na detecção de radiossinais, ainda apresentavam certas desvantagens principalmente quando do processo de sintonia de faixas de frequência originando silvos ou chiados indesejáveis. Alguns fabricantes tentaram minimizar estas deficiências usando condensadores em tandem, sem contudo melhorar o seu desempenho. Em 1912, Edwin Howard Armstrong inventou um novo tipo de circuito denominado
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100 ANOS DE PROGRESSO NA ELETRÔNICA de circuito regenerativo ou de alimentação, no qual o Audion de De Forest revelou-se como um poderoso amplificador como, também de um gerador de ondas eletromagnéticas. Estudando criteriosamente o seu comportamento, Armstrong concluiu que parte da corrente de saída da placa podia ser alimentada de volta e sintonizada na grade e, desta maneira reforçando sobremaneira a intensidade dos sinais captados indo para a grade. Entretanto, quando a alimentação era ajustada além do ponto máximo de amplificação, a válvula passava a operar de um receptor para um transmissor, oscilando rapidamente do filamento para a placa e, assim, gerando ondas eletromagnéticas. fig. 25 Os circuitos RFS e regenerativos foram grande avanço efetuados na topologia de circuitos do rádio receptor, geralmente operando na sintonia de frequência baixas. Com o aumento das estações radiotransmissoras, operando acima de 10 MHz, estes aparelhos não tinham condição de captá-las e sintonizá-las com precisão. Tornava-se portanto, necessário uma nova tecnologia, a qual surgiu nos meados da década de vinte, inventada também, por Armstrong e, agora denominado de circuito superheterodino. Este circuito era muito mais sensível que os anteriormente vistos e sua finalidade básica era de amplificar e fornecer uma pré-seleção ao sinal captado. No circuito superheterodino, ilustrado no diagrama da fig. 26, o sinal captado pela antena é misturado com uma senoide ligeiramente diferente em frequência da válvula osciladora, produzindo uma senoide ou frequência intermediária igual a diferença em frequência entre as duas. Em seguida, a senoide de frequência intermediária é amplificada sobremaneira; esta por sua vez é detectada e convertida em corrente continua suprimindo-se a sua porção inferior ou negativa. Finalmente o sinal é amplificado em frequência de áudio as quais são reproduzida pelo alto-falante. Muito mais seletivo como estável, o circuito superheterodino tornou-se a base para a fabricação de todos os tipos de radiorreceptores. A partir de 1930, a fabricação de receptores teve um rápido desenvovimento. Em 1933 aparece no mercado um novo circuito denominado de modulação por frequência ou FM como é mais conhecido. Inventado pelo já famoso Armstrong a modulação por frequência era um novo processo de eliminar o fenômeno da estática encontrado na transmissão convencional ou AM, modulação em amplitude. Neste novo sistema as ondas em FM eram moduladas e transmitidas numa vasta gama de freqüências e captadas por aparelhos sensíveis somente a variação nas frequências. A modulação em frequência conforme ilustrado na fig.27 consistia de um circuito superheterodino, exceto para os dois estágios adicionais denominados de limitador e discriminador. No FM as ondas com estática são heterodinizadas e amplificadas nos dois primeiros estágios. Desta forma o limitador suprime as estáticas ou variações em amplitude, passando o sinal assim filtrado para o discriminador, o qual por sua vez converte as variações em frequência para variações em amplitude para detecção como amplificação em ondas sonoras.
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Fig. 23 - ilustração de um rádio primitivo operando com apenas uma válvula.
Fig. 24 - esquemático do radiorreceptor operando no princípio de radiofrequência sintonizada. Fig. 24a - ilustração de um radiorreceptor operando pelo princípio de radiofrequência sintonizada, marca Airline de fabricação americana por volta de 1925. (coleção Maria de Oliveira)
Fig. 25 - ilustração do circuito regenerativo, inventado por Edwin Howard Armstrong em 1912.
Fig. 26 - ilustração do circuito superheterodino inventado por Edwin Howard Armstrong em 1920 onde: A- sinal B- Oscilador C- misturador D- amplificador de frequência intermediária E detector F- amplificador de áudio
Fig. 27 - ilustração do circuito de modulação em frequência ou FM, inventado por Edwin Howard Armstrong em 1933 onde: A- sinal B- oscilador C- misturador D- amplificador de frequência intermediária E- limitador F- discriminador G- detector H- amplificador de áudio
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